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PALESTRA NO CENOL DIA: 25 de março de 2008. Tema – Do Evangelho Segundo o Espiritismo – capítulo VIII – Bem aventurados os puros de coração - item 20 - Bem aventurados os que têm os olhos fechados. Dirigente: Milton Queridos irmãos, boa noite. Que Deus, Nosso pai, possa nos abençoar hoje e sempre! Disse Jesus: “ Eu sou a porta: Se alguém entrar por mim, salvar-se-á.” (JO – 10-09) Não existissem as portas, não poderíamos passar de um compartimento a outro. Mas, sem a chave que abre a porta, permaneceríamos também, sem poder atravessar os compartimentos, estando presos nas celas estagnadas da ignorância. Ali permaneceríamos, sucumbindo de fome espiritual, não fosse a porta e a chave que o Pai nos concedeu em Jesus e Kardec. Muitas vezes, repetiu o Meigo Nazareno: “Quem tem olhos de ver que veja; quem tem ouvidos de ouvir que ouça.” 1

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PALESTRA NO CENOLDIA: 25 de março de 2008.Tema – Do Evangelho Segundo o Espiritismo – capítulo VIII – Bem aventurados os puros de coração - item 20 - Bem aventurados os que têm os olhos fechados.Dirigente: Milton

Queridos irmãos, boa noite.Que Deus, Nosso pai, possa nos abençoar hoje e sempre!

Disse Jesus:“ Eu sou a porta: Se alguém entrar por mim, salvar-se-á.” (JO – 10-09)

Não existissem as portas, não poderíamos passar de um compartimento a outro. Mas, sem a chave que abre a porta, permaneceríamos também, sem poder atravessar os compartimentos, estando presos nas celas estagnadas da ignorância.Ali permaneceríamos, sucumbindo de fome espiritual, não fosse a porta e a chave que o Pai nos concedeu em Jesus e Kardec.Muitas vezes, repetiu o Meigo Nazareno: “Quem tem olhos de ver que veja; quem tem ouvidos de ouvir que ouça.”Para aqueles que não se contentam com análises menos profundas, a frase é de alto significado. A princípio pode parecer pleonasmo, mas não é. Na verdade, muitos dos conceitos ditos por Jesus, atravessaram os

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séculos sem que as criaturas lhes percebessem o significado real.Só agora, mais de 2000 anos depois da passagem de Jesus entre nós, com as luzes ofertadas pela Doutrina Espírita, temos as condições necessárias para entender todas as palavras de Mestre.Afirma Allan Kardec que o “Espiritismo não institui nenhuma nova moral; apenas facilita aos homens a inteligência e a prática da moral do Cristo, facultando fé inabalável, esclarecida e raciocinada aos que duvidam ou vacilam.”Jesus, ao saber, após a pregação, que a massa que o ouvira tinha fome, não apresentou nenhuma dificuldade ou impedimento algum para que todos se alimentassem.Mas, repartiu pães e peixes que, não obstante a farta distribuição, excedeu aos que necessitavam.Assim, também, na atualidade, a Doutrina Espírita está ofertando o “Pão e os Peixes” do conhecimento para a multidão que se acerca numa distribuição farta e acessível a todos.Os famintos e sedentos de conhecimento encontram no Espiritismo o necessário para mitigar-lhes a fome e ainda as sobras desse

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banquete continuarão a acalmar o apetite da humanidade para sempre.Jesus é a porta do celeiro de bênçãos e luzes que até hoje permaneciam fechadas para a multidão pela ferrugem de dogmas e interesses subalternos de líderes religiosos que se compraziam na escravidão mental de seus tutelados.Porém, Kardec é a chave que descerrou de vez essa porta aos famintos e sedentos que agora não mais sofrerão as angústias das incertezas e nem padecerão a fome espiritual a que foram condenados pelos maus dispensadores das verdades eternas, os infiéis que se locupletam pela ignorância de todos.“Eu sou a porta – mais tarde virá o Consolador – Dizia Jesus.Ele sabia que a porta não dispensaria a chave.Jesus e Kardec, portanto, apontam-nos a senda da fartura, abundância e plenitude, bem como a felicidade sem mescla e da segurança sem limite.Jesus é a porta.Kardec é a chave.O Espiritismo é a chave com o auxílio da qual tudo se explica de modo fácil.

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Baseando-nos nessa certeza é que vamos estudar o tema dessa noite.

