B&C BEACH&COUNTRY 07 ARTEFACTO
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CONFISSÕESLARS GRAELDEDICAÇÃO E SUPERAÇÃO
UNIVERSO B&CNAVEGANDO PELO CONHECIMENTO
À MESAANTIQUARIUS - COZINHA PORTUGUESA EM TERRAS BRASILEIRAS
CONFISSÕESLARS GRAELDEDICAÇÃO E SUPERAÇÃO
UNIVERSO B&CNAVEGANDO PELO CONHECIMENTO
À MESAANTIQUARIUS - COZINHA PORTUGUESA EM TERRAS BRASILEIRAS
Rio de Janeiro
Av. Ayrton Senna, 2.150,Bloco K - Casashopping
Barra da Tijucat: 21 3325.7667
Segunda, das 12 às 22h.Terça a sábado, das 10 às 22h.
Domingos, das 15 às 21h
São Paulo
Av. Brasil, 1.823Jardim Américat: 11 3894.7000
Estacionamento no localSegunda a sábado, das 10 às 20h
Domingos e feriados, das 14 às 18h
a r t e f a c t o b c . c o m . b r
R i o d e J a n e i r o
S ã o P a u l o
an_fachadas.indd 2-3 6/1/11 6:46 PM
Rio de Janeiro
Av. Ayrton Senna, 2.150,Bloco K - Casashopping
Barra da Tijucat: 21 3325.7667
Segunda, das 12 às 22h.Terça a sábado, das 10 às 22h.
Domingos, das 15 às 21h
São Paulo
Av. Brasil, 1.823Jardim Américat: 11 3894.7000
Estacionamento no localSegunda a sábado, das 10 às 20h
Domingos e feriados, das 14 às 18h
a r t e f a c t o b c . c o m . b r
R i o d e J a n e i r o
S ã o P a u l o
an_fachadas.indd 2-3 6/1/11 6:46 PM
NOSSOS ENDEREÇOS:SÃO PAULO • AV. BRASIL, 1823 - JARDIM AMÉRICA - TEL.: 11 3894-7000. DE SEGUNDA A SÁBADO, DAS 10H ÀS 20H - DOMINGOS E FERIADOS, DAS 14H ÀS 18H.
RIO DE JANEIRO • AV. AYRTON SENNA, 2150 - BLOCO K - CASASHOPPING - BARRA DA TIJUCA - TEL.: 21 3325-7667. SEGUNDAS, DAS 12H ÀS 22H. DOMINGOS, DAS 15H ÀS 21H.
Vamos dar a meia volta, volta e meia vamos dar...
O trecho da ciranda dá um pouco o norte deste exemplar – vamos, voltamos, não
ficamos apenas. Nossos ancestrais ousaram navegar por mares nunca dantes
navegados, à procura de terras estranhas e exóticas, outras culturas, outros
povos, outros credos. A ousadia destes exploradores possibilitou que nosso povo
tivesse uma base multicultural e exemplarmente desprovida de preconceitos, visto
ter sido criado à sombra de culturas ancestrais das mais diversas origens. Para
nós, navegar é preciso sempre, estamos acostumados a essa frase (geralmente
creditada à Fernando Pessoa, que esclarece em seu próprio poema a origem desta),
acreditamos na mudança, no deslocamento – talvez em virtude de termos sido
descobertos quase ao acaso, numa procura pelas Índias. Então, orientados por
este tema, decidimos fazer o caminho inverso, demos a volta até Portugal para
penetrar no universo do poeta português através do olhar do pernambucano José
Paulo Cavalcanti Filho. Hospedamos-nos em terras além-mar nos domínios da
Pérola do Atlântico, como é conhecido o hotel Reid´s Palace, na Ilha da Madeira.
De lá até Marrakesh um pulinho com Adriana Bittencourt que dá dicas preciosas
da cidade vermelha. Penetramos na arquitetura e nas paisagens de Bruno Miguel,
jovem artista plástico de talento inconteste, embalados por uma trilha sonora que
também navega entre o pop de Nelly Furtado (filha de...portugueses) e a melodia
etérea do Madredeus, para concluírmos que novamente o poeta estava certo: o que
é necessário é criar. Para nós da Artefacto Beach&Country, a criação é a mola, o
mote, o combustível que nos faz dar a meia volta, a volta e meia...
J. Wair de Paula Jr.
Eduardo Felipe F. Machado
8 | J U N H O 2 0 1 1
CARTA AO LEITOR
Making Of
J U N H O 2 0 1 1 | 9
10 | J U N H O 2 0 1 1
Índice
3846
Brasil no MundoEstilo sem fronteiras.
70Refúgio Internacional
Reid's Palace, o cenário ideal para se refugiar do mundo.
82Perfil One
Sinônimo de criatividade e sucesso.
34Leitura
Fernando Pessoa: Quase uma autobiografia.
26Universo B&C
Navegar é preciso...Assim como é preciso viver!
58bússola
A Península Ibérica volta a ganhar atenção de turistas.
58
80The look of Home 01
Sonhar é uma forma de viagem.
46
38À Mesa
Bacalhau: O rei dos mares nórdicos dá água na boca no mundo inteiro.
52Trilha Sonora
Nelly Furtado A voz de múltiplas línguas e emoções.
102
J U N H O 2 0 1 1 | 11
90Refúgio Nacional
Para descansar a alma.
98The look of Home 02Na praia a combinação azul e branco
traz para dentro de casa as cores do mar.
102Confissões
Lars Grael, um exemplo de Dedicação e superação.
110Perfil Two
Sonia Racy, informações de poder direto das melhores fontes.
112Arte
O fantástico mundo de bruno, o jovem artista que seconsagra como um dos nomes da arte contemporânea.
120DNA
Ana Salazar, a estilista portuguesa Que veio conquistar o brasil.
70
120
82
124The look of Home 03
A dupla guilherme saggese e jorge nascimento nos oferece uma sala de almoço plena de sabores.
128Na Rede
Navegue pelos sites que nós escolhemos.
112
A ARTE DE PROVENCE EM EXPOSIÇÃO PERMANENTE NO SEU BANHEIRO.
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Nova Linha Provence Docol. A harmonia entre o clássico e o contemporâneo em cada mínimo detalhe faz da linha Provence única no mercado. A nova coleção da Docol traz toda a sofi sticação e requinte presentes na mais bela região da França.
Disponível também no acabamento dourado.Combine com a linha de acessórios Arabella.
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COLABORADORES
Expediente
Diretoria Artefacto Beach&CountryAlbino BacchiFundador Artefacto
Bráulio BacchiDiretor-Executivo Artefacto
Paulo BacchiCEO Internacional Artefacto
Eduardo MachadoDiretor de Marca e Relacionamento
Pedro TorresSuperintendente
Wair de PaulaDiretor de Criação
Projeto Editorial
Fabio PereiraDiretor de Criação
Cesar RodriguesProjeto GráficoDireção de Arte
Chico VolponiGerente de Custom Publishing
Iana MerisseAssistente de Arte
Luciana FagundesRevisão
Ana Luiza VaccarinArte Final
Giuliano PereiraDiretor Responsável
Pamela GerardGerente de Contas
Tatiana VolpeSupervisora de Contas
Helena MontanariniRedação e Edição
Felipe Petroni FilizolaJornalista
Paulo BrentaFotógrafo
Diego Makul Publicidade [email protected]
Executivas de conta Ana CondeCindy VegaClarice MattielloElisangela LaraViviane Bruno
ColaboradoresAdilson Rocchi, Ailton Alves, Bruna Brandão, Carlos Zaluski, Cesar Rodrigues, Edison Garcia, Fabio Augusto, Fabio Novaes, Mariane Thamsten, Marilia Teixeira, Meire Silva, Miriam Perdigão, Mônica Galvani, Nabi Neves, Rejane Zaverucha, Ricardo Amaral, Tânia Rodrigues, Carla Dutra (Neiva Assessoria).
Eduardo MachadoDiretor de Marca e Relacionamento
Wair de Paula Diretor de Criação
Rua Artur de Azevedo, 560 - Pinheiros - SP - 05404-001 Tel.: (55 11) 2182-9500 - www.j3p.com.br
ECOLumber
UNIVERSO B&C
NAVEGAR É PRECISO...ASSIM COMO É PRECISO VIVER!
Por HELENA MONTANARINI Fotos dIvuLgAçãO
J U N H O 2 0 1 1 | 19
O termo navegar significa viajar, percorrer,
atravessar. No sentido mais literal, é o ato
de fazer um navio ou avião seguir rota deter-
minada pelo curso de água ou pelos ares. O ato em si
também implica uma aventura em busca de determina-
do objetivo, pelas ocorrências inesperadas que podem
acontecer no meio da jornada.
Hoje, pelo meio de instrumentos de alta tecnologia,
esses fatores surpresas se minguaram a poucas adversi-
dades que, com raras exceções, podem ser controladas e
superadas. No entanto, nem sempre foi assim. Em uma
época que a Terra era considerada plana e quadrada, na-
vegar podia significar correr o risco de “cair” para fora do
mundo. A falta de instrumentos também era responsá-
vel pelo não-retorno de muitos navios, o que ajudava a
criar mitos e histórias sobre o que poderiam aguardar
os navegantes. Os Fenícios e os Vikings, dois povos que
historicamente estão associados à conquista dos mares,
acreditavam em monstros aquáticos, sereias encantadas
e outros tantos castigos de Deus, caso algumas tradi-
ções e rituais não fossem seguidos à risca.
Na Roma Antiga a frase “Navegar é preciso; viver não
é preciso” (do latim Navigare necesse; vivere non est
necesse), atribuída a Pompeu, encorajava marinheiros
amedrontados que recusavam viajar durante a guerra.
Para o império romano, o qual o sol nunca se punha por
completo, era fundamental viagens constantes para que
todo o seu território se mantivesse unido e novos terri-
tórios pudessem ser conquistados. Esse motivo também
incentivou as Grandes Navegações portuguesas durante
o Renascimento Europeu.
A fundação da Escola de Sagres pelo infante Dom
Henrique visava a chegada e a conquista da Índia pelo
litoral africano. O interesse em transformar Portugal em
uma nova porta de entrada para especiarias, porcelanas
e tecidos da Pérsia, China e Índia desenvolveu a arte
da navegação, e assim foram inventadas a bússola, o
astrolábio e a caravela.
De cima para baixo
Uma típica embarcação fenícia.
Os famosos “navios dragão”
dos Vikings muito utilizados em
viagens ao extremo oriente.
Posídon. Na mitologia grega,
assumiu o status de Deus
Supremo do Mar.
20 | J U N H O 2 0 1 1
DESTINOS
Se Bartolomeu Dias encontrou o Cabo da Boa Esperança,no extremo sul
do continente africano, em 1488, dez anos mais tarde Vasco da Gama final-
mente chegou ao destino tão desejado. Por força do destino, da natureza
ou por algum feliz erro, em 1492, o italiano Cristóvão Colombo, em missão
espanhola “descobriu” a América, ainda que acreditasse que estivesse na
Índia. Portugal, por sua vez, enviou Pedro Álvares Cabral aos mares, e o
resultado foi sua chegada em Porto Seguro, em abril de 1500.
NAVEGANDO PELO CONHECIMENTOSéculos mais tarde, o autor português Fernando Pessoa exalta a palavra
navegar em seu poema “Navegar é Preciso” (leia no box página 32). Sem a
conotação literal do verbo, Pessoa discorre sobre a navegação pela vida e
como ela deve ser acompanhada de bons feitos, gerando legado, inteligência
e amor. Suas palavras transmitem a grandiosidade do espírito desse autor de
tantos nomes, conhecido como um dos maiores poetas de todos os tempos.
Mapa com novo e velho mundo.
J U N H O 2 0 1 1 | 21
Cabo da Boa Esperança, “dobrado”
pela 1ª vez em 1488, pelo navegador
português Bartolomeu Dias.
22 | J U N H O 2 0 1 1
DESTINOS
Em um dos versos, Fernando Pessoa afirma que “viver não é necessário; o que é necessário
é criar”. E a criação, ora pois, é justamente a navegação pelo conhecimento, aprofundando-o
e atravessando-o. É preciso a coragem de desbravar caminhos nunca antes percorridos com
um objetivo. Às vezes, assim como Colombo, o insucesso de uma navegação pode levar a
destinos muito maiores do que os esperados inicialmente. É uma forma de retribuição pela
coragem e dedicação, que move mares de pessoas em busca do “novo” e do “melhor”.
Foi assim com as maiores descobertas e invenções da história, como o fogo, a roda, a
eletricidade, as leis da física e de todos os aparatos modernos que garantem o nosso con-
forto dos dias atuais. Também foi na busca do aperfeiçoamento e da perfeição que nasce-
ram as grandes obras de arte. Mais importante é constatar a paixão que os autores de cada
um desses feitos tinham pela vontade de se tornarem ainda melhores de algum modo, sem
que o objetivo fosse meramente a ambição financeira. Van Gogh, por exemplo, deixou sua
vida em 1890 sem que nenhum de seus quadros houvesse sido vendido ou sequer reco-
nhecido. Mas isso não o impediu de navegar pelo mundo das cores pós-impressionistas e
influenciar, posteriormente, os movimentos fauvistas e expressionistas.
Cristóvão Colombo e família.
J U N H O 2 0 1 1 | 23Van Gogh navegou pelo mundo das cores pós-impressionistas.
