B&C BEACH&COUNTRY 07 ARTEFACTO

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CONFISSÕES LARS GRAEL DEDICAÇÃO E SUPERAÇÃO UNIVERSO B&C NAVEGANDO PELO CONHECIMENTO À MESA ANTIQUARIUS - COZINHA PORTUGUESA EM TERRAS BRASILEIRAS CONFISSÕES LARS GRAEL DEDICAÇÃO E SUPERAÇÃO UNIVERSO B&C NAVEGANDO PELO CONHECIMENTO À MESA ANTIQUARIUS - COZINHA PORTUGUESA EM TERRAS BRASILEIRAS

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PROJETO REALIZADO NA J3P PROPAGANDA PROJETO GRÁFICO, DIREÇÃO DE ARTE.

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CONFISSÕESLARS GRAELDEDICAÇÃO E SUPERAÇÃO

UNIVERSO B&CNAVEGANDO PELO CONHECIMENTO

À MESAANTIQUARIUS - COZINHA PORTUGUESA EM TERRAS BRASILEIRAS

CONFISSÕESLARS GRAELDEDICAÇÃO E SUPERAÇÃO

UNIVERSO B&CNAVEGANDO PELO CONHECIMENTO

À MESAANTIQUARIUS - COZINHA PORTUGUESA EM TERRAS BRASILEIRAS

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Rio de Janeiro

Av. Ayrton Senna, 2.150,Bloco K - Casashopping

Barra da Tijucat: 21 3325.7667

Segunda, das 12 às 22h.Terça a sábado, das 10 às 22h.

Domingos, das 15 às 21h

São Paulo

Av. Brasil, 1.823Jardim Américat: 11 3894.7000

Estacionamento no localSegunda a sábado, das 10 às 20h

Domingos e feriados, das 14 às 18h

a r t e f a c t o b c . c o m . b r

R i o d e J a n e i r o

S ã o P a u l o

an_fachadas.indd 2-3 6/1/11 6:46 PM

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Rio de Janeiro

Av. Ayrton Senna, 2.150,Bloco K - Casashopping

Barra da Tijucat: 21 3325.7667

Segunda, das 12 às 22h.Terça a sábado, das 10 às 22h.

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São Paulo

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NOSSOS ENDEREÇOS:SÃO PAULO • AV. BRASIL, 1823 - JARDIM AMÉRICA - TEL.: 11 3894-7000. DE SEGUNDA A SÁBADO, DAS 10H ÀS 20H - DOMINGOS E FERIADOS, DAS 14H ÀS 18H.

RIO DE JANEIRO • AV. AYRTON SENNA, 2150 - BLOCO K - CASASHOPPING - BARRA DA TIJUCA - TEL.: 21 3325-7667. SEGUNDAS, DAS 12H ÀS 22H. DOMINGOS, DAS 15H ÀS 21H.

Vamos dar a meia volta, volta e meia vamos dar...

O trecho da ciranda dá um pouco o norte deste exemplar – vamos, voltamos, não

ficamos apenas. Nossos ancestrais ousaram navegar por mares nunca dantes

navegados, à procura de terras estranhas e exóticas, outras culturas, outros

povos, outros credos. A ousadia destes exploradores possibilitou que nosso povo

tivesse uma base multicultural e exemplarmente desprovida de preconceitos, visto

ter sido criado à sombra de culturas ancestrais das mais diversas origens. Para

nós, navegar é preciso sempre, estamos acostumados a essa frase (geralmente

creditada à Fernando Pessoa, que esclarece em seu próprio poema a origem desta),

acreditamos na mudança, no deslocamento – talvez em virtude de termos sido

descobertos quase ao acaso, numa procura pelas Índias. Então, orientados por

este tema, decidimos fazer o caminho inverso, demos a volta até Portugal para

penetrar no universo do poeta português através do olhar do pernambucano José

Paulo Cavalcanti Filho. Hospedamos-nos em terras além-mar nos domínios da

Pérola do Atlântico, como é conhecido o hotel Reid´s Palace, na Ilha da Madeira.

De lá até Marrakesh um pulinho com Adriana Bittencourt que dá dicas preciosas

da cidade vermelha. Penetramos na arquitetura e nas paisagens de Bruno Miguel,

jovem artista plástico de talento inconteste, embalados por uma trilha sonora que

também navega entre o pop de Nelly Furtado (filha de...portugueses) e a melodia

etérea do Madredeus, para concluírmos que novamente o poeta estava certo: o que

é necessário é criar. Para nós da Artefacto Beach&Country, a criação é a mola, o

mote, o combustível que nos faz dar a meia volta, a volta e meia...

J. Wair de Paula Jr.

Eduardo Felipe F. Machado

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CARTA AO LEITOR

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Making Of

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Índice

3846

Brasil no MundoEstilo sem fronteiras.

70Refúgio Internacional

Reid's Palace, o cenário ideal para se refugiar do mundo.

82Perfil One

Sinônimo de criatividade e sucesso.

34Leitura

Fernando Pessoa: Quase uma autobiografia.

26Universo B&C

Navegar é preciso...Assim como é preciso viver!

58bússola

A Península Ibérica volta a ganhar atenção de turistas.

58

80The look of Home 01

Sonhar é uma forma de viagem.

46

38À Mesa

Bacalhau: O rei dos mares nórdicos dá água na boca no mundo inteiro.

52Trilha Sonora

Nelly Furtado A voz de múltiplas línguas e emoções.

102

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90Refúgio Nacional

Para descansar a alma.

98The look of Home 02Na praia a combinação azul e branco

traz para dentro de casa as cores do mar.

102Confissões

Lars Grael, um exemplo de Dedicação e superação.

110Perfil Two

Sonia Racy, informações de poder direto das melhores fontes.

112Arte

O fantástico mundo de bruno, o jovem artista que seconsagra como um dos nomes da arte contemporânea.

120DNA

Ana Salazar, a estilista portuguesa Que veio conquistar o brasil.

70

120

82

124The look of Home 03

A dupla guilherme saggese e jorge nascimento nos oferece uma sala de almoço plena de sabores.

128Na Rede

Navegue pelos sites que nós escolhemos.

112

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A ARTE DE PROVENCE EM EXPOSIÇÃO PERMANENTE NO SEU BANHEIRO.

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Nova Linha Provence Docol. A harmonia entre o clássico e o contemporâneo em cada mínimo detalhe faz da linha Provence única no mercado. A nova coleção da Docol traz toda a sofi sticação e requinte presentes na mais bela região da França.

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COLABORADORES

Expediente

Diretoria Artefacto Beach&CountryAlbino BacchiFundador Artefacto

Bráulio BacchiDiretor-Executivo Artefacto

Paulo BacchiCEO Internacional Artefacto

Eduardo MachadoDiretor de Marca e Relacionamento

Pedro TorresSuperintendente

Wair de PaulaDiretor de Criação

Projeto Editorial

Fabio PereiraDiretor de Criação

Cesar RodriguesProjeto GráficoDireção de Arte

Chico VolponiGerente de Custom Publishing

Iana MerisseAssistente de Arte

Luciana FagundesRevisão

Ana Luiza VaccarinArte Final

Giuliano PereiraDiretor Responsável

Pamela GerardGerente de Contas

Tatiana VolpeSupervisora de Contas

Helena MontanariniRedação e Edição

Felipe Petroni FilizolaJornalista

Paulo BrentaFotógrafo

Diego Makul Publicidade [email protected]

Executivas de conta Ana CondeCindy VegaClarice MattielloElisangela LaraViviane Bruno

ColaboradoresAdilson Rocchi, Ailton Alves, Bruna Brandão, Carlos Zaluski, Cesar Rodrigues, Edison Garcia, Fabio Augusto, Fabio Novaes, Mariane Thamsten, Marilia Teixeira, Meire Silva, Miriam Perdigão, Mônica Galvani, Nabi Neves, Rejane Zaverucha, Ricardo Amaral, Tânia Rodrigues, Carla Dutra (Neiva Assessoria).

Eduardo MachadoDiretor de Marca e Relacionamento

Wair de Paula Diretor de Criação

[email protected]

Rua Artur de Azevedo, 560 - Pinheiros - SP - 05404-001 Tel.: (55 11) 2182-9500 - www.j3p.com.br

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ECOLumber

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UNIVERSO B&C

NAVEGAR É PRECISO...ASSIM COMO É PRECISO VIVER!

Por HELENA MONTANARINI Fotos dIvuLgAçãO

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O termo navegar significa viajar, percorrer,

atravessar. No sentido mais literal, é o ato

de fazer um navio ou avião seguir rota deter-

minada pelo curso de água ou pelos ares. O ato em si

também implica uma aventura em busca de determina-

do objetivo, pelas ocorrências inesperadas que podem

acontecer no meio da jornada.

Hoje, pelo meio de instrumentos de alta tecnologia,

esses fatores surpresas se minguaram a poucas adversi-

dades que, com raras exceções, podem ser controladas e

superadas. No entanto, nem sempre foi assim. Em uma

época que a Terra era considerada plana e quadrada, na-

vegar podia significar correr o risco de “cair” para fora do

mundo. A falta de instrumentos também era responsá-

vel pelo não-retorno de muitos navios, o que ajudava a

criar mitos e histórias sobre o que poderiam aguardar

os navegantes. Os Fenícios e os Vikings, dois povos que

historicamente estão associados à conquista dos mares,

acreditavam em monstros aquáticos, sereias encantadas

e outros tantos castigos de Deus, caso algumas tradi-

ções e rituais não fossem seguidos à risca.

Na Roma Antiga a frase “Navegar é preciso; viver não

é preciso” (do latim Navigare necesse; vivere non est

necesse), atribuída a Pompeu, encorajava marinheiros

amedrontados que recusavam viajar durante a guerra.

Para o império romano, o qual o sol nunca se punha por

completo, era fundamental viagens constantes para que

todo o seu território se mantivesse unido e novos terri-

tórios pudessem ser conquistados. Esse motivo também

incentivou as Grandes Navegações portuguesas durante

o Renascimento Europeu.

A fundação da Escola de Sagres pelo infante Dom

Henrique visava a chegada e a conquista da Índia pelo

litoral africano. O interesse em transformar Portugal em

uma nova porta de entrada para especiarias, porcelanas

e tecidos da Pérsia, China e Índia desenvolveu a arte

da navegação, e assim foram inventadas a bússola, o

astrolábio e a caravela.

De cima para baixo

Uma típica embarcação fenícia.

Os famosos “navios dragão”

dos Vikings muito utilizados em

viagens ao extremo oriente.

Posídon. Na mitologia grega,

assumiu o status de Deus

Supremo do Mar.

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DESTINOS

Se Bartolomeu Dias encontrou o Cabo da Boa Esperança,no extremo sul

do continente africano, em 1488, dez anos mais tarde Vasco da Gama final-

mente chegou ao destino tão desejado. Por força do destino, da natureza

ou por algum feliz erro, em 1492, o italiano Cristóvão Colombo, em missão

espanhola “descobriu” a América, ainda que acreditasse que estivesse na

Índia. Portugal, por sua vez, enviou Pedro Álvares Cabral aos mares, e o

resultado foi sua chegada em Porto Seguro, em abril de 1500.

NAVEGANDO PELO CONHECIMENTOSéculos mais tarde, o autor português Fernando Pessoa exalta a palavra

navegar em seu poema “Navegar é Preciso” (leia no box página 32). Sem a

conotação literal do verbo, Pessoa discorre sobre a navegação pela vida e

como ela deve ser acompanhada de bons feitos, gerando legado, inteligência

e amor. Suas palavras transmitem a grandiosidade do espírito desse autor de

tantos nomes, conhecido como um dos maiores poetas de todos os tempos.

Mapa com novo e velho mundo.

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Cabo da Boa Esperança, “dobrado”

pela 1ª vez em 1488, pelo navegador

português Bartolomeu Dias.

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22 | J U N H O 2 0 1 1

DESTINOS

Em um dos versos, Fernando Pessoa afirma que “viver não é necessário; o que é necessário

é criar”. E a criação, ora pois, é justamente a navegação pelo conhecimento, aprofundando-o

e atravessando-o. É preciso a coragem de desbravar caminhos nunca antes percorridos com

um objetivo. Às vezes, assim como Colombo, o insucesso de uma navegação pode levar a

destinos muito maiores do que os esperados inicialmente. É uma forma de retribuição pela

coragem e dedicação, que move mares de pessoas em busca do “novo” e do “melhor”.

Foi assim com as maiores descobertas e invenções da história, como o fogo, a roda, a

eletricidade, as leis da física e de todos os aparatos modernos que garantem o nosso con-

forto dos dias atuais. Também foi na busca do aperfeiçoamento e da perfeição que nasce-

ram as grandes obras de arte. Mais importante é constatar a paixão que os autores de cada

um desses feitos tinham pela vontade de se tornarem ainda melhores de algum modo, sem

que o objetivo fosse meramente a ambição financeira. Van Gogh, por exemplo, deixou sua

vida em 1890 sem que nenhum de seus quadros houvesse sido vendido ou sequer reco-

nhecido. Mas isso não o impediu de navegar pelo mundo das cores pós-impressionistas e

influenciar, posteriormente, os movimentos fauvistas e expressionistas.

Cristóvão Colombo e família.

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J U N H O 2 0 1 1 | 23Van Gogh navegou pelo mundo das cores pós-impressionistas.

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24 | J U N H O 2 0 1 1

DESTINOS

NAVEGANDO PELA ERA DIGITALCoincidência ou não, o ato de explorar páginas na internet res-

gatou o verbo navegar. A web permite a viagem por um mundo

sem limites de conhecimento, no qual novas janelas surgem a

cada clique e páginas que levam a outras tantas páginas. Com

o mundo ao alcance de nossos olhos e dedos, fica a cargo de

cada um de nós a decisão de viajar sem rumo para onde a

imaginação nos levar.

