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AS FUNÇÕES DA LINGUAGEM NUMA PERSPECTIVA SISTÊMICO-FUNCIONAL Sara Regina Scotta Cabral (ULBRA, campus de Cachoeira do Sul) [email protected] RESUMO: Ape sa r de ! ri os li ng "i stas tere m se oc up ado do tema #$u n% &es da lin gua gem ' (B" hle r, a obs on, *or ris , Bri ton e outros ), interessa a est e art igo a concep%+o de linguagem de allida- (//0), para 1uem ela constitui um sistema s2ciossemi2tico, atra3s do 1ual o homem constr2i sua e4peri5ncia. 6ste estudioso tem das $un%&es da linguagem uma is+o tripartite, deriadas da con$igura%+o conte4tual, 1ue ocorrem simultaneamente: a ideacional, a interpessoal e a te4tual. 6ste trabalho tem  por ob7etio identi$icar tais $un%&es em tr5s pe1uenos te4tos publicados na 8a9eta de Alagoas no dia de maio de ;<<0, ocasi+o em 1ue o pa=s $erilhaa de coment!rios sobre a reportagem de Larr- Rohter, do 7ornal >he ?e o r >imes, acerca dos h!bitos et=licos do presidente do Brasil. procedimento para o e4ame do corpus obedeceu a duas etapas: na primeira, $oi delineada, de modo mais geral, a con$igura%+o conte4tual de cada um dos te4tos na segunda, $oram identi$icadas as tr5s $un%&es da linguagem relatias D con$igura%+o conte4tual bem como as marcas ling"=sticas re$erentes a cada uma delas, atra3s da an!lisada indiidual das ora%&es. s resultados apontam para a  preal5ncia, na $un%+o ideacional, dos processos materiais, na $un%+o interpessoal para o uso de proposi%&es na modalidade epist5mica e, na $un%+o te4tual, para os >emas t2picos, caracter=sticos do o$erecimento de in$orma%+o. Eelo e4posto, concluiFse 1ue, com o uso de processos materiais, de proposi%&es em 1ue a in$orma%+o 3 o$erecida e de >emas t2picos, Cl!udio umberto, nos tr5s te4tos, pretende in$ormar seus leitores sobre os acontecimentos peri$3ricos do caso Larr- Rohter, mas n+o dei4a de, como cabe a um autor de coluna pol=tica, implicitamente opinar sobre os acontecimentos do momento. PALAVRAS-CHAVE : gram!tic a sist5micoF$u nc ional, $u n% &es da li ng ua ge m, con$igura%+o conte4tual. INTRODUÇÃO G!rios autores 7! se ocuparam em discutir as $un%&es da linguagem: *alinosi, B"hler, aobson, Briton e *orris e allida-. Hentre eles, tr5s se sobressaem: s+o as correntes de B"hler, de aobson e de allida-. Ea ra B"hler (/ 0), a lin gua ge m 3 usada pa ra tr5 s $in alida des espec=$icas: e4pressar o pensamento do $alante, dirigirFse ao ouinte e representar o mundo. S+o respectiamente as $un%&es e4pressia, conatia e representatia, orientadas para as tr5s  pessoas do discurso enolidas em um eento comunicatio: o $alante ($un%+o e4p ressi a), o ou int e (co nat i a ) e o mun do cir cun dan te (re pre sentati a ). Su a classi$ica%+o $oi adotada pela 6scola de Eraga e, mais tarde, Roman aobson (/I<) ampli ou esse nJm ero par a seis, ac res cen tan do as $un %&e s $!tica, me tal ing "=stica e

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AS FUNÇÕES DA LINGUAGEM NUMA PERSPECTIVASISTÊMICO-FUNCIONAL

Sara Regina Scotta Cabral

(ULBRA, campus de Cachoeira do Sul)[email protected] 

RESUMO: Apesar de !rios ling"istas terem se ocupado do tema #$un%&es dalinguagem' (B"hler, aobson, *orris, Briton e outros), interessa a este artigo aconcep%+o de linguagem de allida- (//0), para 1uem ela constitui um sistemas2ciossemi2tico, atra3s do 1ual o homem constr2i sua e4peri5ncia. 6ste estudioso temdas $un%&es da linguagem uma is+o tripartite, deriadas da con$igura%+o conte4tual,1ue ocorrem simultaneamente: a ideacional, a interpessoal e a te4tual. 6ste trabalho tem

 por ob7etio identi$icar tais $un%&es em tr5s pe1uenos te4tos publicados na 8a9eta de

Alagoas no dia de maio de ;<<0, ocasi+o em 1ue o pa=s $erilhaa de coment!riossobre a reportagem de Larr- Rohter, do 7ornal >he ?e or >imes, acerca dos h!bitoset=licos do presidente do Brasil. procedimento para o e4ame do corpus obedeceu aduas etapas: na primeira, $oi delineada, de modo mais geral, a con$igura%+o conte4tualde cada um dos te4tos na segunda, $oram identi$icadas as tr5s $un%&es da linguagemrelatias D con$igura%+o conte4tual bem como as marcas ling"=sticas re$erentes a cadauma delas, atra3s da an!lisada indiidual das ora%&es. s resultados apontam para a

 preal5ncia, na $un%+o ideacional, dos processos materiais, na $un%+o interpessoal parao uso de proposi%&es na modalidade epist5mica e, na $un%+o te4tual, para os >emast2picos, caracter=sticos do o$erecimento de in$orma%+o. Eelo e4posto, concluiFse 1ue,com o uso de processos materiais, de proposi%&es em 1ue a in$orma%+o 3 o$erecida e de>emas t2picos, Cl!udio umberto, nos tr5s te4tos, pretende in$ormar seus leitores sobreos acontecimentos peri$3ricos do caso Larr- Rohter, mas n+o dei4a de, como cabe a umautor de coluna pol=tica, implicitamente opinar sobre os acontecimentos do momento.PALAVRAS-CHAVE: gram!tica sist5micoF$uncional, $un%&es da linguagem,con$igura%+o conte4tual.

INTRODUÇÃO

G!rios autores 7! se ocuparam em discutir as $un%&es da linguagem: *alinosi,

B"hler, aobson, Briton e *orris e allida-. Hentre eles, tr5s se sobressaem: s+o ascorrentes de B"hler, de aobson e de allida-.

Eara B"hler (/0), a linguagem 3 usada para tr5s $inalidades espec=$icas:

e4pressar o pensamento do $alante, dirigirFse ao ouinte e representar o mundo. S+o

respectiamente as $un%&es e4pressia, conatia e representatia, orientadas para as tr5s

 pessoas do discurso enolidas em um eento comunicatio: o $alante ($un%+o

e4pressia), o ouinte (conatia) e o mundo circundante (representatia). Sua

classi$ica%+o $oi adotada pela 6scola de Eraga e, mais tarde, Roman aobson (/I<)ampliou esse nJmero para seis, acrescentando as $un%&es $!tica, metaling"=stica e

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 po3tica. As tr5s primeiras mantieram rela%+o com as $un%&es de B"hler. 6m acr3scimo,

a $!tica di9 respeito ao canal de comunica%+o utili9ado, a metaling"=stica tem a er com

o c2digo e a Jltima, a po3tica, 3 orientada para a mensagem propriamente dita.

allida- (/K/b) 5 $un%+o como sinnimo de uso. Eara ele, tr5s s+o as $un%&es

 M 1ue acontecem concomitantemente F para as 1uais a linguagem 3 utili9ada: representar 

o mundo, ser um instrumento de intera%+o e organi9ar a in$orma%+o. ?essa perspectia

(sist5micoF$uncional), as $un%&es denominamFse respectiamente ideacional,

interpessoal e te4tual.

ob7etio deste artigo 3 discorrer sobre as tr5s $un%&es hallida-anas e

especi$icar os elementos gramaticais 1ue contribuem para a reali9a%+o de cada uma

delas, o 1ue ser! e4empli$icado atra3s da an!lise de tr5s pe1uenos te4tos retirados de

uma coluna de opini+o pol=tica publicada no 7ornal 8a9eta de Alagoas, em de maio

de ;<<0. A metodologia a ser utili9ada consistir! em duas etapas: na primeira, ser!

delineada, de modo mais geral, a con$igura%+o conte4tual dos te4tos selecionados e, na

segunda etapa, ser+o identi$icadas as tr5s $un%&es da linguagem relatias a cada um dos

te4tos bem como as marcas ling"=sticas 1ue comproem tais resultados.

