Porto Velho, Porto Velho, Porto Velho, Porto Velho, 29 de agosto de 200829 de agosto de 200829 de agosto de 200829 de agosto de 2008....

Oi,Oi,Oi,Oi, Anna SophiaAnna SophiaAnna SophiaAnna Sophia

Descobri, ao Descobri, ao Descobri, ao Descobri, ao fazer uma pesquisa fazer uma pesquisa fazer uma pesquisa fazer uma pesquisa nos arquivos do nos arquivos do nos arquivos do nos arquivos do EEEEscritório da scritório da scritório da scritório da EstraEstraEstraEstrada de Ferro da de Ferro da de Ferro da de Ferro MadeiraMadeiraMadeiraMadeira----MamoréMamoréMamoréMamoré, um , um , um , um pequeno pequeno pequeno pequeno conto de conto de conto de conto de aventuraaventuraaventuraaventura escrito escrito escrito escrito por um por um por um por um casal de gêmeos, casal de gêmeos, casal de gêmeos, casal de gêmeos, crianças aindacrianças aindacrianças aindacrianças ainda. . . .

As folAs folAs folAs folhas, destacadas, has, destacadas, has, destacadas, has, destacadas, estavam dentro de um outro estavam dentro de um outro estavam dentro de um outro estavam dentro de um outro livro, o de anotações de saídas livro, o de anotações de saídas livro, o de anotações de saídas livro, o de anotações de saídas das locomotivas, de Porto Velho das locomotivas, de Porto Velho das locomotivas, de Porto Velho das locomotivas, de Porto Velho a Guajaráa Guajaráa Guajaráa Guajará----Mirim... Mirim... Mirim... Mirim...

O capítulo final O capítulo final O capítulo final O capítulo final foi escrito foi escrito foi escrito foi escrito em em em em 17 de fevereiro de 195617 de fevereiro de 195617 de fevereiro de 195617 de fevereiro de 1956 ((((aparentemente aparentemente aparentemente aparentemente por acaso)por acaso)por acaso)por acaso)....

Vocês perguntariam: mas como você descobriu qVocês perguntariam: mas como você descobriu qVocês perguntariam: mas como você descobriu qVocês perguntariam: mas como você descobriu que a ue a ue a ue a história foi escrita porhistória foi escrita porhistória foi escrita porhistória foi escrita por um casal de um casal de um casal de um casal de gêmeos? gêmeos? gêmeos? gêmeos? Um Um Um Um grafólogo grafólogo grafólogo grafólogo me me me me disse disse disse disse ((((um um um um estudioso da estudioso da estudioso da estudioso da grafologiagrafologiagrafologiagrafologia, da escrita, da escrita, da escrita, da escrita). ). ). ). FFFFelizmente, pude elizmente, pude elizmente, pude elizmente, pude confirmar confirmar confirmar confirmar isso isso isso isso depois, por outros meios. depois, por outros meios. depois, por outros meios. depois, por outros meios.

Aí ao lado está o primeiro capítulo da aventuraAí ao lado está o primeiro capítulo da aventuraAí ao lado está o primeiro capítulo da aventuraAí ao lado está o primeiro capítulo da aventura, , , , recontado com minhas palavrasrecontado com minhas palavrasrecontado com minhas palavrasrecontado com minhas palavras!!!!

Baú de novas palavrasBaú de novas palavrasBaú de novas palavrasBaú de novas palavras

GRA.FO.LO.GIA A grafologia é o “estudo da forma das letras e do aspecto geral da escrita manuscrita, especialmente com o objetivo de obter dados sobre a pessoa, como caráter, personalidade, grau de instrução, tipo de inteligência, características emocionais etc” (HOUAISS). Exagero ou não, dizem que a nossa letra nos revela...

Palavras? o vento leva... I

ESTAÇÃO DO CALDEIRÃO

...nem suspeitaram que estamos sozinhos! O fato de termos feito amizade com o maquinista, que fala inglês, facilitou a nossa condição de invisíveis. Eu não eu queria fugir de casa, mas não houve outro jeito! Eros tem sido muito corajoso. Ele me disse que ao chegarmos no seringal do vovô, as coisas irão se resolver. Papai, com a sua mania de ser o Grande Senhor do Universo, mais que o próprio Deus, tem torturado minha mãe e a nós todos, com suas esquisitices. Agora inventou que todos terão que acordar junto com ele, às 5 horas da manhã... Ameaçou até de comprar uma corneta, para fazer

soar o toque da alvorada... Tenho certeza que o vovô nos levará de volta, para casa. E que conseguirá ajudar a minha mãe e os meus irmãos menores. Ainda bem que o trem anda bem devagar... Assim, eu e Eros, podemos ler o novo livro do Julio Verne, em espanhol, que meu tio Hazam trouxe de sua última viagem, de Cochabamba – Viagem ao Centro da Terra. Mas agora é hora de lanchar, pois o

senhor William Thompson já está com o relógio entre os dedos!

Seção Carta

Θ EscritórEscritórEscritórEscritório da io da io da io da Estrada de Ferro MadeiraEstrada de Ferro MadeiraEstrada de Ferro MadeiraEstrada de Ferro Madeira----MamoréMamoréMamoréMamoré

Onde fica o escritório da EFMM? Alguém sabe?

E o que sabemos da história desta ferrovia?

Temos duas perguntas. A primeira, vamos responder logo, pois é fácil e muitos sabem. Já a segunda ficará para a outra seção, aí ao lado.

O antigo escritório da ferrovia fica no hoje conhecido Prédio do Relógio, no início da Av. Sete de Setembro, esquina com Av. Farqhuar.

Para refrescar a memória e tirar qualquer dúvida, eis aí a foto. Se vocês observarem bem, está escrito no lado direito da foto:

E F M M EDIFÍCIO DA ADMINISTRAÇÃO

Um pouquinho da história deste prédio (ou edifício) não fará mal a ninguém:

A construção do atual Prédio do Relógio (Administração da Estrada de Ferro Madeira Mamoré) foi iniciada antes da criação do Território do Guaporé, pela Superintendência da Estrada de Ferro. Interrompida, ficou nos alicerces. O Governador, Dr. Araújo Lima, em princípio do mês de agosto de 1948, solicitou ao Engenheiro Luiz Walter Prive, os cálculos necessários para a construção de concreto do piso do 2º pavimento. Em 12 de novembro, ainda de 1948, sob a orientação do engenheiro Belmiro Galloti, foi retomada a construção do prédio, que teve por objetivo substituir antigas instalações (o barracão de zinco) construídas pela concessionária que realizou as obras de construção da Ferrovia Madeira Mamoré. Foi inaugurado no dia 15 do mês de janeiro de 1949, com a presença da população e autoridades como: Dr. Joaquim de Araújo Lima, Governador do Território Federal do Guaporé; Cel. Aluísio Pinheiro Ferreira, representante do Território na Câmara Federal; D. João Costa, Bispo Prelado de Porto Velho; Dr. Ananias Ferreira de Andrade Superintendente da EFMM, entre outros. Ao som da banda de música da Guarda Territorial, foi inaugurado o belo palácio da Avenida 7 de Setembro...

