Batalha de flores

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BATALHA DE FLORES Rio de Janeiro 1903 Textos em itálico: Charles Dunlop Pesquisa e texto: Cau Barata (2003) - Formatação para arquivo pps – 27.11.2008

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BATALHA DE FLORESRio de Janeiro

1903

Textos em itálico: Charles Dunlop

Pesquisa e texto: Cau Barata (2003) - Formatação para arquivo pps – 27.11.2008

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BATALHA DE FLORES

“Francisco Pereira Passos, Prefeito do Distrito Federal no quatriênio do

Presidente Francisco de Paula Rodrigues Alves (1902-1906), não se limitou à reforma material da cidade, destruir e construir edificações, abrir

e alargar ruas: procurou dar-lhe outros atrativos. Dedicou-se em introduzir novas distrações para

enrredar os espíritos da submissão ao Carnaval, até então a única festa

popular.”

“Assim é que instituiu, com supremo esplendor, no dia 15 de agosto de

1903, a Batalha de Flôres, no jardim da Praça da República (Campo de

Santana). Contam que, um dia, observaram ao grande Prefeito que o

povo do Rio de Janeiro não se importava com a Natureza, nem dava aprêço à Arte. Os recantos pitorescos da cidade abandonados e os parques

e jardins que a aformoseavam não tinham quem os freqüentasse.”

Campo de Santana em 1909Campo de Santana em 1880Os preparativos:

“Nos primeiros dias de julho, o Prefeito enviou convite para os seguintes Conselheiros, a fim de constituir uma comissão:

“Camelo Lampreia, Capitão-tenente Santos Pôrto, Coronel Souza Aguiar, Dr. Alberto de Faria, Barão de Ibirocaí, Dr. Ataulpho de Paiva, Dr. Fernando Mendes de

Almeida, J. Vasco Ramalho Ortigão, Dr. Paulo de Frontin, Dr. Eugênio Gudin (pai), Dr. Hélio Bastos Vordeiro, Comendador Adolpho Hasselman, Dr. Júlio Benedito Otoni, General Hermes da Fonseca, Senador Antônio Azeredo e Deputado Melo

Matos.”

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BATALHA DE FLORES

“Tendo deliberado esta Prefeitura realizar uma Batalha de Flôres no parque da Praça

da República, que para essa diversão se presta admiravelmente, e não podendo

levá-la a efeito sem o concurso valioso e eficaz de uma comissão que, composta de cavalheiros notáveis por sua dedicação à

causa pública e pelas relações de que dispõem, se incumba do programa dessa festa e do julgamento para concessão dos

respectivos prêmios, tenho a honra de convidar V. Exa. para fazer parte dessa

comissão, que se reunirá pela primeira vez no dia 15 do corrente, às 4 horas da tarde,

no meu gabinete.”

O Convite do Prefeito:

Chapéus floridos

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BATALHA DE FLORES

Houve a reunião, fez-se o programa e a primeira dessas festas, tão animada, elegante e alegre quanto as famosas

batalhas de flores de Nice, Viena e Paris, teve lugar no dia 15 de agosto.

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BATALHA DE FLORES“Engabelou-se o “abandonado” jardim da

Praça da República e o entusiasmo com que o povo acolheu a iniciativa do Prefeito

ultrapassou a expectativa, atingindo a concorrência de espectadores a proporções

inesperadas.”

“Em pavilhões elegantes, em

caramanchões festivos, apinhavam-se os que

tinham pago, além dos 2$000 de entrada, mais

5$000 para poderem sentar-se.”

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BATALHA DE FLORESO jornal, O Commentário, de

setembro de 1903, deixou-nos os seguintes comentários:

“Sabem todos que essas batalhas de Flores, tão animadas, elegantes e alegres quando feitas em Nice, em

Viena e em Paris, são um divertimento de ricos com o qual tem o povo a ganhar: o gosto visual do

luxo em exibição e a emoção artística nos aspectos ornamentais das carruagens. É, portanto, um meio de educar esteticamente os

rudes e os pobres.”

Até as crianças se divertem.

Continua O Commentário:

“ Chegou a nossa vez – pobre cidade desleixada! – de gozar desse requinte de civilização. A iniciativa do Sr. Dr. Pereira Passos, prefeito do Distrito Federal, devemos, a primeira dessas festas que teve lugar, aos quinze do mês de agosto, no Parque da Praça

da República.

