Bernardi & Kowaltowski - Artigo Completo Iberdiscap2006

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Desenho Universal no Ensino de Projeto Arquitetônico: Uma Experiência Metodológica Núbia Bernardi 1 ; Doris C. C. K. Kowaltowski 2 Dep. de Arquitetura e Construção, Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo – FEC- Universidade Estadual de Campinas, UNICAMP - Avenida Albert Einstein, 951 Cidade Universitária "Zeferino Vaz"; C.P 6021; CEP 13083-852, Campinas, SP, Brasil, Tel: +55 019 37882469, +55 019 37882301,Fax: 37882411. E-mail: [email protected] , [email protected] Resumo O artigo discute uma proposta de aplicação dos conceitos do Desenho Universal no ensino do projeto arquitetônico através de uma experiência didática com os alunos dos cursos de Engenharia Civil e Arquitetura e Urbanismo da Unicamp, e apresenta a urgência das questões sobre a inclusão social. O objetivo geral da disciplina foi incluir tais conceitos no processo de projeto, visando a formação de projetistas conscientes em relação à acessibilidade no ambiente construído. A metodologia incluiu atividades práticas como a avaliação da acessibilidade física do campus, dinâmicas de percurso e um exercício final de projeto arquitetônico com ênfase na acessibilidade e no projeto participativo. 1.Introdução A experiência didática aqui relatada refere-se à disciplina EC801- Tópicos Especiais em Arquitetura I, oferecida no 2 o semestre de 2005, na Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo (FEC) da Unicamp, direcionada aos alunos dos cursos de Engenharia Civil e Arquitetura e Urbanismo da Unicamp. Tendo como ênfase a abordagem ampla e profunda dos temas relacionados à acessibilidade plena no ambiente construído, através da prática de projeto arquitetônico, o objetivo geral da disciplina incluiu os princípios do Desenho Universal durante o processo de projeto, visando a formação de profissionais com posturas conscientes e responsáveis em relação à este questionamento. A metodologia incluiu aulas teóricas acompanhadas de material expositivo ilustrativo, leituras obrigatórias e debates em sala de aula. Atividades práticas foram realizadas através de dinâmicas: avaliação da acessibilidade física do campus, dinâmicas de percurso [1], aqui denominadas “percurso de sensibilização” e a aplicação dos conceitos apreendidos em um exercício final de projeto arquitetônico com ênfase na acessibilidade plena e no projeto participativo - integração entre alunos e indivíduos com deficiências (locomotoras, táteis, auditivas) - como forma de compreensão das reais necessidades do público alvo.

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PROGRAMA DA DISCIPLINA

Desenho Universal no Ensino de Projeto Arquitetnico: Uma Experincia Metodolgica

Nbia Bernardi 1; Doris C. C. K. Kowaltowski 2Dep. de Arquitetura e Construo, Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo FEC- Universidade Estadual de Campinas, UNICAMP - Avenida Albert Einstein, 951Cidade Universitria "Zeferino Vaz"; C.P 6021; CEP 13083-852, Campinas, SP, Brasil, Tel: +55 019 37882469, +55 019 37882301,Fax: 37882411. E-mail: [email protected] , [email protected] artigo discute uma proposta de aplicao dos conceitos do Desenho Universal no ensino do projeto arquitetnico atravs de uma experincia didtica com os alunos dos cursos de Engenharia Civil e Arquitetura e Urbanismo da Unicamp, e apresenta a urgncia das questes sobre a incluso social. O objetivo geral da disciplina foi incluir tais conceitos no processo de projeto, visando a formao de projetistas conscientes em relao acessibilidade no ambiente construdo.

A metodologia incluiu atividades prticas como a avaliao da acessibilidade fsica do campus, dinmicas de percurso e um exerccio final de projeto arquitetnico com nfase na acessibilidade e no projeto participativo.

