Barroco literatura

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A arte do século XVII

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A arte do século XVII

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Com o Renascimento, o Homem ganhou o papel de senhor dos mares, dos conhecimentos, etc. Esse era o Antropocentrismo.

Com o século XVII, por força de acontecimentos religiosos, como a Contrarreforma, os valores religiosos e espirituais reaparecem.

Ressurge o Teocentrismo, que passa a conviver com os valores renascentistas.

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O Barroco ou Seiscentismo é um estilo artístico que predominou no século XVII, e que, portanto, se refletiu na pintura, na arquitetura e na literatura.

Igreja barroca em Ouro Preto - MG

São Jerônimo - Caravaggio

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O Barroco marca um período de crise espiritual;

Havia duas mentalidades diferentes: o pensamento antropocêntrico do Renascimento e a religiosidade teocêntrica;

Confusão de ideias:

Aproveitar a vida x Se preparar para a morte;

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Características da pintura

Claro e escuro;

Expressão de sentimentos;

Luz projetada para direcionar o observador para o tema central

Judith e Holofernes (Caravaggio)

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Conflito antropocentrismo x teocentrismo

Mundo material x mundo espiritual

Fé x razão

Corpo e alma

Idealização amorosa

Culpa cristã

Raciocínios complexos

Carpe diem

Gosto pelo soneto

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Antítese: jogo de ideias opostas Nasce o sol, e não dura mais que um dia, / Depois da Luz se segue a noite

escura.

Paradoxos: união de ideias que se anulam Incêndio em mares de água disfarçado; / Rio de neve em fogo convertido.

Metáfora: comparação implícita Se és fogo, como passas brandamente? / Se és neve, como queimas com

porfia?

Inversões: frases com disposição inversa Ofendido vos tem minha maldade. (Minha maldade vos tem ofendido)

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Cultismo: gosto pelo rebuscamento formal, jogos de palavras, grande uso de figuras de linguagem e vocabulário sofisticado.

Usa também elementos sensoriais: som, cor, forma, volume, etc.

Conceptismo: jogo de ideias, sutilezas do pensamento lógico, analogias, paradoxos, etc.

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Precursor do Barroco no Brasil

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Foi a obra que propagou o estilo barroco no Brasil e é, também, a primeira obra realmente literária entre nós, sendo, por isto, um marco da nossa literatura.

É um poema épico a Jorge de Albuquerque Coelho, donatário da capitania de Pernambuco, publicado em 1601, em versos decassílabos, dispostos em oitava rima. Frequentemente imita os Lusíadas e reflete pouco o ambiente da Colônia.

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I

Cantem Poetas o Poder Romano,Sobmetendo Nações ao jugo duro;O Mantuano pinte o Rei Troiano,Descendo à confusão do Reino escuro;Que eu canto um Albuquerque soberano,Da Fé, da cara Pátria firme muro,Cujo valor e ser, que o Ceo lhe inspira,Pode estancar a Lácia e Grega lira.

II

As Délficas irmãs chamar não quero,que tal invocação é vão estudo;Aquele chamo só, de quem esperoA vida que se espera em fim de tudo.Ele fará meu Verso tão sincero,Quanto fora sem ele tosco e rudo,Que per rezão negar não deve o menosQuem deu o mais a míseros terrenos.

TEIXEIRA, Bento.

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Esse poema, além de traçar elogios aos primeiros donatários da capitania de Pernambuco, narra o naufrágio sofrido por um deles, o donatário Jorge Albuquerque Coelho. Apesar de os críticos o considerarem de pouco valor literário, o texto tem seu valor histórico.

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O orador barroco português no Brasil

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Antônio Vieira nasceu em Portugal, em 1608. Veio para o Brasil com 7 anos e começou a estudar com os jesuítas.

Entrou, por vontade própria, na Companhia de Jesus, iniciando seu noviciado com 15 anos.

Suas obras pertencem tanto à literatura portuguesa quanto à brasileira.

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Pe. Antônio pode ser visto como orador, por causa de seus sermões, mas também como visionário e “homem de ação”, por ter se envolvido em causas políticas.

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Antônio Vieira ligava sua formação jesuítica à estética barroca, produzindo sermões que tiveram grande repercussão, como:

“Sermão da Sexagésima” (arte de pregar)

“Sermão pelo bom sucesso das armas de Portugal contra as da Holanda” (contra a invasão holandesa)

“Sermão de Santo Antônio (aos peixes)” (contra a escravidão indígena)

“Sermão do mandato” (amor místico)

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Antônio Vieira escreveu três obras com um tema profético, sonhador, baseado em textos bíblicos e nas professias.

Histórias do futuro;

Esperanças de Portugal; (ressurreição de D. João IV)

Clavis prophetarum. (chave dos profetas)

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Antônio Vieira pôs seus sermões no ramo político.