6ste artigo est! organi9ado da seguinte maneira: apresenta inicialmente a

orienta%+o sist5micoF$uncional no 1ue se re$ere Ds tr5s $un%&es da linguagem e a cada

uma em particular.Logo ap2s, e4p&e a metodologia a ser utili9ada no tratamento do

corpus, reali9a a an!lise propriamente dita e, por $im, apresenta os elementos

conclusios resultantes da pr!tica, tendoFse em ista os pressupostos apresentados neste

estudo. A se%+o #Ane4os' cont3m, para $ins ilustratios, a e4plicita%+o da an!lise

indiidual de cada ora%+o.

1. LINGUAGEM E GRAMÁTICA FUNCIONAL

Segundo Bloor N Bloor (//O, p. 0), Pa comunica%+o 3 um dos processosinteratios em 1ue os sentidos s+o negociadosQ. *uitas das escolhas ling"=sticas

$eitas pelo $alanteescritor s+o inconscientes, pois se sabe 1ue, ao usar a linguagem no

cotidiano, ele n+o p!ra para re$letir sobre categorias gramaticais. 6ntretanto, as $ormas

ling"=sticas utili9adas re$letem o 1ue de melhor e4pressa os sentidos 1ue pretende

atribuir ao 1ue est! $alandoescreendo. EodeFse, assim, di9er 1ue as $ormas ling"=sticas

1ue utili9a constituem uma aalia%+o do mundo e da situa%+o 1ue iencia.

Segundo allida-, o homem constr2i a realidade atra3s de processos semi2ticosdiersos, dos 1uais o principal 3 a linguagem. Assim, linguagem, para este autor (/K/a,

;

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 p. ), 3 um aspecto e um recurso de $undamental importncia na constru%+o da

e4peri5ncia humana. Eortanto, estudar linguagem signi$ica e4plorar alguns dos

 processos mais importantes e di$undidos uniersalmente. 6ssa is+o construtia da

realidade Passume 1ue o uso da linguagem n+o somente espelha a estrutura social, mas

tamb3m a constr2i e a mant3m: assim, sempre 1ue algu3m se PapropriaQ da linguagem

ao dirigirFse a um outro socialmente superior, ambos os participantes est+o mostrando a

condi%+o de seu  status  e simultaneamente re$or%ando o sistema social hier!r1uicoQ

(>hompson N Collins, ;<<, p. T).

allida- constr2i uma teoria ling"=stica de base semntica 1ue permite a

inestiga%+o dos pap3is 1ue e4ercem os termos selecionados pelo emissor no processo

de constru%+o da realidade, se7a em situa%&es de representa%+o do mundo ou de troca

com o interlocutor. Ha= se percebe n+o s2 o car!ter semi2tico da linguagem, mas

tamb3m o social, uma e9 1ue, pertencendo D cultura humana e constituindo um sistema

de sentidos, di9 respeito Ds rela%&es entre l=ngua e estrutura social e considera a1uela

como $orma de intera%+o com o outro e com o mundo. Eortanto, essa teoria 5 a

linguagem como um sistema sociossemi2tico e parte das rela%&es entre a l=ngua e a

estrutura social para descreer usos e ariedades.

Ao relacionar linguagem, te4to e conte4to, allida- (/K/a, p. <) considera

te4to como Puma instncia da linguagem 1ue est! e4ercendo algum papel em um

conte4to de situa%+oQ. s sentidos do te4to s+o e4pressos em palaras e estruturas,

$ormando uma unidade de sentido. Assim, o te4to 3 uma entidade semntica 1ue, mais

1ue elementos ling"=sticos, constitui um processo e um produto. um processo na

medida em 1ue representa um moimento em dire%+o a escolhas cont=nuas de

signi$icado, e um produto por1ue pode ser retomado pelo interlocutor ou mesmo pelo

locutor, este7am eles pr24imos ou distantes do te4to. te4to, isto como possibilidade

de troca de sentidos, permite a intera%+o entre os participantes do eento. Assim, na perspectia $uncional, o te4to 3 uma instncia de sentidos produ9idos em um conte4to

 particular.

>odo te4to tem um te4to 1ue o precede na ida real M 3 o conte4to. conte4to

inclui a situa%+o em 1ue o te4to ocorre e o meio erbal em 1ue a intera%+o se

desenole. *alinosi, apud allida- (/K/a, p. O) distingue conte4to de situa%+o e

conte4to de cultura. conte4to de situa%+o compreende o ambiente em 1ue o te4to 3

 produ9ido. ! o conte4to de cultura abrange toda a hist2ria cultural do coletio, numa perspectia s2cioFhist2rica, 1ue determina a nature9a do c2digo. Como uma l=ngua se

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mani$esta atra3s de seus te4tos, sua cultura 3 mani$estada atra3s de suas situa%&es.

te4to 3 gerado em conte4tos de situa%+o 1ue, por sua e9, s2 se reali9am dentro de

conte4tos de cultura. 6ntretanto, todos se inserem em um conte4to, o 1ual inclui a

situa%+o em 1ue o te4to ocorre e o meio erbal em 1ue a intera%+o se desenole.

allida- (/K/a, p. ;) analisa o conte4to de situa%+o atra3s de uma estrutura

tern!ria, 1ue considera as ari!eis campo, rela%+o e modo (Vigura ). campo re$ereF

se D nature9a da atiidade social e enole os atos e4ecutados e seus ob7etios. A

relação  re$ereFse ao con7unto de pap3is dos agentes enolidos em determinada

atiidade. modo re$ereFse D parte 1ue a l=ngua desempenha na intera%+o , a

organi9a%+o simb2lica do te4to, sua $un%+o no conte4to, o canal ($nico ou gr!$ico), o

meio ($alado ou escrito) da mensagem e tamb3m o modo ret2rico, incluindo categorias

como persuasio, e4positio, did!tico e outros.

2. FUNÇÕES DA LINGUAGEM

Vun%+o, para allida- (/K/b, p.T), 3 sinnimo de uso, mas, acima de tudo, 3 a

 propriedade $undamental da linguagem. ?essa perspectia, considera tr5s as $un%&es da

CONTEXTOCONTEXTO

CONTEXTOCONTEXTO

Campo

ModoRelação

par!"!pa#$%&%' ()*%+*!&%'

%r,a)!a#$% &a!)%r/a#$%

r(pr('()a#$% &("%)0("!/()%' ("r()#a'.

  VW8URA M Conte4to de situa%+o (allida-, /K/)

0

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linguagem: ideacional ou de representa%+o interpessoal ou de troca e te4tual ou de

mensagem. Cada uma das tr5s ari!eis do conte4to de situa%+o (campo, rela%+o e

modo) est! relacionada a uma das $un%&es: o campo est! diretamente inculado D

$un%+o ideacional, ou se7a, a conhecimentos e cren%as 1ue $a9em parte da e4peri5ncia

humana a rela%+o 3 respons!el pela $un%+o interpessoal, 1ue demonstra a intera%+o

entre os participantes no ato comunicatio, mantendo os pap3is sociais, e o modo

eidencia a $un%+o te4tual, 1ue 3 identi$icada atra3s do canal de comunica%+o, da

coes+o e da coer5ncia te4tuais (Vigura ;).

F)#(' &a +!),a,(/ 3Ha++!&a45

Ideacional

TextualInterpessoal

VW8URA ; M Vun%&es da linguagem (allida-, /K/)

asan (/K/, p. OOFO/) introdu9 o conceito de configuração contextual 

relacionado aos termos hallida-anos campo, relação e modo de um discurso, 1ue se

re$erem a certos aspectos da situa%+o social 1ue se re$letem na linguagem em uso

(Vigura ). Eara asan (p. OO), campo, rela%+o e modo s+o ari!eis representadas por 

alores espec=$icos, $uncionando como possibilidades para 1ual1uer situa%+o. Eor 

e4emplo, a ari!el campo  pode ter o alor de PelogiarQ a ari!el relação  pode

enoler Ppai para $ilhoQ e a ari!el modo pode ser reali9ada atra3s da P$alaQ. Assim,

os membros de cada op%+o podem combinarFse, consistindo na seguinte con$igura%+o:

 pai elogiando o filho na fala. Eara asan, essa entrada constitui uma con$igura%+o

O

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conte4tual, um con7unto espec=$ico de alores 1ue compreendem campo, rela%+o e

modo.