1.Introduo

A experincia didtica aqui relatada refere-se disciplina EC801- Tpicos Especiais em Arquitetura I, oferecida no 2o semestre de 2005, na Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo (FEC) da Unicamp, direcionada aos alunos dos cursos de Engenharia Civil e Arquitetura e Urbanismo da Unicamp. Tendo como nfase a abordagem ampla e profunda dos temas relacionados acessibilidade plena no ambiente construdo, atravs da prtica de projeto arquitetnico, o objetivo geral da disciplina incluiu os princpios do Desenho Universal durante o processo de projeto, visando a formao de profissionais com posturas conscientes e responsveis em relao este questionamento.

A metodologia incluiu aulas tericas acompanhadas de material expositivo ilustrativo, leituras obrigatrias e debates em sala de aula. Atividades prticas foram realizadas atravs de dinmicas: avaliao da acessibilidade fsica do campus, dinmicas de percurso [1], aqui denominadas percurso de sensibilizao e a aplicao dos conceitos apreendidos em um exerccio final de projeto arquitetnico com nfase na acessibilidade plena e no projeto participativo - integrao entre alunos e indivduos com deficincias (locomotoras, tteis, auditivas) - como forma de compreenso das reais necessidades do pblico alvo.

2.Metodologia

A estrutura do curso baseou-se em 4 temas que percorreram os temas clssicos da literatura sobre avaliao ps-ocupao (APO) at chegar aplicao dos conceitos do Desenho Universal propriamente ditos. As dinmicas e os exerccios foram estabelecidos para cada tema.

No Tema 1 foram abordados fatores introdutrios para a avaliao de um ambiente construdo, como a Avaliao Ps Ocupao (APO) que mais recentemente teve sua nomenclatura modificada para Building Performance Evaluation BPE [2] como forma mais abrangente de avaliar as condies construtivas e funcionais de uma edificao. Neste caso a avaliao abordou especificamente a verificao das condies de acessibilidade do campus; adotando os princpios de uma avaliao APO. Os locais escolhidos para a avaliao foram pr-definidos porque so de utilizao comum a todos os usurios (alunos, docentes, funcionrios e visitantes) do campus: Ciclo Bsico, Ciclo Bsico II, Educao Fsica, Biblioteca Central, Restaurante Universitrio.

Durante a avaliao in loco os alunos registraram a acessibilidade do campus em um relatrio tcnico e tambm aplicaram questionrios aos usurios do campus (alunos de graduao e ps-graduao, funcionrios e docentes) como forma de extrair dados sobre a percepo a aceitabilidade do espao pelos usurios.

O Tema 2 Percepo Ambiental - foi introduzido como forma de mostrar aos alunos a influncia da percepo ambiental e comportamental dos usurios no ambiente construdo. No exerccio proposto eles deveriam aplicar questionrios aos usurios do campus e a partir da prpria vivncia, classificar o ambiente em estudo utilizando uma escala semntica de percepo para a APO realizada.

O Tema 3 introduziu efetivamente os conceitos do Desenho Universal. A proposta para a seqncia de exerccios foi referenciada na experincia didtica do Iowa State University [3] que props a formao de uma equipe interdisciplinar engajando os estudantes de arquitetura da paisagem, arquitetura e projeto de interiores atravs da infuso no curriculum de mdulos awareness de intensidade crescente. O conceito de environmental awareness vislumbra a participao do usurio no espao em que vive [4]. Para SANOFF [5] todos os projetistas que esto preocupados com a qualidade de vida em um ambiente construdo devem considerar a participao dos usurios, envolvendo-os no processo de projeto. Isto nos leva a verificar a maneira como o projeto arquitetnico considera a importncia da psicologia comportamental aplicada aos conceitos de conforto e Desenho Universal, e de que maneira a percepo dos fatores relacionados ao conforto ambiental (temperatura, rudo, iluminao e funcionalidade) estimula a percepo do ambiente e, conseqentemente, o environmental awareness.

