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Boletim de Comunicações Província São Francisco de Assis – RS Ano XLVIII – N. 01 – Jan.-Abr./2015
Profissão Solene de Frei Tiago Roberto Frey
BdeC
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SUMÁRIO
EDITORIAL ........................................................................................................................................ 2
PALAVRA DO MINISTRO PROVINCIAL ...................................................................................... 3
COMUNICAÇÕES .............................................................................................................................. 4
Da Secretaria provincial ................................................................................................................... 4
Da Animação Missionária ................................................................................................................ 4
Carta sobre a coleta para as Missões ............................................................................................ 4
Do Secretariado para as Missões e a Evangelização ........................................................................ 5
Roteiro de perguntas para o diagnóstico da Ação Evangelizadora na Província ......................... 5
DA CONFERÊNCIA DOS RELIGIOSOS DO BRASIL.................................................................... 7
Carta ao Papa Francisco ................................................................................................................... 7
CONGRESSO NACIONAL DA VIDA CONSAGRADA ............................................................. 8
NOTA SOBRE A SITUAÇÃO DO PAÍS ....................................................................................... 8
PARTILHAS ........................................................................................................................................ 9
Frei Tiago Professa os votos Perpétuos ........................................................................................... 9
Equipes de Nossa Senhora ............................................................................................................. 10
Peregrinação à Terra Santa ............................................................................................................ 12
Biografia de Dom Oscar Romero* ................................................................................................. 13
UMAS.KI.OUTRAS .......................................................................................................................... 17
EDITORIAL
O ano de 2015 se apresenta como ano de realizações,
mesmo em meio a dificuldades sociais, políticas e econômicas, em
meio a escândalos, denúncias e investigações em nosso País.
É ano da Vida Consagrada, convidando-nos o Papa a
recolocar a Alegria do Evangelho em nossa vida e missão. É ano
de Capítulo Geral, propondo-nos a fraternidade e a minoridade
como eixos identitários de nosso carisma e de nossa vida
comunitária e pessoal. É início de Ano Jubilar, congregando-nos
no resgata da história provincial para animar e projetar o futuro.
O BdeC quer ser instrumento de auxílio de reflexão e
partilha aos irmãos e amigos neste momento, com o desejo de
ampliar a luz do Senhor em nossa vida.
Fraternalmente,
A Equipe.
EXPEDIENTE:
BdeC
Boletim de Comunicações
Informativo da
Província São Francisco de Assis
Da Ordem dos Frades Menores no Brasil.
Av. Juca Batista, 330
Bairro Ipanema
91770-000 – Porto Alegre – RS
E-mail: [email protected]
Equipe responsável:
Frei Arno Frelich, OFM
Frei Benício Warken, OFM
Frei Harri Schuh, OFM
Frei Jorge Egídio Hartmann, OFM
Frei Plínio Ricardo Maldaner, OFM
Frei Inácio Dellazari, OFM
Frei Marino Pedro Rhoden, OFM
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PALAVRA DO MINISTRO PROVINCIAL
Caros Confrades,
Estamos vivendo tempos significativos para nossa caminhada de Frades Menores na
Província São Francisco de Assis. Com o Ano da Vida Consagrada a Igreja nos desafia a
redescobrir nossa Identidade de consagrados neste tempo de mudanças pelo qual passa toda a
Igreja. Em nível de Ordem, vivemos o evento principal, ou seja, o Capítulo Geral com eleição do
novo Ministro Geral e do novo Governo da Ordem. O Tema escolhido foi “Irmãos e menores em
nosso tempo”. Já refletimos, em nossas fraternidades, sobre o significado deste tema a partir de
subsídios oferecidos pela Ordem. São duas dimensões evangélicas essenciais de nossa Identidade
Franciscana: a Fraternidade (Irmãos) e a Minoridade. Estar no mundo como irmãos e
menores. É o primeiro anúncio. A nossa Província escolheu como tema do último Capítulo Viver
a Vocação Franciscana no Mundo. Para viver nossa vocação franciscana no mundo a Ordem
propõe que sejamos irmãos e menores. Há sintonia de nossa caminhada provincial com toda a
Ordem. Estamos nesse contexto nos preparando para celebrar, como Província São Francisco de
Assis, os 50 anos de Autonomia e 40 anos de Província. É um tempo forte para fazermos memória
de nossa caminhada e ver como, ao longo desse tempo, vivemos nossa vocação no mundo, que os
passos importantes e significativos damos como resposta aos desafios de cada tempo e, assim,
projetar o futuro no novo tempo que vivemos. Muitos frades já estão trabalhando e vivendo esse
evento importante para nossa Fraternidade Provincial. Que o Senhor seja louvado!
Segundo o Papa Francisco, na Evangelii Gaudium, a Igreja cresce não por proselitismo, mas
por atração. Nossas fraternidades têm a bela missão de atrair as pessoas para a vida do Evangelho.
Através de nosso jeito de viver o Evangelho os outros podem se encantar pela Boa Notícia de Deus
vivida e anunciada por Jesus de Nazaré.
Que o Senhor nos anime e nos encoraje nessa missão e seja louvado por tudo de bom que
vem realizando através de cada irmão.
Com abraço fraterno
Fr. Inácio Dellazari OFM
Ministro provincial
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COMUNICAÇÕES
Da Secretaria provincial
O Capítulo Geral da Ordem será realizado de 10 de maio a 07 de junho de 2015, em Santa
Maria da Porciúncula, Assis, Itália. O Ministro provincial, Frei Inácio participará do Capítulo,
visitando nos dias antecedentes os confrades que estão na Terra Santa, retornando no dia 10 de
junho.
Relembrando datas da Agenda provincial:
MAIO: 24 – Pentecostes – Renovação dos votos dos Frades Professos temporários, no Convento
São Boaventura, Daltro Filho, Imigrante, RS.
JUNHO: 22 a 26 – Assembleia do SIFEM em Bacabal, MA.
28/06 a 02/07 – Congresso da Comissão Educativa da CFMB, FAE, Curitiba, PR.
29/06 a 11/07 – II Etapa do Curso de Formadores da CFMB.
JULHO: 09 a 12 – II Encontro Nacional de Jovens da CFMB em Anápolis, GO.
19 (à noite) a 24 (meio dia) – Retiro provincial.
29 a 30 – Reunião do Definitório provincial, em Porto Alegre.
AGOSTO: 03 (9h) – Reunião do Conselho Administrativo, Daltro Filho.
04 (9h) a 05 (meio dia) – Encontro Formação Permanente, Guardiães e Definitório
provincial.
24 a 28 – Encontro dos Ecônomos da CFMB em São Luís, MA.
26 a 27 – Reunião do Definitório provincial, em Porto Alegre.
Da Animação Missionária
Carta sobre a coleta para as Missões
Caros confrades!
“Somos uma Fraternidade enviada ao mundo inteiro para evangelizar tanto pelo testemunho
de vida e fé, como pela pregação, pelo exercício do ministério pastoral” (Plano Provincial de
Evangelização e Missão). “Na Pastoral missionária, todas as verdades reveladas procedem da
mesma fonte divina e são acreditadas com a mesma fé, nisto sobressai a beleza do amor Salvífico de
Deus, manifestado em Jesus Cristo morto e ressuscitado” (Evangelii Gaudium).
No mês missionário, do ano 2014, a nossa Província através das várias frentes de
evangelização participou com a contribuição para as missões Franciscanas. O incentivo a esta
participação se faz necessário, pois em 2008 enviamos para Roraima três frades para integraram,
junto com a CFMB, o Projeto Missionário da Região Amazônia. Atualmente estamos com dois
frades. Vai nosso agradecimento a todos os que colaboraram.
