Bernardino Machado Vida Politica e a Mac
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BERNARDINO MACHADO
Histria da Maonaria em Portugal (sculos XVIIIXX)
Professor Doutor Antnio Ventura
CLUDIO FONSECA
N 50350
28 DE MAIO 2015
28 DE MAIO 5348
LISBOA
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NDICE
INTRODUO 3
Bernardino MACHADO UMA INTRODUO 4
BERNARDINO MACHADO E A MAONARIA 8
CONCLUSO 13
BIBLIOGRAFIA 14
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INTRODUO
Com este trabalho pretende-se explorar a vida e obra de Bernardino Machado, mas, dando um particular
destaque sua vida enquanto maon e concepo que tinha da mesma pois Bernardino Machado viveunuma poca bastante particular e interessante, a implantao da repblica, e interessente pois na Maonaria
existiam tanto monrquicos como republicanos e ambas as faes tinham de coexistir.
A Maonaria foi organizao que nunca se declarou a favor ou contra a repblica ao contrrio de por
exemplo outra organizao como a Carbonria, que sim essa era assumidamente republicana, certo que
existiram maons na revoluo mas isso no faz da implantao da repblica um acto maon.
Bernardino Machado foi um homem activo na sociedade e podemos caracteriz-lo pela sua complexidade
no s pelo papel muito activo na poltica portuguesa, mas tambm pelos sectores que tocava na sociedade.
Em suma veremos a vida de Bernardino Machado no s do ponto de vista enquanto professor de Coimbra
ou como poltico veremos em parte o seu lado ntimo mas tambm o seu envolvimento enquanto destacado
maon.
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Bernardino Machado uma introduo.
Bernardino Lus Machado Guimares nasceu no Rio de Janeiro a 28 de Maro de 1851, filho de pai
portugus e me brasileira.1
A sua naturalidade ir ser contestada posteriormente pelos seus opositores, mas Bernardino
Machado numa carta dirigida a Bourbon e Meneses clarifica que foi brasileiro at atingir a maior
idade e que depois pediu a nacionalidade do seu pai e cumpriu servio militar em Portugal e que de
resto tal nunca foi impedimento a todos os cargos anteriores que desempenhou, nomeadamente de
professor em Coimbra e de deputado.
O seu pai tinha comprado um ttulo de nobreza, algo que era muito comum na poca em quereinava o rei D. Lus, Baro de Joanes, perto de Vila Nova de Famalico, todavia de realar que o
pai de Bernardino: [] administra e alarga as suas propriedades no concelho; empenha-se nos
movimentos de poltica local em prol dos progressos da terra []2.
[] Fez os preparatrios no Porto, matriculando-se, em 1866, matriculando-se, em 1866, na
Faculdade de Matemtica (fundada em 1772) da Universidade de Coimbra [] Alm de ser a nica
Universidade do pas, era um centro poltico de grande importncia, nomeadamente um dos locais
onde se afirmou e organizou o movimento republicano. Bernardino Machado at sua adeso ao
Partido Republicano Portugus, esteve ausente tanto das dinmicas de protesto como docrescimento organizativo do republicanismo. []3.
Bernardino Machado cedo criou em Coimbra uma grande rede de contactos e de amizades pois
sempre conviveu quer com colegas e com professores no s quando era aluno como tambm
quando ficou como professor, procurou sempre investir para alm dos seus estudos, em projectos
extra-curriculares no mbito das dinmicas cientficas, fruto do tempo pois estamos no despontar do
positivismo, colaborou numa revista entre 1870-1871: Estudos Cosmolgicos, e estando Bernardino
em Coimbra ligou-se tambm a vrias associaes conimbricenses.4
E vai ser neste clima e percurso de saber mais, expandir horizontes que em 1874 Bernardino
Machado ingressa na Maonaria, na Loja Perseverana, de Coimbra e vai adoptar a como nome
simblico: Littr, sabemos ns que tal nome se deve essencialmente [] aos ventos positivistas que
sopravam na Universidade de Coimbra. [] ele ter optado pelo nome simblico de Littr, escolha que
tambm significa a sua adeso no dogmtica aos ensinamentos de Comte e a confiana nas
capacidadesdo saber cientfico e nas suas infinitas possibilidades de iluminar e promover o
1Vide, MACHADO, Antnio, Bernardino Machado Memrias,2 edio, Livraria Figueirinhas, 2000, Lisboa, p. 19.2
Vide, SAMARA,Maria Alice, Bernardino Machado,Uma vida de luta, Assembleia da Repblica, 2012, Lisboa, p.18. 3Vide, Idem, ibidem, p.19.4Cif, Idem, ibidem, p.20.
