Batistas letos em missão na Bolívia‡ÕES DE OJB EM PDF PARA ALIMENTAR O... · reflexão o...

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1 Órgão Oficial da Convenção Batista Brasileira Fundado em 1901 Rua Senador Furtado, 56 . RJ ISSN 1679-0189 Ano CXI Edição 50 Domingo, 11.12.2011 R$ 3,20 Relato do Presidente da Associação Batista Leta do Brasil documenta a visita feita à Missão em Rincón del Tigre, região do interior ameaçada pelo narcotráfico. A reportagem faz menção à orientação governamental no sentido de substituir o ensino em bases cristãs pela ideologia socialista na Bolívia (Página 12). A saúde bucal de amplas faixas da população brasileira é precária, especialmente nas áreas mais pobres das grandes cidades e das regiões remotas do interior. Como parte de seu projeto nacional de transformação integral de vidas, a JMN, em parceria com outras organizações, desenvolve o Programa Dentista Cidadão, devolvendo o sorriso a adultos e crianças em várias localidades do país (Página 10). Batistas letos em missão na Bolívia Inclusão social no sorriso que transforma A Bíblia continua a ser o livro mais lido do planeta, mas isso não significa que seja o mais seguido ou o melhor compreendido, apesar de ser o mais citado. Numa época em que prevalecem as regras do mercado fora e dentro das igrejas, é preciso deixar que ela fale, em vez de se considerá-la como mero produto comercial ou simples ferramenta de autoajuda. Leia Editorial e artigos sobre o tema (Páginas 2, 3 , 4 e 15).

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1o jornal batista – domingo, 11/12/11?????

Órgão Oficial da Convenção Batista Brasileira Fundado em 1901 Rua Senador Furtado, 56 . RJ

ISSN 1679-0189

Ano CXIEdição 50 Domingo, 11.12.2011R$ 3,20

Relato do Presidente da Associação Batista Leta do Brasil documenta a visita feita à Missão em Rincón del Tigre, região do interior ameaçada pelo narcotráfico. A reportagem faz menção à orientação governamental no sentido de substituir o ensino em bases cristãs pela ideologia socialista na Bolívia (Página 12).

A saúde bucal de amplas faixas da população brasileira é precária, especialmente nas áreas mais pobres das grandes cidades e das regiões remotas do interior. Como parte de seu projeto nacional de transformação integral de vidas, a JMN, em parceria com outras organizações, desenvolve o Programa Dentista Cidadão, devolvendo o sorriso a adultos e crianças em várias localidades do país (Página 10).

Batistas letos em missão na Bolívia

Inclusão social no sorriso que transforma

A Bíblia continua a ser o livro mais lido do planeta, mas isso não significa que seja o mais seguido ou o melhor compreendido, apesar de ser o mais citado. Numa época em que prevalecem as regras do mercado fora

e dentro das igrejas, é preciso deixar que ela fale, em vez de se considerá-la como mero produto comercial ou simples ferramenta de autoajuda. Leia Editorial e artigos sobre o tema (Páginas 2, 3 , 4 e 15).

2 o jornal batista – domingo, 11/12/11 reflexão

E D I T O R I A L

Não sendo o caso de se desejar um retorno ao anti-go modo popular de fazer referência aos crentes, não deixa de ser uma ótima opor-tunidade para se pensar nas relações entre o fiel e a Pala-vra. Em geral, as motivações utilitárias acabam fazendo com que a Bíblia seja vista e usada meramente ou como objeto de proteção ou como manual de autoajuda, no pior sentido da expressão, sem falar em sua utilização para coonestar posições teo-logicamente equivocadas, no estilo texto-prova. Há outros exemplos de uso deplorável da Escritura, inclusive o cari-catural, em que bandidos se disfarçam de crentes com a Bíblia na mão, mas o que se quer enfatizar aqui é o fato de que só há um uso correto que se possa fazer da Bíblia – e é deixar que ela fale.

Isso não é tão difícil que impeça o acesso de qual-quer pessoa ao conteúdo da verdade revelada, nem é tão fácil que torne vulgar esse

ética. Ser um “Bíblia” era, na verdade, ser uma personali-dade religiosa de alto nível e um cidadão digno de todo acatamento e confiança.

Hoje em dia, o termo tor-nou-se rarefeito, se é que ainda é usado. Outros nomes apareceram, definindo com maior ou menor precisão o estatuto confessional daque-les que aceitam a Jesus Cristo como Salvador, valem-se de um linguajar eclesiástico específico e frequentam os templos das diversas igrejas e denominações não católicas. Perdeu-se, contudo, a linha de conexão que mantinha a imagem do evangélico típico ligada ao livro que fundamenta a fé dos verda-deiros filhos de Deus. Para mal dos pecados, ganhou força no seio das correntes mais críticas a concepção do povo evangélico como cons-tituído de gente hipócrita e presumida, que só pensa em dinheiro ou, pior ainda, que só pensa na melhor maneira de tirar dinheiro do próximo.

Houve um tempo em que no Bra-sil os evangélicos eram chamados

de “Bíblias”. Como é fre-quente ocorrer em relação às designações pejorativas endereçadas ao que é bom, as quais em geral atiram no que veem e acertam no que não veem, essa forma de tratamento acabava sen-do um elogio, em lugar de uma crítica. Ser identificado como “Bíblia” equivalia, em termos, a ser chamado de cristão, a exemplo do que aconteceu em Antioquia com os seguidores do Caminho(At 11.26). Por menor que fosse nesse sentido a intenção dos que se valiam da palavra alusiva às Escrituras para identificar os crentes, o fato é que seu uso representava co-lar a imagem deles ao que de melhor podia existir no que se refere a elementos como o adequado conhecimento de Deus, a base escriturística da legítima doutrina cristã e o melhor padrão de conduta

conteúdo pelo fato de ele ter que se apresentar na em-balagem despretensiosa da linguagem corrente. Através da Bíblia, dependendo da atitude do leitor, Deus tanto se revela quanto se oculta. Mesmo para o intérprete que tem a mente de Cristo e é, por isso, intelectualmen-te honesto, não deixam de existir os pontos de difícil compreensão, como Pedro adverte a respeito de algu-mas passagens paulinas.

Apesar disso, a Bíblia sem-pre falará com clareza a quem tem ouvidos de ouvir, especialmente no que se re-fere aos elementos essenciais da salvação.

Por isso, o sinal de alerta mais estridente deve soar exatamente quando apare-cem os lobos em pele de ovelha declarando ter a reve-lação total a partir de textos bíblicos isolados. Estes são os mais perigosos e devem ser desmascarados através da única ferramenta existente para isso: a própria Bíblia

As mensagens enviadas devem ser concisas e identificadas (nome completo, endereço e telefone). OJB se reserva o direito de publicar trechos. As colaborações para a seção de Cartas dos Leitores podem ser encaminhadas por e-mail ([email protected]), fax (0.21.2157-5557) ou correio (Rua Senador Furtado, 56 - CEP 20270-020 - Rio de Janeiro - RJ).

Cartas dos [email protected]

Com a melhor roupa

• Parabenizo o pastor João Falcão Sobrinho pela exce-lente Parábola Viva: Dê seu melhor. Desde tenra idade aprendi com meu querido pai e tia a dar para o Senhor e sua igreja sempre o melhor.

Meu pai tinha algumas fru-teiras em seu quintal e pro-curava dar sempre o melhor aos vizinhos e amigos. Cada domingo separava para mim a melhor nota ou a moeda mais nova para que eu le-vasse como oferta para a EBD. E por esta razão ainda hoje, com 69 anos de idade

e 44 de ministério, continuo agindo desta maneira.

Dou sempre para Deus o melhor. Vamos sempre para Casa do Senhor com a me-lhor roupa, de tal maneira que a igreja sempre sabe quando chego com uma rou-pa nova ou um sapato novo. Já vi tesoureiro de igreja jo-gando fora alguma nota que foi entregue como oferta tão imprestável que nem os ban-cos queriam receber.

Israel Pinto Pimentel - Pastor Adjunto da IB

Central do Farol em Maceió/Alagoas

O JORNAL BATISTAÓrgão oficial da Convenção Batista Brasileira. Semanário Confessional, doutrinário, inspirativo e noticioso.