Fonte: http://www.portovelhoagora.com.br/fotos1.asp :: Centro de Documentação – SECEL

Seção Narrativa

Palavras? o vento leva... I

TESTE sobre a EFMM para professores e alunos (e seus pais também!)

���� “O primeiro grupo de engenheiros chegou a Santo Antônio do Madeira em 6 de julho de 1872. Poucos dias depois, os primeiros carregamentos de materiais de construção, equipamentos e operários, trazidos de navio desde os Estados Unidos da América chegaram ao local”. Pergunta-se: o vilarejo de Santo Antônio do Madeira ficava em uma região dividida entre dois estados brasileiros, conhecidos hoje como?

a.( ) Rondônia e Acre b.( ) Amazonas e Mato Grosso c.( ) Amazonas e Acre d.( ) Acre e Amazonas

���� Um país nosso, vizinho, havia perdido o acesso ao Oceano Pacífico. E buscava alternativas para exportar a sua borracha. Então, desde meados do século XIX havia a idéia de se chegar aos portos do Atlântico por meio dos rios Madeira e Amazonas. Porém, havia pedras no caminho - no leito do rio Madeira, em um trecho de aproximadamente 300 km, entre o rio Mamoré e o vilarejo de Santo Antônio do Madeira. Daí surgiu a idéia de se construir “uma ferrovia que transpusesse esse trecho, margeando-o”. Pergunta-se: que país é este e que cidades de Rondônia fazem fronteira com ele?

a.( ) Bolívia; Candeias, Guajará-Mirim, Costa Marques e outras b.( ) Peru; Porto Velho, Guajará-Mirim, Costa Marques e outras c.( ) Bolívia; Nova Mamoré, Guajará-Mirim, Pimenteiras e outras d.( ) Peru; Costa Marques, São Francisco, Cabixi e outras

���� Da chegada dos primeiros engenheiros em 1872 até 1879, quando a quarta construtora desistiu da empreitada, o único feito digno de registro foi uma viagem experimental de 3 km, da primeira locomotiva a trafegar na Amazônia, a hoje conhecida Coronel Church. A data escolhida pelos americanos foi a do "Independence Day", dia 4 de julho de 1878. Naquele ano, o presidente dos Estados Unidos, o 19º, era o sr. Rutherford B. Hayes, que governava um país de homens livres (eles aboliram a escravidão no dia 6 de dezembro de 1865). Para confirmar a sua boa memória e a sua capacidade de fazer cálculo: a) Quem era o dirigente maior do Brasil naquela época? b) Quantos anos ainda seriam necessários para que nós libertássemos os nossos escravos?

a.( ) D. Pedro I; 23 anos. b.( ) D. Pedro I; 25 anos. c.( ) D. João VI; 25 anos. d.( ) D. Pedro II; 23 anos.

Fonte: Antônio Marrocos (www.ronet.com.br/marrocos/efmm.html)

Porto Velho, Porto Velho, Porto Velho, Porto Velho, 30303030 de agosto de 2008 de agosto de 2008 de agosto de 2008 de agosto de 2008....

Oi, Oi, Oi, Oi, Anna SophiaAnna SophiaAnna SophiaAnna Sophia

O nome dos gêmeos me pareceu muito singular. Para O nome dos gêmeos me pareceu muito singular. Para O nome dos gêmeos me pareceu muito singular. Para O nome dos gêmeos me pareceu muito singular. Para não dizer estranho... não dizer estranho... não dizer estranho... não dizer estranho... ErosErosErosEros e e e e CeresCeresCeresCeres. Acreditem, se quiser! . Acreditem, se quiser! . Acreditem, se quiser! . Acreditem, se quiser!

A mitologia grecoA mitologia grecoA mitologia grecoA mitologia greco----romanaromanaromanaromana, viva e encarnada em dois , viva e encarnada em dois , viva e encarnada em dois , viva e encarnada em dois personagens que fogem de casa, e percorrem um longo trechopersonagens que fogem de casa, e percorrem um longo trechopersonagens que fogem de casa, e percorrem um longo trechopersonagens que fogem de casa, e percorrem um longo trecho de uma estrada de ferro perdida no meio de seringais, de uma estrada de ferro perdida no meio de seringais, de uma estrada de ferro perdida no meio de seringais, de uma estrada de ferro perdida no meio de seringais, castanhais, em um imenso vazio habitacional, em plena castanhais, em um imenso vazio habitacional, em plena castanhais, em um imenso vazio habitacional, em plena castanhais, em um imenso vazio habitacional, em plena AmazôniaAmazôniaAmazôniaAmazônia da década de 1950 da década de 1950 da década de 1950 da década de 1950............

Eles ainda moraEles ainda moraEles ainda moraEles ainda moravavavavam, para ser exato, neste segundo dia m, para ser exato, neste segundo dia m, para ser exato, neste segundo dia m, para ser exato, neste segundo dia do diário, no do diário, no do diário, no do diário, no Território Federal do GuaporéTerritório Federal do GuaporéTerritório Federal do GuaporéTerritório Federal do Guaporé. Estamos . Estamos . Estamos . Estamos emememem 13 de 13 de 13 de 13 de ffffevereiro de 1956. evereiro de 1956. evereiro de 1956. evereiro de 1956.

Pesquisando entre os barbadianos, descobri que não Pesquisando entre os barbadianos, descobri que não Pesquisando entre os barbadianos, descobri que não Pesquisando entre os barbadianos, descobri que não havia nenhum descendente vivo do maquinista havia nenhum descendente vivo do maquinista havia nenhum descendente vivo do maquinista havia nenhum descendente vivo do maquinista –––– o sr. William o sr. William o sr. William o sr. William Thompson! Sua filha única, Dorothy, conhecida como Dona Thompson! Sua filha única, Dorothy, conhecida como Dona Thompson! Sua filha única, Dorothy, conhecida como Dona Thompson! Sua filha única, Dorothy, conhecida como Dona Dodó, faleceu há dois anos... Dodó, faleceu há dois anos... Dodó, faleceu há dois anos... Dodó, faleceu há dois anos...