Nessa era digital, no entanto, cada vez mais são valorizadas

as navegações pelo mundo real, para conhecer países, sabo-

rear restaurantes e vinhos e apreciar obras de arte ao vivo.

Prazeres que não podem ser substituídos por facilidades tec-

nológicas. Nessa viagem da vida é primordial não esquecer-

mos que atrás de telas de computadores estão outros seres

humanos. Nada se compara aos encontros físicos com amigos

e família, capazes de criarem lembranças inesquecíveis para o

nosso “diário de bordo”.

São desses momentos que surgiu a película Film Socia-

lism, de Jean-Luc Godard, em 2010. O diretor foi agraciado

com um Óscar honorário pela sua contribuição ao cinema. O

enredo é uma sinfonia de histórias entre passageiros de di-

versas nacionalidades e idades durante um cruzeiro de férias

no verão do Mediterrâneo. Os turistas da história navegam

entre as relações familiares, políticas e filosóficas de suas

vidas. O epílogo do lindo filme nos traz a certeza, mais uma

vez, que navegar é preciso.

Navegar é PrecisoFernando Pessoa

Navegadores antigos tinham uma frase gloriosa:

“Navegar é preciso; viver não é preciso”.

Quero para mim o espírito desta frase,transformada a forma

para a casar como eu sou:

Viver não é necessário; o que é necessário é criar.

Não conto gozar a minha vida; nem em gozá-la penso.

Só quero torná-la grande, ainda que para isso tenha de

ser o meu corpo e a (minha alma) a lenha desse fogo.

Só quero torná-la de toda a humanidade; ainda que para isso

tenha de a perder como minha.

Cada vez mais assim penso.

Cada vez mais ponho da essência anímica do meu sangue o

propósito impessoal de engrandecer a pátria e contribuir

para a evolução da humanidade.

É a forma que em mim tomou o misticismo da nossa Raça.

Fernando Pessoa disse com sabedoria que

“Navegar é Preciso”.

Godard, diretor do filme Socialism que navega pelas relações humanas em geral.

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Por FELIPE FILIZOLA Fotos dIvuLgAçãO

26 | J U N H O 2 0 1 1

LEITURA

C onduzido por uma obsessão pessoal, o ad-

vogado e escritor pernambucano José Paulo

Cavalcanti Filho lançou o livro “Fernando

Pessoa uma quase autobiografia”. Seu objetivo era

biografar o maior poeta da língua portuguesa toman-

do como base seus próprios poemas e textos em

prosa. O resultado é de mais de 700 páginas com a

análise da vida de um poeta tido como “imaginativo

demais” pelo autor.

Com apenas 3 anos, Fernando Pessoa já juntava

letras que via em jornais e revistas. Aos 4, escrevia

frases inteiras. Ainda bastante jovem, lia um livro por

dia. Aos 18, prometia dobrar essa quantidade: “um

o pernambucano José Paulo Cavalcanti Filho desvenda as máscaras do maior poeta português.

Fernando Pessoa, uma quase autobiografia

de poesia ou literatura, outro de ciências ou filoso-

fia”. Foi um escritor compulsivo e ao longo de sua

curta vida (1888 a 1935) encheu aproximadamente 30

mil folhas, o equivalente a 60 livros de cerca de 500

páginas. Diluiu o excesso de verbo em uma multidão

de “autores” e chegou a usar 202 nomes diferentes.

Cavalcanti cita no livro que, no início dos anos 1990,

eram conhecidos apenas 72 heterônimos de Pessoa.

O recém-lançado livro acrescentou 55. O conceito de

heterônimo que adotou é amplo e não se restringe à

definição padrão: “nome imaginário que um criador

identifica como o autor de suas obras e que apresen-

ta tendências diferentes das desse criador”.

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J U N H O 2 0 1 1 | 27

COLEÇÃO E EXPOSIÇÃO O livro inclui todos os nomes, tendo estilo próprio ou não,

com os quais o poeta assinou seus textos. A decisão pode ser

contestada, mas a intenção de Cavalcanti nunca foi fazer uma

biografia convencional. As excentricidades já começam pelo

subtítulo: “Uma (quase) Autobiografia”. O autor se refere ao

trabalho como o “livro que escrevi com meu amigo Pessoa”.

A “amizade” é das mais antigas. Começou em 1966, quando

Cavalcanti leu “Tabacaria”, um dos principais poemas do autor.

Na obra, o escritor explica que começou a se interessar por fa-

zer o livro quando pretendeu saber quantos foram os heterôni-

mos do escritor português. José Paulo percorreu alfarrabistas

em busca de edições raras e livros sobre Pessoa. Só em um

deles, gastou 10 mil euros de uma vez em livros. Por outros 10

mil euros, levou a coleção de selos do poeta.

A partir daí, viria a montar umas das principais coleções so-

bre vida e obra de Pessoa. O poeta deixou mais de 30 mil pági-

nas com anotações sobre si mesmo, literatura, família e fatos

cotidianos. Cavalcanti usou tantos trechos que chega a dizer

que seu livro tem “mais frases de Pessoa do que minhas”. “Mas

não se trata”, explica, “de Pessoa falando sobre si, é a palavra

de Pessoa falando sobre ele. Ou melhor: é o que quero dizer,

mas por palavras dele”.

Cavalcanti foi ainda além: para dar unidade estilística ao

texto, tentou escrever como Pessoa. Reduziu os adjetivos e

adotou outro hábito dele: o uso, em média, de três vírgulas

antes de um ponto final.

O lançamento do livro em março desse ano coincidiu com a

exposição “Fernando Pessoa - plural como o universo”, na qual

são expostos textos originais, revistas e objetos pessoais do po-

eta português, a maioria objetos adquiridos em leilões na Euro-

pa pelo advogado pernambucano. A exposição é sobre um autor

português no Museu da Língua Portuguesa carioca, e pretende

mostrar a multiplicidade da vida e da obra do poeta, que se

revela nos versos das dezenas de heterônimos e personagens

literários criados por ele. Poemas impressos e projetados, fac-

símiles de documentos, imagens de Pessoa e quadros de pinto-

res portugueses compõem o visual da exposição, que tem ainda

um vídeo feito pelo documentarista Carlos Nader, com roteiro

de Antônio Cícero. A exposição tem a curadoria de Carlos Felipe

Moisés e Richard Zenith e cenografia de Hélio Eichbauer.

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À MESA

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Bacalhau

Na Noruega, o processo

de salga e cura retira em

média 50% da umidade

do bacalhau.

O REI DOS MARES NÓRDICOS DÁ ÁGUA NA BOCA DO MUNDO INTEIRO.

N ão há como não pensar em bacalhau quando se fala de comida portuguesa. Ain-

da que a iguaria seja de origem norueguesa, ele está relacionado à cultura de

Portugal há mais de 600 anos. O motivo nos leva de volta à era das navegações,

nos séculos XIV e XV. Pelo tempo de duração das viagens e falta de métodos de conservar

alimentos, era necessário que os navios estivessem abastecidos de opções que não estra-

gassem tão facilmente. Assim, o peixe gardus mohua era uma ótima opção com baixo teor de

gordura e alta concentração de proteína, além do método de salgar e secar o peixe garantir

a conservação de nutrientes.

Por FELIPE FILIZOLA Fotos dIvuLgAçãO

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30 | J U N H O 2 0 1 1

À MESA

No Brasil, o hábito alimentar chegou com a corte portugue-

sa no início do século XIX e logo se difundiu pelo território.

Data dessa época a primeira exportação oficial de bacalhau

da Noruega para o Brasil, que aconteceu em 1843. Na edição

do Jornal do Brasil de 1891 está registrado que os intelectuais

da época, liderados por Machado de Assis, reuniam-se todos

os domingos em restaurantes do centro do Rio de Janeiro

para comer um autêntico “Bacalhau do Porto” e discutir os

problemas brasileiros.

Durante muitos anos o bacalhau foi um alimento barato,

sempre presente nas mesas das camadas populares. Era

comum nas casas brasileiras o bacalhau servido às sextas-

feiras, dias santos e festas familiares. Após a 2ª Guerra Mun-

dial, com a escassez de alimentos em toda a Europa, o preço

do bacalhau aumentou, restringindo o consumo popular. Ao

longo dos anos o perfil do consumidor do peixe mudou e o

seu consumo ganhou status de celebração.

Hoje, totalmente incorporado à cultura culinária brasileira,

ele aparece nos menus dos melhores restaurantes, e o famoso

bolinho de bacalhau tornou-se um dos quitutes de preferência

nacional. E como matéria-prima tradicional, sua compra nos

remete aos tradicionais mercados municipais das capitais. Em

São Paulo, alguns dos boxes oferecem famosos e recheados

pastéis e bolinhos feitos com o peixe comprado ali mesmo.

ANTIQUARIUSSua importância na cozinha portuguesaem terras brasileiras.E se o papo é bacalhau e comida portuguesa, nada mais jus-

to do que falarmos do mais emblemático restaurante portu-

guês no Brasil: o Antiquarius. Com lojas em São Paulo e Rio

de Janeiro, o restaurante conquistou milhares de clientes em

busca de gastronomia de ponta. Inaugurado no Rio de Janei-

ro em 1977 e em São Paulo em 1990, a premiada cozinha é

prestigiada por uma corte de políticos, empresários, artistas

e intelectuais nas duas cidades, pela garantia de ingredien-

tes frescos e tratamento personalizado.

A casa foi fundada em Portugal pelos portugueses e só-

cios Carlos Perico e Antônio Pimentel na Pousada de Santa

Luzia, em Elvas, ao lado de um antiquário local. O restau-

rante chegou a ser considerado o melhor de Portugal, ga-

nhando a cotação máxima de três estrelas pelo guia francês

Michelin. A Revolução dos Cravos em 1974 mudou o desti-

no da dupla, que desembarcou em terras cariocas influen-

ciada pelos clientes brasileiros. Já instalados, reabriram o

Antiquarius no Leblon, seguindo o mesmo esquema da pri-

meira casa, inclusive com os objetos de decoração vindos

do antiquário à venda.

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M A R Ç O 2 0 1 1 | 31

A chegada do restaurante em São Paulo é fruto do trabalho

de Thales Martins, genro de Carlos, e estabeleceu um marco

na alta gastronomia paulista.

Ainda que o vasto cardápio ofereça diversas opções, inclu-

sive feijoada (eleita pela revista Veja Rio a melhor da cidade

em 2010), o bacalhau ainda é o maior destaque do cardápio;

só na casa paulista, cerca de 250 quilos semanais são ser-

vidos de mais de oito maneiras diferentes (veja quadro na

página 44 com uma das receitas). Para manter o alto nível da

cozinha, o cardápio segue sazonalidades e é baseado na dis-

ponibilidade de produtos frescos e de qualidade garantida.

A tradição da casa – o maître Aragão está há décadas aten-

dendo os fiéis clientes – não deixa que ela caia na monoto-

nia. Uma reforma está sendo programada para o ponto de São

Paulo, e seus frequentadores poderão contar com uma varan-

da aberta. No Rio, a abertura do Antiquarius Grill em 2007, na

Barra da Tijuca, comemorou os 30 anos de vida, com estilo

“contemporâneo da noite de Lisboa” sem perder o primor nos

pratos. E ainda em 2011 será aberto um ponto em Brasília,

seguindo o conceito mais despojado do restaurante da Barra.

JOãO MANSURA B&C entrevistou João Mansur, responsável pelo interior dos

restaurantes Antiquarius, para saber mais sobre a decoração e

escolha das peças.

B&C: Como começou o seu envolvimento com o Antiquarius?

João Mansur: Meu envolvimento com o Antiquarius já vem de

longa data! Começou em meados dos anos 70, quando da aber-

tura do restaurante no Rio de Janeiro. Ainda existia o glamour

da ex-Capital Federal. O Antiquarius abria as portas trazendo

o charme e aconchego das casas portuguesas, com um menu

de cozinha portuguesa e internacional de altíssima qualidade.

Ainda havia a decoração primorosa maestrada por Pedro

Leitão, que além de designer do interior, era um excelente

retratista da nobreza europeia. Além do mais, tinha a gran-

de sensação de ser um restaurante no térreo e um antiquário

no mezanino. Uma grande novidade na época! Contando com

um excepcional acervo de mobiliário, prataria e porcelana lu-

so-brasileiros dos séculos XVII ao XIX, logo se tornou point

absoluto do Rio de Janeiro. E também um dos antiquários

mais prestigiados da cidade.

FOTO

: PAU

LO B

REN

TA

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O Antiquarius tem ambiente clássico.

Sua decoração, é composta, entre outros,

por inúmeras obras de arte escolhidas

em leilões internacionais e nacionais.

O Arquiteto João Mansur

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32 | J U N H O 2 0 1 1

À MESA

Durante uns cinco anos antes de minha mudança para São

Paulo, eu, minha família e meus amigos éramos clientes fre-

quentes do Antiquarius. Quando mudei para SP, continuei fre-

quentando o restaurante em minhas constantes visitas ao Rio.

B&C: Como você passou de cliente a fornecedor deles?

João Mansur: No início dos anos 90, o Antiquarius abriu as por-

tas em São Paulo, nos mesmos moldes da matriz carioca e de

imediato se tornou um sucesso total!

Continuei como cliente, mas sempre curtindo muito o im-

portante acervo também exposto na filial paulistana. Por

volta de 1997, fui convidado pela Sra. Maria Eduarda Perico

Martins a repaginar e atualizar o décor do restaurante, mas

sempre respeitando a proposta inicial do Pedro Leitão. E

também me solicitaram para fazer o garimpo, a seleção e a

curadoria do antiquariato. Tarefa muito gratificante, que pra-

tico feliz até hoje.

B&C: Como traduzir o estilo João Mansur para o Antiquarius?