Fundado em 10.01.1901INPI: 006335527 | ISSN: 1679-0189

PUBLICAÇÃO DOCONSELHO GERAL DA CBBFUNDADORW.E. EntzmingerPRESIDENTEPaschoal Piragine JúniorDIRETOR GERALSócrates Oliveira de SouzaSECRETÁRIO DE REDAÇÃOOthon Oswaldo Avila Amaral(Reg. Profissional - MTB 32003 - RJ)

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INTERINOS HISTÓRICOSZacarias Taylor (1904);A.L. Dunstan (1907);Salomão Ginsburg (1913 a 1914);L.T. Hites (1921 a 1922); eA.B. Christie (1923).

ARTE: OliverartelucasIMPRESSÃO: Jornal do Commércio

3o jornal batista – domingo, 11/12/11reflexão

bilhete de sorocabaJULIO OLIvEIRA SANCHES

É trágico participar ou assistir um culto sem a exposição bíblica. Confiar duas horas do

nosso precioso tempo a um pregador que nada tem a dizer aos seus ouvintes. Can-toria em demasia, barulho ensurdecedor, citações de textos e orações desconexas, sem texto e contexto, com-pletamente descontextualiza-dos da realidade dos ouvin-tes. Após cansar o povo, que é obrigado a permanecer em pé para melhor acompanhar a ginga do grupo de dança, o pregador pede desculpa pelo avanço da hora e despede o povo sem alimento espiritual.

Alguns tentam enganar os ouvintes com a “primavera árabe”. A crise dos países endividados na zona do euro, a corrupção que cresce a cada dia em Brasília, as leis antifumo ou contra palmadas nos filhos, que emperram a pauta do Congresso e a violência atual nos grandes e pequenos centros urbanos – estes são alguns dos itens do culto. Para concluir, a pacificação da Rocinha. Mas Bíblia e evangelho, confor-to, Jesus Cristo como único

Salvador, a necessidade de arrependimento e perdão, se constituem em assuntos se-cundários, ausentes, jamais colocados para a reflexão dos que cultuam. Algumas historinhas e piadinhas sem graça para fechar o “culto”. O povo chegou faminto e sai esfomeado, não tendo recebi-do o pão da vida, tampouco o desafio de crescer no co-nhecimento de Jesus Cristo.

Após um culto “moderno”, “contemporâneo”, sincera-mente não consigo entender culto com adjetivos. Um ve-lho salvo me disse: “Todos esses assuntos, sobre eles leio durante a semana, ouço e vejo os telejornais, tenho revistas especializadas, por-tanto não careço deles no culto. Venho ao templo para ouvir a voz de Deus apontan-do–me como viver o Evange-lho durante a semana. Mas, o púlpito está vazio, não tem mensagens bíblicas. Não está em sintonia com a direção do Espírito Santo”. Constran-gido, concordei, penalizado pelo mensageiro que não administrou com sabedoria o tempo que lhe foi confiado pelos ouvintes.

Onde não há Bíblia o “povo se corrompe”, diz Provérbios 29.18. A confusão existente na atualidade sobre louvor, adoração, ministérios diver-sos nas igrejas, tem como origem a ausência de Bíblia. Cada um faz e admite o “cor-reto”, sem passar pelo filtro da Palavra de Deus. O “achis-mo” não encontra espaço na Bíblia, muito menos no culto que prestamos ao Senhor. A falta de conhecimento do conteúdo bíblico mantém o povo refém de pregadores inescrupulosos.

Um crente bem doutrina-do, ao visitar uma antiga igreja batista da qual fora membro, notou a ausência do batistério. Há algumas décadas o batistério tinha lugar de destaque nos tem-plos batistas, alguns osten-tando lindas pinturas. Silente, transmitia a mensagem de que aquela era a porta de entrada, após a conversão, ao rol de membros da igreja. Na atualidade a recepção de membros não carece mais de batistério. Não importa a origem do candidato. Desde que afirme ser “crente”, é re-cebido por aclamação. Uma

aberração, pois aclamação só existe quando a igreja de origem deixou de existir.

Hoje não se questiona mais a doutrina. Importante é encher o aquário. É mais fácil aclamar um presbiteria-no ou um quadrangular do que sair a campo e evangeli-zar. Nada contra os queridos irmãos presbiterianos, mas uma das diferenças que nos caracterizava é a doutrina do batismo. Enfraquecer a dou-trina parece ser o único ob-jetivo de alguns ministérios. Ah! e o batistério da igreja acima? Estava sob a bateria. Claro, mais importante para o pastor e o “grupo de lou-vor”. Nada contra a bateria, quando bem tocada, mas insuportável quando espan-cada. Nada também contra os chamados grupos de lou-vor e os backing vocals, mas as heresias repetidas cau-sam tristezas. Nada contra o “novo”, embora a afirmação de Eclesiastes 1:9 ainda não tenha sido superada; persis-te o valor do conteúdo que permanece.

A mensagem bíblica inco-moda ao que a transmite, pois lhe exige tempo para sua

preparação. Retirar do texto o tutano não é nada fácil, disse importante líder batista. Você vai ao texto e não se satisfaz até que o mesmo fale e expo-nha sua mensagem de modo claro. Incomoda ao ouvinte, que é obrigado a tomar uma decisão, aceitar ou rejeitar, mas jamais permanecer indi-ferente. Quando isto ocorre, persiste a afirmação que um professor da língua pátria me fez: “Como não há Bíblia na mensagem e não há conte-údo bíblico na exposição, passo a analisar as concor-dâncias, os tempos dos ver-bos, a colocação exagerada dos advérbios. Portanto, cometo pecado ao ouvir a mensagem”. É triste compare-cer ao culto para pecar. Tudo porque falta Bíblia.

“Oh! Quanto amo a tua lei, é a minha meditação em todo dia. Tu, pelos teus mandamentos, me fazes mais sábio que meus inimigos...”, (Sl 119.97-98). Que diria o salmista hoje numa Igreja sem Bíblia, EBD, estudos bí-blicos e sem a exposição das verdades divinas? Onde não existe Bíblia a igreja perece. www.pastorjuliosanches.org

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4 o jornal batista – domingo, 11/12/11

GOTAS BÍBLICASOLAVO FEIJÓ

Pastor, professor de Psicologia

A Bíblia é a espada

reflexão

O apóstolo Pau -lo, ao nos alertar contra as forças malignas que nos

odeiam, manda os cristãos vestirem a “armadura de Deus”. A Bíblia, diz ele, é nossa arma de ataque: “To-mai também o capacete da salvação e a espada do Espíri-to, que é a palavra de Deus” (Ef 6.17).

A história humana revela tempos tenebrosos, quando os assim chamados “cristãos” empunharam espadas de aço, para matar em nome de Deus. As guerras “religiosas” não tinham nada de santas – eram lutas pelo poder, pelas riquezas, movidas pelo ódio.

A guerra verdadeira do cristão é de natureza espi-ritual. Nela, nossa vitória já está garantida – mas sob uma condição: que acei-temos a proteção do Se-nhor. E, para confirmar que a guerra depende realmente do Senhor, recebemos uma única arma “ofensiva”. Só que uma arma não feita de aço, mas a “espada do Es-pírito”. Todas as vezes que nos esquecemos da Bíblia o que nos sobra é lutar com armas humanas, ao invés de empunhar a “Palavra de Deus”. O lembrete de Paulo é claro: nossa luta é espiritual. E a nossa espada é a Bíblia.

Manoel de Jesus ThePastor e colaborador de OJB

Os tempos que os mortais vivem na sua trajetória têm um compo-

nente que, se lembrado, poderia mudar a vida de todos nós. Somos, nesta existência, vulneráveis. So-mos mortais, mas agimos como se fôssemos imortais. Nossa temporalidade está presente em centenas de acontecimentos que nos atingem. Certo filósofo afir-ma que a eternidade é uma linha infinita, e que quando nascemos essa linha é corta-da, e nos é permitido pelo Criador vivenciá-la por um determinado tempo. Após nossa vida terminar, a linha volta para o lugar de onde foi tirada, e assim passamos a fazer parte da história. Se fossemos buscar os registros de nossos ancestrais, des-cobriríamos que em certo sentido, somos parentes, pois encontraríamos um ancestral comum de pessoas que jamais imaginaríamos.

