BASES DA EDUCAÇÃO VOCAL AO PROFISSIONAL DA … REGINA SÁ DE ALMEIDA.pdf · geralmente ignorado,...

57
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES Curso de docência do ensino superior BASES DA EDUCAÇÃO VOCAL AO PROFISSIONAL DA VOZ Por: Sandra Regina Sá de Almeida Trabalho de conclusão de curso em cumprimento às exigências do curso de Docência do ensino superior ministrada pela Orientadora Diva Nereida. Rio de Janeiro, junho de 2007.

Transcript of BASES DA EDUCAÇÃO VOCAL AO PROFISSIONAL DA … REGINA SÁ DE ALMEIDA.pdf · geralmente ignorado,...

Page 1: BASES DA EDUCAÇÃO VOCAL AO PROFISSIONAL DA … REGINA SÁ DE ALMEIDA.pdf · geralmente ignorado, é de muita importância na função fonatória. Quando as aritenóideas movem-se

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES Curso de docência do ensino superior

BASES DA EDUCAÇÃO VOCAL AO PROFISSIONAL DA VOZ

Por: Sandra Regina Sá de Almeida

Trabalho de conclusão de curso

em cumprimento às exigências

do curso de Docência do

ensino superior ministrada pela

Orientadora Diva Nereida.

Rio de Janeiro, junho de 2007.

Page 2: BASES DA EDUCAÇÃO VOCAL AO PROFISSIONAL DA … REGINA SÁ DE ALMEIDA.pdf · geralmente ignorado, é de muita importância na função fonatória. Quando as aritenóideas movem-se

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES Curso de docência do ensino superior

BASES DA EDUCAÇÃO VOCAL AO PROFISSIONAL DA VOZ

Por: Sandra Regina Sá de Almeida

Trabalho de conclusão de curso

em cumprimento às exigências

do curso de Docência do

ensino superior ministrada pela

Orientadora Diva Nereida

Rio de Janeiro, junho de 2007.

Page 3: BASES DA EDUCAÇÃO VOCAL AO PROFISSIONAL DA … REGINA SÁ DE ALMEIDA.pdf · geralmente ignorado, é de muita importância na função fonatória. Quando as aritenóideas movem-se

DEDICATÓRIA

Page 4: BASES DA EDUCAÇÃO VOCAL AO PROFISSIONAL DA … REGINA SÁ DE ALMEIDA.pdf · geralmente ignorado, é de muita importância na função fonatória. Quando as aritenóideas movem-se

A deus q nos da força para continuar a caminhada em busca de nosso

objetivos.

Page 5: BASES DA EDUCAÇÃO VOCAL AO PROFISSIONAL DA … REGINA SÁ DE ALMEIDA.pdf · geralmente ignorado, é de muita importância na função fonatória. Quando as aritenóideas movem-se

AGRADECIMENTOS

Page 6: BASES DA EDUCAÇÃO VOCAL AO PROFISSIONAL DA … REGINA SÁ DE ALMEIDA.pdf · geralmente ignorado, é de muita importância na função fonatória. Quando as aritenóideas movem-se

Ao meu grande amor, Leonardo Alckmin, pela tolerância e compreensão das

minhas ausências, tornando possível esta realização.

Ao meus filhos , por todo amor, e apoio que a mim dedicaram.

.

Page 7: BASES DA EDUCAÇÃO VOCAL AO PROFISSIONAL DA … REGINA SÁ DE ALMEIDA.pdf · geralmente ignorado, é de muita importância na função fonatória. Quando as aritenóideas movem-se

RESUMO

Page 8: BASES DA EDUCAÇÃO VOCAL AO PROFISSIONAL DA … REGINA SÁ DE ALMEIDA.pdf · geralmente ignorado, é de muita importância na função fonatória. Quando as aritenóideas movem-se

O presente trabalho aborda especificamente medidas de conhecimento e prevenção do trato, no uso aos profissionais da voz, e seus distúrbios orgânicos que afetam diretamente a comunicação do individuo. Embora a fonação seja uma função neurofisiológica , é de acordo com as características anatomofuncional do individuo e os aspectos emocionais de sua historia pessoal que a voz vai se formando ao longo da vida. Portanto, através do estudo da anatomia e fisiologia da laringe será possível a compreensão do processo fonatório normal e patológico, o reconhecimento de lesões especificas e o impacto que causam na produção da voz, e o uso de terapias preventivas e conscientização dos profissionais da voz à medidas preventivas dos profissionais q atuam, adequando a postura vocal.

Page 9: BASES DA EDUCAÇÃO VOCAL AO PROFISSIONAL DA … REGINA SÁ DE ALMEIDA.pdf · geralmente ignorado, é de muita importância na função fonatória. Quando as aritenóideas movem-se

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 10

CAPÍTULO I -ANATOMIA DA LARINGE E 11

FIOSIOLOGIA DA PRODUÇÃO VOCAL

1. Laringe 11 2. Cartilagens 12 3. Membranas 18 4. Musculatura 21 5. Funções da Laringe e Fisiologia Vocal 34

CAPÍTULO II - A VOZ E SUA RELAÇÃO 40

COM AS ESTRUTURAS OROFACIAIS

CAPÍTULO III – TÉCNICAS COMPENSATORIAS 48

E PREVENTIVAS NO ATENDIMENTO DAS

ALTERAÇÕES DO TRACTO VOCAL

1. Higiene vocal 53 CONCLUSÃO 54

REFERCÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 55

Índice 57

Page 10: BASES DA EDUCAÇÃO VOCAL AO PROFISSIONAL DA … REGINA SÁ DE ALMEIDA.pdf · geralmente ignorado, é de muita importância na função fonatória. Quando as aritenóideas movem-se

10

INTRODUÇÃO

O sistema de comunicação humana é tão rica e versátil que, ao

falarmos a voz para produzir palavras e, ao expressarmos o pensamento, vamos acompanhando e sublinhando o que fizemos com sutis conotações vivenciais e metafóricas, que se manifestam através do comportamento vocal.

Podemos considerar a laringe, responsável pela produção de sons, com

a mais importante estrutura que propicia a voz. Qualquer alteração nessa estrutura, seja ela funcional ou orgânica, afeta diretamente a produção da voz.

É importante ressaltar que a voz faz parte da identidade de uma pessoa,

e que quando não existe uma ocorrência entre o indivíduo e sua voz, ocorrem problemas que em muitas ocasiões chegam a ser incapacitantes em sua comunicação e a interferir negativamente na auto-estima e no desempenho social. Essa insatisfação acontece quando o indivíduo apresenta algum distúrbio na voz, que dependendo da sua intensidade podemos chamar de disfoxia ou afoxia.

Embora a formação seja uma função neurofisiológica inata, a voz é o

resultado de vida de cada indivíduo e grande parte desse processo é realizado por irritação de padrões e por desejos de comunicação; falar é um atributo natural de nossa espécie, e o uso incorreto representa simples desvio do processo básico de produção natural da voz, as alterações mas encontradas abrangem os níveis respiratórios, geótico e ressonantal. Portanto é preciso atenta ao uso incorreto da voz é geralmente desfavorável sobre a produção vocal.

Page 11: BASES DA EDUCAÇÃO VOCAL AO PROFISSIONAL DA … REGINA SÁ DE ALMEIDA.pdf · geralmente ignorado, é de muita importância na função fonatória. Quando as aritenóideas movem-se

11

Capítulo I

ANATOMIA DA LARINGE E FISIOLOGIA DA PRODUÇÃO VOCAL

O aparelho fonador não existe enquanto unidade anatômica, mas deve

se comportar como unidade funcional. O conhecimento e estudo da

anatomia e fisiologia laríngeas permitem a compreensão do processo da

fonação e por conseqüência do seu uso no canto; o reconhecimento do

impacto de lesões específicas em tais produções; a interpretação dados de

avaliação do paciente, bem como definir o planejamento terapêutico e

reconhecer os limites da atuação fonoaudiológica.

1. LARÍNGE

Segundo Hungria (1995), a laringe constitui importante segmento do

aparelho respiratório, altamente diferenciado, pois ela desempenha não só

a função respiratória como também esfincteriana e fonatória. Está situada na

região infra-hióidea, abaixo da faringe e acima da traquéia. É formado por um

arcabouço musculocartilagíneo.

Situa-se no pescoço, sendo conectada inferiormente à traquéia e

superiormente abre-se na faringe e sua estrutura é extremamente complexa.

Behlau (2001) propõe que o esqueleto da laringe é formado por

cartilagens, músculos, membranas e mucosa (Fig. 1-1). A laringe como um

todo se divide em três espaços: supraglote, glote e infraglote. A cavidade

supraglótica é formada pelas

Page 12: BASES DA EDUCAÇÃO VOCAL AO PROFISSIONAL DA … REGINA SÁ DE ALMEIDA.pdf · geralmente ignorado, é de muita importância na função fonatória. Quando as aritenóideas movem-se

12

estruturas que estão acima da glote, incluindo o ventrículo laríngeo (cavidades

pares localizadas lateralmente e logo acima das pregas vocais), e tendo

como limite superior o ádito laríngeo. A cavidade infraglótica inicia-se logo

abaixo da glote, tendo como limite inferior o primeiro anel traqueal. A rima

glótica ou simplesmente glote, é o espaço entre as pregas vocais, com altura

cerca de 1 cm no adulto.

O som da voz é produzido na glote, sendo imediatamente

acrescido de ressonância na própria supraglote.