A infuso do mdulo awareness (no caso da escola norte-americana) comeou com o nvel de Consicentizao (Consciouness Level), onde os estudantes puderam expor projetos de espaos fsicos associados aos deficientes; passando ao nvel de Comprometimento (Engagement Level), evoluindo para o terceiro nvel - Valoraes (Accountability Level)- com avaliaes e chegando ao nvel mais alto Integrao (Integration Level) onde aplicaram os princpios automaticamente em seus projetos.

Com base nesta experincia, a disciplina EC801 do curso da Unicamp trabalhou no Tema 3 os dois primeiros nveis:

1) Mdulo Consciousness Level: mostra da vida real de pessoas com deficincias: exposio indireta atravs da exibio do filme Janela da Alma [6] (relatos de pessoas com deficincias visuais, relatos de profissionais que trabalham com a plstica visual cinegrafistas, atores, artistas plsticos). A finalidade foi romper preconceitos existentes sobre pessoas com deficincias.

2) Mdulo Engagement Level: experincias individuais em relao ao ambiente fsico. Exposio direta onde cada estudante assumiu uma deficincia. Esta dinmica foi denominada percurso de sensibilizao. Um grupo alunos simulou assumir dificuldades locomotoras, visuais, auditivas, enquanto o outro grupo relatou a experincias atravs de fotografias e relatrios de percepo (Figura 1a e 1b). Posterior inverso de papis entre os grupos. Nesta atividade os alunos fizeram uso de cadeira de rodas, muletas, mscara para os olhos (tipo sleep mask), protetor auricular. Posteriormente os alunos elaboraram os dirios de percurso para discusso em sala de aula.

Fig. 1a. Percurso de sensibilizao - cadeira de rodas

Fig. 1b. Percurso de sensibilizao - mscara visual

Ainda neste nvel foi solicitado aos alunos pesquisarem equipamentos e espaos fsicos necessrios para o desenvolvimento de diversas habilidades: pessoas com mobilidade reduzida; pessoas cegas; pessoas surdas e/ou com deficincia na fala; pessoas com paralisia cerebral; pessoas com deficincia mental.

A teoria sobre o Desenho Universal foi trabalhada atravs de aulas tericas e palestra de professor convidado.

No Tema 4 foi trabalhado a aplicao do Desenho Universal no Projeto Arquitetnico e finalizou com uma das atividades mais importantes da disciplina: o exerccio de projeto participativo (integrao entre alunos de arquitetura/engenharia com pessoas com deficincias visuais).

Foram discutidas diversas formas de execuo e apresentao de projetos arquitetnicos com a insero dos conceitos de Desenho Universal e os princpios da psicologia ambiental durante o processo de projeto. Entendemos que a incluso dos conceitos de environmental awareness quando aplicados nas discusses preliminares de projeto, podem gerar ferramentas e parmetros para a avaliao do ambiente construdo e contribuem para um projeto inclusivo de qualidade.

A acessibilidade plena prope novas atitudes na vida em sociedade e entendemos que a formao acadmica e, conseqentemente o processo de projeto, tambm devem modificar-se. Colocar o aluno no papel de uma pessoa com dificuldades locomotoras, auditivas, visuais vlido didaticamente, mas no suficiente para que ele execute um bom projeto arquitetnico e compreenda as reais necessidades dos usurios. Como pudemos verificar no exerccio de percurso de sensibilizao os alunos perceberam elementos do ambiente de maneira mais detalhada, principalmente os relacionados aos acessos edificao. Porm, em alguns casos, a dificuldade de locomoo mostrou-se ser temporria e foi inevitvel do uso do prprio corpo (no deficiente) no apoio ao deslocamento (Figura 2a e 2b).

Fig. 2a. Dificuldade de locomoo gera um apoio inevitvel por parte do no deficiente.

Fig. 2b. Detalhe da aluna colocando os ps no cho.