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COLETA DAS MISSÕES 2014
Paróquia São José de Taquari........................................................... 1.210,80
Paróquia São Cristóvão de Lajeado .................................................... 832,00
Paróquias de Bela Vista do Fão, Pouso Novo e Progresso ................. 720,00
Paróquia Santa Clara da Lomba do Pinheiro ...................................... 706,20
Paróquias de Hulha e de Candiota....................................................... 100,00
Paróquia de Não-Me-Toque ............................................................. 1.182,00
Paróquia São João Batista de Daltro Filho .......................................... 822,00
Paróquias de Agudo e de Cortado ....................................................... 419,00
Paróquia de Gravataí ........................................................................... 475,00
Paróquia S Francisco e Clarissas ...................................................... 2.900,00
Paróquia de Horizontina ...................................................................... 500,00
Paróquia de Alegria ............................................................................. 521,00
Paróquia São José de São José do Inhacorá ........................................ 400,00
Casa Monte Alegre .............................................................................. 900,00
Centro vocacional ................................................................................ 233,00
Capela Santa Luzia .............................................................................. 160,00 ____________________________________________________
Total ............................................................................................... 12.080,20
Estrela, 20 de fevereiro de 2015.
Frei Aldir Mattei, OFM
Moderação das Missões
Do Secretariado para as Missões e a Evangelização
Roteiro de perguntas para o diagnóstico da Ação Evangelizadora na Província
Informações gerais.
Nos dias 7 e 8 de abril esteve reunido o Secretariado para as Missões e a Evangelização. Na
reunião refletiu-se sobre a atual situação do Projeto Articulador e do Centro para as Missões e a
Evangelização. Todos sabem que o último Capítulo decidiu que o assunto seja aprofundado,
amadurecido e encaminhado até o próximo Capítulo. A reflexão sobre a questão em debate foi rica
e desembocou no seguinte encaminhamento: realizar diagnóstico sobre a ação evangelizadora dos
frades na Província. Este tem por finalidade indicar luzes para o Projeto Articulador e para a
viabilização do Centro para Missões e a Evangelização. Além disso, está dentro do espírito do ano
jubilar da Província como ação de graças do que foi realizado, como avaliação da caminhada
evangelizadora e como perspectivas a serem assumidas.
Como será feito o diagnóstico e quem o fará? O meio de colher os dados para o diagnóstico
será através de roteiro de perguntas a ser respondido pelos frades em encontro agendado com Frei
Flávio, articulador do Centro para as Missões e a Evangelização. Depois de colhidas as
informações, estas serão elaboradas de forma sintética e passarão pelo aval de todos os frades. Do
resultado do diagnóstico serão tiradas luzes que orientarão a caminhada evangelizadora da
Província.
Outro encaminhamento do Secretariado para as Missões e a Evangelização é ouvir o que o
povo pensa da ação evangelizadora dos freis. Uma equipe foi constituída para elaborar roteiro de
perguntas e enviá-las aos responsáveis das frentes de evangelização. Estes incluirão as referidas
perguntas no esquema de avaliação nas assembleias das comunidades as quais serão aprofundadas e
amadurecidas nas assembleias paroquias e de rede de comunidades. Além disso, nas assembleias
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gerais serão escolhidas as pessoas que participarão do encontro, em maio de 2015, das lideranças de
nossas paróquias e de nossas frentes de evangelização.
Roteiro de perguntas.
Este roteiro de perguntas tem o aval dos membros do Secretariado para as Missões e a
Evangelização. Não está fechado, mas aberto às contribuições dos frades até o fim de abril e no
momento da visita de Frei Flávio para a coleta das informações.
I. Sobre a ação evangelizadora.
1. Quais as pastorais existentes?
2. Quais os ministérios existentes?
3. Quais os serviços organizados (conselhos; grupos de família; outros)?
4. Que tipo de trabalho tem com os jovens? Quantos grupos de jovens?
5. Que tipo de pastoral, serviço existe em relação aos pobres e excluídos?
6. Que tipo de trabalho, serviço, atividade existe em relação à animação vocacional?
7. Qual o envolvimento com os movimentos sociais?
8. Outras atividades existentes em termos de ação evangelizadora?
9. Em que tipo de formação permanente os leigos e as leigas participam? Quem participa?
Quantos participam? Tem formação bíblica permanente? Existe formação franciscana?
10. Quais as prioridades diocesanas para a pastoral?
11. Realizam Assembleias para avaliar e planejar a pastoral?
12. Tem um Plano de Pastoral escrito?
13. Quais são os pontos fortes da ação evangelizadora?
14. Quais os pontos fracos da ação evangelizadora?
15. Quais as principais necessidades da ação evangelizadora?
16. Em que o Centro de Evangelização e Missão poderia ajudar na ação evangelizadora?
Assessoria, articulação, subsídio? Outros tipos de ajuda?
II. Sobre os frades evangelizadores.
1. Como os frades se sentem na ação evangelizadora?
2. Como os frades programam, organizam, avaliam as suas atividades evangelizadoras?
3. Que tipo de espiritualidade e de mística franciscana evangelizadora os frades cultivam e
como a cultivam?
4. Quais os pontos fortes dos frades na ação evangelizadora?
5. Quais os pontos fracos dos frades na ação evangelizadora?
6. Quais as principais necessidades dos frades na ação evangelizadora?
7. Em que temas e áreas os frades sentem necessidade de formação e informação?
8. Outras observações sobre a ação evangelizadoras dos frades.
III. Sobre alguns dados importantes para a ação evangelizadora.
1. População.
2. Principais desafios sociais e culturais.
3. Número de comunidades e de fiéis por comunidade.
4. Percentual de participação nas celebrações.
5. Número de lideranças.
6. Alternância das lideranças.
7. Estrutura física das comunidades (igrejas, salões comunitários, salas de catequese, salas
para encontros, salas para geração de renda).
8. Há quantos anos os frades atendem a paróquia, a rede de comunidades?
9. Outros dados significativos.
Em nome do Secretariado para as Missões e a Evangelização,
Frei Flávio Guerra, OFM
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DA CONFERÊNCIA DOS RELIGIOSOS DO BRASIL
Carta ao Papa Francisco
Aparecida, 10 de abril de 2015.
Querido Irmão Papa Francisco
A Vida Religiosa Consagrada do Brasil vem saudá-lo com a ternura de um coração que ama
e se dirige ao Papa como a um irmão muito querido. Receba o nosso abraço, um abraço de quem
entra “pela porta do coração”, aquela porta que identifica todo o povo brasileiro, mas de forma
muito especial, as pessoas consagradas deste imenso Brasil.
Neste ano especial da Vida Consagrada, nos dias solenes do tempo pascal, de 07 a 10 de
abril, nós Consagradas e Consagrados, vivemos um verdadeiro kairós, realizando o Congresso
Nacional, em Aparecida, São Paulo, Brasil, chão que já o acolheu e que, certamente, está na
memória do seu coração. Somos mais de 2.100 participantes, provenientes de todo o território
nacional e de outros países.
Trouxemos em nosso coração o apelo feito a toda Vida Religiosa Consagrada: Evangelho,
Profecia, Esperança. Aqui chegamos com nossas entranhas carregadas de desafios e perplexidades,
de sonhos e esperanças, na certeza de que nos cabe assumir, com renovada alegria, nossa identidade
de pessoas consagradas, no seguimento fiel a Jesus de Nazaré, apaixonadas pelo Reino de Deus,
inseridas no atual contexto eclesial e social, prontas a “despertar o mundo” para o divino que habita
no meio de nós.