Ao abrirmos o Evangelho segundo o Espiritismo no capítulo em questão, encontraremos a seguinte mensagem com este título: BEM AVENTURADOS OS QUE TÊM OS OLHOS FECHADOS.

Meus bons amigos, para que me chamastes? Terá sido para que eu imponha as mãos sobre a pobre sofredora que está aqui e a cure? Ah! que sofrimento, bom Deus! Ela perdeu a vista e as trevas a envolveram. Pobre filha! Que ore e espere.Oh! Bem-aventurado o cego que quer viver com Deus. Mais ditoso do que vós que aqui estais ele sente a felicidade, toca-a, vê as almas e pode alçar-se com elas às esferas espirituais que nem mesmo os predestinados da Terra logram divisar. Abertos, os olhos estão sempre prontos a causar a falência da alma; fechados, estão prontos sempre, ao contrário, a fazê-la subir para Deus.Crede-me, bons e caros amigos, a cegueira dos olhos é, muitas vezes, a verdadeira luz do coração, ao passo que a vista é, com freqüência,

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o anjo tenebroso que conduz à morte. Agora, algumas palavras dirigidas a ti, minha pobre sofredora. Espera e tem ânimo! Se eu te dissesse: Minha filha, teus olhos vão abrir-se, quão jubilosa te sentirias! Mas, quem sabe se esse júbilo não ocasionaria a tua perda! Confia no bom Deus, que fez a ventura e permite a tristeza. Farei tudo o que me for consentido a teu favor; mas, a teu turno, ora e, ainda mais, pensa em tudo quanto acabo de te dizer. Antes que me vá, recebei todos vós, que aqui vos achais reunidos, a minha bênção.Em lendo esta lição, algumas questões podem ficar sem entendimento.Ou até mesmo, podem surgir outras dúvidas em nossas mentes.Tem-se a impressão que estamos fazendo apologia ao sofrimento. Que estamos dizendo que é bom sofrer. Claro que não é bom sofrer e ninguém gosta de sofrerAliás, algumas pessoas pensam que os Espíritas gostam de sofrer.Dizem que a Doutrina Espírita prega o sofrimento.

Antes de continuarmos, gostaria de tecer alguns comentários a respeito do nosso comportamento

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frente a Doutrina Espírita, frente à Casa Espírita, de maneira geral.Muitas vezes, comparecemos ao Centro Espírita, como necessitados de auxílio: buscamos o tratamento espiritual, por exemplo, por que estamos doentes, estamos enfrentando determinados problemas, obssessões, relacionamentos difíceis, enfimE passamos pelo tratamento, recebemos alta e continuamos sentindo aqueles sintomas que nos trouxeram à Casa espírita.Então reclamamos que o tratamento não surtiu efeito.Porque não surtiu efeito?Muitas pessaos comparecem ao Centro Espírita em busca do passe, do tratamento espiritual e da água fluidificada e saem como chegaram, apenas naturalmente beneficiados pela importante tarefa do passe, do tratamento de da água que contém o remédio necessitado. Não percebem, contudo, que as jóias do bem estar, da fraternidade e também da cura ou saúde que buscam estão justamente nas ponderações claras trazidas pelos expositores que estudam para oferecer ao público o melhor de seus esforços.

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Ouvir a palestra com atenção, raciocinar em seus fundamentos e seqüência de argumentações já predispõe o ouvinte a mudar a maneira de pensar, a ver a vida com mais alegria e disposição, a entender a proposta cristã, a compreender os princípios do Espiritismo, e isto tudo lhe abrirá horizontes novos para nortear o próprio caminho, evitando as causas de perturbações.

É muitas vezes, nas palestras que entenderemos as razões e os porquês da existência, do sofrimento, das dificuldades. É também nas palestras que encontraremos roteiro de trabalho que pode mudar nossos passos, radicalmente muitas vezes, da estagnação aflita para o trabalho vibrante que garante a paz! É nas palestras que poderemos sentir a vibração amorosa dos Espíritos presentes no ambiente, dispostos e preocupados, sim, com nossa condição mental, procurando tudo fazer para que nos sintamos mais felizes e receptivos. É também nas palestras que compreenderemos o papel do Centro Espírita, a função do passe, os mecanismos do tratamento espiritual e é nas palestras que assimilaremos, com muito mais