Conseqentemente, necessrio proporcionar aos alunos outras atividades durante o processo de projeto arquitetnico, porm, sem desmerecer o importante papel que a dinmica de percurso oferece como vivncia e potencial perceptivo de uma outra realidade sensitiva. Nesta disciplina procuramos estimular os alunos a investigarem diferentes ferramentas de anlise de projeto e acrescentar, ao processo, subsdios exploratrios do ambiente como, por exemplo, novas formas de exibio de um anteprojeto a pessoas que utilizam outras percepes sensoriais, que no somente a visual, mas a ttil e a sonora tambm. O objetivo fazer o aluno utilizar formatos pouco utilizados nos atelis de arquitetura, desde equipamentos (maquetes tteis, maquetes sonorizadas, traadores grficos e processos de prototipagem rpida), passando pela descrio de percurso e de obstculos, at chegar ao nvel de participao do usurio durante o processo de projeto que, neste caso, ocorreu atravs da integrao com pessoas deficientes visuais.

Em complemento formao os alunos conheceram os traadores grficos desenvolvidos por DABREU[7] no trabalho com cartografia ttil; visitaram o Centro de Estudos e Pesquisas em Reabilitao Prof. Dr. Gabriel Porto (CEPRE/Unicamp) com a palestra sobre viso subnormal, proferida pela Profa. Dra. Maria Elizabete R. F. Gasparetto [8]; visitaram o Centro de Pesquisas Renato Archer (CenPRA) sob a superviso do pesquisador Jorge Vicente Lopes da Silva, para conhecer as tcnicas de ferramental rpido utilizando a prototipagem rpida de peas por Sinterizao Seletiva a Laser (SLS).

3.O Exerccio de Projeto: Integrao

O exerccio final da disciplina teve como proposta o projeto arquitetnico de um Centro de Servios para os usurios do campus da Unicamp. A metodologia do exerccio seguiu os dois ltimos mdulos de intensidade awareness: o Mdulo Valoraes (Accountability Level) com a aplicao consciente dos princpios do Desenho Universal e o Mdulo Integrao (Integration Level), onde ocorreu a integrao entre pessoas com deficincia visual e alunos do curso.

O objetivo do exerccio foi mostrar aos alunos que o projeto de arquitetura pode e deve contribuir para minimizar as barreiras arquitetnicas que dificultam a acessibilidade, e tambm pode fornecer subsdios exploratrios do ambiente informando previamente os caminhos a serem seguidos. A nfase solicitada foi na orientao espacial dentro do ambiente projetado.

A proposta do exerccio foi incluir as premissas do Desenho Universal [9] e da psicologia ambiental desde as fases preliminares de elaborao at a finalizao de um anteprojeto, incluindo a etapa de explanao do anteprojeto uma pessoa com deficincia visual. O questionamento principal foi: como projetar para pessoas com diferentes habilidades? Como defender e explicar as resolues estticas, estruturais e espaciais de um projeto arquitetnico geralmente feito com o suporte visual e grfico do desenho para uma pessoa com dificuldades visuais?

A questo da acessibilidade no projeto arquitetnico merece uma ateno especial no apenas no desenho do projeto, seguindo as normas e recomendaes corretas, mas a comunicao entre o projetista e o usurio igualmente importante e fundamental para a resoluo dos problemas e propostas. Sendo assim, novas formas de explanao de projeto foram solicitadas aos alunos, como forma de explorar o potencial criativo do projetista e colocar o usurio como participante ativo. Atravs dos conceitos tericos explicitados anteriormente podemos defender que a psicologia ambiental e comportamental interferem no uso do espao e, quando o usurio participa das decises de projeto, pode realimentar este mesmo processo. Este novo fator - o usurio ativo e participante - descentraliza as decises de projeto e coloca desafios metodolgicos quele que projeta uma edificao [10].

A dinmica final proposta resultou em uma vivncia de percurso ttil onde os indivduos com deficincia visual julgaram e avaliaram os projetos dos alunos.