Aos pés da Mãe Aparecida, daquela que “guardava tudo em seu coração”, nos debruçamos
sobre o Núcleo Identitário da Vida Consagrada: Atitude profética, processo mistagógico. Nesta
busca da identidade de nossa vida, reconhecemos a urgência de sermos peregrinas e peregrinos do
mistério, mergulhando na interioridade de nosso ser, abertas/os aos novos campos de missão,
atentos\as às tendências do mundo atual, mas que nos oferecem oportunidades de renovação. Para
isto, precisamos nos deixar alcançar pelo mistério, cultivar uma mística de olhos abertos, cuidar da
formação mistagógica, dos nossos Institutos, sonhando e arriscando confiantes na promessa de Deus
e na presença do Espírito, que renova a face da Terra.
Experimentamos a presença viva do ressuscitado entre nós. Visibilizamos a ressurreição em
tantos rostos de consagrados e consagradas que, a exemplo de Jesus, dão sua vida em favor dos
irmãos e irmãs das “periferias existenciais”, vítimas de um sistema que lhes nega a vida, no qual a
Vida Consagrada se encontra inserida, sendo ali presença de esperança e solidariedade.
As conferências, as celebrações, os testemunhos, as partilhas e toda a animação
evidenciaram a verdade do lema de nosso Congresso: “Não ardia nosso coração quando Ele nos
falava pelo caminho?” (Lc 24,32). Como nosso querido Papa constatamos que “onde existem
consagrados existe alegria”. E foi muita a alegria vivida! Celebramos a beleza da consagração, a
alegria do seguimento a Jesus Cristo, o dom da profecia, a força da comunhão na riqueza das
diferenças.
Nossa comunhão eclesial foi evidenciada com a presença do Presidente da Conferência
Nacional dos Bispos do Brasil - CNBB, Cardeal Raymundo Damasceno Assis que nos acolheu e
apoiou de forma muito fraterna. Estiveram conosco o bispo referencial da Vida Consagrada, Dom
Jaime Spengler e Dom Pedro Brito Guimarães, Presidente da Comissão dos Ministérios Ordenados
e da Vida Consagrada. Como nossa Vida Consagrada é essencialmente missionária, contamos
também com a presença de Dom Sérgio Arthur Braschi, da Comissão Pastoral para a Ação
Missionária da CNBB, no envio de mais uma religiosa para a missão intercongregacional no Haiti,
Ir. Marlene Aparecida Avansi.
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A presença e a contribuição da Presidente da CLAR Ir. Mercedes Letícia Casas Sánchez,
ajudou a ver as Luzes e as Esperanças da VC na América Latina. Participaram também membros de
Institutos Seculares, Religiosos de Igrejas Orientais, bem como representantes das Novas
Comunidades de Vida e de Aliança. Toda esta riqueza foi tecida pela sabedoria e liderança da
presidente da Conferência dos Religiosos do Brasil - CRB Nacional, Ir. Maria Inês Vieira Ribeiro e
toda Equipe colaboradora.
Querido Irmão Papa Francisco!
Manifestamos nossa profunda gratidão pela iniciativa em promulgar o Ano da Vida
Consagrada que, com certeza, nos ajuda a “viver o passado com gratidão, o presente com paixão e
abraçar o futuro com esperança”, contribuindo assim a “despertar o mundo” para os valores do
Evangelho. Confirmando a importância desta iniciativa, Dom João Braz de Aviz, por meio de uma
gravação, se fez presente em nosso Congresso, sendo porta voz da finalidade e dos objetivos deste
Ano. A Vida Consagrada nunca deve renunciar à profecia, vivendo os valores do Reino e cuidando
da vida comunitária. Nossa gratidão também por esta presença e atuação de Dom João.
Neste espírito de gratidão e alegria, desejamos-lhe saúde e força para prosseguir em sua
missão de Pastor da Igreja, neste atual contexto da história. Como pessoas consagradas,
expressamos nosso apoio às suas decisões e iniciativas, em busca da fidelidade evangélica de toda a
Igreja. Conte com nossa prece fervorosa e comunhão amorosa.
Ir. Maria Inês V. Ribeiro, mad
Presidente da CRB Nacional
Pelos 2.100 Participantes do Congresso Nacional da Vida Consagrada do Brasil
CONGRESSO NACIONAL DA VIDA CONSAGRADA
NOTA SOBRE A SITUAÇÃO DO PAÍS
A Conferência dos Religiosos do Brasil, por ocasião do Congresso Nacional para a Vida
Consagrada, realizado nos dias 07 a 10 de abril de 2015, em Aparecida, São Paulo, com a presença
de mais de dois mil Religiosos e Religiosas de muitas Congregações e Institutos de Vida
Consagrada, Sociedade de Vida Apostólica e Institutos Seculares, de todo o Brasil, refletiu sobre o
complexo e difícil momento por que passa o País, sobretudo no que se refere a ameaça aos avanços
sociais e os processos democráticos, que consolidamos nestes últimos anos.
Refletindo sobre a identidade e profecia, viu-se a urgência de uma reação pacífica, mas
contundente contra as práticas repressoras em cursos: a eminência de aprovação da redução da
maioridade penal, a perda de conquistas trabalhistas e a manipulação midiática que se impõe
distorcendo os fatos e imprimindo uma abordagem parcial dos mesmos.
É legítimo o clima de insatisfação popular frente ao “Escândalo da corrupção na Petrobrás,
as recentes medidas de ajuste fiscal adotadas pelo Governo, o aumento da inflação, a crise na
relação entre os três Poderes da República”, no entanto nada legitima um “golpe na democracia”,
pois o Estado Democrático de Direito foi conquistado com muita luta, sofrimento e martírio.
As manifestações de rua, ainda que legítimas, tem sido apropriadas pela elite dominante
como com meios de indução aos interesses privados do capital financeiro e da volta aos regimes
autoritários, que comprovadamente só trazem sofrimento à população, em particular aos mais
pobres.
Conscientes de que o que está em jogo é um conflito de projetos de sociedade, nossa missão
profética nos coloca sempre ao lado dos que mais sofrem, com uma postura ética, pautada na justiça
e defesa dos direitos. Por isso nos posicionamos contra toda forma de dominação, interesses,
iniciativas e processos que violentem ou abortem as conquistas que potencializam a inclusão dos
mais pobres. Assumimos o projeto de Lei de Iniciativa Popular elaborado pela coalizão pela
Reforma Política Democrática e Eleições Limpas. Nos posicionamos contra a redução da
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maioridade penal, o não reconhecimento das causas indígenas e dos quilombolas e refutamos o
propósito ilegítimo de impeachment da Presidente Dilma Rousseff.
Convocamos a todas e todos a se manterem firmes neste caminho, com uma postura crítica e
lúcida neste momento histórico, discernindo com solicitude o que apoiar, exercendo uma cidadania
ativa voltada para o fortalecimento das causas populares das minorias.
Que nossa Senhora Aparecida, nos ilumine e conduza sempre nos caminhos da justiça e
profecia.
Aparecida, 10 de abril de 2015.
Irmã Maria Inês Vieira Ribeiro, mad
Presidente da CRB Nacional
Pelos mais de 2.100 Consagrados e Consagradas presentes no Congresso Nacional
PARTILHAS
Frei Tiago Professa os votos Perpétuos
No dia 26 de abril, na Igreja Matriz Santa Inês, Frei Tiago Frey professou solenemente os
votos Perpétuos.