João Mansur: O estilo João Mansur está totalmente conectado

ao estilo Antiquarius: cores fortes e contrastantes, iluminação

cênica, dramaticidade e importante crivo na seleção e escolha

do antiquariato. As casas do Rio e de São Paulo, como todo

restaurante internacional que se expande, têm a mesma pro-

posta e a mesma leitura.

B&C: O novo restaurante de Brasília tem uma proposta mais

casual. Nos conte do projeto.

João Mansur: O Novo Antiquarius em Brasília segue a mesma

proposta do Antiquarius Grill da Barra, no Rio. A proposta do

Antiquarius Grill seria como uma releitura do Antiquarius tra-

dicional. Pisos em tábuas de peroba, paredes em tijolos apa-

rentes, grandes vãos em vidro, pé-direito duplo e mezanino

apoiado em estrutura de ferro envelhecido, dando um aspecto

de um armazém que foi restaurado e renovado. Continua a ex-

posição de antiquariato, mas em uma proposta mais jovem,

com peças dos séculos XVIII ao XX, das porcelanas Cia. das

Índias, passando pelo Art Deco, Muranos, Biombos Chineses

e importantes peças internacionais de design consagrado dos

anos 30 ao século XXI.

FOTO

: PAU

LO B

REN

TA

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: PAU

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À MESA

BACALHAU AO FORNO À PORTUGUESA (RECEITA ANTIQUARIUS)

frigideira grande antiaderente. Doure

cada lado da posta do bacalhau de 3 a 4

minutos. A carne deve ficar crocante por

fora e macia por dentro. Reserve.

Acompanhamentos

Em uma frigideira, coloque um pouco

de azeite e doure a cebola cortada em

tiras. Na sequência, use a mesma frigi-

deira para dourar as batatas.

Em uma pequena assadeira, acomode

as rodelas de batata já douradas e co-

loque as postas de bacalhau por cima.

Complete com mais batatas nas laterais

da assadeira e cubra tudo com a cebola

dourada. Regue com azeite e leve ao for-

no médio durante 30 minutos.

Retire do forno e adicione à assadeira

os ovos e o brócolis, que já devem es-

tar previamente cozidos. Junte o tomate

cortado ao meio, sem pele e sem semen-

tes e, por fim, o alho frito e dourado em

azeite. Cubra a assadeira com mais uma

camada generosa de azeite e leve ao for-

no novamente, dessa vez em temperatu-

ra baixa, por 10 minutos. Esse processo

faz com que todos os ingredientes sejam

aquecidos por igual.

Montagem

Em um prato raso, disponha uma das

postas de bacalhau sem desmanchar o

apoio de batatas em que ela foi assada.

Coloque um dos ovos, metade do bró-

colis e do tomate.

Coroe com mais um pouco de azeite e

sirva acompanhado de um bom vinho

tinto encorpado.

Ingredientes

• 2 postas de bacalhau (250 g cada)

• 2 cebolas médias cortadas em tiras

• 4 dentes grandes de alho fatiados

• 2 batatas médias fatiadas

• 4 ramos de brócolis

• 1 tomate sem pele e sem semente

• 2 ovos cozidos

• Azeite extravirgem a gosto

Modo de preparo

BacalhauO primeiro passo é dessalgar as postas

de bacalhau. Isso deve ser feito com 3

dias de antecedência. Mergulhe a carne

em uma vasilha com água fria e leve à

geladeira. Troque a água de duas a três

vezes por dia.

Finalizado o processo da dessalga, o

bacalhau deve ser grelhado em fogo

alto. O ideal é usar uma chapa ou uma

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Page 36: B&C BEACH&COUNTRY 07 ARTEFACTO

BRASIL NO MUNDO

Page 37: B&C BEACH&COUNTRY 07 ARTEFACTO

Estilo semfronteirasfronteiras

Estilo sem

QUANDO SARAH JESSICA PARkER ESTEVE NO HOTEL LA MAMOUNIA DURANTE AS GRAVAçõES DE SEx ANd ThE CITy 2, ELA CRUzOU COM A ESTILISTA BRASILEIRA ADRIANA BITTEN-COURT PARA PERGUNTAR DE ONDE ERA SUA BLUSA. FRUSTRADA POR NãO ENCONTRAR NADA QUE GOSTASSE PARA COMPRAR EM MARRAkESH, A ATRIz GANHOU NA HORA A PEçA DE CRIAçãO PRÓPRIA DA ESTILISTA.

J U N H O 2 0 1 1 | 37

Por FELIPE FILIZOLA Fotos ARQuIvO PESSOAL E dIvuLgAçãO

Page 38: B&C BEACH&COUNTRY 07 ARTEFACTO

Representante brasileira do jet set internacional, Adriana divide seu tempo entre São Paulo, Paris

e Marrakesh. Desde 1994 suas bijoux e joias agra-

dam clientes internacionais e apareceram inúme-

ras vezes nas mais celebradas revistas de moda

europeia e americana.

Bittencourt já ganhou uma página inteira de des-

taque na In style grega e diversas matérias em pu-

blicações como a L'Express, equivalente francesa à

brasileira Veja. Foi a primeira designer não inglesa

a ter suas criações na vitrine externa da Harrods, em

Londres. Atualmente, suas criações estão em lojas

como Mercury (Moscou), Bon Marché (Paris), Harrods

(Londres), além das boutiques mais badaladas do

momento em Capri, St. Tropez, St. Barth e Ibiza.

ESTILO ENCANTADORHá sete anos, a bela morena também desenha caf-

tans para sua marca Nour, com inspiração mediter-

rânea e estampas que viraram o talk-of-town das luxu-

osas praias do verão europeu. Acompanhada de um

espírito livre e simples, cercada de amigos no mundo

todo e viajando sem parar, busca sempre trazer to-

das suas experiências culturais para suas criações. E

essas experiências culturais compõem o mix eclético

chic da designer, que transformou seu estilo místico,

sedutor, oriental e com um toque francês e da bossa

brasileira, numa mistura fina e cheia de charme. Essa

mistura de referências encanta clientes famosas,

como as socialites Roberta Armani, Delfina Delletrez

e Margherita Missoni, além das top models Gisele

Bündchen, Naomi Campbell e Kate Moss, e das artis-

tas Barbra Streisand e Sienna Miller.

Workholic assumida, Adriana sempre está com a

agenda cheia. Além de lançar sua nova coleção e

trazer para o Brasil sua marca de beachwear Beach

Bum (que significa rata de praia), ela mantém uma

flagship store em São Paulo. O espaço é o templo

brasileiro de suas criações, entre elas joias, batas

e kaftans, necessaires, bolsas e outros acessórios,

além das velas e os biquínis que conquistam a cada

dia mais brasileiras.

38 | J U N H O 2 0 1 1

BRASIL NO MUNDO

Page 39: B&C BEACH&COUNTRY 07 ARTEFACTO

PAIxãO MARROQUINAApaixonada pela obra de Yves Saint Laurent, Adriana

dividiu sua paixão pelo Marrocos com o estilista, fa-

lecido em 2008. Ela visitou o Marrocos pela primeira

vez há 14 anos e nunca mais quis ir embora. “Estava

passando o Carnaval em Istambul e decidi de última

hora parar para fazer pesquisas para a minha coleção

de bijoux. Um amigo me buscou no aeroporto e logo

tive uma sensação de já ter estado ali”, relata.

Quando está na cidade, a estilista fica no Riad

Nour (casa da luz), uma residência projetada por Bill

Willis, responsável também pelas casas de John Paul

Getty Jr., Saint Laurent, Alain Delon e das famílias

Rothschild e Hermès.

O Riad do século XVIII é um verdadeiro palácio

das mil e uma noites, com azulejos de cores pas-

téis e turquesa feitos pelo mesmo fornecedor dos

palácios reais marroquinos. As marcas registradas

de Willis estão presentes em toda parte, como a as-

sinatura “L´Amour Nour”, no terraço, e a lareira no

salão rouge. Entre os destaques da decoração estão

as almofadas do terraço bordadas em forma de bi-

joux Touareg antigas, além de diversos objetos de

uma família real de Damasco, na Síria. Aproveitando

o olhar atento e exigente de Adriana, a B&C apro-

veitou a oportunidade para pedir as melhores dicas

para dias e noites perfeitos em Marrakesh.

J U N H O 2 0 1 1 | 39

Page 40: B&C BEACH&COUNTRY 07 ARTEFACTO

HOTEL: La Mamounia: “Místico, refor-

mado por Jaques Garcia. Adoro

tomar um drink no bar Churchil

e o brunch de sábado na pisci-

na é imperdível.” “Place to be!”

EM MARRAkESH....

FOOD:Café de la Poste & Hotel Amanjena:

“Almoço incrível.”

Dar Moha: “Para tomar chá na

antiga casa de Pierre Balmain.”

Museu do Jardin Majorelle:

“Museu de Yves Saint Laurent.”

Dar Yacout: “um tradicional jantar

marroquino.”

Bo-Zin: “O restaurante super-cool.”

Azar: “Libanês delicioso.”

SHOPPING:Atica: “A loja dos melhores

mocassins.”

Darkoum: “Para comprar

objetos de decoração.”

Moor: “Porque roupas nunca

são demais.”

Souk: “Merece a visita, mas

é difícil encontrar algo que

não seja cacareco: cinzeiros,

lanternas, bule de chá...”

40 | J U N H O 2 0 1 1

BRASIL NO MUNDO

Page 41: B&C BEACH&COUNTRY 07 ARTEFACTO
Page 42: B&C BEACH&COUNTRY 07 ARTEFACTO

42 | J U N H O 2 0 1 1

TRILHA SONORA

Page 43: B&C BEACH&COUNTRY 07 ARTEFACTO

FURTADONELLY

A voz de múltiplas línguas e emoções.

Filha de um casal de portugueses, a cantora Nelly Furtado é um

exemplo da globalização atual. Nascida em Victoria, na provín-

cia canadense Colúmbia Britânica, em 1978, já vendeu mais de

20 milhões de álbuns e 18 milhões de singles em 3 diferentes

línguas: português, inglês e espanhol. Os acordes de pop music que can-

ta resumem influências do fado português, da bossa-nova brasileira e da

música indiana, além do hip-hop e folk norte-americano. O que poderia se

tornar uma salada musical resulta em álbuns bem resolvidos e produzidos.

Por ser compositora, música e produtora da maioria das faixas que can-

ta, ela consegue fazer com que todas se encaixem dentro de seu estilo

musical e da capacidade de sua voz grave. O resultado pode ser conferido

nos seus 6 álbuns, além de 2 versões com remixes, uma edição gravada

ao vivo e outras tantas participações especiais em músicas de outros ar-

tistas. Sua versatilidade lhe levou a cantar junto com Ivete Sangalo, em

2010, durante a turnê da brasileira no Madison Square Garden em Nova

York, além de emprestar sua voz para o single “Who Wants To Be Alone”,

do popular DJ holandês Tiesto. Outras parcerias memoráveis foram com

o cantor latino Juanes na canção “Fotografia”, em 2003, e com o jovem

inglês James Morrison, com quem gravou “Broken Strings” e ganhou as

paradas do mundo todo em 2008.

J U N H O 2 0 1 1 | 43

Por FELIPE FILIZOLA Fotos dIvuLgAçãO

Page 44: B&C BEACH&COUNTRY 07 ARTEFACTO

CARREIRA INTUITIVAFurtado começou sua carreira em 1996, quando

se mudou para Toronto e colaborou com sua voz

para um grupo de hip-hop. A convivência com

outros cantores ajudou Nelly a produzir seu pri-

meiro demo, que caiu nas graças da gravadora

DreamWorks. Seu primeiro single “Party's Just Be-

gan (Again)” foi incluso na trilha sonora do filme

“Brokedown Palace”, de 1999.

Dois anos depois, a cantora lançou seu primeiro

álbum intitulado de Whoa, Nelly!, e a música “I'm

Like a Bird” entrou no top-ten da Billboard em to-

dos os países em que foi lançada. O feito lhe ren-

deu um Grammy de cantora pop e outra indicação

para o prêmio de música do ano. Do mesmo álbum

saíram as também famosas “Turn Off The Lights”

e “Shit On The Radio (Remember The Days)”. Na

época, revistas especializadas disseram que a mu-

sicalidade do álbum era um prazeroso e refrescan-

te antídoto contra o exército de “princesas pop” e

bandas de rap-metal que ganharam popularidade

na virada do milênio. O estrondoso sucesso de

Whoa, Nelly! trouxe segurança para a cantora ex-

plorar novas fronteiras musicais no seu segundo

álbum, Folklore, lançado em novembro de 2003.

Entre os highlights do disco estão “Powerless (Say

What You Want)” e a melódica balada “Try”. Em

Folklore está a canção “Island Of Wonder”, canta-

da em inglês junto com Caetano Veloso, e também

“Força”, em português, que se tornou música-tema

da Copa Europeia UEFA de Futebol de 2004, se-

diada em Portugal. No entanto, Folklore não obteve

o sucesso do primeiro disco por conter músicas

menos pop e por ser lançado durante a venda da

gravadora DreamWorks para a Universal Records, o

que dificultou a promoção do álbum.

Em 2006, a bela cantora morena de olhos azuis

convidou o produtor Timbaland, conhecido como o

Midas do mercado musical americano, para produ-

zir o álbum Loose. Experimentando sons de R&B e

hip hop, logo as músicas lançadas alcançaram o pó-

dio das paradas. Com as canções “Promiscuous” e

“Say It Right”, Furtado conquistou 11 discos de pla-

tina ao redor do globo. Tamanho sucesso motivou a

turnê “Get Loose”, que se transformou em um DVD.

