Barro e palatita: uma pousada no litoral

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BARRO E PALAFITA: Uma pousada no litoral

Laura Treuk

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  Elaborada pelo sistema de geração automática de ficha catalográfica do CentroUniversitário Senac São Paulo com dados fornecidos pelo autor(a).  

   

Araujo, Laura Treuk Medeiros de

      Barro e Palafita: Uma pousada no litoral. / Laura Treuk Medeiros deAraujo - São Paulo (SP), 2015.      95 f.: il. color.

      Orientador(a): Daniela Ferreira Flores Longato, Nome doorientador/mediador 2 Último sobrenome do orientador/mediador 2 ,Nome do orientador/mediador 3 Último sobrenome doorientador/mediador 3

      Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Arquitetura eUrbanismo) - Centro Universitário Senac, São Paulo, 2015.

      Arquitetura sustentável, arquitetura local, pousada, Camburi, litoralnorte, São Paulo. I. Longato, Daniela Ferreira Flores (Orient.) II. Últimosobrenome do orientador/mediador 2 , Nome do orientador/mediador 2(Orient.) III. Último sobrenome do orientador/mediador 3 , Nome doorientador/mediador 3 (Orient.) IV. Título   

 

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LAURA TREUK MEDEIROS DE ARAUJO

Barro e palafita: Uma pousada no litoral.

São Paulo

2015

Trabalho de conclusão de curso

apresentado no Centro Universitário

SENAC – Campus Santo Amaro,

para obtenção do grau de Bacharel em

Arquitetura e Urbanismo.

Orientador:

Professora Ms Daniela Ferreira

Flores Longato.

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“A cafua – taima e colmo, picumã e

pau a pique - estava lá, bem na linha de

queda da macaúba.” (Guimarães Rosa, do

livro Sagarana).

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Agradecimentos

À todos que acompanharam a minha jornada, sem vocês, nada disso seria

possível. Meus sinceros agradecimentos.

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Resumo

Esta monografia discorre sobre as circunstâncias geográficas, humanas e

ambientais da região do balneário de Camburi, localizado no Litoral Norte de São

Paulo, com vistas a examinar a adoção de um projeto arquitetônico de uma

pousada num enclave da Serra do mar. O objetivo é discutir os limites da edificação

que respeita as questões regionais e utiliza características construtivas e a

utilização de algumas técnicas sustentáveis que favoreçam o projeto em questões

como iluminação e ventilação natural, adotando um pacto de não agressão às

características do local onde será inserida.

Palavras Chave: Arquitetura sustentável, arquitetura local, pousada,

Camburi, litoral norte, São Paulo.

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Abstract

This monograph discusses the geographic , human and environmental

circumstances of the Camburi beach resort area located on the north coast of São

Paulo, in order to examine the adoption of an architectural design of a hostel in a

enclave of Serra from the sea. The aim is to discuss the limits of the building as

regards regional issues and uses constructive characteristics and the use of

certain sustainable techniques that favor the project on issues such as natural

lighting and ventilation , by adopting a non-aggression pact to the site

characteristics which will be inserted.

Key-words: Sustentability architecture, local architecture, inn, Camburi, north

coast, São Paulo.

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Lista de Figuras

Figura 1 – Formação fundiária de São Sebastião séc. XVI .............................................................. 19

Figura 2 – Mapa do Município de São Sebastião com a divisão das praias. .................................... 21

Figura 3 – Linha do Tempo de São Sebastião ................................................................................... 22

Figura 4 – Frechal e baldrame com os furos para a introdução dos paus. ...................................... 18

Figura 5 – Conjunto dos pau a pique, tendo as varas amarradas. ................................................... 19

Figura 6 – Foto aérea da praia de Camburi ..................................................................................... 21

Figura 7 – Vista da praia de Camburi .............................................................................................. 27

Figura 8 – Tripé da sustentabilidade ................................................................................................ 32

Figura 9 – Caminho do sol ................................................................................................................ 33

Figura 10 – Ciclo da reciclagem/Desperdício .................................................................................. 36

Figura 11 – Placas fotovoltaicas para aquecimento da água ou fonte de energia para o projeto. .. 37

Figura 12 – Representação da cisterna em um projeto, com o destino da água que ela capta......... 38

Figura 13 – Localização da pousada na Ilha de Fernando de Noronha. .......................................... 41

Figura 14 – Planta do projeto da Pousada Teju Açu. Integração com o espaço. ............................. 41

Figura 15 – Vista do interior da pousada. ........................................................................................ 42

Figura 16 – Vista de um dos cômodos da pousada. .......................................................................... 42

Figura 17 – Área de lazer, piscina e espaço para relaxar. ............................................................... 43

Figura 18 – Vista superior da disposição do espaço, com ligações por escadas e deck de madeira.43

Figura 19 – Croqui localização no estado da Bahia do hotel/pousada ............................................ 45

Figura 20 – Localização do Hotel Pousada Vila Naiá ...................................................................... 45

Figura 21 – Vista aérea do Hotel/Pousada Vila Naiá. ...................................................................... 46

Figura 22 – Vista aérea da piscina com as ligações de decks de madeira ........................................ 46

Figura 23 – Sede piscina ................................................................................................................... 47

Figura 24 – Espaço integração ......................................................................................................... 47

Figura 25 – Ligação de todos os espaços através de deck de madeira. ............................................ 48

Figura 26 – Localização do Hotel Natura Cabañas.......................................................................... 49

Figura 27 – Vista aérea do Hotel Natura Cabañas ........................................................................... 49

Figura 28 – Sede piscina com áreas de lazer .................................................................................... 51

Figura 29 – Restaurante ................................................................................................................... 51

Figura 30 – Bangalows sem interferir na natureza ........................................................................... 52

Figura 31 – Ligação dos espaços através de caminhos feitos com pedra ......................................... 52

Figura 32 – Localização do Hotel. .................................................................................................... 53

Figura 33 – Vista aérea do Hotel Playa Negra. ................................................................................ 52

Figura 34 – Distribuição dos bungalows, piscina e sede principal no terreno ................................. 55

Figura 35 – Área de lazer e restaurante ............................................................................................ 55

Figura 36 – Piscina ........................................................................................................................... 56

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Figura 37 – Bungalow ....................................................................................................................... 56

Figura 38 – Espaço para aulas de integração .................................................................................. 57

Figura 39 – Espaço de descanso, integração .................................................................................... 57

Figura 40 – Setorização do projeto ................................................................................................... 59

Figura 41 – Mapa de localização de São Sebastião no Estado de São Paulo .................................. 59

Figura 42 – Localizalização do terreno (Rua Ubiratã/Tubarão com a Estrada de Camburi) .......... 61

Figura 43 – Mapa de macroáreas política de desenvolvimento urbano de Camburi. ...................... 62

Figura 44 – Mapa diretrizes espaciais de desenvolvimento urbano de Camburi .............................. 63

Figura 45 – Mapa de zoneamente de Camburi ................................................................................. 63

Figura 46 – Mapa de Uso e Ocupação do solo de Camburi. ............................................................ 66

Figura 47 – Estudo R00 (Sem escala). .............................................................................................. 67

Figura 48 – Estudo bangalô hexagonal (Sem escala). ..................................................................... 68

Figura 49 – Estudo R01 (Sem escala). .............................................................................................. 68

Figura 50 – Estudo R02 (Sem escala). .............................................................................................. 69

Figura 51 – Estudo R03 (Sem escala). .............................................................................................. 69

Figura 52 – Estudo R04 (Sem escala). .............................................................................................. 69

Figura 53 – Estudo R05 (Sem escala). .............................................................................................. 69

Figura 54 – Estudo R06 (Sem escala). .............................................................................................. 71

Figura 55 – Estudo R07 (Sem escala). .............................................................................................. 71

Figura 56 – Estudo bangalôs retangulares. (Sem escala). ................................................................ 72

Figura 57 – Estudo R08 (Sem escala). .............................................................................................. 72

Figura 58 – Estudo R09 (Sem escala). .............................................................................................. 73

Figura 59 – Estudo R10 (Sem escala). .............................................................................................. 73

Figura 60 – Estudo R11 (Sem escala). .............................................................................................. 73

Figura 61 – Estudo R12 (Sem escala). .............................................................................................. 74

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Sumário

1. Introdução ........................................................................................................... 16

2. Transformação e história de São Sebastião ....................................................... 18

2.1 Arquitetura caiçara ............................................................................................ 22

2.2 Camburi .............................................................................................................. 25

3. Turismo e Hospitalidade ..................................................................................... 27

3.1. Pousada ............................................................................................................. 29

4. Sustentabilidade .................................................................................................. 30

4.1. Concepções importantes para o projeto sustentável ........................................ 32

4.2. Arquitetura Ecológica ....................................................................................... 33

4.3. Controle de resíduos ......................................................................................... 34

4.4. Energia .............................................................................................................. 36

4.5. Água................................................................................................................... 37

5. Estudo de caso ..................................................................................................... 38

5.1. Pousada Teju Açu ............................................................................................. 40

5.2. Hotel/Pousada Vila Naiá .................................................................................. 43

5.3. Hotel spa natura cabana ................................................................................... 48

5.4. Hotel Playa Negra ............................................................................................. 52

6. Partido .................................................................................................................. 58

7. Dados ................................................................................................................... 60

8. Projeto .................................................................................................................. 67

9. Considerações finais............................................................................................ 86

Referências .............................................................................................................. 88

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1. INTRODUÇÃO

A proposta de realizar um estudo sobre o tema de se construir uma

edificação de uso social de forma não agressiva à natureza se originou devido à

minha grande frequência como turista no litoral norte paulista. Acompanhei, de

certa forma, o crescimento e as mudanças da pequena cidade litorânea de Camburi

ao longo de quase duas décadas. A minha experiência pessoal motivou a proposta

de projetar uma pousada que priorizasse a construção ecológica com técnicas

sustentáveis, com simplicidade e sofisticação, possibilitando a harmonia com a

natureza e a integração com o espaço inserido, e que, por outro lado, possa servir

como inspiração para um tipo de hospedagem de responsabilidade, respeitando a

tradição local.

