Barroco revisado
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18-Aug-2015Category
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- 1. Barroco (1601-1768) Idade Media X Renascimento (teocentrismo) (antropocentrismo)
- 2. Caractersticas principais: Religiosidade conflituosa: razo X emoo pecado X arrependimento confuso de sentidos: textos difceis (conflito/oposio)
- 3. Abuso formal de figuras de linguagem: brinca com palavras Metfora Hiprbole Sinestesia Paradoxo Niilismo temtico: contedo vazio Pessimismo: o mundo era um vale de lgrima. Feismo: predileo por aspectos feios. Transitoriedade da vida: tudo efmero (Carpe diem Epicurismo)
- 4. No sculo XVI, o Renascimento representou o retorno cultura clssica greco-latina. No sculo XVII, o barroco surge. Um movimento artstico que ainda apresenta algumas coneces com a cultura clssica. Simultaneamente busca caminhos prprios, que satisfariam as necessidades de expresso daquela poca. O xtase de Santa Teresa, de Bernini
- 5. Arte racional Anttese Paradoxos
- 6. O Barroco sempre busca transmitir estados de conflito espiritual. Por isso, faz uso de certas figuras de linguagem que traduzem o sentido trgico da vida. A anttese a figura de linguagem que consiste no emprego de palavras que se opem quanto o sentido.
- 7. A vs correndo vou, braos sagrados, Nessa cruz sacrossanta descobertos, Que, para receber-me, estais abertos, E, por no castigar-me, estais cravados. A vs, divinos olhos, eclipsados De tanto sangue e lagrimas abertos, Pois, para perdoar-me, estais despertos, E, por no condenar-me, estais fechados, A vs, pregados ps, por no deixar-me, A vs, sangue vertido, para ungir-me, A vs, cabea baixa, p'ra chamar-me. A vs, lado patente, quero unir-me, A vs, cravos preciosos, quero atar-me, Para ficar unido, atado e firme. Gregorio de Matos
- 8. Um paradoxo uma declarao aparentemente verdadeira que leva a uma contradio lgica, ou a uma situao que contradiz a intuio comum. Os enunciados, em versos nesta forma de linguagem, apresentam elementos que apesar de se exclurem, tambm se completam formando afirmaes que parecem sem lgica.
- 9. Amor fogo que arde sem se ver, ferida que di, e no se sente; um contentamento descontente, dor que desatina sem doer. um no querer mais que bem querer; um andar solitrio entre a gente; nunca contentar-se de contente; um cuidar que ganha em se perder. querer estar preso por vontade; servir a quem vence, o vencedor; ter com quem nos mata, lealdade. Mas como causar pode seu favor nos coraes humanos amizade, se to contrrio a si o mesmo Amor? Luis de Camoes
- 10. caracterizado pela linguagem rebuscada, culta, extravagante; pela valorizao do pormenor mediante jogos de palavras. Visvel influncia do poeta espanhol Lus de Gngora; da o estilo ser tambm conhecido como Gongorismo. Arte sensorial O aspecto exterior imediatamente visvel no Cultismo ou Gongorismo o abuso no emprego de figuras de linguagem. Como as metforas, anttese, hiprboles, hiprbatos, anforas, paronomsias, sinestesias, etc... Dimenso visual (delrio cromtico)
- 11. "O todo sem a parte no o todo; A parte sem o todo no parte; Mas se a parte o faz todo, sendo parte, No se diga que parte, sendo o todo. Em todo o Sacramento est Deus todo, E todo assiste inteiro em qualquer parte, E feito em partes todo em toda a parte, Em qualquer parte sempre fica todo." (Gregrio de Matos)
- 12. O Barroco no Brasil A mais importante igreja do barroco mineiro, projetada por Aleijadinho, situa-se em Ouro Preto.
- 13. Gregrio De Matos advogado e poeta nasceu na ento capital do Brasil, Salvador, BA em 7 de abril de 1633 estudou no Colgio dos Jesutas e em Coimbra, Portugal voltou ao Brasil em 1681 dedicou-se a Stiras e Poemas ertico-irnicos exilado em Angola faleceu em Recife, PE, em 1696.
- 14. A Fundao da Poesia no Brasil Gregrio foi o primeiro poeta popular no Brasil. Consciente aproveitador de temas e de ritmos da poesia e da musica populares. O Boca do Inferno Irreverente: afrontou os valores e a falsa moral sociedade baiana do seu tempo. Como poeta lrico: Segue e ao mesmo tempo quebra os modelos barrocos europeus Como poeta satrico: Denuncia as contradies da sociedade baiana do seculo XVII Usa a lngua portuguesa com vocbulos indgenas e africanos, e palavras de baixo calo.
- 15. A Lrica Gregrio de Matos cultivou trs vertentes da poesia lrica: A amorosa A filosfica E a religiosa
- 16. Lrica Amorosa A Lrica amorosa um tipo de poema que fortemente marcada pelo dualismo amoroso. Como a carne e o esprito.
- 17. Anjo no nome, Anglica na cara, Isso ser flor, e Anjo juntamente, Ser Anglica flor, e Anjo florente, Em quem, seno em vs se uniformara? Quem veria uma flor, que a no cortara De verde p, de rama florescente? E quem um Anjo vira to luzente, Que por seu Deus, o no idolatrara? Se como Anjo sois dos meus altares, Freis o meu custdio, e minha guarda Livrara eu de diablicos azares. Mas vejo, que to bela, e to galharda, Posto que os Anjos nunca do pesares, Sois Anjo, que me tenta, e no me guarda.