PPPPara sorte minha, descobri um estranara sorte minha, descobri um estranara sorte minha, descobri um estranara sorte minha, descobri um estranho tio desta ho tio desta ho tio desta ho tio desta senhora, a Dodó, senhora, a Dodó, senhora, a Dodó, senhora, a Dodó, o seu Saluo seu Saluo seu Saluo seu Salu, um , um , um , um albinoalbinoalbinoalbino! O homem que viv! O homem que viv! O homem que viv! O homem que viveeee sob as árvores de uma casasob as árvores de uma casasob as árvores de uma casasob as árvores de uma casa----chácara ali no bairro Areal, chácara ali no bairro Areal, chácara ali no bairro Areal, chácara ali no bairro Areal, para se proteger do sol, com uma amazônia inteira no quintal.para se proteger do sol, com uma amazônia inteira no quintal.para se proteger do sol, com uma amazônia inteira no quintal.para se proteger do sol, com uma amazônia inteira no quintal.

Baú de novas palavrasBaú de novas palavrasBaú de novas palavrasBaú de novas palavras

AL.BI.NO

Como se sabe os albinos são pessoas portadoras de uma disfunção, o albinismo, que o dicionário assim descreve: “ausência congênita, total ou parcial, de pigmentação dos olhos, da pele e dos pêlos. (AULETE). Tudo isso sem cor, isto é, branco!

Temos dois músicos brasileiros albinos. Sivuca, já falecido, aí ao lado e Hermeto Paschoal. Ambos geniais na música instrumental a que se dedicaram.

Palavras? o vento leva... II

ESTAÇÃO DE JACI-PARANÁ

Minha irmã às vezes pensa em desistir, mas eu insisto com ela: “precisamos prosseguir, pois a saúde da mãe está em nossas mãos”...

Fico imaginando o que teria deixado meu pai assim! Será que foram os combates na Itália? A guerra acabou há mais de 10 anos, mas não sabemos o que aconteceu de verdade por lá...

Será que ele fez alguma coisa que não devia?

Ah, sim! Agora tudo faz sentido para mim. Um amigo do meu pai, que é militar, disse-lhe algo meio enigmático, há muito tempo, e só neste momento eu desconfio do que se trata:

“Fique tranqüilo, mano velho, a família dele já esqueceu o caso... A vida continua, não é? E que culpa você teve, afinal? Entre salvar uma tropa inteira ou um homem, eu ficaria sempre com a tropa...”

Mudando de assunto, ontem lanchamos com o senhor William Thompson, o nosso maquinista. Até aprendi algumas palavras em inglês, com ele: train | path | voyage | route... São difíceis de pronunciar, mas estou treinando. Ele não se cansa de contar detalhes do que foi a “ maior aventura de sua vida” – ter ido visitar seus parentes lá em Barbados, uma ilha no mar do Caribe, logo acima do Amapá.

Ler com a Ceres não é fácil... Ela lá lê muito rápido e fica me apressando! Quando chegar no seringal pedirei ao vô que lhe dê de presente um livro de sua biblioteca. Ele sempre nos dá mesmo!

Fiquei assustado com os enormes crocodilos da Viagem ao Centro da Terra. Ainda bem que os nossos jacarés são pequenos!

Seção Carta

Θ A mitologia grega, viva e encarnada em dois personagens que A mitologia grega, viva e encarnada em dois personagens que A mitologia grega, viva e encarnada em dois personagens que A mitologia grega, viva e encarnada em dois personagens que fogem de casa fogem de casa fogem de casa fogem de casa ---- ErosErosErosEros e e e e CeresCeresCeresCeres....

EROS (Cupido, no panteão romano) era o deus grego do amor.

Hesíodo, na sua Teogonia, considera-o filho de Caos, portanto um deus primordial. Além de o descrever como sendo muito belo e irresistível, levando a ignorar o bom senso, atribui-lhe também um papel unificador e coordenador dos elementos, contribuindo para a passagem do caos ao cosmos.

Posteriormente foi considerado como um deus olímpico, filho de Afrodite e de Zeus, Hermes ou Ares, conforme as versões.

CERES, na mitologia romana, equivalente à deusa grega, Deméter, filha de Saturno e Cibele, amante e irmã de Júpiter, irmã de Juno , Vesta, Netuno e Plutão, e mãe de Proserpina com Júpiter.

Ceres era a deusa das plantas que brotam (particularmente dos grãos) e do amor maternal. Diz-se que foi adotada pelos romanos em 496 a.C. durante uma fome devastadora, quando os livros Sibilinos avisaram para que se adotassem a deusa grega Deméter, Cora (Perséfone) e Dionísio.

Ela tinha doze deuses menores que a assistiam, e estavam encarregues de aspectos específicos da lavoura.

Ceres era retratada na arte com um cetro, um cesto de flores e frutos e tinha uma coroa feita de orelhas de trigo. (Wikipédia)

Θ Estamos em 13 de fevereiro de 1956. Estamos em 13 de fevereiro de 1956. Estamos em 13 de fevereiro de 1956. Estamos em 13 de fevereiro de 1956.

Em uma das maiores homenagens concedidas no Brasil, no dia 17 de fevereiro o sertanista Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon (1865-1958) teve o seu trabalho reconhecido.

E que homenagem foi esta, se não dar ao Território Federal do Guaporé o nome de RONDÔNIA?

Mas o nome Rondônia surgiu muito antes! O criador deste nome tem uma interessante história, que resumiremos:

Em 1912 ELE fez parte da Missão Rondon e passou várias semanas em contato com os índios nhambiquaras que até então não tinham tido contato com a civilização. Na volta, trouxe vasto material etnográfico e, como resultado dessa viagem, publicou em 1917 o livro Rondônia - Antropologia etnográfica, considerado um clássico da antropologia brasileira. É considerado o pai da radiofusão no Brasil. (Wikipédia) O seu nome era __________________________________________.

Seção Narrativa

Palavras? o vento leva... II

CONHECENDO UM POUCO DOS BARBADIANOS E OUTROS IMIGRANTES QUE AJUDARAM A CONSTRUIR A EFMM

BARBADIANOS é o termo atribuído aos negros estrangeiros vindos do Caribe no início do século XX, mais especificamente das áreas de colonização inglesa (Barbados e ilhas vizinhas) para Porto Velho, Belém e outras cidades da Amazônia. Este termo ainda hoje é empregado em relação aos seus descendentes. Algumas famílias de barbadianos permaneceram em Porto Velho: Johnson, Shockness, Macdonald, David, Chase e possivelmente outras.

Além dos barbadianos, vieram do Caribe os habitantes da ilhas de Barbados, Trinidad, Jamaica, Santa Lúcia, Martinica, São Vicente, Guianas, Granada e outras ilhas das Antilhas, no mar do Caribe.

italianos, alemães, espanhóis, ingleses, gregos e portugueses foram os outros imigrantes que vieram construir a estrada de ferro, em número expressivo. Em menor número tivemos também os asiáticos: hindus e chineses.