Fig.1.1 - Desenho esquemático da laringe e traquéia no pescoço

CARTILAGENS

Na literatura encontram-se diferentes divisões das cartilagens, para Lê

Huche & Allali (1999), a laringe é constituída de cinco cartilagens principais,

sendo três: e 53 ímpares e medianas que são: tireóide, cricóide e a

epiglote; e outras duas.

E laterais, as aritenóides (Fig.1.2).

Page 13: BASES DA EDUCAÇÃO VOCAL AO PROFISSIONAL DA … REGINA SÁ DE ALMEIDA.pdf · geralmente ignorado, é de muita importância na função fonatória. Quando as aritenóideas movem-se

13

Fig.1.2 - Desenho esquemático das cartilagens laríngeas em visão posterior

Existem ainda duas cartilagens consideradas acessórias, também

pares, as comiculadas e os cuneiformes. (Behlau, 2001). (Fig. 1.2)

A cartilagem tireóidea é única, sendo a maior da laringe, e possui o

formato de um escudo, sendo composta de duas lâminas laterais, de forma

quadrangular, e dois cornos posteriores. O limite superior externo, na junção

das duas lâminas, chama-se incisura tireóidea superior e, inferiormente,

incisura tireóidea inferior. Na superfície externa de cada uma das lâminas,

encontra-se uma depressão chamada linha oblíqua, local de inserção de

alguns músculos (tireo-hiódeo, esterno-hióideo e o músculo constrictor inferior

da faringe). O ângulo de união entre a lâmina direita e esquerda, chamada proeminência

laríngea, varia de acordo com o sexo, sendo facilmente observado como uma proeminência anterior de pescoço de alguns homens. Na população

masculina, observa-se um ângulo ao redor de 90° e na população feminina o ângulo é mais aberto, com cerca de 120. Esta variação gera grande impacto

entre os sexos na fisiologia vocal, como por exemplo, na

medida em que define o tamanho das pregas vocais e contribui na

definição da freqüência vocal emitida (Fig.1-3).

Page 14: BASES DA EDUCAÇÃO VOCAL AO PROFISSIONAL DA … REGINA SÁ DE ALMEIDA.pdf · geralmente ignorado, é de muita importância na função fonatória. Quando as aritenóideas movem-se

14

Fig.1.3 - Desenho esquemático das cartilagens em visão lateral, indicando

também a movimentação da cartilagem tireóide

(pontilhado)

Os cornos posteriores da cartilagem tireóidea são os elementos de

conexão: essa cartilagem com outras estruturas, sendo que os cornos

superiores conectam-se ao osso hióide e os inferiores, à cartilagem cricóidea.

A cartilagem cricóidea também é única, sendo a segunda maior da

laringe, com formato circular de anel completo. Possui uma região anterior

mais estreita, o arco. E uma região posterior mais larga e mais elevada, a

lâmina, como se fosse um anel de dedo com a pedra virada para a região

posterior.

Page 15: BASES DA EDUCAÇÃO VOCAL AO PROFISSIONAL DA … REGINA SÁ DE ALMEIDA.pdf · geralmente ignorado, é de muita importância na função fonatória. Quando as aritenóideas movem-se

15

De modo similar a tireóidea, observa-se uma acentuada variação entre

os diâmetros antero-posterior e lateral da cartilagem cricóidea de acordo com o

sexo, apresentando um formato ovóide nos homens e circular nas mulheres.

O possível impacto da variação anatômica da cartilagem cricóidea na

fonação desconhecida e pouco estudada.

A cartilagem cricóidea articula-se com a cartilagem tireóidea através

dos cornos inferiores desta última, que se conectam por pequenos feixes

musculares, na face superior da lâmina da cricóidea - superfície articular;

recebe ainda a conexão das cartilagens aritenóideas na região póstero-superior

(sobre a pedra do anel), em uma região levemente convexa, a faceta articular.

As cartilagens aritenóideas são uns pares de pequenas cartilagens

móveis, considerada a unidade funcional da laringe pela sua importância nas

funções fonatória e respiratória. Possuem forma geométrica piramidal, um

ápice, três faces verticais e uma horizontal. A variabilidade dessas cartilagens

entre os sexos é muito pequena, representando os elementos cartilaginosos de

configuração mais estável da laringe. Na base de cada cartilagem aritenóidea

encontramos três ângulos: o mais anterior projeta-se para dentro da laringe e

é chamado de processo vocal, sendo o ponto de fixação posterior da prega

vocal; o ângulo póstero-lateral projeta-se para fora da laringe e recebe o nome

de processo muscular, por ser o local de fixação de vários músculos, tais como

o cricoaritenóideo posterior (CAP), abdutor da laringe, e o cricoaritenóideo

lateral (CAL), adutor da região anterior das pregas vocais; o ângulo póstero-

mediano não recebe nenhum nome.

Page 16: BASES DA EDUCAÇÃO VOCAL AO PROFISSIONAL DA … REGINA SÁ DE ALMEIDA.pdf · geralmente ignorado, é de muita importância na função fonatória. Quando as aritenóideas movem-se

16

As aritenóideas possuem dois movimentos básicos, feitos na

superfície articular convexa da cartilagem cricóidea. Na verdade, a base

horizontal da cartilagem aritenóidea apresenta forma côncava, o que facilita sua

articulação com a cricóidea e sua complexa movimentação.

Tradicionalmente os livros didáticos apontam esses movimentos:

rotação médio-lateral e deslizamento antero-posterior, agindo na

aproximação e no afastamento das pregas vocais. Na verdade, tal descrição é

inadequada, segundo esclarecem Letson Jr. & Tatchell (1997) citados por

Behlau (2001). Pelo fato de a superfície articular da cricóidea ser curva e

convexa, com forma elíptica, mantendo uma relação convexo-côncava com

cada uma das aritenóideas, o movimento cartilagíneo; tornar-se semelhante ao

movimento de uma cadeira de balanço. Ao se mover anteriormente, o processo

vocal descende e o processo muscular se eleva; ao se mover posteriormente,

o processo muscular descende e o processo vocal se eleva. Esta associação

de movimento antero-posterior e vertical é o que dá impressão de cadeira

de balanço. Cada unidade de deslocamento vertical corresponde a duas

unidades de deslocamento médio-lateral, dando a impressão que as

aritenóideas apresentam um movimento real vertical, o que não é possível pela

configuração de junta cricoaritenóidea. O movimento vertical descrito,

geralmente ignorado, é de muita importância na função fonatória. Quando as

aritenóideas movem-se anteriormente e inferiormente, as pregas vocais

movimentam-se em direção à linha mediana, ou seja, adução. Quando as

aritenóideas movem-se posteriormente e superiormente, tanto as aritenóideas

como as pregas vocais movem-se lateralmente, em abdução. Desta forma, o

movimento das cartilagens ocorre em três direções: antero-posterior, vertical e

médio-lateral. Superfície articular de a cricóidea ser curva e convexa, com forma elíptica,

mantendo uma relação convexo-côncava com cada uma das aritenóideas, o

movimento cartilagíneo; tornar-se semelhante ao movimento de uma cadeira de

Page 17: BASES DA EDUCAÇÃO VOCAL AO PROFISSIONAL DA … REGINA SÁ DE ALMEIDA.pdf · geralmente ignorado, é de muita importância na função fonatória. Quando as aritenóideas movem-se

17

balanço. Ao se mover anteriormente, o processo vocal descende e o processo

muscular se eleva; ao se mover posteriormente, o processo muscular descende

e o processo vocal se eleva. Esta associação de movimento antero-posterior

e vertical é o que dá impressão de cadeira de balanço. Cada unidade de

deslocamento vertical corresponde a duas unidades de deslocamento médio-

lateral, dando a impressão que as aritenóideas apresentam um movimento real

vertical, o que não é possível pela configuração de junta cricoaritenóidea. O

movimento vertical descrito, geralmente ignorado, é de muita importância na

função fonatória. Quando as aritenóideas movem-se anteriormente e

inferiormente, as pregas vocais movimentam-se em direção à linha

mediana, ou seja, adução. Quando as aritenóideas movem-se

posteriormente e superiormente, tanto as aritenóideas como as pregas vocais

movem-se lateralmente, em abdução. Desta forma, o movimento das

cartilagens ocorre em três direções: antero-posterior, vertical e médio-lateral.

Já a epiglote é uma cartilagem única em forma de folha, sendo mais

fechada na infância, passando a uma configuração mais aberta na

puberdade. Fixa-se através de um ligamento na superfície mesial da

cartilagem tireóidea, na junção anterior de suas lâminas, o chamado pecíolo da

epiglote. Conecta-se também às cartilagens aritenóideas através das pregas

ariepiglóticas; urna dobra extensa de tecido e músculo. Apresenta enorme

variabilidade de forma e curvatura. Sua função é de proteger as vias aéreas

inferiores, através de abaixamento e fechamento do ádito laríngeo. A epiglote

movimenta-se bastante durante a produção dos sons da fala, acompanhando a

direção do movimento língua; contudo participa muito pouco na produção

vocal, embora seu deslocamento parcial sobre a laringe pareça contribuir

para o volume e projeção, em certos estilos e técnicas de canto. É formada

principalmente por fibras elásticas.

Page 18: BASES DA EDUCAÇÃO VOCAL AO PROFISSIONAL DA … REGINA SÁ DE ALMEIDA.pdf · geralmente ignorado, é de muita importância na função fonatória. Quando as aritenóideas movem-se

18

As principais cartilagens acessórias são as corniculadas e as

cuneiformes, ambas de pequeno tamanho (Fig.1.2).