O componente ac ima mencionado é a imprevisi-bilidade a que estamos sub-

metidos. Experiências agra-dáveis e desagradáveis nos acontecem. Doenças, de-semprego, perdas materiais, decepções no relacionar-se com o próximo, e tantas outras de outras categorias poderiam ser mencionadas. Uma pesquisa americana chega a conclusão que, da-qui há 10 anos, 78% de ci-dadãos americanos passarão por decepções fortíssimas. Ao fim da pesquisa são apre-sentadas várias medidas a se-rem tomadas, visando prepa-rar os leitores a enfrentá-las. Não sabemos se a pesquisa diferencia os cidadãos ame-ricanos por idade, sexo ou personalidade, mas algumas conclusões podemos tirar. Todos, em qualquer país que estejam vivendo, estão sujeitos a acontecimentos imprevisíveis.

A conscientização desse fato nos recomenda a me-lhor medida a ser tomada. Preparar-se conforme reco-mendação de Deus, atra-vés de sua Palavra. É bom lembrar que certas pessoas são tão passivas, estão tão entregues, que já não sentem nada, quaisquer que sejam as surpresas desagradáveis, mas

não é isso que a Bíblia nos re-comenda. Ela nos recomenda preparar-se e o melhor prepa-ro é estarmos em comunhão com Deus. Todos conhecem o famoso trecho: “Lembra--te do teu Criador nos dias da tua mocidade”. Outro também muito conhecido: “ Prepara-te para encontrares com o teu Deus, ó Israel”. Um dos mais solenes saiu dos lábios do Senhor Jesus: “Louco, esta noite pedirão a tua alma, e o que tens pre-parado para quem será?”. E este? “Buscai ao Senhor enquanto se pode achar, in-vocai-o enquanto está perto”. Todos os participantes de uma comunidade batista, com algum tempo de fre-quência, lembram desses textos. Digamos que 50% dos leitores deste artigo te-nham ultrapassado a faixa dos 70 anos, sendo quase certo que verão novidades imprevisíveis nos próximos anos.

Vamos considerar o modo correto de agir diante das imprevisibilidades. O Salmo 23 é por demais conheci-do e podemos lê-lo assim: “O Senhor é o meu pastor e nada me faltará”. Mas

podemos lê-lo conforme a tradução King James: “O Senhor é meu Pastor e de nada terei falta”. Se não tenho falta de nada, então ele não me faltará. Não são as coisas que o Senhor me providencia que me trazem segurança. Ao ter o Senhor, tenho o maior de todos os bens. Se uma pessoa tem ao Senhor, as demais coi-sas perdem a relevância, ou melhor, situam-se na sua devida relevância. Não terão valor maior do que merecem ter. A partir daí as imprevisibilidades ocuparão o seu devido valor.

Quando elas vierem, po-dem tirar-me conforto, po-dem tirar-me o horizonte e a esperança de certas coisas, mas não me tirarão a fé, não me tirarão o bem maior que tenho, isto é, o Senhor. Res-ponderei como Habacuque: “Mesmo não florescendo a figueira, e não havendo uvas nas videiras, mesmo fa-lhando a safra de azeitonas, não havendo produção de alimento nas lavouras, nem ovelhas no curral nem bois nos estábulos, ainda assim eu exultarei no Senhor e me alegrarei no Deus da minha salvação”.

5o jornal batista – domingo, 11/12/11reflexão

PARÁBOLAS VIVASJoão Falcão Sobrinho

Pr. Vilmar PaulichenPIB de Indaiatuba (SP)

Estar de pé é figura de linguagem bíblica usa-da para demonstrar a condição de quem

continua vivo e respiran-do, agindo e conquistando, mesmo sob circunstâncias desfavoráveis. Quem não foi vencido pelo desânimo, nem pelas tristezas dessa vida, é exemplo de alguém que “está de pé”. Estar de pé é desejo comum. Ninguém gosta de fracassar e cair. Há desafios que nos fazem crescer, pois através deles percebemos que temos força ainda não explorada, percebemos que nossa capacidade e coragem são bem maiores do que imaginamos. Os que querem “estar de pé” sabem que os desafios da vida são remédio contra o medo e comodismo.

Mas há pessoas que estão de pé pelos motivos errados. Se apegam e se prendem às razões mais baixas da nature-za humana, como o orgulho, inveja, ambição, egoísmo, ódio, vingança. O destino dessas pessoas é existir para a glória de Deus, pois todo jo-elho se dobrará e toda língua confessará que só o Senhor é Deus (Rm 14.11). O único propósito delas continuarem vivendo é confessar, contra a própria vontade, que Deus é soberano, mesmo que se

mantenham incrédulas e de coração endurecido pelo pe-cado (Mc 3.22,28,29).

Em Êxodo 9.16 está es-crito que faraó era mantido de pé “(...)exatamente com este propósito: mostrar-lhe o meu poder e para que o meu nome seja proclamado em toda terra”. Faraó conti-nuou vivo para testemunhar a grandeza do poder de Deus, pois não se humilhou, nem se arrependeu, nem libertou o povo de Israel.

Romanos 14.4 ensina que pessoas “estão de pé” para glorificar a Deus na força do Espírito Santo. Isso só é pos-sível se nos aproximamos de Jesus Cristo na fraqueza hu-mana (Mt 11.28). O texto de Romanos 14.4 diz que não devemos julgar, pois somos todos pecadores. No Reino de Deus é inaceitável qual-quer tipo de opressão decor-rente de qualquer diferença por causa do tamanho da fé.

Quem tem fé maior não pode oprimir quem tem fé menor, pois ambos prestarão contas a Deus e casos de opressão serão julgados com maior rigor. O julgamento faz o fraco na fé desanimar e Jesus disse que é melhor amarrar uma pedra ao pes-coço e ser lançado no mar do que desviar uma pessoa fraca na fé (Mt 18.5,6).

Paulo reconheceu que não tinha domínio sobre a fé

da igreja em Corinto (2 Co 1.24), pois era justamente pela fé que aqueles cristãos permaneciam de pé. O pro-pósito de Paulo era cooperar para que tivessem alegria do Senhor, enquanto lutavam para defender a fé cristã que Deus deu aos santos (Jd 1.3).

Nesse sentido, é muito im-portante avaliar constante-mente o coração, para saber se já não caímos e não perce-bemos. Muitos caem porque abandonam o primeiro amor sem perceber (Ap 2.4). Se não examinamos o coração, o orgulho toma o lugar da fé. A queda é inevitável e motivo de exortação severa (Gl 1.6).

Se não examinamos nosso coração, o abandono da fé é sutil. Caímos por não vigiar e orar pouco. Ficamos “cegos” por causa das sementes de orgulho que deixamos brotar no coração. É um grande erro pensar que só os outros caem (Mc 14.27-31). Para cair bas-ta confiar no próprio coração e não “cortar” os “brotos” do pecado que continuam crescendo, mesmo depois da conversão. Não somos impe-cáveis e a poda constante do pecado é o arrependimento. Sem fé e obediência o peca-do nos domina novamente e caímos (1 Co 10.12). Você “está de pé”? E se “está de pé”, porque Deus permite que você continue assim?

Da janela do apar-tamento em que me hospedava em Macapá, eu

podia ver o imenso Amazo-nas descendo pachorrento, sem pressa, para depositar no oceano a imensurável riqueza dos nutrientes que trazia desde suas nascentes no mundo amazônico. Eu estava em Macapá a fim de participar das celebrações do quadragésimo aniversário de ministério do Pastor Isaltino Gomes Coelho Filho, promo-vidas pela Igreja Batista Cen-tral de Macapá, que ele pas-toreia. Um dos espetáculos mais belos que já pude ver em meus 81 anos de vida, as-sisti ali daquela janela: o nas-cer do sol como se o astro-rei estivesse saindo de dentro do grande rio, tingindo de rubro a imensidão de suas águas. Podia ver também os barcos ancorados no cais e observar o temperamento calmo dos macapaenses, como se a ler-deza do rio lhes impregnasse a própria alma. Tudo lá é fei-to devagar, com calma. Não adianta se apressar, porque o barco só pode zarpar quando o rio está cheio. Ali ancora-do estava um barco de bom tamanho, cujo destino era Afuá, após três horas e meia de navegação. Aos poucos, o barco foi sendo tomado por centenas de passageiros com suas bagagens, redes e esperanças. Em dado mo-mento, um tripulante tirou as amarras do barco e, com uma vara, afastou a proa da beira do cais, enquanto a prancha de acesso era removida e a porteira era fechada. Nesse exato momento, surge na avenida uma motocicleta em alta velocidade. Era um mototáxi com um passageiro na garupa. O homem gritava e gesticulava, evidentemente pedindo para que esperas-sem por ele. A moto chegou junto ao barco e, enquanto o passageiro tirava e devolvia o capacete e pagava a corri-da, o barco já estava fora do alcance do embarque. O ho-

mem recolocou o capacete e voltou a montar na garupa da motocicleta visivelmente transtornado. Perdeu o úl-timo barco para Afuá. Por curiosa ironia, o nome do barco era Fé em Deus. Eu vi um homem no cais em Macapá perder o barco que tinha por nome Fé em Deus.