Eles, que ainda falam inglês, criaram a primeira escola de Porto Velho, no bairro onde se eles concentravam – o Barbadian Town, nas proximidades do Bairro Triângulo. Além de terem se fixado por aqui, os barbadianos participaram e participam ativamente da vida social, econômica e cultural de nossa cidade. Vítimas de muito preconceito à época da construção da EFMM, os barbadianos foram ascendendo socialmente e hoje são pessoas prósperas economicamente e com elevado status social.

Basta ver, por exemplo, os cargos que ocupam na 1ª Igreja Batista de Porto Velho. Além do primeiro e segundo vice-presidente: Elionay Johnson e Charles Shockness, contam-se ainda mais de vinte pessoas das duas famílias!! Sem contar os que trabalham em diversos cargos nos órgãos públicos, com a nossa universidade federal.

a história em imagensa história em imagensa história em imagensa história em imagens Ao lado, foto da lavanderia do Hospital da Candelária, na Vila de Santo Antônio.

O autor da foto, Dana B. Merrill, era o fotógrafo oficial contratado pela ferrovia para documentar a sua construção.

Ele publicou uma obra denominada Fotos da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré Amazonas

& Matto Grosso, Brasil S.A.

O trabalho de registro fotográfico ocupou-lhe três anos, de 1909 a1912.

O sensível artista norte-americano ainda acrescentaria na própria obra dezesseis poemas escritos por trabalhadores.

Cá, entre nós, fazer poema no meio de mosquitos, cobras, malária e outras doenças fatias, era um verdadeiro ato de heroísmo e resistência...

Porto Velho, 31Porto Velho, 31Porto Velho, 31Porto Velho, 31 de agosto de 2008 de agosto de 2008 de agosto de 2008 de agosto de 2008....

Oi, Oi, Oi, Oi, Anna SophiaAnna SophiaAnna SophiaAnna Sophia

Tio Salu, o albinoTio Salu, o albinoTio Salu, o albinoTio Salu, o albino. A descoberta desta personagem tão . A descoberta desta personagem tão . A descoberta desta personagem tão . A descoberta desta personagem tão rara me fez perder algumas noites de sono, tão animado eu rara me fez perder algumas noites de sono, tão animado eu rara me fez perder algumas noites de sono, tão animado eu rara me fez perder algumas noites de sono, tão animado eu fiquei fiquei fiquei fiquei com com com com as has has has histórias istórias istórias istórias vivasvivasvivasvivas que ele começou a me contar. que ele começou a me contar. que ele começou a me contar. que ele começou a me contar. Histórias Histórias Histórias Histórias de alguém que chegou em Porto Velho nos últimos de alguém que chegou em Porto Velho nos últimos de alguém que chegou em Porto Velho nos últimos de alguém que chegou em Porto Velho nos últimos doisdoisdoisdois anos antes da desativação da estrada de ferro... anos antes da desativação da estrada de ferro... anos antes da desativação da estrada de ferro... anos antes da desativação da estrada de ferro...

---- Para os outros a Maria Fumaça pode ter apagado o Para os outros a Maria Fumaça pode ter apagado o Para os outros a Maria Fumaça pode ter apagado o Para os outros a Maria Fumaça pode ter apagado o seu fogo e silenciado o seu apito. Para mim, não! O seu fogo e silenciado o seu apito. Para mim, não! O seu fogo e silenciado o seu apito. Para mim, não! O seu fogo e silenciado o seu apito. Para mim, não! O caminho caminho caminho caminho de ferrode ferrode ferrode ferro, como dizem os portugueses, está aqui dentro de mim, , como dizem os portugueses, está aqui dentro de mim, , como dizem os portugueses, está aqui dentro de mim, , como dizem os portugueses, está aqui dentro de mim, com as suas paisagens cheicom as suas paisagens cheicom as suas paisagens cheicom as suas paisagens cheiaaaas de s de s de s de sombrasombrasombrasombras da noite s da noite s da noite s da noite e e e e dededede céus céus céus céus estrelaestrelaestrelaestrelados ou repletos da luz da lua, dos ou repletos da luz da lua, dos ou repletos da luz da lua, dos ou repletos da luz da lua, ainda ainda ainda ainda a a a a me iluminame iluminame iluminame iluminarrrr... ... ... ...

Há noites em que eu acordo e sinto o sacolejar do Há noites em que eu acordo e sinto o sacolejar do Há noites em que eu acordo e sinto o sacolejar do Há noites em que eu acordo e sinto o sacolejar do trem nas curvas! E quanta saudade eu sinto do seu William, trem nas curvas! E quanta saudade eu sinto do seu William, trem nas curvas! E quanta saudade eu sinto do seu William, trem nas curvas! E quanta saudade eu sinto do seu William, tão firme conduzindo a tão firme conduzindo a tão firme conduzindo a tão firme conduzindo a locomotivalocomotivalocomotivalocomotiva e contando casos sem fim e contando casos sem fim e contando casos sem fim e contando casos sem fim, , , , das assombrações que atravessavam os trilhos, nas noites das assombrações que atravessavam os trilhos, nas noites das assombrações que atravessavam os trilhos, nas noites das assombrações que atravessavam os trilhos, nas noites escuras, nas proximidades dos seringais e das estações... Um escuras, nas proximidades dos seringais e das estações... Um escuras, nas proximidades dos seringais e das estações... Um escuras, nas proximidades dos seringais e das estações... Um dia ele chegou a parar o trem! Mas dera passagem apenas a dia ele chegou a parar o trem! Mas dera passagem apenas a dia ele chegou a parar o trem! Mas dera passagem apenas a dia ele chegou a parar o trem! Mas dera passagem apenas a uma alma penada...uma alma penada...uma alma penada...uma alma penada... Dias depois Dias depois Dias depois Dias depois eu eu eu eu iria iria iria iria conhecer o museu dos Thompson!conhecer o museu dos Thompson!conhecer o museu dos Thompson!conhecer o museu dos Thompson!

Baú de novas palavrasBaú de novas palavrasBaú de novas palavrasBaú de novas palavras

LO.CO.MO.TI.VA “Veículo automotor que corre sobre trilhos, utiliza formas diversas de energia para produzir movimento e serve para rebocar vagões de passageiros ou de carga nas estradas de ferro; balduína, locomotora” (HOUAISS). Dizem que algumas pessoas são verdadeiras locomotivas , por terem iniciativa, liderança e arrastarem, conduzirem as outras, os vagões ...