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facilidade, os ensinamentos de Jesus e a maneira de usar isso com mais objetividade. É no ambiente das palestras que vamos, aos poucos, conhecendo novos amigos, integrando-nos com os trabalhos do Centro e afastando, por conseqüência, a solidão e seus companheiros, como a depressão, a angústia, a aflição... É na palestra proferida antes do passe ou nesta proferida durante o tratamento espiritual que já vamos curando nossas enfermidades físicas e morais, no contato com um ambiente muito preparado para nos atender, posteriormente, com os magníficos recursos espirituais do passe em si..., e dos recursos terapêuticos por nós recebidos quando do tratamento.Portanto, amigos, busquemos, sim, o passe, busquemos o tratamento espiritual, a água fluidificada. Mas, venhamos mais cedo. Tenhamos interesse pelas palestras. Ouçamos com atenção, reflitamos sobre seu conteúdo, conversemos depois com o expositor sobre dúvidas que ficaram. E procuremos colocar em prática os ensinamentos ali colhidos, buscando a nossa transformação, que é o objetivo principal da Doutrina Espírita – o melhoramento do ser humano.

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Fazendo isto, entenderemos muito mais coisas.Compreenderemos as razões de nossa existência.Ficaremos mais próximos dos ensinamentos do Cristo e, entenderemos, por fim que a Doutrina Espírita, ao contrário do que se pensa e se diz, não é a favor, não ensina e nem prega o sofrimento.A Doutrina Espírita como religião é uma das que mais trabalham pra a felicidade do ser Humano, lembrando a este a todo o momento que fomos criados para a felicidade e que esta felicidade só depende de nós.E nos mostra o exemplo do mestre Jesus, que veio à terra exatamente para nos servir de modelo e guia, como o Espírito mais puro que já esteve encarnado entre nós, a nos convidar incessantemente: Vinde a mim todos vós que andais cansados e oprimidos, eu vos aliviareis. Tomai sobre vós o meu julgo e aprendei de mim que sou manso e humilde de coração e achareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve.

Mas, voltando à lição, é necessário que entendamos: o sofrimento existe. Que saibamos então, lhe dar com ele.

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Quando uma aflição não é conseqüência dos atos da vida presente, devemos buscar as suas causas numa vida anterior. Tudo aquilo a que se dá o nome de caprichos da sorte mais não é do que efeito da justiça de Deus, que não inflige punições arbitrárias, pois quer que a pena esteja sempre em correlação com a falta.Se, por sua bondade, lançou um véu sobre os nossos atos passados, por outro lado nos aponta o caminho, dizendo: '“Quem matou à espada, pela espada perecerá", palavras que se podem ser traduzidas assim: "A criatura é sempre punida por aquilo em que pecou." Se, portanto, alguém sofre o tormento da perda da vista, é que esta lhe foi causa de queda.Talvez tenha sido também causa de que outro perdesse a vista; de que alguém haja perdido a vista em conseqüência do excesso de trabalho que aquele lhe impôs, ou de maus-tratos, de falta de cuidados, etc. Nesse caso, passa ele pela pena de talião. É possível que ele próprio, tomado de arrependimento, haja escolhido essa expiação, aplicando a si estas palavras de Jesus: "Se o teu olho for motivo de escândalo, arranca-o."

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(1) Esta comunicação foi dada com relação a uma pessoa cega, a cujo favor se evocara o Espírito de J. B. Vianney, cura d’Ars.

Vemos na lição que o que chamamos ou pensamos ser infortúnio, azar, má formação genética ou doenças de nascença seja qual for o nome dado, são expiações para as criaturas que a possuem.Não! Não é um castigo uma punição, muito pelo contrário é uma lição que serve para valorizar o que em passado remoto não demos muita importância com o mal uso que fizemos. Ë fácil colocarmos a culpa na genética, em Deus, mas é quase impossível nos resignarmos com o fato que foi provocado por nós mesmos.Sabemos que nos infinitos graus de evolução em que se encontra a humanidade cada um possui sua má formação genética, seja no campo físico ou no campo moral que é sem dúvida a forma em que a grande maioria da humanidade se enquadra.Entendamos, primeiramente a questão da ação e da reação.Para cada ação praticada corresponde uma em igual proporção.

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Os movimentos que executamos em nosso dia-a-dia caracterizam as nossas ações. Fazer ou deixar de fazer, escrever ou não escrever, obedecer ou mandar são atitudes corriqueiras em nossa ocupação diária.