As cartilagens corniculadas, do tipo elástico-brancas, antes chamadas

de cartilagens de Santorini, apresentam forma de cone e localizam no ápice

das cartilagens aritenóideas, as quais se ligam através de uma junta sinovial

às aritenóideas para cima e para trás.

As cartilagens cuneiformes, antes chamadas de cartilagens de Wrisberg,

têm forma de haste e estão mergulhadas nas pregas ariepiglóticas, com

provável participação na constrição supraglótica antero-posterior (fechamento

do ádito da laringe pelo abaixamento da epiglote). Por vezes, observamos

essas cartilagens na superfície interna da membrana mucosa das pregas

ariepiglóticas, como duas pequenas elevações esbranquiçadas, localizadas

em frente às cartilagens aritenóideas.

Essas diferentes cartilagens estão ligadas entre si por ligamentos e

articulações, que permitem o deslizamento de uma cartilagem sobre a outra,

em "movimentos antero-posteriores, de lateralidade e báscula sob influência da

ação muscular. (Hungria, 1995)

3. MEMBRANAS

As membranas aparecem em Lê Huche & Allali (1999), divididas em:

tireo-hióidea, cricotireóidea, cricotraqueal e membrana elástica da laringe.

Page 19: BASES DA EDUCAÇÃO VOCAL AO PROFISSIONAL DA … REGINA SÁ DE ALMEIDA.pdf · geralmente ignorado, é de muita importância na função fonatória. Quando as aritenóideas movem-se

19

Cada membrana, forma seus respectivos ligamentos, como observa-

se na descrição a seguir:

Membrana tireo-hióidea: estende-se entre o bordo superior da cartilagem

tireóide, embaixo, e o bordo posterior e superior do corpo do osso hióide e o

bordo interno dos cornos superiores desse mesmo osso hióide. É reforçado

em seu centro, formando assim o ligamento tireo-hióideo mediano, e

também reforçado nas bordas laterais para formar os dois ligamentos tireo-

hióideos laterais, que vão do corno superior da cartilagem tireóide até a

extremidade do corno maior do osso hióide.

Behlau (2001) acrescenta informando que tal membrana corre em toda

a extensão, da margem inferior do osso hióide à margem superior da

cartilagem tireóidea. Junto à linha mediana anterior, tal membrana se

espessa, formando o ligamento tireo-hióideo medianos.

Membrana cricotireóidea: estende-se do bordo inferior da cartilagem

tireóide ao bordo superior do arco cricóídeo. Ela é reforçada na frente

para formar os ligamentos tireo-hióideo mediano.

Membrana cricotraqueal: une o bordo inferior da cartilagem cricóide ao

primeiro anel da traquéia.

Membrana elástica da laringe: duplica a mucosa deste órgão no sentido da

profundidade e apresenta de cada lado, três reforços. O primeiro constitui

os ligamentos aritenoepiglóticos que se inserem na frente, sobre os bordos

laterais,

Page 20: BASES DA EDUCAÇÃO VOCAL AO PROFISSIONAL DA … REGINA SÁ DE ALMEIDA.pdf · geralmente ignorado, é de muita importância na função fonatória. Quando as aritenóideas movem-se

20

da epiglote e atrás, no bordo anterior do aritenóide. Já o segundo constitui os

ligamentos tireoaritenóideos superiores, que se inserem na frente, no ângulo da

cartilagem tireóide e atrás, dentro da fosseta hemisférica do aritenóide; estes

ligamentos deslocam-se pelas pregas vestibulares, as falsas pregas vocais. E

por fim, o terceiro forma os ligamentos tireoaritenóideos inferiores, mais

conhecidos por ligamentos vocais. Eles inserem-se na frente, no ângulo interno

da cartilagem tireóide, abaixo das precedentes e atrás, sobre a apófise vocal

do aritenóide. Cada um deles forma um ângulo diedro, aberto para fora. A

parte inferior (subglótica) da membrana elástica da laringe forma o cone

elástico, que se insere sobre o bordo superior da cartilagem cricóide.

Já as articulações são pares e simétricas, um par liga a extremidade

inferior dos cornos inferiores da cartilagem tireóide às faces externas do arco

cricóídeo, que são as articulações cricotireóideas, que permitem o

movimento de báscula da tireóide em relação ao cricóide em torno do eixo

transversal que passa pelas duas articulações. (op.cit). Tal báscula tem como

efeito afastar os pontos de fixação das pregas vocais, que são então

submetidas a uma maior tensão.

O outro par une a base dos aritenóides ao bordo superior do

engaste cricóídeo, que são as articulações permitem movimentos de

deslizamento do aritenóide de dentro para fora e de fora para dentro

(realizando a abdução e a adução das pregas vocais - Fig.1.4), e movimentos

de rotação do aritenóide em relação ao eixo vertical, acarretando, os

deslocamentos da apófise vocal para dentro e fora.

Page 21: BASES DA EDUCAÇÃO VOCAL AO PROFISSIONAL DA … REGINA SÁ DE ALMEIDA.pdf · geralmente ignorado, é de muita importância na função fonatória. Quando as aritenóideas movem-se

21

4. MUSCULATURA LARÍNGEA

Em relação à musculatura laríngea, na maior parte da bibliografia

consultada encontramos divisão em dois grupamentos regionais, os músculos

intrínsecos e os músculos extrínsecos.

São denominados músculos intrínsecos aqueles que têm origem e

inserção na laringe, ao passo que os músculos extrínsecos apresentam

apenas uma das inserções na laringe e outra fora dela, como no tórax,

na mandíbula ou no crânio.(Behlau,2001)

Page 22: BASES DA EDUCAÇÃO VOCAL AO PROFISSIONAL DA … REGINA SÁ DE ALMEIDA.pdf · geralmente ignorado, é de muita importância na função fonatória. Quando as aritenóideas movem-se

22

A musculatura intrínseca possui ligação direta com a função fonatória e é

constituída por músculos esqueléticos que se originam e se inserem na laringe.

Os músculos intrínsecos, com exceção do aritenóideo são todos pares. A

musculatura intrínseca da laringe aproxima (aduz), afasta (abduz) e é responsável

pela tensão das pregas vocais, nas funções laríngeas de respiração, esfincteriana

de proteção e fonação. Os músculos intrínsecos da laringe são: tireoaritenóideo

(TA), cricoaritenóideo posterior (CAP), cricoaritenóideo lateral (CAL), aritenóideo (A),

cricotireóideo (CT), ariepiglótico (AE) e tireoepiglótico (TE).(Fig.1.5)

Fig.,1.5 - Cartilagens laríngeas e musculatura intrínseca em visão posterior

O músculo tireoaritenóideo (TA), é par e compõe o corpo das pregas vocais

(Fig.1.6), cada um deles com a forma de um grosso feixe, originam-se no ângulo da

cartilagem tireóidea e insere-se principalmente no processo vocal, mas com

extensões em direção ao processo muscular, O TA aduz, abaixa, encurta e espessa

a prega vocal, deixando a borda da mucosa arredondada. Possui dois feixes

principais: um mediai interno, chamado de vocalis, vocal ou tireovocal; e outro lateral

externo chamado de tireomuscular. Reconhece-se ainda um terceiro feixe do

músculo tireoaritenóideo, conhecido como feixe superior, de poucas fibras e com

inserção provável nas pregas vestibulares.

Page 23: BASES DA EDUCAÇÃO VOCAL AO PROFISSIONAL DA … REGINA SÁ DE ALMEIDA.pdf · geralmente ignorado, é de muita importância na função fonatória. Quando as aritenóideas movem-se

23

Fig.1.6 - Músculos intrínsecos da laringe em visão posterior

O músculo vocal apresenta suas fibras a partir do tireomuscular até

praticamente mergulhar no ligamento vocal. Este feixe interno do TA insere-se

diretamente no processo vocal, apresenta fibras de contração rápida e tem

participação ativa na produção da fonação, ou seja, o músculo vibra de modo

sincronizado com a vibração da mucosa, embora não tão ampla e

vigorosamente como esta; sua ação é complexa e ainda não está bem definida.

Possui também, em sua contração, uma ação de tensão diferencial da prega

vocal, envolvida no controle refinado da fonação, a fim de manter a prega

rígida, independentemente de seu comprimento. Geralmente imagina-se que

quanto. Mais longas ficam as pregas vocais, mais esticadas e tensas estarão.

Porém, na verdade, quando os músculos ficam tensos eles estão contraídos e

encurtados.

O feixe externo do TA insere-se no processo muscular e apresenta

fibras de contração rápida, tem menor ação sobre as características da

fonação e parece estar mais envolvido na adução das pregas vocais.

Finalmente o feixe superior é caracterizado pela presença de algumas fibras do

TA que se dirigem para as pregas vestibulares e provavelmente estão

envolvidas nos casos da fonação vestibular, através do deslocamento das

pregas vestibulares.

Page 24: BASES DA EDUCAÇÃO VOCAL AO PROFISSIONAL DA … REGINA SÁ DE ALMEIDA.pdf · geralmente ignorado, é de muita importância na função fonatória. Quando as aritenóideas movem-se

24

A ação principal do TA é encurtar e aduzir as pregas vocais,

diminuindo a distância entre as cartilagens aritenóideas e tireóidea, tornando-

se um feixe mais largo e reduzindo a freqüência da voz gerada.