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aperfeioamento humano []5, o aperfeioamento humano que tanto se preza na Maonaria, mas
deixemos agora a Maonaria para mais frente onde se far anlise do seu percurso e opes
manicas.
A 28 de Fevereiro de 1877 Bernardino Machado colocado como professor substituto e ficou
igualmente como fiscal na Faculdade de Filosofia, dois anos mais tarde fica como lente catedrtico de
Filosofia tomando posse a 22 de Abril de 1879.
Em 1882 casa-se com Elzira Dantas, uma senhora proveniente de uma famlia de bons costumes,
este casamento juntou poca duas famlias abastadas da provncia. Mas se esse ano foi de
felicidade pelo seu casamento tambm foi um ano que resultou mal pois morreu o pai de Bernardino
Machado. E para finalizar os acontecimentos deste ano de 1882 Bernardino Machado entra para a
Cmara dos Deputados por Lamego, isto claro ainda no quadro do constitucionalismo monrquico.6
1883 vai ser um interessante ano para o percurso poltico de Bernardino Machado de destacar aentrega da pasta das Obras Pblicas, Comrcio e Indstria era uma pasta com pouca importncia,
embora que Hintze Ribeiro que era o Chefe de Governo tenha comeado por ela tambm, era uma
pasta muita trabalhosa, contudo no aguentou a presso exercida sobre ele quer dentro do seu
gabinete quer no jornais, culpa tambm da alimentao vinda de Joo Franco que aumentava as
intrigas.7
Todavia no se pense que Bernardino nada fez. Sendo as obras pblicas a sua pasta pasta,
preocupou-se bastante com os transportes e comunicaes tais como as estradas, linhas frreas os
portos e os seus faris, apostou tambm na agricultura, distribuindo sementes selecionadas para
boas colheitas mas tambm tomou medidas para que se cultivasse o Alentejo. Regulamentou-se
tambm a questo do trabalho das mulheres e dos menores, bem como das bolsas de trabalho.8
Descontente por no ter conseguido desempenhar como cria as funes do seu gabinete []
Bernardino Machado regressou a Coimbra, ao seu trabalho e famlia. Segundo Lus Morote,
Bernardino Machado abandonou o governo por no poder cumprir os seus princpios liberais,
sacrificando o que seria uma carreira slida na Monarquia Constitucional. [] Poderia, de facto,
Bernardino Machado no estar na poltica? A sua viso do mundo no o impelia, necessariamente,
para a tomada de posies pblicas e polticas, ainda que no necessariamente partidrias? []9. A
esta pergunta pode-se responder tendo em conta as posturas desde jovem estudante que
Bernardino Machado sempre procurou questionar o mundo em que vivia, mas, sobretudo de o
querer melhorar, se tal no fosse verdade no teria tido ele uma sede de conhecimento, no teria ele
investido o tempo dele nas associaes em Coimbra e muito menos tinha ele entrado na Maonaria,
vemos que existe uma vontade de fazer algo em prol da sociedade, e assim sendo Bernardino sai da
cena poltica [] descontente, magoado, desiludido. Mas no abandonou, por ento, as falanges
5Vide, Idem, ibidem, p.21.6Vide, Idem, ibidem, pp.26-28.7
Vide, idem, ibidem, p.38.8Vide, idem, ibidem, p.38.9Vide, idem, ibidem, p.39.
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monrquicas. No virou a casaca por despeito. []10, e nessa dcada que esteve longe da cena
poltica, continuo a fazer aquilo que sempre fez, meditou, escreveu, pensando como poderia a
Monarquia ser salva, pois o descontentamento aumentava sobretudo devido aos adiantamentos
feitos Casa Real e o Partido Republicano vai-se alimentar deste descontentamento e aumentar os
seus apoiantes.
Bernardino Machado vai ento entrar para o Partido Republicano e numa conferncia marca logo
posio sob a posio e postura que este partido deveria de ter: [] Faa sobretudo por amparar
todas as justas reivindicaes dos pobres, dos humildes. Seja um partido republicano profundamente
socialista. []11. Devido sua importncia Bernardino Machado teve logo assento no Directrio do
partido.