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TRILHA SONORA

Page 45: B&C BEACH&COUNTRY 07 ARTEFACTO

SUCESSOS RECENTESMais recentemente, em 2009, lançou o disco Mi Plan, somente com canções em espanhol,

que renderam um Grammy Latino à cantora por melhor álbum de voz feminina. A turnê de

Mi Plan viajou por toda América Latina, inclusive pelo Brasil, onde apresentou um show

intimista dentro do programa Big Brother. Durante a viagem, Furtado trabalhou em dois

novos álbuns lançados quase simultaneamente no final de 2010. O primeiro foi uma ver-

são só com remixes de Mi Plan, enquanto o outro foi uma compilação de suas melhores

músicas. Este ano, consolidou de vez sua carreira fazendo um dueto com Elton John para

a trilha sonora da animação Gnomeo & Juliet (ainda sem lançamento previsto para o Brasil).

Com tantos projetos e tamanho sucesso, ela fundou a Nelstar, sua própria gravadora. E

também soube aproveitar-se de sua fama para causas nobres, como participação em con-

certos e CDs de cunho filantrópico. Entre os destaques estão o show World AIDS Day, em

2006, na África do Sul, e o single Wavin'Flag, em 2010, com renda revertida para o Haiti.

J U N H O 2 0 1 1 | 45

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MÚSICAS DE DESTAQUE DA CARREIRA:

Folklore• Island Of Wonder (feat. Caetano Veloso) (2003)• Powerless (2003)• Try (2004)• Força (2004)

Mi Plan• Manos Al Aire (2009)• Who Wants To Be Alone (feat. Tiesto) (2010)• Crocodile Rock (feat. Elton John) (2011)

Whoa, Nelly!• I´m Like a Bird (2000)• Turn Off The Lights (2001)• Fotografia (feat Juanes) (2003)

Loose• Promiscuous (2006)• Say It Right (2007)• Broken Strings (feat. James Morisson) (2008)

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TRILHA SONORA

Page 47: B&C BEACH&COUNTRY 07 ARTEFACTO

Cortinas, Colchas, Tapeçaria, Persianas e Manutenção (lavanderia de alta tecnologia)

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Page 48: B&C BEACH&COUNTRY 07 ARTEFACTO

BÚSSOLA

Cidade de Aveiro, conhecida

como a “Veneza de Portugal”.

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Por FELIPE FILIZOLA Fotos dIvuLgAçãO

J U N H O 2 0 1 1 | 49

P ortugal e Espanha, depois de séculos, navegam em busca de um novo futuro contra

a estagnação que lhes foi atribuída no último século. Descobriram que a moderni-

dade não é a antítese de renegar o passado, e sim de saber valorizá-lo sem que ele

se torne um empecilho para chegar ainda mais longe. Os países das grandes navegações,

lado a lado, se recriam, misturando ares cosmopolitas ao seu legado histórico. Os dois

países aprenderam a importância de vislumbrar a pluralidade cultural adquirida durante

a época das colônias nas Américas e, hoje, se tornaram destino turístico certeiro para

quem busca refúgio em suas lindas praias, modernas cidades, rico interior e inesquecível

história. Também impossível não falarmos do Marrocos. Apesar de estar do outro lado do

Mediterrâneo, a proximidade de terras no Estreito de Gibraltar favorece o intercâmbio com

as nações da Península Ibérica e atrai interessados nas culturas muçulmana e islâmica.

(e viajar) é preciso!Navegar

A PENÍNSULA IBÉRICA VOLTA A GANHAR ATENçãO DE TURISTAS.

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50 | J U N H O 2 0 1 1

BÚSSOLA

Fachadas coloridas na cidade

do Porto, conhecida por sua

arquitetura e vinhos.

PortUGALLisboa recentemente foi a Capital Europeia da Cultura, em 1994, sediou a Exposição Mundial

de 98 e a Copa Europeia de Futebol, em 2004. Sua vida urbana contrasta com monumentos his-

tóricos como o Arqueduto das Águas Livres, a Torre de Belém e o Mosteiro dos Jerônimos. O

alto PIB per capita da cidade é maior que a média da Europa, e isso reflete nos ótimos serviços

encontrados pelos seus 53 bairros ou freguesias. A agitada vida cultural oferece desde jantares ao

som de fado quanto festivais de música – a cidade sediou duas edições do Rock in Rio –, cinema,

teatro, moda e dança. No sul do país, o Atlântico banha a região de Algarve com uma beleza ím-

par, onde barcos flutuam sob a água cristalina vistos do alto de enormes rochas e falésias.

A popularização de visitas às caves de fermentação do Vinho do Porto e o surgimento de cruzei-

ros no Rio Douro trouxeram Porto de volta ao panorama cultural do país. A cidade ainda abriga a

Fundação Serralves e a Casa da Música, programas obrigatório para os visitantes. Nem só o litoral

de Portugal é marcado por passeios. No interior, quase na divisa com a Espanha, estão as For-

tificações de Elvas. Em um resultado que deve sair ainda em 2011, as construções abaluartadas

portuguesas são concorrentes para se tornar Patrimônio Mundial da Humanidade da UNESCO.

Injusto não citar também, entre os importantes destinos, Coimbra e sua famosa universidade e o

santuário de Nossa Senhora de Fátima.

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J U N H O 2 0 1 1 | 51

O PORTUGUÊS PEDRO D´OREY, EDITOR DE VIAGEnS DA

CONDÉ NAST, DÁ SUAS DICAS PESSOAIS DA CIDADE:

• O hotel da cidade é definitivamente o Ritz Four Seasons.

Patrimônio à escala mundial; serviço top e com um spa

eleito todo ano como um dos 10 melhores do mundo.

Obrigatório ficar no Ritz para sentir a cidade.

• Os meus restaurantes favoritos são o Pap'Açorda, a Bica

do Sapato e um restaurante familiar na rua das Flores

absolutamente imperdível. É a minha cantina na cidade.

• Sou fiel a marcas italianas e é fácil encontrá-las em Lis-

boa. A Oficina Mustra é um paraíso para quem, como eu,

adora Piombo, Aspesi e Italia Independent. Outra opção

para calçados masculinos é a Rosebud em que me abas-

teço de sapatos Carshoe sempre que posso.

• Não perca o Museu da Cidade, com jardins de autoria

da reconhecida artista plástica Joana Vasconcelos e per-

formance das criações de Bordallo Pinheiro. É uma ode

criativa sem descrição.

• Duas lojas que fazem parte do meu périplo lisboeta: A

Vida Portuguesa, cuja proprietária Catarina Portas é

umas das portuguesas que tem animado a cidade e au-

mentou o estímulo de ser português com vaidade. Outro

point é uma galeria de revistas nos Restauradores, onde

você encontra revistas de todo o mundo.

• Uma fuga ou escapada nem que seja por um dia é a

Comporta. É o paraíso easy-chic mais hi-lo do planeta.

Mar azul a perder de vista, paisagem sublime e um peixe

ao sal que vai fazer você suspirar por muito tempo. Duas

dicas: o Museu do Arroz e o Diniz. Imperdíveis.

Ritz Four Seasons

Bica do Sapato

A Vida Portuguesa

Comporta

Page 52: B&C BEACH&COUNTRY 07 ARTEFACTO

BÚSSOLA

Page 53: B&C BEACH&COUNTRY 07 ARTEFACTO

EsPANHA

Em Barcelona, com vista para

o mediterrâneo, o Parque Güell

se destaca por seus elementos

arquitetônicos feitos por Gaudí.

J U N H O 2 0 1 1 | 53

Montanhas cobertas de neve, lagoas cristalinas, praias

deslumbrantes, cidades históricas cosmopolitas e co-

mida fantástica. A imagem cliché de touradas e sangria

ainda existe, mas a Espanha tem muito mais para ofe-

recer. Madrid não é apenas a capital da Espanha, é tam-

bém o centro do país, construída especificamente para

se situar no centro geográfico da Península Ibérica, ou

o Kilómetro Cero. Se ignorarmos os subúrbios, a sisuda

cidade manteve a sua arquitetura aberta e sem arranha-

céus, pontuada de parques verdes, palácios e galerias de

arte. Os bares de tapas abundam, e a cultura ferve nos

imponentes museus do Prado, Reina Sophia e Thyssen-

Bornemisza. Ao norte de Madrid fica a região de Rioja,

produtora de vinho. O norte é pitoresco com altas mon-

tanhas e uma linha costeira selvagem. À medida que se

viaja para oeste, a paisagem alpina dá lugar às terras de

pastoreio da “Espanha Verde” e uma costa marcada por

vilas e praias de areia.

O sul reserva grandes joias como Sevilla, Córdoba e,

claro, o fantástico palácio Alhambra em Granada, cas-

telo construído durante a invasão moura no século XIII.

Não longe da fronteira com a França fica Barcelona, a

capital da Catalunha e a segunda cidade da Espanha –

embora os catalães acreditem que é a primeira. Desde

as Ramblas à Sagrada Família de Gaudí e passando pela

herança romana da cidade, a efervescente vida noturna

e o clima ameno transformaram Barcelona em um dos

destinos mais procurados nos últimos anos. No Medi-

terrâneo, as ilhas Baleares brilham como destino para

todas as idades. A agitada Ibiza, a deslumbrante For-

mentera e a rica Mallorca (e sua irmã Menorca) atraem

turistas à procura de sol, diversão e descanso, não ne-

cessariamente nesta ordem.

Page 54: B&C BEACH&COUNTRY 07 ARTEFACTO

Com o advento dos

descobrimentos, a Espanha

renascentista torna-se

poderosa e rica, fato que se

reflete na arquitetura

BÚSSOLA

Page 55: B&C BEACH&COUNTRY 07 ARTEFACTO

J U N H O 2 0 1 1 | 55

A DIRETORA DE ARTE MARInA CASSALDEREY, DA REVISTA ESPANHOLA HOLA, NO BRASIL, DIVIDE COM OS LEITORES SEUS AMORES NA CIDADE:

• Descer caminhando pela ilha central do Paseo del Prado, pela manhã.

Parar no Museo del Prado para dar uma olhada na sala de Goya, e

depois continuar até o Museo Reina Sofia, para alguma expo nova.

Do Reina, caminhar pelas pequenas ruazinhas e chegar no bairro da

La Latina bem na hora do aperitivo e "tapear" pelos bares. Vale a pena

procurar a Casa Lucio, na Cava Baja – Madrid em versão intravenosa!

• Outro passeio delicioso que acaba em “tapas” é o Mercado de San

Miguel, ao lado da Plaza Mayor. Depois da reforma, agora ele só tem

delicatessen, que você pode ir provando de barraquinha em barraqui-

nha. Eu “perco a cabeça” com os bombons do Horno San Honofre.

• A melhor livraria para quem gosta de design, arquitetura e literatura

moderna é a Panta Rhei, nos arredores da Calle Fuencarral.

• Da Calle Fuencarral, ande em direção ao bairro de Chueca até Alonso

Martinez. Você irá tropeçar em galerias de arte, cafés e lojinhas char-

mosíssimas; é uma ruazinha mais bonita que a outra.

• Cocktelerias: as duas melhores estão lado a lado, na Calle Reina.

O Del Diego, com um whisky sour, digamos, intenso, e o Cock. Este

último é mais clássico, a parte de trás do Museo Chicote, outro to-

tem da antiga noite madrilenha que passou por uma boa reforma – e

entrou na onda “trendy”.

• Duas ideias para comer rápido, numa cultura em que isso é quase im-

possível: o Home Burger, lanchonete moderna de hambúrgueres com

um twist, e Lulú Taco Bar, com os cuates mexicanos mais animados

para varar a noite tomando tequilas.

• Essa é para os pais que, como eu, acreditam que existem programas le-

gais com crianças que não façam parte do universo Disney: a loja Baby-

deli é um espaço que tem até workshops para os pequenos, um jardim

com café para ler o jornal enquanto eles estão lá, e opções de lanches

orgânicos enquanto você enche o carrinho de coisinhas eco-friendly deste

mundinho. Uma das sócias do espaço é a filha da Carolina Herrera.

Page 56: B&C BEACH&COUNTRY 07 ARTEFACTO

56 | J U N H O 2 0 1 1

BÚSSOLA

MArroCosLogo ao sul do Estreito de Gibraltar está o Marrocos, reino

fundamental para entender o contexto da Península Ibérica.

Sua proximidade com a Europa explica a beleza da Alhambra

na Andaluzia espanhola. Também podemos relacionar aos

mouros os ensinamentos de economia, as técnicas de ilumi-

nação em arquitetura e o know-how de irrigação e elevação

pluvial para mover bombas de água. O reino ensolarado no

noroeste da África surpreende pela sua diversidade de ele-

mentos naturais com lagos e cachoeiras, assim como desertos

e montanhas com os cumes pontuados por neve.

Fez, Marrakesh, Meknés e a capital Rabat são as principais ci-

dades históricas marroquinas, que fundamentaram a coloniza-

ção árabe islâmica a partir do século VII e se tornaram centros

políticos de sua época. Nelas encontram-se traços que carac-

terizam a tradicional arquitetura urbana marroquina: uma me-

dina (centro comercial e residencial), uma mesquita central, o

palácio real, o mellah (bairro judeu) e os suqs (mercados); tudo

cercado por uma muralha que servia para fortificar a cidade.

Em Marrakesh, o frenético mercado montado numa praça

circular no centro da cidade reflete toda a mágica de Marrocos.

O movimento começa cedo com o sol já ardendo sob a cidade:

encantadores de serpente, mágicos, malabaristas, acrobatas,

muçulmanos sentados em tapetes lendo o Alcorão e dentis-

tas que exibem milhares de dentes extraídos como prova de

sua competência. Tudo ao mesmo tempo. Casablanca habita

o imaginário universal depois que ganhou fama com o filme

homônimo de 1942. Ao menos neste caso, o cinema é fanta-

sia, pois nenhuma cena do filme foi gravada ali. Na verdade,

Casablanca é uma cidade portuária e industrial, cujo nome

tem sentido literal: a primeira casa construída depois do ter-

remoto, em 1755, sendo branca para servir como ponto de re-

ferência aos viajantes que cruzavam o país e aos navios que

se aproximavam da costa. Os mercadores espanhóis oficializa-

ram o nome atual e mantiveram a característica básica da ar-

quitetura da cidade: as casas, como Rabat, são todas brancas.