Amanhecia em Três Passos, o céu nos despertava com azul sublime. Para toda a família
Frey, os paroquianos e os Frades da Província São Francisco de Assis era um dia mais que especial,
depois de uma caminhada, de oração e trabalho - momentos que fizeram a cada dia fortalecer a sua
escolha em seguir o Cristo Pobre, humilde e crucificado – segundo os passos de São Francisco de
Assis, Frei Tiago Roberto Frey, solenemente professaria seus Votos Perpétuos.
Na manhã de domingo, ao chegar à Matriz Santa Inês, nos deparamos com a igreja lotada:
inúmeros familiares, amigos e Frades. Em todos, o desejo de participar e rezar na celebração.
Não é o fim, mas uma etapa. É a celebração de fortalecimento de um sim, ao qual o frade
vem há mais de nove anos dizendo todos os dias: “Senhor, que tu cresças dentro de mim e eu
diminua” – Frei Tiago vem na caminhada vocacional desde o Seminário Menor São Pascoal, em
Três Passos. Passou pelo Postulado, em Arroio do Meio, Noviciado, em Imigrante, os Estudos de
Filosofia (Porto Alegre) e o seu ano de prestação de serviço, em Progresso. Em todo esse tempo ele
reafirmou o seu sim.
Na manhã daquele domingo, Frei Tiago, professou diante de toda a comunidade, diante dos
seus coirmãos e toda a Santa Igreja, o desejo de seguir a Cristo, segundo a forma de vida dos Freis
Franciscanos: em Pobreza, Obediência e Castidade. O Ministro provincial, Frei Inácio Dellazari, em
nome da Ordem e da Igreja, aceitou a pedido do frade, garantindo, que se ele observar o Santo
Evangelho, terá a vida eterna.
Frei Tiago se prostrou no chão diante do altar enquanto a Ladainha de todos os santos era
lindamente e devotamente entoada, em seguida, ao ajoelhar-se aos pés do Ministro provincial,
emitiu os votos perpétuos.
Em um mundo onde as coisas não são duráveis, em que as promessas são desfeitas com a
mesma agilidade que são feitas, Frei Tiago, como disse o Papa Francisco, não teve medo, remou
contra a maré. Aceitou o convite de ser Bom, a exemplo do Bom Pastor, que dá a sua vida por seus
amigos. A caminhada de Frei Tiago não terminou, mas agora ele se entregou totalmente e sem
reservas ao serviço do Reino. Ele continuará os estudos de Teologia na Escola Superior de Teologia
e Espiritualidade Franciscana, em Porto Alegre, e a formação permanente. Recomeçando sempre de
novo, cada dia, aspirando à perfeição da vida evangélica.
Frei Malone Rodrigues, OFM
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Equipes de Nossa Senhora
As Equipes de Nossa Senhora (ENS) são um movimento exclusivamente de casais, para
casais (embora existam viúvas que já faziam parte antes de assim se tornarem) e que visa a
Espiritualidade conjugal. Pode parecer esquisito tem um movimento (ou pastoral, mas não é o termo
certo) que visa exclusivamente o casal! Evidentemente, se o casal tem uma espiritualidade cristã
profunda, a família é influenciada. Isto não acontece sempre, mas pode ajudar.
Movimento, a própria palavra já antecipa certas características das ENS: "quer ajudar casais,
que nelas ingressam, a darem sempre um passo à frente em direção ao seu ideal, mantendo sempre
vivo o seu dinamismo interno. Supõe, portanto, uma dinâmica, uma evolução, um progresso, uma
adaptação permanente ao mundo em marcha, uma participação atuante na vida e na missão da Igreja
peregrina" (O Espírito e as grandes linhas do Movimento).
Espiritualidade.
Sempre que se fala em espiritualidade, surge a prioridade do "espiritual", o que é animado
pelo Espírito Santo tendendo sempre a perfeição da caridade entre os cônjuges, sua família e a
própria Igreja.
Sabemos que o cristianismo não pode ser vivido por todos do mesmo modo: chega-se à
perfeição como "o Pai é perfeito" por vários caminhos. As ENS procuram esta perfeição pelo
caminho do casamento: é o casal que está em questão.
Pio XI já dizia na Encíclica Casti Connubi: "A ação pela qual
o amor deve se manifestar nas sociedades domésticas, não
compreende somente o apoio mútuo; deve ter um objetivo mais alto –
e isto deve ser mesmo o objetivo principal – a saber, que os cônjuges
se ajudem reciprocamente em formar e aperfeiçoar neles, cada dia
mais, o homem interior" (O Espírito e as Grandes Linhas do
Movimento, p. 10).
É um movimento Leigo, sempre tendo como orientador um
sacerdote (ou outro/a religioso/a), e "casados, é juntos que devem
caminhar para este crescimento, apoiados numa espiritualidade adequada ao seu estado de vida,
num esforço conjunto... em todos os planos da vida" (Op. cit).
É um movimento supranacional e não tem fronteiras, diríamos até supra paroquial no
sentido de que não se liga a uma paróquia específica, mas atua em várias pastorais paroquiais.
Como começou.
De modo resumido, na sua revista de fev/mar de 2015 (portanto eles têm uma revista que se
chama "Carta Mensal") lê-se o seguinte: "Ousamos dizer que inspirada pelo belo exemplo da
família de Nazaré, uma mulher foi a responsável de dar o primeiro passo, buscando junto ao Pe.
Caffarel conselhos sobre a vivência espiritual de seu matrimônio. Esta mulher foi Madeleine
d'Heilly. E como boa discípula, acatando a sugestão do sacerdote, dias depois está na presença do
padre junto com seu esposo Gérard". E mais adiante continua "E é assim, que em 25 de fevereiro de
1939 em Paris, França, Pe. Caffarel e quatro casais reúnem-se para buscarem uma resposta sobre a
vivência espiritual do Sacramento do Matrimônio". Assim teve início o movimento. E o Brasil foi o
primeiro país a receber o movimento fora da língua francesa, em 13 de Maio de 1950 pelo casal
Nancy e Pedro Moncal, em S. Paulo. Atualmente no Brasil existem mais de 45 mil membros. O
Brasil também recebeu um congresso (o primeiro fora da Europa) em 2012 (Brasília) com 7.000
casais, aproximadamente. Neste ano, no Brasil terão um congresso em Aparecida (só do país). Em
Porto Alegre, existem 8 setores e cada setor tem 8 equipes (nem todas completas).
11
Pe. Henry Caffarel, um sacerdote francês, antes e durante a guerra, foi o grande incentivador
desta espiritualidade conjugal. Aos poucos foi deixando aos leigos a direção, organização etc... Hoje
já existe a Postulação de sua beatificação...
A mística das equipes
A palavra "equipe" já esclarece o que se quer como prioridade: trabalho em comum; união
de corações e de almas; uma fé em comum; um exercício de auxílio mútuo material e espiritual. É
uma comunidade. Por isso os casais estão estruturados em grupos de 5 a 7 casais que se reúnem
praticamente duas vezes por mês: uma reunião para estudo de determinados temas já previstos pelo
Movimento e outro (ou só um) para partilhar suas alegrias e agruras, para rezar, para trocar ideias,
enfim, tentar um casal ajudar o outro, em total sinceridade e simplicidade.
Obrigações do casal participante da ENS.