Geralmente, a palavra reação vem impregnada de dor e de sofrimento: é como o pecador ardendo no fogo do inferno. No meio espírita, toma-se como sinônimo de carma, que implica em sofrer e resgatar as dívidas do passado. A reação, por seu turno, nada mais é do que uma resposta – boa ou má –, em razão de nossas ações. A reação é simplesmente uma resposta, nada mais. Suponha que estejamos praticando boas ações. Por que aguardar o sofrimento? Não seria melhor confiar na Vontade de Deus, na execução de sua justiça, que nos quer trazer a felicidade?É aquela velha frase muito conhecida nossa – quem planta vento, colhe tempestade.

Como é fácil jogarmos os nossos infortúnios sobre Deus, sobre o acaso mas nunca sobre nossos atos e atitudes. Em nosso dia a dia praticamos atos insanos, como brigas no transito, brigas em casa por bobagens,

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desarmonias no trabalho, ajudamos em uma fofoquinha ali, outras vezes prejudicamos com um comentário a uma pessoa com quem não simpatizamos entre muito outros atos que praticamos.Nesse momento muitos os dos que estão nos ouvindo dirão: “eu não, nunca fiz isso”. Perguntamos: Será?Puxemos pela nossa consciência. Outros dirão: “mas vou ter que esquecer para me rearmonizar?” Sim e sabemos por quê ? Pelo simples fato de não estarmos preparados ainda psicologicamente, porque se possuíssemos tal preparo a rearmonização viria de imediato. “Mas isso não seria mais lógico?” Não, porque por muito menos que esse fato que nós pensamos, nosso campo emocional se desequilibrou.Deus prepara cada um de nós para o aprendizado, para como dizem no Evangelho, nos prepara para “o fardo”, aliás o próprio Evangelho nos mostra Jesus dizendo “A cada um segundo suas obras” e completa amenizando dizendo “Deus não dá um fardo maior do que podemos carregar”. Por isso, os irmãos que reencarnam com certas digamos “imperfeições no campo físico” podem se sentir

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seres fortalecidos pelo AMOR de Deus, pois possuem a maturidade, a capacidade psicológica de se rearmonizarem com esse “passado pretérito”. “A porque ele ficou assim,..., porque ele ficou assado”... Olha os motivos são o que menos importam o mais importante para esses irmãos é o agora, a capacidade de resignação, de se amarem, de compreenderem que não são vítimas, que o momento que atravessam é de aprendizado e resignação, isso contribuirá para sua elevação moral e espiritual.  

Já que estamos nesse assunto, melhor aprofundarmos um pouquinho mais, não é mesmo?A dor – quem é ela e por que este sempre em nosso caminho?Qual é a razão da dor?O homem não é criação de Deus?Não dispõe então do concurso abençoado dos anjos?Não vela o céu sobre os destinos da Humanidade/Então por que tanto sofrimento no caminho dessa mesma Humanidade?Será que sofremos para pagar nossos erros?

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São as perguntas que nos fazemos.E recorremos ao auxílio dos Espíritos para encontrarmos as respostas tão necessárias.Todos nós somos filhos de Deus, que quer apenas o nosso bem.Tudo o que Deus faz para nós, é o mais certo, o mais justo, o melhor.E nós, ingratos que somos, não percebemos o bem ao nosso redor.Espinhos, sombras, dores, em nossos caminhos, significam testemunhos e só os eleitos são convidados a eles.Apenas os fortes são testados nos valores.E só aquele que produz, periodicamente, passa pela avaliação que precede as promoções.Quantos de nós não nos revoltando diante dos testemunhos, diante dos testes da vida?Para responder às perguntas que formulamos com referência à dor, buscaremos o auxílio de o Livro dos Espíritos, na questão nº 76:

Questão 76 – Como podemos definir os Espíritos?

Resposta – Os Espíritos são os seres inteligentes da criação.

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Continuando os nossos estudos, ainda em o Livro dos Espíritos, vamos descobrir que os Espíritos foram criados simples e ignorantes, foram dotados de livre-arbítrio e destinados à perfeição e o caminho para este fim, passa automaticamente pela reencarnação.

E na questão 132, encontraremos a seguinte pergunta:

Questão 132 – Qual é a finalidade da encarnação dos Espíritos?

Resposta – Deus a impõe com o fim de levá-los à perfeição. Para uns é prova, para outros uma expiação e ainda para outros uma missão.Para chegar à perfeição todos devem sofrer as vicissitudes da vida material ou corpórea.