O munícipio de São Sebastião, ao qual pertence o balneário de Camburi, é

uma referência da região, e integra um importante eixo da colonização do Brasil.

Ali foi, e ainda é, um espaço em que nos tempos atuais podemos encontrar nichos

de cultura tradicional, que se manifesta nos costumes, na culinária e na arquitetura.

Especificamente sobre o morar caiçara, que ainda resistem, em vilas distantes,

casarios e habitações isoladas que apresentam o pau a pique como técnica

construtiva.

Esse patrimônio humano perdeu seu protagonismo na região, e é importante

ressaltá-lo. O cuidado com o caráter vivo e dinâmico dos patrimônios culturais,

mesmo com o reconhecimento de questões mutáveis e passíveis à transformação,

é o que mantém a história e o significado das coisas vivos.

A bioarquitetura1 está presente em todo o procedimento do desenvolvimento

do projeto, pois ele dá preferência à mão de obra local, incentivando a economia

da região e minimizando a necessidade do transporte de materiais, reduzindo o

custo da construção e a emissão de poluentes. Além disso, o projeto terá

características sustentáveis, adotando soluções para ventilação e iluminação

natural, captação da água da chuva, placas solares para a produção da energia e

1 Surgida nos anos 60, prioriza o uso de técnicas construtivas sustentáveis com matérias primas

naturais e recicláveis que possam ser aproveitadas integralmente.

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a coleta seletiva de lixo e resíduos. A autosuficiência energética é um desafio do

projeto, assim como um certo tipo de pacto entre usuário e serviços.

Pousada, por definição, é uma construção com características horizontais,

tendo uma certa harmonia entre hóspedes e ambiente, com uma inserção suave

na natureza. Foram selecionados alguns projetos inspiradores, como a Pousada

Vila Naiá, localizada em Corumbau, no sul da Bahia; a Pousada Teju Açu, na ilha

de Fernando de Noronha; o Spa Natura Cabana, na República Dominicana; e o

Hotel Playa negra na Costa Rica, que foram construídos dentro do conceito que se

pretende adotar para o projeto. Elas utilizam uma arquitetura simples, preservando

o espaço, construindo um bloco-sede para recepção, e os quartos como bangalôs

e cabanas independentes.

Os padrões atuais existentes em Camburi tornam-se mais interessantes ao

se estudar a região da implantação. Uma quase vila litorânea, localizada no

munícipio de São Sebastião, no litoral Norte, a 37 km do centro da cidade, com um

de seus acessos pela rodovia Doutor Manoel Hyppólito Rego (Rio-Santos – SP 55),

que margeia um relevante índice de Mata Atlântica nativa e cobertura vegetativa -

em suma, uma paisagem que é rara hoje no País, não somente por sua exuberância

natural, mas pelo nível de preservação de um ambiente secular.

As cidades são onde as pessoas processam e criam estilos de hospitalidade,

podendo (e devendo) privilegiar as expectativas culturais dos residentes.

Um urbanismo inspirado no segmento da hospitalidade precisa dar maior

importância ao uso das áreas verdes do espaço. O projeto da pousada em Camburi

irá se preocupar com o espaço verde e com as características da cidade de forma

a não prejudicar o seu entorno, além de ser um projeto com algumas características

sustentáveis e ecológicas. Pensará no residente, antes de pensar no visitante.

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2. HISTÓRIA E TRANSFORMAÇÃO DE SÃO SEBASTIÃO

De acordo com os dados contidos na lei de zoneamento ecológico-

econômico do Estado de São Paulo de 2004, o município de São Sebastião

caracteriza-se pela diversidade de recursos naturais e o elevado potencial turístico,

que vem sendo ameaçado em decorrência da intensa especulação imobiliária, do

parcelamento irregular do solo, da pesca predatória, das estruturas náuticas e de

atividades portuárias em desconformidade com relação à conservação dos

recursos marinhos. O uso e a ocupação do solo nessa área têm sido realizados de

forma intensa e aleatória, dando origem a problemas ambientais e de saúde

decorrentes da disposição inadequada dos resíduos sólidos, do lançamento de

esgotos e de efluentes industriais nos corpos d’água que afetam, principalmente, o

turismo, a pesca e a aquicultura, principais setores de ocupação das populações

tradicionais além da indústria da construção civil.

A especulação imobiliária tem sido responsável pela expulsão da terra e pela

desarticulação cultural, bem como pela destruição de importantes áreas naturais.

O desenvolvimento do turismo, consubstanciado na edificação de hotéis, em

habitações de veraneio2, parques balneários, condomínios de luxo e visitações em

desconformidade com a capacidade de suporte dos ambientes naturais, tem

contribuído para a destruição dos ecossistemas costeiros e para a sua

descaracterização paisagística

Antes da colonização portuguesa, que ocorreu no início da História do Brasil,

após a divisão do território em Capitanias Hereditárias3, a região de São Sebastião

era ocupada por índios Tupinambás ao norte e Tupiniquins ao sul, sendo a serra

2 Segunda residência.

3 As Capitanias hereditárias, foi um sistema de administração territorial criado pelo rei de Portugal,

D. João III, em 1534. Esse sistema consistia em dividir o território brasileiro em grandes faixas com o objetivo

de colonizar o Brasil, evitando invasões estrangeiras e entregar a administração e a nobres com relações com

a Coroa Portuguesa.

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de Boiçucanga4 - 30 km ao sul de São Sebastião - uma divisa natural das terras

das tribos.

Figura 1 – Formação fundiária de São Sebastião séc. XVI

Fonte: http://www.saosebastiao.com.br/historia.html

Acessado em: Fevereiro de 2015

O município recebeu este nome em homenagem ao santo do dia em que

passou o largo da Ilha de São Sebastião, hoje chamada de Ilhabela – a expedição

de Américo Vespúcio5: 20 de janeiro de 1502.

Iniciou-se então a povoação, desenvolvendo o local com agricultura e pesca.

Nesta época a região contava com dezenas de engenhos de cana de açúcar,

responsáveis por um maior desenvolvimento econômico e a caracterização como

núcleo habitacional e político. Isto possibilitou a emancipação político-

administrativa de São Sebastião em 16 de março de 1636. Em 1639, foi elevada à

categoria de Vila, tornando-se parte ativa do sistema.

Segundo o site da prefeitura de São Sebastião, o seu município tem cerca

de 100 km de costa com uma sequência de pequenas praias. Metade está voltada

para o continente da Ilha de São Sebastião (Ilha Bela), e a outra metade aberta ao

oceano.

4 Praia localizada no município de São Sebastião.

5 Foi um mercador, navegador, geógrafo, cosmógrafo italiano e explorador de oceanos ao serviço do

Reino de Portugal e da Espanha.

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Figura 2 – Mapa do Município de São Sebastião com a divisão das praias.

Fonte: http://www.saosebastiaosp.com.br/praias.asp

Acessado em: Fevereiro – 2015

1-Boracéia 11-Santiago 20-Praia Preta

2-Juréia

12-Toque Toque

Pequeno

21-Porto Grande

3-Barra do Una 13-Calhetas 22-Praia Deserta

4-Juquehy 14-Toque Toque Grande 23-Pontal da Cruz

5-Barra do Sahy 15-Guaecá 24-Praia do Arrastão

6-Baleia 16-Barequeçaba 25-Olaria

7-Camburi

17-Cabelo Gordo

(Prainha) 26-São Francisco

8-Boiçucanga 18-Pitangueiras 27-Cigarras

9-Maresias 19-Praia Grande 28-Praia da Enseada

10-Paúba

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Figura 3 – Linha do Tempo de São Sebastião

Fonte: Desenvolvido pela autora

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2.1 Arquitetura local

O litoral norte ainda tem, em sua paisagem, alguns traços de uma arquitetura

com cultura tradicional, sendo que são mais fortes e resistem apenas em algumas

vilas distantes, casarios e/ou no centro histórico de São Sebastião (pelo fato de ser

um patrimônio tombado6).

A cultura tupi influenciou o colonizador europeu, por meio da tecnologia e

saber fazer nativo sobre os acessos por mar e terra, a caça, a pesca, a fabricação

de potes cerâmicos e a feitura de cabanas feitas com tramas de paus e fibras, que

logo incorporariam a vedação de barro nas construções.

A técnica mais utilizada para a construção nas vilas caiçaras7 foi o pau a

pique8. Essa forma de construir é explorada também em outros lugares do Brasil,

especialmente no meio rural, no sertão central e nordestino, pois é um recurso fácil

de executar e barato, não sendo necessário a utilização de materiais extravagantes,

nem que necessitem vir de lugares distantes.

Devido ao isolamento geográfico (e principalmente econômico) determinado

ao litoral, viu-se a gente caiçara obrigada a moldar suas habitações e traçados com

o que tinha na terra, além de valer-se da dinâmica de tempo e espaço que a

geografia e o cotidiano lhe impunha.