CampoCampo

ModoModoRelaçãoRelação

VW8URA M Con$igura%+o conte4tual (asan, /K/)

A gram!tica $uncional tem por ob7etio $ornecer ao estudioso da linguagem

$erramentas e$etias para a an!lise de te4tos produ9idos em !rios mbitos sociais e

com prop2sitos diersos. ! 1ue tem como $oco o aspecto semntico, interpreta como as

ora%&es, os sintagmas e os termos de um te4to mapeiam os signi$icados, analisando

 primeiramente pap3is $uncionais como Ator, Erocesso, >ema, Rema, H5itico e outros

(*artin, *athiessen N Eainter, //T, p. ;). A di$eren%a entre as aria%&es de uso

tradu9em uma escolha sobre o 1ue 3 $uncional em um conte4to particular.

As tr5s $un%&es, ou meta$un%&es, originam os tr5s modos de analisar um te4to:

ideacional, 1ue enole os processos, os participantes e as circunstncias interpessoal,

1ue trata o te4to como se $osse um di!logo e enole os modos de intera%+o entre os

 participantes te4tual, 1ue analisa a organi9a%+o da in$orma%+o, distribu=da em >ema e

Rema (Vigura 0).

Eara a an!lise de te4tos escritos, *artin, *athiessen N Eainter (//T, p. 0)

consideram um bom ponto de partida a diis+o em senten%as. As senten%as, segundo

esses autores, s+o unidades 1ue come%am com letra maiJscula e terminam com ponto.

I

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Eor sua e9, podem ser constitu=das de mais de uma ora%+o, esta Jltima a unidade mais

importante de an!lise, segundo allida- (//0, ;<<0).

 

CONTEXTOCONTEXTO

CONTEXTOCONTEXTO

Tr6' /%&%' &( a)a+!'ar 1/ (7%

Ideacional

TextualInterpessoal

!)(ra#$%

()r( %'

par!"!pa)('

3&!'8)"!a '%"!a+9 ,ra1 &(

"%)r%+(5

 TEXTO TEXTO

"a)a+

/(!%

"%('$%

"%(r6)"!a

pr%"(''%'

par!"!pa)('

"!r"1)'8)"!a'

  VW8URA 0 M >r5s modos de analisar um te4to

A ora%+o (assim como as senten%as e os te4tos) pode ser analisada sob o ponto

de ista ideacional, atra3s do 1ual a e4peri5ncia humana 3 constru=da. Concorre para a

representa%+o do mundo o sistema de transitiidade, respons!el pelos processos, pelos

 participantes e pelas circunstncias selecionados pelo autor$alanteescritor para atender 

aos signi$icados 1ue 1uer dar. A ora%+o ista como representa%+o tamb3m abarca as

rela%&es l2gicoFsemnticas e o sistema de taxis.

Xuando analisada como troca, a ora%+o (e, por e4tens+o, o te4to), 3 portadora de

recursos 1ue reali9am moimentos interacionais no di!logo. Eara isso, o sistema de

*H apresenta di$erentes alternatias para a reali9a%+o da intera%+o: ora%&es no

modo declaratio, no interrogatio e no imperatio. Concorrem, para a escolha do

modo, ari!eis como o papel e4ercido pelo interactante e a nature9a da negocia%+o 1ue

est! sendo reali9ada. As escolhas da $un%+o discursia enolem as categorias

tradicionais de declara%+o, pergunta, o$erta e comando. PHeclara%&es e perguntas

enolem trocas de in$orma%+o e s+o chamadas proposi%&es, en1uanto o$ertas e

T

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comandos s+o trocas de bens e seri%os chamadas propostasQ (*artin, *athiessen N

Eainter, //T, p. OK).

Xuando ista como mensagem, a ora%+o abrange o sistema de >6*A. Re$ereFse

D organi9a%+o da in$orma%+o em mbito local (na ora%+o) e, por e4tens+o, D organi9a%+o

da in$orma%+o na senten%a e no te4to como um todo. As escolhas tem!ticas re$letem o

grau de importncia 1ue o interactante atribui D in$orma%+o. #>ema' 3 o ponto de partida

da mensagem, pois em em posi%+o inicial na ora%+o. restante da mensagem 3

denominado Rema. A ora%+o como mensagem organi9aFse em >ema Y Rema.

2.1 A )#$% !&(a"!%)a+

A linguagem 3 um meio de representa%+o do mundo. 6la encapsula a e4peri5ncia

humana e e4erce um papel importante nas rela%&es das pessoas com os outros seres

humanos. elemento simb2lico nas rela%&es pessoais, pois permite Pconstruir uma

imagem mental da realidadeQ (allida-, //0, p. <I), a $im de dar sentido ao 1ue

acontece e4terna e internamente ao homem. A $un%+o ideacional ou e4periencial da

linguagem 3 respons!el pela representa%+o do mundo atra3s da linguagem.

A $un%+o ideacional da linguagem n+o se mani$esta apenas no ocabul!rio, pois

h! diersas maneiras de construir a e4peri5ncia humana. $alanteescritor, no eento

comunicatio, organi9a a maneira 1ue melhor e4pressa os sentidos 1ue pretende dar ao

1ue est! $alandoescreendo. Eara tal, $a9 uso de categorias como transitiidade e

rela%&es l2gicas.

>ransitiidade, para allida- (//0), 3 o sistema gramatical de 1ue o

$alanteescritor lan%a m+o para construir a e4peri5ncia humana nos eentos

comunicatios. A transitiidade constr2i o $lu4o da e4peri5ncia em sentidos e em

 palaras e 3 representada na con$igura%+o de processos 1ue enolam participantes e,

eentualmente, circunstncias.s participantes do processo s+o as entidades enolidas M pessoas ou coisas,

seres animados ou inanimados. 64ercem pap3is como o de Ator, Bene$ici!rio, Eortador,

64perienciador e outros. As circunstncias re$eremFse Ds no%&es de tempo, modo, causa,

lugar e outros. s processos, em gram!tica $uncional, s+o usados com dois signi$icados:

a) para se re$erirem ao 1ue est! acontecendo no todo da ora%+o b) para se re$erir D parte

da proposi%+o encapsulada no sintagma erbal. Eodem ser diididos em tr5s grandes

grupos: material, mental e relacional. Al3m desses, tr5s outros intermedi!rios tamb3m

K

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s+o utili9ados: erbal, comportamental e e4istencial. 6m gram!tica $uncional, cada tipo

de processo enole di$erentes tipos de participantes.

Gale ressaltar 1ue a is+o tr=plice dos processos repousa, na erdade, na

distin%+o gramatical das classes de palaras em erbos, nomes, ad3rbios e outras

categorias. He antem+o, podeFse a$irmar 1ue os (i) sintagmas erbais, (ii) nominais e

(iii) aderbiais correspondem a (i) processos, (ii) participantes e (iii) circunstncias.

Hesse modo, processo, participante e circunstncia s+o categorais semnticas 1ue

e4plicam, na maioria dos casos, como os $enmenos do mundo real s+o representados

em estruturas ling"=sticas.

s processos materiais, ou processos de P$a9erQ, enolem uma gama de a%&es e

de acontecimentos do mundo real. Caracteri9amFse por serem concretos: re$eremFse ao

mundo $=sico, 1ue pode ser percebido pelos sentidos humanos e 1ue pode moimentarF

se no espa%o. Constituem oc!bulos 1ue e4empli$icam processos materiais: #entar',

#morrer', #1uebrar', #construir', #assar', #moimentarFse' e outros.

s processos materiais apresentam, no m=nimo, um participante M 3 o Ator. A

gram!tica cl!ssica denominaa esse termo #su7eito l2gico'. Eode haer tamb3m a *eta

 M o participante atingido pela a%+o M e, algumas e9es, o Bene$ici!rio, M o participante

1ue 3 bene$iciado pela a%+o. Zmbito ( Range na terminologia de allida-) 3 Pa

entidade 1ue e4iste independentemente do processo, mas 1ue indica o dom=nio no 1ual

o processo ocorreQ (//0, p. 0I). Bene$ici!rio e Zmbito s+o participantes nem sempre

 presentes na ora%+o. 6n1uanto o Bene$ici!rio corresponde, em ora%&es a$irmatias em

o9 atia, ao ob7eto indireto, na o9 passia 3 $re1"entemente o su7eito gramatical da

ora%+o.