E a pergunta 167, também do Livro dos Espíritos:

Questão 167 – Qual é a finalidade da Reencarnação?

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Resposta – Expiação – melhoramento progressivo da Humanidade. Sem isso, onde estaria a justiça?

E Emmanuel, no Livro O Consolador, vem em nosso socorro, na questão 246 – Qual é a diferença entre Provação e Expiação?

A provação é a luta que ensina ao discípulo rebelde e preguiçoso a estrada do trabalho e da edificação espiritual. A expiação é a pena imposta ao malfeitor que comete um crime.No Livro – Jesus no Lar, de Néio Lucio, vamos encontrar as seguintes afirmativas:

A razão da dor humana procede da proteção divina. Os povos são famílias de Deus, que à maneira de grandes rebanhos, são chamados ao aprisco do alto. A Terra é o caminho. A luta que ensina é a marcha.

O sofrimento é sempre o aguilhão que desperta as ovelhas distraídas à margem da senda verdadeira.

- o excesso do poder favorece o abuso;

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- a demasia de conforto, não raro, traz o relaxamento, e o pão que se amontoa, de sobra, costuma servir de pasto aos vermes que se alegram no mofo.

-- Quando tudo está bem, conforme já foi

dito, nós nos descuidamos das responsabilidades e aí, surge a dor como chamamento para as realidades da vida, senão, vejamos:

Nós só descobrimos que o fogo queima quando colocamos nossa mão para queimar e aprendemos, pela dor causada, a respeitar a chama.Nós só damos valor à saúde quando estamos doentes, e aí, tomamos todos os cuidados para que a doença não volte a nos atacar. É o aprendizado pela dor.Nós só damos valor às pessoas queridas, quando estamos na iminência de perdê-las ou quando, efetivamente, as perdemos.Nós só lembramos Deus quando uma dor profunda nos visita, nos busca e nos encontra.O Homem é um ser ingrato daí que só se volta para a necessidade das grandezas

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espirituais pelo amor ou pela dor, geralmente e a maioria é assim, prefere ir pela dor.

A razão da dor

Raquel, antiga servidora da residência de Cusa, ergueu a voz para indagar do Mestre por que motivo a dor se convertia em aflição nos caminhos do mundo.Não era o homem criação de Deus? Não dispõe a criatura do abençoado concurso dos anjos? Não vela o Céu sobre os destinos da Humanidade?Jesus fitou na interlocutora o olhar firme e considerou:— A razão da dor humana procede da proteção divina. Os povos são famílias de Deus que, à maneira de grandes rebanhos, são chamados ao Aprisco do Alto. A Terra é o caminho.A luta que ensina e edifica é a marcha. O sofrimento é sempre o aguilhão que desperta as ovelhas distraídas à margem da senda verdadeira.

Alguns instantes se escoaram mudos e o Mestre voltou a ponderar:

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— O excesso de poder favorece o abuso, a demasia de conforto, não raro, traz o relaxamento, e o pão que se amontoa, de sobra, costuma servir de pasto aos vermes que se alegramno mofo...Reparando, porém, que a assembléia de amigos lhe reclamava explicação mais ampla, elucidoufraternalmente:— Um anjo, por ordem do Eterno Pai, tomou à própria conta um homem comum, desde o nascimento. Ensinou-lhe a alimentar-se, a mover os membros e os músculos, a sorrir, a repousare a asilar-se nos braços maternos. Sem afastar-se do protegido, dia e noite, deu-lhe as primeiras lições da palavra e, em seguida, orientou-lhe os impulsos novos, favorecendo-lhe o ensejo de aprender a raciocinar, a ler, a escrever e a contar.Afastava-o, hora a hora, de influências perniciosas ou mortíferas de Espíritos infelizes que o arrebatariam, por certo para o sorvedouro da morte.