O músculo cricoaritenóideo posterior (CAP) é par e constitui-se no

único músculo abdutor das pregas vocais, permitindo a respiração e sendo

por isso denominado o músculo da vida. O CAP tem a forma de um leque, com

origem na lâmina da cartilagem cricóidea e inserção no processo muscular da

cartilagem aritenóidea.

Ele abduz, eleva, alonga e afila a prega vocal, mantendo todas as

camadas da mucosa rígidas, porém com a borda livre arredondada. A

contração desse músculo desloca o processo muscular posteriormente,

abduzindo as pregas vocais

(Fig.1.7).

Fig.1.7 - Músculo cricoaritenóideo posterior em visão posterior e visão posterior

O CAP é ativado na respiração, mas é um engano acreditar que sua ação é

ausente no processo de produção de voz e fala. Ao contrário, observa-se a ativação

do CAP já no finai de uma emissão, a fim de abduzir rapidamente as pregas vocais,

permitindo a inspiração. Além disso, na produção dos sons surdos durante a fala

Page 25: BASES DA EDUCAÇÃO VOCAL AO PROFISSIONAL DA … REGINA SÁ DE ALMEIDA.pdf · geralmente ignorado, é de muita importância na função fonatória. Quando as aritenóideas movem-se

25

encadeada sua ação de disparo rápido permite a suspensão da vibração da

mucosa para a produção correta desses sons.

O músculo cricoaritenóideo lateral (CAL) é par, representando os

principais adutores das pregas vocais. O CAL aduz, abaixa e alonga a prega

vocal, atilando sua borda livre, que fica mais angulada, deixando todas as

camadas da mucosa rígidas. O CAL auxilia, portanto, a coaptação glótica

necessária para a fonação.Também possui a forma de leque, com origem na

margem superior da cartilagem cricóidea e inserção no processo muscular da

cartilagem aritenóidea (Fig.1.8). A contração desse músculo desloca o

processo muscular anteriormente, aduzindo as pregas vocais.

Fig.1.8 - Ação do músculo cricoaritenóideo lateral

O CAL é, portanto, ativado na fonação, sendo responsável pelo

fechamento da glote anterior. Para que uma adução completa ocorra é

necessária a ação do CAL e do músculo aritenóideo (A), responsável pelo

fechamento da glote posterior. Inclusive a adução completa não é essencial

para que a fonação se produza.

O músculo aritenóideo (A), é único, também com ação adutora. Possui

dois feixes, um que corre em direção horizontal - chamado de transverso; e

outro, mais

Page 26: BASES DA EDUCAÇÃO VOCAL AO PROFISSIONAL DA … REGINA SÁ DE ALMEIDA.pdf · geralmente ignorado, é de muita importância na função fonatória. Quando as aritenóideas movem-se

26

superficial, denominado oblíquo. Este músculo, como o nome indica, situa-se

entre as duas cartilagens aritenóideas. O feixe transverso percorre

horizontalmente o caminho de uma cartilagem a outra, inserindo-se nos

processos musculares bilateralmente; sua ação aproxima as bases dessas

cartilagens. O feixe oblíquo estende-se da base de uma cartilagem, no

processo muscular, ao ápice da outra cartilagem, bilateralmente; sua ação

aproxima as pontas das cartilagens (Fig.1.9). O efeito global da ação do

músculo aritenóideo aproxima e aduz as cartilagens aritenóideas, oferecendo

compressão mediai para fecha a glote posterior.

Fig.1.9- Ação do músculo aritenóideo, feixes oblíquo e transverso em visão posterior

O músculo cricotireóideo (CT), é par com ação adutora secundária das

pregas vocais (Fig.1.10). É o maior músculo intrínseco da laringe, possuindo a

forma de um leque. com origem no arco da cartilagem cricóidea, na região

anterior, e inserção na borda inferior da cartilagem tireóidea. O CT aduz na

posição paramediana, abaixa, estira, alonga e afila a prega vocal enrijecendo

todas as camadas e angulando a borda livre da prega vocal. O CT é

largamente responsável pela tensão longitudinal da prega vocal, um fator

importante no controle da freqüência. O CT apresenta dois feixes: uma

denominada parte reta, e outro mais horizontal, denominado parte oblíqua,

cuja ação parece ser diferente em cantores treinados e não treinados, no

controle da freqüência do som, e a sua contração produz elevação de

freqüência, ou seja. sons mais agudos. O alongamento das pregas vocais

diminui.a massa em

Page 27: BASES DA EDUCAÇÃO VOCAL AO PROFISSIONAL DA … REGINA SÁ DE ALMEIDA.pdf · geralmente ignorado, é de muita importância na função fonatória. Quando as aritenóideas movem-se

27

vibração, aumenta a tensão e eleva a freqüência fundamental.

Portanto, ele apresenta uma ação de tensor secundário.

Fig.1.10 - Ação do músculo cricotireóideo em visão anteriorizada e visão lateral

O músculo ariepiglótico (AE) é par, composto por fibras esparsas, situando-se

nas pregas ariepiglóticas. O AE é, na verdade, um músculo contínuo ao feixe

oblíquo do músculo aritenóideo, inserindo-se abaixo da epiglote. A contração desse

músculo abaixa a epiglote, aproximando-as das aritenóideas, promovendo o

fechamento do ádito da laringe (Fig. 1.11).

Fig.1.11 - Ação do músculo AE e do músculo TE, visão posterior e lateral

(E por fim na musculatura intrínseca da laringe temos o músculo tireoepiglótico

TE), que é par, e que se estende da cartilagem tireóidea à epiglote, responsável

Page 28: BASES DA EDUCAÇÃO VOCAL AO PROFISSIONAL DA … REGINA SÁ DE ALMEIDA.pdf · geralmente ignorado, é de muita importância na função fonatória. Quando as aritenóideas movem-se

28

retorno da epiglote à posição originai, depois da contração causada pela

ação do AE(Fig.1.11).

É importante ressaltar que, apesar de termos descrito a ação individual

de cada um dos músculos intrínsecos da laringe, raramente ocorre uma ação

isolada, mas ocorre uma combinação de ações múltiplas e interdependentes.

Já a musculatura extrínseca é composta por músculos inseridos das

cartilagens laríngeas, porém provenientes de estruturas não-laríngeas.

Tais músculos não interferem de modo direto na fonação, mas sua ação

indireta é de EXTRema importância, modificando a laringe, aponto de

constituírem um mecanismo secundário no controle de freqüência da voz.

Além disso, a hipertonicidade desses músculos pode ser um fator muito

importante nos casos de disfonia por tensão muscular, elevando a laringe no

pescoço, aumentando a massa muscular e tornando palpação dolorosa.

A função básica da musculatura extrínseca é manter a laringe no

pescoço, crítica na manutenção da estabilidade laríngea, a fim de que a

musculatura intrínseca possa trabalhar efetivamente. Através da elevação ou

do abaixamento da laringe no pescoço altera-se no ângulo entre as cartilagens

e a tensão entre elas. Os músculos extrínsecos dividem-se em dois grupos

musculares: músculos supra-hióideos e infra-hióideos, de acordo com sua

inserção no osso hióide e sua função principal.

Os músculos supra-hióideos (Fig.1.12) que elevam a laringe no

pescoço e têm por ações principais são: estilo-hióideo, que eleva e retrai o

osso hióideo;

Page 29: BASES DA EDUCAÇÃO VOCAL AO PROFISSIONAL DA … REGINA SÁ DE ALMEIDA.pdf · geralmente ignorado, é de muita importância na função fonatória. Quando as aritenóideas movem-se

29

digástrico, que eleva o hióideo e deprime a mandíbula; milo-hióideo, que

eleva e projeta o hióideo e a língua, gênio-hióideo, que puxa a língua e o

hióideo para frente.

Fig.1.12- Músculos laríngeos extrínsecos e intrínsecos

Por outro lado, os músculos infra-hióideos (Fig.1.13) que abaixam a

laringe e tem por ação principal são: esterno-hióideo, que abaixa o osso

hióide; estemotireóideo, que abaixa a cartilagem tireóidea; tireo-hióideo, que

aproxima a cartilagem tireóidea e o osso hióide e por fim o omo-hióideo, que

abaixa e retrai o osso hióide.

Fig.1.13 - Músculos laríngeos extrínsecos e intrínsecos infra-hióideos

Page 30: BASES DA EDUCAÇÃO VOCAL AO PROFISSIONAL DA … REGINA SÁ DE ALMEIDA.pdf · geralmente ignorado, é de muita importância na função fonatória. Quando as aritenóideas movem-se

30

As pregas vestibulares, antes chamadas de falsas pregas vocais ou

bandas ventriculares, são duas dobras de tecido localizadas acima das

pregas vocais (Fig.1.14). As pregas vestibulares são formadas por um tecido

espesso e mole, com inúmeras glândulas em seu interior. São constituídas pelos

ligamentos vestibulares e recobertas por mucosa. Em sua região inferior

podem ser encontradas algumas fibras do chamado feixe superior do

músculo tireoaritenóideo, às vezes referido como músculo ventricular. Em

situações habituais, as pregas vestibulares não participam do processo

fonatório, ficando lateralizadas em relação às pregas vocais; observa-se que,

em freqüências muito graves, como as do registro basal, elas podem ser

envolvidas passivamente, vibrando durante a produção do som ou abafando

sua ressonância. Uma constrição mediana dessas pregas pode ser :3rnbém

observada durante a produção do sussurro em alguns indivíduos. Contudo a

maior ativação dessas estruturas ocorre nas situações em que é requerido

o selamento laríngeo, como na execução de atividades de esforço, tais

como ação e a ação de levantar ou empurrar pesos.