Palavras? o vento leva... III

ESTAÇÃO DO CARACOL

Não posso reclamar do meu irmão, mas que ele tem um pouco do meu pai no sangue, isso ele tem! A gente pode brigar, mas eu falo tudo o que eu sinto (e ele sabe, pois vai ler este diário daqui há pouco...) Ele acha que as mulheres têm menos inteligência que os homens. Que petulância!! Quanta insolência, meu Deus!!

Não sou como minha mãe, que engole tudo calada, pois contrariar o meu pai é sempre motivo de brigas lá em casa; brigas que parecem não acabar nunca...

E, ela, meu Deus, quanta paciência com o meu pai! E diz, com aqueles seus olhos de santa (já disse isso para ela, que ficou brava comigo!):

- Ele tem um espinho cravado no coração e nós temos que ter paciência, para ajudá-lo a arrancar de lá!! Eu sei o quanto ele sofre...

Vai ver que são “as lembranças de guerra” dele. Ouvi minha mãe esses dias conversando com tia Rosa sobre os pesadelos de meu pai. É sempre a mesma cena – um homem pedindo socorro, dizendo que tem um filho para cuidar!

Eros e eu temos tentado descobrir as peças perdidas do quebra-cabeça da história do meu pai! E só falta uma peça! Saber se o homem que ele deixou de salvar, para impedir que a tropa fosse atacada de surpresa, tinha mesmo um filho. Da última vez que o tio Bacelar esteve lá em casa eu anotei uma frase sua (mesmo escondida na cozinha, debaixo da mesinha do canto, eu ouvi!):

- ...eles insistem em dizer que ele não era casado, nem tivera nenhum filho por aí (pelo menos que eles saibam!)

E se o soldado morto tiver realmente um filho perdido por aí?!

Seção Carta

Θ Histórias de alguém que chegou em Porto Velho nos últimos Histórias de alguém que chegou em Porto Velho nos últimos Histórias de alguém que chegou em Porto Velho nos últimos Histórias de alguém que chegou em Porto Velho nos últimos dois dois dois dois anos antes da anos antes da anos antes da anos antes da desativação da estrada de ferrodesativação da estrada de ferrodesativação da estrada de ferrodesativação da estrada de ferro... ... ... ...

Para os ferroviários foi muito dolorosa a desativação da EFMM!

Será que era mesmo necessário desativar a ferrovia? Acabar com uma estrada que custou milhões de reais ao nosso país? E que, ainda por cima, estava sendo útil no transporte de cargas e passageiros?!

E o pior é que ainda ficamos em dívida com a Bolívia, pois a ferrovia fora construída também para atender este país vizinho, na exportação dos seus produtos, principalmente a borracha que vinha da sua região amazônica, nas províncias do Beni...

Dizem que a indústria automobilística ajudou a enfiar na cabeça dos nossos dirigentes (os políticos) daquela época, que o melhor mesmo era as rodovias...

O que é melhor para o país, para as pessoas, para as empresas que precisam transportar suas mercadorias? O que é mais barato? Por via rodoviária ou ferroviária?

Vocês perceberam que este assunto rende uma boa pesquisa? Segue alguns títulos e uma sugestão: façam uma exposição no mural!

Novas ferrovias: o Brasil de novo nos trilhos

Ferrovia: uma velha solução para o problema de transporte

Ferrovia versus Rodovia: com quem está a razão?

Ai que saudade da Maria Fumaça! As estradas de ferro e o turismo cultural

Seção Narrativa

Palavras? o vento leva... III

2222………….... GUERRA GUERRA GUERRA GUERRA MUNDIAL MUNDIAL MUNDIAL MUNDIAL O O O O BBBBRASIL VAI ¤ GUERRA JRASIL VAI ¤ GUERRA JRASIL VAI ¤ GUERRA JRASIL VAI ¤ GUERRA JUNTO COM OS ALIADOS UNTO COM OS ALIADOS UNTO COM OS ALIADOS UNTO COM OS ALIADOS

E VOLTA VITORIOSO COE VOLTA VITORIOSO COE VOLTA VITORIOSO COE VOLTA VITORIOSO CONTRA OS ALEM‹ESNTRA OS ALEM‹ESNTRA OS ALEM‹ESNTRA OS ALEM‹ES!!!!!!!!

Em entrevista, o historiador Gizáh Szewczak comenta sobre a participação do Brasil no grande confronto (pra saber + : www.miniweb.com.br/cidadania/Hinos/video_feb_1.html).

Qual foi o grande feito do Brasil durante a Segunda Guerra?

Houve vários. Por ordem de importância, eu cito os seguintes:

. Ter servido como ponte aérea para o envio de grandes aeronaves dos EUA para todas as frentes de batalha; fornecer alimentos e matérias-primas para o esforço industrial norte-americano;

. Cooperar com o patrulhamento do Atlântico e ajudar a impedir o tráfego de navios e submarinos do Eixo naquela área; e disponibilizar uma divisão de infantaria para lutar na Itália.

No contexto italiano de operações, gostaria de destacar dois grandes feitos da FEB.

O primeiro é a tomada de Montese, em 14 de abril de 1945, que praticamente salvou o dia. Tratava-se do primeiro dia da Ofensiva da Primavera, o esforço final para acabar com a guerra na Itália. A tomada de Montese atraiu para a área da FEB a maior parte do fogo defensivo de artilharia do inimigo, aliviando consideravelmente a pressão sobre a 10.ª Divisão de Montanha, que liderava a ofensiva.

O segundo é a captura em combate da 148.ª Divisão de Infantaria alemã e dos remanescentes das Divisões Itália e Monte Rosa (que constituíam o chamado Exército da Ligúria, última formação importante ainda em condições de combater na Itália). A captura dessas formações ajudou a apressar o fim da guerra na Itália, que se deu poucos dias depois.

Porto Velho, 1º de setembroPorto Velho, 1º de setembroPorto Velho, 1º de setembroPorto Velho, 1º de setembro de 2008. de 2008. de 2008. de 2008.

Oi, Oi, Oi, Oi, Anna SophiaAnna SophiaAnna SophiaAnna Sophia

O museu dos ThompsonO museu dos ThompsonO museu dos ThompsonO museu dos Thompson. O . O . O . O mmmmuseu ficava na casa em useu ficava na casa em useu ficava na casa em useu ficava na casa em que a família morque a família morque a família morque a família morou um dia ou um dia ou um dia ou um dia –––– seu William, seu William, seu William, seu William, dona Elisabeth, dona Elisabeth, dona Elisabeth, dona Elisabeth, Dorothy, a Dodó e o agregado herdeiro de tudo, o Salu. Dorothy, a Dodó e o agregado herdeiro de tudo, o Salu. Dorothy, a Dodó e o agregado herdeiro de tudo, o Salu. Dorothy, a Dodó e o agregado herdeiro de tudo, o Salu.