Soprando-lhe ao pensamento idéias iluminadas aos clarões do Infinito Bem, através de mil

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modos de socorro imperceptível, garantiu-lhe a saúde e o equilíbrio do corpo.Dava-lhe medicamentos invisíveis, por intermédio do ar e da água, da vestimenta e das plantas.Vezes sem conta, salvou-o do erro, do crime e dos males sem remédio que atormentam os pecadores.Ao amanhecer, o Pajem Celestial acorria, atento, preparando-lhe dia calmo e proveitoso, defendendo-lhe a respiração, a alimentação e o pensamento, vigiando-lhe os passos, com amor, para melhor preservar-lhe os dons; ao anoitecer, postava-se-lhe à cabeceira, amparando- lhe o corpo contra o ataque de gênios infernais, aguardando-o, com maternal cuidado, para as doces instruções espirituais nos momentos de sono.No transcurso da vida, guiou-lhe os ideais, auxiliou-o a selecionar as emoções e a situar-se em trabalho digno e respeitável; clareou- lhe o cérebro jovem, insuflou-lhe entusiasmo santo, rumo à vida superior, e estimulou-o a formar um reino de santificação e serviço, progresso e aperfeiçoamento, num lar... O homem, todavia, que nunca se lembrara de agradecer as bênçãos que o cercavam, fez-se orgulhoso e cruel, diante

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dos interesses alheios. Ele, que retinha tamanhas graças do Céu, jamais se animou a estendê-las na Terra e passou simplesmente a humilhar os outros com a glória de que fora revestido por seu devotado e invisível benfeitor. Quando experimentou o primeiro desgosto, que ele mesmo provocou menosprezando a lei do amor universal, que determina a fraternidade e o respeito aos semelhantes, gesticulou, revoltado, contra o Céu, acusando o Supremo Senhor de injusto e indiferente. Aflito, o anjo guardião procurava levantar-lhe o ideal de bondade, quando um Anjo Maior se aproximou dele e ordenou que o primeiro dissabor do tutelado endurecido por excesso de regalias se convertesse em aflição.Rolando, mentalmente, de aflição em aflição, o homem começou a recolher os valores da paciência, da humildade, do amor e da paz com todos, fazendo-se, então, precioso colaborador do Pai, na Criação.Finda a historieta, esperou Jesus que Raquel expusesse alguma dúvida, mas emudecendoa servidora, dominada pela meditação que os ensinamentos da noite lhe sugeriam, o culto da Boa Nova foi encerrado com ardente oração de júbilo indefinível.

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Tudo o que vive neste mundo; natureza, animal, homem, sofre.O animal está sujeito à luta ardente pela vida.Entre as ervas do prado, as folhas e a ramaria dos bosques, nos ares, no seio das águas, por toda parte desenrolam-se dramas ignorados.Quanto à Humanidade, sua história não é mais que um martirológio. Através dos tempos, por cima dos séculos rola a triste melopéia dos sofrimentos humanos.

A dor segue todos os nossos passos; espreita-nos em todas as voltas do caminho. E diante dessa esfinge que o fita com o seu olhar estranho, o homem faz a eterna pergunta: Por que existe a dor?

No Livro A Gênese – capítulo III – item 04 – vamos encontrar a seguinte assertiva de Kardec:

A dor é o aguilhão que impele o homem, na senda do bem

Tendo o homem que progredir, os males a que se acha exposto são um estimulante para o exercício da sua inteligência, de todas as suas faculdades físicas e morais, inclusive, incitando-o a procurar os meios de evitá-los. Se ele nada houvesse

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de temer, nenhuma necessidade o induziria a procurar o melhor.

O Espírito se entorpeceria na inatividade; nada inventaria, nem descobriria.

Para nos esclarecermos melhor, podemos afirmar que Deus não castiga ninguém. Quem diz isto é por que não conhece Deus.Deus é força criadora, fonte inesgotável de amor. Não podemos imaginá-lo transformado numa figura humana, grave e austera, franzindo o Senhor e arregaçando as mangas para nos dar boas palmadas.

Deus, que é inteligência suprema e causa primária de todas as coisas, estabeleceu leis, chamadas de naturais ou divinas. Elas englobam todas as ações do homem: para consigo mesmo, para com o próximo e para com o meio ambiente.Numa fase mais rudimentar, funciona o determinismo divino; com o desenvolvimento do ser, Deus faculta-lhe o livre-arbítrio, a fim de que sinta responsabilidade pelos atos praticados.

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Assim, o homem tem uma lei, uma diretriz, um modelo colocado por Deus na sua consciência, no sentido de nortear-lhe os seus atos.A reação nada mais é do que uma resposta da natureza às nossas ações. Reações estas baseadas na lei natural.A filosofia hindu chama essa cadeia de Carma, ou seja, o somatório do mérito e do demérito de todas as ações praticadas pelo indivíduo.A finalidade dessa cadeia de ação e reação é a perfeição do Espírito.