Fig.1.14- Esquema das membranas e ligamentos laríngeos, secção coronal

Page 31: BASES DA EDUCAÇÃO VOCAL AO PROFISSIONAL DA … REGINA SÁ DE ALMEIDA.pdf · geralmente ignorado, é de muita importância na função fonatória. Quando as aritenóideas movem-se

31

O ventrículo laríngeo (Fig.1.14), anteriormente chamado de ventrículo

de Morgagni situa-se entre as pregas vestibulares e as pregas vocais,

bilateralmente, sendo também uma membrana mucosa, possuindo

comprimento semelhante ao tamanho das pregas vocais. Conjuntamente com

as pregas vestibulares, possuem importante suprimento de glândulas, com

função de lubrificar a laringe, especialmente as pregas vocais. Além da

função de lubrificação, a presença do ventrículo laríngeo permite que as

pregas vocais vibrem livremente. Uma função secundária é a ressonância dos

componentes graves do espectro, (op.cit.).

As pregas vocais (Fig.1.15) são a parte envolvida na vibração fonatória.

Seu corpo é constituído basicamente peio músculo tireoaritenoideo (TA) e suas

camadas Interna e externa, No entanto, estudos têm sido realizados sobre a

mucosa das pregas vocais e concíuindo-se que esta é a parte mais nobre da

vibração das pregas vocais, (op.cit)

Fig.1.15- Desenho esquemático da arquitetura histológica da prega vocal do adulto, em secção coronal

Page 32: BASES DA EDUCAÇÃO VOCAL AO PROFISSIONAL DA … REGINA SÁ DE ALMEIDA.pdf · geralmente ignorado, é de muita importância na função fonatória. Quando as aritenóideas movem-se

32

Pinho (1998), cita a divisão biológica feita por Hirano (1988), que

consiste em: epitélio (aderido à membrana basal), camada superficial,

intermediária e profunda e músculo vocal. Cita também a divisão

mecânica das estruturas das pregas vocais feita por Hirano & Bless

(1993): cobertura e corpo, considerando epitélio, membrana rasai e

camada superficial como cobertura e o corpo, como ligamento e

músculo vocal. E fala sobre cada estrutura, o que será resumidamente

abordado a seguir:

• Epitélio: é escamoso, resistente ao trauma constante da fonação.

Diferencia-se do epitélio ciliado do resto do trato respiratório.

• Membrana basal: consiste em área transicional entre o epitélio e a

camada superficial da lâmina própria. É constituída de proteínas,

dentre as quais as fibras de ancoramento.

• Camada superficial da lâmina própria: bastante flexível, solta em

componentes fibrosos e pobre em fibroblastos. Esta camada é

também denominada espaço de Reinke

• Camada intermediária da lâmina própria: logo abaixo da

superficial, consiste em fibras elásticas semelhantes a banda de

borracha mole e contém um pouco mais de fibroblastos.

Page 33: BASES DA EDUCAÇÃO VOCAL AO PROFISSIONAL DA … REGINA SÁ DE ALMEIDA.pdf · geralmente ignorado, é de muita importância na função fonatória. Quando as aritenóideas movem-se

33

• Camada profunda da lâmina própria: consiste em fibras

colagenosas, semelhantes a fios de algodão condensados, sendo ricas

em fibroblastos.

• Ligamento vocal: constituído da junção das camadas intermediária e profunda.

• Lâmina própria: é o conjunto das camadas superficial, intermediária e profunda.

• Músculo vocal: é o músculo tireoaritenóideo propriamente dito, forma o corpo da prega vocal.

Pinho(1998) descreve outras estruturas, como:

• Tendão da comissura anterior: terminação anterior da prega vocal, que

adere à cartilagem tireóide e é constituído de fibras colagenosas.

• Mácula fiava anterior e posterior: um tipo de almofada protetora contra o

impacto da fonação e é constituída de fibras elásticas, fibroblastos e

estroma.

• Cartilagem transicional: é responsável pela ligação entre o processo

vocal da cartilagem aritenóide e a mácula fiava posterior.

Page 34: BASES DA EDUCAÇÃO VOCAL AO PROFISSIONAL DA … REGINA SÁ DE ALMEIDA.pdf · geralmente ignorado, é de muita importância na função fonatória. Quando as aritenóideas movem-se

34

Sua inervação motora é feita pelo nervo recorrente (com exceção do

músculo cricotireóideo que recebe inervação motora do nervo laríngeo

superior ramo externo), e a inervação sensitiva é feita pelo nervo laríngeo

superior ramo interno.

5. FUNÇÕES DA LARINGE & FISIOLOGIA VOCAL

Como citado anteriormente, a laringe possui várias funções,

uma das principais funções biológicas é a esfincteriana, que atua de forma à

proteger as vias aéreas inferiores, evitando aspirações, a outra e não menos

importante é a função respiratória, e temos da mesma forma a função de

apoio, que é imprescindível no

momento em que necessitamos fazer força, seja para levantar algo, seja

para efetuar momentos plosivos, como a tosse, entre outros.

A função fonatória, diante dessas acima mencionada, ficaria relegada a

uma menor importância, no entanto é justamente a mais complexa. Muitas

foram as teorias, que tentaram explicar o funcionamento da laringe em sua

função fonatória. A Teoria Mioelástica de Edwald (1898), Teoria

Neurocronáxica de Husson (1950), teoria Neuroscilatória de Mac Leod

(1968), entre outras. Em Behlau (2001) encontraremos o histórico, definições

dessas e outras teorias.

Porém o que nos interessa, não é discutir as teorias, mas sim,

entender a fisiologia, o funcionamento da produção vocal, a fonação

propriamente dita; e para isso recorremos a explicação dada por Russo(1993)

baseada na Teoria Mioelástica-Aerodinâmica de Van Den Berg (1958), que

Page 35: BASES DA EDUCAÇÃO VOCAL AO PROFISSIONAL DA … REGINA SÁ DE ALMEIDA.pdf · geralmente ignorado, é de muita importância na função fonatória. Quando as aritenóideas movem-se

35

descreve a fonação como sendo o inter-relacionamento das forças físicas

aerodinâmicas da respiração e da força elástica dos tecidos musculares da

laringe.

Explica que falar é um ato motor como qualquer outro, ou seja,

necessita de movimentos coordenados agindo sobre um objeto, neste caso o

objeto em questão é o ar contido nos tratos oral e respiratório (pulmões,

laringe, nariz e boca).

Os sons da fala resultam de uma corrente contínua, que dura um tempo

considerável, a fim de possibilitar sua emissão, e é o mecanismo respiratório

que proporciona o suprimento de energia necessário para a fonação.

A respiração envolve uma atividade rítmica, composta, basicamente, de

duas forcas: a de inspiração e a de expiração.

A força de inspiração expande o volume do pulmão pela elevação da

caixa torácica, puxando o ar de fora para dentro; a força de expiração contrai o

volume do pulmão pelo abaixamento da caixa torácica, soltando o ar de dentro

para fora, isto sem fonação, o que corresponde dizer que, inspiração e

expiração têm basicamente a mesma duração.

Contudo ao falarmos usamos somente a fase expiratória e com isso

aumentamos a duração desta fase.

Page 36: BASES DA EDUCAÇÃO VOCAL AO PROFISSIONAL DA … REGINA SÁ DE ALMEIDA.pdf · geralmente ignorado, é de muita importância na função fonatória. Quando as aritenóideas movem-se

36

Contudo ao falarmos usamos somente a fase expiratória e com isso

aumentamos a duração desta fase.

Na expiração, a corrente de ar proveniente dos pulmões é constrita de

tal modo a impedir que esta corrente escape, aumentando a pressão do ar na

traquéia, Esta pressão é a base fundamental dos sons de fala, que se

originam de variações de pressão de ar, movimentos, oscilações,

primeiramente de estruturas sólidas e depois das partículas de ar em torno de

sua posição de equilíbrio. Na fonação, a laringe desempenha esta função,

através da vibração das pregas vocais.

Opondo-se a este fluxo aéreo encontramos a resistência dos ligamentos

e músculos que, por terem sua elasticidade forçada cedem e logo após

retornam a posição anterior, obstruindo novamente a passagem do fluxo aéreo,

formando assim um ciclo de abertura e fechamento, que são repetidos gerando

uma corrente pulsátil que constituirá a vibração necessária para a produção de

sons complexos, formados de uma freqüência fundamental e uma serie de

harmônicos, ou seja, os sons da fala.

O ciclo de abertura e fechamento (Fig.1.16) da pregas vocais é

explicada através de um efeito físico conhecido como "efeito de Bernoulli".

Bernoulli foi um matemático suíço, que formulou uma lei aerodinâmica, que

pode ser enunciada da seguinte forma: a velocidade do fluxo de um gás ou

fluido, através de um tubo, é inversamente proporcional à sua pressão nas

paredes do tubo; ou a velocidade é máxima e a pressão mínima, no ponto de

maior constrição do tubo, ou de densidade multiplicada pela metade do

quadrado da velocidade e pela pressão é uma constante.

