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Água tem valor
Ano 02 - Edição 01 - Abril de 2012
CBH Araguari e ABHA participa de reunião em Uberaba com o CODAU
Em 07 de março, na cidade de Nova Ponte, na sede do sindicato
rural foi realizada reunião com a associação de irrigantes da bacia
do rio claro na reunião discutiram o pedido da outorga do CODAU
para transposição do rio claro, nessa reunião compareceram produ-
tores rurais, usina santo Ângelo, representantes do CODAU e da
prefeitura de Uberaba.
Estiveram acompanhando a reunião o presidente do CBH Aragua-
ri, Wilson Akira Shimizu e diretor presidente da ABHA – Leocá-
dio Alves Pereira. Foram colocados pelos usuários da irrigação
todos os problemas que irão ocorrer com setor produtivo, em razão
da redução da vazão para a irrigação na oportunidade alegaram que
os estudos apontados pelo município de Uberaba, não levou em
conta os impactos no setor produtivo da bacia, se a transposição for outorgada na vazão requerida, ficarão com
vazão reduzida para produzir, esse foi um dos argumentos apresentados e solicitaram que o CODAU ampliasse o
sistema de captação voltado para o rio grande, pensando em longo prazo, o CODAU e prefeitura de Uberaba in-
formaram que o projeto atenderá uma população até 500 mil habitantes.
Comitês de bacia visitam Programa “Cultivando Água Boa” da Itaipu
A Diretoria de Coordenação da Itaipu recebeu, nos dias 16 e 17 deste mês, representantes do Ministério do Meio
Ambiente (MMA) e de comitês e agências de bacias hidrográficas de várias regiões do Brasil. Durante dois dias,
21 profissionais ligados à gestão de recursos hídricos fizeram uma série de visitas técnicas à usina e à área
abrangida pelo Programa Cultivando Água Boa (CAB) – a Bacia do Paraná 3 (BP3).
Reconhecidas como exemplo concreto de recuperação de
passivos ambientais por meio da gestão por microbacias e do
envolvimento comunitário, as ações do CAB – tidas como
“boas práticas” pelo MMA – levaram o próprio ministério a
intermediar o encontro. “Temos uma parceria entusiástica com
o CAB, em função do sucesso do programa, e por isso chama-
mos os gestores de comitês e agências de bacias hidrográficas
do todo o País para conhecer in loco as suas ações”, disse o
gerente de políticas e planejamento de recursos hídricos do
MMA, Franklin de Paula Júnior.
O objetivo, segundo Paula Júnior, é fazer com que os gestores
de bacias identifiquem ações positivas na BP3 e as adaptem às suas respectivas regiões, para aprimorar e dar
maior dinamismo ao emprego dos recursos da cobrança pela utilização dos recursos hídricos feita pelo governo
federal.
A cobrança pelo uso dos recursos hídricos de domínio da União – dos rios que atravessam mais de um Estado
da federação – é feita pela Agência Nacional de Águas (ANA). Ela é um dos instrumentos de gestão dos recur-
sos hídricos instituídos pela Lei nº 9433/97, que tem como objetivo estimular o uso racional da água e gerar re-
cursos para investimentos na recuperação e preservação dos mananciais das bacias no Brasil.
Para o diretor de Coordenação, Nelton Friedrich, “servir de campo de observação é algo muito significativo para
a Itaipu. “Isso nos coloca em uma posição de vanguarda, resultado de quem tem um corpo de empregados alta-
mente competentes e motivados, que constroem um universo de parcerias (mais de 2.300 em todos os 29 muni-
cípios da BP3) diretamente responsáveis pelo sucesso do programa.”
Boa parte dos gestores presentes no encontro teve a oportunidade de pela primeira vez ver pessoalmente algo
que só conheciam na teoria: as ações do CAB. “Não tinha ainda a noção da atuação da Itaipu na bacia”, afirmou
a coordenadora de gestão da Agência das Bacias Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ), Kátia Piccin. Na baga-
gem, todos levaram exemplos que podem inspirar ações semelhantes Brasil afora.