Por não terem familiares Por não terem familiares Por não terem familiares Por não terem familiares em Porto Velhoem Porto Velhoem Porto Velhoem Porto Velho, Salu foi , Salu foi , Salu foi , Salu foi ficando com os bens do casal, enquanto esperava que viessem ficando com os bens do casal, enquanto esperava que viessem ficando com os bens do casal, enquanto esperava que viessem ficando com os bens do casal, enquanto esperava que viessem outros outros outros outros herdeiros, seus sobrinhos, herdeiros, seus sobrinhos, herdeiros, seus sobrinhos, herdeiros, seus sobrinhos, que moravam em Belém e que moravam em Belém e que moravam em Belém e que moravam em Belém e emememem BridgetownBridgetownBridgetownBridgetown, ca, ca, ca, capital de Barbadospital de Barbadospital de Barbadospital de Barbados. Mas passaram. Mas passaram. Mas passaram. Mas passaram----se os anos e se os anos e se os anos e se os anos e estes parentes não apareceram. Enviaram, por fim, cartas estes parentes não apareceram. Enviaram, por fim, cartas estes parentes não apareceram. Enviaram, por fim, cartas estes parentes não apareceram. Enviaram, por fim, cartas em em em em que diziam que diziam que diziam que diziam abriabriabriabrir r r r mão da herança... mão da herança... mão da herança... mão da herança...

Salu, que fora alfabetizadSalu, que fora alfabetizadSalu, que fora alfabetizadSalu, que fora alfabetizadoooo pela pela pela pela menina Dodómenina Dodómenina Dodómenina Dodó, era , era , era , era homem de muita leitura. Com ela aprendeu também homem de muita leitura. Com ela aprendeu também homem de muita leitura. Com ela aprendeu também homem de muita leitura. Com ela aprendeu também a a a a tomar tomar tomar tomar gosto pelgosto pelgosto pelgosto pelas as as as biografiasbiografiasbiografiasbiografias d d d doooos grandes personagens da história s grandes personagens da história s grandes personagens da história s grandes personagens da história mundial (o seu preferido era mundial (o seu preferido era mundial (o seu preferido era mundial (o seu preferido era Thomas Alva Edison, o inventor Thomas Alva Edison, o inventor Thomas Alva Edison, o inventor Thomas Alva Edison, o inventor da lâmpada e mil outros da lâmpada e mil outros da lâmpada e mil outros da lâmpada e mil outros artefatos, engenhosartefatos, engenhosartefatos, engenhosartefatos, engenhos, aparelhos, aparelhos, aparelhos, aparelhos)... )... )... )...

Para manter o museu, Salu Para manter o museu, Salu Para manter o museu, Salu Para manter o museu, Salu cultivava, protegido do sol, cultivava, protegido do sol, cultivava, protegido do sol, cultivava, protegido do sol, mudas de plantas que ele mudas de plantas que ele mudas de plantas que ele mudas de plantas que ele vendiavendiavendiavendia posteriormente na feira. posteriormente na feira. posteriormente na feira. posteriormente na feira.

Quando entrei pela primeira vez Quando entrei pela primeira vez Quando entrei pela primeira vez Quando entrei pela primeira vez na sala do na sala do na sala do na sala do museumuseumuseumuseu, , , , senti uma senti uma senti uma senti uma dessas emoções difíceis dedessas emoções difíceis dedessas emoções difíceis dedessas emoções difíceis de se se se se traduzir em traduzir em traduzir em traduzir em palavras.palavras.palavras.palavras. Ver o passado vivo e poder Ver o passado vivo e poder Ver o passado vivo e poder Ver o passado vivo e poder mergulhar nele nmergulhar nele nmergulhar nele nmergulhar nele não é pouco!ão é pouco!ão é pouco!ão é pouco!

Baú de novas palavrasBaú de novas palavrasBaú de novas palavrasBaú de novas palavras

BI.O.GRA.FI.A “Narração oral, escrita ou visual dos fatos particulares das várias fases da vida de uma pessoa ou personagem.” (HOUAISS). Já sabemos que Edison foi uma grande personagem da história. E ele foi muito mais do que simplesmente o gênio inventor da lâmpada. Vale a pena ler sobre ele!

Palavras? o vento leva... IV

ESTAÇÃO DO QUILÔMETRO 75

Minha irmã às vezes me perturba com essas idéias de igualdade entre os homens e as mulheres... Nem vou discutir! Deixarei que “a Ciência se pronuncie a tal respeito”, como diz o professor Bosco. O senhor William já sabe que fugimos de casa e somos clandestinos no trem... Ele achou muita graça nisso tudo! No mesmo instante ele se lembrou da sua filha, a Dodó...

Conheci um homem, bem jovem, que me pareceu muito enxerido, pois senti que ele estava ouvindo nossas conversas com o maquinista.

Depois, estranhei ainda mais, pois nos ofereceu chocolate, que disse ser um “legítimo produto europeu“. Estivera na Europa no ano passado, precisamente na Itália...

Mesmo supondo tratar-se de alguém suspeito, não me agüentei: - Não vai me dizer que o seu pai foi um pracinha, um soldado de

guerra?! Os olhos deste moço se acenderam

e ele não parou de falar por quase uma hora.

Ceres me cutucava, tentando me dizer alguma coisa, mas eu não conseguia deixar de ouvi-lo, pois ele não contava as coisas, simplesmente; mais parecia projetar as cenas na parede, como se tivesse um projetor de filme na cabeça!!

Quando finalmente ele deu uma pausa, minha irmã contou da participação do nosso pai na Grande Guerra. E, naturalmente, falou da sua medalha de herói, por ter salvo a sua tropa...

- Então, o seu pai só pode ser o cabo Afrânio, não é? - Ele mesmo, mas o senhor o conhece?! - Não, mas irei conhecê-lo, pois tenho procurado por ele há muitos

anos. Trago-lhe um recado do meu pai. - E ele ainda é vivo? - E aqueles a quem amamos morrem algum dia, de verdade?

Seção Carta

Θ O museu dos ThompsonO museu dos ThompsonO museu dos ThompsonO museu dos Thompson. O museu ficava na casa em que a família morou um dia... ... ... ...

É muito comum que as casas de personagens famosas se tornem museus, abrigando parte de suas obras e objetos pessoais.

Como comentamos sobre um grande inventor norte-americano, faremos o mesmo agora com o nosso maior inventor: Santos Dumont, cuja casa tornou-se um museu, em Petrópolis.

Aliás, ele não foi somente o inventor do avião, mas também o do relógio de pulso e de algo que eu pude ver (e me admirar) quando visitei sua casa – um interessante sistema de aquecimento de água, a álcool, para o seu banheiro...

Dizem por aí que “quem gosta de velho é museu”...