Page 37: BASES DA EDUCAÇÃO VOCAL AO PROFISSIONAL DA … REGINA SÁ DE ALMEIDA.pdf · geralmente ignorado, é de muita importância na função fonatória. Quando as aritenóideas movem-se

37

Transferindo este conceito para a fonação, o que ocorre é que, o aumento

rápido da velocidade do ar quando as pregas vocais se abrern resulta em uma

queda na pressão e num conseqüente efeito de. sucção que propicia o novo

fechamento das pregas vocais.

No mecanismo da laringe, as partes vibrantes podem assumir as mais

Diferentes configurações, conseqüência na interação de três fatores físicos, que

são, OS efeitos de massa, de comprimento e de tensão, esta interação será

extremamente complexa, contudo, para cada configuração haverá um resultado de

modo de vibração das pregas vocais.

Ocorrendo a vibração das pregas vocais surge, então a onda sonora

que percorrerá o trato vocal até que seja emitida e ouvida como voz. O som que

nasce glote é somente um cochicho, e o maior fenômeno do ser humano é

transformar esse som em voz.

Page 38: BASES DA EDUCAÇÃO VOCAL AO PROFISSIONAL DA … REGINA SÁ DE ALMEIDA.pdf · geralmente ignorado, é de muita importância na função fonatória. Quando as aritenóideas movem-se

38

Trato vocal é o nome genérico dado à região compreendida entre a glote

e os lábios, da qual participam várias cavidades: laringe, faringe, cavidades oral

e nasal (Russo 1993).

Assim que as pregas vocais começam a se movimentar, formam o

primeiro harmônico, e que a partir deste continua o ciclo em sua progressão

geométrica. Somente as pregas vocais produzem os harmônicos. E quanto

mais a voz os têm, mais límpida, clara, e bonita ela é. Os harmônicos poderão

ser graves e agudos.

Na fala as ressonâncias do trato vocal são chamadas de formantes, que

nada mais são do que as zonas de freqüências reforçadas, que se

concentram maior energia.

A mudança constante na forma, na posição e no grau da elasticidade

das estruturas do trato vocal permite combinações variadas, ou seja,

diferentes,

ressonâncias, o que resulta na imensa variedade de sons da fala que

somos capazes produzir.

O sistema de ressonância é o principal responsável pela estética de uma

voz, embelezando-a ou não, aumentando a intensidade de determinados

sons e

Amortecendo outros. Os sons da fala consistem de uma combinação de

sons vocálicos e consonantais. (id. Ibid).

Page 39: BASES DA EDUCAÇÃO VOCAL AO PROFISSIONAL DA … REGINA SÁ DE ALMEIDA.pdf · geralmente ignorado, é de muita importância na função fonatória. Quando as aritenóideas movem-se

39

Os sons vocálicos são sonoros, intensos, contínuos e, por apresentarem

um trato vocal aberto, suas freqüências de ressonância, ou melhor, seus

formantes são bem definidos, tornando-se mais alta à medida que o

comprimento do trato diminui e mais baixa à medida que ele aumenta.

Já as consoantes são o resultado da constrição e turbulência de fricção

do trato vocal, interrompendo o fluxo aéreo, apresentando uma energia acústica

consideravelmente menor do que a das pregas vocais. São produzidas pelas

fontes friccionais, as quais produzem um ruído, que é o resultado da corrente

aérea pulmonar na passagem pelo trato vocal. O ruído, som aperiódico, pode

ser tanto contínuo como explosivo. Geralmente, as consoantes de uma língua

são descritas especificando-se a região e a maneira como a articulação do som

é realizada, respectivamente, o ponto e o modo de articulação, (Behlau e Col.,

1986 in: Russo, 1993).

A cavidade oral sofre grandes variações de forma e tamanho, verificadas

principalmente na laringe e na oro-faringe, quer pela modificação da

posição da língua, quer pela ação da musculatura faríngea.

A participação da rinofaringe no fenômeno da ressonância depende

da posição do palato mole que, se pouco elevado, deixa passar o ar sonorizado

para a cavidade nasal, gerando assim, vários graus de ressonância nasal

(Russo 1993).

Desta forma, embora os avanços no conhecimento da laringe tenham

sido absolutamente surpreendentes, não existe ainda hoje uma teoria

abrangente que contemple a variedade da produção vocal humana, embora

certas circunstâncias privilegiam determinado conceito.

Page 40: BASES DA EDUCAÇÃO VOCAL AO PROFISSIONAL DA … REGINA SÁ DE ALMEIDA.pdf · geralmente ignorado, é de muita importância na função fonatória. Quando as aritenóideas movem-se

40

CAPITULO ll

A VOZ E SUA RELAÇÃO COM AS ESTRUTURAS OROFACIAIS

Segundo Brandi (2002), a individualidade de uma voz se define por

um conjunto de qualidades, algumas decorrentes da fonte sonora (Laringe),

outras decorrentes das modificações do tom fundamental, ao passar pelas

cavidades interligadas no trato vocal. Este se caracteriza pelos diferentes

formatos, calibres costuras e posição relativa no conjunto, bem como pela

capacidade de alterar seus contornos de forma ágil e constante, inclusive o

véu palatal, os delicados músculos das narinas e até mesmo a nasofaringe, com

exceção das cavidades nasais que são bastante rígidas.

Afirma que, o processo é basicamente o mesmo na grande maioria

dos falantes, embora cada um possa apresentar peculariedades estruturais,

mas, e, termos comportamentais, mostram-se bastante diversificado, em virtude

das variantes de conduta individual na emissão da voz falada, quando entra

em ação esse processo vocal básico.

Como dissemos anteriormente, qualquer tom emitido pelas pregas vocais

constitui-se numa onda complexa, formada por maior ou menor numero de

ondas parciais, ou sobretons, os harmônicos.

Page 41: BASES DA EDUCAÇÃO VOCAL AO PROFISSIONAL DA … REGINA SÁ DE ALMEIDA.pdf · geralmente ignorado, é de muita importância na função fonatória. Quando as aritenóideas movem-se

41

(A condição da fonte sonora (laringe), e o ambiente interno no qual se

propaga vocal), irão determinar o tamanho da série de harmônicos que será

produzida, que é urna seqüência que vai do grave até ao agudo e do forte para

o fraco, exceto quando ocorre reforço de alguns como no caso dos formantes

das vogais.

"Quanto mais numerosos os harmônicos agudos, maior o brilho, logo,

mais timbrada é a voz".{op.cit.)

"Em contrapartida, uma voz pobre em harmônicos vai soar

hipertimbrada, enquanto a voz saturada de harmônicos agudos vai soar

hipertimbrada, o que ocorre, também, no caso de haver constrição na região

dos harmônicos graves faringe), o que provoca reforço dos harmônicos

agudos".(op.cit.)

A voz pode ser analisada através de suas características, e o conjunto

dessas características é chamada Qualidade Vocal, que é uma das muitas

habilidades laríngeas, que controla a proporção e a maneira de vibração da

válvula que determinará o controle do pitch, loudness, e de outras qualidades

da voz.

Pinho (2001) descreve o pitch como à nossa percepção de freqüência. É

a sensação auditiva que temos sobre a altura vocal, subjetiva de tonalidade,

podendo ser classificada em grave, média ou aguda.

Page 42: BASES DA EDUCAÇÃO VOCAL AO PROFISSIONAL DA … REGINA SÁ DE ALMEIDA.pdf · geralmente ignorado, é de muita importância na função fonatória. Quando as aritenóideas movem-se

42

Já nossa percepção de amplitude corresponde ao loudness, que nos

permite julgar, de maneira subjetiva, a intensidade como forte e fraca.

A duração seria o tempo de permanência de uma onda sonora

de determinada freqüência.

E o timbre, a marca sonora do ser humano, pois não existem duas

vozes iguais, fazendo uma comparação, seria como as impressões digitais.

Cabe ressaltar a nomenclatura timbre cabe melhor se relacionado aos

instrumentos musicais, DOÍS na voz humana, o melhor seria dizer Qualidade

Natural da Voz. No entanto, a fonação representa uma das funções dos

diversos elementos do complexo orofacial, por isso propusemos interelacionar

tais questões que são de sua importância para o profissional da Voz. Em

função disso, buscamos na literatura especializada diversas colocações

pertinentes que serão apresentadas a seguir. (Brizida, 2000)

Faz parte do sistema estomatognático onde uma série de

estruturas funções comuns, cuja unidade morfofuncional localiza-se na

cavidade oral, interagindo com outras funções estomatognáticas, segundo

Marchesan (1999), sucção, mastigação, deglutição, respiração e ainda

articulação e fonação.

A soma do estudo detalhado da laringe, e a avaliação mais precisa das

outras estruturas envolvidas com a produção da voz, em especial as

orofaciais irão concorrer para um acompanhamento e aprendizagem mais

idôneo.

Page 43: BASES DA EDUCAÇÃO VOCAL AO PROFISSIONAL DA … REGINA SÁ DE ALMEIDA.pdf · geralmente ignorado, é de muita importância na função fonatória. Quando as aritenóideas movem-se

43

Boone & Plante (1994) relacionam as estruturas orais com a

modificação da saída no fluxo de ar e das ondas sonoras através de seus

movimentos e adaptações, moldando as consoantes, as vogais e os

ditongos de nossa língua falada. Citam também, que a boca tem na fala

uma das suas mais complexas funções fisiológicas.