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DESTINOS
NAVEGANDO PELA ERA DIGITALCoincidência ou não, o ato de explorar páginas na internet res-
gatou o verbo navegar. A web permite a viagem por um mundo
sem limites de conhecimento, no qual novas janelas surgem a
cada clique e páginas que levam a outras tantas páginas. Com
o mundo ao alcance de nossos olhos e dedos, fica a cargo de
cada um de nós a decisão de viajar sem rumo para onde a
imaginação nos levar.
Nessa era digital, no entanto, cada vez mais são valorizadas
as navegações pelo mundo real, para conhecer países, sabo-
rear restaurantes e vinhos e apreciar obras de arte ao vivo.
Prazeres que não podem ser substituídos por facilidades tec-
nológicas. Nessa viagem da vida é primordial não esquecer-
mos que atrás de telas de computadores estão outros seres
humanos. Nada se compara aos encontros físicos com amigos
e família, capazes de criarem lembranças inesquecíveis para o
nosso “diário de bordo”.
São desses momentos que surgiu a película Film Socia-
lism, de Jean-Luc Godard, em 2010. O diretor foi agraciado
com um Óscar honorário pela sua contribuição ao cinema. O
enredo é uma sinfonia de histórias entre passageiros de di-
versas nacionalidades e idades durante um cruzeiro de férias
no verão do Mediterrâneo. Os turistas da história navegam
entre as relações familiares, políticas e filosóficas de suas
vidas. O epílogo do lindo filme nos traz a certeza, mais uma
vez, que navegar é preciso.
Navegar é PrecisoFernando Pessoa
Navegadores antigos tinham uma frase gloriosa:
“Navegar é preciso; viver não é preciso”.
Quero para mim o espírito desta frase,transformada a forma
para a casar como eu sou:
Viver não é necessário; o que é necessário é criar.
Não conto gozar a minha vida; nem em gozá-la penso.
Só quero torná-la grande, ainda que para isso tenha de
ser o meu corpo e a (minha alma) a lenha desse fogo.
Só quero torná-la de toda a humanidade; ainda que para isso
tenha de a perder como minha.
Cada vez mais assim penso.
Cada vez mais ponho da essência anímica do meu sangue o
propósito impessoal de engrandecer a pátria e contribuir
para a evolução da humanidade.
É a forma que em mim tomou o misticismo da nossa Raça.
Fernando Pessoa disse com sabedoria que
“Navegar é Preciso”.
Godard, diretor do filme Socialism que navega pelas relações humanas em geral.
Por FELIPE FILIZOLA Fotos dIvuLgAçãO
26 | J U N H O 2 0 1 1
LEITURA
C onduzido por uma obsessão pessoal, o ad-
vogado e escritor pernambucano José Paulo
Cavalcanti Filho lançou o livro “Fernando
Pessoa uma quase autobiografia”. Seu objetivo era
biografar o maior poeta da língua portuguesa toman-
do como base seus próprios poemas e textos em
prosa. O resultado é de mais de 700 páginas com a
análise da vida de um poeta tido como “imaginativo
demais” pelo autor.
Com apenas 3 anos, Fernando Pessoa já juntava
letras que via em jornais e revistas. Aos 4, escrevia
frases inteiras. Ainda bastante jovem, lia um livro por
dia. Aos 18, prometia dobrar essa quantidade: “um
o pernambucano José Paulo Cavalcanti Filho desvenda as máscaras do maior poeta português.
Fernando Pessoa, uma quase autobiografia
de poesia ou literatura, outro de ciências ou filoso-
fia”. Foi um escritor compulsivo e ao longo de sua
curta vida (1888 a 1935) encheu aproximadamente 30
mil folhas, o equivalente a 60 livros de cerca de 500
páginas. Diluiu o excesso de verbo em uma multidão
de “autores” e chegou a usar 202 nomes diferentes.
Cavalcanti cita no livro que, no início dos anos 1990,
eram conhecidos apenas 72 heterônimos de Pessoa.
O recém-lançado livro acrescentou 55. O conceito de
heterônimo que adotou é amplo e não se restringe à
definição padrão: “nome imaginário que um criador
identifica como o autor de suas obras e que apresen-
ta tendências diferentes das desse criador”.
J U N H O 2 0 1 1 | 27
COLEÇÃO E EXPOSIÇÃO O livro inclui todos os nomes, tendo estilo próprio ou não,
com os quais o poeta assinou seus textos. A decisão pode ser
contestada, mas a intenção de Cavalcanti nunca foi fazer uma
biografia convencional. As excentricidades já começam pelo
subtítulo: “Uma (quase) Autobiografia”. O autor se refere ao
trabalho como o “livro que escrevi com meu amigo Pessoa”.
A “amizade” é das mais antigas. Começou em 1966, quando
Cavalcanti leu “Tabacaria”, um dos principais poemas do autor.
Na obra, o escritor explica que começou a se interessar por fa-
zer o livro quando pretendeu saber quantos foram os heterôni-
mos do escritor português. José Paulo percorreu alfarrabistas
em busca de edições raras e livros sobre Pessoa. Só em um
deles, gastou 10 mil euros de uma vez em livros. Por outros 10
mil euros, levou a coleção de selos do poeta.
A partir daí, viria a montar umas das principais coleções so-
bre vida e obra de Pessoa. O poeta deixou mais de 30 mil pági-
nas com anotações sobre si mesmo, literatura, família e fatos
cotidianos. Cavalcanti usou tantos trechos que chega a dizer
que seu livro tem “mais frases de Pessoa do que minhas”. “Mas
não se trata”, explica, “de Pessoa falando sobre si, é a palavra
de Pessoa falando sobre ele. Ou melhor: é o que quero dizer,
mas por palavras dele”.
Cavalcanti foi ainda além: para dar unidade estilística ao
texto, tentou escrever como Pessoa. Reduziu os adjetivos e
adotou outro hábito dele: o uso, em média, de três vírgulas
antes de um ponto final.
O lançamento do livro em março desse ano coincidiu com a
exposição “Fernando Pessoa - plural como o universo”, na qual
são expostos textos originais, revistas e objetos pessoais do po-
eta português, a maioria objetos adquiridos em leilões na Euro-
pa pelo advogado pernambucano. A exposição é sobre um autor
português no Museu da Língua Portuguesa carioca, e pretende
mostrar a multiplicidade da vida e da obra do poeta, que se
revela nos versos das dezenas de heterônimos e personagens
literários criados por ele. Poemas impressos e projetados, fac-
símiles de documentos, imagens de Pessoa e quadros de pinto-
res portugueses compõem o visual da exposição, que tem ainda
um vídeo feito pelo documentarista Carlos Nader, com roteiro
de Antônio Cícero. A exposição tem a curadoria de Carlos Felipe
Moisés e Richard Zenith e cenografia de Hélio Eichbauer.
À MESA
Bacalhau
Na Noruega, o processo
de salga e cura retira em
média 50% da umidade
do bacalhau.
O REI DOS MARES NÓRDICOS DÁ ÁGUA NA BOCA DO MUNDO INTEIRO.
N ão há como não pensar em bacalhau quando se fala de comida portuguesa. Ain-
da que a iguaria seja de origem norueguesa, ele está relacionado à cultura de
Portugal há mais de 600 anos. O motivo nos leva de volta à era das navegações,
nos séculos XIV e XV. Pelo tempo de duração das viagens e falta de métodos de conservar
alimentos, era necessário que os navios estivessem abastecidos de opções que não estra-
gassem tão facilmente. Assim, o peixe gardus mohua era uma ótima opção com baixo teor de
gordura e alta concentração de proteína, além do método de salgar e secar o peixe garantir
a conservação de nutrientes.
Por FELIPE FILIZOLA Fotos dIvuLgAçãO
30 | J U N H O 2 0 1 1
À MESA
No Brasil, o hábito alimentar chegou com a corte portugue-
sa no início do século XIX e logo se difundiu pelo território.
Data dessa época a primeira exportação oficial de bacalhau
da Noruega para o Brasil, que aconteceu em 1843. Na edição
do Jornal do Brasil de 1891 está registrado que os intelectuais
da época, liderados por Machado de Assis, reuniam-se todos
os domingos em restaurantes do centro do Rio de Janeiro
para comer um autêntico “Bacalhau do Porto” e discutir os
problemas brasileiros.
Durante muitos anos o bacalhau foi um alimento barato,
sempre presente nas mesas das camadas populares. Era
comum nas casas brasileiras o bacalhau servido às sextas-
feiras, dias santos e festas familiares. Após a 2ª Guerra Mun-
dial, com a escassez de alimentos em toda a Europa, o preço
do bacalhau aumentou, restringindo o consumo popular. Ao
longo dos anos o perfil do consumidor do peixe mudou e o
seu consumo ganhou status de celebração.
Hoje, totalmente incorporado à cultura culinária brasileira,
ele aparece nos menus dos melhores restaurantes, e o famoso
bolinho de bacalhau tornou-se um dos quitutes de preferência
nacional. E como matéria-prima tradicional, sua compra nos
remete aos tradicionais mercados municipais das capitais. Em
São Paulo, alguns dos boxes oferecem famosos e recheados
pastéis e bolinhos feitos com o peixe comprado ali mesmo.
ANTIQUARIUSSua importância na cozinha portuguesaem terras brasileiras.E se o papo é bacalhau e comida portuguesa, nada mais jus-
to do que falarmos do mais emblemático restaurante portu-
guês no Brasil: o Antiquarius. Com lojas em São Paulo e Rio
de Janeiro, o restaurante conquistou milhares de clientes em
busca de gastronomia de ponta. Inaugurado no Rio de Janei-
ro em 1977 e em São Paulo em 1990, a premiada cozinha é
prestigiada por uma corte de políticos, empresários, artistas
e intelectuais nas duas cidades, pela garantia de ingredien-
tes frescos e tratamento personalizado.
A casa foi fundada em Portugal pelos portugueses e só-
cios Carlos Perico e Antônio Pimentel na Pousada de Santa
Luzia, em Elvas, ao lado de um antiquário local. O restau-
rante chegou a ser considerado o melhor de Portugal, ga-
nhando a cotação máxima de três estrelas pelo guia francês
Michelin. A Revolução dos Cravos em 1974 mudou o desti-
no da dupla, que desembarcou em terras cariocas influen-
ciada pelos clientes brasileiros. Já instalados, reabriram o
Antiquarius no Leblon, seguindo o mesmo esquema da pri-
meira casa, inclusive com os objetos de decoração vindos
do antiquário à venda.
M A R Ç O 2 0 1 1 | 31
A chegada do restaurante em São Paulo é fruto do trabalho
de Thales Martins, genro de Carlos, e estabeleceu um marco
na alta gastronomia paulista.
Ainda que o vasto cardápio ofereça diversas opções, inclu-
sive feijoada (eleita pela revista Veja Rio a melhor da cidade
em 2010), o bacalhau ainda é o maior destaque do cardápio;
só na casa paulista, cerca de 250 quilos semanais são ser-
vidos de mais de oito maneiras diferentes (veja quadro na
página 44 com uma das receitas). Para manter o alto nível da
cozinha, o cardápio segue sazonalidades e é baseado na dis-
ponibilidade de produtos frescos e de qualidade garantida.
A tradição da casa – o maître Aragão está há décadas aten-
dendo os fiéis clientes – não deixa que ela caia na monoto-
nia. Uma reforma está sendo programada para o ponto de São
Paulo, e seus frequentadores poderão contar com uma varan-
da aberta. No Rio, a abertura do Antiquarius Grill em 2007, na
Barra da Tijuca, comemorou os 30 anos de vida, com estilo
“contemporâneo da noite de Lisboa” sem perder o primor nos
pratos. E ainda em 2011 será aberto um ponto em Brasília,
seguindo o conceito mais despojado do restaurante da Barra.
JOãO MANSURA B&C entrevistou João Mansur, responsável pelo interior dos
restaurantes Antiquarius, para saber mais sobre a decoração e
escolha das peças.
B&C: Como começou o seu envolvimento com o Antiquarius?
João Mansur: Meu envolvimento com o Antiquarius já vem de
longa data! Começou em meados dos anos 70, quando da aber-
tura do restaurante no Rio de Janeiro. Ainda existia o glamour
da ex-Capital Federal. O Antiquarius abria as portas trazendo
o charme e aconchego das casas portuguesas, com um menu
de cozinha portuguesa e internacional de altíssima qualidade.
Ainda havia a decoração primorosa maestrada por Pedro
Leitão, que além de designer do interior, era um excelente
retratista da nobreza europeia. Além do mais, tinha a gran-
de sensação de ser um restaurante no térreo e um antiquário
no mezanino. Uma grande novidade na época! Contando com
um excepcional acervo de mobiliário, prataria e porcelana lu-
so-brasileiros dos séculos XVII ao XIX, logo se tornou point
absoluto do Rio de Janeiro. E também um dos antiquários
mais prestigiados da cidade.
FOTO
: PAU
LO B
REN
TA
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O Antiquarius tem ambiente clássico.
Sua decoração, é composta, entre outros,
por inúmeras obras de arte escolhidas
em leilões internacionais e nacionais.
O Arquiteto João Mansur
32 | J U N H O 2 0 1 1
À MESA
Durante uns cinco anos antes de minha mudança para São
Paulo, eu, minha família e meus amigos éramos clientes fre-
quentes do Antiquarius. Quando mudei para SP, continuei fre-
quentando o restaurante em minhas constantes visitas ao Rio.
B&C: Como você passou de cliente a fornecedor deles?