A monarquia cai embora que Bernardino Machado no fosse a favor da chegada ao poder pela via
da violncia, mas sim por via de eleies. Implantada a Repblica necessrio a criao de um
governo provisrio e Bernardino Machado perde contra Manuel de Arriaga que vence com 121 votoscontra os 86 de Machado. Bernardino vai em trabalho diplomtico para o rio de Janeiro. Voltando
ficou a saber que Afonso Costa se demitia, embora o Partido Republicano tivesse a maioria na
Cmara dos Deputados, Manuel de Arriaga convida Bernardino Machado devido sua capacidade de
concrdia, mesmo quando a I Guerra Mundial estalou, Bernardino manteve uma postura digna e
coesa, no quis falhar com a Inglaterra nos compromissos de aliana, todavia tambm no quis cortar
relaes com os outros pases. Todavia mais tarde Portugal ter de intervir, sobretudo em defesa das
suas colnias em frica.12
A 5 de Outubro de 1915 Bernardino Machado tomava posse como Presidente da Rpublica e doismeses depois dava posse a Afonso Costa. Se tudo parecia bem encaminhado eis que vem o
movimento poltico sob forma de revolta da direita encabeada por Sidnio Pais. Bernardino sempre
constitucionalista parece ter desvalorizado o movimento e procurou o dilogo com os Unionistas,
todavia esse dilogo nunca aconteceu pois a outra parte recusava. Um dos traos que caracteriza
Bernardino Machado era de facto a sua cordialidade e gosto de falar s pessoas, existindo uma
caricatura de Bernardino Machado que caricaturava esta sua forma de estar, da autoria de Sanches
de Castro uma caricatura onde Bernardino Machado aparece com o seu chapu alto e com o bigode
aumentado com propsito, bem como um exagero na sua mo que est estendida e aumentada e
tem como texto: Como est, meu caro amigo?13, Bernardino Machado tinha o afecto e estima dopovo, pela sua poltica natural de proximidade.
Bernardino entre muitos outros democratas como ele devido ao sidonismo vo ser forados a
abandonar o pas. Sidnio Pais governou at ao dia 14 de Dezembro de 1918, dia em que foi
10Vide,MARQUES, A.H. De Oliveira, Bernardino Machado, edies Montanha, 1978, Aveiro, p.20.11
Vide,idem, ibidem, p.2112Vide, idem, ibidem, p.27.13Vide, SAMARA, op.cit. p.5.
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assassinado, a Bernardino Machado este dia teve quase a mesma percepo: [] a morte de um
dspota []!14.
Em 1919, foi senador por Lisboa, em 1921 chefiou um curto governo, perdeu nas eleies em
1923, mas, conseguiu em 1925 ser eleito para o seu segundo mandato com 148 otos na segunda
volta tendo ganho logo na primeira volta por 124 votos contra os 30 de Duarte Leite. Todavia se
Bernardino conseguiu o seu segundo mandato, certo que teve tambm um segundo golpe de
estado e novamente teve de sair para o exlio. Se desta vez no era Sidnio quem liderava a revolta,
pois estava morto quem importunava Bernardino era Mendes Cabeadas, Bernardino est disposto a
reunir-se com Mendes Cabeadas, [] Estava a atuar de uma forma de uma maneira semelhante ao
que tinha feito aquando da revolta sidonista, procurando negociar com os revoltosos. Tal como da
primeira vez, no ia correr bem. []15, Bernardino vai deixar o poder e Mendes Cabeadas por
pouco tempo pois depois ele prprio vai sair, demitindo-se.
Bernardino parte para o seu segundo exlio, estando em Espanha e em Frana muito de acordocom o clima poltico que se vivia, Salazar em ano das comemoraes centenrias vai fazer a amnistia
aos exiliados, muitos so presos pela polcia poltica, Bernardino Machado abordado por um agente
da PIDE que lhe trazia uma declarao para ser assinada pelo antigo republicano como no se iria
estabelecer na capital, vai fixar-se no Porto onde de resto ir morrer a 28 de Abril de 1944,
[]Morreu sem ver o fim do Estado Novo, contra o qual lutara nos ltimos anos da sua vida. Mas
talvez tivesse mantido sempre a esperana: "Ponhamos toda a confiana no dia de amanh. E avante!"
[]16.