Zmbito 3 muito comum em casos de desle4icali9a%+o erbal, ou se7a, casos

em 1ue o erbo se apresenta a9io de sentido. S+o e4emplos, em portugu5s, de

ocorr5ncias dos erbos #$a9er', #dar' e #ter', como em #$a9er uma prociss+o', #dar umcorte', #ter um encontro'. allida- denomina esses erbos de erbos #dorminhocos'. A

nominali9a%+o 1ue a= emerge, em muitos casos em l=ngua $alada, constitui di$eren%as de

registro, embora o sentido se7a o mesmo. Semanticamente, o papel e4ercido pelos

 participantes #uma prociss+o', #um corte' e #um encontro' di$erem do papel e4ercido

 pela *eta do processo, constituindo o seu Zmbito.

Alguns processos M os mentais F enolem $enmenos melhor descritos como

estados de nimo e eentos psicol2gicos (processos de percep%+o, de cogni%+o e dea$ei%+o). ?ormalmente s+o constru=dos atra3s de erbos como #pensar', #gostar',

/

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#sentir', #er', #1uerer', #ouir', #gostar' e outros. Uma di$eren%a entre o processo

material e o processo mental 3 1ue, no primeiro, todo participante 3 um ser F da

realidade ou da imagina%+o humana. ?o segundo, o mental, tomam parte os $atos,

constru=dos como participantes por pro7e%+o, ou se7a, por discurso citado ou relatado, ou

 por id3ias. s $atos podem ser istos, sentidos ou pensados, mas n+o podem #$a9er',

#e4ecutar' alguma coisa, como no processo material.

s processos mentais s+o e4perienciados pelo Su7eito do processo e participante

consciente M o 64perienciador (Bittencourt, ;<<, p. K e KT). *eta$oricamente esse

 papel pode ser e4ercido por entidades inanimadas. A1uele 1ue 3 atingido pelo processo

3 denominado Venmeno M complemento do processo. 64perienciador pode ser 

1ual1uer entidade criada pela consci5ncia humana: um ser, um ob7eto, uma institui%+o,

uma substncia. Venmeno, representado pelo conteJdo do sentido, re$ereFse ao 1ue 3

sentido, pensado ou isto. Como categorias de percep%+o, t5mFse os erbos #er',

#ouir', #cheirar' de cogni%+o, #pensar', #saber', #crer', #compreender' e de a$ei%+o,

#gostar', #odiar', #amedrontar' e outros.

Eor outro lado, os processos 1ue representam as categorias de (i) atribui%+o e (ii)

identi$ica%+o s+o denominados relacionais. Eertencem aos processos de #ser' e lembram

o conceito gramatical de c2pula. S+o tipicamente reali9ados atra3s do erbo #ser' ou

de 1ual1uer outro similar F #parecer', #tornarFse', #$icar', #andar' M e ainda os erbos

#ter', #possuir' e #pertencer'. ?as ora%&es relacionais, h! duas entidades de #ser':  x  3

isto como sendo y, e entre elas opera o sistema gramatical com tr5s tipos de rela%+o,

em 1ue emergem tr5s subcategorias: (a) a rela%+o 3 intensia, pois  x 3 y (b) a rela%+o 3

circunstancial, pois x est! #com,em,de,entre' y (c) a rela%+o 3 possessia, em 1ue  x tem

-. 6m 1ual1uer um dos tr5s tipos de rela%+o, dois di$erentes modos relacionais podem

acontecer: (i) atributio e (ii) identi$icador. A principal di$eren%a entre atribui%+o e

identi$ica%+o 3 a di$eren%a entre (i) membros de uma classe e (ii) simboli9a%+o. ?o modo atributio (i), interpretaFse  x como sendo um membro da classe de - F

3 o 1ue allida- denomina Eortador. Atributo de  x 3 ser -.?o modo identi$icador (ii),

 por outro lado, o processo erbal 3 reers=el, pois x 3 identi$icado por y, 7! 1ue y sere

 para de$inir a identidade de  x, 1ue n+o 3 membro da classe de y. s participantes, nesse

tipo de processo, passam a ser o Wdenti$icado e o Wdenti$icador, denominados por 

allida- respectiamente Token e Value, 1ue englobam di$erentes tipos de abstra%+o.

modo Wdenti$icador di$ere do Atributio pelo $ato de o grupo nominal Wdenti$cador ter como nJcleo um substantio comum, determinado por artigo de$inido ou 1ual1uer outro

<

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determinante, um substantio pr2prio ou mesmo um pronome. ad7etio, para ocupar 

essa posi%+o, dee estar no grau superlatio.

s erbos 1ue reali9am o processo relacional identi$icador s+o chamados

#erbos e1uatios': #agir como', #$uncionar como', #serir como', #signi$icar', #indicar',

#sugerir', #implicar', #mostrar', #igualar', #representar', #constituir', #e4empli$icar',

#ilustrar', #signi$icar', #e4pressar', #permanecer', #ser', #tornarFse', entre outros. modo

Wdenti$icador d! ao Wdenti$icado um status, atra3s do 1ual se iguala, age ou representa.

Al3m da rela%+o intensia (a), a mesma distin%+o entre (i) atribui%+o e (ii)

identi$ica%+o ocorre em dois outros subtipos de processos relacionais: (b) o processo

circunstancial e (c) o processo possessio.

 ?o processo circunstancial (b), a rela%+o entre 4 e - e4pressaFse semanticamente

atra3s das no%&es de tempo, lugar, modo, causa e outras. ?o processo atributio (b), a

circunstncia pode mani$estarFse atra3s de processo (ba) ou de Atributo (bb).

Xuando processo (ba), a circunstncia 3 e4pressa por um erbo (pesar, custar,

signi$icar). Xuando Atributo (bb), e4pressaFse atra3s de sintagmas aderbiais ou

 preposicionais.

 ?o processo de Wdenti$ica%+o (b;), podeFse di9er 1ue os participantes constituem

uma entidade 1ue est! ligada a outra por tra%os de tempo, modo, causa, lugar, etc.

Xuando identi$icador, o sintagma erbal carrega os tra%os circunstanciais de tempo,

modo, companhia, causa e outros, como #acompanhar', #lembrar', #atraessar'.

terceiro subtipo (c), denominado possessio, encapsula uma rela%+o de posse:

uma entidade possui a outra, como em x tem y, 1ue tamb3m pode ser (c) atributio ou

(c;) identi$icador. ?o modo atributio (c), a rela%+o de posse pode estar e4pressa por 

meio de um Atributo ou de um erbo, como em #Cl!udio umberto tem um carro' e #

carro pertence a Cláudio Humberto . ?o modo identi$icador (c;), a posse tamb3m se

con$igura entre duas entidades, podendo ser e4pressa atra3s de um tra%o relatio ao participante ou processo propriamente dito.

s erbos 1ue costumam ocorrer neste caso s+o #incluir', #enoler', #conter',

#consistir em' e outros. Algumas $ormas erbais desse tipo combinam tra%os de posse

com outros tra%os semnticos, como em #e4cluir' e #necessitar'. importante notar 1ue

a reersibilidade est! sempre presente no processo de Wdenti$ica%+o.

Eara allida-, h! tr5s processos 1ue podem completar os processos b!sicos de (i)

#$a9eracontecer', (ii) #sentirpensarperceber' e (iii) #ser'. S+o os processos de (i)#di9er', () 'comportarFse' e (i) #e4istir'.