João Mansur: No início dos anos 90, o Antiquarius abriu as por-
tas em São Paulo, nos mesmos moldes da matriz carioca e de
imediato se tornou um sucesso total!
Continuei como cliente, mas sempre curtindo muito o im-
portante acervo também exposto na filial paulistana. Por
volta de 1997, fui convidado pela Sra. Maria Eduarda Perico
Martins a repaginar e atualizar o décor do restaurante, mas
sempre respeitando a proposta inicial do Pedro Leitão. E
também me solicitaram para fazer o garimpo, a seleção e a
curadoria do antiquariato. Tarefa muito gratificante, que pra-
tico feliz até hoje.
B&C: Como traduzir o estilo João Mansur para o Antiquarius?
João Mansur: O estilo João Mansur está totalmente conectado
ao estilo Antiquarius: cores fortes e contrastantes, iluminação
cênica, dramaticidade e importante crivo na seleção e escolha
do antiquariato. As casas do Rio e de São Paulo, como todo
restaurante internacional que se expande, têm a mesma pro-
posta e a mesma leitura.
B&C: O novo restaurante de Brasília tem uma proposta mais
casual. Nos conte do projeto.
João Mansur: O Novo Antiquarius em Brasília segue a mesma
proposta do Antiquarius Grill da Barra, no Rio. A proposta do
Antiquarius Grill seria como uma releitura do Antiquarius tra-
dicional. Pisos em tábuas de peroba, paredes em tijolos apa-
rentes, grandes vãos em vidro, pé-direito duplo e mezanino
apoiado em estrutura de ferro envelhecido, dando um aspecto
de um armazém que foi restaurado e renovado. Continua a ex-
posição de antiquariato, mas em uma proposta mais jovem,
com peças dos séculos XVIII ao XX, das porcelanas Cia. das
Índias, passando pelo Art Deco, Muranos, Biombos Chineses
e importantes peças internacionais de design consagrado dos
anos 30 ao século XXI.
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34 | J U N H O 2 0 1 1
À MESA
BACALHAU AO FORNO À PORTUGUESA (RECEITA ANTIQUARIUS)
frigideira grande antiaderente. Doure
cada lado da posta do bacalhau de 3 a 4
minutos. A carne deve ficar crocante por
fora e macia por dentro. Reserve.
Acompanhamentos
Em uma frigideira, coloque um pouco
de azeite e doure a cebola cortada em
tiras. Na sequência, use a mesma frigi-
deira para dourar as batatas.
Em uma pequena assadeira, acomode
as rodelas de batata já douradas e co-
loque as postas de bacalhau por cima.
Complete com mais batatas nas laterais
da assadeira e cubra tudo com a cebola
dourada. Regue com azeite e leve ao for-
no médio durante 30 minutos.
Retire do forno e adicione à assadeira
os ovos e o brócolis, que já devem es-
tar previamente cozidos. Junte o tomate
cortado ao meio, sem pele e sem semen-
tes e, por fim, o alho frito e dourado em
azeite. Cubra a assadeira com mais uma
camada generosa de azeite e leve ao for-
no novamente, dessa vez em temperatu-
ra baixa, por 10 minutos. Esse processo
faz com que todos os ingredientes sejam
aquecidos por igual.
Montagem
Em um prato raso, disponha uma das
postas de bacalhau sem desmanchar o
apoio de batatas em que ela foi assada.
Coloque um dos ovos, metade do bró-
colis e do tomate.
Coroe com mais um pouco de azeite e
sirva acompanhado de um bom vinho
tinto encorpado.
Ingredientes
• 2 postas de bacalhau (250 g cada)
• 2 cebolas médias cortadas em tiras
• 4 dentes grandes de alho fatiados
• 2 batatas médias fatiadas
• 4 ramos de brócolis
• 1 tomate sem pele e sem semente
• 2 ovos cozidos
• Azeite extravirgem a gosto
Modo de preparo
BacalhauO primeiro passo é dessalgar as postas
de bacalhau. Isso deve ser feito com 3
dias de antecedência. Mergulhe a carne
em uma vasilha com água fria e leve à
geladeira. Troque a água de duas a três
vezes por dia.
Finalizado o processo da dessalga, o
bacalhau deve ser grelhado em fogo
alto. O ideal é usar uma chapa ou uma
BRASIL NO MUNDO
Estilo semfronteirasfronteiras
Estilo sem
QUANDO SARAH JESSICA PARkER ESTEVE NO HOTEL LA MAMOUNIA DURANTE AS GRAVAçõES DE SEx ANd ThE CITy 2, ELA CRUzOU COM A ESTILISTA BRASILEIRA ADRIANA BITTEN-COURT PARA PERGUNTAR DE ONDE ERA SUA BLUSA. FRUSTRADA POR NãO ENCONTRAR NADA QUE GOSTASSE PARA COMPRAR EM MARRAkESH, A ATRIz GANHOU NA HORA A PEçA DE CRIAçãO PRÓPRIA DA ESTILISTA.
J U N H O 2 0 1 1 | 37
Por FELIPE FILIZOLA Fotos ARQuIvO PESSOAL E dIvuLgAçãO
Representante brasileira do jet set internacional, Adriana divide seu tempo entre São Paulo, Paris
e Marrakesh. Desde 1994 suas bijoux e joias agra-
dam clientes internacionais e apareceram inúme-
ras vezes nas mais celebradas revistas de moda
europeia e americana.
Bittencourt já ganhou uma página inteira de des-
taque na In style grega e diversas matérias em pu-
blicações como a L'Express, equivalente francesa à
brasileira Veja. Foi a primeira designer não inglesa
a ter suas criações na vitrine externa da Harrods, em
Londres. Atualmente, suas criações estão em lojas
como Mercury (Moscou), Bon Marché (Paris), Harrods
(Londres), além das boutiques mais badaladas do
momento em Capri, St. Tropez, St. Barth e Ibiza.
ESTILO ENCANTADORHá sete anos, a bela morena também desenha caf-
tans para sua marca Nour, com inspiração mediter-
rânea e estampas que viraram o talk-of-town das luxu-
osas praias do verão europeu. Acompanhada de um
espírito livre e simples, cercada de amigos no mundo
todo e viajando sem parar, busca sempre trazer to-
das suas experiências culturais para suas criações. E
essas experiências culturais compõem o mix eclético
chic da designer, que transformou seu estilo místico,
sedutor, oriental e com um toque francês e da bossa
brasileira, numa mistura fina e cheia de charme. Essa
mistura de referências encanta clientes famosas,
como as socialites Roberta Armani, Delfina Delletrez
e Margherita Missoni, além das top models Gisele
Bündchen, Naomi Campbell e Kate Moss, e das artis-
tas Barbra Streisand e Sienna Miller.
Workholic assumida, Adriana sempre está com a
agenda cheia. Além de lançar sua nova coleção e
trazer para o Brasil sua marca de beachwear Beach
Bum (que significa rata de praia), ela mantém uma
flagship store em São Paulo. O espaço é o templo
brasileiro de suas criações, entre elas joias, batas
e kaftans, necessaires, bolsas e outros acessórios,
além das velas e os biquínis que conquistam a cada
dia mais brasileiras.
38 | J U N H O 2 0 1 1
BRASIL NO MUNDO
PAIxãO MARROQUINAApaixonada pela obra de Yves Saint Laurent, Adriana
dividiu sua paixão pelo Marrocos com o estilista, fa-
lecido em 2008. Ela visitou o Marrocos pela primeira
vez há 14 anos e nunca mais quis ir embora. “Estava
passando o Carnaval em Istambul e decidi de última
hora parar para fazer pesquisas para a minha coleção
de bijoux. Um amigo me buscou no aeroporto e logo
tive uma sensação de já ter estado ali”, relata.
Quando está na cidade, a estilista fica no Riad
Nour (casa da luz), uma residência projetada por Bill
Willis, responsável também pelas casas de John Paul
Getty Jr., Saint Laurent, Alain Delon e das famílias
Rothschild e Hermès.
O Riad do século XVIII é um verdadeiro palácio
das mil e uma noites, com azulejos de cores pas-
téis e turquesa feitos pelo mesmo fornecedor dos
palácios reais marroquinos. As marcas registradas
de Willis estão presentes em toda parte, como a as-
sinatura “L´Amour Nour”, no terraço, e a lareira no
salão rouge. Entre os destaques da decoração estão
as almofadas do terraço bordadas em forma de bi-
joux Touareg antigas, além de diversos objetos de
uma família real de Damasco, na Síria. Aproveitando
o olhar atento e exigente de Adriana, a B&C apro-
veitou a oportunidade para pedir as melhores dicas
para dias e noites perfeitos em Marrakesh.
J U N H O 2 0 1 1 | 39
HOTEL: La Mamounia: “Místico, refor-
mado por Jaques Garcia. Adoro
tomar um drink no bar Churchil
e o brunch de sábado na pisci-
na é imperdível.” “Place to be!”
EM MARRAkESH....
FOOD:Café de la Poste & Hotel Amanjena:
“Almoço incrível.”
Dar Moha: “Para tomar chá na
antiga casa de Pierre Balmain.”
Museu do Jardin Majorelle:
“Museu de Yves Saint Laurent.”
Dar Yacout: “um tradicional jantar
marroquino.”
Bo-Zin: “O restaurante super-cool.”
Azar: “Libanês delicioso.”
SHOPPING:Atica: “A loja dos melhores
mocassins.”
Darkoum: “Para comprar
objetos de decoração.”
Moor: “Porque roupas nunca
são demais.”
Souk: “Merece a visita, mas
é difícil encontrar algo que
não seja cacareco: cinzeiros,
lanternas, bule de chá...”
40 | J U N H O 2 0 1 1
BRASIL NO MUNDO
42 | J U N H O 2 0 1 1
TRILHA SONORA
FURTADONELLY
A voz de múltiplas línguas e emoções.
Filha de um casal de portugueses, a cantora Nelly Furtado é um
exemplo da globalização atual. Nascida em Victoria, na provín-
cia canadense Colúmbia Britânica, em 1978, já vendeu mais de
20 milhões de álbuns e 18 milhões de singles em 3 diferentes
línguas: português, inglês e espanhol. Os acordes de pop music que can-
ta resumem influências do fado português, da bossa-nova brasileira e da
música indiana, além do hip-hop e folk norte-americano. O que poderia se
tornar uma salada musical resulta em álbuns bem resolvidos e produzidos.
Por ser compositora, música e produtora da maioria das faixas que can-
ta, ela consegue fazer com que todas se encaixem dentro de seu estilo
musical e da capacidade de sua voz grave. O resultado pode ser conferido
nos seus 6 álbuns, além de 2 versões com remixes, uma edição gravada
ao vivo e outras tantas participações especiais em músicas de outros ar-
tistas. Sua versatilidade lhe levou a cantar junto com Ivete Sangalo, em
2010, durante a turnê da brasileira no Madison Square Garden em Nova
York, além de emprestar sua voz para o single “Who Wants To Be Alone”,
do popular DJ holandês Tiesto. Outras parcerias memoráveis foram com
o cantor latino Juanes na canção “Fotografia”, em 2003, e com o jovem
inglês James Morrison, com quem gravou “Broken Strings” e ganhou as
paradas do mundo todo em 2008.
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Por FELIPE FILIZOLA Fotos dIvuLgAçãO
CARREIRA INTUITIVAFurtado começou sua carreira em 1996, quando
se mudou para Toronto e colaborou com sua voz
para um grupo de hip-hop. A convivência com
outros cantores ajudou Nelly a produzir seu pri-
meiro demo, que caiu nas graças da gravadora
DreamWorks. Seu primeiro single “Party's Just Be-
gan (Again)” foi incluso na trilha sonora do filme
“Brokedown Palace”, de 1999.
Dois anos depois, a cantora lançou seu primeiro
álbum intitulado de Whoa, Nelly!, e a música “I'm
Like a Bird” entrou no top-ten da Billboard em to-
dos os países em que foi lançada. O feito lhe ren-
deu um Grammy de cantora pop e outra indicação
para o prêmio de música do ano. Do mesmo álbum
saíram as também famosas “Turn Off The Lights”
e “Shit On The Radio (Remember The Days)”. Na
época, revistas especializadas disseram que a mu-
sicalidade do álbum era um prazeroso e refrescan-
te antídoto contra o exército de “princesas pop” e
bandas de rap-metal que ganharam popularidade
na virada do milênio. O estrondoso sucesso de
Whoa, Nelly! trouxe segurança para a cantora ex-
plorar novas fronteiras musicais no seu segundo
álbum, Folklore, lançado em novembro de 2003.
Entre os highlights do disco estão “Powerless (Say
What You Want)” e a melódica balada “Try”. Em
Folklore está a canção “Island Of Wonder”, canta-
da em inglês junto com Caetano Veloso, e também
“Força”, em português, que se tornou música-tema
da Copa Europeia UEFA de Futebol de 2004, se-
diada em Portugal. No entanto, Folklore não obteve
o sucesso do primeiro disco por conter músicas
menos pop e por ser lançado durante a venda da
gravadora DreamWorks para a Universal Records, o
que dificultou a promoção do álbum.
Em 2006, a bela cantora morena de olhos azuis
convidou o produtor Timbaland, conhecido como o
Midas do mercado musical americano, para produ-
zir o álbum Loose. Experimentando sons de R&B e
hip hop, logo as músicas lançadas alcançaram o pó-
dio das paradas. Com as canções “Promiscuous” e
“Say It Right”, Furtado conquistou 11 discos de pla-
tina ao redor do globo. Tamanho sucesso motivou a
turnê “Get Loose”, que se transformou em um DVD.