Beuttenmuller & Laport (1992), qualificando a voz, diz que o tom deve

estar "a flor dos lábios", salientando, portanto, a importância da percepção

do esquema corporal-vocal, no qual destaco o sistema de ressonância e os

articuladores. Diz ainda que a emissão natural da voz implica em órgãos

vocais descontraídos, posição correta da língua, véu palatino elevado,

mandíbula e músculos do pescoço descontraídos, sendo estas as condições

para o maior alcance da sonoridade, clareza do timbre e projeção correta da

voz. Cada som vocálico tem uma forma própria, interna e externa e a

maneira de realizar abertura da boca, posicionar, língua e véu palatino irá

modificá-lo, dar-lhe forma.

Brandi (1996) referindo-se ao sistema de ressonância, diz em

termos de sonoridade, que a cavidade oral amplifica harmônicos agudos

e, em termos de colorido sonoro, empresta tonalidades claras aos vocais.

Detalhando melhor a influência das estruturas orais, Boone & Mc

Farlane (1994) afirmam que é a "adaptação constante de tamanho/ forma da

boca que nos

permite falar ou, mais precisamente, permite-nos ser entendidos".

Page 44: BASES DA EDUCAÇÃO VOCAL AO PROFISSIONAL DA … REGINA SÁ DE ALMEIDA.pdf · geralmente ignorado, é de muita importância na função fonatória. Quando as aritenóideas movem-se

44

As vogais e ditongos, apesar de oriundos da vibração da laringe; são

moldados ou restringidos POR adaptação de tamanho/forma da cavidade oral. A

boca com suas estruturas fixas (dente, processos alveolares, arcada dentária

e palato duro), estruturas móveis (principalmente a língua, véu palatino e

mandíbula) e os ressonadores supra glóticos, nos dão a percepção de um

dialeto regional, para ajudar a identificar o falante.

Citam, também, que a língua é o componente com maior mobilidade,

possuindo músculos extrínsecos e intrínsecos. Sua musculatura extrínseca,

quando contraída, a eleva ou a abaixa e a estende para frente ou para trás. A

musculatura intrínseca permite à língua ficar estreita, achatada, alongada,

encurta o seu corpo e eleva ou abaixa a sua ponta. Suas diversas

possibilidades de mobilização resultam em variações de tamanho/forma da

cavidade oral.

A abertura e o fechamento da mandíbula contribuem para a

formação de vogais específicas.

O som que foi produzido na laringe precisa ser amplificado na

caixa de ressonância.

Behlau & Rehder (1997) acrescenta que para a voz cantada,

utilizamos as mesmas estruturas que produzem a voz falada, porém com

diferentes ajustes devido às necessidades do canto. De modo simplificado, a

respiração passa a ser mais profunda; as pregas vocais produzem ciclos

vibratórios mais controlados e com maior amplificação ao som básico.

Page 45: BASES DA EDUCAÇÃO VOCAL AO PROFISSIONAL DA … REGINA SÁ DE ALMEIDA.pdf · geralmente ignorado, é de muita importância na função fonatória. Quando as aritenóideas movem-se

45

Na ressonância vocal, a elevação e o tensionamento do véu palatino e o

movimento das paredes faríngeas são vitais para atingir o fechamento

velofaringeano, atuando como uma estrutura tipo caixa de ressonância.

Têm também importante papel em separar a cavidade oral da cavidade

nasal. O movimento e o posicionamento do véu mudam o tamanho e a

forma de três importantes cavidades de ressonância: a faringe, a cavidade oral

e a cavidade nasal.

Mônica Valle (1996) afirma que os órgãos fonoarticulatórios (lábios,

língua, bochechas, palato, mandíbula, maxila e as arcadas dentárias), são os

articuladores dos sons da fala. A interceptação da corrente aérea que vem pela

laringe por estas estruturas, impede a continuidade do som e promove a fala.

Behlau & Pontes (1995) apontam a articulação como processo de

ajustes motores dos órgãos fonoarticulatórios na produção e formação dos

sons e ao encadeamento destes na fala, denominada coarticulação.

A relação entre as funções estomatognáticas e a avaliação vocal é

destacada por Souza, Campiotto & Freitas (1997), observando qualidade vocal

(rouco, soprosa, áspera, entre outras), altura, intensidade e, devido a intima

relação entre estes aspectos, bem como tamanho e configuração das

estruturas faciais, a ressonância e projeção vocal.

O trato vocal se estende da laringe até os lábios e nariz, com duas

Page 46: BASES DA EDUCAÇÃO VOCAL AO PROFISSIONAL DA … REGINA SÁ DE ALMEIDA.pdf · geralmente ignorado, é de muita importância na função fonatória. Quando as aritenóideas movem-se

46

aberturas por onde o ar e a energia acústica vão passar, funcionando

como filtro.

Os harmônicos são múltiplos da freqüência fundamental e os formantes

são grupos de harmônicos selecionados pelo trato vocal.

Pinho (1998) relata que os harmônicos da voz são selecionados

dependendo da configuração trato vocal, que se relaciona diretamente à

abertura da boca, constrição faríngea e posicionamento de língua, lábios e

véu, enfatizando e produzindo o efeito de ressonância.

Completando esta mesma idéia, Oliveira (1999), citando Kent & Read

(1992), Baken (1997), Moncur e Brackett (1974), conclui que quanto maior o

tamanho do rato vocal maior seria o deslocamento da freqüência dos formantes

em direções aos graves e quanto menor o tamanho do trato vocal, maior seria a

amplificação na freqüência dos formantes agudos.

No estudo do desenvolvimento da fala, Guedes (1997) menciona que a

aerodinâmica do trato vocal permite um melhor controle do pitch e da qualidade

dos fonemas. Além disso, a mobilidade dos órgãos fonoarticulatórios permite a

acuidade dos movimentos, fazendo com que seja relativamente fácil emitir sons

em cadeia.

Page 47: BASES DA EDUCAÇÃO VOCAL AO PROFISSIONAL DA … REGINA SÁ DE ALMEIDA.pdf · geralmente ignorado, é de muita importância na função fonatória. Quando as aritenóideas movem-se

47

As conseqüências vocais geradas pelo comprometimento dos órgãos

fonoarticulatórios são, principalmente, alterações ressonantais, qualidade de voz

abafada, comprometimento da mobilidade laríngea, pobreza em harmônicos,

comprometimento da inteligibilidade, alterações tonais e de intensidade na

freqüência fundamental, redução do fluxo aéreo (diminuição do espaço

orofaríngeo) e também, tensão da musculatura extrínseca da laringe.

Em diversas alterações da voz vemos a interferência no

posicionamento e forma de algumas estruturas.

Behlau & Pontes (1995) referem-se a um sinal secundário de disfonia

por síndrome de tensão muscular quando o "rebordo lingual encontra

cerceado e sulcado pelos dentes, o que reflete uma língua baixa,

hipertônica e apoiada firmemente contra os dentes".

Classificam, também, alguns tipos de vozes mais freqüentes,

onde se destacam estas estruturas. Na chamada voz branca ou

destimbrada ocorre à contração deficiente dos músculos das cavidades de

ressonância.

Page 48: BASES DA EDUCAÇÃO VOCAL AO PROFISSIONAL DA … REGINA SÁ DE ALMEIDA.pdf · geralmente ignorado, é de muita importância na função fonatória. Quando as aritenóideas movem-se

48 TÉCNICAS COMPENSATORIAS E PREVENTIVAS NO

ATENDIMENTO DAS ALTERAÇÕES DO TRATO VOCAL

Sons nasais • Procedimentos Básicos

Sons ‘’m’’, ‘’n’’ ou ‘’nh’’ contínuos, sustentados, modulados ou em escalas

• Efeitos esperados Suavização da emissão. Redução do foco de ressonância laringofaringeo. Dissipação da energia sonora no trato vocal . Aumenta os tempos máximos de fonação sem esforço. Auxilia o monitoramento da voz. • Aplicação principal Universal da voz Nódulos vocais Sons fricativos • Procedimento Básico Sons ‘’f’’, ‘’s’’ ou ‘’x’’ contínuos (ou seus correspondentes sonoros) ou em passagem de sonoridade, de som surdo para sonoro, por exemplo, ‘’s..’’ å ‘’z..’’ ou ‘’x..’’ å ‘’j..’’. • Efeitos esperados Direção de fluxo aéreo para o ambiente. Dissociação entre a intensidade e o esforço laríngeo, usando-se os sons do ataque vocal. Aumento dos tempos máximos de fonação sem esforço • Aplicação Principal

Page 49: BASES DA EDUCAÇÃO VOCAL AO PROFISSIONAL DA … REGINA SÁ DE ALMEIDA.pdf · geralmente ignorado, é de muita importância na função fonatória. Quando as aritenóideas movem-se

49 Coordenação pneumofônica. Sons plosivos • Procedimento básico Emissão repetida de ‘’p’’, ‘’t’’ ou ‘’k’’ ou seus sonoros, associados a vogais • Efeitos esperados Coaptação das pregas vocais Clareza da emissão • Aplicação principal Disfonias hipocinéticas Parkinson Paralisia unilateral de prega vocal Pós-laringectomias parciais Som basal • Procedimento básico Emissão continua em registro pulsátil, com ‘’a’’ sustentado, ou sílaba ‘’lá’’ repetidas vezes Emissão na expiração ou inspiração, som produzido semelhante a ‘’motor de barco’’ • Efeitos esperados Grande contração do músculo tiroaritenóideo Relaxamento do músculo cricotireóideo Mobilização e relaxamento da mucosa Melhor coaptação glótica Fonação confortável após o exercício • Aplicação principal Nódulos vocais