Medalha das águas
O governador Antonio Anastasia visitou a cidade de São Lourenço, no Sul de Minas, neste domingo (25), onde pre-
sidiu a cerimônia de entrega da Comenda Ambiental Estância Hidromineral, a ‘Medalha das Águas’. O evento faz
parte das comemorações da Semana da Água, organizada pela Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento
Sustentável (Semad) em parceria com instituições públicas e privadas.
“Este é um evento muito importante porque dá a oportunidade de promover e divulgar uma das grandes riquezas de
Minas Gerais, que é a questão ambiental. Nós temos no chamado ecoturismo, na qualidade das nossas águas, na
hospitalidade em relação ao ambiente, um dos grandes trunfos de Minas Gerais e a instância hidromineral de São
Lourenço tem o seu destaque”, afirmou Anastasia.
A Comenda foi criada em 2010 por Lei Municipal, sendo entregue anualmente no domingo próximo ao Dia Mundi-
al da Água, comemorado no último dia 22. Durante o evento, o governador também destacou a importância da pre-
servação do meio ambiente para o futuro e para a melhoria constante da qualidade de vida em todo o Estado.
“A nossa função estratégica é conservar e conservar crescendo. Agora em junho no Rio de Janeiro na Conferência
das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), nós teremos chefes de Estado do mundo inteiro,
cientistas, profissionais de diversos países debatendo. E Minas Gerais estará presente mostrando que, como somos
o Estado aonde brota o maior número de fontes de água para abastecer o Sul, o Sudeste e parte do Centro -Oeste de
nosso país, nós estamos solidários à Federação, à República, mas da mesma forma queremos essa solidariedade
invertida para que Minas Gerais tenha a proteção e as condições para proteger e proteger bem esses mananciais de
água riquíssimos que fazem daqui, de fato, uma terra diferenciada, não só nossa porque não somos egoístas, mas de
todos os brasileiros”, afirmou Anastasia.
Agraciados
Cento e sessenta pessoas foram agraciadas com a comenda, entregue pelo governador Anastasia. Na cerimônia, fo-
ram condecorados cidadãos brasileiros e estrangeiros que se destacaram no incentivo, apoio e divulgação das ativi-
dades relacionadas ao turismo, à preservação ecológica e ambiental, além do desenvolvimento socioeconômico e
cultural de São Lourenço e de Minas Gerais, dentre eles o presidente do CBH Araguari Wilson Akira Shimizu.
“Para mim foi uma honra inesperada receber esta homenagem. Na realida-
de ela espelha por um lado o reconhecimento de todo um trabalho desen-
volvido em equipe pela Coordenação Colegiada do Fórum Mineiro de Co-
mitês de Bacias Hidrográficas que coordenei nos últimos dois anos e por
outro, o protagonismo do próprio CBH Araguari, que sempre foi muito
atuante – e digo isso com o peito estufado, porque não é somente a atuação
da Diretoria, mas do conjunto de seus membros, que fazem desse comitê
um dos destaques no Estado de Mi-
nas Gerais; pode perguntar isso a
qualquer membro do IGAM.” Res-
saltou Shimizu
O presidente da Associação Brasileira dos Membros do Ministério Público
de Meio Ambiente (Abrampa), Sávio Renato Bittencourt Soares Silva, ora-
dor oficial do evento, lembrou a importância da água para o presente e o
futuro da humanidade. Para ele, assim como o primeiro grito de indepen-
dência ecoou de Minas para alcançar o Brasil, é do Estado mineiro que co-
meça a sair o exemplo da união entre desenvolvimento sustentável e gera-
ção de empregos.
“O meio ambiente hoje é apontado como um entrave para o desenvolvimento. Isso é uma mentira. O meio ambien-
te é um campo generoso de oportunidades, de novas carreiras, de novas engenharias, de novos gestores e novos ad-
vogados, de novas produções jamais pensadas anteriormente que terão a oportunidade de dar à nova geração não só
os empregos que precisamos, mas, sobretudo, a qualidade de vida que nós lhes devemos”, disse.