44 | J U N H O 2 0 1 1
TRILHA SONORA
SUCESSOS RECENTESMais recentemente, em 2009, lançou o disco Mi Plan, somente com canções em espanhol,
que renderam um Grammy Latino à cantora por melhor álbum de voz feminina. A turnê de
Mi Plan viajou por toda América Latina, inclusive pelo Brasil, onde apresentou um show
intimista dentro do programa Big Brother. Durante a viagem, Furtado trabalhou em dois
novos álbuns lançados quase simultaneamente no final de 2010. O primeiro foi uma ver-
são só com remixes de Mi Plan, enquanto o outro foi uma compilação de suas melhores
músicas. Este ano, consolidou de vez sua carreira fazendo um dueto com Elton John para
a trilha sonora da animação Gnomeo & Juliet (ainda sem lançamento previsto para o Brasil).
Com tantos projetos e tamanho sucesso, ela fundou a Nelstar, sua própria gravadora. E
também soube aproveitar-se de sua fama para causas nobres, como participação em con-
certos e CDs de cunho filantrópico. Entre os destaques estão o show World AIDS Day, em
2006, na África do Sul, e o single Wavin'Flag, em 2010, com renda revertida para o Haiti.
J U N H O 2 0 1 1 | 45
MÚSICAS DE DESTAQUE DA CARREIRA:
Folklore• Island Of Wonder (feat. Caetano Veloso) (2003)• Powerless (2003)• Try (2004)• Força (2004)
Mi Plan• Manos Al Aire (2009)• Who Wants To Be Alone (feat. Tiesto) (2010)• Crocodile Rock (feat. Elton John) (2011)
Whoa, Nelly!• I´m Like a Bird (2000)• Turn Off The Lights (2001)• Fotografia (feat Juanes) (2003)
Loose• Promiscuous (2006)• Say It Right (2007)• Broken Strings (feat. James Morisson) (2008)
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TRILHA SONORA
Cortinas, Colchas, Tapeçaria, Persianas e Manutenção (lavanderia de alta tecnologia)
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BÚSSOLA
Cidade de Aveiro, conhecida
como a “Veneza de Portugal”.
Por FELIPE FILIZOLA Fotos dIvuLgAçãO
J U N H O 2 0 1 1 | 49
P ortugal e Espanha, depois de séculos, navegam em busca de um novo futuro contra
a estagnação que lhes foi atribuída no último século. Descobriram que a moderni-
dade não é a antítese de renegar o passado, e sim de saber valorizá-lo sem que ele
se torne um empecilho para chegar ainda mais longe. Os países das grandes navegações,
lado a lado, se recriam, misturando ares cosmopolitas ao seu legado histórico. Os dois
países aprenderam a importância de vislumbrar a pluralidade cultural adquirida durante
a época das colônias nas Américas e, hoje, se tornaram destino turístico certeiro para
quem busca refúgio em suas lindas praias, modernas cidades, rico interior e inesquecível
história. Também impossível não falarmos do Marrocos. Apesar de estar do outro lado do
Mediterrâneo, a proximidade de terras no Estreito de Gibraltar favorece o intercâmbio com
as nações da Península Ibérica e atrai interessados nas culturas muçulmana e islâmica.
(e viajar) é preciso!Navegar
A PENÍNSULA IBÉRICA VOLTA A GANHAR ATENçãO DE TURISTAS.
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BÚSSOLA
Fachadas coloridas na cidade
do Porto, conhecida por sua
arquitetura e vinhos.
PortUGALLisboa recentemente foi a Capital Europeia da Cultura, em 1994, sediou a Exposição Mundial
de 98 e a Copa Europeia de Futebol, em 2004. Sua vida urbana contrasta com monumentos his-
tóricos como o Arqueduto das Águas Livres, a Torre de Belém e o Mosteiro dos Jerônimos. O
alto PIB per capita da cidade é maior que a média da Europa, e isso reflete nos ótimos serviços
encontrados pelos seus 53 bairros ou freguesias. A agitada vida cultural oferece desde jantares ao
som de fado quanto festivais de música – a cidade sediou duas edições do Rock in Rio –, cinema,
teatro, moda e dança. No sul do país, o Atlântico banha a região de Algarve com uma beleza ím-
par, onde barcos flutuam sob a água cristalina vistos do alto de enormes rochas e falésias.
A popularização de visitas às caves de fermentação do Vinho do Porto e o surgimento de cruzei-
ros no Rio Douro trouxeram Porto de volta ao panorama cultural do país. A cidade ainda abriga a
Fundação Serralves e a Casa da Música, programas obrigatório para os visitantes. Nem só o litoral
de Portugal é marcado por passeios. No interior, quase na divisa com a Espanha, estão as For-
tificações de Elvas. Em um resultado que deve sair ainda em 2011, as construções abaluartadas
portuguesas são concorrentes para se tornar Patrimônio Mundial da Humanidade da UNESCO.
Injusto não citar também, entre os importantes destinos, Coimbra e sua famosa universidade e o
santuário de Nossa Senhora de Fátima.
J U N H O 2 0 1 1 | 51
O PORTUGUÊS PEDRO D´OREY, EDITOR DE VIAGEnS DA
CONDÉ NAST, DÁ SUAS DICAS PESSOAIS DA CIDADE:
• O hotel da cidade é definitivamente o Ritz Four Seasons.
Patrimônio à escala mundial; serviço top e com um spa
eleito todo ano como um dos 10 melhores do mundo.
Obrigatório ficar no Ritz para sentir a cidade.
• Os meus restaurantes favoritos são o Pap'Açorda, a Bica
do Sapato e um restaurante familiar na rua das Flores
absolutamente imperdível. É a minha cantina na cidade.
• Sou fiel a marcas italianas e é fácil encontrá-las em Lis-
boa. A Oficina Mustra é um paraíso para quem, como eu,
adora Piombo, Aspesi e Italia Independent. Outra opção
para calçados masculinos é a Rosebud em que me abas-
teço de sapatos Carshoe sempre que posso.
• Não perca o Museu da Cidade, com jardins de autoria
da reconhecida artista plástica Joana Vasconcelos e per-
formance das criações de Bordallo Pinheiro. É uma ode
criativa sem descrição.
• Duas lojas que fazem parte do meu périplo lisboeta: A
Vida Portuguesa, cuja proprietária Catarina Portas é
umas das portuguesas que tem animado a cidade e au-
mentou o estímulo de ser português com vaidade. Outro
point é uma galeria de revistas nos Restauradores, onde
você encontra revistas de todo o mundo.
• Uma fuga ou escapada nem que seja por um dia é a
Comporta. É o paraíso easy-chic mais hi-lo do planeta.
Mar azul a perder de vista, paisagem sublime e um peixe
ao sal que vai fazer você suspirar por muito tempo. Duas
dicas: o Museu do Arroz e o Diniz. Imperdíveis.
Ritz Four Seasons
Bica do Sapato
A Vida Portuguesa
Comporta
BÚSSOLA
EsPANHA
Em Barcelona, com vista para
o mediterrâneo, o Parque Güell
se destaca por seus elementos
arquitetônicos feitos por Gaudí.
J U N H O 2 0 1 1 | 53
Montanhas cobertas de neve, lagoas cristalinas, praias
deslumbrantes, cidades históricas cosmopolitas e co-
mida fantástica. A imagem cliché de touradas e sangria
ainda existe, mas a Espanha tem muito mais para ofe-
recer. Madrid não é apenas a capital da Espanha, é tam-
bém o centro do país, construída especificamente para
se situar no centro geográfico da Península Ibérica, ou
o Kilómetro Cero. Se ignorarmos os subúrbios, a sisuda
cidade manteve a sua arquitetura aberta e sem arranha-
céus, pontuada de parques verdes, palácios e galerias de
arte. Os bares de tapas abundam, e a cultura ferve nos
imponentes museus do Prado, Reina Sophia e Thyssen-
Bornemisza. Ao norte de Madrid fica a região de Rioja,
produtora de vinho. O norte é pitoresco com altas mon-
tanhas e uma linha costeira selvagem. À medida que se
viaja para oeste, a paisagem alpina dá lugar às terras de
pastoreio da “Espanha Verde” e uma costa marcada por
vilas e praias de areia.
O sul reserva grandes joias como Sevilla, Córdoba e,
claro, o fantástico palácio Alhambra em Granada, cas-
telo construído durante a invasão moura no século XIII.
Não longe da fronteira com a França fica Barcelona, a
capital da Catalunha e a segunda cidade da Espanha –
embora os catalães acreditem que é a primeira. Desde
as Ramblas à Sagrada Família de Gaudí e passando pela
herança romana da cidade, a efervescente vida noturna
e o clima ameno transformaram Barcelona em um dos
destinos mais procurados nos últimos anos. No Medi-
terrâneo, as ilhas Baleares brilham como destino para
todas as idades. A agitada Ibiza, a deslumbrante For-
mentera e a rica Mallorca (e sua irmã Menorca) atraem
turistas à procura de sol, diversão e descanso, não ne-
cessariamente nesta ordem.
Com o advento dos
descobrimentos, a Espanha
renascentista torna-se
poderosa e rica, fato que se
reflete na arquitetura
BÚSSOLA
J U N H O 2 0 1 1 | 55
A DIRETORA DE ARTE MARInA CASSALDEREY, DA REVISTA ESPANHOLA HOLA, NO BRASIL, DIVIDE COM OS LEITORES SEUS AMORES NA CIDADE:
• Descer caminhando pela ilha central do Paseo del Prado, pela manhã.
Parar no Museo del Prado para dar uma olhada na sala de Goya, e
depois continuar até o Museo Reina Sofia, para alguma expo nova.
Do Reina, caminhar pelas pequenas ruazinhas e chegar no bairro da
La Latina bem na hora do aperitivo e "tapear" pelos bares. Vale a pena
procurar a Casa Lucio, na Cava Baja – Madrid em versão intravenosa!
• Outro passeio delicioso que acaba em “tapas” é o Mercado de San
Miguel, ao lado da Plaza Mayor. Depois da reforma, agora ele só tem
delicatessen, que você pode ir provando de barraquinha em barraqui-
nha. Eu “perco a cabeça” com os bombons do Horno San Honofre.
• A melhor livraria para quem gosta de design, arquitetura e literatura
moderna é a Panta Rhei, nos arredores da Calle Fuencarral.
• Da Calle Fuencarral, ande em direção ao bairro de Chueca até Alonso
Martinez. Você irá tropeçar em galerias de arte, cafés e lojinhas char-
mosíssimas; é uma ruazinha mais bonita que a outra.
• Cocktelerias: as duas melhores estão lado a lado, na Calle Reina.
O Del Diego, com um whisky sour, digamos, intenso, e o Cock. Este
último é mais clássico, a parte de trás do Museo Chicote, outro to-
tem da antiga noite madrilenha que passou por uma boa reforma – e
entrou na onda “trendy”.
• Duas ideias para comer rápido, numa cultura em que isso é quase im-
possível: o Home Burger, lanchonete moderna de hambúrgueres com
um twist, e Lulú Taco Bar, com os cuates mexicanos mais animados
para varar a noite tomando tequilas.
• Essa é para os pais que, como eu, acreditam que existem programas le-
gais com crianças que não façam parte do universo Disney: a loja Baby-
deli é um espaço que tem até workshops para os pequenos, um jardim
com café para ler o jornal enquanto eles estão lá, e opções de lanches
orgânicos enquanto você enche o carrinho de coisinhas eco-friendly deste
mundinho. Uma das sócias do espaço é a filha da Carolina Herrera.
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BÚSSOLA
MArroCosLogo ao sul do Estreito de Gibraltar está o Marrocos, reino
fundamental para entender o contexto da Península Ibérica.
Sua proximidade com a Europa explica a beleza da Alhambra
na Andaluzia espanhola. Também podemos relacionar aos
mouros os ensinamentos de economia, as técnicas de ilumi-
nação em arquitetura e o know-how de irrigação e elevação
pluvial para mover bombas de água. O reino ensolarado no
noroeste da África surpreende pela sua diversidade de ele-
mentos naturais com lagos e cachoeiras, assim como desertos
e montanhas com os cumes pontuados por neve.
Fez, Marrakesh, Meknés e a capital Rabat são as principais ci-
dades históricas marroquinas, que fundamentaram a coloniza-
ção árabe islâmica a partir do século VII e se tornaram centros
políticos de sua época. Nelas encontram-se traços que carac-
terizam a tradicional arquitetura urbana marroquina: uma me-
dina (centro comercial e residencial), uma mesquita central, o
palácio real, o mellah (bairro judeu) e os suqs (mercados); tudo
cercado por uma muralha que servia para fortificar a cidade.
Em Marrakesh, o frenético mercado montado numa praça
circular no centro da cidade reflete toda a mágica de Marrocos.
O movimento começa cedo com o sol já ardendo sob a cidade:
encantadores de serpente, mágicos, malabaristas, acrobatas,
muçulmanos sentados em tapetes lendo o Alcorão e dentis-
tas que exibem milhares de dentes extraídos como prova de
sua competência. Tudo ao mesmo tempo. Casablanca habita
o imaginário universal depois que ganhou fama com o filme
homônimo de 1942. Ao menos neste caso, o cinema é fanta-
sia, pois nenhuma cena do filme foi gravada ali. Na verdade,
Casablanca é uma cidade portuária e industrial, cujo nome
tem sentido literal: a primeira casa construída depois do ter-
remoto, em 1755, sendo branca para servir como ponto de re-
ferência aos viajantes que cruzavam o país e aos navios que
se aproximavam da costa. Os mercadores espanhóis oficializa-
ram o nome atual e mantiveram a característica básica da ar-
quitetura da cidade: as casas, como Rabat, são todas brancas.