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s processos de di9er s+o denominados por allida- de processos erbais. 6sta

categoria inclui n+o s2 os di$erentes modos de di9er, mas tamb3m os tra%os semnticos

adicionais 1ue instrumentali9am o 1ue se di9. principal participante deste processo 3 o

Valante, 1ue di9, conta, pede, grita, in$orma, pergunta, ordena, solicita in$orma%&es,

 bens eou seri%os. dele 1ue parte o processo de elocu%+o.

! o Recebedor, nem sempre presente, assemelhaFse a um Bene$ici!rio erbal, 7!

1ue 3 a ele 1ue se destina todo o processo. Valado 3 o escopo do di9er, em termos de

categoria gen3rica (pergunta, anedota) categoria $uncional (1uest+o, declara%+o) ou

categoria l34icoFgramatical (palara, $rase). >amb3m a1ui s+o inclu=das categorias n+oF

ling"=sticas, como Pdan%aQ, P$aorQ e outras.

! ainda outro participante M o Alo (Target  na nomenclatura de allida-, //0,

 p. 0). Alo 3 a entidade 1ue 3 atingida pelo processo de di9er. um participante

 peri$3rico 1ue n+o ocorre em discurso citado ou discurso relatado, apenas

incidentalmente. S+o e4emplos de erbos 1ue aceitam Alo: PdescreerQ, Pba7ularQ,

PinsultarQ, PcaluniarQ, Pe4plicarQ, Pre9arQ, PcondenarQ, PcastigarQ, PculparQ e outros.

! inJmeros casos em 1ue o conteJdo do di9er 3 representado por uma ora%+o

separada sintaticamente da1uela 1ue porta o erbo de elocu%+o: constitui, nesses casos,

o discurso citado ou o discurso relatado, 1ue allida- (//0, p. <K) denomina

 pro7e%+o. s erbos de elocu%+o Pdi9erQ e P$alarQ constituem erbos neutros. >odaia,

um grande nJmero de erbos pode ser empregado para indicar esse tipo de processo.

Algumas e9es, podem apresentar $or%a ilocucion!ria e reali9ar atos de $ala. Alguns

e4emplos s+o PprometerQ, PconsiderarQ, PordenarQ, PinsistirQ, PaconselharQ, PgarantirQ e

outros.

s processos comportamentais, segundo allida- (//0, p. /), s+o processos

tipicamente humanos, $isiol2gicos e psicol2gicos. ?em todas as $ronteiras est+o bem

delimitadas em rela%+o aos processos comportamentais. pr2prio allida- os 5 comcaracter=sticas parcialmente materiais e parcialmente mentais. Segundo a$irmam Bloor 

N Bloor (//O, p. ;O), os processos comportamentais constituem uma #!rea cin9enta'

entre os dois processos mencionados.

Jnico participante, A1uele 1ue se Comporta, 3 um ser consciente, como o

64perienciador, mas o processo se assemelha a #$a9er', n+o a #sentir'. Eodem ser 

considerados processos comportamentais os erbos 1ue e4pressam (i) a $orma do

comportamento (obserar, $itar, ouir, er), (ii) os processos de comportamento(tagarelar, resmungar), (iii) os processos $isiol2gicos 1ue e4pressam estados de

;

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consci5ncia (chorar, rir, sorrir, choramingar), (i) os processos $isiol2gicos como

#transpirar', #tossir', #desmaiar', #boce7ar', #dormir' e () as posturas corporais e os

entretenimentos, tais como #dan%ar', #cantar', #sentar' e outros.

s processos e4istenciais di$erem dos relacionais por1ue, na ora%+o e4istencial,

h! somente um participante: o 64istente. S+o tamb3m processos de ser, mas n+o contam

com o segundo elemento para estabelecer atributos ou identidades. $re1"ente, nesses

casos, a presen%a de circunstncias de lugar acompanhando o processo. >amb3m os

erbos #e4istir', 'ressurgir', #ocorrer', #acontecer', #seguir', #emergir' e4ercem o mesmo

 papel.

2.2 A )#$% !)(rp(''%a+

Atribuir $un%+o interpessoal D linguagem 3 darFse conta do #$a9er com a

linguagem', ou se7a, do papel 1ue as palaras e4ercem em um eento comunicatio. A

linguagem, nesta perspectia, 3 ista como a%+o, em 1ue os sentidos promoem a

intera%+o social e os pap3is dos $alantes s+o determinados por condi%&es particulares,

se7am elas sociais, econmicas, pro$issionais ou outras. A an!lise das trocas ling"=sticas

d! conta, assim, do tipo de proposi%+o ou proposta 1ue est! ocorrendo, das atitudes e

 7ulgamentos encapsulados na camada erbal e dos tra%os ret2ricos 1ue a constituem

como um ato simb2lico interpessoal (allida-, /K/, p. 0O).

Xuando as ora%&es t5m status de troca, o principal sistema a ser analisado 3 o

*H, recurso atra3s do 1ual os participantes do eento organi9am suas

mani$esta%&es oraisescritas, enolendo uma s3rie de estrat3gias gramaticais a $im de

atingirem seus ob7etios comunicatios. As op%&es b!sicas de *H constituemFse em

ora%&es indicatias (interrogatias e declaratias) e ora%&es imperatias. As

interrogatias podem reali9arFse atra3s de perguntas XUF ou de 1uest&es 1ue suscitam

respostas do tipo simn+o. ! as declaratias podem ser e4clamatias e n+oFe4clamatias.

Segundo allida- (/K/, p. IKFI/), a linguagem, nos eentos comunicatios,

e4erce pap3is, 1uais se7am os de #dar' ou #solicitar', dependentes da nature9a da

#negocia%+o' 1ue est! ocorrendo. Eara o autor, podeFse dar eou solicitar in$orma%+o

eou bens e seri%os. Xuando se d! in$orma%+o, $a9Fse uma declara%+o e 1uando se d!

um bem e seri%o, $a9Fse uma o$erta. Eor outro lado, 1uando se solicita uma in$orma%+o,

$a9Fse uma pergunta e 1uando s+o solicitados bens e seri%os, $a9Fse um comando. Aomesmo tempo, allida- prop&e 1ue as trocas entre os interlocutores, 1uando constituem

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in$orma%&es, se7am denominadas #proposi%&es' e, 1uando constituem bens e seri%os,

se7am chamadas #propostas'. Xuadro ilustra o 1ue $oi e4posto.

  XUAHR M Eap3is da linguagem e *H

  mercadoria

 papel na troca

in$orma%+o bens e seri%os

dar declara%+o o$ertasolicitar pergunta comando

pr%p%'!#$% Pr%p%'aVonte: allida-, /K/, p. I/

Cada uma das $un%&es arroladas no Xuadro , 1uando atiadas pelo locutor,

 pode ser considerada ou n+o pelo interlocutor. Eor parte do primeiro, h! uma

e4pectatia de retorno comunicatio, 1ue pode ou n+o acontecer. As declara%&es

 pressup&em reconhecimento, as perguntas aguardam respostas, as o$ertas esperam

aceita%&es e os comandos aguardam empreendimento por parte do interlocutor.

6ntretanto, sabeFse 1ue nem sempre as e4pectatias do locutor con$irmamFse. EodeFse

ter, alternatiamente para cada uma das situa%&es, contradi%+o, desconsidera%+o,

re7ei%+o ou recusa. Xuadro ; resume o 1ue $oi e4posto.

XUAHR ; M Vun%&es de $ala e poss=eis respostas

)#$% r('p%'a ('p(ra&a r('p%'a a+(r)a!*adeclara%+o reconhecimento contradi%+o pergunta resposta desconsidera%+o

o$erta aceita%+o re7ei%+ocomando empreendimento recusa

Vonte: allida-, /K/, p. I/

Hentre os recursos gramaticais 1ue contribuem para e4plicitar a $un%+o

interpessoal da linguagem, podeFse encontrar: ocatios, perguntas, opini&es do autor 

ou dos leitores presentes no te4to, marcadores de polaridade (sim, n+o, nenhum, nada),

erbos au4iliares (ser, estar, ter, haer) ad3rbios de modo (proaelmente,

 possielmente, certamente), marcadores atitudinais (in$eli9mente, $eli9mente, com

 pra9er, pesarosamente, $rancamente), modali9adores (poder, deer, ter de, precisar,

necessitar), aaliatios (interessante, necess!rio, prudente, horr=el), ad3rbios de

0

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$re1"5ncia (usualmente, Ds e9es, nunca, sempre, raramente) e elementos

metadiscursios.