A condecoração é um tributo de São Lourenço às águas que deram origem ao Município e são, até hoje, as princi-
pais responsáveis pelo desenvolvimento da economia local. Há muitos anos as águas com propriedades medicinais
atraíram visitantes que, em busca de tratamentos e curas, acabaram estimulando o desenvolvimento das cidades de
Caxambu, Cambuquira, Lambari e São Lourenço. Juntas elas formaram o primeiro circuito turístico do País, o Cir-
cuito das Águas, até hoje um dos principais destinos turísticos do país, atraindo pessoas de vários locais do mundo.
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CBH Araguari participa do VII Fórum Brasileiro de Educação Ambiental
O CBH Araguari marcou presença, com a participação da secretária Betânia
Bortolozo, Antônio Geraldo de Oliveira (membro do PN2 e Presidente do
PN1) e da Assessora de Comunicação Beatriz Montes, no VII Fórum Brasi-
leiro de Educação Ambiental (VII FBEA), realizado no Centro de Conven-
ções de Salvador/BA, de 28 a 31 de março/12, que contou com a participa-
ção de mais de dois mil profissionais e estudantes das mais variadas áreas
de conhecimento.
CBH Araguari participou de discussões importantes como a Oficina Temá-
tica de Educação Ambiental e a Política Nacional de Recursos Hídricos, que teve como objetivo promover a
reflexão de como a Educação Ambiental contribui para a implementação da Política Nacional de Recursos Hí-
dricos e o fortalecimento da Gestão Integrada de Recursos Hídricos, além de participar de uma Mesa Redonda
sobre Políticas Públicas de Educação Ambiental no Brasil media por Marcos Sorrentino, entre outras atividades.
Esse Fórum também foi um aquecimento e preparação para a Rio +20, (Conferência da ONU sobre Desenvolvi-
mento Sustentável que ocorrerá no Rio de Janeiro de 13 a 22 de junho), especialmente para a versão da socieda-
de civil, chamada de Cúpula dos Povos.
Nesta edição, o VII FBEA reafirmou os princípios do Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Susten-
táveis e Responsabilidade Global (acordado na ECO-92), sendo mais um momento de reflexão da II Jornada
Internacional de EA, que deverá finalizar na Rio+20.
CBH Araguari leva Circuito Lúdico de Educação Ambiental à escola rural de Ibiá
No dia 24 de março de 2012 aconteceu na Escola Municipal de Tobati –
zona rural do município de Ibiá o Circuito Lúdico do projeto
“Recuperação Ambiental para conservação dos Recursos Hídricos na Sub
-bacia do Rio Misericórdia, Ibiá – MG” que integra o Programa Mais
Água do Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Araguari.
A iniciativa contou com a parceria dos técnicos do Dmae de Uberlândia
que levaram o uma programação lúdica e divertida, tendo como foco a
educação ambiental para cerca de 120 crianças. Além das brincadeiras
educativas os jovens cidadãos pu-
deram também participar de um teatro sobre preservação ambiental e ga-
nharam camisetas.
“Se o objetivo do Comitê e da Prefeitura era despertar em cada uma des-
sas crianças a reflexão sobre os rumos que o meio ambiente deve seguir,
acho que conseguimos com o Circuito Lúdico hoje aqui em Tobati. Basta
observar o rostinho de cada criança hipnotizada pelos ensinamentos pas-
sados aqui. E isso é fantástico.” Ressaltou Inês Nascimento – Secretária
de Educação de Ibiá – MG.
“O distrito de Tobati foi o local
escolhido para se comemorar o Dia Mundial da Água através do CIR-
CUITO LÚDICO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL, numa parceria entre
a Agência Nacional de Águas (ANA), o Comitê da Bacia Hidrográfica
do Rio Araguari (CBH Araguari), a Associação da Bacia Hidrográfica do
Rio Araguari (ABHA) e o Governo de Ibiá, mais uma relevante ação en-
cabeçada pelo CBH Araguari que através de sua equipe técnica, desen-
volvem diariamente um importante trabalho em nosso munícipio. Temos
que agradecer a todos os parceiros pela oportunidade de recuperar nossos
Recursos Hídricos, o nosso querido Misericórdia.” Destacou Ivo Mendes Filho – Prefeito de Ibiá – MG.