Todas as cidades, curiosamente, são definidas por uma cor
básica de suas construções: Marrakesh é a cidade vermelha;
Meknés, a verde; Fez é amarela; Rabat, a cidade branca do li-
toral atlântico. E para se banhar no Estreito de Gibraltar, não
deixe de visitar Tânger, onde Marrocos quase toca a Espanha.
São 16 quilômetros de praias que ficam cheias no verão mar-
roquino quando diversos europeus estão em férias.
*Para dicas de Marrakesh, não deixe de ver a matéria com Adriana Bittencourt na página 50.
Totalmente distinto de qualquer
cultura, no Marrocos há uma
grande mistura de influências
africana, mulçumana e europeia.
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REFÚGIO INTERNACIONAL
O CENÁRIO IDEAL PARA SE REFUGIAR DO MUNDO.
PalaceReid's
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REFÚGIO INTERNACIONAL
O elegante Reid's Palace, localizado na Ilha da Madeira, é também
conhecido como “Pérola do Atlântico”. Com seus 120 anos de
história completados em 2011, faz parte do seleto grupo de ho-
téis da rede Orient Express. Sua localização privilegiada na área central de
Funchal e no topo de um morro traz a beleza dos jardins e a vista do mar
para perto dos hóspedes do hotel cinco estrelas.
Aberto pelo britânico William Reid, em 1897, para servir como ponto de
descanso para navegadores ingleses a caminho das colônias, o hotel é um
dos mais conhecidos e tradicionais do mundo. A localização paradisíaca
e distante dos grandes balneários de verão europeus ajuda a manter a ex-
clusividade do local, que combina o estilo Edwardiano com amenidades e
confortos de última geração.
O hotel foi o escolhido por Sir Wiston Churchill como o local de descan-
so depois do término da Segunda Guerra. Na época, seu Rolls-Royce cinza
foi levado à ilha para o transporte do estadista durante a visita. Entre os
outros célebres hóspedes está o dramaturgo irlandês Bernard Shaw, que
em 1924 aproveitou o conforto do Reid's por seis semanas. A imperadora
Sissi da Áustria, ainda nos primeiros anos do hotel, utilizou a beleza da ilha
para se recuperar da dor da morte de seu filho. Em homenagem, a bandeira
austríaca era hasteada diariamente durante sua estadia por marinheiros
militares britânicos como forma de condolência.
Entre os 128 quartos e 35 suítes, é difícil escolher qual tem a melhor vis-
ta, já que eles contam com varandas ou terraços apontando para o oceano.
Assim como também difícil é a escolha do melhor lugar para fazer as refei-
ções. O dinning room é a mais séria e chique opção, aberto diariamente para
o jantar. Ao ar livre, há o Ristorante Villa Cipriani com menu italiano prepa-
rado com ingredientes locais. Durante o ameno inverno, o restaurante Les
Faunes, de alta cozinha francesa, abre suas portas e salões decorados com
litografias de Picasso. Hóspedes que visitam o hotel durante o verão têm
o prazer de aproveitar o Brisa do Mar e seus saborosos peixes e frutos do
mar. Pela origem inglesa do hotel, o chá da tarde é servido comme il faut no
lounge ou no terraço.
BELEzA NA ÁGUA, TERRA E AR PARA TODAS AS IDADESAproveitando a riqueza de produtos locais, o hotel se aproveita das maté-
rias-primas da região nos pratos de seus restaurantes e nos luxuosos tra-
tamentos do spa. Os funcionários são treinados e conscientizados da im-
portância do uso de produtos orgânicos e locais como forma de preservar
o ecossistema da região e fortalecer a economia local. Entre os destaques
estão a banana prata servida nos cafés da manhã ao lado de outras tantas
frutas. No almoço, o destaque é o “bolo de caco”, com massa feita a partir
de batata-doce e manteiga de alho.
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REFÚGIO INTERNACIONAL
Entre os tratamentos de beleza oferecidos em ambien-
te decorado por tramas de vime e tecidos bordados tí-
picos da ilha, aparece a opção de massagem com óleo
extraído de sementes de uvas orgânicas. O “Reid’s Pala-
ce Signature Treatment” une essa massagem com outros
tratamentos feitos com cremes de Aloe Vera produzidos
na ilha. Ainda no spa, a vista para o mar completa o am-
biente relaxante das quatro suítes de tratamento, que
contam com academia, banheiras de hidromassagem e
chuveiros de alta pressão.
Para os mais ativos, outros tantos modos de relaxa-
mento estão à disposição. A água do mar pode ser en-
contrada nas dependências do hotel, em uma piscina ao
ar livre e outra aquecida, além de uma terceira piscina
de água doce. Os amantes da água ainda têm a opção de
ski aquático, windsurfing, mergulho e canoagem acom-
panhados de funcionários do Reid's. As temperaturas
tropicais permitem que esses esportes sejam praticados
o ano inteiro, assim como os dois campos de golf com
18 buracos, as quadras de tênis e o montanhismo nas
rochas vulcânicas da Ilha da Madeira. Se a vontade do
hóspede é sentir nas alturas o ar puro desta ilha do Atlânti-
co, ainda há a opção de paragliding e parasailing.
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66 | J U N H O 2 0 1 1
REFÚGIO INTERNACIONAL
Outro passeio oferecido é a visita às vinícolas locais, uma
experiência encantadora e inesquecível. Como resort de férias
escolhido não apenas para casais, mas também para famílias
inteiras, o Reid's Palace oferece babás para os pequenos e pro-
gramação para crianças a partir de 3 anos, com excursões e
atividades ao ar livre. Essa atitude family friendly do hotel se
estende à recepção, com entrada exclusiva para famílias com
crianças, e aos quartos, que contam com roupões, chinelos e
amenidades desenvolvidos para crianças de todas as idades.
Os adolescentes de até 18 anos são privilegiados com um clu-
be para eles, com videogames de última geração e opções de
atividades a todo momento.
São pequenos detalhes e preocupações como estas que
reforçam a qualidade do hotel, que figura no topo da “Gold
List” de hotéis feita pela editora Conde Nast Traveler sem
interrupção desde 2006.
A ILHA E SUAS BELEzASSendo um arquipélago com um clima subtropical e paisagens
deslumbrantes, a Madeira é justamente conhecida como “o
Jardim Flutuante”. Localizada em alto mar a cerca de 900 km
de Portugal e 600 km de Marrocos, a ilha é o miradouro da Eu-
ropa para o Oceano Atlântico. O arquipélago é formado, não
só pelas ilhas habitadas, que são a Madeira (a maior) e o Porto
Santo, mas também por dois pequenos grupos de ilhas desa-
bitadas apelidadas de Desertas e Selvagens.
Além do esplendoroso azul do céu e do mar e da imponência
dos vales e das montanhas, onde a flora é diversa e abundan-
te, a região tem uma variedade de raras atrações. A ilha é fa-
mosa pelo seu vinho, pelas talentosas bordadeiras, pelo “bolo
de mel” e pelas flores e frutos exóticos, que nascem do solo
vulcânico. Se adicionarmos a isto tudo um clima balsâmico, é
fácil de perceber porque é que essa ilha paradisíaca se tornou
um dos destinos de férias mais desejados do mundo.
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com charme e elegância.
PERFIL ONE
Patricia Anastassiadis
Por FELIPE FILIZOLA Fotos dIvuLgAçãO
À frente de um dos mais renomados escritó-
rios de arquitetura do país, o nome Patri-
cia Anastassiadis tornou-se sinônimo de
criatividade e sucesso. Graduada pela Universidade
Presbiteriana Mackenzie, no curso de Arquitetura e
Urbanismo, Patricia abriu seu próprio escritório aos
22 anos. Com o apoio do irmão Eudoxios adminis-
trando o escritório, nasceu a Anastassiadis Arquite-
tos. A criatividade e humanidade impressa em todos
os seus projetos é o resultado de suas viagens pelo
mundo, das inspirações humanas e das suas lem-
branças de aromas, sabores, paisagens, músicas,
cidades, etc. Toda essa bagagem cultural adquirida
serviu para tornar Patricia uma observadora detalhis-
ta das formas, cores e texturas, fixando em sua me-
mória a dinâmica e os costumes das cidades e das
pessoas de todos esses lugares por ela conhecidos e
que, até hoje, são usados diariamente como inspira-
ção para seus projetos.
A arquitetura de interiores, a inovação de concei-
tos, o design e a criação de soluções fazem parte do
prazer profissional e do extenso e vitorioso currículo
de Patricia Anastassiadis. Capaz de ordenar, persona-
lizar e aprimorar de forma única cada projeto realiza-
do, a arquiteta hoje é referência de profissionalismo
e empreendedorismo no setor. Essa busca por proje-
tos exclusivos e personalizados fez com que Anastas-
siadis Arquitetos se tornasse referência em virtude
da confiabilidade e do valor que sua marca confere
aos seus projetos, em que cada detalhe do produto
é reconhecido pela qualidade assegurada através da
assinatura da arquiteta.
Projeto da 1ª loja
conceito da Valisere.
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PERFIL ONE
O ESCRITÓRIOA Anastassiadis Arquitetos é um dos mais renomados
escritórios de arquitetura e design do país. Fundado em
1993, conta hoje com uma equipe de mais de 40 profis-
sionais que desenvolvem projetos e formulam conceitos,
buscando unir a preocupação estética com as melhores
soluções técnicas e funcionais para cada espaço. Ao longo
desses 18 anos de existência, procura projetar e planejar
espaços onde a arquitetura e o design propiciem bem-
estar, conforto e a percepção de se estar num lugar único.
O escritório tem mais de 300 projetos desenvolvidos,
em sua maioria, nas áreas comercial, corporativa, hote-
leira, empreendimentos imobiliários e de entretenimento
que, somados a clientes residenciais exclusivos, formam
o universo de projetos da Anastassiadis Arquitetos. São
clientes que buscam e reconhecem o trabalho único e
conceitual desenvolvido pelo escritório.
Foram os projetos de um bar e restaurante, o Filome-
na, e de um banco, o Interfinance, ambos em São Paulo,
que deram início a uma série de outros projetos que se
tornaram frequentes no bureau. São projetos que aliam o
significado e a comunicação de marcas corporativas e co-
merciais à arquitetura.
A estes projetos iniciais logo se somaram outros restau-
rantes, lojas, hotéis e projetos para grandes corporações,
como Bank Boston, Club Med, Deutsche Bank, Adidas,
Dupont, Tivoli Hotels & Resorts, Ritz Carlton, TXAI, Sony,
McDonald’s, entre outras; além de empresas do setor imo-
biliário, como Cyrela, Gafisa, Odebrecht, Rossi Residencial,
Tishman Speyer, Company, entre outras.
Projeto da Loja
Adidas na Rua Oscar
Freire, em São Paulo
J U N H O 2 0 1 1 | 73
Hoje, desenvolve projetos em todo o Brasil e,
desde 2000, teve sua área de atuação ampliada
para o mercado internacional, desenvolvendo pro-
jetos em Portugal, Espanha, EUA, Chile, Emirados
Árabes e alguns outros países. Por sua vivência no
mercado imobiliário e através da integração de
profissionalismo e visão de mercado, em 2003, a
Anastassiadis Arquitetos deu origem à Alfa Realty
Empreendimentos Imobiliários. Uma empresa que
estendeu suas atividades ao mercado de incorpo-
ração imobiliária, desenvolvendo produtos dife-
renciados e inovadores, como o Île de La Cité, em
São Paulo – empreendimento vencedor do Prêmio
Master Imobiliário 2006 –, e o Office Garden – vencedor
do Prêmio Master Imobiliário 2010.
B&C: Como foi o começo da carreira e o surgimento
do interesse por arquitetura?
Patricia Anastassiadis: Passei minha infância corren-
do entre as máquinas de costura da confecção da
minha família, no Bom Retiro – bairro de imigran-
tes em SP. Tinha certeza que o meu futuro seria com
roupas e moda. Como a primeira faculdade de moda
da cidade abriu no mesmo ano em que eu prestaria
o vestibular, meu pai me aconselhou a repensar na
ideia de cursar uma turma novata. Ele me mostrou
que a arquitetura foi a escola de grandes nomes da
moda, artes e pintura, e seria uma boa escolha pro-
fissional. Foi assim, meio sem querer, que descobri
a minha vocação; encontrei na arquitetura o melhor
jeito de entender o comportamento das pessoas. É
um desafio projetar pensando em desejos e ansieda-
des. Abri meu escritório aos 22 anos, logo após me
formar na universidade Mackenzie. No início foi um
mix de oportunidade, perseverança e vontade, e, ain-
da hoje, esses três pilares são fundamentais para me
dar sustentação e fechar novos contratos..
Projeto do Bar
Escobar em Moema,
São Paulo.
74 | J U N H O 2 0 1 1
PERFIL 1
B&C: Você tem algum projeto que sonha fazer como,
por exemplo, um hotel de praia, uma casa de fazenda,
um escritório em algum prédio tombado? Por quê?