Em suma Bernardino Machado foi sempre um homem que buscou sempre o dilogo e a harmoniaem todos, o problema talvez do seu insucesso nos cargos que desempenhou, no ponto de vista da
durabilidade pois nunca pensou na maldade e quis respeitar sempre as regras. Constitucionalista
sempre se apoiou na tica e no seu trabalho honesto, recusando lugares quando achava que devia de
recusar mantendo assim a sua integridade e dignidade que sempre o acompanharam e que fazia com
que ele fosse genuno e a populao tivesse um certo carinho por ele.
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Vide, idem, ibidem, p.112.15Vide, idem, ibidem, p.136.16Vide, idem, ibidem, p.145.
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Bernardino Machado e a Maonaria
Agora que conhecemos a vida e o trabalho poltico de Bernardino Machado passemos agora
anlise da sua postura e trabalho na Maonaria, vimos acima como a pertena Maonaria pode terinfluenciado a sua ao poltica pelo menos na questo de comportamento e da interidade.
Mas vamos concentrar no seu percurso manico, como j dissemos antes devido sua
proactividade entrou em vrias associaes de Coimbra, entre elas a Maonaria.
Em 1874 com 23 anos entrou na Maonaria em Coimbra atravs da Loja Perseverana. Na
Maonaria por razes de segurana dos membros usam nomes simblicos, sendo por exemplo vulgar
encontrarmos actas onde supostamente Jlio Csar esteve numa reunio assim como outros como
Graco, Scrates, isto obviamente nos sculos XVIII ou XIX, isto obviamente protegia os irmos de
serem descobertos caso algum documento casse em mos profanas, havendo assim
confidencialidade, os maons quando entravam escolhiam um nome simblico, esses nomes eram
relacionados muitas vezes com nomes que tinham ligao profisso do maon, por exemplo com os
maon que eram da Marinha encontramos nomes como por exemplo Neptuno ou Posdon deuses
romano e grego, respectivamente, dos mares, ou ainda Nemo ou Nautilus.
Bernardino Machado vai escolher o nome simblico: Littr uma [] claraaluso sua pertena
intelectual aos ventos positivistas que sopravam na Universidade de Coimbra [] a confiana nas
capacidades do saber cientfico e nas suas infinitas possibilidades de iluminar e promover o
aperfeioamento humano. []17, retemos estas duas ltimas palavras, para um maon muitas
vezes esse o superior objectivo, o aperfeioar do ser humano.
Existem lojas que se tornam mais importantes no futuro que outros devido aos seus obreiros, e as
actividades onde se encontram [] Segundo Fernando Catroga, foi desta desta loja que saiu a
organizao do primeiro centro republicano desta cidade. []18, Bernardino Machado como ns
vimos deslocou-se pelo pas, tendo sido iniciado em Coimbra devido ao seu lugar de estudo e de
trabalho enquanto professor universitrio, mas depois teve de deslocar-se para Lisboa devido ao seu
trabalho poltico, e por isso foi membro de outras lojas e essas lojas podiam seguir o Rito Francs ou
o Rito Escocs, por isso que [] Em 1895 atingiu o grau 7 do Rito Francs e o grau 33 do RitoEscocs Antigo e Aceito. []
19, e por isso para alm da Loja Perseverana [] Pertenceu ainda loja
Razo Triunfante n3 (Lisboa, 1892), oficina Fernandes Toms (1903), loja Elias Garcia (1910) e
oficina Fraternidade Colonial. []20.
1892, 18 anos depois da sua entrada Bernardino presidente do Conselho da Ordem, cargo que
ocupa at 1895, mas o momento alto em 1895, quando Littr [] foi eleito gro -mestre do
17Vide, idem, ibidem, p.21.18
Vide, idem, ibidem, p.21.19Vide,idem, ibidem, p.21.20Vide, idem, ibidem, p.21.
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GOLU em 3 de julho de 1895, com 195 votos []21, mas tambm foi Soberano Comendador do
Supremo Conselho de grau 33, este cargo ocupou-o at 1899 e voltou a s-lo entre 1929 at 1944,
Norberto Cunha tem a opinio de que Bernardino Machado aceitou ser eleito gro-mestre para: []
comandar uma milcia ao servio da instruo e da liberdade []22.