O projeto
“Recuperação Ambiental para conservação dos Recursos Hídricos na Sub-bacia do Rio Misericórdia, Ibiá –
MG” - aprovado na ANA tem como um de seus principais objetivos implementar ações mitigadoras e apoiar o
produtor rural na preservação dos recursos hídricos, além de orientá-lo sobre a importância da adoção de ações
conservacionistas para a recuperação e manutenção da qualidade da água.
O projeto faz parte do Programa Mais Água visa à melhoria da quantidade e qualidade da água na Bacia Hidro-
gráfica do Rio Araguari, previsto no Plano de Aplicação para utilização dos recursos da Cobrança pelo Uso da
Água, desenvolvido pela Associação Multissetorial de Usuários de Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica do
Rio Araguari - ABHA, enquanto Entidade equiparada à Agência da Bacia Hidrográfica do Rio Araguari e ente
integrante do Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos de Minas Gerais - SEGRH-MG, e em
conformidade com o Plano Diretor e Sistema de Gerenciamento de Recursos Hídricos da mencionada bacia hi-
drográfica. Fazem parte do objeto deste Convênio o controle de qualidade da produção das mudas e o estabeleci-
mento de um Plano de Ação como suporte no manejo, conservação e restauração de áreas em estágio de degra-
dação.
Municípios se organizam para formação de consórcio
Representantes dos municípios de Nova Ponte, Per-
dizes, Pedrinópolis e Santa Juliana assinarão no ini-
cio do mês de maio de 2012, o protocolo de inten-
ções para formação do Consórcio Intermunicipal de
Desenvolvimento Ambiental Sustentável - 4 Ambi-
ental.
Para Wilson Akira Shimizu – Presidente do Comitê
da Bacia Hidrográfica do Rio Araguari, iniciativa
como o Consórcio - 4 Ambiental “Constam nas dire-
trizes gerais de ação da Lei das Águas - Lei nº
9433/97 a integração da gestão de recursos hídricos
com a gestão ambiental e a articulação do planeja-
mento de recursos hídricos com o dos setores usuá-
rios e com os planejamentos regional, estadual e na-
cional. Portanto a Política das Águas preconiza des-
de seu início, sua integração e articulação com a
gestão e o planejamento de outros setores. A forma-
ção de Consórcios de Municípios para a gestão de
saneamento, iniciando neste caso com a gestão de
resíduos sólidos tem, por isso, o total apoio do CBH
Araguari, porque representa uma articulação que
promoverá uma melhoria ambiental e particular-
mente uma melhoria que terá reflexos na qualidade
das águas dos Municípios participantes. O impacto
causado pela disposição inadequada dos resíduos
sólidos das cidades é enorme, devido aos compo-
nentes produzidos no processo de sua decomposição
que acabam alcançando os cursos d’água de uma maneira ou outra. Portanto estão de parabéns os Prefeitos que
abraçaram esta iniciativa, que espero que possa ser replicada em outros municípios da Bacia e do Estado.”
O Consórcio - 4 Ambiental constitui uma das ações de saneamento previsto no Programa Água Boa voltado ao
Saneamento Básico, aprovado pelo CBH Araguari, tem como objetivo a adoção de medidas conjuntas entre os
municípios de Nova Ponte, Perdizes, Pedrinópolis e Santa Juliana, tendentes à adoção de políticas integradas vol-
tada para o desenvolvimento ambiental sustentável e consequente melhoria da qualidade dos recursos hídricos na
Bacia Hidrográfica.