Várias são as obrigações (ou deveres) que o casal deve cumprir durante o mês. Entre estas,
destacam-se:
Ao menos uma vez por mês parar e sentar juntos para conversar sobre sua
vivência conjugal;
Escutar a Palavra e Meditação: de preferência, todos os dias uma pequena
reflexão sobre um trecho da Bíblia ou o evangelho do dia; deve-se acrescentar que muitos
casais conseguem meditar todos os dias;
Diariamente rezar o Magnificat;
Não esquecer do terço (tem membros que rezam o terço enquanto vão ao
trabalho);
Oração conjugal: é um momento de oração em conjunto geralmente no final
do dia. Nem todos o conseguem, tendo em vista os diferentes horários de repouso, mas
procuram, de alguma forma, fazer uma oração em casal.
Pontos concretos: Cada membro do casal (ou o casal) escolhem mensalmente
um ponto concreto para melhorar (P.ex. ter mais paciência, falar menos dos outros, etc...);
Terço em conjunto: cada setor reúne os casais uma vez por mês para rezar
juntos o terço. Nossa casa (Provincialado) recebe os casais todas as 1ª segundas-feiras de
cada mês (o normal são 40 pessoas).
Além da missa dominical, como qualquer católico, eles tem a obrigação de
participar de uma missa extra.
O que acontece numa reunião normal.
Um casal é responsável para coordenar, e cada mês a reunião é na casa de outro casal.
Inicia-se com orações, intenções, meditação de um trecho da bíblia, cada casal coloca o que de mais
importante aconteceu durante o mês, comunicações, pequena contribuição para o movimento e um
jantar muito simples. Na equipe que participo a frequência é quase sempre total, muita
espontaneidade, simplicidade, todos falam a vontade, buscam e levam de volta o sacerdote. A
reunião sempre termina com a oração do Magnificat e a bênção do assistente espiritual. O casal
coordenador tem a responsabilidade de fazer um relatório mensal.
Penso que estas poucas linhas dão uma ideia aproximada do que seja o Movimento das
Equipes de Nossa Senhora. Deve-se acrescentar ainda que pela sua espiritualidade, obrigações etc.,
é um movimento de leigos, bastante voltado à santidade em seu estado de vida.
Que a Mãe Maria os acompanhe!
Frei Pedro Tarelli, OFM
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Peregrinação à Terra Santa
Conduzir peregrinos à Terra Santa é uma das diversas tarefas de um Comissário. É sempre
algo marcante, belo, pois falar dos lugares santos, em especial, do Santo da Terra, da Palavra ali
proclamada, da História da Salvação, do Projeto de Deus pra toda a humanidade a partir daquela
terra é algo fascinante e toca de um modo particular as pessoas.
Desde quando recebemos o batismo pertencemos a Cristo. Ele é o centro da nossa fé. Para
seguir Jesus é evidente que não é preciso peregrinar à sua „terra natal‟. Mas, sendo possível entrar
em contato com os lugares onde Ele viveu, facilita uma maior compreensão de sua pessoa e de sua
mensagem. Deveria fazer parte do sonho de cada cristão. Assim, um judeu sempre saúda o outro no
final de cada ano judaico dizendo “até o ano que vem em Jerusalém”. Expressa a esperança de
peregrinar à Cidade Santa. O Alcorão diz que todo muçulmano que puder vá ao menos uma vez na
vida como peregrino a Meca.
A Terra Santa, cara às três maiores religiões monoteístas do mundo, permite um privilegiado
encontro do homem com Deus, de uma forma quase impossível em outro lugar. Para os cristãos
peregrinar ali é ver com os próprios olhos e tocar com as próprias mãos os sinais da presença de
Cristo. É conhecer as origens e razões da nossa fé. É fazer uma experiência de fé!
Existem pessoas que peregrinaram diversas vezes para a Terra Santa e tem condições para
isto. Mas a grande maioria faz um esforço hercúleo para realizar este sonho. Para isto servem-se da
criatividade. Alguns vão guardando ao longo dos anos algum dinheiro para este fim. Outros, quando
se aposentam ou quando recebem uma herança. Mas o exemplo mais tocante nestes cinco anos de
Guia foi o de uma senhora que conseguiu ir com a venda de pastéis. Ela desejava muito ir, mas a
família não tinha condições de pagar-lhe. Ela então começou a fazer e vender pastéis na
comunidade paroquial, na escola, aos amigos... A solidariedade, o carinho e a generosidade das
pessoas fez o resto para que este sonho se tornasse realidade.
O Brasil em 2014 levou cerca de 300 mil peregrinos católicos à Terra Santa. São dados
oficiais da Custódia da Terra Santa. Só perdemos para os Estados Unidos e a Itália. Mas com o
dólar „descontrolado‟ muita gente que pensava viajar neste ano está colocando o „pé no freio‟. De
fato, a viagem, hotéis, taxas, são cotados em dólar. Outro aspecto citado por potenciais peregrinos é
o medo da violência no Oriente Médio. Este é muitíssimo menor do que a nossa violência de cada
dia. É que a grande mídia praticamente só fala da região onde se localiza a Terra Santa (Síria e
Egito, incluídos), quando há algum atentado, alguma morte. Assim, no imaginário de muitas
pessoas isto é desmotivador e acabam adiando indefinidamente sua ida.
Pessoalmente me comprometi, ao longo de 2015, guiar cinco grupos. Todavia a agência
Unitur, ligada aos Focolarinos para a qual guio grupos de peregrinos na Terra Santa e também pelos
Santuários franciscanos na Itália, já me comunicou que talvez nem todos os grupos previstos se
concretizem.
Além das peregrinações, procuro intensificar o trabalho de evangelização a partir dos
Lugares Santos, pois necessariamente é preciso falar da Bíblia. Para ajudar neste trabalho há a
tradução da revista Terrasanta, para o Brasil desde 2012. Esta revista já existe há 94 anos e
pertence à Custódia da Terra Santa. A revista é um qualificado instrumento de evangelização,
particularmente para quem já peregrinou à Terra Santa ou pretende fazê-lo. E também para quem,
que por razões diversas, não poderá ir. Ela, no Brasil, é coordenada pelo Comissariado do Rio
Grande do Sul, mas está sob a responsabilidade dos outros quatro Comissariados: de São Paulo, SP;
Belo Horizonte, MG; Recife, PE, e Belém, PA.
Nestes cinco anos guiando grupos e sentindo a falta de livros, em português, que falem de
modo coloquial, catequético da realidade da Terra Santa para ajudar os peregrinos, pus-me a
elaborar um. Este finalmente está pronto e já na gráfica. Batizei-o de “Terra Santa para além dos
muros”. Oxalá ajude quem foi, for ou não puder ir, compreender e aprofundar a importância dos
Lugares Santos como o 5º Evangelho, na afirmação dos Papas-peregrinos, Paulo VI e Bento XVI.
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Portanto, a revista e o livro buscam ser ferramentas para ajudar os potenciais peregrinos e
outros interessados na pátria terrena de Jesus, a conhecer esta realidade marcante para o
crescimento e vivência da fé, a ter maior intimidade com a Palavra de Deus aí revelada e, assim,
uma vivência mais coerente no seguimento de Nosso Senhor e Salvador.
Frei Jorge Hartmann, OFM
Biografia de Dom Oscar Romero*
Oscar Arnulfo Romero Galdamez nasceu na cidade de Barrios, Departamento de São Miguel
aos 15 de agosto de 1917; era o segundo filho de uma família de oito irmãos. Seu pai se chamava
Santos Romero e sua mãe Guadalupe de Jesus Galdamez; era de uma família humilde e modesta,
seu pai era empregado dos Correios e Telégrafos, e sua mãe ocupava-se dos afazeres domésticos.