Um outro recurso gramatical 1ue eidencia a $un%+o interpessoal da linguagem 3

a polaridade, 1ue pode ser de$inida como Pa escolha entre positio e negatioQ

(allida-, /K/, p. KK). ?ormalmente a polaridade situaFse no mbito da $orma erbal,

ao se usarem senten%as a$irmatias ou negatias.

6ntretanto, nem todas as possibilidades 1ue a linguagem o$erece para 1ue

algu3m mani$este suas opini&es situamFse somente nos dois p2los, o positio e o

negatio. poss=el 1ue a opini+o se situe em n=eis intermedi!rios, desde o menos

negatio at3 o menos positio. 6sses graus intermedi!rios, 1ue situam a $ala humana

entre um p2lo positio e outro negatio, s+o conhecidos como modalidade. A

modalidade 3 um recurso gramatical utili9ado para e4pressar signi$icados relacionados

ao 7ulgamento do $alante em graus de positiidade ou de negatiidade. Eara tanto, usamF

se modali9adores e ad3rbios.

A no%+o de modalidade est! relacionada D distin%+o entre proposi%&es

(in$orma%&es) e propostas (bens e seri%os). Xuanto Ds proposi%&es, h! dois tipos de

 possibilidades intermedi!rias: (i) graus de probabilidade (ii) graus de usualidade.

Ambos podem ser e4pressos em termos de erbos modais ou de ad7untos modais.

s graus de probabilidade s+o tr5s: possibilidade, probabilidade e certe9a.

Reali9amFse com $ormas erbais do tipo #pode3 poss=el', #dee3 pro!el', #dee3

certo'. ! os graus de usualidade reali9amFse com ad7untos modais ou sintagmas

aderbiais do tipo #usualmente', #Ds e9es', #sempre', #3 costume'. untas, a

 probabilidade e a usualidade constituem o 1ue allida- (/K/, p. K/) denomina

modali9a%+o. Eertencem D categoria da modalidade epist5mica.

Xuanto Ds propostas, relatias a bens e seri%os (o$ertas e comandos), allida-

(idem) prop&e o termo modula%+o. ?a modula%+o, tamb3m h! graus intermedi!rios 1uese situam entre os p2los positio e negatio. Se comando, h! graus de obriga%+o:

#permitido', #aceit!el' e #necess!rio' se o$erta, h! graus de inclina%+o: #inclinado',

#dese7oso'. #determinado'. >anto a categoria obriga%+o 1uanto a categoria inclina%+o

 podem reali9arFse gramaticalmente atra3s de um erbo modali9ador, de uma e4pans+o

do predicador ou por um ad7etio. A modula%+o pertence D categoria da modali9a%+o

dentica.

2.: A )#$% (7a+

O

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SabeFse 1ue a organi9a%+o >emaFRema (>FR) constitui modo particular de

organi9a%+o da ora%+o, em n=el local, e do te4to, em n=el global. Atra3s da

obsera%+o da organi9a%+o oracional e global e do mapeamento da constitui%+o >FR das

ora%&es, podeFse obserar um dos muitos recursos 1ue s+o utili9ados nos te4tos com

istas a persuadir o leitor.

A ora%+o, segundo allida- (//0), d! conta da organi9a%+o local do conte4to

em rela%+o ao conte4to maior em 1ue est! inserida. 6ste conte4to local apresenta um

 ponto de partida da in$orma%+o M o >ema. restante da mensagem, ou se7a, o 1ue se

apresenta sobre o >ema, 3 chamado de Rema. Assim, a ora%+o como mensagem

apresenta a estrutura >emaFRema. 6m portugu5s, a posi%+o inicial de uma ora%+o 3

sempre ocupada pelo >ema, 1ue organi9a a in$orma%+o.

A ora%+o pode ser conte4tuali9ada sempre em tr5s perspectias meta$uncionais M 

a perspectia te4tual, a interpessoal e a ideacional (ou de t2pico). Conse1"entemente, a

ora%+o, segundo allida- (//0), apresenta est!gios de an!lise, segundo as

meta$un%&es.

>ema P>2picoQ (ou Wdeacional) pode ser reconhecido como o primeiro

elemento da ora%+o 1ue e4pressa algum conteJdo PrepresentacionalQ. Eode ser e4presso

(i) pelo(s) participante(s), (ii) pela circunstncia ou (iii) pelo processo. s recursos

ling"=sticos utili9ados s+o: para (i), sintagmas nominais, para (ii), sintagmas aderbiais

(de tempo, lugar, causa, etc.) e para (iii), sintagmas erbais. Xuando (i), o >ema 3 n+oF

marcado 1uando (ii) ou (iii), di9Fse 1ue a ora%+o possui >ema marcado, o 1ue constitui

um recurso signi$icatio na estrutura%+o global do discurso e na $or%a argumentatia do

te4to.

Gista a ora%+o sob a perspectia interte4tual, e4ercem o papel de >ema, em

 portugu5s, os erbos au4iliares, os interrogatios XU (1uem, o 1ue, 1ual, etc.), os

ocatios, as met!$oras interpessoais (P6u gostaria...Q, P6u pediria...Q, P poss=el...Q), bem como os marcadores ret2ricos de alidade e de atitude (Gande [opple, /KO, p.

K). 6sses reelam a presen%a do autoremissor no te4to e orientam o interlocutor no

 processo de intera%+o social.

 s marcadores de alidade s+o empregados a $im de conencer o leitor em termos

de mais certe9a (P3 precisoQ, PdeeQ, P3 necess!rioQ) ou de menos certe9a (Ptale9Q,

PpareceQ). s de atitude e4pressam a aalia%+o positia ou negatia do autor e

mani$estamFse atra3s de ad3rbios atitudinais (Pe$etiamenteQ, PnaturalmenteQ,

I

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PsurpreendentementeQ) e de ad7etios 1ue con$iguram aalia%+o en$!tica (Plament!elQ,

Pe4celenteQ, Phorr=elQ, Pimperdo!elQ)

>ema na perspectia te4tual geralmente ocupa a posi%+o inicial, anterior a

1ual1uer outro, se7a interpessoal ou ideacional. Eriilegia recursos ling"=sticos 1ue

e4ercem $un%+o de con7un%+o entre ora%&es, 1ue marcam uma ora%+o como dependente

de outra, 1ue relacionam ora%&es entre si e 1ue estabelecem continuidade ao discurso

anterior. >amb3m utili9a os recursos metadiscursios (Gande [opple, /KO, p. K) tais

como conectores 1ue estabelecem rela%&es te4tuais e reali9amFse como

se1"enciali9adores (Pem primeiro lugarQ, Pap2sQ), se1"enciali9adores 1ue indicam

algum tipo de rela%+o temporal ou l2gica (PentretantoQ, Pconse1"entementeQ, Pao

mesmo tempoQ, Pdesse modoQ) e conectores usados para lembrar algo ao leitor 

(Pcon$orme eu disse no cap=tulo anteriorQ, Psegundo a solicita%+oQ). s topicali9adores

tamb3m se en1uadram na perspectia te4tual (Ppor e4emploQ, Pou se7aQ, Pem

considera%+oQ, Po problema 3Q).

AnalisandoFse uma ora%+o e partindoFse linearmente da es1uerda para a direita,

3 poss=el estabelecer as $ronteiras entre >ema e Rema. Rema sempre ocupa a posi%+o

D direita o >ema, D es1uerda. A real $ronteira entre os dois se estabelece ap2s 1ual1uer 

elemento representacional (participante, circunstncia ou processo).