Ressalta-se que a formação de um consórcio é uma das principais ferramentas para a gestão ambiental e baseia-
se em recortes territoriais. Uma das possibilidades de consorciamento reside na importância de se adotar o con-
ceito de bacia hidrográfica como o elemento básico para políticas de meio ambiente regionais, por isso o arranjo
entre os quatro municípios já citados. Por meio da gestão baseada no conceito de Bacias Hidrográficas é possí-
vel, entre outros, articular dentro do consórcio: Plano de Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica, Planos Ambi-
entais Regionais, Agenda 21 Regional; Assistência Técnica aos Municípios da bacia hidrográfica visando elabo-
rar projetos integrados de acordo com o planejamento regional, encaminhar os pleitos de solicitação de recursos,
realizar a gestão dos contratos e convênios; Planos de recuperação ou preservação de determinado recurso hídri-
co de grande importância para os municípios envolvidos, quer pelo manejo adequado dos resíduos sólidos ou
lançamento de efluentes de sistemas de tratamento de esgotos domésticos, drenagem e tratamento de água.
Uma das ações prioritárias depois da concretização do consórcio, será a instalação de um sistema único de dispo-
sição final adequada dos resíduos sólidos urbanos, abrangendo coleta seletiva, compostagem, reciclagem, comer-
cialização de recicláveis e educação ambiental. Visto que até agosto de 2012, todas as prefeituras do país deve-
rão apresentar um plano de gestão de resíduos sólidos e colocá-lo em operação até 2014, conforme determina a
nova Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS). Entre seus principais pontos, a Lei nº 12.305/10 impõe a
adoção da coleta seletiva, construção de aterros sanitários, eliminação de lixões, cooperativas de catadores e lo-
gística reversa.
Entrevista publicada na Revista IstoÉ, nº 2209/ 09 Mar. 12, e indicada pela Rede Mineira de Bacias
Hidrográficas
Benedito Braga "Haverá racionamento de água em São Paulo daqui a dez anos"
Vice-presidente do Conselho Mundial da Água fala sobre alternativas
para combater a escassez mundial e antecipa discussões que devem ge-
rar polêmica na Rio+20
por Larissa Veloso
RESPEITO
Braga é uma das maiores autoridades mundiais sobre o recurso natural
Benedito Braga, 62 anos, é o homem que mais entende de recursos hídricos no Brasil e uma das maiores autori-
dades sobre o tema no mundo. E não é só seu Ph.D. na Universidade de Stanford (EUA) que lhe confere tais
títulos. Atual vice-presidente do Conselho Mundial da Água (WWC, na sigla em inglês), ele foi responsável pe-
los fóruns mundiais sobre o tópico nas discussões de Haia e Kyoto, além de liderar negociações a respeito do
assunto diretamente na ONU. Também é membro da diretoria da Agência Nacional de Águas (ANA), entidade
que procura aprimorar o uso da água no Brasil por meio de ações como a construção de cisternas no semiárido
nordestino. Benedito Braga recebeu ISTOÉ em seu gabinete na Escola Politécnica da USP para falar do futuro
de um recurso do qual depende toda a humanidade.
Istoé - Como a questão da água será tratada na Rio+20?
Benedito Braga -Na Rio+20 existem duas discussões centrais: o crescimento verde e a erradicação da pobreza.
Eu e o presidente do WWC, Loïc Fauchon, visitamos o Ban Ki-moon (secretário-geral da ONU) para conversar
sobre a questão da água, porque entendemos que ela desempenha um papel muito importante nesses dois temas.
E, para nossa surpresa, ele estava mais interessado nesse assunto do que nós e contou uma história. Ele estava
em Darfur (no oeste do Sudão) em uma época muito turbulenta. Chegou com seus seguranças e tentou falar com
uma multidão que o recepcionava. Todos estavam confusos, falando ao mesmo tempo. Então ele subiu num
caixotinho e só conseguiu ser ouvido quando prometeu trazer água. Quando ele falou isso, todos pararam para
escutar. Moon quis nos mostrar que esse tema é muito caro para ele.
Istoé -Mas e as discussões sobre a água na Rio+20? Como as autoridades vão se preparar?
Benedito Braga -Entre os dias 12 e 27 deste mês realizaremos o sexto fórum do Conselho Mundial da Água
em Marselha (França). Esse evento será uma forma de nos prepararmos para a Rio+20. Irão participar do
encontro ministros de Estado, prefeitos, parlamentares, estudiosos e membros da sociedade civil, já que o WWC
é uma plataforma de múltiplos atores.