Patricia Anastassiadis: Ao longo desses 17 anos de
profissão, tenho realizado muitos projetos com os
quais “sonhei” em fazer – hotéis cosmopolitas, ho-
téis litorâneos, condomínios, edifícios, restaurantes,
bares, bancos de investimentos, flagships, residên-
cias, empreendimentos imobiliários, mostras de de-
coração, design de produtos...
Procuro sempre realizar um excelente trabalho.
Tomo como inspiração a história de cada projeto,
as necessidades e as expectativas do meu cliente. O
resultado final ser um sucesso torna o meu trabalho
cada vez mais gratificante.
B&C: Nos últimos 11 anos você fez muitos projetos
no exterior. Quais as maiores semelhanças entre os
clientes brasileiros e os estrangeiros? Há algum de-
nominador comum no desejo estético?
Patricia Anastassiadis: Tenho trabalhado sim com
projetos fora do Brasil (temos projetos realizados em
Angola, Portugal, Espanha, Chile, EUA e São Tomé e
Príncipe) e participado de concorrências (como re-
centemente em Abudhab), o senso estético, o acesso
à informação e as necessidades desse mercado são
muito parecidos com o mercado brasileiro. Infeliz-
mente ainda noto diferença em relação ao respeito
pelo profissional arquiteto, o respeito à assinatura
do design, à especificação correta de uma peça ou
material e à valorização de uma escolha.
Tenho fé que, com a globalização, todos possam per-
ceber a diferença e a importância de uma boa peça,
uma boa escolha, um bom design.
Projeto
Casa Cor 2010.
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Mostra Artefacto 2009
Mostra Artefacto 2010
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Projeto: Arq. Sérgio Gonzzalez
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PERFIL ONE
B&C: Nesses 18 anos de carreira, como você vê a evolução da arquitetura? Percebe alguma
macrotendência surgindo nos últimos anos, após o boom da sustentabilidade?
Patricia Anastassiadis: Uma forte tendência na arquitetura mundial foi a arquitetura “su-
perstar” – grandes obras e edifícios enormes (como o boom de Dubai) – com ostensividade
e superficialidade profissional.
Atualmente, sinto que as pessoas estão se voltando para o lado “humano” de cada um –
indivíduo e planeta – , valorizando cada vez mais o exclusivo, o menor, o único.
No planeta, a sustentabilidade e a responsabilidade social batem de frente com uma ar-
quitetura mais planejada, funcional – com as questões de economia de energia, água e
materiais, e o uso mais responsável perante a natureza e o planeta.
B&C: Você faz projetos muito variados, desde empreendimentos imobiliários até projetos
para bancos, restaurantes, empresas de moda e hotéis. Como o estilo Patricia Anastassiadis
permeia esses projetos?
Patricia Anastassiadis: Diria que o estilo Patricia Anastassiadis é mergulhar a fundo no perfil
de nosso cliente – analisar, questionar, ler o que o cliente precisa e, principalmente, o que ele
ainda não percebeu que precisará –, enxergar à frente e direcionar a arquitetura e o projeto
ao melhor resultado final.
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Mostra Artefacto 2010
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Por FELIPE FILIZOLA Fotos dIvuLgAçãO
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REFÚGIO NACIONAL
PARA DESCANSAR
A TERRA QUE EnCAnTOU AMÉRICO VESPÚCIO, EM 1503, SE MANTÉM FIRME COMO DESTINO DE APAIxONADOS PELO MAR.
a alma
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A Bahia sabe, como poucos, enfeitiçar turistas do mundo inteiro encantando-os com seus infinitos recursos naturais. Porta
de entrada para os primeiros colonizadores europeus, o sul da Bahia não se destaca apenas por ter sido o local no qual
pela primeira vez aportaram os descobridores do Brasil. Seu fascínio, tantas vezes cantado em verso e prosa por artistas
e intelectuais, se deve também aos muitos quilômetros de praias maravilhosas orladas por coqueiros; à temperatura sempre mor-
na de suas águas, preferidas pelas baleias da espécie jubarte para a reprodução; ao Parque Nacional Marinho dos Abrolhos; ao
complexo recifal mais importante do Atlântico Sul; à alegria e simplicidade de seu povo sempre acolhedor; à tenra preguiça que
paira no ar quando finalmente se abandonam os costumes da cidade grande rendendo-se ao modo baiano de ser.
O formato circular do Arquipélago de Abrolhos corresponde à boca de um vulcão. Os historiadores atribuem o nome do arqui-
pélago a Américo Vespúcio que, em 1503, por ali passou em expedição exploratória em companhia de Gonçalo Coelho. Ao cons-
tatar o perigo que os recifes representavam para as embarcações, relatou em seu diário de navegação: “Quando te aproximares
da terra, abre os olhos”. Assim, o lugar ficou conhecido por Abrolhos.
REFÚGIO NACIONAL
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ESTADIA ACONCHEGANTEPara quem deseja visitar o local, a melhor opção de estadia é o hotel
Marina Porto Abrolhos. Localizado no município de Caravelas, em
meio a um coqueiral em frente à praia, o ambiente agradável e aco-
lhedor recepciona os hóspedes que buscam diversão e descanso na
tranquilidade da natureza do sul da Bahia. A hospedagem em ban-
galôs de estilo polinésio construídos próximos ao mar aumentam o
charme do local. As suítes, para duas a cinco pessoas, têm vista para
a piscina e jardim. Cada bangalô é carinhosamente batizado com no-
mes de personagens do grande escritor baiano Jorge Amado, dando
um toque ainda mais baiano e mágico ao ambiente.
Com os cuidados do proprietário Gabriele Canestrelli, genovês
amante das artes, o Marina Porto Abrolhos ganhou obras de arte em
forma de quadros, esculturas e entalhes, que fazem da decoração um
atrativo. Sempre preocupados em manter sua excelência, além da
melhoria constante de infraestrutura, toda a equipe do hotel se des-
taca pela presteza e cordialidade nos serviços oferecidos. Em frente
ao hotel, a tranquila praia do Grauçá – que juntamente com as praias
Iemanjá e Ponta das Baleias perfazem mais de 20 km de praias vir-
gens – convida você para relaxantes caminhadas.
A comodidade de se localizar próximo ao local de onde partem
passeios para paraísos ecológicos completa o seu conforto. Situa-
dos a cerca de 30 km da costa caravelense, os recifes do Parcel das
Paredes são assim chamados por apresentarem suas paredes abrup-
tamente verticais. É a maior formação recifal do sul da Bahia e a
maior parte de seu topo emerge durante as marés baixas, formando
indescritíveis piscinas naturais.
Outra opção de passeio é ao longo do estuário do Rio Caravelas
que, em suas inúmeras ramificações, permite ao visitante contem-
plar a beleza de um dos maiores complexos de manguezais do Brasil.
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REFÚGIO NACIONAL
Para quem quiser passar mais tempo no hotel poderá apro-
veitar sua área social que conta com piscinas para adultos e
crianças, espaço para massagens, sala de ginástica, minigolf,
quadras de vôlei e tênis e salão para carteado. Há no ho-
tel também uma boutique com artesanatos locais e diversos
outros artigos. A pequena biblioteca oferece um local para
folhear livros e assistir filmes.
Um delicioso e variado café da manha é servido a partir das
6h30, atendendo perfeitamente àqueles que precisam sair
cedo para os passeios náuticos e àqueles que desejam degus-
tar os quitutes locais. Como opção para refeições, o hotel ofe-
rece um restaurante com pratos tradicionais do sul da Bahia e
uma gostosa creperia.
A VISITA DAS BALEIAS Como se todo o contexto insólito de Abrolhos não fosse sufi-
ciente, ainda existe a visita das baleias jubarte para o arqui-
pélago entre julho e setembro. Entre esses meses, as baleias
conhecidas cientificamente como megaptera novaeaengliae
saem da Antártida, onde se alimentam, e vêm para as águas
mornas e tranquilas do litoral da Bahia e Espírito Santo. Anu-
almente, cerca de quatro mil baleias migram para esta região
para se reproduzir e amamentar os filhotes.
O espetáculo marinho atrai olhares de turistas e cientis-
tas encantados pelo tamanho e beleza desses animais, co-
nhecidos por seu temperamento dócil e pelas acrobacias
que realizam, saltando e exibindo a própria cauda, sua im-
pressão digital.
As baleias são famosas pelo desenvolvido sistema de vo-
calização: o seu canto melancólico – de construção musical
sofisticada – é repetido pelo macho. Acredita-se que uma das
funções prováveis desse canto seja atrair a fêmea para o aca-
salamento. A preservação do local com a criação do Parque
Nacional Marinho de Abrolhos, em 1983, garante segurança
e proteção para os animais. O parque marinho, inclusive, foi
o primeiro a ser criado no Brasil, tornando-se uma das mais
significativas áreas do litoral brasileiro, pela sua enorme bio-
diversidade e importantes ecossistemas.
o espetáculo marinho atrai olhares de turistas e cientistas encantados pelo tamanho e beleza desses animais...
Entre os meses de junho e
novembro podemos observar
o espetáculo dos saltos e cantos
das baleias em Abrolhos.
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an_final.pdf 1 8/20/09 4:11 PM
Na praia a combinação azul e brancotraz para dentro de casa as cores do mar,
das conchas, das nuvens...
Por FELIPE FILIZOLA Fotos MATIAS CAPIZZANO
CONFISSõES
UM ExEMPLO DE
DEDICAçãO E SUPERAçãO.
LarsGrael
ars Grael começou a velejar cedo,
só que de maneira lúdica. Filho de militar
amante de Educação Física e grande in-
centivador do desporto, sua família sem-
pre gostou de praticar esportes. Quando
morou em Brasília, Lars frequentou as
aulas de vela do Iate Clube e começou a
competir na classe Optimist e Pinguim.
Aos 16 anos, seguindo os passos dos irmãos
mais velhos, foi morar com a avó na flu-
minense Niterói, onde podia levar adian-
te a prática da vela e o sonho olímpico.
Sempre muito ligado à família, Lars vele-
jou primeiro ao lado do irmão Torben e
depois se juntou ao primo Glenn Haynes,
com quem participou de sua primeira
Olimpíada em Los Angeles, aos 20 anos.
Mas foi no Tornado, o velocíssimo ca-
tamarã olímpico, que Lars mais títulos
conquistou. Além das duas medalhas de
bronze — em Seoul, em 1988, e Atlanta,
em 1996 —, ele ainda foi pentacampeão
sul-americano, 10 vezes campeão brasi-
leiro e campeão de tradicionais semanas
de vela, como Kiel, na Alemanha, além de
representar o Brasil também nos Jogos
Olímpicos de Barcelona, em 1992.
Em 1998, o iatista sofreu um fatídico
acidente na praia de Camburi, no Espírito
Santo. Seu barco colidiu com uma lancha
que invadiu a área da prova, e a tragédia
terminou com a perda de sua perna direita.
CARREIRA POLÍTICA E A VOLTA POR CIMAO exemplo de superação veio com o convite do então
presidente Fernando Henrique Cardoso a integrar os
quadros dirigentes do INDESP — Instituto de Desen-
volvimento do Desporto —, uma autarquia ligada ao
então Ministério do Esporte e Turismo. De lá, por
sua postura sempre firme, correta e apaixonada na
defesa do esporte nacional, Lars galgou vários pos-
tos chegando a ser Secretário Nacional de Esportes
no governo FHC. No final do governo, foi convidado
pelo Governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, a
assumir a Secretaria Estadual da Juventude, Esporte
e Lazer, cargo que ocupou até março de 2006.
Em fevereiro de 2009, após 11 anos, Lars Grael vol-
tou a integrar a Equipe Permanente de Vela Olímpi-
ca ao conquistar a Semana Pré-Olímpica em Porto
Alegre. Em 2010, chegou a ocupar a 4ª colocação do
ranking internacional da classe Star da Federação In-
ternacional de Vela — ISAF.
Pai coruja, vê os filhos mais novos, Nicholas e So-
phia, herdarem a paixão pelas águas. Nascido em 97,
Nick começou a velejar e se classificou para dispu-
tar o campeonato brasileiro da classe Optimist. Em
2009, ele se classificou em campeonatos internacio-
nais e vem demonstrando ser totalmente focado e
determinado. Sofia pediu para aprender a velejar aos
7 anos porque queria ficar igual ao resto da família.
Com dez anos, em 2010, tornou-se a campeã brasi-
liense feminina da classe Optimist. Mais uma alegria
para Grael, que também é pai de Trine.
A maneira como enfrentou a luta pela vida, a acei-
tação de sua nova condição, os novos paradigmas e
desafios, as mudanças de planos e novos objetivos, a
luta contra o preconceito, as novas vitórias no espor-
te e na gestão pública têm uma carga muito forte de
mensagens que servem de exemplo para os mais va-
riados públicos. Por isso, Lars tem sido chamado pe-
las mais diversas organizações para compartilhar um
pouco das suas experiências por meio de palestras.
L
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CONFISSõES
Lars Grael e o
proeiro Rony Seifert
J U N H O 2 0 1 1 | 93
B&C: Como nasceu o interesse específico pelo
iatismo e vela?