Podemos classificar os males que atingem o ser humano em três aspectos:Os primeiros correspondem aos produzidos por acidentes, frutos de um despreparo vibratório.São as agressões, os crimes, os suicídios, pois a rigor, ninguém traz como programação a agressão a quem quer que seja e nem tão pouco a autodestruição.O segundo aspecto – trata-se do mal necessário – o mal despertamento.Como já falamos, o homem acomoda-se com grande facilidade, quando tudo vai bem.E a dor serve como uma sacudidela.Aí, por uma doença física ou mental, busca-se ligar ao Plano Espiritual, por meio da prece,

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faz-se uma reavaliação do seu modo de vida e fica bonzinho.O terceiro aspecto é o mal cármico.É o que semeardes, colhereis.A ordem é o amor – o mal causado pelo homem causa o desequilíbrio, e assim, como um bumerangue, para que a paz restabeleça-se, o homem após lançar o mal ao seu redor também o receberá de retorno.E só há uma maneira de acabar com o mal, sem passar, pelo mesmo processo.Conforme nos diz Pedro:“Apenas a caridade expressão máxima do amor, tem o poder de anular a multidão dos nossos pecados.”Quando o Cristo nos disse:“ Bem aventurados os aflitos, porque deles é o Reino dos Céus.” Não se referia aos sofredores em geral, porque todos os que estão nesse mundo sofrem.Quer estejam num trono ou na miséria extrema, mas, ah!Poucos sofrem bem, poucos compreendem que somente as provas bem suportadas podem conduzir ao reino de Deus. O desânimo é uma falta. Deus vos nega consolações, se não tiverdes coragem.

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A prece é um sustentáculo da alma, mas não é suficiente por si só: É necessário que se apóie numa fé ardente na bondade de Deus.Tendes ouvido freqüentemente que Ele não coloca um fardo pesado em ombros frágeis. O fardo e proporcional às forças, como a recompensa será proporcional à resignação e à coragem.A recompensa será tanto mais esplendente, quanto mais penosa tiver sido a aflição. Mas essa recompensa deve ser merecida, e é por isso que a vida está cheia de tribulações.Ficai satisfeitos quando Deus vos envia à luta. Essa luta são as amarguras onde muitas vezes necessitamos de mais coragem que um combate.Quando vos atingir um motivo de dor ou de contrariedade, tratai de elevar-vos acima das circunstâncias.E quando chegardes a dominar os impulsos da impaciência, da cólera ou do desespero, dizei com justa satisfação: “ Eu fui o mais forte.”Bem aventurados os aflitos, pode, portanto, ser assim traduzido: Bem aventurados os que têm a oportunidade de provar a sua fé, a sua perseverança e a sua submissão á vontade de

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Deus, levando também em consideração que às bênçãos na verdade, são maiores que as dores.Porque eles terão centuplicadas as alegrias que lhes faltam na Terra, e após o trabalho vira o repouso e serão chamados filhos de Deus.

5.2. LEI DE DEUS Qual o móvel que determina uma reação? É a Lei de Deus. Se a prática de uma ação não for concernente com a Lei de Deus, ou seja, se ela não expressar o bem ao próximo, ela não foi praticada em função da vontade de Deus. Qual será a reação com relação à Lei? Dor e sofrimento.Qual deve ser a nossa atitude para com a dor? Quem gosta de sofrer? Acontece que sem ela não conseguiremos nos amoldar eficazmente à Lei de Deus. Se, por outro lado, interpretássemos a dor e o sofrimento como um ganho, um aprendizado das coisas úteis da vida, quem sabe não viveríamos melhores.

5.3. A INEXORABILIDADE DA LEI A Lei de Deus é justa e sábia. É por isso que dizemos que o acaso não existe. Isso quer dizer que tudo o que se nos acontece deveria nos acontecer. Nesse sentido, Deus não perdoa e

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nem premia. Faz, simplesmente, cumprir a sua Lei.Como é que deveríamos agir com relação ao sofrimento? Verificar onde erramos. Caso tenhamos cometido algum crime, algum deslize, deveríamos nos arrepender. Basta apenas o arrependimento? Não. É preciso sofrer de forma educada. Ainda mais: temos que reparar o mal que fizemos. Deus se vale das pessoas, mas o nosso problema é com relação à radicalidade de sua Lei. E não adianta adiar porque, mais cedo ou mais tarde, a nossa consciência nos indicará o erro e teremos que refazer o mal praticado.