“Nascido e criado no litoral, o caiçara aprendeu a conhecer o seu

espaço e a obter dele os elementos e proporções convenientes ao seu bem estar. A grandeza do mar, as distâncias, as montanhas que o separam do resto do mundo não lhe são desconhecidas. (Kilza Setti: 1985:19).

6 Ato de reconhecimento do valor histórico de um bem que o transforma em patrimônio oficial e

institui regime jurídico especial de propriedade, levando em conta sua função social.

7 Habitantes tradicionais do litoral das regiões Sudeste e Sul do Brasil, formados pela miscigenação

entre índios, brancos e negros e que vivem da pesca artesanal, da agricultura, da caça, do extrativismo vegetal

e do artesanato. s.m. Caipira a beira mar, em São Paulo.

8 Técnica de contrução feita com barro armado, taipa de sopapo ou taipa de sebe, que consiste em

armar uma estrutura de ripas de madeira ou bambu com uma mistura de barro. É uma técnica simples de

construção, muitas vezes tratada com preconceito pela aparência rústica.

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Os trabalhos de amassar o barro e edificar as paredes da casa eram

acompanhados em multirões seguidos de cânticos, que marcavam os movimentos

deste oficio. Os sopapos na parede de pau a pique acompanhavam o ritmo e

facilitavam o processo, pois o trabalho tinha que ser sincronizado.

Segundo o livro Arquitetura no Brasil de Sylvio de Vasconcellos, “a vedação

consiste em paus colocados perpendicularmente entre os baldrames e os frechais,

neles fixados por meio de furos ou pregos. Estes paus são frequentemente roliços,

com sua casca inclusive, em seção compatível com a espessura pretendida para

as paredes que vão compor, em geral de 0,15 a 0,20m, condicionando os paus a

um diâmetro de 0,10 a 0,15m. (Fig. 4)

Figura 4 – Frechal e baldrame com os furos para a introdução dos paus.

Fonte: Arquitetura Brasileira – Sistemas construtivos de Sylvio de Vasconcellos.

Normalmente a estes, são colocados outros, mais finos, ripas ou varas, tanto

de um lado como de outro (Fig. 5): amarrados com "seda em rama, o linho, o

cânhamo, o tucum, o cravete, o guaxima, o imbé, o buriti" e outros diversos gêneros

próprios para cordas, conhecidos no Brasil pelo nome genérico de embiras. São

também usados couro ou pregos, formando uma trama ou armadura capaz de

receber e suster o barro que, posteriormente, vai encher os vazios da armação.

Estas varas horizontais podem ser roliças, de taquaras inteiras ou de canela de

ema.” A cobertura recebia o emprego de fibras de coqueiros, chamados de patis ou

piaçava.

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Figura 5 – Conjunto dos pau a pique, tendo as varas amarradas.

Fonte: Arquitetura Brasileira – Sistemas construtivos de Sylvio de Vasconcellos.

"Com a expansão imobiliária, o aumento populacional e a introdução de novos materiais industrializados, o emprego do pau a pique caiu em desuso. Porém, com o surgimento de novos paradigmas ligados à sustentabilidade e fortalecimento da cultura regional, o emprego das técnicas tradicionais estão retomando, aos poucos um certo espaço, especialmente com a Bioarquitetura. (Casas de mão de barro, A arquitetura caiçara – Clayton Galdino 2008).

Pontos positivos como o baixo custo e as suas qualidades ambientais,

relacionadas ao conforto e consumo racional de recursos naturais, tornam ainda

mais forte a escolha deste material para o desenvolvimento deste projeto.

O arquiteto Gunter Weimer (2008) afirma que “ficou o preconceito de que é

coisa de pobre, mas o barro é um material nobre e tem vantagens como não gerar

entulho. Se a construção for demolida, vira terra de novo e pode ser usada para

plantio.”

Já a palafita é uma técnica normalmente utilizada em regiões alagadiças cuja

função é evitar que as casas sejam arrastadas pela correnteza dos rios, porém

podem ser utilizadas também por questões de ventilação. Nas áreas de sertão do

litoral são muito utilizadas, devido à presença de uma grande quantidade de rios e

a topografia mais baixa, que provoca transbordamentos. No local onde está

implantada a pousada que é objeto que deste estudo, não há esse risco, tanto que

não foi necessário suspender mais que 50 cm do solo os bangalôs e restaurante.

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2.2 Camburi

A praia de Camburi está localizada no município de São Sebastião no Litoral

Norte da cidade de São Paulo. Uma praia com o mar de águas claras, azuis e a

areia fina, branca e solta.

O lugar é bastante procurado por surfistas e famílias, mas também é

disputada pelo pessoal que curte ecoturismo e trilhas; nos sertões do Cacau e

Piavu (do lado oposto a estrada Manuel Hipolito Rego), onde a flora nativa da mata

atlântica, a presença humana é bastante forte, turistas em busca de diversas trilhas

ecológicas por rios e cachoeiras.

Os moradores da região, os caiçaras, usam primordialmente bicicletas para

sua locomoção, ou o transporte público, o ecobus9, que transita pelas cidades da

região e tem como objetivo preservar da melhor forma possível a segurança e o

conforto do passageiro, além de estar aliado à proteção do meio ambiente.

A maioria dos moradores trabalham com o turismo na região, artesanato ou

pescaria. No alto verão, o comércio é fortemente empurrado para padrões

paulistanos, praticando preços e “importando” modismos e grifes da Capital paulista

em suas pequenas lojas, por conta da condição social privilegiada e o alto poder

aquisitivo da maioria dos turistas.

Há um escola pública municipal com ensino fundamental e supletivo para

jovens e adultos. Não há teatros nem salas de cinema.

9 Empresa de ônibus que atende toda a costa de São Sebastião.

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Figura 6 – Foto aérea da praia de Camburi

Fonte: www.googlemaps.com.br

Acessado em: Fevereiro de 2015

Figura 7 – Vista da praia de Camburi

Fonte: http://www.brlitoral.com.br/camburi.aspx

Acesado em: Maio de 2015

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3. TURISMO E HOSPITALIDADE

As áreas de Turismo e Hospitalidade estão interrelacionadas, e podem ser

consideradas como uma só. Pessoas que viajam necessitam de acolhimento e a

hospitalidade destaca-se como um tema indispensável.

"Hospitalidade é fundamentalmente o ato de acolher e prestar serviços a alguém que por qualquer motivo esteja fora de seu local de domicílio. [...] mas também é possível ampliar a noção de hospitalidade, englobando a relação que se estabelece entre o espaço físico da cidade e seus habitantes, pois ela abrange não somente a acomodação, mas também a alimentação, o conforto e o acolhimento, proporcionando ao visitante a sensação de bem estar."(DIAS, 2002).

O turista quando viaja coloca em ação todos os seus sentidos. Seus olhos

estão mais abertos e os seus ouvidos mais aguçados aos sinais e rituais da cidade

e de seus habitantes. Atitudes que provavelmente, em seu dia a dia, não estão

presentes, pois suas atividades tendem a ser rotineiras e menos interessantes,

envolvidas em problemas como o trânsito, o trabalho, a escola dos filhos, a falta de

tempo. A viagem é a oportunidade para deixar a rotina de lado e embarcar em

novas experiências e, por que não, em novas aventuras.

Toda cidade tem muito para contar sobre quem ela é e, sobretudo, sobre

como ela recebe os seus visitantes. A sinalização da rodovia, as informações no

aeroporto, os serviços oferecidos na rodoviária, um bom café, uma praça bem

cuidada, uma boa oferta de transporte público, um taxista que não faz o caminho

mais longo, as informações sobre os pontos turísticos e a disposição de sua

população de informar e de sorrir, serão lidos como sinais identificadores da

capacidade de acolher. “Bem-vindo!”. “Você chegou à Capital do Morango”. “Volte

sempre!”. Uma cidade que se lê rapidamente é mais acolhedora que uma cidade

que se furta impiedosamente ao olhar e ao passeio do visitante.

O turismo é um feito social, humano, econômico e cultural irreversível. Sua

influência no campo dos monumentos e sítios é particularmente importante e só

pode aumentar, dados os conhecidos fatores econômicos de desenvolvimento de

tal atividade. (Carta de turismo cultural 1976).

Pesquisas realizadas com a população das cidades-sede da Copa do Mundo

de futebol, realizada no Brasil em 2014, revelaram que os moradores sentiam-se

27

Page 32: Barro e palatita: uma pousada no litoral

‘29

responsáveis pelo sucesso do evento, por conta da capacidade de “receber”. E

mostravam-se mais solícitos ainda quando questionados sobre o que a cidade tinha

para oferecer ao turista. Prevaleceram as belezas naturais, as praias, os parques,

as florestas, a alegria do povo, a vocação para a festividade. Neste sentido, os

costumes e tradições locais são elementos importantes da hospitalidade.

A hospitalidade é tema central nos fenômenos turísticos. E para a

compreensão de suas dimensões, é fundamental que o poder público e a sociedade

civil dialoguem a fim de fortalecer a vocação local, seja ela cultural, histórica,

urbanística, gastronômica ou de lazer e sobretudo, aprimorar a arte de receber

bem. Ganha a economia local, ganha o povo, ganha o país.