Antigamente isso pode ter sido até verdade. Hoje, não!

Por isso existem os museus de arte contemporânea e outros tantos especializados em fazer mostras de artistas vivos e atuantes...

Mostras de pintura, música, vídeo, enfim as artes plásticas e outras

semelhantes... Até arte digital já existe e vive sendo apresentada nestes locais vivos.

Então, quando você estiver em algum lugar que tenha um museu, vá visitá-lo!! Nunca é perda de tempo ou coisa chata.

Se você não for, de duas uma: ou voltará lá um dia e, então, terá uma nova oportunidade e irá; ou se arrependerá mais tarde por ter deixado de ir...

Ah, e não deixe de acompanhar a reforma do Museu da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré. Será um dos nossos pontos turísticos, desses de nos encher de orgulho!

Seção Narrativa

Palavras? o vento leva... IV

CCCCOLOCANDOOLOCANDOOLOCANDOOLOCANDO A HISTŁRIA NOS TRIL A HISTŁRIA NOS TRIL A HISTŁRIA NOS TRIL A HISTŁRIA NOS TRILHOSHOSHOSHOS............

Quantas histórias deverão Quantas histórias deverão Quantas histórias deverão Quantas histórias deverão existir tendo como existir tendo como existir tendo como existir tendo como personagepersonagepersonagepersonagemmmm a nossa estrada de a nossa estrada de a nossa estrada de a nossa estrada de ferro?ferro?ferro?ferro?

Parte desta história está sepultada no Cemitério da Candelária , abandonado por muitas décadas e hoje, felizmente, reconhecido como um importante patrimônio histórico e em fase final de recuperação. O jornalista Nelson Townes começou a escrever sobre o cemitério, em um artigo publicado na imprensa local. Vamos a um trecho dele: Eles ainda estão lá, esquecidos e perdidos há quase um século, no meio do bosque místico, sagrado e histórico em que se transformou o Cemitério da Candelária, a dois quilômetros do centro de Porto Velho. São os 1.593 trabalhadores que vieram de 22 países de todos os continentes para lutar contra a selva amazônica e morrerem durante a construção da Estrada de Ferro Madeira-Madeira, e que ainda estão lá sepultados.

Talvez não haja cemitério igual no planeta. É uma espécie de ONU (Organização das Nacões Unidas) fúnebre, Lá estão enterrados espanhóis, antilhanos, portugueses, gregos, bolivianos, italianos, venezuelanos, colombianos, chineses, turcos, peruanos, barbadianos, alemães, franceses, ingleses, austríacos, árabes, russos, porto-riquenhos, japoneses e dinamarqueses que a Madeira-Mamoré Railway Company recrutou no mundo inteiro para trabalharem na construção ferrovia.

Eles foram sepultados entre 1.907, quando o cemitério foi aberto, anexo ao Complexo Hospitalar da Candelária, criado para tratar de funcionários da ferrovia, e 1.912, quando a ferrovia foi inaugurada. Era reservado só para os operários estrangeiros que morriam nas obras na grande ferrovia da floresta.

Quando a construção da estrada acabou, e a maioria dos estrangeiros voltou para suas terras de origem, os que morreram foram abandonados pelos compatriotas sobreviventes. Os 1.593 sepultamentos são confirmados por estatísticas necrológicas dos médicos do Complexo Hospitalar da Candelária.

Não há registro de que algum deles tenha sido exumado para lugar algum. Heróis de uma das maiores obras da humanidade, nunca foram repatriados após a morte em terra estranha.

Seus nomes foram esquecidos. Seus túmulos começaram a ser violados após a desativação do cemitério em 1920. As lápides foram destruídas ou roubadas.

Para ler e saber mais acesse: www.gentedeopiniao.com.br/ler_noticia.php?codigo=26142

Porto Velho, 2 de setPorto Velho, 2 de setPorto Velho, 2 de setPorto Velho, 2 de setembro de 2008. embro de 2008. embro de 2008. embro de 2008.

Oi, Oi, Oi, Oi, Anna SophiaAnna SophiaAnna SophiaAnna Sophia

Tio Salu (eu também o adotei) era leitor das Tio Salu (eu também o adotei) era leitor das Tio Salu (eu também o adotei) era leitor das Tio Salu (eu também o adotei) era leitor das ““““biografias dos grandes personagens da históriabiografias dos grandes personagens da históriabiografias dos grandes personagens da históriabiografias dos grandes personagens da história”.”.”.”. Eu também Eu também Eu também Eu também sou. E por sou. E por sou. E por sou. E por gostar de biografias e conhecer um pouco sobre gostar de biografias e conhecer um pouco sobre gostar de biografias e conhecer um pouco sobre gostar de biografias e conhecer um pouco sobre isso, posso dizer que isso, posso dizer que isso, posso dizer que isso, posso dizer que muitas pessoas fmuitas pessoas fmuitas pessoas fmuitas pessoas ficam fora da icam fora da icam fora da icam fora da hhhhistória, istória, istória, istória, aquela que vai para os livrosaquela que vai para os livrosaquela que vai para os livrosaquela que vai para os livros! ! ! !

Felizmente isto está mudando, Felizmente isto está mudando, Felizmente isto está mudando, Felizmente isto está mudando, pois muitas pessoas simples, como o pois muitas pessoas simples, como o pois muitas pessoas simples, como o pois muitas pessoas simples, como o seu Gabriel Ruiz Pelegrina, um exseu Gabriel Ruiz Pelegrina, um exseu Gabriel Ruiz Pelegrina, um exseu Gabriel Ruiz Pelegrina, um ex----ferroviário, hoje aposentado, estão ferroviário, hoje aposentado, estão ferroviário, hoje aposentado, estão ferroviário, hoje aposentado, estão conseguindo publicar obras com suas conseguindo publicar obras com suas conseguindo publicar obras com suas conseguindo publicar obras com suas

memórias, relatando suas exmemórias, relatando suas exmemórias, relatando suas exmemórias, relatando suas experperperperiências profissionais e de vida.iências profissionais e de vida.iências profissionais e de vida.iências profissionais e de vida. E E E E as as as as tantas tantas tantas tantas histórias dos ferroviários histórias dos ferroviários histórias dos ferroviários histórias dos ferroviários

da Estrada de Ferro Madeirada Estrada de Ferro Madeirada Estrada de Ferro Madeirada Estrada de Ferro Madeira----Madeira? Vão Madeira? Vão Madeira? Vão Madeira? Vão ficar no esquecimento? ficar no esquecimento? ficar no esquecimento? ficar no esquecimento?