Provavelmente, no dia se-guinte, haveria outro barco para Afuá. Quem, porém, perder, não o barco, mas a fé em Deus, não terá outro barco que o leve ao destino para onde deseja ir sua alma, o destino da glória celestial. Infelizmente, muitos homens e mulheres hoje estão no cais da vida, mas perderam o barco da fé em Deus. Estão crendo em ídolos, em mitos, em sistemas filosóficos, es-tão crendo em homens que se autodenominam represen-tantes de Deus, estão crendo em slogans promocionais de religião, estão crendo em instituições religiosas, mas perderam a fé em Deus. Se não se arrependerem e não abrirem o coração para uma verdadeira fé no verdadei-ro Deus, ficarão no cais da vida, ante-sala do inferno e nunca chegarão aonde, no fundo no fundo, gostariam de chegar – o Paraiso. Por amor à sua alma e ao seu destino na eternidade, não chegue atrasado, não perca o barco Fé em Deus. Creia em Deus, creia em Jesus Cristo que morreu por você na cruz do Calvário. Creia enquanto é tempo, pois che-gará o momento em que você desejará embarcar, mas o barco da salvação já terá se afastado rio adentro e você entrará em eterno desespe-ro, nunca mais tendo outra chance de embarcar no úni-co barco que poderá levá-lo à vida eterna: a fé em Deus, a fé na graça da salvação, a fé no Cristo que por você morreu na cruz do Calvário. Não se atrase. Aceite hoje mesmo o Senhor Jesus pela fé. Não há outro barco para a vida eterna.

6 o jornal batista – domingo, 11/12/11 reflexão

Jacqueline Rodrigues Membro da Igreja Batista Cidade Jardim - BH

“Não poderei eu fazer de vós como fez este oleiro, ó casa de Israel? diz o Senhor. Eis que, como o barro na mão do oleiro, assim sois vós na minha mão”. Jeremias 18.6

O barro é encontra-do em toda a su-perfície terrestre. Ele é uma maté-

ria impura, contendo corpos e resíduos indesejáveis ao oleiro. A função do oleiro é retirar as impurezas e dar forma ao vaso, colocando-o no centro de um prato gira-tório. O caminho da perfei-ção é longo, pois o trabalho

com argila não proporciona resultados imediatos, exigin-do muita calma, paciência, persistência e investimento de tempo.

Deus, à semelhança do oleiro, não apenas possui essas qualidades como vai além, usando de misericór-dia com a nossa natureza impura e pecaminosa, que não dá prazer ao Senhor. Nós também somos molda-dos no meio de um mundo corrompido, e é aí mesmo, no meio dessa roda viva, que Deus quer trabalhar em nós.

O mundo não para de se transformar, trazendo evo-luções tecnológicas, modis-mos, valores deturpados, novos modelos de família, convites sedutores ao pe-cado, facilidades ao erro

e impurezas. Convivemos com pessoas mentirosas, consumistas, perigosas, am-biciosas, extremamente vai-dosas, egoístas, fúteis, falsas, ansiosas, tristes, deprimidas, dependentes de medicamen-tos para dormir e para sorrir.

Há dois tipos de barros. Os que se partem com facilida-de e não são fáceis de serem trabalhados são os chama-dos barros magros. E há aqueles que são maleáveis e aceitam as mãos do oleiro, os chamados barros gordos. Sabe o que torna um barro mais fácil de ser trabalhado? Vinagre!

Muitas vidas precisam pas-sar por amargor exatamente no local a ser trabalhado, no local endurecido, seja ele finanças, profissão, saúde,

casamento ou gênio. Quan-do o vaso se quebra, Deus tem que fazer um novo vaso; com paciência e persistên-cia, ele recomeça. Como um oleiro, Deus começa a amas-sar, a jogar repetidas vezes o barro em uma superfície lisa e trabalhar com as mãos. Mas para quê? Para retirar as bolhas de ar que fazem com que o vaso exploda no forno ou cause rachaduras nos vasos prontos e secos, tornando-os imprestáveis.

Deus tem o melhor pro-jeto, quer nos usar, nos en-cher, quer que tranborde-mos. Ainda que o processo de santificação seja demo-rado e doloroso, é o melhor lugar do mundo estar nas mãos de Deus. Ele quer fazer de cada pessoa um vaso úni-

co de honra, usando como molde Jesus Cristo. Deus deseja nos fazer semelhan-tes a seu Filho: usados para ser cheios do Espírito Santo, para alimentar outros espi-ritualmente, para conversar sobre os valores do Reino de Deus, para servir na casa de Deus.

Por fim, o oleiro assina sua obra, dando a ela valoriza-ção, procedência, sua marca de propriedade. Nós deve-mos deixar que todos vejam a obra que o “Oleiro dos Oleiros” fez em nós. Nossa marca é o Espírito Santo, reconhecimento do trabalho de Deus, da procedência, da origem. Ajustar-se às mãos do oleiro, ser totalmente dele, deve ser para nós uma honra!

7o jornal batista – domingo, 11/12/11missões nacionais

Projeto ensina artesanato

A Comunidade Terapêutica Águas de Meribá, em Sena-dor Canedo (GO), dirigida pelos missionários Marcia e Sergio Grycuk, tem aju-dado mulheres a mudar de vida em meio à luta con-tra a dependência química. Recentemente, as internas participaram de oficinas de artesanato durante a visita do Projeto Colmeia, que foi desenvolvido pela irmã Van-da Redhed Martin, esposa do pastor Samuel Martin, secretário executivo da Con-venção Batista Goiana, órgão que também apoia o projeto.

O objetivo do projeto é evangelizar e promover o po-tencial artístico por meio do ar-tesanato. Em Águas de Meribá, a intenção é oferecer essas au-las de 15 em 15 dias, gerando oportunidades para geração de renda e favorecendo também a terapia ocupacional, uma vez

que esta ajuda pessoas que, por razões ligadas a proble-mas específicos (físicos, sen-soriais, psicológicos, mentais ou sociais), têm dificuldade temporária ou permanente para a emancipação e auto-nomia, além de dificuldades na inserção à participação na vida social.

A terapia ocupacional se dá através de atividades destinadas a restabelecer e integrar a pes-soa socialmente, dando conta das demandas de seu ambiente de trabalho social, pessoal e doméstico. Ajudar pessoas a se reerguerem, tendo um encontro com Cristo, é função da igreja e tem crescido o nú-mero de cristãos preocupados em resgatar e salvar, unindo evangelismo e projetos sociais.

Saiu no FacebookCom as facilidades decor-

rentes do mundo virtual, certo dia, os missionários da CT Águas de Meribá, que come-morou seu segundo aniversá-

rio no último dia 3, receberam um recado especial em seu perfil da rede social Facebook. Tratava-se de uma mensagem de apreço da filha dos funda-dores da antiga Águas de Me-ribá, missionários americanos Robert e Farolyn Hensley que, após se identificar, escreveu: “Lembro-me como se fosse hoje, o dia que eu e alguns amigos estávamos usando dro-gas e um deles me perguntou como se faz para chegar ao céu. Eu disse que conhecia al-guém que pudesse responder, e levei-os para a minha mãe. Eles aceitaram a Cristo como Salvador naquele dia. Meses depois eu entrei numa casa de recuperação e minha mãe começou a ajudar o trabalho e aprender tudo que pudesse sobre recuperação. Dessa ex-periência, nasceu Águas de Meribá. Fico muito feliz em saber que as Águas de Meribá continuam restaurando vidas. Que maravilha! Fico muito feliz que Deus continua levan-tando obreiros para o trabalho. Gostaria de mandar uma men-sagem para as jovens e senho-ras que estão se recuperando nas Águas de Meribá. Eu sei que é difícil. Recuperação não é fácil, não. Eu sei! A gente tem muita dúvida, comete erros, um dia é pra cima e o outro é pra baixo. Não duvidem não, queridas. Deus ama vocês e ama muito. Ele tem um plano maravilhoso para a sua vida. Confiem em Deus. Abraços”.