Segundo o sociólogo Luiz Octávio de Lima, da USP, o fenômeno turístico

envolve principalmente a viagem e a hospedagem. Os estudos turísticos buscam

compreender as relações entre turismo e meio ambiente, turismo e lazer, turismo e

patrimônio, deixando entrever um subtexto segundo o qual o meio ambiente deve

ser pensado para o turista, e que o patrimônio cultural e o sistema de lazer de uma

localidade também devem ser pensados para o turista.

28

Page 33: Barro e palatita: uma pousada no litoral

‘30

3.1. Pousada

Segundo os autores do livro Hotel - Planejamento e Projeto (Nelson Andrade,

Paulo Lucio de Brito e Wilson Edson Jorge, 2011), pousadas são hotéis mais de

descanso do que de lazer, com características horizontais e quase sempre de

pequeno porte, com poucos apartamentos e algumas poucas áreas de convívio

social.

O lazer consiste principalmente em atividades como natação recreativa em

piscinas de dimensões modestas; spas para cuidados com o corpo (banhos

aromáticos, saunas, massagens e afins); passeios a pé ou a cavalo e, certamente,

o desfrute do clima e da paisagem locais. O grande atrativo de muitas pousadas

está, além dos atributos naturais, na localização, na gastronomia e no tratamento

acolhedor que possa proporcionar aos hóspedes.

Os ambientes devem ser aconchegantes e proporcionar condições de

grande conforto e, na medida do possível, aquela sensação de “estar em casa”, ou

pelo menos na casa com que as pessoas costumam sonhar. Sem prejuízo dessas

qualidades apontadas como essenciais (e que envolvem mais ambientação do que

investimento), os ambientes podem ser mais ou menos luxuosos, o que certamente

se reflete no preço que costuma ser cobrado das diárias.

29

Page 34: Barro e palatita: uma pousada no litoral

‘31

8. SUSTENT

ABILIDAD

E

“A busca da qualidade ambiental é uma atitude ancestral que visa estabelecer um equilíbrio harmonioso entre o homem e a natureza que o cerca. Praticada por necessidade durante séculos, em particular na arquitetura doméstica e vernacular, caiu em desuso após a Revolução Industrial, em uma época em que o homem acreditou na sua onipotência e explorou, sem controle, os recursos do planeta.” (Dominique Gauzin Muller, 2011).

A degradação do meio ambiente e as modificações climáticas atuais estão

diretamente ligadas às atividades humanas. O crescimento desordenado e rápido

da população mundial com o uso exagerado dos recursos naturais já vem sido

discutido há décadas, mas sistematizou-se em 1968 por um grupo de intelectuais

de várias nacionalidades. Em 1972, eles publicaram o famoso Limites de

crescimento (texto que introduziu a noção de desenvolvimento sustentável), no qual

afirmavam a necessidade de aliar proteção da natureza a desenvolvimento

econômico.

Hoje, as mudanças climáticas se tornam cada vez mais evidentes. Diante de

problemas em quase todo o mundo como a falta ou a escassez do recurso natural

mais importante em todo o mundo, a água, a opinião pública e os dirigentes políticos

começam a tomar consciência da necessidade de proteger o meio natural.

O termo “sustentável” pode e deve ser aplicado em todo o processo de um

projeto, indicando um ciclo em que o tripé sustentável (conceito criado pelo

sociólogo John Elkington), se estrutura numa equação de equilíbrio entre três P’s:

People, Planet, Profit (pessoas, planeta e lucro); que os três cumpram seu papel,

gerando menor impacto possível com um resultado mais eficiente. O item

“materiais” é um fator que interfere no custo do produto final (lucro), as construções

demandam um volume grande de recursos naturais (planeta) e a produção de

materiais e as obras geram um volume significativo de empregos (pessoas).

30

Page 35: Barro e palatita: uma pousada no litoral

‘32

Figura 8 – Tripé da sustentabilidade

Fonte: http://norte.arq.br/boletins-tecnicos/boletim-006-parte1/

Acessado em: Abril de 2015

31

Page 36: Barro e palatita: uma pousada no litoral

‘33

4.1. Concepções importantes para o projeto sustentável

Para a fase de concepção, deve ser considerado o máximo de

aproveitamento das condições locais do espaço e do entorno onde será previsto a

projeto, com técnicas que permitam uma construção mais econômica, menos

poluente e menos agressiva para o meio ambiente.

É de grande importância realizar um estudo referente às características

físicas do terreno (a topografia, a natureza do solo, a hidrologia e a presença de

lençóis subterrâneos); fazer um levantamento dos aspectos naturais que possam

atuar diretamente sobre o projeto, para obter uma melhor iluminação, melhor

conforto térmico e climatização naturais (o clima, a carta solar, a vegetação, a

orientação do terreno, os ventos dominantes e os índices pluviométricos).

O projeto deve atender todas as leis contidas dentro do Plano Diretor do

município. As ZEES (Zoneamento Ecológico-Econômico), levam em consideração

a vegetação – corredores ecológicos, o relevo, o uso e ocupação do solo, as

tendências de ocupação, a infra-estrutura urbana, a atividade econômica, os eixos

de desenvolvimento, as comunidades tradicionais, as legislações estadual e

municipal e os cenários desejados.

Para que o projeto se adeque aos princípios físicos envolvidos e as

necessidades dos ambientes é necessário pensar no caminho do sol.

Figura 9 – Caminho do sol

Fonte: Livro o Manual do arquiteto descalço

32

Page 37: Barro e palatita: uma pousada no litoral

‘34

O aquecimento interno potencialmente causado pela radiação solar pode

representar uma das maiores ameaças ao conforto térmico e à eficiência energética

de um projeto. Por este motivo, especial atenção deve ser conferida às estratégias

de proteção contra a exposição solar excessiva. A proteção solar envolve desde a

correta orientação das fachadas e aberturas do edifício em relação ao sol e

soluções de adoção de elementos de sombreamento e proteção das fachadas,

como brises, telas e vidros de alta performance.

A abundância de iluminação natural é uma importante estratégia para a

redução do consumo energético do edifício, pois diminui a necessidade de uso de

iluminação artificial durante o dia. No entanto, a exposição excessiva à luz solar

pode causar outros problemas, como o sobreaquecimento do edifício ou a

ofuscação dos usuários no caso de luz excessiva.

A ventilação natural é uma importante estratégia passiva para o resfriamento

dos ambientes internos de um edifício. A troca de ar com o exterior permite a

dissipação do calor acumulado, além de oferecer maior conforto ao usuário por

meio de resfriamento por convecção - em outras palavras, a possibilidade de

usufruir da sensação agradável de uma brisa suave em um dia quente. Um projeto

bem solucionado do ponto de vista da ventilação natural empregará eficientemente

a incidência de ventos predominantes sobre as edificações, além de tirar proveito

de oportunidades para a adoção de ventilação cruzada e do “efeito chaminé” em

vazios verticais.

4.2 . Arquitetura ecologica

A arquitetura ecológica é aquele que utiliza os materiais respeitando a sua

natureza e extraindo deles o seu melhor comportamento, procurando causar o

menor impacto possível à natureza. Está associada à técnicas passivas de

construção, como iluminação e ventilação natural, ao aproveitamento da água da

chuva e ao uso de materiais locais e naturais, como por exemplo a terra, o bambu,

tijolos ecológicos entre outros.

A bioarquitetura também dá preferência a mão-de-obra e produtos locais,

pois essa é uma forma de incentivar a economia da região e minimizar a

necessidade de transporte - o que reduz o custo da construção e a emissão de

poluentes.

33

Page 38: Barro e palatita: uma pousada no litoral

‘35

4.3 Controle de resíduos

A eliminação e o tratamento dos resíduos formam parte de uma preocupação

cada vez mais presente no plano internacional. O custo de sua destinação final tem

aumentado, e tende a se acentuar quando aterros sanitários tradicionais são

fechados e substituídos por usinas especializadas, que apenas recebem os

resíduos finais. Diante do fechamento dos aterros e do aumento dos custos, os

municípios tentam buscar uma solução eficaz para eliminar os resíduos respeitando

o meio ambiente.

A gestão dos resíduos é um dos grandes problemas que as municipalidades

terão de enfrentar no próximos anos. A população produz uma grande quantidade

de lixo, sem separação, que na sua maior parte não deveria simplesmente ser

descartado em um depósito comum.

Para controlar o volume dos resíduos e o custo de seu processamento, os

municípios devem tomar a dianteira e incentivar a coleta seletiva, a reciclagem e o

aproveitamento energético introduzindo para a população as regras da separação

do lixo doméstico para fins ou de reaproveitamento ou de descarte seguro. Isso

inclui:

- Separação dos resíduos tóxicos (medicamentos, pilhas, etc.).

- Materiais que podem ser reciclados (vidro, papel, metal e plástico).

- Separação das substâncias biodegradáveis para diminuir o volume final

dos resíduos.

Uma construção nova já pode prever condições para auxiliar nesse processo

de seleção de detritos. As instalações sanitárias, por exemplo, podem separar o

que a natureza pode reaproveitar, como a água do banho, de detritos orgânicos

produzidos ou pelo homem (fezes) ou pelos processos construtivos (cimento,

pedras, etc).

34

Page 39: Barro e palatita: uma pousada no litoral

‘36

Figura 10 – Ciclo da reciclagem/Desperdício

Fonte: http://www.folhaojornal.com.br/lei-obriga-municipios-a-fazer-coleta-seletiva

Acessado em: Maio de 2015

35

Page 40: Barro e palatita: uma pousada no litoral

‘37

4.4 Energia

A demanda crescente de energia no Brasil se deve ao aumento da

população e a inversão da vida rural pela vida urbana. A busca pela conservação,

redução e economia do consumo de energia, tendo em vista à demanda crescente

de gasto de energia no país, e o incentivo a formas alternativas de geração de

energia, tais como a solar (Placas fotovoltáicas), são essenciais para um projeto

sustentável. É necessário também adaptar sensores de presença e colocação de

lâmpadas e luminárias de alto desempenho.