Todas as cidades, curiosamente, são definidas por uma cor

básica de suas construções: Marrakesh é a cidade vermelha;

Meknés, a verde; Fez é amarela; Rabat, a cidade branca do li-

toral atlântico. E para se banhar no Estreito de Gibraltar, não

deixe de visitar Tânger, onde Marrocos quase toca a Espanha.

São 16 quilômetros de praias que ficam cheias no verão mar-

roquino quando diversos europeus estão em férias.

*Para dicas de Marrakesh, não deixe de ver a matéria com Adriana Bittencourt na página 50.

Page 57: B&C BEACH&COUNTRY 07 ARTEFACTO

Totalmente distinto de qualquer

cultura, no Marrocos há uma

grande mistura de influências

africana, mulçumana e europeia.

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REFÚGIO INTERNACIONAL

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O CENÁRIO IDEAL PARA SE REFUGIAR DO MUNDO.

PalaceReid's

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Por FELIPE FILIZOLA Fotos dIvuLgAçãO

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REFÚGIO INTERNACIONAL

O elegante Reid's Palace, localizado na Ilha da Madeira, é também

conhecido como “Pérola do Atlântico”. Com seus 120 anos de

história completados em 2011, faz parte do seleto grupo de ho-

téis da rede Orient Express. Sua localização privilegiada na área central de

Funchal e no topo de um morro traz a beleza dos jardins e a vista do mar

para perto dos hóspedes do hotel cinco estrelas.

Aberto pelo britânico William Reid, em 1897, para servir como ponto de

descanso para navegadores ingleses a caminho das colônias, o hotel é um

dos mais conhecidos e tradicionais do mundo. A localização paradisíaca

e distante dos grandes balneários de verão europeus ajuda a manter a ex-

clusividade do local, que combina o estilo Edwardiano com amenidades e

confortos de última geração.

O hotel foi o escolhido por Sir Wiston Churchill como o local de descan-

so depois do término da Segunda Guerra. Na época, seu Rolls-Royce cinza

foi levado à ilha para o transporte do estadista durante a visita. Entre os

outros célebres hóspedes está o dramaturgo irlandês Bernard Shaw, que

em 1924 aproveitou o conforto do Reid's por seis semanas. A imperadora

Sissi da Áustria, ainda nos primeiros anos do hotel, utilizou a beleza da ilha

para se recuperar da dor da morte de seu filho. Em homenagem, a bandeira

austríaca era hasteada diariamente durante sua estadia por marinheiros

militares britânicos como forma de condolência.

Entre os 128 quartos e 35 suítes, é difícil escolher qual tem a melhor vis-

ta, já que eles contam com varandas ou terraços apontando para o oceano.

Assim como também difícil é a escolha do melhor lugar para fazer as refei-

ções. O dinning room é a mais séria e chique opção, aberto diariamente para

o jantar. Ao ar livre, há o Ristorante Villa Cipriani com menu italiano prepa-

rado com ingredientes locais. Durante o ameno inverno, o restaurante Les

Faunes, de alta cozinha francesa, abre suas portas e salões decorados com

litografias de Picasso. Hóspedes que visitam o hotel durante o verão têm

o prazer de aproveitar o Brisa do Mar e seus saborosos peixes e frutos do

mar. Pela origem inglesa do hotel, o chá da tarde é servido comme il faut no

lounge ou no terraço.

BELEzA NA ÁGUA, TERRA E AR PARA TODAS AS IDADESAproveitando a riqueza de produtos locais, o hotel se aproveita das maté-

rias-primas da região nos pratos de seus restaurantes e nos luxuosos tra-

tamentos do spa. Os funcionários são treinados e conscientizados da im-

portância do uso de produtos orgânicos e locais como forma de preservar

o ecossistema da região e fortalecer a economia local. Entre os destaques

estão a banana prata servida nos cafés da manhã ao lado de outras tantas

frutas. No almoço, o destaque é o “bolo de caco”, com massa feita a partir

de batata-doce e manteiga de alho.

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REFÚGIO INTERNACIONAL

Entre os tratamentos de beleza oferecidos em ambien-

te decorado por tramas de vime e tecidos bordados tí-

picos da ilha, aparece a opção de massagem com óleo

extraído de sementes de uvas orgânicas. O “Reid’s Pala-

ce Signature Treatment” une essa massagem com outros

tratamentos feitos com cremes de Aloe Vera produzidos

na ilha. Ainda no spa, a vista para o mar completa o am-

biente relaxante das quatro suítes de tratamento, que

contam com academia, banheiras de hidromassagem e

chuveiros de alta pressão.

Para os mais ativos, outros tantos modos de relaxa-

mento estão à disposição. A água do mar pode ser en-

contrada nas dependências do hotel, em uma piscina ao

ar livre e outra aquecida, além de uma terceira piscina

de água doce. Os amantes da água ainda têm a opção de

ski aquático, windsurfing, mergulho e canoagem acom-

panhados de funcionários do Reid's. As temperaturas

tropicais permitem que esses esportes sejam praticados

o ano inteiro, assim como os dois campos de golf com

18 buracos, as quadras de tênis e o montanhismo nas

rochas vulcânicas da Ilha da Madeira. Se a vontade do

hóspede é sentir nas alturas o ar puro desta ilha do Atlânti-

co, ainda há a opção de paragliding e parasailing.

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REFÚGIO INTERNACIONAL

Outro passeio oferecido é a visita às vinícolas locais, uma

experiência encantadora e inesquecível. Como resort de férias

escolhido não apenas para casais, mas também para famílias

inteiras, o Reid's Palace oferece babás para os pequenos e pro-

gramação para crianças a partir de 3 anos, com excursões e

atividades ao ar livre. Essa atitude family friendly do hotel se

estende à recepção, com entrada exclusiva para famílias com

crianças, e aos quartos, que contam com roupões, chinelos e

amenidades desenvolvidos para crianças de todas as idades.

Os adolescentes de até 18 anos são privilegiados com um clu-

be para eles, com videogames de última geração e opções de

atividades a todo momento.

São pequenos detalhes e preocupações como estas que

reforçam a qualidade do hotel, que figura no topo da “Gold

List” de hotéis feita pela editora Conde Nast Traveler sem

interrupção desde 2006.

A ILHA E SUAS BELEzASSendo um arquipélago com um clima subtropical e paisagens

deslumbrantes, a Madeira é justamente conhecida como “o

Jardim Flutuante”. Localizada em alto mar a cerca de 900 km

de Portugal e 600 km de Marrocos, a ilha é o miradouro da Eu-

ropa para o Oceano Atlântico. O arquipélago é formado, não

só pelas ilhas habitadas, que são a Madeira (a maior) e o Porto

Santo, mas também por dois pequenos grupos de ilhas desa-

bitadas apelidadas de Desertas e Selvagens.

Além do esplendoroso azul do céu e do mar e da imponência

dos vales e das montanhas, onde a flora é diversa e abundan-

te, a região tem uma variedade de raras atrações. A ilha é fa-

mosa pelo seu vinho, pelas talentosas bordadeiras, pelo “bolo

de mel” e pelas flores e frutos exóticos, que nascem do solo

vulcânico. Se adicionarmos a isto tudo um clima balsâmico, é

fácil de perceber porque é que essa ilha paradisíaca se tornou

um dos destinos de férias mais desejados do mundo.

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The Look of Home 01Sonhar é uma forma de viagem. E os quartos propostos por Ana Maria Vieira Santos e Adriano Amado induzem a isto

com charme e elegância.

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PERFIL ONE

Patricia Anastassiadis

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Por FELIPE FILIZOLA Fotos dIvuLgAçãO

À frente de um dos mais renomados escritó-

rios de arquitetura do país, o nome Patri-

cia Anastassiadis tornou-se sinônimo de

criatividade e sucesso. Graduada pela Universidade

Presbiteriana Mackenzie, no curso de Arquitetura e

Urbanismo, Patricia abriu seu próprio escritório aos

22 anos. Com o apoio do irmão Eudoxios adminis-

trando o escritório, nasceu a Anastassiadis Arquite-

tos. A criatividade e humanidade impressa em todos

os seus projetos é o resultado de suas viagens pelo

mundo, das inspirações humanas e das suas lem-

branças de aromas, sabores, paisagens, músicas,

cidades, etc. Toda essa bagagem cultural adquirida

serviu para tornar Patricia uma observadora detalhis-

ta das formas, cores e texturas, fixando em sua me-

mória a dinâmica e os costumes das cidades e das

pessoas de todos esses lugares por ela conhecidos e

que, até hoje, são usados diariamente como inspira-

ção para seus projetos.

A arquitetura de interiores, a inovação de concei-

tos, o design e a criação de soluções fazem parte do

prazer profissional e do extenso e vitorioso currículo

de Patricia Anastassiadis. Capaz de ordenar, persona-

lizar e aprimorar de forma única cada projeto realiza-

do, a arquiteta hoje é referência de profissionalismo

e empreendedorismo no setor. Essa busca por proje-

tos exclusivos e personalizados fez com que Anastas-

siadis Arquitetos se tornasse referência em virtude

da confiabilidade e do valor que sua marca confere

aos seus projetos, em que cada detalhe do produto

é reconhecido pela qualidade assegurada através da

assinatura da arquiteta.

Projeto da 1ª loja

conceito da Valisere.

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PERFIL ONE

O ESCRITÓRIOA Anastassiadis Arquitetos é um dos mais renomados

escritórios de arquitetura e design do país. Fundado em

1993, conta hoje com uma equipe de mais de 40 profis-

sionais que desenvolvem projetos e formulam conceitos,

buscando unir a preocupação estética com as melhores

soluções técnicas e funcionais para cada espaço. Ao longo

desses 18 anos de existência, procura projetar e planejar

espaços onde a arquitetura e o design propiciem bem-

estar, conforto e a percepção de se estar num lugar único.

O escritório tem mais de 300 projetos desenvolvidos,

em sua maioria, nas áreas comercial, corporativa, hote-

leira, empreendimentos imobiliários e de entretenimento

que, somados a clientes residenciais exclusivos, formam

o universo de projetos da Anastassiadis Arquitetos. São

clientes que buscam e reconhecem o trabalho único e

conceitual desenvolvido pelo escritório.

Foram os projetos de um bar e restaurante, o Filome-

na, e de um banco, o Interfinance, ambos em São Paulo,

que deram início a uma série de outros projetos que se

tornaram frequentes no bureau. São projetos que aliam o

significado e a comunicação de marcas corporativas e co-

merciais à arquitetura.

A estes projetos iniciais logo se somaram outros restau-

rantes, lojas, hotéis e projetos para grandes corporações,

como Bank Boston, Club Med, Deutsche Bank, Adidas,

Dupont, Tivoli Hotels & Resorts, Ritz Carlton, TXAI, Sony,

McDonald’s, entre outras; além de empresas do setor imo-

biliário, como Cyrela, Gafisa, Odebrecht, Rossi Residencial,

Tishman Speyer, Company, entre outras.

Projeto da Loja

Adidas na Rua Oscar

Freire, em São Paulo

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Hoje, desenvolve projetos em todo o Brasil e,

desde 2000, teve sua área de atuação ampliada

para o mercado internacional, desenvolvendo pro-

jetos em Portugal, Espanha, EUA, Chile, Emirados

Árabes e alguns outros países. Por sua vivência no

mercado imobiliário e através da integração de

profissionalismo e visão de mercado, em 2003, a

Anastassiadis Arquitetos deu origem à Alfa Realty

Empreendimentos Imobiliários. Uma empresa que

estendeu suas atividades ao mercado de incorpo-

ração imobiliária, desenvolvendo produtos dife-

renciados e inovadores, como o Île de La Cité, em

São Paulo – empreendimento vencedor do Prêmio

Master Imobiliário 2006 –, e o Office Garden – vencedor

do Prêmio Master Imobiliário 2010.

B&C: Como foi o começo da carreira e o surgimento

do interesse por arquitetura?

Patricia Anastassiadis: Passei minha infância corren-

do entre as máquinas de costura da confecção da

minha família, no Bom Retiro – bairro de imigran-

tes em SP. Tinha certeza que o meu futuro seria com

roupas e moda. Como a primeira faculdade de moda

da cidade abriu no mesmo ano em que eu prestaria

o vestibular, meu pai me aconselhou a repensar na

ideia de cursar uma turma novata. Ele me mostrou

que a arquitetura foi a escola de grandes nomes da

moda, artes e pintura, e seria uma boa escolha pro-

fissional. Foi assim, meio sem querer, que descobri

a minha vocação; encontrei na arquitetura o melhor

jeito de entender o comportamento das pessoas. É

um desafio projetar pensando em desejos e ansieda-

des. Abri meu escritório aos 22 anos, logo após me

formar na universidade Mackenzie. No início foi um

mix de oportunidade, perseverança e vontade, e, ain-

da hoje, esses três pilares são fundamentais para me

dar sustentação e fechar novos contratos..

Projeto do Bar

Escobar em Moema,

São Paulo.

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74 | J U N H O 2 0 1 1

PERFIL 1

B&C: Você tem algum projeto que sonha fazer como,

por exemplo, um hotel de praia, uma casa de fazenda,

um escritório em algum prédio tombado? Por quê?

Patricia Anastassiadis: Ao longo desses 17 anos de

profissão, tenho realizado muitos projetos com os

quais “sonhei” em fazer – hotéis cosmopolitas, ho-

téis litorâneos, condomínios, edifícios, restaurantes,

bares, bancos de investimentos, flagships, residên-

cias, empreendimentos imobiliários, mostras de de-

coração, design de produtos...

Procuro sempre realizar um excelente trabalho.