Melanie Cuellar

Os estudantes da quarta turma de direito da Facul-dade São Fran-

cisco de Barreiras (FASB), desenvolveram um projeto social que incentivou alunos, professores e funcionários a doarem alimentos e produ-tos de higiene pessoal para o Lar Batista David Gomes, também situado em Barreiras (BA).

Mostrando empenho e so-lidariedade, eles iniciaram a campanha “Doe alimentos, doe dignidade, um pequeno gesto faz a diferença”. O alvo estabelecido foi o envio de

660 kg de alimentos e 165 produtos de limpeza. Para cumprir com a meta, os alu-nos confeccionaram cartazes e faixas, e um carro de som também ajudou a divulgar os pontos de arrecadação.

Muitos projetos de Mis-sões Nacionais têm recebido apoio de outras empresas e instituições. Esse tipo de ati-tude é importante para que, além da ajuda social, o reino de Deus venha a ganhar tan-to as vidas que estão sendo abençoadas pelas doações como as que estão contri-buindo, apesar de ainda não terem Cristo como Salvador.

Alunos da FASB fazem doações para o Lar

Batista David Gomes

Alimentos doados pelos estudantes da faculdade

Notícias de Meribá

Irmã Vanda e as internas de Meribá

8 o jornal batista – domingo, 11/12/11

9o jornal batista – domingo, 11/12/11

Rua Uruguai, 514 - Tijuca CEP 20510-060 Rio de Janeiro, RJ

Telefone: (21) 2570-6793 (21) 2238-8654 - Fax: (21) 2571-9597

E-mail: [email protected] www.ciem.org.br

Rua Padre Inglês, 143 - Boa Vista CEP 50050-230 Recife, PE Telefone: (81) 3423-3396

(81) 3423-3591 - Fax: (81) 3222-5090

E-mail: [email protected]

10 o jornal batista – domingo, 11/12/11 notícias do brasil batista

Alice CarolinaAção Social da JMN

O Dentista Cida-dão é um dos programas de inclusão social

desenvolvidos pela Junta de Missões Nacionais da CBB, cuja atuação abrange a ação social através de programas e projetos em todo o território nacional. O Programa Dentista Ci-dadão tem por objet ivo prestar atendimento odon-tológico gratuito às comu-nidades com precário aces-so à saúde bucal. Objetiva ainda educar e prevenir a população sobre os prin-cipais problemas bucais. Para o desenvolvimento de suas ações o Dentista Cida-dão conta com o apoio de parceiros, igrejas, empre-sas do ramo odontológico, voluntários e de profissio-nais que, voluntariamen-te, se disponibilizam para atendimento à população. Transformar vidas com um sorriso, essa tem sido a mis-são do Programa Dentista Cidadão.

Segundo o IBGE/2007, no Brasil existem mais de 25.000.000 de pessoas que não têm acesso à saú-de bucal. 45% da popu-lação brasileira (cerca de 81.000.000) não tem acesso a escovas de dentes. 13% dos adolescentes nunca fo-ram ao dentista. 60% dos adolescentes já perderam ao menos 1 dente, 93% por cárie. 78% dos adultos entre 35 e 44 anos apresentam doença periodontal, geral-mente causada pela falta de cuidado na higiene da boca e que leva à perda dos den-tes a médio prazo.

Em comunidades carentes do Pará

O Programa Dentista Ci-dadão acaba de realizar a primeira fase do Projeto Restaurar Ribeirinho, com o barco hospital “Luz para a Amazônia” da Sociedade Bíblica do Brasil em Belém do Pará. “Percorremos as co-munidades de Vila São José e Santa Clara, às margens do rio Cará-Cará na região do Marajó (PA), atendendo cerca de 100 pessoas com mais de 380 procedimentos odontológicos”, afirma Dani Alves Paes, coordenador do Programa.

A meta é mapear a saúde bucal e a evolução das do-enças bucais da população ribeirinha da Ilha de Mara-jó. “A ação só foi possível graças às parcerias com as Universidades CESUPA e UFPA de Belém do Pará e o apoio da FGM Produtos Odontológicos, que cedeu

os materiais necessários para os procedimentos. Des-taque também para o tra-balho das voluntárias, Dra. Andréa Barros e a acadêmi-ca de odontologia da UFPA, Helen Suely Damasceno do Carmo, que de forma valente contribuíram com o sucesso desse trabalho”, acrescenta Paes.

O Barco-Hospital Luz na Amazônia percorre as co-munidades ribeirinhas de Marajó há mais de 30 anos, levando atendimento médi-co, odontológico, laborato-rial e farmacêutico.

No Nordeste

No final de Outubro, o Programa Dentista Cidadão firmou parceria com o proje-to Luz no Nordeste, da SBB, que visa levar atendimento médico e espiritual à popu-lação nordestina em situação de risco social. Agora, com a parceria, foi instalado um

consultório odontológico do DC no caminhão Luz no Nor-deste, que percorrerá todo o agreste pernambucano. “Em nossa viagem inaugural fomos ao vilarejo de Vila Nova, distrito de Belo Jardim, cidade com aproximada-mente 900 habitantes, com a saúde pública precária, e sem um trabalho evangélico. Levamos atendimento médi-co, odontológico, recreação e a exposição do Museu da Bíblia da SBB, com distribui-ção de bíblias”, compartilhou Dani Alves Paes.

Já na Bahia, o Dentista Ci-dadão firmou parceria com a Igreja Batista em Vilas do Atlântico, em Lauro de Frei-tas, para mais uma unidade de atendimento. A igreja pos-sui um Centro Comunitário e uma estrutura odontológica que atenderá, além das crian-ças do Centro, a comunidade carente do entorno.

No mesmo estado, visitou a Casa de Apoio e Assistên-

cia ao portador do vírus HIV (CAASAH), que atualmente abriga 26 crianças entre um mês e 18 anos, além de adultos do sexo feminino e masculino, em Salvador. Lá o desafio é implantar um projeto Restaurar do Dentista Cidadão, o mais rápido possível. Segundo Dani, devido ao preconcei-to existente na sociedade, não há dentistas voluntários para atender aos internos. “Não podemos ficar de bra-ços cruzados, insensíveis ao grito de desespero das crianças. Ao chegar lá me pediram que trocássemos seus dentes e tirássemos a dor. Precisamos muito de doações e voluntários que possam atuar conosco neste projeto de extrema compai-xão e graça”.

É o Dentista Cidadão im-pactando vidas no nordeste brasileiro, onde os índices de precariedade na saúde bucal são alarmantes.

O sorriso que transforma

Voluntários junto ao caminhão de atendimento odontológico Luz no nordeste cuida da saúde bucal da população

Luz para amazônia em ação no interior do barco Ribeirinhos remam em direção ao local do atendimento.

11o jornal batista – domingo, 11/12/11missões mundiais

Willy Rangel – Redação de Missões Mundiais

O c a s a l m i s s i o -nário Fladimir e Miriã Souza tem anunciado a Luz

de Jesus a jovens da Malá-sia, país onde desenvolvem o Programa Esportivo Mis-sionário (PEM), da Junta de Missões Mundiais. Os dois coordenam a Brazil Football Centre (BFC), uma escoli-nha de futebol, e recebem todas as semanas em casa um grupo de futevôlei for-mado principalmente por jovens hindus, com quem sempre compart i lham o Evangelho.

Desse grupo de futevôlei, faz parte o jovem indiano Bala. No final de outubro, Fladimir e Miriã foram con-vidados pela família de Bala para o Deepavali, uma festa religiosa hindu que, entre tantos significados, está a vi-tória da luz sobre as trevas.

“Este ano, em especial, fomos convidados para ir a várias casas. Em todas elas, tivemos momentos de muitas alegrias com as famí-lias, mas principalmente de testemunhar da verdadeira Luz, que é Jesus”, contam os missionários na Malásia.