"Quando fazemos um projeto de luminotécnica de ambientes construídos, devemos nos lembrar que a dinâmica de variação luz são esperadas em um ambiente natural. Nem sempre precisamos contar com sistemas de controle sofisticados para alcançar as mudanças adequadas nos etornos artificiais...Criar área com luzes sutilmente distintas agrega riqueza visual à experiência de estarmos em um ambiente fechado." (Malcolm Innes, 2012)

Figura 11 – Placas fotovoltaicas para aquecimento da água ou fonte de energia para o projeto.

Fonte: http://www.ecocasa.com.br/energia-fotovoltaica.asp

Acessado em: Maio de 2015

As placas fotovoltáicas são confiáveis, além de fontes inesgotáveis e

gratuitas, é uma energia limpa, pois não polui. A instalação do sistema, que é

modular, pode ser realizada tanto em obras em andamento como em construções

finalizadas.

36

Page 41: Barro e palatita: uma pousada no litoral

‘38

4.5 Água

A água é um recurso cada vez mais raro e precioso, desperdiçado sem

limites nos países industrializados.

Na construção, e em particular na habitação, existem várias medidas que

favorecem o gerenciamento do ciclo da água, como a recuperação das águas da

chuva que podem ser armazenadas em cisternas. Esta água, armazenada, pode

ser reutilizada para irrigação dos jardins, limpeza, ou, ainda, para a descarga de

vasos sanitários através de sistemas de redistribuição. Com isto, diminui-se

também a demanda por água tratada e reaproveita-se os recursos naturais à

disposição.

É possível também, com recursos modernos, como torneiras com controle

de fluxo de água, “educar” os usuários para tempos razoáveis da lavagem das

mãos, dos pratos, das roupas e do banho pessoal. Esses equipamentos já são

vendidos em larga escala no mercado de construção civil.

Figura 12 – Representação da cisterna em um projeto, com o destino da água que ela capta.

Fonte: http://condominiossustentaveis.com.br/2011/05/06/campanha-pelo-desperdicio-zero-de-

agua-na-limpeza-de-cisternas-e-reservatorios/

Acessado em: Maio de 2015

37

Page 42: Barro e palatita: uma pousada no litoral

‘39

8. ESTUDOS

DE CASO

Para estudo de caso, foram selecionados hotéis e pousadas no Brasil, na

Costa Rica e em Cancun com características que trazem contribuições que podem

eventualmente ser adotadas para esse projeto. Todos estão localizadas perto ou

nas imediações de praias, e são marcados pelo objetivo de não agredir o meio

ambiente no qual o projeto está inserido, além de serem pontos turísticos muito

marcantes para os visitantes e moradores.

“O turismo sustenta o seu destino turístico: seu ambiente, paisagem, patrimônio histórico e cultural, e o bem estar da população residente.” (Roteiros do Charme, 2015)

Todos os projetos foram selecionados devido a sua simplicidade construtiva

e sofisticação habitacional, com características de projetos livres, articulados a

partir de bangalôs e pequenas casas independentes.

Destes projetos, conforme exposição a seguir, serão analisados seus

fundamentos principais, que podem auxiliar na distribuição e nas ligações dos

programas nos espaços do terreno em que os projetos estão implantados. Serão

examinados os materiais utilizados para a contrução – e, consequentemente, o

motivo de sua atratividade tanto para turistas quanto para amantes da natureza.

38

Page 43: Barro e palatita: uma pousada no litoral

‘40

5.1. Pousada Teju Açu

Ficha Técnica

Local: Fernando de Noronha, Pernambuco.

Data início do projeto: 2004

Data conclusão projeto: 2008

Arquitetura: Marco Antônio Gil, Ruy Loreto e Tereza Simis Borsi.

O projeto foi implantado em um terreno irregular com pouco mais de 2.000

m2. Ele é composto por 12 unidades de hospedagem em forma de cabanas de

palafitas.

O partido arquitetônico faz opção por um sistema construtivo ecológico, com

peças de madeira reflorestada como troncos de eucaliptos tratados e painéis

prensados.

O bloco principal, também sobre palafitas, possui dois pisos: no inferior ficam

as áreas de serviços e a recepção, e no pavimento superior, onde se encontram

ambientes de estar, e estabelece uma relação dialética entre os espaços público e

privado.

O projeto agrega soluções técnicas alternativas para a captação de águas

pluviais, o reúso e o tratamento de águas servidas. Apesar de todo o rigor tectônico,

os autores decidiram tirar partido da forma irregular dos troncos e caules das

árvores.

Basicamente, um dos problemas mais desafiadores da região de Camburi,

encravada na Serra do Mar, é a questão do excesso de umidade e também certa

hostilidade da natureza – insetos em profusão, predadores à solta, ofídios e répteis.

A edificação elevada, em forma de palafita, equacionaria todos esses problemas e

ainda traria a solução para um terceiro, a questão da segurança. Um bangalô

elevado permite que se possa ter uma visão externa mais ampla, além de não ser

totalmente acessível a não ser pelos moradores daquela habitação. Também

facilita a higienização da unidade, por permitir a retirada mais fácil de dejetos e

também uma maior eficiência das instalações sanitárias.

39

Page 44: Barro e palatita: uma pousada no litoral

‘41

Figura 13 – Localização da pousada na Ilha de Fernando de Noronha.

Fonte: www.googlemaps.com.br

Acessado em: Abril de 2015

Figura 14 – Planta do projeto da Pousada Teju Açu. Integração com o espaço.

Fonte: http://spaurbano.webnode.com.br/blog/projetos-estudados/

Acessado em: Fevereiro de 2015

40

Page 45: Barro e palatita: uma pousada no litoral

‘42

Figura 15 – Vista do interior da pousada.

Fonte: http://www.booking.com/hotel/br/teju-aassu-ecopousada-fernando-de-noronha.pt-

br.html

Acessado em: Fevereiro de 2015

Figura 16 – Vista de um dos cômodos da pousada.

Fonte: http://www.booking.com/hotel/br/teju-aassu-ecopousada-fernando-de-noronha.pt-

br.html

Acessado em: Fevereiro de 2015

41

Page 46: Barro e palatita: uma pousada no litoral

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Figura 17 – Área de lazer, piscina e espaço para relaxar.

Fonte: http://viajeaqui.abril.com.br/materias/presentes-para-o-dia-das-maes-fotos#2

Acessado em: Fevereiro de 2015

Figura 18 – Vista superior da disposição do espaço, com ligações por escadas e deck de

madeira.

Fonte: http://www.booking.com/hotel/br/teju-aassu-ecopousada-fernando-de-noronha.pt-

br.html

Acessado em: Fevereiro de 2015

42

Page 47: Barro e palatita: uma pousada no litoral

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5.2. Hotel/Pousada Vila Naiá

Ficha Técnica

Local: Corumbau, Prado - Bahia.

Data início do projeto: 2001

Data conclusão projeto: 2004

Arquitetura: Renato Marques.

O hotel é uma hospedaria singular, aliando a simplicidade de Corumbau

(‘longe de todas as preocupações’, na língua dos índios Pataxó) ao requinte de um

estabelecimento de padrão internacional. Bastante exclusivo, o Vila Naiá conta com

apenas oito habitações, sendo quatro suítes e quatro casas. Foi construído como

se fosse uma vila, estruturadas em palafitas de madeira, com telhados em taubilha

presas pelo sistema de cavilhas que se comunicam entre si por passarelas

suspensas de madeira, permitindo que a flora e a fauna se desenvolvam livremente.

Desde a sua criação, o Vila Naiá tem se caracterizado pela permanente

utilização de práticas sustentáveis. O hotel possui um Centro de Ecoturismo e

Educação Ambiental, integrado por um espaço dedicado a atividades para alunos

e visitantes, um viveiro de mudas com espécies nativas e uma trilha ecológica, que

possibilitam interação com escolas da região.

Mais do que evitar impactos, o Vila Naiá contribuiu para a ampliação das

Unidades de Conservação de Fauna e Flora da região, com a criação da Reserva

Particular do Patrimônio Natural Fazenda Carroula, área privilegiada entre os

parques nacionais do Descobrimento e Monte Pascoal, e tem sua orla marítima

abrangida pela Reserva Extrativista Marinha de Corumbau, destinada a proteger os

meios de subsistência das comunidades costeiras locais.

Dessa experiência, o projeto de Camburi pode eventualmente se nutrir da

estratégia de ocupação do espaço, uma forma de manter a conexão entre as

unidades da pousada, para fins de otimização dos meios (e consequente

economia), mas também com uma ambição de independência e autossuficiência

entre os eventuais chalés e quartos da comunidade hoteleira.

43

Page 48: Barro e palatita: uma pousada no litoral

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Figura 19 – Croqui localização no estado da Bahia do hotel/pousada

Fonte: https://www.vilanaia.com.br

Acessado em: Março de 2015

Figura 20 – Localização do Hotel Pousada Vila Naiá

Fonte: https://www.google.com.br/maps/

Acessado em: Março de 2015

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Page 49: Barro e palatita: uma pousada no litoral

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Figura 21 – Vista aérea do Hotel/Pousada Vila Naiá.