Aproveitando-se do púlpito e da catequese (únicas formas de propagação de ideias da época), espalhou sua visão acerca da defesa do índio, da invasão holandesa,

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O “Boca do Inferno”

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Gregório nasceu em Salvador, em 1633. Estudou no Colégio dos Jesuítas e em Coimbra. Lá, formou-se e tornou-se juiz.

Ficou conhecido por suas sátiras e, por causa delas, foi perseguido pelo governador da Bahia. Foi exilado em Angola e, ao voltou doente.

Proibido de entrar na Bahia, morreu em Recife, em 1696.

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Gregório foi extremamente irreverente, ao apontar as contradições da sociedade, a falsa moral baiana; e ao criticar todo e qualquer grupo social: comerciantes, governantes, escravos, mulheres, fidalgos, etc.

Por esse motivo, recebeu a alcunha de BOCA DO INFERNO.

Suas obras apresentam críticas, vocábulos indígenas e africanos e palavras de baixo calão

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POESIA

LÍRICA SATÍRICA

AMOROSA FILOSÓFICA RELIGIOSA

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O amor é retratado como fonte de prazer e sofrimento;

A mulher é retratada como um anjo e fonte de perdição (pois desperta o desejo carnal);

Dualismo carne x espírito.

Anjo no nome, Angélica na cara,Isso é ser flor, e Anjo juntamente,Ser Angélica flor, e Anjo florente,Em quem, se não em vós se uniformara?Quem veria uma flor, que a não cortaraDe verde pé, de rama florescente?E quem um Anjo vira tão luzente,Que por seu Deus, o não idolatrara?Se como Anjo sois dos meus altares,Fôreis o meu custódio, e minha guarda,Livrara eu de diabólicos azares.Mas vejo, que tão bela, e tão galharda,Posto que os Anjos nunca dão pesares,Sois Anjo, que me tenta, e não me guarda.

VocabulárioUniformar: tornar uniforme, com uma só formaGalharda: elegante

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Angústia diante da vida

Temas abordando o desconcerto do mundo e a instabilidade dos bens materiais

Efemeridade das coisas

Moraliza o Poeta nos Ocidentes do Sol a Inconstância dos Bens do Mundo

Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,Depois da Luz se segue a noite escura,Em tristes sombras morre a formosura,Em contínuas tristezas a alegria.Porém se acaba o Sol, por que nascia?Se formosa a Luz é, por que não dura?Como a beleza assim se transfigura?Como o gosto da pena assim se fia?Mas no Sol, e na Luz, falte a firmeza,Na formosura não se dê constância,E na alegria sinta-se tristeza.Começa o mundo enfim pela ignorância,E tem qualquer dos bens por naturezaA firmeza somente na inconstância.

Vocabulário:Pena: dor, sofrimento

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O autor está dividido entre pecado e virtude (sente culpa por pecar e busca a salvação)

O autor vê o pecado como um erro humano, mas também, como a única forma de Deus cometer o ato do perdão.

O eu-lírico, muitas vezes, se comporta como advogado que faz a própria defesa diante de Deus (para tal, usava, até mesmo, trechos da Bíblia)

Ofendi-vos, meu Deus, bem é verdade;É verdade, meu Senhor, que hei delinquido,Delinquido vos tenho, e ofendido,Ofendido vos tem minha maldade.

Maldade, que encaminha à vaidade,Vaidade, que todo me há vencido;Vencido quero ver-me, e arrependido,Arrependido a tanta enormidade.

Arrependido estou de coração,De coração vos busco, dai-me abraços,Abraços, que me rendem vossa luz.

Luz, que claro me mostra a salvação,A salvação pretendo em tais abraços,Misericórdia, amor, Jesus, Jesus!

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O autor critica a situação econômica da Bahia;

Há críticas aos moradores e ao governo em geral.

Vocabulário: Carepa: caspa, sujeira; Vil: ordinário; Increpar: censurar,

repreender; Garlopa: ferramenta de

marcenaria, termo usado como sinônimo de trabalho braçal.

Cousas da Vida

Neste mundo é mais rico, o que mais rapa:Quem mais limpo se faz, tem mais carepa:Com sua língua ao nobre o vil decepa:O Velhaco maior sempre tem capa.

Mostra o patife da nobreza o mapa:Quem tem mão de agarrar, ligeiro trepaQuem menos falar pode, mais increpa:Quem dinheiro tiver, pode ser Papa.

A flor baixa se inculca por Tulipa;Bengala hoje na mão, ontem garlopa:Mais isento se mostra, o que mais chupa.

Para a tropa do trapo vazo a tripa,E mais não digo, porque a Musa topaEm apa, epa, ipa, opa, upa.

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Anielly Santos

Luiz Pedro Mendes

Matheus Henrique

Rikally Vitória Cordeiro