Page 50: BASES DA EDUCAÇÃO VOCAL AO PROFISSIONAL DA … REGINA SÁ DE ALMEIDA.pdf · geralmente ignorado, é de muita importância na função fonatória. Quando as aritenóideas movem-se

Fadiga vocal 50 Fenda triangular médio-posterior Fonação desconfortável Massagem na cintura escapular • Procedimento básico Movimentos de toque, pressionamento, estiramento e massagem na musculatura cervical, nas costas e nos ombros vibradores elétricos, calor úmido ou bolsas térmicas nas regiões acima mencionadas • Efeitos esperados Redução da hipercontração da musculatura da cintura escapular • Aplicação principal Disfonias por tensão muscular Fenda triangular médio-posterior Hipertonicidade secundaria a quadro orgânico de base

Emissão de boca aberta

• Procedimento básico Emitir os sons da fala, isoladamente, seqüências automáticas ou em leitura de texto, com a boca o mais aberta possível. • Efeitos esperados Reduzir as contrições do trato vocal Ampliar as cavidades de ressonância • Aplicação principal Disfonias com travamento articulatório Casos de baixa resistência vocal Aumento de volume de projeção Redução de atrito entre as pregas vocais Uso profissional da voz

Técnica do ‘’b’’ prolongado

Page 51: BASES DA EDUCAÇÃO VOCAL AO PROFISSIONAL DA … REGINA SÁ DE ALMEIDA.pdf · geralmente ignorado, é de muita importância na função fonatória. Quando as aritenóideas movem-se

51

• Procedimento Básico Prolongamento da oclusão bucal da consoante ‘’b” seguida de emissão das vogais ‘’a’’, átona e nasal, na silaba ‘’bã’’, repetida varias vezes • Efeitos esperados Aumenta a ressonância Maior energia na região aguda do espectro Evita atrito entre as pregas vocais Relaxa e abaixa a laringe • Aplicação principal Disfonia por tensão muscular Falsete mutacional, de conversão ou paralítico. Fendas diversas Técnicas de associação de movimentos dos órgãos fonoarticulatórios ou funções reflexo-vegetativas à emissão

A associação de movimentos articulatórios ou de funções reflexo-vegetativas a produção fonatória utiliza o encadeamento de duas ou mais dinâmicas (fonatória, articulatória e/ou vegetativa), num mesmo exercício, com a finalidade de uma emissão vocal melhor equilibrada. Tais técnicas permitem aproveitar vários exercícios de lábios, língua, bochechas, mandíbula e musculatura faríngea, associados a emissões de diversos sons de apoio. Descreveremos quatro técnicas bastante conhecidas, porem, as combinações são muita ricas e numerosas, podendo-se constantemente criar novos exercícios. Técnica do bocejo • Procedimento básico Inspirar profundamente e imitar um bocejo, com a língua baixa e anteriorizada, sonorizando-o com uma vogal aberta. Aproveitar também os bocejos naturais

Page 52: BASES DA EDUCAÇÃO VOCAL AO PROFISSIONAL DA … REGINA SÁ DE ALMEIDA.pdf · geralmente ignorado, é de muita importância na função fonatória. Quando as aritenóideas movem-se

52 • Efeitos esperados Reduz ataques vocais bruscos Amplia o trato vocal Auxilia na projeção vocal Abaixa a laringe Amplia a faringe Sintonia a fonte e filtro de ressonância • Aplicação principal Travamento articulatório Disfonias com foco ressonantal faríngeo ou laringofaringeo Nódulos vocais Disfonia por tensão muscular Disfonia por pregas vestibulares Método mastigatório • Procedimento básico Mastigar ativamente, com a boca aberta e movimentos amplos dos lábios, da língua e das bochechas, emitindo-se uma grande variedade de sons, evitando-se um monótono “iam iam iam...” • Efeitos esperados Universal da voz Equilíbrio da qualidade vocal Redução de constrições inadequadas Aquecimento vocal Aumento de resistência vocal • Aplicação principal Disfonias por tensão muscular Foco ressonantal baixo Aquecimento vocal

Page 53: BASES DA EDUCAÇÃO VOCAL AO PROFISSIONAL DA … REGINA SÁ DE ALMEIDA.pdf · geralmente ignorado, é de muita importância na função fonatória. Quando as aritenóideas movem-se

53 1. Higiene Vocal

Ressaltar a importância de uma adequada hidratação, a reposição higiênica seja feita numa temperatura não inferior a 12°c (água gelada), lembrando que o choque o térmico predispõe o individuo a irritações e infecções das vias orais superiores; a partir de pesquisas de abusos e maus usos vocais, realizadas com profissionais da voz, foram enfocados; tabagismo, gargarejos, choque térmicos, alimentação, reflexo gástrico, hábitos de pigarrear para limpar a garganta, e outros, muitos difundidos no meio desses tipos de profissionais. Devem ser evitados, esses hábitos pode colocar em risco a saúde bucal e vocal desses profissionais.

Page 54: BASES DA EDUCAÇÃO VOCAL AO PROFISSIONAL DA … REGINA SÁ DE ALMEIDA.pdf · geralmente ignorado, é de muita importância na função fonatória. Quando as aritenóideas movem-se

54

CONCLUSÃO

O trabalho é designado á termo de orientação, dando suporte a toda acessoria técnica à atividade vocal, com objetivo de conscientizar o profissional da voz a importância de medidas preventivas convenientes ao trato vocal. Neste trabalho são combinadas técnicas de aprimoramento vocal com espontaneidade de comunicação sem interferir no estilo individual de cada profissional é necessário estar atento às tendências aos abusos mau uso vocal decorrente no seu tipo de demanda vocal. Torna-se fascinante essa área, pelo fato de arte e ciência necessitarem caminha junto. Saber valorizar nuances e buscar perfeição é da arte, propor técnicas para levar as estruturas da fonação a atingirem o que se busca, com bases em conhecimentos anatomofisiológicos, bem como saber prevenir a saúde vocal do usuario da voz profissional.

Page 55: BASES DA EDUCAÇÃO VOCAL AO PROFISSIONAL DA … REGINA SÁ DE ALMEIDA.pdf · geralmente ignorado, é de muita importância na função fonatória. Quando as aritenóideas movem-se

55

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRANDI E.J. M O mundo sonoro. In BRANDI eds. Educação da Voz Falada 3ª ed. Rio de Janeiro: Atheneu 1992; 5 BEHLAU, M.; AZEVEDO, R; MADAZIO, G. Anatomia da Laringe e Fisiologia da Produção Vocal. In. Behlau, M. Voz: O Livro do Especialista vol. 1. Rio de Janeiro: Revinter, 2001; 1: 1-37. BOONE, DR.; MC Farlane, S C Distúrbio da Voz In: Boone, DR eds. A voz e a terapia vocal 5ª ed. Porto alegre: Arte Médicas, 1994; 95. ARONSON, A.E. – Clinical Voice Disorders. 3ª ed. New York, Thième-Stratton, 1990. BEHLAU, M. & PONTES, P.A. – Avaliação Global de Voz. São Paulo, EPPM, 1990ª. BEHLAU, M. & PONTES, P. – P Princípios de Reabilitação Vocal nas Disfonias. 2ª ed. São Paulo, EPPM, 1990b. BEHLAU, M. & PONTES, P. – Avaliação e Tratamento das Disfonias, São Paulo, Lovise, 1995ª. 312pp. BOONE, D. & McFARLANE, S – The Voice and Voice Therapy. 4ª ed. Englewood Clifs, Prentice Hall, 1988. CASPER, J.K; BREWER, D.W.; COLTON, R.H. – Variations in normal human laryngeal anatomy and physiology as viewed fiberscopically. J. Voice, 1:180 185, 1987.

Page 56: BASES DA EDUCAÇÃO VOCAL AO PROFISSIONAL DA … REGINA SÁ DE ALMEIDA.pdf · geralmente ignorado, é de muita importância na função fonatória. Quando as aritenóideas movem-se

56 COLTON, R.H. & CASPER, J.K. – Understanding Voice Problems. A physiological Perspective for Diagnosis and Treatment. Baltimore, Williams & Wilkins, 1990. FEX, S. – Perceptual Evaluation. J. Voice, 6:155-158, 1992. STEMPLE, J.C. – Principles of voice therapy. In: STEMPLE, J. Voice therapy. Clinical Studies. St. Louis, Mosby, 1993. pp.1-7. ZIEMER, R. – Mitologia pessoal e padrões de comunicação. Dist. Comunic. 6:1-5, 1993.

Page 57: BASES DA EDUCAÇÃO VOCAL AO PROFISSIONAL DA … REGINA SÁ DE ALMEIDA.pdf · geralmente ignorado, é de muita importância na função fonatória. Quando as aritenóideas movem-se

57

Índice

INTRODUÇÃO 10

CAPÍTULO I -ANATOMIA DA LARINGE E 11

FIOSIOLOGIA DA PRODUÇÃO VOCAL

6. Laringe 11 7. Cartilagens 12 8. Membranas 18 9. Musculatura 21 10. Funções da Laringe e Fisiologia Vocal 34

CAPÍTULO II - A VOZ E SUA RELAÇÃO 40

COM AS ESTRUTURAS OROFACIAIS

CAPÍTULO III – TÉCNICAS COMPENSATORIAS 48

E PREVENTIVAS NO ATENDIMENTO DAS

ALTERAÇÕES DO TRACTO VOCAL

2. Higiene vocal 53 CONCLUSÃO 54

REFERCÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 55

Índice 57