Se a primeira Batalha de Flores não correspondeu completamente às

intenções do ilustre Prefeito, com certeza o entusiasmo com que o povo

a acolheu ultrapassou à sua expectativa, porque a concorrência de

espectadores atingiu a um número incontado.”

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BATALHA DE FLORESPROTECIONISMO?

Vimos a relação dos distintos cavalheiros convidados pelo Prefeito

para escolherem os melhores, aqueles que seriam premiados e, entre os

agraciados com o prêmio, estavam os filhos do julgador Alberto de Faria,

que desfilaram num “landau transformado em cesta, cheia de rosas

e orchídeas.”

Outro carro premiado foi o do próprio julgador, Sr. Ramalho Ortigão, com um “phaeton todo adornado de orchideas, parasitas e outras flores,

das quaes emergia uma cupola formada de ramos brancos em cujas extremidades balançavão alvas pombas.”

Prêmios para o Club dos Diários e para o Sr. Monteiro Ready, com um “phaeton todo recamado de parasitas e rosas-chá, de estylo gothico.”

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BATALHA DE FLORES

“As alamedas, os gramados, as pontes, a gruta, as ilhas, tudo estava repleto, e os carros e as carruagens vistosamente enfeitados de

flôres.”

“As senhoritas começaram a “batalha”, ATIRANDO FLÔRES de um carro contra outro e contra os espectadores também, que

respondiam..”

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BATALHA DE FLORES“A comissão julgadora resolveu declarar “hors concours” os

carros das famílias dos Srs. Presidente da República e Prefeito Municipal e não julgou as bicycletas que

concorrerão aos prêmios.”

Sobre a batalha de flores, o jornal O Paiz, do dia 17.08.1903, fez a seguinte apreciação:

“A batalha de flores é, segundo tenho lido, nada mais nada menos que o início de uma phase de prosperidade. Na

organização de batalhas, como as de hontem, está na opinião autorizada do Jornal do Brasil, o remédio efficaz e prompto

para os males da Nação. O povo, diz ele, só será feliz quando abandonar pequeninas cogitações e convencer-se de que a

felicidade é apenas a bonança, a tranqüilidade, o optimismo, o riso.”

O jornal A Avenida, do dia 22.08.1903, também deixou sua impressão:

“De que o Rio se civiliza tivemos uma prova no sábado último... Sentimos entretanto que a batalha não se

houvesse generalizado entre os assistentes, e que não passasse de uma manifestação a flores, ao Presidente e à

Comissão julgadora...”

O famoso jornal O Malho, do dia 22.08.1903, não podia ficar fora das novidades e publicou sua impressão:

“Vimos tarde para fallar da festa organizada a esforços do Sr. Dr. Passos, e que foi encanto da sociedade do Rio de

Janeiro, sabbado último.

O illustre administrador dos negócios do nosso districto, que pouco a pouco vai limpando, varrendo, corrigindo e

aformoseando as ruas e praças desta Capital, como um anjo bom e carinhoso tutor, também deseja se cuidar de dotá-la de novas prendas morais. Para isso abre verdadeiras escolas de

bom gosto artístico e alto senso esthetico, promovendo concertos musicais e festas públicas que constituem um

ensinamento aos povos desta Sebastianópolis.

A batalha de flores foi uma experiência assás animadora e naturalmente será a porta aberta ao renascimento de nossa vida social, o ponto de partida para outras festas, da mesma

natureza, saneadoras do nosso espírito e bem dizentes da nossa cultura intelectual.”

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BATALHA DE FLÔRESO jornal “G.N.”, do dia 27.11.1903, em seu artigo “A

Cidade”, escreveu:

“Essas festas, de facto, não servem apenas para distrahir e alegrar a gente rica ou remediada; servem também para

empregar e recompensar a actividade da gente pobre, para mobilizar o dinheiro, e enfim para, como dizem

expressivamente os franceses, “faire marcher le commerce.”

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BATALHA DE FLORESA festa acabou... mas, sempre sobra para alguém.

A revista O Malho publicou a seguinte “charge” em 15.08.1903:

Aprés Le Combat

(Ou, em portuguez, depois do pagode)

“- Está vendo, seu Zé, que massada? Não nos mettemos em brincadeira e temos que carregar os destroços...

- Dez troços? Muito mais de dez, seu Coisa! Isto é para suar o dia todo.”

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FIM

Pesquisa e formatação : Cau Barata (Carlos Eduardo de Almeida Barata)