Istoé - No Brasil temos água em abundância. Isso dificulta a adoção de políticas de não desperdício?
Benedito Braga -Observamos o desperdício de água no Sul e no Sudeste. Mas no Nordeste ninguém lava a
calçada com mangueira porque há a noção clara do valor desse recurso, por causa da escassez. Hoje, graças ao
trabalho da ANA, essa região já tem melhorias que permitem passar períodos bem extensos sem aquela situação
de morte de pessoas pela seca, como no passado. Mas a importância da água já está no inconsciente da
população. Agora, existe uma diferença entre a água que está no rio e a água que está na torneira. Há um longo
caminho entre esses dois pontos. Em São Paulo, por exemplo, temos regiões nas quais chove muito, mas com
pouquíssima água encanada à disposição.
Istoé - Qual é sua avaliação sobre a disponibilidade hídrica na capital paulista?
Benedito Braga -São Paulo se desenvolveu nas cabeceiras do rio Tietê, uma região com pouca água. A cidade
começou a crescer de forma muito intensa depois da construção da represa Billings e da hidrelétrica Henry
Borden. Havia muita disponibilidade de energia elétrica e São Paulo explodiu, virou potência industrial. Na
década de 70, já foi necessário criar um sistema para trazer o recurso de outro lugar para a região metropolitana.
Para isso os rios Jaguari, Jacareí e Piracicaba – do outro lado da Serra da Cantareira – foram represados e a água
foi trazida para abastecer a região metropolitana. Isso representa metade do consumo da cidade. Então hoje o
cidadão gasta água na rua, mas não tem ideia de que daqui a dez anos não vamos ter esse recurso em São Paulo.
Istoé - E como será?
Benedito Braga -Viveremos um rodízio. Um dia com, um dia sem. Vai ter o maior problema do mundo, se não
começarmos hoje as obras para trazer a água de outro local, além do sistema que existe hoje. Atualmente temos
60 metros cúbicos por segundo abastecendo a cidade, mas o consumo continua crescendo.
Istoé - Essa água foi tirada do outro lado da Serra da Cantareira. O que aconteceu com este local?
Benedito Braga - O comitê da bacia do Piracicaba agora reivindica essa água. Mas o comitê da bacia do Alto
Tietê também quer. Porque os recursos hídricos estão se tornando cada vez mais escassos. Em 2004 essa
autorização de trazer a água para São Paulo venceu. Quando aconteceu a renovação, eu era diretor da ANA.
Tivemos que conversar com todas as partes, uma discussão muito complicada. Conseguimos renovar a outorga
por dez anos, mas em 2014 vai vencer novamente. Então teremos que fazer outra grande negociação.
Precisamos falar mais de água. Quando falamos em meio ambiente, todo mundo pensa em floresta e nos
animais. Mas o problema é a água. Em qualquer grande cidade do mundo, Bombaim, Pequim, Xangai, o maior
problema é a poluição hídrica na zona urbana. Precisamos limpar os nossos rios, dar água potável para a
população.
Istoé - O que o sr. pensa sobre o reúso da água?
Benedito Braga - É uma questão de percepção. Muito da água consumida no Brasil, que sai da torneira, vem da
captação feita no esgoto, de rios poluídos. O governo trata a água, ela chega limpa à torneira. Mas há o que
chamamos de micropoluentes, que os sistemas tradicionais de limpeza não tiram. É preciso uma tecnologia
muito avançada. Cingapura, por exemplo, está usando esse processo para tornar a água do esgoto potável
novamente. A Califórnia (Estado americano), por exemplo, faz o reúso. Mas eles não jogam direto na linha (no
sistema de abastecimento da cidade) como Cingapura faz, como a Namíbia faz. Eles jogam no solo, ela infiltra,
e aí eles retiram de um poço, bombeiam. Isso por uma questão de percepção da população.
Istoé - Há quem diga que a próxima guerra mundial será pela disputa de água. Qual é a sua opinião?
