BE2012 Resumo SDI Túnel de Bornes

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Encontro Nacional BETÃO ESTRUTURAL - BE2012 FEUP, 24-26 de outubro de 2012 Túnel de Bornes Subconcessão do Douro Interior Domingos Moreira 1 Ricardo Leite 1 Raquel Pais 1 Luís Leite 1 Paulo Pinto 1 Tema do BE2012: Edifícios Especiais. Obras de Arte. Barragens. Aborda-se alguns dos aspetos relevantes da conceção do Túnel de Bornes, obra de arte inserida na Subconcessão do Douro Interior, no lanço IP2 Vale Benfeito/Junqueira, na proximidade da freguesia de Bornes do Concelho de Macedo de Cavaleiros, no distrito de Bragança. Os resultados da prospeção revelaram condições bastantes heterogéneas na zona de implantação do túnel. O maciço apresentava variações na sua composição litológica, zonas menos alteradas e mais resistentes no seio de um material rochoso dominante menos competente, muito alterado e muito fraturado, assim como zonas de material rochoso decomposto que se prolongam desde a superfície até profundidades superiores aos 20 metros. Este facto foi interpretado como resultado da ação de uma estrutura de falha, possivelmente um dos ramos da conhecida Falha da Vilariça, que se estende ao longo do pequeno vale aí presente. A observação “in situ” do maciço, ao longo dos taludes de escavação existentes na zona, confirmou as heterogeneidades, assim como a tendência para um maciço rochoso dominante com fracas características geotécnicas. A solução estrutural e construtiva proposta para o túnel decorreu dos condicionamentos topográficos (em conjunto com a geometria do traçado), geológicos e geotécnicos. Topograficamente, a solução foi condicionada pela pequena profundidade da rasante, em toda a extensão do túnel. Esta profundidade varia entre cerca de 11m, em ambos os portais, e um pouco menos de 19m, sensivelmente a meio do túnel. Estes valores são muito semelhantes à largura livre necessária para implantar a plataforma da via, que é de 16,50m. A solução construtiva proposta foi, em consequência, do tipo não mineira, apresentando uma única galeria e com uma extensão nominal, a eixo, de 100m (excluindo a extensão dos muros de extremidade). Trata-se de uma solução com vantagens do ponto de vista económico e de segurança, para além de minimizar o impacto ambiental na zona envolvente à construção do túnel. Do ponto de vista geológico e geotécnico, o cenário presenciado tornava arriscada e imprevisível a execução de grandes taludes de escavação, ainda que provisórios, e apontava claramente para a adoção de tipos estruturais intrinsecamente flexíveis, para minimizar o risco de avarias estruturais graves durante a vida útil do túnel. Com estes condicionamentos, a solução proposta recaiu numa solução do tipo não mineira, como já referido, realizada pelo denominado Método Invertido, sendo a secção transversal materializada por cortinas de estacas moldadas, cobertura em laje aligeirada e nível de escoramento intermédio, acima do gabarit rodoviário, em betão armado. 1 Gabinete de Estruturas e Geotecnia Lda, 4300-273 Porto, Portugal. g[email protected]

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Encontro Nacional BETÃO ESTRUTURAL - BE2012

FEUP, 24-26 de outubro de 2012

Túnel de Bornes – Subconcessão do Douro Interior

Domingos

Moreira1

Ricardo Leite1 Raquel Pais

1 Luís Leite

1 Paulo Pinto

1

Tema do BE2012: Edifícios Especiais. Obras de Arte. Barragens.

Aborda-se alguns dos aspetos relevantes da conceção do Túnel de Bornes, obra de arte inserida na

Subconcessão do Douro Interior, no lanço IP2 – Vale Benfeito/Junqueira, na proximidade da freguesia

de Bornes do Concelho de Macedo de Cavaleiros, no distrito de Bragança.

Os resultados da prospeção revelaram condições bastantes heterogéneas na zona de implantação do

túnel. O maciço apresentava variações na sua composição litológica, zonas menos alteradas e mais

resistentes no seio de um material rochoso dominante menos competente, muito alterado e muito

fraturado, assim como zonas de material rochoso decomposto que se prolongam desde a superfície até

profundidades superiores aos 20 metros.

Este facto foi interpretado como resultado da ação de uma estrutura de falha, possivelmente um dos

ramos da conhecida Falha da Vilariça, que se estende ao longo do pequeno vale aí presente. A

observação “in situ” do maciço, ao longo dos taludes de escavação existentes na zona, confirmou as

heterogeneidades, assim como a tendência para um maciço rochoso dominante com fracas

características geotécnicas.

A solução estrutural e construtiva proposta para o túnel decorreu dos condicionamentos topográficos

(em conjunto com a geometria do traçado), geológicos e geotécnicos.

Topograficamente, a solução foi condicionada pela pequena profundidade da rasante, em toda a

extensão do túnel. Esta profundidade varia entre cerca de 11m, em ambos os portais, e um pouco

menos de 19m, sensivelmente a meio do túnel. Estes valores são muito semelhantes à largura livre

necessária para implantar a plataforma da via, que é de 16,50m. A solução construtiva proposta foi, em

consequência, do tipo não mineira, apresentando uma única galeria e com uma extensão nominal, a

eixo, de 100m (excluindo a extensão dos muros de extremidade). Trata-se de uma solução com

vantagens do ponto de vista económico e de segurança, para além de minimizar o impacto ambiental

na zona envolvente à construção do túnel.

Do ponto de vista geológico e geotécnico, o cenário presenciado tornava arriscada e imprevisível a

execução de grandes taludes de escavação, ainda que provisórios, e apontava claramente para a adoção

de tipos estruturais intrinsecamente flexíveis, para minimizar o risco de avarias estruturais graves

durante a vida útil do túnel. Com estes condicionamentos, a solução proposta recaiu numa solução do

tipo não mineira, como já referido, realizada pelo denominado Método Invertido, sendo a secção

transversal materializada por cortinas de estacas moldadas, cobertura em laje aligeirada e nível de

escoramento intermédio, acima do gabarit rodoviário, em betão armado.

1 Gabinete de Estruturas e Geotecnia Lda, 4300-273 Porto, Portugal. [email protected]