Desde pequeno Oscar foi conhecido por seu caráter tímido e reservado, seu amor ao simples e seu
interesse pelas comunicações. Ainda muito jovem sofreu grave enfermidade que afetou
notadamente sua saúde.
Aos 13 anos, por ocasião da ordenação sacerdotal de um jovem, Oscar manifestou ao seu pai
o desejo de ser sacerdote. Seu desejo transformou-se em realidade um ano depois, apesar das
dificuldades econômicas da família. Ingressou no Seminário Menor São Miguel dos padres
Claretianos, onde permaneceu por seis anos. Posteriormente, entrou no Seminário São José da
Montanha dos padres Jesuítas, em 1937. No período em que estourou a II Guerra Mundial foi
escolhido para ir estudar em Roma, e lá terminar seus estudos em preparação ao sacerdócio, escolha
feita certamente por sua integridade espiritual e inteligência acadêmica no Seminário Menor.
Foi ordenado sacerdote aos 25 anos, em Roma, pelo Papa Paulo VI, no dia 04 de abril de
1942. Continuou estudando em Roma para concluir sua tese de Teologia sobre ascética e mística,
porém, devido à Guerra, teve que retornar a El Salvador e abandonar sua tese.
Regressou ao seu país em agosto de 1943 e sua primeira nomeação foi para a paróquia de
Anamorós, no departamento de La Unión. Mas pouco tempo depois foi chamado a São Miguel,
onde realizou seu trabalho pastoral por quase 20 anos. O padre Romero era um sacerdote
sumamente caritativo e dedicado. Implantou muitos movimentos apostólicos, tais como: Legião de
Maria, Cavaleiros de Cristo, Cursilho de Cristandade, e inúmeras obras sociais, como: Alcoólicos
Anônimos, Cáritas e Alimento para os Pobres.
Não aceitava doações que não necessitava para sua vida pessoal. Exemplo disso foi o caso
do presente de um grupo de senhoras, uma cama muito confortável, a qual ele doou a uma família
carente e continuou com a simples cama que já possuía. Devido ao seu amplo trabalho sacerdotal
foi escolhido Secretário da Conferência Episcopal de El Salvador e ocupou o mesmo cargo na
Conferência Episcopal da América Central.
Aos 03 de maio de 1970 recebeu a informação de que fora escolhido para o episcopado,
sendo ordenado bispo em 21 de junho daquele mesmo ano. Foi nomeado Bispo Auxiliar de São
Salvador, que tinha como Arcebispo o ilustre Monsenhor Luís Chaves e Gonzales e como Bispo
Auxiliar Monsenhor Arturo Rivera e Damas. Com eles compartilharia seu desafio pastoral, o qual
deixou bem claro no dia de sua ordenação, com o Lema de toda sua vida: “Sentir com a Igreja”.
Dom Oscar Romero vivia no Seminário Maior, que naquele tempo era dirigido pelos padres
jesuítas. Ali conheceu padre Rutilio Grande e se tornou um grande amigo dele. Defendia e
divulgava os critérios pastorais e os caminhos assinalados pelo Concílio Vaticano II e pela
Conferência de Medellín, embora não concordasse com a Teologia da Libertação. Esses anos como
Auxiliar foram muito difíceis para Dom Romero. Não se adaptava a algumas linhas pastorais
implantadas na Arquidiocese e lhe trazia muito sofrimento o ambiente que se respirava na capital.
Foi nomeado diretor do semanário “Orientacion” e deu ao seminário uma guinada notavelmente
clerical. Esta nova orientação foi criticada por setores da própria Igreja, que consideravam um
“periódico sem opinião”.
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Em El Salvador a situação de violência avançava e a Igreja se levantava contra essa situação
de dor. Por esse motivo a perseguição à Igreja em todos os sentidos, o que começou a custar a vida
de muitas lideranças. Após muitos conflitos na Arquidiocese, aos 15 de outubro de 1974 foi
nomeado Bispo da Diocese de Santiago de Maria e aos 14 de dezembro daquele mesmo ano tomou
posse da mesma. Dom Oscar Romero tomava posse da mais nova Diocese de El Salvador naquele
tempo. Era o período da repressão contra os camponeses organizados.
Em junho de 1975 ocorreu o assassinato de camponeses que voltavam de um encontro
litúrgico, pela Guarda Nacional, conhecido como “Las Três Calles”. Pessoas inocentes foram
assassinadas sem compaixão. O informe oficial falava de supostos subversivos que estavam
armados. As „armas‟ nada mais eram que as Bíblias que os camponeses carregavam embaixo de
seus braços. Neste momento os sacerdotes da Diocese, especialmente os mais jovens, pediram ao
Bispo Romero que fizesse uma denúncia pública sobre o fato e que acusasse as autoridades
militares pelo sinistro. Dom Romero optou por fazer uma advertência privada. Escreveu uma dura
carta ao Presidente Arturo Armando Molina, que era seu amigo pessoal.
Dom Romero não havia compreendido que, por detrás das autoridades civis e militares, por
detrás mesmo do Presidente da República Arturo Armando Molina, havia uma estrutura de terror,
que eliminava de sua frente tudo o que poderia atentar contra os interesses “da pátria”, que não
eram nada mais que os interesses dos setores dominantes da nação. Dom Romero acreditava
ilusoriamente no Governo, este era seu erro. Pouco a pouco começou a enfrentar-se com a dura
realidade da injustiça social. Ele no fundo sentia muito a morte dos camponeses, mas tinha dúvidas
na forma de agir.
Os amigos ricos que ele tinha eram os mesmos que negavam um salário justo aos
camponeses. Isto começou a lhe incomodar, a situação de miséria estava chegando longe demais
para ficar esperando uma solução dos poderosos e das autoridades. A situação se tornava cada vez
mais aguda e as relações do povo com o Governo foram se deteriorando.
Na época das “cortas” – colheitas de café e outros produtos – muita gente pobre chegava à
cidade. Dom Oscar os acolhia no Bispado para dormirem sob seu teto. O que como sacerdote via
em São Miguel, como Bispo de Santiago de Maria continuava comprovando: pobreza e injustiça
social de muitos que contrastava com a vida ostentosa de poucos.
A Igreja defendia o direito do povo a organizar-se e clamava por uma paz com justiça. O
Governo olha a Igreja com suspeita e expulsa vários sacerdotes. Em meio a este ambiente de
injustiça, violência e temor, Dom Oscar Romero é nomeado Arcebispo de São Salvador a 13 de
fevereiro de 1977 e tomou posse dia 22 do mesmo mês, em uma cerimônia muito simples, sem a
presença de autoridades civis ou militares. Tinha 59 anos de idade e sua nomeação foi para muitos
uma grande surpresa, pois o candidato natural ao Arcebispado era o seu Bispo Auxiliar por mais de
18 anos, Dom Arturo Rivera e Damas: “A lógica de Deus desconcerta aos homens”.
Aos 12 de março, menos de um mês depois da posse, se deu a triste notícia do assassinato do
padre Rutilio Grande, um grande sacerdote, consciente, ativo e, sobretudo, comprometido com a fé
de seu povo. A morte de seu grande amigo Rutilio lhe doeu muito: “Um mártir deu vida a outro
mártir”! Este fato lhe causou grande impacto. Recolhendo as sugestões do clero, Dom Romero
concorda em “Celebrar uma Missa única na Catedral”, como sinal de unidade da Igreja e como
repúdio à morte de padre Rutilio Grande. Dom Romero continuou a pastoral da Arquidiocese e lhe
deu um impulso profético nunca visto antes. Seu lema “Sentir com a Igreja” era sua principal
preocupação: Construir uma Igreja fiel ao Evangelho e ao Magistério da Igreja.