Benedito Braga -Ainda não temos exemplos concretos de guerras travadas pela água. O que existe é uma
disputa entre Palestina e Israel, por exemplo, que é conhecida. Um general israelense dizia que é muito mais
barato dessalinizar a água do que ir à guerra para usar o recurso. Então o conflito é muito mais caro do que
outra solução. Mas já não é esse o caso no Egito. O país, dizem, é uma dádiva do Nilo e não existiria se não
fosse esse rio. Anuar Sadat (presidente egípcio na década de 70) já dizia que o Egito só iria à guerra se tirassem
a água do Nilo.
Istoé - A diplomacia pode ser decisiva?
Benedito Braga -É evidente que, antes de acontecer uma guerra, há um processo de cooperação. Se a Etiópia e
o Sudão começarem a usar a água do Nilo para irrigação, por exemplo, você terá menos água disponível.
Acredito que o rio será motivo de guerra caso os dois países construam reservatórios de água que prejudiquem o
consumo no Egito. Aquilo que Anuar Sadat previu vai se tornar realidade, porque aquilo é vital. Agora, afirmar
que as futuras guerras serão pela água é exagerar um pouco.
Istoé - O sr. crê que o homem chegaria a ponto de invadir um país pela água, pensando em um cenário de
escassez mundial?
Benedito Braga -Não, não acredito nisso. O Brasil, por exemplo, tem 12% da água doce do mundo. Ninguém
invadiria o País para tomar esse recurso, porque seria muito mais caro você usá-lo em outro território.
Transportamos o petróleo a longas distâncias por décadas. No caso de alguém vir aqui na Amazônia para encher
um navio de água, sai mais barato você retirar do mar e dessalinizar. O Brasil não corre esse risco.
Istoé - A dessalinização seria uma solução para a escassez hídrica no Nordeste brasileiro?
Benedito Braga -Hoje já temos dessalinizadores para pequenas comunidades. No Nordeste é preciso ter
diferentes níveis de solução de problemas. Por exemplo, você não pode resolver o problema em Fortaleza da
mesma maneira que trata o de um povoado de dez ou 100 pessoas no semiárido. Para essa população rural
dispersa, a água encanada é muito cara, não dá para fazer. Então em 2001 a ANA lançou o programa das
cisternas, de coleta de água de chuva e um sistema de armazenamento, que dá para dessedentação. Dá para
beber, mas não é suficiente para irrigar. Mas pelo menos o homem não morre de sede. Em povoados um pouco
maiores, você tem dessalinizadores que usam membranas. Eles operam com energia solar, é um ótimo sistema.
Sobra o resíduo, o sal. Então a Embrapa descobriu que existe uma planta chamada atriplex que vive muito bem
com esse sal. E o gado come o atriplex.
Istoé - Qual a sua opinião sobre a polêmica em torno da construção da hidrelétrica de Belo Monte?
Benedito Braga -Belo Monte não pode ser vista como uma iniciativa solta no meio da Amazônia, e sim num
contexto mais amplo. O País está crescendo, está reduzindo sua pobreza, e é com o suprimento de energia que a
sua economia cresce. Se nós, brasileiros, aceitarmos esse paradigma de que precisamos crescer e precisamos de
energia, teremos que lidar com Belo Monte. Existem pessoas que questionam esse conceito de crescimento, que
acham que temos de parar de consumir, comer menos, gastar menos e viver mais próximo dos indígenas. Bom,
é uma filosofia de vida. Mas não me parece ser o pensamento da maioria da população brasileira.
Istoé - A solução para a demanda de energia é investir em novas hidrelétricas?
Benedito Braga - Que fontes energéticas o País tem? O Brasil tem água, urânio, um carvão que não é muito
bom, porque tem muito enxofre e precisa ser bem trabalhado para ser usado. E temos o vento e o sol. O
primeiro é um recurso intermitente, uma alternativa que pode entrar de forma suplementar. Já a geração solar é
mais adequada para aquecimento. Então contamos mesmo é com a água e o urânio para a produção de energia
elétrica. E aí, no fim das contas, a pergunta que deve ser feita é: o que devemos erguer, Angra 3 ou Belo
Monte?