A integrao ocorreu no Laboratrio de Acessibilidade da Biblioteca Central da Unicamp. Os quatro grupos de alunos que participaram da disciplina executaram maquetes para que fossem manipuladas de forma ttil. Trs voluntrios (um com baixa viso e dois com cegueira completa) participaram da dinmica.

Quatro anteprojetos foram elaborados pelos alunos de Engenharia Civil e Arquitetura e Urbanismo. Cada equipe escolheu um terreno vazio no campus da Unicamp, realizou o levantamento topogrfico, registrou o local atravs de fotos e informaes sobre o uso atual, elaborou o programa de necessidades, definiu o partido arquitetnico e o fluxograma, at finalizar com a proposta de um anteprojeto de um Centro de Servios. Alm dos princpios do Desenho Universal os projetos deveriam atender as normas brasileiras de edificaes especificadas na NBR 9050 [11].

A primeira proposta (Figura 3a e 3b) de autoria dos alunos Guilherme Henrique S. Martins e Ricardo M. Galvo representava o anteprojeto de um local de atividades de recreao, convvio, comrcio e apoio. Os alunos escolheram a Praa da Paz e a maquete ttil realizada enfatizou a volumetria do conjunto e os desnveis do terreno escolhido. A nfase foi na implantao e identificao dos blocos de servios interligados por uma passarela coberta.

Fig. 3a. Maquete 1: volumetria da implantao.

Fig. 3b. Usurios manipulam a Maquete 1.

A segunda proposta (Figura 4a e 4b) de autoria dos alunos Gilberto M. Neto, Daniel R. Campioni e Maurcio G. Martins teve como diretrizes de projeto a implantao de um conjunto de lojas e servios como livraria, revistaria, loja de cds, papelaria especializada, sebo e locutrio. Foi escolhido um terreno na Praa do Ciclo Bsio II devido topografia pouco acidentada, inexistncia de rvores e grande circulao de estudantes, professores e funcionrios. A maquete ttil teve como ponto forte a relatividade dos espaos internos e externos e teve como principal atrativo a representao das paredes atravs de pequenos filamentos de madeira, delimitando as aberturas e fechamentos.

Fig. 4a. Maquete 2 em vista superior

Fig. 4b. Usurio com baixa viso faz uso de equipamento tico para visualizao da Maquete 2.

Na terceira proposta (Figura 5a e 5b) os alunos Luis Fernando Milan e Mariana F. Ramos escolheram a Praa do Ciclo Bsico e propuseram uma central do estudante, com um novo local para o diretrio acadmico (DCE), rea para cinema em ptio coberto aberto, rea de exposio de trabalhos de alunos de diversos institutos e equipamentos de apoio como sanitrios e cantina. A maquete ttil enfatizou a questo da volumetria interna da edificao proposta e os autores criaram uma escala do passo para que os usurios pudessem identificar a escala do edifcio e as distncias a serem percorridas, j que o projeto contava com uma extensa rampa de acesso aos pavimentos superiores.

Fig. 5a. Maquete 3 em vista superior.

Fig. 5b. Detalhe da manipulao da Maquete 3.

Para a quarta proposta (Figura 6a e 6b), de autoria de Thalita Dalbelo e Daniel T. Turczyn, foi escolhido o terreno situado ao lado da Portaria II da Unicamp, bastante arborizado, com um desnvel de um metro aproximadamente e fcil acesso aos usurios do campus e habitantes vizinhos. O partido adotado no projeto foi o de um espao de convivncia entre alunos e ex-alunos. Os ambientes foram divididos em loja de convenincia, cyber-caf, espao para imagem, som e memria. A

maquete ttil, mesmo tendo um desenho semelhante simbologia grfica arquitetnica, os alunos utilizaram diferentes texturas para a representao dos elementos como paredes, janelas, portas, balces e prateleiras, o correto uso de legendas em Braille e letras em tamanhos maiores para usurios com baixa viso, alm das legendas indicativas das texturas. Uma questo levantada pelos usurios foi a ausncia de representao da escala humana.