:. METODOLOGIA

6ste estudo constitui de uma an!lise de tr5s pe1uenos te4tos intitulados PHe

 porre, n+oQ (te4to F >), P>rapalhadaQ (te4to ; M >;) e P8olpe na LiberdadeQ (te4to M 

>), de autoria de Cl!udio umberto, articulista da 8a9eta de Alagoas, cu7a publica%+o

ocorreu em de maio de ;<<0. procedimento para o e4ame dos te4tos ter! duas

etapas: na primeira, ser! delineada, de modo mais geral, a con$igura%+o conte4tual dos

te4tos selecionados e, na segunda etapa, ser+o identi$icadas as tr5s $un%&es dalinguagem relatias D con$igura%+o conte4tual.

s resultados obtidos ser+o apresentados e comparados na se%+o $inal do artigo.

Eara uma melhor isuali9a%+o da an!lise, 1uadros anal=ticos ser+o apresentados em

#Ane4os'.

;. RESULTADOS E DISCUSSÃO

*uito se $alou do Brasil no m5s de maio de ;<<0, deido a uma reportagem de

Larr- Rohter, 7ornalista americano, 1uanto aos h!bitos et=licos do presidente da na%+o

T

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 brasileira. A mat3ria bombasticamente titulada de \!bito de beber de Lula se torna

 preocupa%+o nacional\, escrita pelo correspondente no Brasil do  !e" #ork Times  e

eiculada em / de maio de ;<<0, $oi considerada pelo Eal!cio do Elanalto como

caluniosa, preconceituosa e anti3tica. $ato proocou tumulto no pa=s e o 1ue era para

ser uma mat3ria sem importncia tomou propor%&es internacionais.

Cl!udio umberto, 7ornalista, portaFo9 da presid5ncia da RepJblica no goerno

Vernando Collor (//<F//;), $oi citado na reportagem de Rohter como a pessoa 1ue

 patrocinara um concurso para dar um nome ao ai+o presidencial 1ue estaa sendo

ad1uirido pelo Elanalto, ao 1ual ironicamente sugeria denominarFse Eirassununga O.

mesmo 7ornalista mant3m um site na internet al3m de colunas em !rios 7ornais do pa=s,

dentre eles a 8a9eta de Alagoas, publicada em *acei2, nordeste do Brasil. >em se

especiali9ado em tecer cr=ticas !cidas aos bastidores da pol=tica brasileira. Eublicou a

obra PEoder sem pudor M hist2rias de $olclore, talento e eneno na pol=tica brasileiraQ

 pela editora 8era%+o 6ditorial. autor de te4tos como #Ba$metro de ouro', #Eing"im

doido', #Conselho de colega', #Camaradagem', #n the rocs', #Leite, s2 bati9ado',

#Histor%+o', #He porre, n+o', #>rapalhada' e #8olpe na liberdade', entre outras,

constituintes de suas colunas de opini+o.

Seguem os tr5s te4tos selecionados para an!lise, assim identi$icados da1ui para

diante: #He porre, n+o' (te4to M >), #>rapalhada' (te4to ; M >;) e #8olpe na liberdadeQ

(te4to M >).

DE PORRE9 N<O

sindicato dos seridores do Legislatio, o Sindilegis, decidiu distribuir o

seguinte adesio de p!raFbrisas: PSe beber, n+o diri7a o BrasilQ.

TRAPALHADA

A trucul5ncia enceu a solidariedade: a decis+o de e4pulsar o 7ornalista do ?>

$oi tomada no e4ato instante em 1ue l=deres goernistas articulaam um

mani$esto de apoio ao presidente Lula assinado at3 pela oposi%+o.

GOLPE NA LI=ERDADE

presidente nacional da AB, Roberto Busato, estee entre as pessoas mais

indignadas com a e4puls+o do rep2rter do ?>: P$oi o pior golpe contra a

liberdade de imprensa no Ea=s desde a censura imposta pelos militaresQ.

;.1 Pr!/(!ra (apa> C%)!,ra#$% "%)(7a+

K

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Eara a determina%+o da con$igura%+o conte4tual (CC) de cada um dos te4tos, 3

essencial 1ue se apontem os tr5s elementos constitutios do conte4to: campo, rela%+o e

modo.

6m > o "a/p% di9 respeito a um coment!rio irnico $eito pelo 7ornalista

Cl!udio umberto em rela%+o a adesios de p!raFbrisas para ridiculari9ar o presidente

Lu=s Wn!cio Lula da Sila. A r(+a#$% aponta os participantes do eento comunicatio: de

um lado o 7ornalista, especialista em construir cenas e e4press&es de pro$unda cr=tica

aos pol=ticos e de outro os leitores do 7ornal. A rela%+o 1ue se estabelece entre os dois

interactantes 3 ista como uma rela%+o de distanciamento, em 1ue o autor $a9 um

coment!rio e n+o apela e4plicitamente para o leitor, o 1ual tem como tare$a ler o te4to e,

tale9, tecer algum coment!rio oral ou escrito com seus amigos ou atra3s de cartas do

leitor. ! assimetria nas rela%&es sociais entre os participantes, pois o autor se coloca

como detentor do conhecimento, ignorando o leitor. ! o /%&% apresentaFse como um

 pe1ueno te4to escrito, publicado em uma coluna de opini+o pol=tica do 7ornal 8a9eta de

Alagoas, constitu=do de uma pe1uena narratia.

6m #>rapalhada' (>;), o "a/p%  di9 respeito a uma opini+o e4pl=cita do

 7ornalista em rela%+o D e4puls+o de Larr- Rohter do Brasil. Va9em parte da r(+a#$% o

autor e seus leitores, noamente distanciados pela linguagem, 1ue e4pressa a opini+o do

 7ornalista em rela%+o ao acontecimento. Xuanto ao /%&%, >; est! organi9ado em uma

senten%a apenas e tamb3m utili9ou o canal gr!$ico e o meio escrito M a coluna de 7ornal.

! em >, o "a/p% se apresenta como uma in$orma%+o, agora comentada, acerca

de declara%+o do presidente nacional da rdem dos Adogados do Brasil. A r(+a#$%

estabeleceFse noamente entre autor e leitor, mais uma e9 indicando a assimetria dos

 pap3is desempenhados pelos participantes do eento comunicatio. /%&%

constitui a organi9a%+o te4tual em $orma de not=cia escrita para ser lida e de cita%+o da

$ala de uma personagem atra3s de discurso direto.

;.2 S(,)&a (apa> )#(' &a +!),a,(/

primeiro te4to tem na )#$% !&(a"!%)a+ participantes como #o Sindilegis', #o

adesio de p!raFbrisas' e #o Brasil'. s processos materiais (#distribuiu', #beber',

#diri7a') prealecem e h! a presen%a de um processo mental (#decidiu'). ?a )#$%

!)(rp(''%a+, o participante Cl!udio umberto comportaFse como a1uele 1ue d! a

in$orma%+o ao leitor, a 1ual pode ser aceita ou n+o. ! o uso do modo indicatio, dosub7untio e do imperatio. ?a )#$% (7a+, o >ema t2pico est! e4presso por #o

/

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Sindicato dos Seridores do Legislatio, o Sindilegis' e o Rema organi9aFse de modo a

comproar o >ema ao apresentar uma $ala de em discurso direto.

te4to ; M #>rapalhada' (>;) M apresenta na )#$% !&(a"!%)a+ participantes

como #trucul5ncia', #solidariedade', #a decis+o', #7ornalista do ?>, #l=deres

goernistas', #um mani$esto de apoio ao presidente Lula' e #oposi%+o'. Erealecem os

 processos materiais (#enceu', #e4pulsar', #articulaam', #assinado'), mesclados a um

mental (#$oi tomada'). A circunstncia presente indica temporalidade (#no e4ato instante

em 1ue...'). ! a )#$% !)(rp(''%a+ concreti9aFse em senten%as declaratias e uso do

modo indicatio (#enceu', #articulaam') ao o$erecer o autor uma in$orma%+o ao leitor,

e a )#$% (7a+ apresentaFse como um te4to opinatio, em 1ue o >ema comporta a

opini+o do autor e o Rema a 7usti$icatia dessa opini+o.