Fonte: http://www.originalmiles.com.br/corumbau-vila-naia-amor-perfeito-na-bahia/

Acessado em: Março de 2015

Figura 22 – Vista aérea da piscina com as ligações de decks de madeira

Fonte: http://www.zarpo.com.br/magazine/corumbau-vila-naia-sofisticacao/

Acessado em: Março de 2015.

45

Page 50: Barro e palatita: uma pousada no litoral

‘47

Figura 23 – Sede piscina

Fonte: http://www.zarpo.com.br/magazine/corumbau-vila-naia-sofisticacao/

Acessado em: Março de 2015

Figura 24 – Espaço integração

Fonte: http://www.originalmiles.com.br/corumbau-vila-naia-amor-perfeito-na-bahia/

Acessado em: Março de 2015

46

Page 51: Barro e palatita: uma pousada no litoral

‘48

Figura 25 – Ligação de todos os espaços através de deck de madeira.

Fonte: http://www.tripadvisor.co.uk/Hotel_Review-g1989036-d582506-Reviews-Vila_Naia-

Prado_State_of_Bahia.html

Acessado em: Março de 2015

47

Page 52: Barro e palatita: uma pousada no litoral

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5.3. Hotel spa natura cabana

Ficha Técnica

Local: República Domenicana, Cancun.

Data início do projeto: 1997

Data conclusão projeto: -

Arquitetura: Família chilena.

O projeto do hotel-butique Natura Cabana foi a residência de uma família

chilena até 1997, que depois se converteu em casa de hóspedes. Está localizado

em Cabarete, na costa norte da República Dominicana, e foi considerado um dos

hotéis mais ecológicos do Caribe em 2013, segundo a revista Caribbean Journal,

fonte de informação importante para os viajantes na região. A revista descreve esse

hotel como um paraíso de bem-estar cujas instalações estão construídas com

materiais naturais e móveis artesanais, tudo com baixo impacto ambiental.

O Hotel foi projetado para se misturar com o meio ambiente, sem perturbar

sua beleza. O programa é constituído por 10 bangalôs com teto de palha, que foram

construídos artisticamente com materiais indígenas como bambu e ilha de pedra,

além de dois restaurantes à beira-mar, um estúdio de ioga, um spa e a piscina.

Essa é a questão-chave da harmonia ambiental: materiais naturais e móveis

de madeira artesanais pedem uma estratégia de reciclagem daquilo que a natureza,

por acidentes naturais, coloca à disposição do arquiteto. Árvores derrubadas pela

chuva ou pelos ventos, bancos de areia formados por tempestades, pedras

deslocadas por enchentes, móveis escavados em troncos calcinados (como na

sábia arte do polonês Frans Krajcberg – pintor, escultor e artista plástico). Essa é

basicamente a lição apreendida no exame do Natura Cabana Boutique Hotel & Spa.

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Page 53: Barro e palatita: uma pousada no litoral

‘50

Figura 26 – Localização do Hotel Natura Cabañas

Fonte: https://www.google.com.br/maps

Acessado em: Março de 2015

Figura 27 – Vista aérea do Hotel Natura Cabañas

Fonte: http://www.naturacabana.com/photos.htm#0_1

Acessado em: Março de 2015

49

Page 54: Barro e palatita: uma pousada no litoral

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Figura 28 – Sede piscina com áreas de lazer

Fonte: http://www.tripadvisor.com.br/Hotel_Review-g317144-d226711-

ReviewsNatura_Cabana_Boutique_Hotel_SPACabarete_Puerto_Plata_Province_Dominican_

Republic.html#photos

Acessado em: Março de 2015

Figura 29 – Restaurante

Fonte: http://www.tripadvisor.com.br/Hotel_Review-g317144-d226711-

ReviewsNatura_Cabana_Boutique_Hotel_SPACabarete_Puerto_Plata_Province_Dominican_

Republic.html#photos

Acessado em: Março de 2015

50

Page 55: Barro e palatita: uma pousada no litoral

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Figura 30 – Bangalows sem interferir na natureza

Fonte: http://www.naturacabana.com/photos.htm#0_1

Acessado em: Março de 2015

Figura 31 – Ligação dos espaços através de caminhos feitos com pedra

Fonte: http://www.naturacabana.com/photos.htm#0_1

Acessado em: Março de 2015

51

Page 56: Barro e palatita: uma pousada no litoral

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5.4. Hotel Playa Negra

Ficha Técnica

Local: Playa Negra, Costa Rica.

Data início do projeto: -

Data conclusão projeto: -

Arquitetura: -

Playa Negra está localizada ao sul de mais um local de surfe popular, Playa

Avellanas. A área é acessada por uma estrada de terra que requer um veículo com

tração nas 4 rodas. Durante a estação chuvosa (junho-novembro) pode até ser

necessário fazer a travessias de rios, sem pontes, para alcançar o local.

Na chegada ao hotel, os hóspedes podem desfrutar de um ambiente

descontraído e relaxante de grande beleza natural. É um ótimo local para quem

procura uma experiência de praia remota e ensolarada.

O Hotel Playa Negra é composto por 10 quartos individuais pintadas com

vista para a praia e o mar. Estes bangalôs redondos têm um telhado de palha

(colmo de alta), numerosas janelas e um piso de concreto. Os bangalôs privados

são espaçados em um gramado ensolarado pontilhado com flores tropicais e

folhagens. No programa há uma piscina elíptica, restaurante e um espaço para

aulas de yoga.

A disposição do projeto é o que chama atenção, com os bangalôs entre a

vegetação e privadas, com ligação da sede principal, piscina e área coletiva.

Figura 32 – Localização do Hotel.

Fonte:https://www.google.com.br/maps/

Acessado em: Abril de 2015

52

Page 57: Barro e palatita: uma pousada no litoral

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Figura 33 – Vista aérea do Hotel Playa Negra.

Fonte: http://www.playanegra.com/pt/html/galeria.html

Acessado em: Abril de 2015

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Page 58: Barro e palatita: uma pousada no litoral

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Figura 34 – Distribuição dos bungalows, piscina e sede principal no terreno

Fonte: http://www.playanegra.com/pt/html/galeria.html

Acessado em: Abril de 2015

Figura 35 – Área de lazer e restaurante

Fonte: http://www.playanegra.com/pt/html/galeria.html

Acessado em: Abril de 2015

55

Page 59: Barro e palatita: uma pousada no litoral

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Figura 36 – Piscina

Fonte: http://www.anywherecostarica.com

Acessado em: Abril de 2015

Figura 37 – Bungalow

Fonte: http://www.anywherecostarica.com

Acessado em: Abril de 2015

56

Page 60: Barro e palatita: uma pousada no litoral

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Figura 38 – Espaço para aulas de integração

Fonte: http://www.playanegra.com

Acessado em: Abril de 2015

Figura 39 – Espaço de descanso, integração

Fonte: http://www.tripadvisor.com.br

Acessado em: Abril de 2015

57

Page 61: Barro e palatita: uma pousada no litoral

‘58

8. PARTIDO

Ao contrário dos espaços que são pré-configurados e pré-determinados na

arquitetura, o ambiente natural pressupõe uma grande dose de subjetividade –

pode-se construir o entorno com o olhar contínuo, porque ele também está em

contínua mutação, e isso não se realiza somente no ambiente construído.

Como assinalou Ignasi de Solá-Morales, em seu livro Territórios (2000):

“Parece que todo o destino da arquitetura tem sido o da colonização, da imposição de limites, ordem, forma, introduzindo no espaço estranho os elementos de identidade necessários para fazê-lo reconhecível, idêntico, universal. Pertence à mesma essência da arquitetura sua condição de instrumento de organização, de racionalização, de eficácia produtiva capaz de transformar o inculto em cultivado, o baldio em produtivo, o vazio em edificado” (Ignasi de Solá-Morales, 2000).

Associações entre aquilo que chega e aquilo que já está lá são comuns na

história da arquitetura. Cumpre ao arquiteto fazer a articulação entre os elementos

“estrangeiros” e “nativos” da melhor maneira possível. O que vem de fora não pode

promover um abalo radical na harmonia do terreno, mas deve chegar para

confirmar, consolidar, completar.

Essa ideia sugere que, em vez de um lugar murado, policiado,

ensimesmado, a pousada na Serra do Mar ganharia se adotasse um ideal de

construção, uma arquitetura pensada na cultura do povo que ali habitava e ainda

habita em algumas vilas distantes. mas também de uso cotidiano, uma espécie de

aula em movimento.

Áreas comuns, como área de leitura e um lugar para meditação, são tão

cruciais para o projeto quanto as áreas de atividades íntimas e privadas. Um

conjunto de ações que pudesse produzir sentidos, capaz de adquirir novos

significados para o turista, aproximá-lo da verdade particular do lugar que ora

frequenta. Aos conceitos de “necessidades”, “lazer” e “bem estar”, acrescenta-se

aqueles da liberdade, da escolha, da criatividade.