Lars Grael: A paixão pela vela é um legado de família e
transmissão de conhecimento. O meu avô materno,
Preben Schmidt, era dinamarquês e trazia consigo
o sangue viking e o espírito náutico sempre muito
intenso. Foi campeão de hipismo rural e cavaleiro
imperial mas, como todo bom dinamarquês, prati-
cava vela. Chegou ao Brasil em 1924 e escolheu a ci-
dade de Niterói, Rio de Janeiro, para morar. Como
o hipismo era pouco desenvolvido e com a Baía de
Guanabara à disposição – se hoje é o encanto que é,
imagina naquela época em que a serra do mar ainda
virgem encontrava as águas então transparentes –,
foi um dos precursores da vela de competição e con-
duziu esse pensamento a minha mãe e aos meus tios
– tricampeões mundiais nos anos 60, medalhistas de
ouro e prata nos Jogos Pan-Americanos e velejado-
res olímpicos. Sentimos muito orgulho com os feitos
dos nossos tios e aprendemos a velejar com nosso
avô. A vida nômade que meu pai levava por ser mi-
litar nos trouxe até Brasília nos anos 70, local onde
de fato comecei minha carreira competindo pelo Iate
Clube, na classe Optimist.
B&C: Seu irmão mais velho, Torben, também é ve-
lejador. Vocês chegaram a competir juntos, inclusi-
ve. Como ele incentivou seu interesse pelo esporte?
Lars Grael: Torben sempre exerceu forte influência
sobre minhas escolhas na vela e na vida. Além de
irmão, é o maior símbolo do esporte olímpico bra-
sileiro com suas 5 medalhas olímpicas. Velejamos
juntos e fomos campeões mundiais de Snipe, em
1983. Obtivemos outros títulos juntos, como na
classe 12 metros. Nosso barco, o “Wright on White”,
venceu as etapas de Valência e Cannes da Copa do
Centenário da classe.
B&C: Você participou de 4 Jogos Olímpicos – LA,
Seoul, Barcelona e Atlanta. Alguma história curio-
sa desses eventos?
Lars Grael: Seriam muitas. Fato marcante foi a abso-
luta precariedade nas condições de preparação, so-
bretudo nas duas primeiras experiências olímpicas.
A geração atual encontra uma condição muito me-
nos difícil. Destaque ainda para as condições severas
de mar e vento que enfrentamos na raia de Pusan, na
Coreia do Sul, nos jogos de 1988. Um misto de com-
petição e sobrevivência. Inesquecível!
B&C: Um dos momentos mais difíceis da sua vida
foi o acidente de 1998. Como isso afetou sua rela-
ção com a água? Que lição tirou dele?
Lars Grael: Em primeiro, a luta pela vida e, em segun-
do, entender um sentido para viver. Após perder a
perna, eu dependia totalmente do meu desempenho
físico. Não foi fácil aceitar essa nova condição. Aca-
bei me inspirando em vários atletas e para-atletas
que passaram por situações semelhantes e que de-
ram depoimentos fundamentais para que eu pudes-
se superar essa fase. Ser útil ao país, não só como
atleta, mas como dirigente desportivo durante oito
anos, também foi fundamental.
94 | J U N H O 2 0 1 1
CONFISSõES
Sinônimo de superação, Lars tem
lutado pelo desenvolvimento do
esporte nacional.
B&C: Você foi o Secretário Nacional de Esportes. O que
falta para sermos o número 1 do mundo?
Lars Grael: O governo trabalha bem para o esporte. Eu
não tenho uma visão crítica do papel do governo, muito
pelo contrário, acho que o Ministério aumentou de por-
te, importância e é mais ativo do que antigamente. O
orçamento cresceu em progressão geométrica e o Brasil
vem fazendo o seu melhor para sediar grandes eventos,
como os jogos mundiais militares em 2011, Copa em
2014 e Olimpíadas em 2016. Natural que existe uma pre-
ocupação, porque o tempo que era nosso aliado e que é
fundamental para a organização e sucesso de qualquer
evento está se esvaindo à medida que, em função do
calendário eleitoral, pouco ou nada se faz. Em termos de
desempenho, não se pode construir uma nação olímpi-
ca em quatro ou seis anos, mas o Brasil vem crescendo,
pois o Comitê Olímpico faz um bom trabalho, as Confe-
derações buscam um modelo de governança melhor e
prometem um bom desempenho nos Jogos de Londres
— entre 15 a 25 medalhas. E para os jogos do Rio de
Janeiro, em que o investimento vai ser muito maior, os
atletas vão contar com o valor climático e o fator torcida.
Seria uma falácia acharmos que será uma potência em
2016. O Brasil vai crescer sim, e acredito que vai ficar
entre os dez primeiros países nas Paraolimpíadas. Acho
que falta, porém, dar ao Desporto Educacional a mesma
relevância que é dada à promoção de grandes eventos
esportivos internacionais. O Brasil só será uma potência
esportiva se investir no esporte na escola e na valoriza-
ção dos clubes como formadores de atletas.
B&C: Como você vê as mudanças no panorama dos
deficientes físicos no Brasil?
Lars Grael: Houve uma mudança gradativa no campo da
legislação e dos direitos. Mas entre o espírito das leis,
para seu cumprimento, ainda falta bastante. A conscien-
tização já aumentou muito e o esporte paraolímpico
tem um papel fundamental neste sentido.
B&C: Quais são seus projetos para o futuro?
Lars Grael: Continuar a exercer minha paixão pelo mar;
ajudar na formação e capacitação de novos navegado-
res; levar meu depoimento de vida e superação para
mais brasileiros através de palestras. Continuar a tentar
fazer a diferença em nosso Brasil.
96 | J U N H O 2 0 1 1
CONFISSõES
De cima para baixo
Na Argentina, em abril deste
ano, quando a dupla conquistou o
tricampeonato Sul-americano de Star.
A comemoração de mais uma
conquista merecida.
Com a esposa Renata Greal.
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98 | J U N H O 2 0 1 1
PERFIL TWO
Sonia RacyINFORMAçõES DE PODER DIRETO DAS MELHORES FONTES.
O FECHAMENTO DE REVISTAS E JORNAIS
são, no mínimo, emocionantes. Com
prazos apertados e a vontade do jorna-
lista em ter certeza que a informação
que será transmitida é relevante, inte-
ressante e adequada, e-mails e telefo-
nemas se multiplicam. Some a isso o
peso de escrever uma das colunas diá-
rias mais importantes do mundo dos
negócios, no jornal de maior circulação
do país. É com esta constante cobrança
que vive a jornalista Sonia Racy. Entre
os 300 e-mails e seis horas diárias ao te-
lefone, Sonia assina a coluna “Direto da
Fonte” para o jornal O Estado de São Paulo.
Além da coluna impressa, Sonia ainda
escreve para a versão on-line do jornal,
adiantando assuntos que não podem e
nem devem esperar até a manhã seguin-
te para chegarem aos leitores. Nesta
agenda atribulada, ela também encaixa
espaço para sua participação na rádio
Eldorado AM, com o programa próprio
de economia “Coluna Dois”.
Bem nascida, bonita e inteligente, So-
nia lutou contra preconceitos em reda-
ções desde o início de sua carreira. Car-
reira, aliás, que começou como modelo
da Ford Models em Nova York e durou
apenas 8 meses. Logo depois, passou a
assinar uma coluna para a Vogue Brasil,
que expandiu ainda mais seu universo
profissional. De lá, foi para a Folha de São
Paulo assinar o caderno “Casa e Com-
panhia”. O trabalho na Folha deu lugar
à sociedade em uma assessoria de im-
prensa, mas sua paixão sempre foi eco-
nomia. Assim sendo, não titubeou ao
aceitar o convite do O Estado de São Paulo.
Formada em administração de em-
presas, Sonia lê todos os jornais pela
manhã, almoça com “fontes” e passa as
tardes em contato com empresários, mi-
nistros, banqueiros, dirigentes de fede-
rações, presidentes e ex-presidentes do
Banco Central. “A notícia nunca chega
sozinha”, diz ela. “As informações preci-
sam ser garimpadas”. Com sua credibi-
lidade, ganhou confiança dos principais
nomes do país e, hoje, mantém fácil
acesso a todos.
Apaixonada por psicologia, costuma
ler Freud, Jung e Nietzsche. Aliás, vira e
mexe relata que, se fosse seguir por ou-
tra carreira, seria a psicologia. O parale-
lo entre as duas profissões é claro, afi-
nal a economia e o mercado funcionam
muito à base de expectativas e especu-
lações – fatores altamente comporta-
mentais e distantes de ciências exatas.
“Economistas adoram teoria, mas como
diz uma das minhas fontes: “Em sendo a
vaca quadrada...”, só que a vaca nunca é
quadrada, por isso as teorias nunca con-
seguem ter sucesso total na realidade”,
completa. A B&C conversou com Sonia
para entender um pouco mais da impor-
tância da coluna “Direto da Fonte”.
B&C: Como foi a mudança de jorna-
lista econômica para jornalista social?
Sonia Racy: Na verdade não houve mu-
dança, já que a coluna mantém o mes-
mo nome e perfil, apenas está inserida
em um diferente caderno. O objetivo do
“Direto da Fonte” é cobrir o poder em to-
das as áreas: moda, esporte, economia,
política, arte... Nós cobrimos todos os
tipos de eventos abertos, como mostras,
exposições, congressos, seminários,
acontecimentos com pessoas de desta-
que, jantares de partidos políticos, de
banqueiros. O que houve foi uma am-
pliação do escopo da coluna. Por isso
também decidimos manter o nome dela.
B&C: As fontes são as mesmas?
Sonia Racy: Como a abrangência aumen-
tou, expandimos também a quantidade
de fontes. Mas sempre lembrando que a
coluna visa retratar pessoas que merecem
ser reconhecidas pelo que fazem, e não
pelo que têm. Acredito que poder não se
herda, se conquista. Levo essa máxima
para o dia a dia e penso sempre nestas
pessoas na hora de escolher as notícias.
B&C: Como você vê a influência da “Di-
reto da Fonte” no cenário paulistano?
Sonia Racy: Modéstia a parte, apesar do
jornal ser de São Paulo, acredito que a
coluna tem influência no cenário nacio-
nal. Às vezes recebo respostas negativas,
principalmente quando ponho algum ar-
tista ou político em destaque, mas, em ge-
ral, tenho um feedback bastante positivo.
É um enorme prazer saber que o nosso
trabalho agrada. O destaque e influência
aparecem com os furos. Fui a primeira a
dar a notícia de quebra do banco Pana-
mericano. Também divulguei em primeira
mão a fusão do Pão de Açúcar com a Ca-
sas Bahia. Inclusive, esta foi uma notícia
que divulgamos na coluna on-line para
não perder tempo e exclusividade. Manter
o formato digital é um desafio próprio que
tem trazido ótimos frutos.
Por HELENA MONTANARINI Foto dIvuLgAçãO
Por FELIPE FILIZOLA Fotos dIvuLgAçãO
100 | J U N H O 2 0 1 1
ARTE
BrUNo
oFANtÁstICo
MUNDo
DEO JOVEM ARTISTA SE CONSAGRA COMO UM DOS NOMES MAIS ENTUSIASMADOS DA ARTE CONTEMPORÂNEA NACIONAL.
Comemorando com Hugh Hefner, 2008 - esmalte sintético e colorjet sobre banner 140 X 185 cm - Coleção Particular.
J U N H O 2 0 1 1 | 101
O artista plástico Bruno Miguel.
C om recém completados 30 anos de idade, o artista plástico Bruno Miguel des-
ponta entre sua geração como um dos nomes mais promissores da arte brasi-
leira contemporânea. Trazendo à tona temas como arquitetura e paisagismo,
Bruno explora materiais e técnicas inusitadas e diversas para alcançar a grandiosidade de
suas obras. Seu trabalho é definido “como pintura de paisagem ou como uma pesquisa
sobre o tempo da e na paisagem, pensado a partir de possíveis construções e represen-
tações da mesma”, define o autor. “Utilizando para isso um “pensamento pictórico” como
ponto de partida e agregando a ele minhas referências, a história da arte, mídias e cultura
popular. Ah, e também é algo com doses de prazer, diversão e beleza com “leves” camadas
de ironia e humor”, acrescenta.
Apesar do fato de a arte contemporânea não privilegiar linguagens, caracterizando-se
pela ampliação dos meios tradicionais – tais como pintura e escultura – e a utilização
dos mais variados meios de expressão (fotografia, vídeo, instalação, performance, entre
outros), uma linguagem permanece bastante atual e por isso é explorada por um grande
número de artistas: o desenho.
102 | J U N H O 2 0 1 1
ARTE
Série Paisagem Postal S2, MAC RJ IV 2010, 9X15 cm - coleção do artista.
J U N H O 2 0 1 1 | 103
Série Paisagem Postal S2, Buenos Aires, 10X18 cm - coleção do artista.
104 | J U N H O 2 0 1 1
ARTE
ARTE SEM MARGENSSe nos desenhos feitos em 2008 com nanquim (série Diálogos), tinta acrílica e esmalte de unha (série Paisa-
gens Construídas) ou canetas Stabilo sobre papel xadrez (série Paisagens) as plantas, árvores e casas apare-
ciam retratadas em formatos planos, sua série de plantações e maquetes levam o apreciador de obras a se
deparar com a natureza viva. Tacos de madeira colocados sob uma espécie de gramado ou o revestimento de
uma escada com plantas no Salão de Itajaí geram o diálogo sobre a interferência e mutação de suas obras
pelo crescimento botânico. A obra "Construindo Paisagens" apresentada na V Bienal de Arte Contemporânea
em La Paz, em 2007, pela qual recebeu uma menção especial, mostrava a criação de estampas no chão do
Museu Tambo Quirquincho.