Bernardino Machado pode ter sido poltico e maon na sua vida mas algo que nunca deixou de ser
foi: pedagogo, e como tal a educao e o seu desenvolvimento esteve sempre presente nas suas
ideias principais, no acreditando que tivesse usado a Maonaria apenas como uma ferramenta do
seu projecto de vida, certo que a aco desenvolvida por ele correspondia com as ideias da
Maonaria no sentido do livre pensamento e da liberdade das pessoas e isso visvel, pois mesmo
quando no exlio e supostamente amordaado pelo regime ele continuou a escrever e a dizer aquilo
que pensava e sempre apelou a que as pessoas se libertassem e continuassem a combater pela
liberdade e por isso que na dcada especialmente de 40 o Estado Novo tanto temeu a vinda dele
para Portugal, pois ele seria certamente um agitador de ideias e de conscincias.
Mas o que importa aqui realar a aco de Littr dentro da Maonaria e para isso vamos
comear por perceber em que conjuntura poltica ele pega no malhete: 5 anos depois do Mapa Cor-
de-rosa, a Monarquia est instvel, os republicanos comeam a ganhar terreno e apoiantes e se a
sociedade est em estado de embolio e a Maonaria no excepo e sofre essa agitao tambm,
pois os obreiros so humanos e os humanos tm emoes e deixam-se muitos levar por elas. E por
isso oportuno vermos e analisarmos o discurso da tomada de posse de Bernardino Machado
enquanto gro-mestre: No somos nem um partido, nem uma seita, respeitamos todos os crentes
sinceros. []23, logo aqui Bernardino separa as guas agitadas no interior da organizao, ao dizer
que no um partido e que respeita todos os crentes, significa que a Maonaria no como muitos
acreditaram de que era uma sociedade contra a Igreja Catlica, a Maonaria tambm no seria uma
organizao que iria disputar a questo da Monarquia ou da Repblica, dentro da Maonaria
existiram os republicanos e os monrquicos e tal no deveria ser motivo de ciso pois todos eram
irmos, e ambos queriam o mesmo, o aperfeioamento humano, pois eles so [] como uma guarda
cvica de voluntrios ao seu servio. []24e mais diz que [] a Maonaria a grande ordem secular
onde comungam quantos, sem distino de crenas religiosas ou de opinies polticas, lhe rendem
culto livre.[]25, a Maonaria no seu interior tinha e primava pela harmonia entre os seus obreiros
quer do ponto de vista religioso como poltico e o propsito nunca foi de [] insurgirmos contra os
poderes constitudos pela vontade nacional []26. Ou seja est visto que Bernardino Machado
sempre foi um homem que apelou ao bom senso e ao espirito no s no panorama poltico enquanto
republicano, mas tambm no panorama manico ainda era monrquico.
21Vide, VENTURA, Antnio, Uma Histria da Maonaria em Portugal, 1727-1986), Crculo de Leitores, Lisboa, 2013, p.332.22Vide, SAMARA, op. Cit. p.22.23Vide, VENTURA, op. Cit. p.332.24Vide, idem, ibidem, p.333.25
Vide, MACHADO, Bernardino, Obras III Poltica, coord. Norberto Ferreira da Cunha, Edies Hmus, Vila Nova deFamalico, 2011, p.243.26Vide, idem, ibidem, p.243.
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Agora que vimos como Littrdefinia a posio oficial da Maonaria, o que no implica que no
tenham existido maons que tenham estados nas duas barricadas a defender as suas causas
(partidrias), agora obviamente que o facto de maons terem participado na implantao da
Repblica no vai fazer com que esta revoluo tenha sido feita sob a indicao da Maonaria,
injusto diz-lo da mesma forma que pelo facto de um padre ser pedfilo, no faz com que a Igrejaapoie essa atitude.
Se Littrv a Maonaria como uma espcie de guarda cvica de voluntrios ele delineia quem so
as pessoas que esto no raio de ao da Maonaria: [] a criana e o velho, a mulher, o proletrio, o
enfermo, o deliquente [] eis um sem nmero de entes que imploram a proteco social, []
pretendemos insuflar a humildes e a poderosos, a da liberdade, que o prprio timbre da dignidade
humana, O mal s triunfa pela inrcia das almas! [] 27, esta ordem inicitica compromete-se
sobretudo em agitar as conscincias e a tirar o cidado da inrcia em que se encontra.
Mas como realizar e aumentar o impacto da maonaria e os seus ideias na sociedade portuguesa?