Na casa de Bala, os obrei-ros oraram pela vida de uma tia dele, que tem sofrido várias crises de saúde em decorrência do diabetes. E algo aconteceu. “Após orarmos, a sensação que tínhamos era que tudo esta-va diferente naquela casa, e eles pediram para que vol-tássemos ali. Sempre quan-do orávamos, sentíamos de Deus dar alguma atenção especial a Bala”, relata o missionário Fladimir.

Foi nessa segunda visita que Bala contou aos mis-

sionários sobre o motivo de não comer carne bovina. “Ele nos disse que é porque ‘incorpora deus’. E, quando isso acontece, ele fica forte e perfura o próprio corpo com lanças e não sente dor. Nós estamos, em nome de Jesus, em jejum e oração pela vida dele. Para a glória de Deus, cremos que o dia da libertação de Bala está chegando”, afirma Fladimir.

Os obreiros na Malásia informam que seguirão para a Região Sul do Brasil três jovens da BFC. O casal lem-bra que está em um país de maioria muçulmana e que os jovens com quem trabalham não os conhecem como missionários, pois isso criaria uma situação de risco para eles e para o desenvolvimento do traba-lho no país. “Caso alguém tenha a oportunidade de

Missionários levam a Luz de Cristo a hindus

Missionários na casa de jovem hindu na Malásia

Meninos malaios

encontrá-los, por favor, não mencionem isso”, pedem os missionários.

Os obreiros pedem oração por Bala e pela viagem dos três jovens ao Brasil, para

que eles ouçam do amor do Pai com toda a liberdade que nosso país oferece.

12 o jornal batista – domingo, 11/12/11 notícias do brasil batista

Pr. Benjamin William KeidannPresidente da Associação Batista Leta do Brasil

Lembro-me de que desde criança já ou-via falar muito do trabalho missioná-

rio dos Batistas Letos na Bolívia. Meu pai, pastor Rodolpho Keidann, orava pelos desafios daquela obra e enviava ofertas. Minha mãe, Anna Brediks Keidann, lia para nós as notícias que chegavam nas revistas letas. Durante os congressos da Associação Batista Leta do Brasil sempre os relatórios e testemunhos dos missio-nários de Rincón ocupa-vam lugar de destaque na programação. E, neste ano, Deus me proporcionou a oportunidade de viajar até lá e ver de perto esta ma-

ravilhosa obra de fé e de-dicação.

Logo após o congresso realizado em Nova Odessa, os pilotos, nossos irmãos Roberto Stikan e Ricardo Kempis, nos conduziram em segurança no antigo e famoso avião do falecido irmão Verner Grimberg, que já levou obreiros e material para a Missão mais de 60 vezes. Tanto eu quanto o pastor Peteris Sprogis, Bis-po da União dos Batistas na Letônia e preletor do nosso congresso, sentimos a mão de Deus nos abençoando com as experiências marcan-tes durante todo o tempo de uma viagem inesquecível.

Permanecemos um perí-odo curto na Bolívia, mas com tempo suficiente para conhecer detalhes das ati-vidades diárias da Missão, voltar impressionados com

a dedicação daqueles ver-dadeiros heróis do grupo de obreiros e convocar o povo batista brasileiro para orar por aquele país.

Ao chegar na fazenda onde está localizada a Missão, interior da Bolívia, distante 160 km de Corumbá, vimos a movimentação dos milita-res que protegiam o local em virtude da proximidade dos traficantes de coca. No dia seguinte, os alunos reunidos no pátio da Escola para o cântico do Hino Nacional boliviano e, junto deles, lá estavam os militares arma-dos.

Na noite em que chega-mos participamos de inspi-rativo culto na capela com perto de 300 pessoas, entre alunos e professores da Es-cola e os indígenas, que nos emocionaram com sua disciplina, reverência e har-moniosos hinos.

Andando pelas instalações da Missão, algumas com mais de 60 anos, foi possível constatar as necessidades de investimentos para manter a obra, que é realizada com muito esforço. São 280 alu-nos na Escola e nos Internatos para alimentar, educar, cui-dar da saúde, das roupas, das camas. Alguns prédios, como cozinha, refeitório, capela, precisam de manutenção e reformas. Ao lado da Missão tem a tribo dos Ayoreos, com suas casas bem simples. A atuação dos nossos missioná-rios, alguns já com bastante idade, é impressionante! Eles precisam fazer de tudo, em todo o tempo!

Enquanto visitávamos a Missão, encontramos três jovens voluntários do Texas, USA, trabalhando em suas férias, assim como um grupo de 14 pessoas da Igreja e Escola Batista de Quatro Bar-

ras, Paraná, visitando o local e trazendo mantimentos e roupas para os internos. De-pois soubemos de equipes de igrejas batistas de São Paulo que têm viajado para auxiliar nas reformas e construções. Deus tem despertado coope-radores!

Conclamamos os batistas brasileiros para juntos inves-tirmos nas orações e com recursos para a manutenção desse campo missionário.Alguns motivos de oração:

- Há uma pressão por parte do governo para que a orien-

tação cristã nas escolas seja substituída pelo socialismo.

- Oremos pela situação po-lítica da Bolívia.

- Oremos pela saúde dos missionários.

- Oremos pela ida de novos obreiros.

Igrejas ou pessoas que de-sejarem saber mais sobre esse campo missionário entrem em contato conosco pelo e--mail dos BATISTAS LETOS [email protected] ou [email protected] Que Deus derrame sobre o seu povo a sua graça.

Viagem inesquecível a Rincón Del Tigre, na Bolívia

Início da viagem, junto do avião Roberto Stikan, Pr. Keidann, Pr. Sprogis, Ricardo Kempis.

Alunos da Escola protegidos pelos soldados.

Culto na Capela de Rincon del Tigre.

A cozinha da Missão

13o jornal batista – domingo, 11/12/11notícias do brasil batista

Pr. David MC de Araújo Bárbara da C AraújoMissionários da JMN em Guarulhos - SP

Recebemos nos dias 12 a 15/11 esta linda e abençoada carava-na. Foram 27 servos

missionários, escolhidos por Deus, os quais, deixando o convívio de suas famílias, co-munhão na igreja, passeios, escolheram vir a Guarulhos para evangelizar, servir à causa do mestre e abençoar nossa frente missionária. A irmã Marly de Souza, Dire-tora de Missões, e o pastor Cláudio de Souza, Titular da PIBSJM, lideraram essa cara-vana, o que significou uma tremenda benção de Deus em as nossas vidas. Foi um verdadeiro presente de Natal.

Ficamos maravilhados ao vermos nessa equipe grande disposição e muito amor e determinação, traduzidos num profundo interesse pelas pessoas com quem mantive-ram contatos, evangelizaram de casa em casa, no trabalho com crianças, louvores, ca-minhada de oração, convites,

cultos nos lares e atividades afins. Nossas forças foram profundamente renovadas; emocionamo-nos com tudo o que ocorreu nesses dias.

Os membros da Missão, da igreja hospedeira, IB Central de Guarulhos (Pr.Luiz Antô-nio), onde a caravana ficou amorosamente hospedada, todos nós sentimos a unção

de Deus através da vida des-ses queridos missionários. Ti-vemos como resultado nove decisões, uma reconcilia-ção e 15 visitas. Deus nos abriu mais portas a fim de levarmos sua Palavra. Damos graças ao Senhor pela visão missionária da PIBSJM, por ter escolhido nossa Missão Batista Bom Clima Macedo, impactando a comunidade, os missionários locais, a PIB da Penha, SP, crentes das igrejas da Associação Batista de Guarulhos, os quais nos apoiaram fortemente, do-ando alimentos, transporte, ofertas, hospedagem, auxílio na cozinha, fotografia e com suas orações. Sem esse su-porte, dificilmente teríamos conseguido realizar a obra.

Cabe-nos agradecer muito ao Senhor por esses valentes

irmãos, suas famílias e o tra-balho maravilhoso que reali-zaram entre nós e conosco. Oramos ao Senhor para que os abençoe abundantemente, e continue usá-los ainda mais em sua obra.