Tomo como inspiração a história de cada projeto,

as necessidades e as expectativas do meu cliente. O

resultado final ser um sucesso torna o meu trabalho

cada vez mais gratificante.

B&C: Nos últimos 11 anos você fez muitos projetos

no exterior. Quais as maiores semelhanças entre os

clientes brasileiros e os estrangeiros? Há algum de-

nominador comum no desejo estético?

Patricia Anastassiadis: Tenho trabalhado sim com

projetos fora do Brasil (temos projetos realizados em

Angola, Portugal, Espanha, Chile, EUA e São Tomé e

Príncipe) e participado de concorrências (como re-

centemente em Abudhab), o senso estético, o acesso

à informação e as necessidades desse mercado são

muito parecidos com o mercado brasileiro. Infeliz-

mente ainda noto diferença em relação ao respeito

pelo profissional arquiteto, o respeito à assinatura

do design, à especificação correta de uma peça ou

material e à valorização de uma escolha.

Tenho fé que, com a globalização, todos possam per-

ceber a diferença e a importância de uma boa peça,

uma boa escolha, um bom design.

Projeto

Casa Cor 2010.

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Mostra Artefacto 2009

Mostra Artefacto 2010

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Projeto: Arq. Sérgio Gonzzalez

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PERFIL ONE

B&C: Nesses 18 anos de carreira, como você vê a evolução da arquitetura? Percebe alguma

macrotendência surgindo nos últimos anos, após o boom da sustentabilidade?

Patricia Anastassiadis: Uma forte tendência na arquitetura mundial foi a arquitetura “su-

perstar” – grandes obras e edifícios enormes (como o boom de Dubai) – com ostensividade

e superficialidade profissional.

Atualmente, sinto que as pessoas estão se voltando para o lado “humano” de cada um –

indivíduo e planeta – , valorizando cada vez mais o exclusivo, o menor, o único.

No planeta, a sustentabilidade e a responsabilidade social batem de frente com uma ar-

quitetura mais planejada, funcional – com as questões de economia de energia, água e

materiais, e o uso mais responsável perante a natureza e o planeta.

B&C: Você faz projetos muito variados, desde empreendimentos imobiliários até projetos

para bancos, restaurantes, empresas de moda e hotéis. Como o estilo Patricia Anastassiadis

permeia esses projetos?

Patricia Anastassiadis: Diria que o estilo Patricia Anastassiadis é mergulhar a fundo no perfil

de nosso cliente – analisar, questionar, ler o que o cliente precisa e, principalmente, o que ele

ainda não percebeu que precisará –, enxergar à frente e direcionar a arquitetura e o projeto

ao melhor resultado final.

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Mostra Artefacto 2010

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Projeto: Arq. Sérgio Gonzzalez

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Por FELIPE FILIZOLA Fotos dIvuLgAçãO

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REFÚGIO NACIONAL

PARA DESCANSAR

A TERRA QUE EnCAnTOU AMÉRICO VESPÚCIO, EM 1503, SE MANTÉM FIRME COMO DESTINO DE APAIxONADOS PELO MAR.

a alma

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A Bahia sabe, como poucos, enfeitiçar turistas do mundo inteiro encantando-os com seus infinitos recursos naturais. Porta

de entrada para os primeiros colonizadores europeus, o sul da Bahia não se destaca apenas por ter sido o local no qual

pela primeira vez aportaram os descobridores do Brasil. Seu fascínio, tantas vezes cantado em verso e prosa por artistas

e intelectuais, se deve também aos muitos quilômetros de praias maravilhosas orladas por coqueiros; à temperatura sempre mor-

na de suas águas, preferidas pelas baleias da espécie jubarte para a reprodução; ao Parque Nacional Marinho dos Abrolhos; ao

complexo recifal mais importante do Atlântico Sul; à alegria e simplicidade de seu povo sempre acolhedor; à tenra preguiça que

paira no ar quando finalmente se abandonam os costumes da cidade grande rendendo-se ao modo baiano de ser.

O formato circular do Arquipélago de Abrolhos corresponde à boca de um vulcão. Os historiadores atribuem o nome do arqui-

pélago a Américo Vespúcio que, em 1503, por ali passou em expedição exploratória em companhia de Gonçalo Coelho. Ao cons-

tatar o perigo que os recifes representavam para as embarcações, relatou em seu diário de navegação: “Quando te aproximares

da terra, abre os olhos”. Assim, o lugar ficou conhecido por Abrolhos.

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REFÚGIO NACIONAL

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ESTADIA ACONCHEGANTEPara quem deseja visitar o local, a melhor opção de estadia é o hotel

Marina Porto Abrolhos. Localizado no município de Caravelas, em

meio a um coqueiral em frente à praia, o ambiente agradável e aco-

lhedor recepciona os hóspedes que buscam diversão e descanso na

tranquilidade da natureza do sul da Bahia. A hospedagem em ban-

galôs de estilo polinésio construídos próximos ao mar aumentam o

charme do local. As suítes, para duas a cinco pessoas, têm vista para

a piscina e jardim. Cada bangalô é carinhosamente batizado com no-

mes de personagens do grande escritor baiano Jorge Amado, dando

um toque ainda mais baiano e mágico ao ambiente.

Com os cuidados do proprietário Gabriele Canestrelli, genovês

amante das artes, o Marina Porto Abrolhos ganhou obras de arte em

forma de quadros, esculturas e entalhes, que fazem da decoração um

atrativo. Sempre preocupados em manter sua excelência, além da

melhoria constante de infraestrutura, toda a equipe do hotel se des-

taca pela presteza e cordialidade nos serviços oferecidos. Em frente

ao hotel, a tranquila praia do Grauçá – que juntamente com as praias

Iemanjá e Ponta das Baleias perfazem mais de 20 km de praias vir-

gens – convida você para relaxantes caminhadas.

A comodidade de se localizar próximo ao local de onde partem

passeios para paraísos ecológicos completa o seu conforto. Situa-

dos a cerca de 30 km da costa caravelense, os recifes do Parcel das

Paredes são assim chamados por apresentarem suas paredes abrup-

tamente verticais. É a maior formação recifal do sul da Bahia e a

maior parte de seu topo emerge durante as marés baixas, formando

indescritíveis piscinas naturais.

Outra opção de passeio é ao longo do estuário do Rio Caravelas

que, em suas inúmeras ramificações, permite ao visitante contem-

plar a beleza de um dos maiores complexos de manguezais do Brasil.

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REFÚGIO NACIONAL

Para quem quiser passar mais tempo no hotel poderá apro-

veitar sua área social que conta com piscinas para adultos e

crianças, espaço para massagens, sala de ginástica, minigolf,

quadras de vôlei e tênis e salão para carteado. Há no ho-

tel também uma boutique com artesanatos locais e diversos

outros artigos. A pequena biblioteca oferece um local para

folhear livros e assistir filmes.

Um delicioso e variado café da manha é servido a partir das

6h30, atendendo perfeitamente àqueles que precisam sair

cedo para os passeios náuticos e àqueles que desejam degus-

tar os quitutes locais. Como opção para refeições, o hotel ofe-

rece um restaurante com pratos tradicionais do sul da Bahia e

uma gostosa creperia.

A VISITA DAS BALEIAS Como se todo o contexto insólito de Abrolhos não fosse sufi-

ciente, ainda existe a visita das baleias jubarte para o arqui-

pélago entre julho e setembro. Entre esses meses, as baleias

conhecidas cientificamente como megaptera novaeaengliae

saem da Antártida, onde se alimentam, e vêm para as águas

mornas e tranquilas do litoral da Bahia e Espírito Santo. Anu-

almente, cerca de quatro mil baleias migram para esta região

para se reproduzir e amamentar os filhotes.

O espetáculo marinho atrai olhares de turistas e cientis-

tas encantados pelo tamanho e beleza desses animais, co-

nhecidos por seu temperamento dócil e pelas acrobacias

que realizam, saltando e exibindo a própria cauda, sua im-

pressão digital.

As baleias são famosas pelo desenvolvido sistema de vo-

calização: o seu canto melancólico – de construção musical

sofisticada – é repetido pelo macho. Acredita-se que uma das

funções prováveis desse canto seja atrair a fêmea para o aca-

salamento. A preservação do local com a criação do Parque

Nacional Marinho de Abrolhos, em 1983, garante segurança

e proteção para os animais. O parque marinho, inclusive, foi

o primeiro a ser criado no Brasil, tornando-se uma das mais

significativas áreas do litoral brasileiro, pela sua enorme bio-

diversidade e importantes ecossistemas.

o espetáculo marinho atrai olhares de turistas e cientistas encantados pelo tamanho e beleza desses animais...

Entre os meses de junho e

novembro podemos observar

o espetáculo dos saltos e cantos

das baleias em Abrolhos.

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Na praia a combinação azul e brancotraz para dentro de casa as cores do mar,

das conchas, das nuvens...

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Por FELIPE FILIZOLA Fotos MATIAS CAPIZZANO

CONFISSõES

UM ExEMPLO DE

DEDICAçãO E SUPERAçãO.

LarsGrael

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ars Grael começou a velejar cedo,

só que de maneira lúdica. Filho de militar

amante de Educação Física e grande in-

centivador do desporto, sua família sem-

pre gostou de praticar esportes. Quando

morou em Brasília, Lars frequentou as

aulas de vela do Iate Clube e começou a

competir na classe Optimist e Pinguim.

Aos 16 anos, seguindo os passos dos irmãos

mais velhos, foi morar com a avó na flu-

minense Niterói, onde podia levar adian-

te a prática da vela e o sonho olímpico.

Sempre muito ligado à família, Lars vele-

jou primeiro ao lado do irmão Torben e

depois se juntou ao primo Glenn Haynes,

com quem participou de sua primeira

Olimpíada em Los Angeles, aos 20 anos.

Mas foi no Tornado, o velocíssimo ca-

tamarã olímpico, que Lars mais títulos

conquistou. Além das duas medalhas de

bronze — em Seoul, em 1988, e Atlanta,

em 1996 —, ele ainda foi pentacampeão

sul-americano, 10 vezes campeão brasi-

leiro e campeão de tradicionais semanas

de vela, como Kiel, na Alemanha, além de

representar o Brasil também nos Jogos

Olímpicos de Barcelona, em 1992.

Em 1998, o iatista sofreu um fatídico

acidente na praia de Camburi, no Espírito

Santo. Seu barco colidiu com uma lancha

que invadiu a área da prova, e a tragédia

terminou com a perda de sua perna direita.

CARREIRA POLÍTICA E A VOLTA POR CIMAO exemplo de superação veio com o convite do então

presidente Fernando Henrique Cardoso a integrar os

quadros dirigentes do INDESP — Instituto de Desen-

volvimento do Desporto —, uma autarquia ligada ao

então Ministério do Esporte e Turismo. De lá, por

sua postura sempre firme, correta e apaixonada na

defesa do esporte nacional, Lars galgou vários pos-

tos chegando a ser Secretário Nacional de Esportes

no governo FHC. No final do governo, foi convidado

pelo Governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, a

assumir a Secretaria Estadual da Juventude, Esporte

e Lazer, cargo que ocupou até março de 2006.

Em fevereiro de 2009, após 11 anos, Lars Grael vol-

tou a integrar a Equipe Permanente de Vela Olímpi-

ca ao conquistar a Semana Pré-Olímpica em Porto

Alegre. Em 2010, chegou a ocupar a 4ª colocação do

ranking internacional da classe Star da Federação In-

ternacional de Vela — ISAF.

Pai coruja, vê os filhos mais novos, Nicholas e So-

phia, herdarem a paixão pelas águas. Nascido em 97,

Nick começou a velejar e se classificou para dispu-

tar o campeonato brasileiro da classe Optimist. Em

2009, ele se classificou em campeonatos internacio-

nais e vem demonstrando ser totalmente focado e

determinado. Sofia pediu para aprender a velejar aos

7 anos porque queria ficar igual ao resto da família.

Com dez anos, em 2010, tornou-se a campeã brasi-

liense feminina da classe Optimist. Mais uma alegria

para Grael, que também é pai de Trine.

A maneira como enfrentou a luta pela vida, a acei-

tação de sua nova condição, os novos paradigmas e

desafios, as mudanças de planos e novos objetivos, a

luta contra o preconceito, as novas vitórias no espor-

te e na gestão pública têm uma carga muito forte de

mensagens que servem de exemplo para os mais va-

riados públicos. Por isso, Lars tem sido chamado pe-

las mais diversas organizações para compartilhar um

pouco das suas experiências por meio de palestras.

L

92 | J U N H O 2 0 1 1

CONFISSõES

Page 93: B&C BEACH&COUNTRY 07 ARTEFACTO

Lars Grael e o

proeiro Rony Seifert

J U N H O 2 0 1 1 | 93

Page 94: B&C BEACH&COUNTRY 07 ARTEFACTO

B&C: Como nasceu o interesse específico pelo

iatismo e vela?

Lars Grael: A paixão pela vela é um legado de família e

transmissão de conhecimento. O meu avô materno,

Preben Schmidt, era dinamarquês e trazia consigo

o sangue viking e o espírito náutico sempre muito

intenso. Foi campeão de hipismo rural e cavaleiro

imperial mas, como todo bom dinamarquês, prati-

cava vela. Chegou ao Brasil em 1924 e escolheu a ci-

dade de Niterói, Rio de Janeiro, para morar. Como

o hipismo era pouco desenvolvido e com a Baía de

Guanabara à disposição – se hoje é o encanto que é,

imagina naquela época em que a serra do mar ainda

virgem encontrava as águas então transparentes –,

foi um dos precursores da vela de competição e con-

duziu esse pensamento a minha mãe e aos meus tios

– tricampeões mundiais nos anos 60, medalhistas de

ouro e prata nos Jogos Pan-Americanos e velejado-

res olímpicos. Sentimos muito orgulho com os feitos

dos nossos tios e aprendemos a velejar com nosso

avô. A vida nômade que meu pai levava por ser mi-

litar nos trouxe até Brasília nos anos 70, local onde

de fato comecei minha carreira competindo pelo Iate

Clube, na classe Optimist.