O venervel da Loja Elias Garcia, Feio Terenas envia-lhe a seguinte mensagem: [] a Maonaria
portuguesa, doravante , imitao da Maonaria em Frana, Itlia, Espanha, Inglaterra, Blgica e
outros pases, apresente candidaturas a deputados, as quais, no sendo exclusivamente suas, devem
filiar-se em partidos os mais avanados para ocultarem os intuitos da nossa Augusta Ordem aos olhos
dos profanos, e terem na urna probabilidades de xito. Estes deputados poderiam e deviam receber
do povo manico se no um mandato imperativo, pelo menos uma larga indicao detalhada, para a
sua conduta legislativa, [] Deste modo ficaria robustecida a ao manica pela solidariedade com
os partidos militantes, liberais e democrticos [..]28
, vemos aqui uma das formas de actuao damaonaria, estando no poder ou perto do poder legislativo conseguiam com maior facilidade ajudar
aqueles que acima foram referidos, era um meio para atingir um fim o de [] erguer os caracteres
de todos []29.
Bernardino Machado recebe o malhete numa altura muito complicada devido questo da
demisso do antigo gro-mestre: Visconde de Ouguela que numa tentativa de unificar e congregar as
lojas no o conseguindo demitiu-se ainda a juntar a isto existiam divergncias com o Conselho da
Ordem, tal fez com que existissem cises e afastamentos por arte de irmos obreiros. Para resolver
alguns problemas que existem Littr sugere uma modernizao da constituio manica pararesolver por exemplo a questo do gro-mestre adjunto mas tambm para tentar cicatrizar algumas
feridas existentes no seio da Maonaria de modo a [] abrir francamente os braos a muitos antigos
irmos, que se no apartaram sem dor do nosso grmio e anseiam por voltar a ele sem quebra das
suas justas regalias []30
, pois existia um objectivo que todos ele queriam cumprir: [] imprimir
27Vide, idem, ibidem, p.244.28
Vide, VENTURA, op. Cit, pp. 334-335.29Vide, MACHADO, op.cit. p.244.30Vide, idem, ibidem, p.246.
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vida portuguesa o cunho liberal que nos caracteriza. []31, Bernardino sonhava com o dia em que a
Maonaria teria legitimidade de existir sem problema algum.
Se hoje o jornalismo se alimenta de fazer vender ms imagens ou perspectivas da maonaria nos
nossos dias na altura tal no era diferente, porque a prpria sociedade no se inova e permanece
agarrada aos mesmos pensamentos mesquinhos, ora atente-se continuidade do mesmo discurso:
[...] O segredo das nossas reunies tornou-se to anacrnico com a civilizao moderna, que muita
gente l fora o no compreende e aprecia com justia, e a verdade mesmo que nem entre ns se
guarda fielmente. Este ar de mistrio que nos envolve, presta-se a todas as suspeitas e malsinaes
[]32 curioso ver como preconceitos de antes ainda hoje se mantm.
Dois anos depois de assumir o malhete vai existir novamente uma ciso. Funda-se o Grande
Oriente de Portugal, as lojas que apoiaram e criaram o GOP foram as lojas Tolerncia I e Razo
Triunfante, ora esta ltima loja era a loja onde estava o gro-mestre Bernardino Machado, que por
uma questo de comodidade e [] por residir em Coimbra, costumava liquidar a quotizao no finalde cada ano []
33ora estes dissidentes que estavam contra Littvo fazer com que ele seja posto
fora por falta de pagamento das quotas, isto era nitidamente uma forma de fazer com que
Bernardino no pudesse pegar no malhete, visto no ser um maon de plenos direitos, defendendo-
se vai convocar o Conselho da Ordem onde recebeu o apoio da maioria excepto de Jesuno Ezequiel
Martins e de Andr Joaquim Bastos que eram das duas lojas que criam o novo Oriente. Ora aos 14
dias do ms de Maio o GOLU vai irradiar sete maons que eram os destacados deste novo Oriente.
Posteriormente o GOLU vai dar uma amnistia aos maons afastados mas esses iro ignorar tal coisa.
Mais um gesto caracterstico da bondade de Bernardino Machado.