Sua opção começou a dar frutos na Arquidiocese. O clero se uniu em torno do Arcebispo, os
fiéis sentiram o chamado e a proteção de uma Igreja que lhes pertencia, a “fé” dos homens se
transformou em “arma” que desafiaria as covardes armas do terror. A situação se complicava cada
vez mais. Uma nova fraude eleitoral impôs o General Carlos Humberto Romero à Presidência. Um
protesto generalizado se escutou em todos os ambientes.
Dom Oscar Romero colocou a Arquidiocese a serviço da Justiça e da reconciliação do país.
No transcurso de seu Ministério como Arcebispo transformou-se num implacável protetor da
dignidade dos seres humanos, sobretudo, dos mais necessitados. Isto o levou a empreender uma
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atitude de denúncia contra a violência e, sobretudo, a enfrentar cara a cara os regimes do mal. Criou
uma “Secretaria de Direitos Humanos”, abriu as portas da igreja para dar refúgio aos camponeses
que fugiam da perseguição no campo, deu maior impulso ao Semanário “Orientacion” e à rádio
YSAX.
Apesar da clareza de suas pregações, Dom Romero, como Jesus, foi caluniado. O acusaram
de revolucionário marxista, de incitar a violência e de ser o causante de todos os males de El
Salvador. Porém, nunca saiu dos lábios de Dom Romero uma palavra de rancor e violência. Sua
mensagem foi clara. Não se cansou de chamar à conversão e ao diálogo para solucionar os
problemas do país.
Suas homilias se converteram em citações obrigatórias em todo o país a cada domingo. Do
púlpito iluminava, à luz do Evangelho, os acontecimentos do país e oferecia raios de esperança para
mudar essa estrutura de terror. Os principais conflitos de Dom Oscar Romero surgiram das
marcadas oposições que sua maneira de fazer pastoral encontrava nos setores economicamente
poderosos do país e, unida a eles, toda a estrutura governamental que alimentava essa
institucionalidade da violência na sociedade salvadorenha. Soma-se também a isto o
descontentamento das nascentes organizações político-militares de esquerda, que foram duramente
criticadas por Dom Oscar Romero em várias ocasiões, por suas atitudes de idolatrizarão e seu
empenho em conduzir o país a uma “revolução”.
Por suas denúncias ele passou a sofrer uma campanha extremamente aguda contra seu
ministério episcopal, sua opção pastoral e sua própria pessoa. Cotidianamente eram publicados nos
jornais mais importantes, editoriais, matérias pagas, anônimos, etc., onde se insultava, caluniava e
mais seriamente ainda, se ameaçava a integridade física do Arcebispo. A “Igreja perseguida em El
Salvador” se converteu em sinal de vida e martírio no povo de Deus.
Esse calvário que a Igreja vivia já tinha deixado seus sinais nela mesma, pois logo após o
assassinato do padre Rutlio Grande, sucederam-se muitos outros assassinatos. Foram assassinados o
padre Alfonso Navarro e seu amigo Luisito Torres. Em seguida, foi assassinado o padre Ernesto
Barrera, logo após foram assassinados num centro de retiros o padre Otávio Ortis e quatro jovens.
Por último foram assassinados os padres Rafael Palácios e Alírio Napoleon Massias. A Igreja sentia
na própria carne o ódio irascível da violência que se havia desenvolvido no país.
Torna-se difícil entender no ambiente salvadorenho que um homem tão sensível e tímido
como Dom Romero se convertesse em um implacável defensor da dignidade humana e que sua
imagem ultrapassasse as fronteiras nacionais pelo fato de ser “voz dos sem voz”. Muitos dos setores
poderosos e, alguns bispos e sacerdotes, se encarregaram de manchar seu nome, inclusive fazendo
chegar até os ouvidos das autoridades de Roma. Dom Romero sofreu muito com esta situação, doía-
lhe a indiferença e/ou a traição de algumas pessoas próximas.
Já no fim do ano de 1979, Dom Romero sabia do eminente perigo que corria sua vida e, em
muitas ocasiões, fez referência a ele. Era consciente do temor humano, porém, mais consciente do
temor a Deus a não obedecer à voz que suplicava, para assim interceder por aqueles que não tinham
nada mais que sua fé em Deus: os pobres.
Um dos fatos que comprova o eminente perigo que corria sua vida foi o frustrado atentado à
dinamite na Basílica do Sagrado Coração de Jesus em fevereiro de 1980, o qual deveria ter
acabado com a vida de Dom Romero e de muitos fiéis que se encontravam no recinto. Apesar de
tudo isso ele disse que não abandonaria seu povo. E o cumpriu. Sua vida terminou como a dos
Profetas e de Jesus Cristo.
No domingo, 23 de março de 1980, Dom Romero pronunciou sua última homilia, a qual foi
considerada por alguns como sua sentença de morte, devido à dureza de sua denúncia: “em nome de
Deus e deste povo sofrido... lhes peço, lhes rogo, lhes ordeno em nome de Deus, CESSE A
REPRESSÃO”.
No dia 24 de março de 1980, Dom Oscar Anulfo Romero Galdamez foi assassinado com um
tiro certeiro, aproximadamente às 18h25min, enquanto celebrava a Eucaristia na capela do Hospital
da Divina Providência, exatamente no momento de preparar a mesa para receber o Corpo de Jesus.
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Foi sepultado no dia 30 de março, e seus funerais tornaram-se uma grande manifestação
popular, com a presença massiva de seus queridos camponeses que vieram dos cantões mais
distantes do país e dos operários da cidade. Algumas famílias ricas, que também lhe queriam bem,
estavam em frente à Catedral para lhe dar o último adeus, prometendo que nunca iriam lhe
esquecer. Raramente o povo se reúne para dar adeus a alguém, porém, ele era o “pai” deles, que os
cuidava, que os queria, todos queriam vê-lo pela última vez. Os atos litúrgicos foram interrompidos
pela explosão de uma bomba no meio da multidão, seguida de disparos de arma de fogo e de outras
explosões, que dispersaram a multidão em pânico, ocorrendo atropelamentos, feridos e mortos.
Dom Oscar Romero foi sepultado apressadamente numa cripta, no interior da Catedral
Metropolitana de El Salvador.
Sua morte causou muita dor no povo e um impacto no mundo. Ele mesmo havia dito que se
morresse ressuscitaria na vida do povo salvadorenho. E, de fato, ano após ano muita gente o
recorda e celebra o aniversário de seu martírio.
Três anos de frutífero trabalho episcopal haviam terminado. Porém, uma eternidade de fé,
fortaleza e confiança em um homem bom, como foi Dom Romero, havia recém começado, o
símbolo da unidade dos pobres e a defesa da vida em meio a uma situação de dor havia nascido.
A causa de beatificação de Oscar Arnulfo Romero, cujos restos mortais jazem na catedral da
capital salvadorenha, iniciou a sua fase diocesana em 1994, que foi concluída em 1996. O processo
foi então apresentado ao Vaticano no mesmo ano e, em 1997, foi recebido por Roma o decreto por
meio do qual a causa era oficialmente aceita como válida. Porém, o processo jazia nas gavetas da
burocracia vaticana até o início deste ano.
Em 03 de fevereiro de 2015 o Papa Francisco declara, por meio de Decreto, que Dom Oscar
Romero é Mártir, abrindo caminho para a sua Beatificação, que será realizada no dia 23 de maio
próximo, na Praça Divino Salvador do Mundo em São Salvador, capital de El Salvador.