Parabéns PIBSJM. Para-béns, família pastoral, nos-sos queridos amigos; agra-

decemos muito tudo o que vocês nos proporcionaram através dessa equipe tão especial de obreiros, servos consagrados do Senhor. “... estes que têm transtornado o mundo chegaram também aqui” (At 17.6).Por tudo isso rendemos glórias a Deus!

Caravana Missionária da PIB de São João de Meriti, RJ, impacta

Missão Batista em Guarulhos

Toda a equipe da Caravana na IB Central

Devocional da equipe

Caminhada de oração nas ruas do bairro

Trabalho com cerca de 60 crianças

14 o jornal batista – domingo, 11/12/11 ponto de vista

Lembro-me de que em Janeiro passado, na Assembleia da CBB em Niterói, quando se

tratava do ingresso de novas igrejas, havia na listagem uma que se chamava “comunida-de batista”. De imediato um mensageiro se levantou con-testando que uma igreja batista não poderia ser chamada de comunidade, pois este termo não se encontrava no Novo Testamento.

De fato, a palavra não consta literalmente no Novo Tes-tamento. O que temos é a palavra “igreja”, do latim “ec-clesia”, que é uma translitera-ção do grego koinê “ekklesia”, palavra composta pela pre-posição “ek” (de dentro para fora) e do verbo “kaleo”, que significa “chamar, chamar em voz alta”.

Ekklesia, portanto, é a pa-lavra que em português tem

sido traduzida por “igreja” e significa literalmente “reunião de cidadãos chamados para fora de seus lares para algum lugar público”. Poderia tam-bém significar “assembleia do povo reunida em um lugar público com o fim de tomar decisões”. No sentido cristão, passou a significar a reunião de cristãos para adorar, cul-tuar. Mas também se aplica tanto a um grupo local (Rm 16.5), quanto à igreja de uma região (At 9.31) e também à espalhada por todo mundo (Mt 16.18) e chamamos esse conceito na teologia de “igreja universal” (não confunda com um grupo neopentecostal com esse nome). No Novo Testa-mento também temos a ideia de que Jesus morreu por sua igreja (Ef 5.25). Assim, igreja pode significar tanto um grupo local, regional, ou a totalidade de cristãos espalhados pelo

mundo, e ainda pessoas pelas quais Cristo morreu.

A palavra “comunidade” vem do latim “communita-te” e, segundo o “Aurélio”, significa “grupo social cujos membros habitam uma região determinada, têm um mesmo governo e estão irmanados por uma mesma herança cul-tural e histórica”. Pode ainda significar “grupo de pessoas que comungam uma mesma crença ou ideal”, e até mesmo “grupo de pessoas que vivem submetidas a uma mesma re-gra religiosa”.

Pode uma igreja ser chama-da de comunidade? Segundo o que pudemos ver nestes dados que extraímos dos dicioná-rios tanto do grego do Novo Testamento, quanto de nosso idioma, é possível nomear uma igreja de comunidade, pois, no fundo, uma igreja é uma comunidade. Aliás, muita

gente acaba vendo uma igreja mais como um local ou como uma organização ao estilo empresarial e o que falta hoje em muitos lugares é a igreja ser considerada uma comu-nidade em que pessoas sejam apreciadas mais do que como membros votantes, membros juridicamente constituídos, contribuintes ou mesmo ope-rários de final de semana. Igre-ja como comunidade é um agrupamento de pessoas que vivem em comum, partilham da mesma fé, da mesma espe-rança. Se ajudam mutuamen-te, se preocupam umas com as outras. Oram umas pelas outras.

Assim, enquanto que a pala-vra igreja é originária de uma transliteração do grego e latim, a palavra comunidade é mais recente e compatível com nosso idioma. A forte impres-são que tenho é que, com o

tempo, a palavra igreja acabou sendo tingida por significados negativos, especialmente os da Idade das Trevas, da época da Inquisição, que empobre-ceram e deturparam o seu significado, tirando-lhe a sua beleza original. Neste caso, a palavra comunidade pode servir bem e causar menos resistência àqueles que não conhecem a Cristo e que aca-bam tendo na palavra igreja um tom negativo.

Enfim, penso que o impor-tante aqui não é a palavra utilizada. Para mim as duas são bastante significativas. O importante é como o povo de Deus vive, como se organiza, como valoriza Deus, sua Palavra, como serve a Deus em seu reino no mundo. Creio que ficamos brigando tanto por palavras e filigra-nas, esquecendo-nos destas importantes coisas.

O caminho da cruz é o caminho da obra perfeita de Cristo por nós. O

nosso desafio é caminharmos por ele, nos identificando com o Senhor Jesus Cristo morto e ressurreto, que está à direita do Pai intercedendo por nós. O caminho da cruz tem sido trocado pelo cami-nho da prosperidade, autoes-tima, confissão positiva e do antropocentrismo. Poucos de-sejam seguir e servir a Cristo. Ele disse: “Se alguém quiser vir após mim a si mesmo se negue, tome sobre si a sua cruz e siga-me” (Mt 16.24). O caminho da cruz é o caminho da morte do velho homem e da vida do novo homem que tem prazer na Lei de Deus e nela medita dia e noite. Este caminho não é constru-ído pelo homem, mas pelo

trabalho de Cristo na cruz quando derramou o seu pre-cioso sangue. É o caminho da renúncia, entrega, obediência e identificação completa com Cristo. Cada dia, aquele que percorre este caminho deve trazer no seu corpo o morrer de Jesus para que a vida do Mestre se manifeste em sua carne mortal (2 Co 4.10).

Fiquei bastante impressio-nado com a colocação do velho pastor e erudito John White: “Quanto mais medito na morte de Cristo, tanto mais ela me impressiona. Mas de uma coisa tenho certeza: ela não clama por pena, mas por admiração e assombro, pela maior façanha da história humana, realizada pelo ho-mem mais poderoso e santo da história, o Deus-homem. Foi a suprema conquista do amor, realizada em função de

uma alegria colocada adiante. E nós somos chamados para um compromisso: segui-lo ao longo do caminho da cruz, ‘fixar nossos olhos em Jesus’... O caminho da cruz não é uma negação do direito ao prazer. Deus inventou o prazer. Deus o concedeu à raça humana. O Diabo só nos ensinou a fazer o mal uso dele, tornando-o pecaminoso. O nosso maior prazer é obedecer a Cristo Jesus”.

Neste caminho da cruz “eruditos e carpinteiros mar-cham lado a lado. Nenhuma vocação é mais exaltada do que a outra. O que importa é o que nos motiva a perseguir essa vocação, seja acadêmica, seja braçal”, afirma White. O caminho da cruz é o cami-nho da unidade. A linguagem é a do amor. A postura é a humildade. Neste caminho

há dependência de Deus e interdependência no Corpo Vivo de Cristo. Caminho de sofrimento e glória. A alegria é a música dos caminhantes. Andar por este caminho é reconhecer o quão pequenos somos e quão grande, magní-fico e santíssimo é Jesus. Os caminhantes vivem pela fé, pois confiam na suficiência de Cristo. A intrepidez e a ousa-dia são elementos do testemu-nho dos peregrinos. Caminhar pelo caminho da cruz requer humildade, mansidão, longa-nimidade, domínio próprio e perseverança. Os olhos dos caminhantes estão em Jesus – autor e consumador da fé (Hb 12.2). Nesta peregrinação há sofrimento, choro, angús-tia, mas, ao mesmo tempo, remédio, palavras de ânimo, encorajamento e socorro bem presente.

O caminho da cruz é per-corrido por aqueles que re-nunciaram a tudo por causa de Cristo. Este caminho é uma obsessão magnífica por uma pérola celestial. Comparado a ela, tudo o mais na vida perde o valor. Se pudésse-mos comprá-la, venderíamos tudo, de bom grado. Mas não podemos comprar o tesouro celestial. Ele não está à venda. Na parábola de Jesus, o ponto central é que, tendo vislum-brado a pérola, desprezamos todas as outras coisas para perseguir o tesouro. A nossa caminhada com Cristo é uma caminhada de fé, esperança e amor. Estas são as três vir-tudes cardeais da vida cristã. Caminhemos este caminho com a segurança da suficiên-cia de Cristo, nosso Senhor, para a Glória de Deus, nosso amado Pai.

OBSeRVATóRIO BATISTALOURENÇO STELIO REGA

Igreja ou comunidade?