B&C: Seu irmão mais velho, Torben, também é ve-

lejador. Vocês chegaram a competir juntos, inclusi-

ve. Como ele incentivou seu interesse pelo esporte?

Lars Grael: Torben sempre exerceu forte influência

sobre minhas escolhas na vela e na vida. Além de

irmão, é o maior símbolo do esporte olímpico bra-

sileiro com suas 5 medalhas olímpicas. Velejamos

juntos e fomos campeões mundiais de Snipe, em

1983. Obtivemos outros títulos juntos, como na

classe 12 metros. Nosso barco, o “Wright on White”,

venceu as etapas de Valência e Cannes da Copa do

Centenário da classe.

B&C: Você participou de 4 Jogos Olímpicos – LA,

Seoul, Barcelona e Atlanta. Alguma história curio-

sa desses eventos?

Lars Grael: Seriam muitas. Fato marcante foi a abso-

luta precariedade nas condições de preparação, so-

bretudo nas duas primeiras experiências olímpicas.

A geração atual encontra uma condição muito me-

nos difícil. Destaque ainda para as condições severas

de mar e vento que enfrentamos na raia de Pusan, na

Coreia do Sul, nos jogos de 1988. Um misto de com-

petição e sobrevivência. Inesquecível!

B&C: Um dos momentos mais difíceis da sua vida

foi o acidente de 1998. Como isso afetou sua rela-

ção com a água? Que lição tirou dele?

Lars Grael: Em primeiro, a luta pela vida e, em segun-

do, entender um sentido para viver. Após perder a

perna, eu dependia totalmente do meu desempenho

físico. Não foi fácil aceitar essa nova condição. Aca-

bei me inspirando em vários atletas e para-atletas

que passaram por situações semelhantes e que de-

ram depoimentos fundamentais para que eu pudes-

se superar essa fase. Ser útil ao país, não só como

atleta, mas como dirigente desportivo durante oito

anos, também foi fundamental.

94 | J U N H O 2 0 1 1

CONFISSõES

Page 95: B&C BEACH&COUNTRY 07 ARTEFACTO

Sinônimo de superação, Lars tem

lutado pelo desenvolvimento do

esporte nacional.

Page 96: B&C BEACH&COUNTRY 07 ARTEFACTO

B&C: Você foi o Secretário Nacional de Esportes. O que

falta para sermos o número 1 do mundo?

Lars Grael: O governo trabalha bem para o esporte. Eu

não tenho uma visão crítica do papel do governo, muito

pelo contrário, acho que o Ministério aumentou de por-

te, importância e é mais ativo do que antigamente. O

orçamento cresceu em progressão geométrica e o Brasil

vem fazendo o seu melhor para sediar grandes eventos,

como os jogos mundiais militares em 2011, Copa em

2014 e Olimpíadas em 2016. Natural que existe uma pre-

ocupação, porque o tempo que era nosso aliado e que é

fundamental para a organização e sucesso de qualquer

evento está se esvaindo à medida que, em função do

calendário eleitoral, pouco ou nada se faz. Em termos de

desempenho, não se pode construir uma nação olímpi-

ca em quatro ou seis anos, mas o Brasil vem crescendo,

pois o Comitê Olímpico faz um bom trabalho, as Confe-

derações buscam um modelo de governança melhor e

prometem um bom desempenho nos Jogos de Londres

— entre 15 a 25 medalhas. E para os jogos do Rio de

Janeiro, em que o investimento vai ser muito maior, os

atletas vão contar com o valor climático e o fator torcida.

Seria uma falácia acharmos que será uma potência em

2016. O Brasil vai crescer sim, e acredito que vai ficar

entre os dez primeiros países nas Paraolimpíadas. Acho

que falta, porém, dar ao Desporto Educacional a mesma

relevância que é dada à promoção de grandes eventos

esportivos internacionais. O Brasil só será uma potência

esportiva se investir no esporte na escola e na valoriza-

ção dos clubes como formadores de atletas.

B&C: Como você vê as mudanças no panorama dos

deficientes físicos no Brasil?

Lars Grael: Houve uma mudança gradativa no campo da

legislação e dos direitos. Mas entre o espírito das leis,

para seu cumprimento, ainda falta bastante. A conscien-

tização já aumentou muito e o esporte paraolímpico

tem um papel fundamental neste sentido.

B&C: Quais são seus projetos para o futuro?

Lars Grael: Continuar a exercer minha paixão pelo mar;

ajudar na formação e capacitação de novos navegado-

res; levar meu depoimento de vida e superação para

mais brasileiros através de palestras. Continuar a tentar

fazer a diferença em nosso Brasil.

96 | J U N H O 2 0 1 1

CONFISSõES

De cima para baixo

Na Argentina, em abril deste

ano, quando a dupla conquistou o

tricampeonato Sul-americano de Star.

A comemoração de mais uma

conquista merecida.

Com a esposa Renata Greal.

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98 | J U N H O 2 0 1 1

PERFIL TWO

Sonia RacyINFORMAçõES DE PODER DIRETO DAS MELHORES FONTES.

O FECHAMENTO DE REVISTAS E JORNAIS

são, no mínimo, emocionantes. Com

prazos apertados e a vontade do jorna-

lista em ter certeza que a informação

que será transmitida é relevante, inte-

ressante e adequada, e-mails e telefo-

nemas se multiplicam. Some a isso o

peso de escrever uma das colunas diá-

rias mais importantes do mundo dos

negócios, no jornal de maior circulação

do país. É com esta constante cobrança

que vive a jornalista Sonia Racy. Entre

os 300 e-mails e seis horas diárias ao te-

lefone, Sonia assina a coluna “Direto da

Fonte” para o jornal O Estado de São Paulo.

Além da coluna impressa, Sonia ainda

escreve para a versão on-line do jornal,

adiantando assuntos que não podem e

nem devem esperar até a manhã seguin-

te para chegarem aos leitores. Nesta

agenda atribulada, ela também encaixa

espaço para sua participação na rádio

Eldorado AM, com o programa próprio

de economia “Coluna Dois”.

Bem nascida, bonita e inteligente, So-

nia lutou contra preconceitos em reda-

ções desde o início de sua carreira. Car-

reira, aliás, que começou como modelo

da Ford Models em Nova York e durou

apenas 8 meses. Logo depois, passou a

assinar uma coluna para a Vogue Brasil,

que expandiu ainda mais seu universo

profissional. De lá, foi para a Folha de São

Paulo assinar o caderno “Casa e Com-

panhia”. O trabalho na Folha deu lugar

à sociedade em uma assessoria de im-

prensa, mas sua paixão sempre foi eco-

nomia. Assim sendo, não titubeou ao

aceitar o convite do O Estado de São Paulo.

Formada em administração de em-

presas, Sonia lê todos os jornais pela

manhã, almoça com “fontes” e passa as

tardes em contato com empresários, mi-

nistros, banqueiros, dirigentes de fede-

rações, presidentes e ex-presidentes do

Banco Central. “A notícia nunca chega

sozinha”, diz ela. “As informações preci-

sam ser garimpadas”. Com sua credibi-

lidade, ganhou confiança dos principais

nomes do país e, hoje, mantém fácil

acesso a todos.

Apaixonada por psicologia, costuma

ler Freud, Jung e Nietzsche. Aliás, vira e

mexe relata que, se fosse seguir por ou-

tra carreira, seria a psicologia. O parale-

lo entre as duas profissões é claro, afi-

nal a economia e o mercado funcionam

muito à base de expectativas e especu-

lações – fatores altamente comporta-

mentais e distantes de ciências exatas.

“Economistas adoram teoria, mas como

diz uma das minhas fontes: “Em sendo a

vaca quadrada...”, só que a vaca nunca é

quadrada, por isso as teorias nunca con-

seguem ter sucesso total na realidade”,

completa. A B&C conversou com Sonia

para entender um pouco mais da impor-

tância da coluna “Direto da Fonte”.

B&C: Como foi a mudança de jorna-

lista econômica para jornalista social?

Sonia Racy: Na verdade não houve mu-

dança, já que a coluna mantém o mes-

mo nome e perfil, apenas está inserida

em um diferente caderno. O objetivo do

“Direto da Fonte” é cobrir o poder em to-

das as áreas: moda, esporte, economia,

política, arte... Nós cobrimos todos os

tipos de eventos abertos, como mostras,

exposições, congressos, seminários,

acontecimentos com pessoas de desta-

que, jantares de partidos políticos, de

banqueiros. O que houve foi uma am-

pliação do escopo da coluna. Por isso

também decidimos manter o nome dela.

B&C: As fontes são as mesmas?

Sonia Racy: Como a abrangência aumen-

tou, expandimos também a quantidade

de fontes. Mas sempre lembrando que a

coluna visa retratar pessoas que merecem

ser reconhecidas pelo que fazem, e não

pelo que têm. Acredito que poder não se

herda, se conquista. Levo essa máxima

para o dia a dia e penso sempre nestas

pessoas na hora de escolher as notícias.

B&C: Como você vê a influência da “Di-

reto da Fonte” no cenário paulistano?

Sonia Racy: Modéstia a parte, apesar do

jornal ser de São Paulo, acredito que a

coluna tem influência no cenário nacio-

nal. Às vezes recebo respostas negativas,

principalmente quando ponho algum ar-

tista ou político em destaque, mas, em ge-

ral, tenho um feedback bastante positivo.

É um enorme prazer saber que o nosso

trabalho agrada. O destaque e influência

aparecem com os furos. Fui a primeira a

dar a notícia de quebra do banco Pana-

mericano. Também divulguei em primeira

mão a fusão do Pão de Açúcar com a Ca-

sas Bahia. Inclusive, esta foi uma notícia

que divulgamos na coluna on-line para

não perder tempo e exclusividade. Manter

o formato digital é um desafio próprio que

tem trazido ótimos frutos.

Por HELENA MONTANARINI Foto dIvuLgAçãO

Page 99: B&C BEACH&COUNTRY 07 ARTEFACTO
Page 100: B&C BEACH&COUNTRY 07 ARTEFACTO

Por FELIPE FILIZOLA Fotos dIvuLgAçãO

100 | J U N H O 2 0 1 1

ARTE

BrUNo

oFANtÁstICo

MUNDo

DEO JOVEM ARTISTA SE CONSAGRA COMO UM DOS NOMES MAIS ENTUSIASMADOS DA ARTE CONTEMPORÂNEA NACIONAL.

Page 101: B&C BEACH&COUNTRY 07 ARTEFACTO

Comemorando com Hugh Hefner, 2008 - esmalte sintético e colorjet sobre banner 140 X 185 cm - Coleção Particular.

J U N H O 2 0 1 1 | 101

Page 102: B&C BEACH&COUNTRY 07 ARTEFACTO

O artista plástico Bruno Miguel.

C om recém completados 30 anos de idade, o artista plástico Bruno Miguel des-

ponta entre sua geração como um dos nomes mais promissores da arte brasi-

leira contemporânea. Trazendo à tona temas como arquitetura e paisagismo,

Bruno explora materiais e técnicas inusitadas e diversas para alcançar a grandiosidade de

suas obras. Seu trabalho é definido “como pintura de paisagem ou como uma pesquisa

sobre o tempo da e na paisagem, pensado a partir de possíveis construções e represen-

tações da mesma”, define o autor. “Utilizando para isso um “pensamento pictórico” como

ponto de partida e agregando a ele minhas referências, a história da arte, mídias e cultura

popular. Ah, e também é algo com doses de prazer, diversão e beleza com “leves” camadas

de ironia e humor”, acrescenta.

Apesar do fato de a arte contemporânea não privilegiar linguagens, caracterizando-se

pela ampliação dos meios tradicionais – tais como pintura e escultura – e a utilização

dos mais variados meios de expressão (fotografia, vídeo, instalação, performance, entre

outros), uma linguagem permanece bastante atual e por isso é explorada por um grande

número de artistas: o desenho.

102 | J U N H O 2 0 1 1

ARTE

Page 103: B&C BEACH&COUNTRY 07 ARTEFACTO

Série Paisagem Postal S2, MAC RJ IV 2010, 9X15 cm - coleção do artista.

J U N H O 2 0 1 1 | 103

Série Paisagem Postal S2, Buenos Aires, 10X18 cm - coleção do artista.

Page 104: B&C BEACH&COUNTRY 07 ARTEFACTO

104 | J U N H O 2 0 1 1

ARTE

ARTE SEM MARGENSSe nos desenhos feitos em 2008 com nanquim (série Diálogos), tinta acrílica e esmalte de unha (série Paisa-

gens Construídas) ou canetas Stabilo sobre papel xadrez (série Paisagens) as plantas, árvores e casas apare-

ciam retratadas em formatos planos, sua série de plantações e maquetes levam o apreciador de obras a se

deparar com a natureza viva. Tacos de madeira colocados sob uma espécie de gramado ou o revestimento de

uma escada com plantas no Salão de Itajaí geram o diálogo sobre a interferência e mutação de suas obras

pelo crescimento botânico. A obra "Construindo Paisagens" apresentada na V Bienal de Arte Contemporânea

em La Paz, em 2007, pela qual recebeu uma menção especial, mostrava a criação de estampas no chão do

Museu Tambo Quirquincho.

Série História da Arquitetura CSH 10, 2009 - fundo para galvanizados sobre ardósia - 40X40 cm - coleção do artista.