Mas o que trouxe de novo o gro-mestrado de Littr? Trouxe novidade, Bernardino foi um
progressista em todas as tarefas onde se encontrava envolvido e a Maonaria no foi execpo, com
Littra comandar a sua milcia como j acima vimos com ele temos: [] o fim do se cretismo, a
possibilidade de se poderem discutir problemas polticos e semelhana do que o Grande Oriente de
Frana estatura em 1887, a eliminao da obrigatoriedade de crena religiosa. []34.
Todavia no se pense que Bernardino teve um gro mestrado fcil porque no o teve, ele assumiu
o cargo num momento muito difcil pois foi um momento onde republicanos e monrquicos se
digladiavam em todos os campos dentro da Maonaria, e face a estas dificuldades, achou-se semcapacidades de continuar a ser gro-mestre, no seu discurso de exonerao ele comea por passar
em retroespectiva aquilo que foi o seu mandato e tudo aquilo que fez pela Maonaria evocando logo
a nova constituio e aquilo que fez para manter os irmos unidos e []Portanto, no me sendo
possvel continuar a desempenhar-me da minha misso de supremo rbitro dos partido, dentro da
maonaria portuguesa, cumpre-me apresentar-vos a minha exonerao de Gro-Mestre. []35.
31Vide, idem, ibidem, p.246.32Vide, MACHADO, op. Cit, p.246.33
Vide, VENTURA, op. Cit. p. 340.34Vide, SAMARA, op. Cit. p. 22.35Vide, MACHADO, op. Cit. p. 268.
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Bernardino Machado embora se tenha exonerado do cargo tal no fez com que se desligasse da
Maonaria posteriormente entre 1929 e 1944 ser Soberano Comendador do Supremo Conselho do
grau 33.
Em suma podemos dizer que Littrfoi um verdadeiro maon, no sentido de que foi rgido com a
doutrina nunca desrespeitando a constituio, nem nunca usou a Maonaria para benefcio prprio,
no sentido de que lutou sempre pela causa manica e sonhou para que a Maonaria fosse vista com
legitimidade. Mas se fosse rgido na doutrina justo tambm dizer que a sua veia progressista
tambm funcionou no GOLU pois quis modernizar a maonaria portuguesa e p-la ao mesmo nvel
das restantes europeias, como vimos em cima, Bernardino parece ter aparecido no momento ideal
da Maonaria, pois s algum k fosse equilibrado que conseguiria de facto manter os irmos
obreiros juntos e sem criar cises, nem deixar que esta ordem resvalasse quer para o lado
monrquico, nem para o lado republicano, relembro que Bernardino nesta altura era monrquico
liberal e progressista, apesar dos problemas que no interior na instituio lhe causavam conseguiu
manter-se e ter o apoio da maioria, pois a sua forma de estar sempre de boa disposio com todos
fez com que tivesse uma boa base de apoio.
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CONCLUSO
O que se conclui com este trabalho muito na base de que quer a sua actividade manica como
a sua poltica e civil, tocam-se e os ideais tambm pois toda a sua maneira de estar e de ser secoaduna com a maneira de estar do aperfeioamento humano caracterstico da Maonaria, onde
deveria imperar a concrdia e o respeito pelo prximo.
Todavia pode ter sido a que essa bondade, qui misturada com ingenuidade no o permitiram
vingar to bem na arena poltica, pois enquanto ministro no aguentou com as campanhas contra ele
feitas, e depois foi deposto nas duas vezes que foi Presidente da Repblica, curiosamente da mesma
forma, curiosamente pela ingenuidade e bondade por parte de Bernardino Machado, que quis falar
educadamente com revoltosos, ora os revoltosos tomaram o poder de assalto.
Foi um progressista, um visionrio, podemos afirmar que um bom estratega, pois mesmo no
exlio ele escreve e d ideias e define campos de aco para executar os projectos, mesmo j
bastante velho para actuar politicamente o Estado Novo teve receio dele pois era visto como um
agitadr de conscincias j para no dizer que simplesmente era maon.
Enquanto maon e gro-mestre fez um trabalho de respeito pois como foi dito o malhete que
empunhou, trazia problemas e ele soube resolve-los da melhor forma embora tenha havido aquele
incidente de 1897.
Fez um timo trabalho quer para a nao portuguesa, quer tambm para a nao manica e porisso que muitos hoje em dia escolhem como nome simblico: Bernardino Machado.
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BIBLIOGRAFIA
MACHADO, Antnio, Bernardino Machado Memrias,2 edio, Livraria Figueirinhas, 2000, Lisboa.
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