O projeto foi concebido de forma funcional e confortável para os visitantes e

também para os funcionários que irão utilizar o espaço. A sede principal ficou com

a maior parte do programa, e foi separada em duas alas, a área com acesso restrito

a funcionários, que contêm a área administrativa, área de depósito, lavanderia,

58

Page 62: Barro e palatita: uma pousada no litoral

‘59

banheiros e vestiários, cozinha de funcionários e cozinha para o restaurante com

despensa; e a área para os hóspedes, com recepção, sala de estar, banheiros e

adaptados para deficiente físico, sauna e sala de jogos. Na área externa há uma

piscina, restaurante, área de leitura e meditação, balanços e redes espalhados

entre as árvores nativas existentes e 12 bangalôs sendo que uma unidade foi

adaptada para deficiente físico e respectivas 12 vagas para o estacionamento além

da vaga de carga e descarga (fig. 40).

Figura 40 – Setorização do projeto

(Verde – Bangalôs l Vermelho – Espaço Hóspedes l Azul – Área dos funcionários (restrita) l

Amarelo – Restaurante).

Fonte: Autora

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‘60

8. DADOS

Os dados coletados para o projeto são de extrema importância para o

estudo. Com eles é possível saber todas as restrições para a construção do

empreendimento.

A partir do mapa de localização no Estado de São Paulo, na figura 39, pode

se entender o espaço onde será inserido o projeto discutido ao longo desta

monografia. Após isso, foi necessário a leitura do Plano Diretor 2011 do Município

de São Sebastião, para poder verificar as leis existentes e que não podem ser

descartadas para a elaboração do projeto no espaço.

Figura 41 – Mapa de localização de São Sebastião no Estado de São Paulo

Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A3o_Sebasti%C3%A3o_(S%C3%A3o_Paulo)

Acessado em: Maio de 2015

Foram levantados os dados de legislação sobre o terreno, de acordo com o

Plano Diretor de 2011, o terreno é considerado Zona Comercial e Residencial. O

que viabiliza a construção da pousada no local. Para a construção o artigo. 80º

exige:

Art. 80º - O gabarito a ser aplicado em todo o município deverá respeitar a altura máxima de 9 (nove) metros, medida a partir do nível piso mais baixo da edificação até o ponto mais alto da cobertura, cumeeira ou laje do telhado, excluído o reservatório de água elevado, cuja altura não

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poderá ultrapassar os 12 (doze) metros contados a partir do nível piso mais baixo da edificação, com uso exclusivo como caixa d’água e respeitados os recuos estabelecidos na legislação. (Plano Diretor de São Sebastião, 2011)

Figura 42 – Localizalização do terreno (Rua Ubiratã/Tubarão com a Estrada de Camburi)

Fonte: https://www.google.com.br/earth/

Acessado em: Fevereiro de 2015

O terreno está localizado em uma macroárea de urbanização condicionada

e turismo sustentável (figura 40), que tem a finalidade de manter o padrão de

urbanização atual e estimular pousadas e hotéis de turismo e o uso residencial,

incluindo casas de veraneio, mantendo-se a característica atual destas regiões.

Art. 85º - As Zonas Especiais de Interesse Social - ZEIS são porções do território destinadas, prioritariamente, à recuperação urbanística, à regularização fundiária e à produção de Habitações de Interesse Social – HIS, incluindo a recuperação de imóveis degradados, a absorção da população removida de áreas mais frágeis e protegida, a provisão de equipamentos sociais e culturais, espaços públicos, serviço e comércio de caráter local. § 1º - Os limites das ZEIS são apresentados na figura 40 - As ZEIS são voltadas à recuperação e regularização de áreas ocupadas por população de baixa renda, abrangendo favelas, loteamentos precários e empreendimentos habitacionais de interesse social, em que haja interesse público em promover a recuperação urbanística, a regularização fundiária, a produção e manutenção de Habitações de Interesse Social – HIS, incluindo equipamentos sociais e culturais, espaços públicos, serviço e comércio de caráter local; (Plano Diretor de São Sebastião, 2011)

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Figura 43 – Mapa de macroáreas política de desenvolvimento urbano de Camburi.

Fonte: http://www.saosebastiao.sp.gov.br/finaltemp/planodiretor/pl_pd_040608.asp

Acessado em: Abril de 2015

O projeto obedecerá ao Decreto Estadual 49.215/04 de São Sebastião,

referente ao Zoneamento Ecológico Econômico - ZEE (áreas definidas

territorialmente e que visam auxiliar o planejamento estratégico do uso do território

municipal e regional, e que fornecem diretrizes para o desenvolvimento social e

econômico do município, considerando a dimensão ambiental).

Destina-se a absorver ocupações urbanas desde que haja garantia de

tratamento e disposição de efluentes e resíduos sólidos, respeitando a legislação

ambiental e a meta de conservação ou recuperação de, no mínimo, de 60% da

zona, incluídas as áreas de preservação permanente.

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Figura 44 – Mapa diretrizes espaciais de desenvolvimento urbano de Camburi

Fonte: http://www.saosebastiao.sp.gov.br/finaltemp/planodiretor/pl_pd_040608.asp

Acessado em: Abril de 2015

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Figura 45 – Mapa de zoneamente de Camburi

Fonte: http://www.saosebastiao.sp.gov.br/finaltemp/planodiretor/pl_pd_040608.asp

Acessado em: Abril de 2015

Art. 73º - O Macrozoneamento do Território Municipal baseia-se nas proposições atuais instituídas pelo ZEE e nas sugestões de revisão do decreto do ZEE com o objetivo de orientar a política municipal de desenvolvimentourbano. Assim, o território Municipal fica estruturado em duas macrozonas: Macrozona de Proteção Ambiental e Macrozona de Urbanização. § 1° - A Macrozona de Proteção Ambiental no território municipal é formada pelas seguintes Zonas definidas no ZEE Estadual para o município de São Sebastião: I. Z1T - Zona 1 Terrestre – onde os Planos e Programas objetivarão a meta de conservação ou recuperação de, no mínimo, de 90% da zona com cobertura vegetal nativa garantindo a diversidade biológica das espécies. Áreas com declividade média de 47%, existência de comunidades tradicionais;

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a) são diretrizes da Z1T: Garantir a manutenção da diversidade biológica, do patrimônio histórico, paisagístico, cultural e arqueológico; Promover programas de controle da poluição e proteção das nascentes e vegetação ciliar com vistas a garantir a quantidade e qualidade das águas; Promover, por meio de procedimentos dos órgãos competentes, a regularização fundiária; e, Fomentar o manejo auto-sustentado dos recursos ambientais. II. Z1T AEP – Zona Especialmente Protegida – Esta é uma subzona da Z1T, onde os usos e atividades permitidos são aqueles definidos na legislação que regula as categorias das Unidades de Conservação, no diploma legal que as criou, bem como nos respectivos Planos de Manejo, quando aplicáveis; III. Z2T - Zona Terrestre 2, onde os Planos e Programas objetivarão a meta de conservação ou recuperação de, no mínimo, de 80% da zona com cobertura vegetal nativa garantido a diversidade biológica das espécies: a) são diretrizes da Z2T: Manter a funcionalidade dos ecossistemas, garantindo a conservação dos recursos genéticos, do patrimônio histórico, paisagístico, cultural e arqueológico; e, Promover programas de manutenção, controle da poluição e proteção das nascentes e vegetação ciliar com vistas a garantir a quantidade e qualidade das águas. § 2° - A Macrozona de Urbanização é formada pelas seguintes Zonas definidas no ZEE e na sua revisão proposta pelo município de São Sebastião: I. Z4 OD - Zona 4 de Ocupação Dirigida - Esta é uma subzona da Z4T, onde os usos e atividades permitidos são as mesmas da Z4T respeitando as diretrizes apresentadas abaixo. Destina-se a absorver ocupações urbanas desde que haja garantia de tratamento e disposição de efluentes e resíduos sólidos, respeitada a legislação ambiental. Deverá ainda respeitar a meta de conservação ou recuperação de, no mínimo, de 60% da zona, incluídas as áreas de preservação permanente; a) São diretrizes para a Z4 OD: Manter ou recuperar a qualidade dos assentamentos urbanos descontínuos, de forma a garantir a ocupação de baixa densidade e a conservação do patrimônio histórico, paisagístico e cultural; Promover a ocupação adequada do estoque de áreas existentes; Incentivar a utilização do potencial turístico, através da implantação de serviços de apoio aos usos urbanos permitidos; e, Promover de forma planejada o ordenamento urbano dos assentamentos existentes, com práticas que preservem o patrimônio paisagístico, o solo, as águas superficiais e subterrâneas, e assegurem o saneamento ambiental. II. Z4T - Zona Z4 terrestre – Além dos usos permitidos nas zonas Z1T, Z2T e antigas Z3T, ocupação para fins urbanos com baixo impacto ambiental, com meta de conservação ou recuperação de, no mínimo, de 40% da zona, incluídas as áreas de preservação permanente;(Plano Diretor de São Sebastião, 2011).

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De acordo com a lei número 561/87 de uso e ocupação do solo de São

Sebastião, o terreno é uma zona comercial 3-I, que são áreas turísticas com

estabelecimentos de serviço e comércio, e que tem as seguintes restrições:

Lote do terreno mínimo (m2) Frente Frente/Lado

direito/lado

esquerdo/fundos

300 10 5-1 / 5-3

Figura 46 – Mapa de Uso e Ocupação do solo de Camburi.

Fonte: Prefeitura de São Sebastião, modificado pela autora

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‘67

8. PROJETO

O projeto foi pensado desde o início para conter uma edificação que incluísse

a sede principal (com recepção), área restrita para funcionários, área de apoio da

piscina e área de lazer. Já os bangalôs (quartos) teriam que ser independentes, por

mais que estivessem próximos, para dar sensação de privacidade aos hóspedes,

devido à quantidade de vegetação existente e ao novo paisagismo projetado entre

os caminhos de deck e areia.