Page 105: B&C BEACH&COUNTRY 07 ARTEFACTO

J U N H O 2 0 1 1 | 105

Através de desenhos feitos com pequenas “manchas” de plantas ao longo de um pátio, a instalação interagia e

interferia na circulação do local. São também em suas pinturas que os limites de sua arte são discutidos. Feitas

sobre telas ou suportes alternativos, como banners de propaganda, lonas vinílicas de toldos e tecidos populares

estampados industrialmente, as pinturas geram a linguagem e experimentação proposta por Miguel. "Em vez

do início no branco infinito, a partida de um suporte que já traz uma história em sua carga permite a extensão

do tempo da obra para antes do início da minha pintura, problematizando questões que vão além do tempo e

agregando discussões a respeito da apropriação e do papel do pintor além da parte técnica. Essa inserção do

“outro” como coartista expande a pintura e transbordam as margens de tempo e espaço dos quadros. "

Série História da Arquitetura CSH 6, 2009 - fundo para galvanizados sobre ardósia - 40X40 cm - coleção do artista.

Page 106: B&C BEACH&COUNTRY 07 ARTEFACTO

106 | J U N H O 2 0 1 1

ARTE

Tributo a todos que documentaram de maneira estereotipada as nossas paisagens, 2010 - tinta acrílica, tinta a óleo, esmalte, tinta serigráfica e colagem sobre tecido estampado 1,60 x 2,40 m.

Nessas pinturas também surgem referências populares e de

ícones de arquitetura presentes nos desenhos e plantações.

Quadros estampados com gobelinos (tapeçarias ricamente ilus-

tradas) ganham sombras e volumes brancos com contornos de

museus históricamente famosos, como o Guggenhein de Bil-

bao, o MAC de Niterói e o londrino Tate Modern.

Seguindo uma linha parecida, essas sombras brancas e

esses volumes brancos de prédios de arquitetura chamativa

mundial aparecem em uma série de cartões postais antigos,

como as pirâmides egípcias e o Pantalón da Cidade do México.

A sua exposição individual Spring Love, em 2010, permitiu

que os visitantes viajassem pelas obras do artista. Com cura-

doria de Fernando Cocchiarale, a mostra que ficou em cartaz no

Galpão na galeria Largo das Artes oferecia uma bela seleção do

peculiar trabalho de Bruno, passando pelas pinturas, escultu-

ras, desenhos, quebra-cabeças e plantações.

GOSTO ACADÊMICOPor falar em cartões postais, o carioca Miguel desfrutou das

belezas da cidade maravilhosa durante toda sua vida. Nasceu

no Leblon, morou também na Gávea e no Humaitá, até mudar-

se com sua família para a Ilha do Governador quando tinha

cerca de 14 anos. Ele deixa essa aura carioca permear estetica-

mente pelo seu trabalho. Na escola que passou a frequentar, o

Colégio Operon, teve aulas de teatro por cerca de cinco anos.

Levando o assunto a sério, procurou desafios além de atuar,

chegando a escrever, dirigir, fazer a cenografia e pensar nos fi-

gurinos. Foi quando percebeu que seu forte estava na criação.

Passou no vestibular para a Escola de Belas Artes da Uni-

versidade Federal do Rio de Janeiro, em que se formou em

Educação Artística e em Pintura. No quinto período da fa-

culdade, passou a lecionar no próprio Colégio Operon e em

várias escolas também da Ilha. Mais tarde, integrou o pro-

jeto UFRJMAR, que levava educação inovadora para cidades

do litoral carioca. No começo de 2010, tornou-se professor

substituto de pintura e desenho da Belas Artes.

Depois de cinco anos fazendo diversos cursos livres na Esco-

la de Artes Visuais do Parque Lage (EAV), projeto do governo

estadual do Rio de Janeiro, surgiu o convite do local para mi-

nistrar dois cursos relacionados à pintura e desenho contem-

porâneos, ao lado de seus mestres João Magalhães, Marcio Bo-

tner, Franz Manata, Glória Ferreira, Pedro Varela e Luiz Ernesto.

Na mesma escola, Bruno é assistente pessoal de Carlos Zilio,

função que exerce desde 2006

Apesar do grande envolvimento acadêmico, nem só de gran-

des nomes eruditos se faz a lista de referências do artista. Bru-

no confessa que além de Picasso, Van Gogh, Helio Oiticica,

Yves Klein, Marcel Breuer e Oscar Niemeyer, seu pensamento

é influenciado por gente como Nelson Rodrigues, Quentin Ta-

rantino, Takashi Murakami, Guel Arraes, Stanley Kubrik, Lady

Gaga, o funk carioca e Terry Richardson, entre tantos outros.

Bruno ainda ressalta a importância de “bons olhos e ouvidos,

pra perceber todas as suas relações do mundo à sua volta”.

Como conselho às mais jovens gerações, é emblemático:

“Disciplina pro trabalho, foco nos objetivos e tempo pro lazer!

Um não funciona sem os outros. E tem que fazer o que gosta

também. Em artes, sentir prazer no que faz tem que ser obri-

gatório. Errar é fundamental desde que você aprenda com os

erros. E nunca se acomodar.” Sem dúvidas, ainda ouviremos

falar muito de Bruno Miguel.

Um Jardim para Beuys, 2010 - Site-specific realizado no Salão de Itajaí.

Page 107: B&C BEACH&COUNTRY 07 ARTEFACTO

arte contemporânea | pintura decorativa | quartos infantis | casa de praia e campo

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108 | J U N H O 2 0 1 1

Ana salazarA ESTILISTA PORTUGUESA QUE VEIO CONQUISTAR O BRASIL.

N as últimas duas edições do SPFW muito se falou sobre um nome aparentemen-

te novo no calendário de desfiles da semana de moda paulista. O rebuliço foi

em torno de Ana Salazar, estilista portuguesa que escolheu também o Brasil

para mostrar suas mais recentes coleções. Ainda que o nome pouco remetesse a uma

grande marca, mesmo para alguns dos visitantes do evento, a estilista lusitana é um dos

maiores nomes da moda de seu país. Nascida em Lisboa em 1941, é pioneira do mundo

fashion em Portugal. Na década de 70, revolucionou a forma de apresentar estilos inovado-

res de roupas criando, para o efeito, acontecimentos de moda, como desfiles destinados a

grandes audiências, exposições e outros eventos. Em 1978, começou a criar coleções com

o nome Ana Salazar, que eram vendidas nas suas lojas próprias e multimarcas da Europa.

DNA

Por HELENA MONTARINI Fotos dIvuLgAçãO

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J U N H O 2 0 1 1 | 109

A coleção Protection, desfilada em janeiro deste ano, trouxe para as passarelas do SPFW as criações cheias de atitude.

Page 110: B&C BEACH&COUNTRY 07 ARTEFACTO

110 | J U N H O 2 0 1 1

DNA

ARTE, PERFUMES E PRÊMIOSA partir de 1980, Ana Salazar começou a divulgar novos

talentos da moda portuguesa, curando os trabalhos

que seriam expostos no Museu do Traje, em Lisboa.

Em 1985, estendeu seu business para a França,

abrindo uma loja em Paris. Na época, foi considerada

um dos novos templos da moda na capital gaulesa

pela revista de moda francesa Marie Claire. Dois anos

depois, representou Portugal no Festival Internacio-

nal de Moda, em Paris, e participou da exposição “La

Mode au XXéme Siécle” (A Moda no Século XX), no

Museu do Louvre. A mesma mostra viajou a Lisboa

para o Museu do Traje, que serviu de lançamento

para um livro com o mesmo título da exposição. A

consagração veio no mesmo período, quando passou

a apresentar suas criações em Lisboa, Paris, Milão e

Nova Iorque simultaneamente, e resultou no contra-

to com um grupo francês para fabricar, comercializar

e distribuir as suas coleções internacionalmente.

O próximo passo de expansão foi o lançamento em

1989 de seu perfume feminino e a linha de produ-

tos para a casa. A gama de produtos cresceu com o

passar dos anos, multiplicando em perfumes mascu-

linos, óculos e até uma linha de roupas para homens.

Sentindo cada vez mais necessidade de estender a

sua veia artística a outra área, em 1993, levou uma es-

cultura de sua autoria à exposição Variations Gitanes,

no Museu do Louvre. No final da década passou a

colecionar prêmios e distinções pela sua carreira,

tendo, em 1997, sido ordenada pelo então presiden-

te português Jorge Sampaio, como Grande Oficial

da Ordem do Infante D. Henrique. Em 1998, a agên-

cia Elite Models atribuiu à Ana o Prêmio de Carreira

e, no ano seguinte, a revista Nova Gente distinguiu-

a como a melhor criadora de moda daquele ano.

Recebeu ainda o prêmio prestígio da Associação

Moda Lisboa e participou da exposição Mode Por-

tugaise, La Révélation (Moda Portuguesa, A Reve-

lação), em Paris. Sempre procurando expandir seus

negócios, não ficou parada ao ver o crescimento do

mercado de moda brasileira, com toda a visibilida-

de do SPFW. Para surpreender os brasileiros, desfi-

lou com exclusividade sua coleção de inverno 2011

em terras paulistas.

A coleção, que aborda o tema da densidade de flo-

restas e pássaros, traduziu com cores, texturas e for-

mas a questão da camuflagem e proteção ambiental.

Os looks eram suavizados com brilhos de metais nos

acessórios e peças de silhueta envolvente.

A revista B&C conversou com a estilista para en-

tender os motivos que a trouxeram para o Brasil, o

perfil de seus clientes e as referências que a incitam

a cada coleção.

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B&C: Como foi a escolha do SPFW para mostrar as suas

coleções?

Ana Salazar: O SPFW é uma das semanas de moda mais impor-

tantes da atualidade. Por outro lado, o mercado brasileiro é

um objetivo – dada a situação econômica atual – e tem uma

apetência muito significativa pela moda.

B&C: Qual a expectativa da estilista quanto ao mercado

brasileiro?

Ana Salazar: É um mercado como todos os outros. Para con-

quistar objetivos tem que se criar de uma forma contínua e

bastante representativa, pois o introduzir de uma marca em

São Paulo é difícil.

B&C: Quais as principais diferenças da cliente portuguesa

e brasileira?

Ana Salazar: Eu tenho sempre um tipo de target que se baseia

essencialmente na mulher com personalidade segura, que

gosta de ousar na diferença.

B&C: A marca está presente na Espanha, Itália e Japão. Como

é desenvolver uma coleção para clientes tão diferentes cul-

tural e socialmente?

Ana Salazar: A marca em qualquer parte do mundo nunca é fei-

ta especificamente em função do mercado desses diferentes

países. O que mais varia são os tamanhos. Para o Japão, por

exemplo, os tamanhos pedidos são sempre menores.

B&C: A última coleção mostrou uma atitude rocker-chic

misturado a influências de cavaleiros medievais. De onde

surgiu a ideia? Como essa coleção reflete o air du temps em

que vivemos?

Ana Salazar: A influência rocker-chic, podemos até dizer com um

pouco de punk, está sempre presente nas minhas coleções. A

ideia desta coleção teve como tema “Protection” e penso que

reflete bem o estado de espírito que vivemos na atualidade.

B&C: Você continuará o trabalho no SPFW para a edição de

verão? O que podemos esperar do verão 2012?

Ana Salazar: Sim, estarei no SPFW na coleção de verão. Quan-

to ao que vou apresentar, ainda é top secret! Mas vai, como

sempre, ser uma continuação do conceito Ana Salazar.

Page 112: B&C BEACH&COUNTRY 07 ARTEFACTO

The Look of Home 03Complementada pelos espaços de Adriano Amado,

a dupla Guilherme Saggese e Jorge Nascimento nos oferece uma sala de almoço plena de sabores.

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Page 116: B&C BEACH&COUNTRY 07 ARTEFACTO

Por BRuNA BRANdãO CESAR ROdRIguES

116 | J U N H O 2 0 1 1

http://tinyurl.com/6g5jcd

A arte do carro desportivo é a principal

estrela no novo Museu Porsche em

stuttgart. A coleção de 80 veículos

inclui um spyder 550 - modelo que

James Dean dirigia quando faleceu em

uma colisão no ano de 1955. Além dos

carros, estacionados em dois andares,

os visitantes do museu também podem

conferir os motores, a mostra interativa

e a memorabília Porsche.

http://tinyurl.com/cl8jmt

Bicicletas exclusivas, feitas à mão e com design diferenciado. Essa é a

proposta do Kinfolk Bicycles que possui décadas de experiência na construção de bicicletas totalmente moldadas aos desejos e à imaginação do cliente. os

pedidos são feitos por encomenda e o site possui serviço de entrega para o mundo

todo, com previsão de 30 a 60 dias.

http://tinyurl.com/3m5f9ez

Desde 1999, Hélio e Mara vivem no mar

a bordo do barco MaraCatu, construído

pelas próprias mãos do casal. o blog

caracteriza-se como um espaço divertido e

inspirador, que abrange as histórias e

bastidores das aventuras da dupla

ao redor do mundo.

http://tinyurl.com/3bpqrfb

Maior construção do mundo esférico, a

arena Ericsson Globe foi construída em

Estocolmo no tempo recorde de dois anos

e meio e já recebeu a visita dos melhores

artistas do mundo e estrelas do esporte.

o seu design inovador atrai milhares de

turistas à cidade e permite a realização de

diversos eventos desde um ringue de

hóquei no gelo a um jantar de gala.

http://tinyurl.com/3akzoyg

Esta é para os fãs de star Wars: Imagine a

voz de Darth Vader dando as coordenadas

do seu GPs. Com o novo produto da saga,

agora é possível. Além da versão do vilão,

também estão disponíveis os aparelhos

caracterizados pelos personagens Yoda,

C-3Po e Han solo.

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o hotel foi fundado pelo falecido Jean-Marie rivière, astro do mundo do cabaré parisiense, na década de 1950,

e faz jus ao estilo retrô-chique. Ideal para admiradores de arte moderna,

cada bungalow (são nove no total) traz o nome de um artista, designer ou

artesão, além de peças modernistas dignas de colecionadores, como as de

Le Corbusier.

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