> M #8olpe na liberdade' M tem, como )#$% !&(a"!%)a+, a tare$a de noticiar ao

leitor o 7ulgamento de um determinado participante (#Roberto Busato') acerca da

e4puls+o de Larr- Rohter do Brasil. ! a presen%a de dois processos relacionais

(#estee', #$oi') e o Atributo circunstancial de lugar (#entre as pessoas mais indignadas

com a e4puls+o do rep2rter do ?>'), al3m das circunstncias de lugar (#no Ea=s') e de

tempo (#desde a censura imposta pelos militares'). A )#$% !)(rp(''%a+ apresentaFse

atra3s do modo indicatio (#estee', #$oi') e do aaliatio utili9ado por Roberto Busato

(#o pior golpe') em 1ue Cl!udio umberto o$erece uma in$orma%+o a seu leitor. A

)#$% (7a+ priilegia como >ema o participante presidente da AB e como Rema

sua declara%+o a respeito da atitude do presidente brasileiro.

CONCLUSÃO

Ap2s a an!lise dos te4tos, podeFse concluir 1ue, com rela%+o D $un%+o

ideacional, ocorreu a preal5ncia dos processos materiais, atra3s dos 1uais o autor do

te4to $a9 pe1uenos relatos aos leitores sobre acontecimentos dos bastidores da pol=ticarelacionados ao epis2dio Larr- Rohter. Ao utili9ar tamb3m dois processos relacionais e

um mental, o autor busca a atribuir alores de erdade D sua narra%+o.

Xuanto D $un%+o interpessoal, percebeFse em todos os te4tos 1ue o autor se

coloca como algu3m 1ue det3m o conhecimento e tenta pass!Flo ao leitor de uma $orma

 pitoresca e, de certa maneira, com um tom de #$o$oca'. Wsso 3 comproado atra3s do

uso de proposi%&es no modo indicatio e da modalidade epist5mica.

 ?a $un%+o te4tual, prealecem os >emas t2picos, caracter=sticos do o$erecimentode in$orma%+o M ponto de partida da mensagem. As aalia%&es, 1uando presentes, s+o

;<

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colocadas no Rema, o 1ue signi$ica 1ue esse segmento ocupa lugar importante no $lu4o

da in$orma%+o.

Eelo e4posto, concluiFse 1ue, pelo uso de processos materiais, de proposi%&es

em 1ue a in$orma%+o 3 o$erecida e de >emas t2picos, Cl!udio umberto, nos tr5s te4tos,

 pretende in$ormar seus leitores sobre os acontecimentos peri$3ricos do caso Larr-

Rohter, mas n+o dei4a, como cabe a um autor de coluna pol=tica, de lan%ar os seus

 pitacos no caldeir+o de aidades nacionais atingidas pela reportagem do 7ornalista

americano.

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ANEOS

 ?esta se%+o, apresentaFse a an!lise indiidual das ora%&es, tendo em ista as tr5s

$un%&es hallida-anas. Ap2s a separa%+o das ora%&es, entre par5nteses 3 registrado o

elemento gramatical constitutios de cada uma das tr5s $un%&es.

1. T1

DE PORRE9 N<O

ra%+o : sindicato dos seridores do Legislatio, o Sindilegis, decidiu

ra%+o ;: distribuir o seguinte adesio de p!raFbrisas:

ra%+o : PSe beber,

ra%+o 0: n+o diri7a o BrasilQ.

N F)#$% !&(a"!%)a+ F)#$% F)#$% (7a+

;;

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!)(rp(''%a+Par!"!-

pa)('

Pr%"(''%' C!r")'-

8)"!a'

M%&% M%&a+!-

&a&(

T(/a R(/a

sindicato dos seridores

do Legislatio, o

Sindilegis,

(64perienciador)

decidiu

 

(mental)

F decidiu

(indicaF

tio)

 proposi%+o

(epist5miF

ca)

sindicato dos

seridores do

Legislatio, oSindilegis,

decidiu

(t2pico)

; (ele)

o seguinte adesio de

 p!raFbrisas:

 (Atores)

distribuir :

(material)

distribuF

ir 

(in$initiF

o)

 proposi%+o

(epist5miF

ca)

(ele) decidiu

  (t2pico)

distribuir o

seguinte

adesio de

 p!raFbrisas

(oc5)

 (Ator)

Beber 

(material)

#beber'

(sub7unti

o)

 proposi%+o

condicional

(epist5miF

ca)

PSe beber,

 

(te4tual)

  F

0 (oc5)

o BrasilQ

 

(Atores)

Hiri7a

(material)

imperati

o

(diri7a)

 proposta

negatia:

#n+o'

(dentica

de

 polaridaF

de

negatia)

n+o diri7a

(t2pico)

o BrasilQ

2. T2

TRAPALHADA

ra%+o : A trucul5ncia enceu a solidariedade:

ra%+o ;: a decis+o (...) $oi tomada no e4ato instante

ra%+o : de e4pulsar o 7ornalista do ?>

ra%+o 0: em 1ue l=deres goernistas articulaam um mani$esto de apoio ao presidente Lula

ra%+o O: assinado at3 pela oposi%+o.

N F)#$% !&(a"!%)a+ F)#$% F)#$% (7a+

;

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!)(rp(''%a+Par!"!-

pa)('

Pr%"(''%' C!r")'-

8)"!a'

M%&% M%&a+!-

&a&(

T(/a R(/a

A trucul5ncia

 a solidariedade:

(Atores)

enceu

(material)

Genceu

(indicati

o)

 proposi%+o

(epist5miF

ca)

A trucul5ncia

enceu

(t2pico)

a

solidarieF

dade:

; a decis+o

(64perienciador)

no e4ato instante

(Venmeno

circunstancial detempo)

  $oi

tomada

(mental)

$oi

tomada

(indicati

o)

 proposi%+o

(epist5miF

ca)

a decis+o (...)

$oi

(t2pico)

tomada no

e4ato

instante

o 7ornalista do ?>

(Ator)

e4pulsar

(material)

e4pulsar 

(in$initi

o)

 proposi%+o

(epist5miF

ca)

de e4pulsar 

(t2pico)

o

 7ornalista

do ?>

0  l=deres goernistas

um mani$esto de apoio

ao presidente Lula

(Atores)

articulaF

am

(material)

em 1ue(...) articulaF

am

(indicati

o)

 proposi%+o

(epist5miF

ca)

em 1ue l=deres

goernistas

articulaam.

(t2pico)

um

mani$esto

de apoio

ao

 presidente

Lula

assinado

at3 pela

oposi%+o.

O a oposi%+o

(um mani$esto de apoio

ao presidente Lula)

(Atores)

assinado

(material)

assinaF

do

(indicati

o)

 proposi%+o

(epist5miF

ca)

assinado

(t2pico)

at3 pela

oposi%+o.

:. T:

GOLPE NA LI=ERDADE

;0

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ra%+o : presidente nacional da AB, Roberto Busato, estee entre as pessoas mais indignadas com a

e4puls+o do rep2rter do ?>:

ra%+o ;: P$oi o pior golpe contra a liberdade de imprensa no Ea=s desde a censura imposta pelos

militaresQ.

N

F)#$% !&(a"!%)a+ F)#$%

!)(rp(''%a+

F)#$% (7a+

Par!"!-

pa)('

Pr%"(''%' C!r")'-

8)"!a'

M%&% M%&a+!-

&a&(

T(/a R(/a

presidente nacional

da AB, Roberto

Busato,

(Eortador)

entre as pessoas mais

indignadas com a

e4puls+o do rep2rter do

 ?>:

(Atributo circunstancial)

estee

(RelacioF

nal

circunstan

cial)

estee

(indicati

o)

 proposi%+o

(epist5mi

ca)

presidente

nacional da

AB, Roberto

Busato, estee

(t2pico)

entre as

 pessoas

mais

indignadas

com ae4puls+o

do

rep2rter 

do ?>:

; (esse)

(Eortador)

o pior golpe contra a

liberdade de imprensa

no Ea=s

(Atributo)

P$oi

(relacioF

nal)

no Ea=s

(lugar)

desde a

censura

imposta

 pelos

militaresQ.(tempo)

P$oi

(indicati

o)

 proposi%+o

(epist5miF

ca)

P$oi

(t2pico)

  o pior  

golpe

contra a

liberdade

de

imprensa

no Ea=s

desde acensura

imposta

 pelos

militaresQ.

;O