- 18. A Lrica Filosfica Na Lrica filosfica, ele explica: o desconcerto do mundo. a conscincia do transitoriedade ou efemeridade. Carpe diem
- 19. Nasce o Sol, e no dura mais que um dia, Depois da Luz se segue a noite escura, Em tristes sombras morre a formosura, Em contnuas tristezas a alegria Porm se acaba o Sol, por que nascia? Se formosa a Luz , por que no dura? Como a beleza assim se transfigura? Como o gosto da pena assim se fia? Mas no Sol, e na Luz, falte a firmeza, Na formosura no se d constncia, E na alegria sinta-se tristeza. Comea o mundo enfim pela ignorncia, E tem qualquer dos bens por natureza A firmeza somente na inconstncia.
- 20. A Lrica Religiosa Na Lrica religiosa ele: obedece aos princpios fundamentais do barroco europeu. Usa temas como Deus e amor. Ex: A Culpa, o arrependimento, o pecado e o perdo.
- 21. A JESUS CRISTO NOSSO SENHOR Pequei, Senhor, mas no porque hei pecado Da vossa alta clemncia me despido, Porque quanto mais tenho delinqido, Vos tenho a perdoar mais empenhado. Se basta a vos irar tanto pecado, A abrandar-vos sobeja um s gemido: Que a mesma culpa, que vos h ofendido, Vos tem para o perdo lisonjeado. Se uma ovelha perdida e j cobrada Glria tal e prazer to repentino Vos deu, como afirmais na sacra histria, Eu sou, Senhor, a ovelha desgarrada, Cobrai-a, e no queirais, pastor divino, Perder na vossa ovelha a vossa glria
- 22. A Stira Que falta nesta cidade?................Verdade Que mais por sua desonra?...........Honra Falta mais que se lhe ponha..........Vergonha. O demo a viver se exponha, Por mais que a fama a exalta, numa cidade, onde falta Verdade, Honra, Vergonha. (...) E que justia a resguarda?.............Bastarda grtis distribuda?......................Vendida Que tem, que a todos assusta?.......Injusta. Valha-nos Deus, o que custa, o que El-Rei nos d de graa, que anda a justia na praa Bastarda, Vendida, Injusta. Que vai pela clerezia?..................Simonia E pelos membros da Igreja?..........Inveja Cuidei, que mais se lhe punha?.....Unha.
- 23. O Combate as Lnguas Africanas A presena de termos africanos na poesia de Gregrio de Matos comprova a ousadia do poeta baiano, pois tal procedimeno cotrariava os interesses dos colonizadores. Ele foi o primeiro poeta nativista.
- 24. Sermo do Padre Vieira Para um homem se ver a si mesmo, so necessrias trs cousas: olhos, espelho e luz. Se tem espelho e cego, no se pode ver por falta de olhos; se tem espelho e olhos, e de noite, no se pode ver por falta de luz. Logo, h mister luz, h mister espelho e h mister olhos. Que cousa a converso de uma alma, seno entrar um homem dentro em si e ver-se a si mesmo? Para essa vista so necessrios olhos, necessrio luz e necessrio espelho. O pregador concorre com o espelho, que a doutrina; Deus concorre com a luz, que a graa; o homem concorre com os olhos, que o conhecimento. Ora suposto que a converso das almas por meio da pregao depende destes trs concursos: de Deus, do pregador e do ouvinte, por qual deles devemos entender que falta? Por parte do ouvinte, ou por parte do pregador, ou por parte de Deus?
- 25. Os ouvintes ou so maus ou so bons; se so bons, faz neles fruto a palavra de Deus; se so maus, ainda que no faa neles fruto, faz efeito. No Evangelho o temos. O trigo que caiu nos espinhos, nasceu, mas afogaram-no: Simul exortae spinae suffocaverunt illud. O trigo que caiu nas pedras, nasceu tambm, mas secou-se: Et natum aruit. O trigo que caiu na terra boa, nasceu e frutificou com grande multiplicao: Et natum fecit fructum centuplum. De maneira que o trigo que caiu na boa terra, nasceu e frutificou; o trigo que caiu na m terra, no frutificou, mas nasceu; porque a palavra de Deus to funda, que nos bons faz muito fruto e to eficaz que nos maus ainda que no faa fruto, faz efeito; lanada nos espinhos, no frutificou, mas nasceu at nos espinhos; lanada nas pedras, no frutificou, mas nasceu at nas pedras. Os piores ouvintes que h na Igreja de Deus, so as pedras e os espinhos. E por qu? -- Os espinhos por agudos, as pedras por duras. Ouvintes de entendimentos agudos e ouvintes de vontades endurecidas so os piores que h.
- 26. E tanta a fora da divina palavra, que, sem cortar nem despontar espinhos, nasce entre espinhos. tanta a fora da divina palavra, que, sem arrancar nem abrandar pedras, nasce nas pedras. Coraes embaraados como espinhos coraes secos e duros como pedras, ouvi a palavra de Deus e tende confiana! Tomai exemplo nessas mesmas pedras e nesses espinhos! Esses espinhos e essas pedras agora resistem ao semeador do Cu; mas vir tempo em que essas mesmas pedras o aclamem e esses mesmos espinhos o coroem. ... Supostas estas duas demonstraes; suposto que o fruto e efeitos da palavra de Deus, no fica, nem por parte de Deus, nem por parte dos ouvintes,