15o jornal batista – domingo, 11/12/11ponto de vista

Pr. Isaltino Gomes Coelho Filho

O Jornal Batista pu-blicou artigo do honrado pastor Tarcisio, da PIB

de Divinópolis, sob o tema acima. Ele é um dos obrei-ros de mais futuro em nossa denominação. Preguei em sua ex-igreja, quando ele era pastor em Feira de Santana, BA. Em seu ministério atual, fiz duas séries de pregações. Vi sua firmeza pastoral. Um senhor obreiro!

Em 1986, a JUERP lançou meu livro “Tiago, nosso con-temporâneo”. Teve três edi-ções em português e uma em espanhol, em Cuba, de confecção artesanal, distribu-ída a pastores e seminaristas. Agora, aprofundei-me nos estudos e refiz o livro, como parte do Comentário Bíblico King James, da Abba Press, do qual sou o redator. Será outra edição, mais volumosa.

Naquela obra subscrevi a posição do pastor Tarcisio, mas mudei minha visão. E a exponho, mesmo sabendo que virão críticas. Mas um dos votos que fiz a Deus foi que não hesitaria em mudar de posição quando conven-cido. Outro foi de que não esconderia minha posição.

O artigo foca Tiago 5.14. Neste texto, a Bíblia Vozes comenta: “Conforme o Con-cílio de Trento, o sacramento da Unção dos Enfermos se identifica com a prática aqui descrita”. A Bíblia de Jerusa-lém diz que “a Igreja viu uma forma inicial do sacramento da Unção dos Enfermos”. É normal que Roma queira basear aqui o sacramento da Extrema-Unção. Não en-contrará outro texto, no NT, mais próximo da prática. Mas

a doutrina surgiu no século XII, e Tiago não fala de mor-te, e sim de cura do doente. A King James refuta a ideia: “Diferentemente do que afir-mam alguns teólogos, essa não é uma indicação para a prática da ‘extrema unção’. Primeiro, porque Tiago está se referindo aos presbíteros e não aos sacerdotes; segun-do, porque o uso do verbo grego original sozo, cujo sig-nificado é, ao mesmo tempo, ‘salvar’ e ‘curar’, indica uma oração para a vida e não pre-parativo para a morte. Tiago é claro: “e a oração, feita com fé, curará o doente, e o Senhor o levantará”.

Eis o ponto: “Chame os presbíteros da igreja, a fim de que estes orem sobre a pessoa enferma, ungindo-a com óleo em o Nome do Se-nhor; e a oração, feita com fé, curará o doente, e o Senhor o levantará”. O doente deve chamar os presbíteros para que orem sobre ele e o un-jam em nome do Senhor. A oração, não o óleo, curará o doente. É a oração que cura, mas Tiago diz para ungir o doente com óleo.

A CBB não tem o hábito de ungir enfermos com óleo. Eu nunca o fiz. Mas não posso dizer que fazê-lo seja desvio doutrinário. Se os batistas não aprovamos não é perti-nente. O pertinente é isto: o que Tiago disse, exatamente? Disse para ungir o enfermo com óleo e orar sobre ele.

O pastor Tarcisio cita um articulista: “Existem dois ver-bos gregos com o sentido de esfregar, ou ungir. O primei-ro é chrio, que significa ungir num ritual. Não foi esse o termo que Tiago usou. O ver-bo em Tiago 5.14 é aleipho, cujo significado é esfregar com óleo. Assim sendo, Tia-

go não estava referindo-se a um ritual. Pelo contrário, ele falava de uma atitude re-frescante e estimulante para com as pessoas doentes ou deprimidas”. Mas a distinção entre chrio e aleipho não é correta. Assim, a afirmação de que Tiago falava de atitu-de refrescante e estimulante também não é.

Diz Marcos 6.13: “E ex-pulsavam muitos demônios; ungiam com óleo a inúme-ros doentes e os curavam”. O verbo aleipho é usado aqui, em “ungiam”, e não é em “atitude refrescante e estimulante”. Associam-se novamente doença, oração e cura. Respeitando o colega, a afirmação de que Tiago está dizendo algo como: “Está al-guém entre vós doente? Cha-me os pastores da igreja, e orem sobre ele, pedindo que o Senhor abençoe a sua qui-mioterapia, o seu analgésico, o seu antibiótico, a sua vaci-na, os seus remédios” não é correta nem feliz. Tiago não diz que os pastores devem pedir para que o óleo cure o doente (o articulista vê o óleo como remédio). Diz: “e a oração, feita com fé, curará o doente”. O poder cura-dor está na oração, segundo Tiago, e não no óleo. Deus responde orações e cura pes-soas. Com ou sem remédio. Com ou sem óleo. O óleo não cura, não é remédio, mas pode ser usado. Como diz para orar pelos enfermos, ele diz para ungi-los com óleo. E óleo (élaio) é óleo, não remédio. Não podemos impor nossos pressupostos doutrinários ao texto.

Outro respeitável articu-lista escreve: “Dicionaristas indicam que aleipho era a palavra secular para ungir e que crio (sic) era a palavra

sagrada para ungir com fi-nalidade de consagração”. Sobre isto, cito o Dr. Taylor: “É inexato dizer que aleipho é ‘vocábulo profano’ e chrio ‘palavra sacra’ (...) Chrio se encontra nos papiros no sen-tido de untar um cavalo, e aleipho, mesmo no NT, não tem sentido ‘profano’” (Mc 6.13, 16.1, Lc 7.38, 46, Jo 11.2 e 12.3).

Brunotte comenta sobre isso: “Ungir é um ato simbó-lico através do qual os demô-nios são expulsos. As curas levadas a efeito pelos discí-pulos ou pelos presbíteros da igreja foram acompanhadas pela unção, ocorrendo no contexto da pregação e da oração. A cura, e, portanto, a unção também, veio a ser vista como um sinal visí-vel do começo do reino de Deus. Qualquer entendimen-to semi-mágico da unção, no entanto, é firmemente refre-ado em Tg 5.13 e seguintes, pela importância atribuída à oração que a acompanha”.

Martorelli Dantas diz que é o racionalismo na igreja que vê a unção com óleo como sem valor e a nega, e afirma: “A unção, nos moldes de Tia-go 5.14, é um ato de obedi-ência àquilo que foi prescrito pela Palavra inspirada de Deus; em segundo lugar, nós cremos que Deus continua a curar enfermos em atenção à oração da igreja, de acordo com sua soberana vontade. Isto nunca deixou de ser as-sim, e o será, cremos nós, até a volta gloriosa de Cristo”

Aceito sua posição: o que foi prescrito na Palavra de Deus deve ser acatado. A questão não é se aceitamos ou não ungir com óleo. A questão é que a Bíblia diz que o doente pode ser un-gido com óleo. O óleo não

é mágico e não cura. Deus cura, em resposta à oração. Mas ungir com óleo não é he-resia. A prática está no NT. E cinco questões me ficam claras, neste aspecto (sigo e adapto Martorelli):

1. A unção com óleo deve ser feita apenas por oficiais constituídos pela igreja.

2. A unção do enfermo com óleo não é ordenança; não foi ordenada por Jesus.

3. O lugar adequado para ministrar o óleo é onde o en-fermo está. Não há indicação de prática em culto público.

4. O óleo não tem poder de curar, e sim Deus, em resposta à oração em nome de Jesus.

5. Não se diz onde passar o óleo, mas desde o início do cristianismo era na testa do enfermo.

Não há a ideia de poder espiritual do óleo. Nem se recomenda seu uso em culto público. Ele faz parte de um simbolismo que pode nos es-capar, mas seu uso é neotes-tamentário. Exegeticamente, não se pode dizer que ungir um doente e orar por ele seja desvio doutrinário. Podemos não gostar, mas Tiago reco-menda. E repito: a questão não é se é nossa prática ou não, mas se a Bíblia diz. A palavra de Tiago é clara e não se lhe pode dar outro sentido.

Respeitando os demais: Tiago diz para ungir com óleo e orar. O óleo é óleo, e não remédio. São coisas diferentes: ungir com óleo e orar. A oração cura, não o óleo. Mas a unção com óleo está claramente dita na Bíblia. Sem querer diminuir alguém e provocar debates, é como vejo. “E eu penso que também tenho o Espírito de Deus” (2Co 7.40).