O primeiro desenho de projeto surgiu dando ênfase aos bangalôs com forma

hexagonal. A ideia era que eles tivessem uma ligação igual dos favos de mel das

colméias de abelha.

Figura 47 – Estudo R00 (Sem escala).

A ideia inicial era trabalhar com os bangalôs em forma hexagonal.

Surgiram alguns estudos de distribuição do layout dentro dos quartos e das

fachadas e telhados dos bangalôs hexagonais.

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Figura 48 – Estudo bangalô hexagonal (Sem escala).

Disposição do layout, telhado e fachadas em bangalôs hexagonais.

A partir daí, os estudos foram dimensionados para o restante da edificação

(restaurante e sede principal) e de como esse com juntose encaixaria nos

hexágonos criados como bangalôs, além disso, foi sendo pesquisada a melhor

localização da entrada da pousada.

Figura 49 – Estudo R01 (Sem escala).

Estudo da entrada com a sede principal e a forma do restaurante.

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Figura 50 – Estudo R02 (Sem escala).

Estudo da entrada com a sede principal e do restaurante com a piscina.

Figura 51 – Estudo R03 (Sem escala).

Estudo da entrada e da sede principal com a pisicina.

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Figura 52 – Estudo R04 (Sem escala).

Distribuição dos bangalôs.

Figura 53 – Estudo R05 (Sem escala).

Definição da forma da sede e restaurante.

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Figura 54 – Estudo R06 (Sem escala).

Distribuição programa na sede principal e dos bangalôs hexagonais e retangulares.

Achada a melhor forma de entrada para a pousada, e insolação para a

piscina, começou a distribuição do programa na sede principal e o estudo do

formato da piscina.

Figura 55 – Estudo R07 (Sem escala).

Estudo da entrada, e forma piscina.

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Figura 56 – Estudo bangalôs retangulares. (Sem escala).

Figura 57 – Estudo R08 (Sem escala).

Estudo piscina e distribuição dos bangalôs quadrados.

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Figura 58 – Estudo R09 (Sem escala).

Estudo dos bangalôs hexagonais.

Figura 59 – Estudo R10 (Sem escala).

Distribuição bangalôs retangulares.

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Figura 60 – Estudo R11 (Sem escala).

Estudo do caminho que ligam a piscina aos bangalôs.

Figura 61 – Estudo R12 (Sem escala).

Estudo norte.

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O projeto arquitetônico da pousada Angatu tem como preocupação fundamental o cuidado na inserção de uma edificação no meio ambiente, na cultura e na história social da localidade na qual será instalada. Localizada no litoral norte de São Paulo em um enclave da Serra do Mar na praia de Camburi, o terreno é provido de uma grande quantidade de vegetação nativa (Mata Atlântica), praticamente intocado. Oprojeto foi elaborado de forma que ele se adequasse ao espaço existente, e não o contrário. A entrada da pousada ficou aberta para a avenida principal e para a rua lateral, com uma abertura ampla dando uma maior visibilidade para a edificação. Quem for se hospedar, ou simplesmente apenas passar pela construção, terá a sensação de pé na areia, pois todo o terreno foi coberto com areia da praia. Contruídos de pau a pique sobre palafitas, os doze bangalôs foram distribuídos no terreno de formaa que estivessem próximos, porém que mantivessem privacidade e tranquilidade. Com suas fachadas voltadas para o norte, a prioridade foi de não deixar o ambiente úmido e protegê-lo da insolação com árvores nativas e o paisagismo sugerido.

- 1,30

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A ligação feita da sede para o restaurante e bangalôs foi elaborada com deck de madeira ecológica suspenso 20cm do chão. Além disso, foram construídos caminhos com dormentes para acessar as áreas nativas, que foram aproveitadas como áreas de descanso, leitura e meditação. O projeto conta com placas fotovoltáicas para garantir a autosuficiencia energética da pousada, e a colaboração com a rede de energia da região. Os fluxos foram separados pela ala dos funcionários (cinza), onde o acesso é restrito, entrada principal com acesso ao restaurante e bangalôs (vermelho), apoio a piscina e área de lazer (laranja) e espaço zen (verde).

Circulação_entrada_restaurante_bangalôs

Circulação_área lazer e banheiros.

Circulação_funcionários l área restrita.

Circulação_área meditação_leitura_descanso.

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Revestimento de pau a pique

Palafitas e telhado de piaçava

Madeira de reflorestamento_Eucalipto

- 1,30

- .25

Materiais utilizados para a construção_

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22.5

50

135

22.5

50

22.5

22.5

22.5

22.5

5050

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10. CONSIDERAÇÕES FINAIS

No decorrer deste trabalho foi possível perceber que, apesar da quantidade

de recursos naturais e de materiais disponíveis no litoral norte de São Paulo, a

maioria das novas construções não são pensadas em função de utilizar e nem de

preservar esta oferta da natureza.

A maior dificuldade do projeto foi a escolha dos materiais devido ao

preconceito existente em relação aos métodos tradicionais construtivos mais

simples e humildes. Porém, com o resultado final, não há dúvidas que deve-se

quebrar esse tipo de resistência que não se justifica em nenhum dos parâmetros

existentes, seja de funcionalidade, resistência e de não agressão ao meio ambiente

e, além de tudo, a estética.

Questões como a iluminação e ventilação natural foram solucionados de

forma simples. As fachadas da sede principal foram voltadas para o norte, no qual

predomina a luz do sol, para que houvesse uma iluminação suficiente e adequada,

e a quantidade de janelas e aberturas foi pensada para que o ambiente sempre

estivesse ventilado. O restaurante e os bangalôs foram suspensos por palafitas,

para a melhor ventilação e também posicionados de forma adequada para a

iluminação ser suficiente nos ambientes e evitar a umidade dentro dos ambientes.

Não apareceu nos desenhos a questão da captação e reutilização da água,

mas foi considerado que existe preocupação e cuidado com esse recurso

fundamental para a existência humana. Para os resíduos, foi criado um espaço para

a separação e seleção antes de ser colocado na área externa para que possam

seguir a destinação correta.

A quase autossuficiência energética foi pensada com a utilização de placas

fotovoltaicas fixadas no telhado da sede principal, aprimorando e contribuindo com

o abastecimento de energia da região além do retorno no valor da conta final.

Realizar o projeto Barro e palafita:uma pousada no litoral, possibilitou a

ampliação do conhecimento de diferentes campos de um projeto arquitetônico,

desde as raízes locais, o resgate dos saberes relacionados à construção e ao modo

de viver até a harmonização das novas tecnologias e inovações construtivas.Tudo

isso vislumbrando a integração entre o homem e a natureza, entre o passado e o

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‘1

futuro, entre as dificuldades de viver em uma terra bruta e o conforto proporcionado

por um projeto arquitetônico que busca a simetria entre o crescimento econômico

e o cuidado com a natureza. Na história da humanidade, o homem é o protagonista

e cabe a ele usufruir cada local com o qual se relaciona, de forma consciente.

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81 87

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10. REFERÊNCIAS

Bibliografia

ANDRADE, Nelson. BRITO, Paulo Lucio de. JORGE, Wilson Edson. Hotel

planejamento e projeto – editora Senac.

CAMARGO, Luiz O.L. Hospitalidade. (Coleção ABC do Turismo) São Paulo:

Aleph, 2004.

CAMARGO, Haroldo Leitão. Patrimônio histórico e cultural – São Paulo:

Aleph, 2004.

EMBRATUR. INMETRO. Regulamento e matriz de classificação dos meios

de hospedagem de turismo. São Paulo: [s.n.], 1998.

LENGEN, Johan Van. Manual do Arquiteto Descalço - 1ª Ed. 2014.

INNES, Malcolm. Iluminação no design de interiores, Editora GG, 2014.

MASCARÓ, J.L. Sustentabilidade em urbanizações de pequeno porte –

Porto Alegre, Masquatro editora 2010.

SOLA, Morales (1995), Terrain Vague, em Territórios, Editorial Gustavo Gili,

SA, Barcelona, 2002 Kraus, Rosalind, The originality of Avant-Garde and Other

Modernist Myths, MIT Press 1985.

GALDINO, Clayton. Casas e mão de barro. A arquitetura caiçara. Trabalho

desenvolvido para a faculdade FAU-USP. Dezembro de 2008.

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88

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Webgrafia

<http://www.ambiente.sp.gov.br/cpla/files/2011/05/Zoneamento-Ecologico-

Economico_Litoral-Norte.pdf>

<http://www.cetesb.sp.gov.br>

<http://www.ecobus.com.br/>

<http://www.mises.org.br/EbookChapter.aspx?id=31>

<http://www.pos.demc.ufmg.br/2015/trabalhos/pg2/65.pdf>

<http://www.roteirosdecharme.com.br>

<http://www.saosebastiao.sp.gov.br>

<http://www.turismo.gov.br/turismo/home.html>

Monografia

FALGETANO, Bianca. CASTRO, Carolina Vieira. COSTA, Gabriela

Marques. Pousadas no litoral norte paulista: O perfil do empreendedor. Monografia

(Bacharelado em Hotelaria) – Centro Universitário Senac 2006.

SUDA, Cinthia Mimo Rocha. Residência Sustentável. Monografia

(Arquitetura e Urbanismo) – Centro Universitário Senac 2014.

Digital

Casas ecológicas - Discovery

Casas sustentáveis brasileiras - Programa no GN

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