Fig. 6a. Perfil da Maquete 4.

Fig. 6b. Usurios lem as legendas da Maquete 4.

4.Concluso

A atividade de percurso ttil mostrou-se didaticamente eficiente para ambos os sujeitos envolvidos - alunos e usurios. Aos alunos porque obtiveram as respostas e sugestes a partir da percepo do usurio. Para estes, por sua vez, a importncia esteve em verificar diferentes maquetes e formas de vivenciar uma proposta de implantao de um conjunto de edificaes ou de uma edificao isolada.

O objetivo da disciplina foi mostrar aos alunos como os usurios podem utilizar o ambiente em sua plenitude atravs de uma correta orientao espacial e como os futuros projetistas devem incorporar as diferentes percepes sensoriais no exerccio de projeto arquitetnico.

Nossa preocupao didtica com a formao de futuros engenheiros e arquitetos conscientes da importncia da aplicao dos conceitos do Desenho Universal na metodologia do projeto arquitetnico, e como estes projetistas podem traduzir a experincia advinda do usurio para a execuo de um projeto arquitetnico inclusivo de qualidade.

Referncias

[1] DUARTE, C.R. e COHEN, R. (coord) Acessibilidade para todos, uma cartilha de orientao. Rio de Janeiro: Ncleo Pr-Acesso, UFRJ/FAU/PROARQ, 2004.

[2] PREISER, Wolfgang F.E.; Vischer, Jaqueline, C., Assessing Building Performance. Elsevier ButterworthHeinemann, Burlington, Ma, EUA, 2005. Cap.7, pp. 72-79

[3] WELCH, Polly (Ed.). Strategies for Teaching Universal Design. Boston, USA: Adaptive Environments Center, 1995. Cap 6. Using awareness levels across design disciplines. pp 41-44.

[4] GIFFORD, R. Environmental psychology: principles and practice. 2 ed. Boston, USA: Allyn and Bacon, 1997

[5]SANOFF, H. Participatory Design: Theory and Techniques, Bookmasters, Raleigh, NC. (1990) apud DEMIRBILEK, O; DEMIRKAN, H. Universal product design involving elderly users: a participatory design model. Applied Ergonomics, vol 35, issue 4, july 2004, p 361-370. [6] VILHETE

[6]Ttulo Original: Janela da Alma. Gnero: Documentrio. Tempo de Durao: 73 minutos. Ano de Lanamento (Brasil): 2002. Estdio: Ravina Filmes.Distribuio: Copacabana Filmes. Direo: Joo Jardim e Walter Carvalho. Roteiro: Joo Jardim. Produo: Flvio R. Tambellini. Msica: Jos Miguel Wisnick. Fotografia: Walter Carvalho. Edio: Karen Harley e Joo Jardim.

[7] D'ABREU, Joo Vilhete Viegas. Uso do Computador para Controle de Dispositivos : O Traador Grfico (Plotter), in VALENTE, Jos Armando. "Computadores e Conhecimento: Repensando a Educao". Publicao NIED/Unicamp, 1999.

[8]GASPARETTO, M.E.R.F. el al. O aluno portador de viso subnormal na escola regular: desafio para o professor? Arquivos Brasileiros de Oftalmologia. Vol 64, no. 1, jan/fev 2001

[9] STORY, M. F. Principles of Universal Design in PREISER, W. F. E.; OSTROFF, E (ed). Universal Design Handbook. New York: Mc-Graw-Hill, 2001. Cap.10, pp 10.3 10.19.

[10] LUCK, R. Dialogue in participatory design. Design Studies, vol 24, no.6, Great Britain, November 2003. pp 532-535.

[11] ABNT. Associao Brasileira de Norma Tcnicas NBR 9058/2004 Acessibilidade a edificaes, mobilirios, espaos e equipamentos urbanos. Disponvel em http://www.mj.gov.br/sedh/ct/corde/dpdh/corde/normas_abnt.asp

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