Oração para pedir a Beatificação do Servo de Deus Oscar Romero Oh! Jesus, Pastor Eterno, Tu fizestes do Servo de Deus Oscar Romero um exemplo vivo de
fé e de caridade, e lhe concedeste a graça de morrer ao pé do altar num ato supremo de amor a ti.
Concede-nos, se é tua vontade, a graça de sua Beatificação. Faça com que sigamos seu exemplo de
amor a tua Igreja, a tua Palavra e a Eucaristia, e te amemos nos pobres e necessitados. Te pedimos
pela intercessão da Virgem Maria, Rainha da Paz. Digna-te conceder-me, pela intercessão do Servo
de Deus, a graça que te peço... Amém.
(Roga-se a quem obtenha alguma graça pela intercessão do Servo de Deus Oscar Romero, comunicá-la à
Secretaria de Canonização do Arcebispo de São Salvador. Fone: 22260501).
*Este texto é resultado da “tradução livre” de duas “biografias” anônimas em espanhol e de outras leituras
sobre a vida de Dom Oscar Romero, bem como de ouvir testemunhos de pessoas que compartilharam de sua vida e
atuação na Igreja e na Sociedade Salvadorenha, por ocasião de minha estada lá de 13 a 25 de março próximo passado.
Viamão, RS, 28 de abril de 2015.
Frei João Osmar D’Ávila, OFM
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UMAS.KI.OUTRAS
Frei Jorge Hartmann, OFM
1. RUSGAS ANTIGAS
Volta e meia, também Freis Nelson Mueller e Sebastião Scheibel se encontram nos mesmos
dias na Casa Provincial. Da última vez que isto ocorreu, Frei Nelson, como de praxe, provocou
discretamente Frei Sebastião. Este, não se deixou enrolar pelo matreiro Mueller e lascou curto e
seco:
- De tudo o que Frei Nelson fala ao menos 95% é pura bobagem!
Frei Nelson aparentemente ficou meio desconsertado com a dura observação de seu
confrade. Vendo isto, outro Frade presente tentou atenuar as palavras dizendo ao Frei Tião que ele
estava sendo muito radical com o Administrador do Convento São Boaventura.
Frei Tião, homem de bom coração, refletiu uns instantes e um pouco arrependido fez um
desconto, digamos, bastante generoso:
- Até concordo que exagerei um pouco. Mas ao menos 50% do que ele fala é bobagem!
Pois é, até hoje Frei Nelson anda com a autoestima bem baixa, beirando os 50%... ele sentiu
o „golpe‟ do Tião!
2. NOSSO MATUSALÉM...
Frei Flávio Guerra, o popular „Baixinho‟, é o franciscano gaúcho que mais zela pela
integridade do corpo e da mente. Seus cuidados incluem cursos variados, alimentação regrada,
Pilates, ioga, massoterapeuta, e segundo fonte fidedigna, até videntes são visitados. Os meios são
secundários, o importante é o fim. E este é sempre em vista da qualificação total dele para poder
„servir‟ melhor! Como veem, dentro do espírito da CF 2015.
Serviu por significativos 18 anos a Província fazendo parte de sucessivos governos.
Atualmente sofre com esta “abstinência de poder”... Sente-se um tanto quanto deslocado do seu
„natural habitat‟. Não é propriamente uma crise, mas pode vir a ser...
Não passou despercebido da fradaiada uma manobra sutil dele. Frei Flávio havia sido
transferido para o Seminário Nossa Senhora Medianeira, em Agudo, como articulador do Centro de
Evangelização Franciscana Dom Aloísio Lorscheider. Mas como conhecedor dos meandros do
poder, isto é, do serviço fraterno, transferiu-se para o Centro Vocacional de Estrela. Ele alega que
frei Paulo Reis insistiu muito para que viesse à Estrela. Já o definidor Frei Aldir, „caiu do cavalo‟...
Te cuida, Mattei!
Pois é, “não contavam com a astúcia do Baixinho!”
3. A MELHOR IDADE...
Se você pensa que o melhor estágio da vida é aos 40 ou ainda quando vier a aposentadoria
pelo INSS ou IPÊ. Não, não é! Na verdade o melhor estágio da vida é algo para poucos. É a do
“Emérito!” Perguntem ao Dom Irineu Wilges. Ele é o frade mais tranquilo da Casa Provincial. Está
sempre faceiro, sereno, alegre, positivo, de bem com a vida. Algo invejável e desejável!
Pelos corredores, todos se perguntam sobre qual será seu segredo. Alguns comentam que
deve ser porque chegou num nível em que as vaidades (ao menos a maioria delas) já foram
sepultadas com muita terra e cal virgem. Outros afirmam que deve ser porque nesta idade já não se
alimenta mais nenhum resquício de carreirismo, de algum cargo proeminente, de poder... estas
coisas que podem azucrinar a vida e a missão também de um homem de Deus. Portanto, nada mais
pode estressar alguém tão despojado. Ele afirma que chegou no belo estágio da vida em que pode
„aplaudir ou vaiar as jogadas dos mais jovens!‟ Sente-se feliz como biscateiro!
Enfim, a missão de um Emérito é apenas rezar, ler, fazer palavras cruzadas, passear e
partilhar experiências acumuladas para os mais jovens.
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4. NEM FREUD EXPLICA...
Coisas estranhas ocorrem por toda a parte, todos os dias. Também entre os frades. Mas fazia
muito tempo que algo assim inusitado ocorresse. Em pleno Domingo de Ramos foi encontrado, na
cozinha da Casa Provincial, uma cueca (a bem da verdade, limpa). Nada contra a cueca, uma peça
importante do vestuário masculino. Mas a questão que não quer calar é o que uma cueca fazia na
cozinha. E ainda mais misterioso é que ninguém reclamou a dita cuja. Quando, na hora do almoço
foi solicitado ao dono da cueca que se manifestasse, reinou o mais completo silêncio.
Para não abrir outros precedentes sugeriu-se que o Padre Guardião faça uma pesquisa mais
acurada para saber se é um novo modismo ou se é um caso isolado. Serão poupadas assim muitas
murmurações e desconfortos no ambiente.
O falecido Frei André Grings diria: “Meus senhores, onde estamos!”
5. PARA OS TEMPOS DE CARESTIA...
Todo ser humano é muito criativo quando se trata de zelar pelo seu dinheirinho. Esconde-o
criativamente: o jeito clássico é sob o colchão. Mas outros o colocam em lugares inusitados como
latas de café vazias, caixa de remédios usados, bibelôs, estátuas de santos, enfim, onde a memória
ajudará a encontrá-lo.
Os frades, mesmo fazendo voto de pobreza, sempre gostam de ter uns trocados e alguns até
moedas estrangeiras à disposição para o tempo das possíveis “vacas magras”... Isto é algo sugerido
pelo inconsciente, pois ele conscientemente sabe que nada lhe faltará!
E onde muitos frades costumam esconder seus vinténs? Bem, os „mais religiosos‟, o
guardam na sua Bíblia. Aí parece que a garantia é maior, pois ela, a priori, é diuturnamente
consultada, lida, meditada! Outros preferem colocá-lo nos livros profanos mesmo.
Na Casa Provincial quando um frade muda de quarto ou se muda em definitivo para a Casa
do Pai, todos os seus livros são cuidadosamente vasculhados.
Sempre há interessantes surpresas... Quem estiver interessado informe-se mais com o Frei
João Luiz Rehsler.