Muitos já morreram e levarem com eles Muitos já morreram e levarem com eles Muitos já morreram e levarem com eles Muitos já morreram e levarem com eles preciosas informações. Outros não demorarão preciosas informações. Outros não demorarão preciosas informações. Outros não demorarão preciosas informações. Outros não demorarão a embarcar a embarcar a embarcar a embarcar para o lado de lápara o lado de lápara o lado de lápara o lado de lá... ... ... ...

Este valioso Este valioso Este valioso Este valioso patrimônio patrimônio patrimônio patrimônio culturalculturalculturalcultural, que , que , que , que são estas histórias, não pode se perder!são estas histórias, não pode se perder!são estas histórias, não pode se perder!são estas histórias, não pode se perder!

Baú de novas palavrasBaú de novas palavrasBaú de novas palavrasBaú de novas palavras

PA.TRI.MÔ.NIO

Patrimônio é o “bem ou conjunto de bens naturais ou culturais de importância reconhecida num determinado lugar, região, país ou mesmo para a humanidade, que passa(m) por um processo de tombamento para que seja(m) protegido(s) e preservado(s)” (HOUAISS)

Preservemos a memória da EFMM!

Palavras? o vento leva... V

ESTAÇÃO DE LUZITÂNIA

Meu irmão disse que precisamos “evocar a Ciência” para que ela se “pronuncie a respeito” da igualdade entre mulheres e homens, mas nem precisa! Eu mesma sou uma prova viva de inteligência! Dizem que sou mais inteligente do que ele... Mudando de assunto, ontem quase o meu coração entra em colapso! João Marcelo, o moço que conversou com a gente e disse estar em busca do meu pai, não estava mentindo, como cheguei a presumir...

Ele nos contou em longos capítulos uma história que mais parecia um conto de ficção... Mais ou menos assim, em resumo:

Meu pai não morreu naquela explosão, mas muito depois, capturado pelos alemães, que tentaram salvar-lhe a vida, que ainda se prolongou por alguns meses... O que preservou a sua pele, na verdade, foi ter sido descendente de alemão e falar a língua germânica!

Minha avó era filha de alemães; meu avô, filho de italianos; ambos moravam, no Espírito Santo, em colônias onde praticamente não se falava português. Daí que quando se casaram fizeram um pacto – transmitir os dois idiomas aos descendentes, mesmo que às escondidas, se necessário... Meu pai, desse modo, falava fluentemente três línguas.

Enquanto esteve vivo escreveu um diário, deixando duas instruções: que descobrissem o meu paradeiro e que encontrassem o cabo Afrânio, seu grande amigo! Ele sabia que o seu pai não se perdoaria por não ter conseguido salvá-lo...

Um soldado alemão, que se tornara também amigo do meu pai levou consigo o diário, que de mão em mão, viajando por muitos países, famílias e gerações, acabou em meu poder.

Há dois anos, pois, estou no encalço do seu pai! Parece mentira, não é!?

Que parecia, parecia, mas não era! Tudo se encaixava e a pedra que faltava no quebra-cabeça estava pronta para ser colocada no devido lugar.

Chegamos em Luzitânia. Daqui até o seringal do meu avô são apenas duas léguas. Vamos a pé e em companhia do João Marcelo, nosso primo mais velho! Mais tarde o levaremos para Guajará-Mirim. Meu pai, ao saber de tudo, esquecerá das nossas estripulias, caso ele não venha, no próximo trem, nos buscar... Acredito que a surpresa ainda será maior.

Ah, terminamos a leitura do livro do Julio Verne. Uma grande aventura, de tirar o fôlego! Assim, como a nossa...

FIMFIMFIMFIM

Seção Carta

Θ ............patrimônio patrimônio patrimônio patrimônio culturalculturalculturalcultural

Existem dois tipos de patrimônio cultural: o material e o imaterial (ou intangível).

O primeiro é fácil de identificar, pois basta olhar para qualquer monumento histórico e pronto: está lá!

Temos em Rondônia quatro pontos turísticos consagrados, que foram tombados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), transformados em patrimônio cultural. Três na capital e um no interior:

. A Estrada de Ferro Madeira-Mamoré (o que inclui o Pátio Ferroviário e oito quilômetros de trilhos até Santo Antônio)

. As Três Caixas d 'Água

. O Cemitério da Candelária

. O Forte Príncipe da Beira, em Costa Marques.

Quanto ao patrimônio cultural imaterial temos alguns exemplos, abaixo, que ajudam a entender o que é exatamente isto:

BENS IMATERIAIS TOMBADOS PELO IPHAN

Mas vamos à definição. Segundo o decreto 3.551 /2000 o patrimônio imaterial é composto por:

. conhecimentos e modos de fazer enraizados no cotidiano das comunidades;

. rituais e festas que marcam a vivência coletiva do trabalho, da religiosidade, do entretenimento e de outras práticas da vida social;

. manifestações literárias, musicais, plásticas, cênicas e lúdicas;

. mercados, feiras, santuários, praças e demais espaços onde se concentram e reproduzem práticas culturais coletivas.

Seção Narrativa

Palavras? o vento leva... V

Um pequeno teste final, mais do que fácil! Leia atentamente o texto e ligue cada foto à sua descrição.

A Estação de Passageiros do Complexo Ferroviário foi inaugurada em 1912 e se destinava à venda de passagens, de embarque e desembarque de passageiros que utilizavam os seus 366 km férreos atendendo de Porto Velho a Guajará Mirim. Foi desativada em 1972.

As Três Caixas D’Água vieram dos Estados Unidos, desmontadas, no começo do século XX (de 1910 a 1912), para servirem às obras da Estrada de Ferro Madeira Mamoré e à população da época. Cada reservatório possui capacidade pra armazenar duzentos mil litros d’água.

O Palácio Presidente Vargas (sede do Governo) teve sua obra iniciada no ano de 1948. O projeto foi idealizado pelo engenheiro civil, José Otino de Freitas, que projetou o prédio em estilo neocolonial. Foi inaugurado em 1954, pelo gov. Ênio dos Santos Pinheiro.

Até os anos setenta este prédio denominava-se Porto Velho Hotel . Sua construção iniciou-se em 1948 e foi inaugurado em janeiro de 1953. É conhecido hoje como prédio da UNIR/Centro . Ele retrata o marco de uma época de ouro na nossa cidade de Porto Velho.

Fotos de MURILO VALENTE Baseado em textos de IVO FEITOSA FILHO

Palavras finais do autor...

Sou Abel Sidney. Moro aqui em Porto Velho. Tenho cinco filhos e alguns livros publicados. Já plantei algumas árvores. Portanto, como dizem por aí, eu já estaria realizado. Mas ainda não estou, pois há muito chão a percorrer: muitos livros a publicar, um mundo imenso a conhecer... Por isso devo continuar insistindo! Foi muito bom partilhar esta história com vocês. Espero que tenham gostado. Valeu!