6.3. PERDA DO DEDO E NÃO DO BRAÇO Esta história foi retratada pelo Espírito Hilário Silva, no capítulo 20 do livro A Vida Escreve, psicografada por F. C. Xavier e Waldo Vieira, no qual descreve o fato de Saturnino Pereira que, ao perder o dedo junto à máquina de que era condutor, se fizera centro das atenções: como Saturnino, sendo espírita e benévolo para com todas as pessoas, pode perder o dedo? Parecia um fato que ia de encontro com a justiça divina. Contudo, à noite, em reunião íntima no Centro Espírita que freqüentava, o

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orientador espiritual revelou-lhe que numa encarnação passada havia triturado o braço do seu escravo num engenho rústico. O orientador espiritual assim lhe falou: “Por muito tempo, no Plano Espiritual, você andou perturbado, contemplando mentalmente o caldo de cana enrubescido pelo sangue da vítima, cujos gritos lhe ecoavam no coração. Por muito tempo, por muito tempo... E você implorou existência humilde em que viesse a perder no trabalho o braço mais útil. Mas, você, Saturnino, desde a primeira mocidade, ao conhecer a Doutrina Espírita, tem os pés no caminho do bem aos outros. Você tem trabalhado, esmerando-se no dever... Regozije-se, meu amigo! Você está pagando, em amor, seu empenho à justiça...”

7. CONCLUSÃO A prática da caridade tem valor científico, ou seja, ajuda-nos a reparar os danos que causamos à Lei Divina. Assim, se soubermos viver sóbrios e sem muitos agravos à Lei, certamente faremos uma passagem tranqüila ao outro plano de vida.

Deus nunca erra

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Há muito tempo, num reino distante, havia um rei que não acreditava nos desígnios e na bondade de DEUS.

Tinha, porém, um súbdito que sempre lhe lembrava dessa verdade.

- Meu rei, não desanime... Tudo que DEUS faz é perfeito. ELE nunca erra.

Um dia, o rei saiu para caçar, juntamente com seu súbdito, e uma fera da floresta o atacou. O súdito conseguiu matar o animal, porém, não evitou que sua majestade perdesse o dedo mínimo da mão direita.

O rei, furioso pelo que havia acontecido, e sem mostrar agradecimento por ter sua vida salva pelos esforços de seu servo, perguntou a este:

- E agora, o que você me diz ? DEUS é bom ? Se DEUS fosse bom eu não teria sido atacado e não teria perdido o meu dedo.

- Meu rei, apesar de todas essas coisas, somente posso dizer-lhe que DEUS é bom, e que mesmo isso, perder um dedo, é para o seu bem. Tudo

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que DEUS faz é perfeito. ELE nunca erra.

O rei, indignado com a resposta do súbdito, mandou que o mesmo fosse preso na cela mais escura e fedida do calabouço.

Após algum tempo, o rei saiu novamente para caçar e aconteceu dele ser atacado, desta vez por uma tribo de índios que vivia na selva. Esses índios eram temidos por todos, pois sabia-se que faziam sacrifícios humanos, para seus deuses. Mal prenderam o rei, passaram a preparar o ritual do sacrifício.

Quando já estava tudo pronto, e o rei já estava diante do altar, o sacerdote indígena, ao examinar a vítima, observou furioso:

- Este homem não pode ser sacrificado, é defeituoso !!! Falta-lhe um dedo !!!

E o rei foi libertado.

Ao voltar para o palácio,muito alegre e aliviado, mandou libertar seu súbdito e pediu que o mesmo viesse em sua presença. Ao ver o servo, abraçou-o afetuosamente dizendo-lhe:

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- Meu caro, DEUS foi realmente bom comigo. Você já deve estar sabendo que escapei da morte justamente porque não tinha um dos dedos. Mas ainda tenho em meu coração uma grande dúvida:

» Se DEUS é tão bom, porque permitiu que você fosse preso da maneira como foi ? Logo você, que tanto o defendeu?

- Meu rei, se eu estivesse junto contigo nessa caçada, certamente seria sacrificado em teu lugar, pois não me falta dedo algum.

Portanto lembre-se sempre: tudo que DEUS faz é perfeito. Ele nunca erra. E por fim, que possamos nos lembrar sempre de Jesus, o mestre querido, quando, pensando em nossa felicidade, nos dizia amoroso: “Eu vim pra que tenham vida e a tenham em abundância.”

Que a paz do Mestre continue em nossos corações.Uma boa noite a todos e muito obrigado pela atenção.

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