Série História da Arquitetura CSH 10, 2009 - fundo para galvanizados sobre ardósia - 40X40 cm - coleção do artista.
J U N H O 2 0 1 1 | 105
Através de desenhos feitos com pequenas “manchas” de plantas ao longo de um pátio, a instalação interagia e
interferia na circulação do local. São também em suas pinturas que os limites de sua arte são discutidos. Feitas
sobre telas ou suportes alternativos, como banners de propaganda, lonas vinílicas de toldos e tecidos populares
estampados industrialmente, as pinturas geram a linguagem e experimentação proposta por Miguel. "Em vez
do início no branco infinito, a partida de um suporte que já traz uma história em sua carga permite a extensão
do tempo da obra para antes do início da minha pintura, problematizando questões que vão além do tempo e
agregando discussões a respeito da apropriação e do papel do pintor além da parte técnica. Essa inserção do
“outro” como coartista expande a pintura e transbordam as margens de tempo e espaço dos quadros. "
Série História da Arquitetura CSH 6, 2009 - fundo para galvanizados sobre ardósia - 40X40 cm - coleção do artista.
106 | J U N H O 2 0 1 1
ARTE
Tributo a todos que documentaram de maneira estereotipada as nossas paisagens, 2010 - tinta acrílica, tinta a óleo, esmalte, tinta serigráfica e colagem sobre tecido estampado 1,60 x 2,40 m.
Nessas pinturas também surgem referências populares e de
ícones de arquitetura presentes nos desenhos e plantações.
Quadros estampados com gobelinos (tapeçarias ricamente ilus-
tradas) ganham sombras e volumes brancos com contornos de
museus históricamente famosos, como o Guggenhein de Bil-
bao, o MAC de Niterói e o londrino Tate Modern.
Seguindo uma linha parecida, essas sombras brancas e
esses volumes brancos de prédios de arquitetura chamativa
mundial aparecem em uma série de cartões postais antigos,
como as pirâmides egípcias e o Pantalón da Cidade do México.
A sua exposição individual Spring Love, em 2010, permitiu
que os visitantes viajassem pelas obras do artista. Com cura-
doria de Fernando Cocchiarale, a mostra que ficou em cartaz no
Galpão na galeria Largo das Artes oferecia uma bela seleção do
peculiar trabalho de Bruno, passando pelas pinturas, escultu-
ras, desenhos, quebra-cabeças e plantações.
GOSTO ACADÊMICOPor falar em cartões postais, o carioca Miguel desfrutou das
belezas da cidade maravilhosa durante toda sua vida. Nasceu
no Leblon, morou também na Gávea e no Humaitá, até mudar-
se com sua família para a Ilha do Governador quando tinha
cerca de 14 anos. Ele deixa essa aura carioca permear estetica-
mente pelo seu trabalho. Na escola que passou a frequentar, o
Colégio Operon, teve aulas de teatro por cerca de cinco anos.
Levando o assunto a sério, procurou desafios além de atuar,
chegando a escrever, dirigir, fazer a cenografia e pensar nos fi-
gurinos. Foi quando percebeu que seu forte estava na criação.
Passou no vestibular para a Escola de Belas Artes da Uni-
versidade Federal do Rio de Janeiro, em que se formou em
Educação Artística e em Pintura. No quinto período da fa-
culdade, passou a lecionar no próprio Colégio Operon e em
várias escolas também da Ilha. Mais tarde, integrou o pro-
jeto UFRJMAR, que levava educação inovadora para cidades
do litoral carioca. No começo de 2010, tornou-se professor
substituto de pintura e desenho da Belas Artes.
Depois de cinco anos fazendo diversos cursos livres na Esco-
la de Artes Visuais do Parque Lage (EAV), projeto do governo
estadual do Rio de Janeiro, surgiu o convite do local para mi-
nistrar dois cursos relacionados à pintura e desenho contem-
porâneos, ao lado de seus mestres João Magalhães, Marcio Bo-
tner, Franz Manata, Glória Ferreira, Pedro Varela e Luiz Ernesto.
Na mesma escola, Bruno é assistente pessoal de Carlos Zilio,
função que exerce desde 2006
Apesar do grande envolvimento acadêmico, nem só de gran-
des nomes eruditos se faz a lista de referências do artista. Bru-
no confessa que além de Picasso, Van Gogh, Helio Oiticica,
Yves Klein, Marcel Breuer e Oscar Niemeyer, seu pensamento
é influenciado por gente como Nelson Rodrigues, Quentin Ta-
rantino, Takashi Murakami, Guel Arraes, Stanley Kubrik, Lady
Gaga, o funk carioca e Terry Richardson, entre tantos outros.
Bruno ainda ressalta a importância de “bons olhos e ouvidos,
pra perceber todas as suas relações do mundo à sua volta”.
Como conselho às mais jovens gerações, é emblemático:
“Disciplina pro trabalho, foco nos objetivos e tempo pro lazer!
Um não funciona sem os outros. E tem que fazer o que gosta
também. Em artes, sentir prazer no que faz tem que ser obri-
gatório. Errar é fundamental desde que você aprenda com os
erros. E nunca se acomodar.” Sem dúvidas, ainda ouviremos
falar muito de Bruno Miguel.
Um Jardim para Beuys, 2010 - Site-specific realizado no Salão de Itajaí.
arte contemporânea | pintura decorativa | quartos infantis | casa de praia e campo
108 | J U N H O 2 0 1 1
Ana salazarA ESTILISTA PORTUGUESA QUE VEIO CONQUISTAR O BRASIL.
N as últimas duas edições do SPFW muito se falou sobre um nome aparentemen-
te novo no calendário de desfiles da semana de moda paulista. O rebuliço foi
em torno de Ana Salazar, estilista portuguesa que escolheu também o Brasil
para mostrar suas mais recentes coleções. Ainda que o nome pouco remetesse a uma
grande marca, mesmo para alguns dos visitantes do evento, a estilista lusitana é um dos
maiores nomes da moda de seu país. Nascida em Lisboa em 1941, é pioneira do mundo
fashion em Portugal. Na década de 70, revolucionou a forma de apresentar estilos inovado-
res de roupas criando, para o efeito, acontecimentos de moda, como desfiles destinados a
grandes audiências, exposições e outros eventos. Em 1978, começou a criar coleções com
o nome Ana Salazar, que eram vendidas nas suas lojas próprias e multimarcas da Europa.
DNA
Por HELENA MONTARINI Fotos dIvuLgAçãO
J U N H O 2 0 1 1 | 109
A coleção Protection, desfilada em janeiro deste ano, trouxe para as passarelas do SPFW as criações cheias de atitude.
110 | J U N H O 2 0 1 1
DNA
ARTE, PERFUMES E PRÊMIOSA partir de 1980, Ana Salazar começou a divulgar novos
talentos da moda portuguesa, curando os trabalhos
que seriam expostos no Museu do Traje, em Lisboa.
Em 1985, estendeu seu business para a França,
abrindo uma loja em Paris. Na época, foi considerada
um dos novos templos da moda na capital gaulesa
pela revista de moda francesa Marie Claire. Dois anos
depois, representou Portugal no Festival Internacio-
nal de Moda, em Paris, e participou da exposição “La
Mode au XXéme Siécle” (A Moda no Século XX), no
Museu do Louvre. A mesma mostra viajou a Lisboa
para o Museu do Traje, que serviu de lançamento
para um livro com o mesmo título da exposição. A
consagração veio no mesmo período, quando passou
a apresentar suas criações em Lisboa, Paris, Milão e
Nova Iorque simultaneamente, e resultou no contra-
to com um grupo francês para fabricar, comercializar
e distribuir as suas coleções internacionalmente.
O próximo passo de expansão foi o lançamento em
1989 de seu perfume feminino e a linha de produ-
tos para a casa. A gama de produtos cresceu com o
passar dos anos, multiplicando em perfumes mascu-
linos, óculos e até uma linha de roupas para homens.
Sentindo cada vez mais necessidade de estender a
sua veia artística a outra área, em 1993, levou uma es-
cultura de sua autoria à exposição Variations Gitanes,
no Museu do Louvre. No final da década passou a
colecionar prêmios e distinções pela sua carreira,
tendo, em 1997, sido ordenada pelo então presiden-
te português Jorge Sampaio, como Grande Oficial
da Ordem do Infante D. Henrique. Em 1998, a agên-
cia Elite Models atribuiu à Ana o Prêmio de Carreira
e, no ano seguinte, a revista Nova Gente distinguiu-
a como a melhor criadora de moda daquele ano.
Recebeu ainda o prêmio prestígio da Associação
Moda Lisboa e participou da exposição Mode Por-
tugaise, La Révélation (Moda Portuguesa, A Reve-
lação), em Paris. Sempre procurando expandir seus
negócios, não ficou parada ao ver o crescimento do
mercado de moda brasileira, com toda a visibilida-
de do SPFW. Para surpreender os brasileiros, desfi-
lou com exclusividade sua coleção de inverno 2011
em terras paulistas.
A coleção, que aborda o tema da densidade de flo-
restas e pássaros, traduziu com cores, texturas e for-
mas a questão da camuflagem e proteção ambiental.
Os looks eram suavizados com brilhos de metais nos
acessórios e peças de silhueta envolvente.
A revista B&C conversou com a estilista para en-
tender os motivos que a trouxeram para o Brasil, o
perfil de seus clientes e as referências que a incitam
a cada coleção.
J U N H O 2 0 1 1 | 111
B&C: Como foi a escolha do SPFW para mostrar as suas
coleções?
Ana Salazar: O SPFW é uma das semanas de moda mais impor-
tantes da atualidade. Por outro lado, o mercado brasileiro é
um objetivo – dada a situação econômica atual – e tem uma
apetência muito significativa pela moda.
B&C: Qual a expectativa da estilista quanto ao mercado
brasileiro?
Ana Salazar: É um mercado como todos os outros. Para con-
quistar objetivos tem que se criar de uma forma contínua e
bastante representativa, pois o introduzir de uma marca em
São Paulo é difícil.
B&C: Quais as principais diferenças da cliente portuguesa
e brasileira?
Ana Salazar: Eu tenho sempre um tipo de target que se baseia
essencialmente na mulher com personalidade segura, que
gosta de ousar na diferença.
B&C: A marca está presente na Espanha, Itália e Japão. Como
é desenvolver uma coleção para clientes tão diferentes cul-
tural e socialmente?
Ana Salazar: A marca em qualquer parte do mundo nunca é fei-
ta especificamente em função do mercado desses diferentes
países. O que mais varia são os tamanhos. Para o Japão, por
exemplo, os tamanhos pedidos são sempre menores.
B&C: A última coleção mostrou uma atitude rocker-chic
misturado a influências de cavaleiros medievais. De onde
surgiu a ideia? Como essa coleção reflete o air du temps em
que vivemos?
Ana Salazar: A influência rocker-chic, podemos até dizer com um
pouco de punk, está sempre presente nas minhas coleções. A
ideia desta coleção teve como tema “Protection” e penso que
reflete bem o estado de espírito que vivemos na atualidade.
B&C: Você continuará o trabalho no SPFW para a edição de
verão? O que podemos esperar do verão 2012?
Ana Salazar: Sim, estarei no SPFW na coleção de verão. Quan-
to ao que vou apresentar, ainda é top secret! Mas vai, como
sempre, ser uma continuação do conceito Ana Salazar.
The Look of Home 03Complementada pelos espaços de Adriano Amado,
a dupla Guilherme Saggese e Jorge Nascimento nos oferece uma sala de almoço plena de sabores.
Por BRuNA BRANdãO CESAR ROdRIguES
116 | J U N H O 2 0 1 1
http://tinyurl.com/6g5jcd
A arte do carro desportivo é a principal
estrela no novo Museu Porsche em
stuttgart. A coleção de 80 veículos
inclui um spyder 550 - modelo que
James Dean dirigia quando faleceu em
uma colisão no ano de 1955. Além dos
carros, estacionados em dois andares,
os visitantes do museu também podem
conferir os motores, a mostra interativa
e a memorabília Porsche.
http://tinyurl.com/cl8jmt
Bicicletas exclusivas, feitas à mão e com design diferenciado. Essa é a
proposta do Kinfolk Bicycles que possui décadas de experiência na construção de bicicletas totalmente moldadas aos desejos e à imaginação do cliente. os
pedidos são feitos por encomenda e o site possui serviço de entrega para o mundo
todo, com previsão de 30 a 60 dias.
http://tinyurl.com/3m5f9ez
Desde 1999, Hélio e Mara vivem no mar
a bordo do barco MaraCatu, construído
pelas próprias mãos do casal. o blog
caracteriza-se como um espaço divertido e
inspirador, que abrange as histórias e
bastidores das aventuras da dupla
ao redor do mundo.
http://tinyurl.com/3bpqrfb
Maior construção do mundo esférico, a
arena Ericsson Globe foi construída em
Estocolmo no tempo recorde de dois anos
e meio e já recebeu a visita dos melhores
artistas do mundo e estrelas do esporte.
o seu design inovador atrai milhares de
turistas à cidade e permite a realização de
diversos eventos desde um ringue de
hóquei no gelo a um jantar de gala.
http://tinyurl.com/3akzoyg
Esta é para os fãs de star Wars: Imagine a
voz de Darth Vader dando as coordenadas
do seu GPs. Com o novo produto da saga,
agora é possível. Além da versão do vilão,
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caracterizados pelos personagens Yoda,
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