Bibliotecas Escolares e Web 2.0
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RESUMO
O artigo enfoca o papel da educao e da biblioteca na Socie-dade da Informao e apresenta conceitos e caractersticas daBiblioteca 2.0 (L2). Defende o uso da web 2.0, na biblioteca
escolar, visando otimizar ou criar servios e produtos, para finsde conquista dos usurios, visibilidade e espao na escola e nasociedade. Identifica nos programas pblicos de incentivo e im-plantao de bibliotecas nas escolas, no Brasil e em Portugal, apresena ou recomendaes para o uso da web 2.0. Com basena literatura conclui que, em Portugal, j ocorre a iniciativa douso dos blogs por parte da biblioteca escolar, porm com escas-sez de comentrios por parte do usurio. E que as bibliotecasbrasileiras tm um longo caminho a percorrer no que tange asbibliotecas escolares, como tambm no contexto dos sistemasde informao.
PALAVRAS-CHAVE: Biblioteca escolar. Web 2.0. Biblioteca 2.0.Brasil. Portugal.
Bibliotecas Escolarese web 2.0:reviso daliteratura sobre Brasil e
Portugal
Cassia Cordeiro Furtado
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1 Introduo
Desde a primeira defnio de sociedade da inorma-
o, cunhada por Tadao Umesamo, em 1963, no Japo
(KANCZAK; SZOLTYSIK, 2006, traduo nossa), que a
Humanidade passa por transormaes que aetam todos de
orma radical. O avano tecnolgico, em especial nas reas detelecomunicaes e da inormtica, um dos enmenos que
marca a sociedade atual e sendo esse enmeno cumulativo
e irreversvel, a cada dia a humanidade se depara com mais
uma novidade.
Aweb 2.0surge trazendo uma mudana na concepo
do utilizador da inormao. Agora, alm de utilizador, ele
tambm autor, editor, organizador e classifcador da inor-
mao. Nesse sentido, novos paradigmas surgem nas reas do
conhecimento, notadamente na Cincia da Inormao e na
Biblioteconomia. Dentre eles, encontra-se a Biblioteca 2.0,
que representa uma mudana na relao usurio, inormao
e biblioteca.
Nesse contexto, as bibliotecas esto a utilizar as tecnologias
de comunicao e inormao no oerecimento de servios e
produtos e, especialmente, numa relao de interao com o
usurio. Contudo, em se tratando das bibliotecas escolares,
verifca-se que h uma lacuna e que essa plataorma no est
a ser potenciada devidamente.
O presente artigo destaca o papel da educao e dabiblioteca na Sociedade da Inormao, az um recorte na
literatura sobre o termo Biblioteca 2.0 (Library 2.0) -- L2 e
as contribuies das erramentas da web social para o papel
educativo das bibliotecas nas escolas da educao bsica. E
fnaliza abordando os programas pblicos de incentivo as bi-
bliotecas que trabalham com a comunidade escolar, no Brasil
e em Portugal.
2 Sociedade da Informao, Educao eBibliotecas
Com a presena constante das tecnologias de inormao
nos mais variados ambientes, o homem passa a contar com
uma diversidade de espaos educacionais e a educao passa
a ter sua abordagem ampliada, ultrapassando os seus limites
tradicionais, visando ormao integral do indivduo.
A escola deixa de ser o nico espao de educao, passando
a considerar relevante a variedade e a quantidade de inorma-
es recebidas pelas crianas, advindas das mdias, mesmoantes delas chegarem ao ambiente escolar, e que continuaro
a adquiri-las, durante toda a vida.
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Ensinar no mais transmitir conhecimentos. O proessor
perde o monoplio do saber, pois no detm mais todas as
inormaes e o aluno deixa sua posio passiva de aprendiz,
onde somente acumulava inormaes, na maioria das situ-
aes sem compreenso e contextualizao com a realidade.
Ele passa a ter o papel de consultor da aprendizagem, no sen-
tido de abrir caminhos ao conhecimento, visando preparar o
educando para o conronto com novos problemas, exercitar a
ousadia da curiosidade e incentivar o esprito criativo e crtico
das crianas e jovens (TEDESCO, 2006).
O novo modelo de educao substitui a aprendizagem
uniorme e homognea pela aprendizagem centrada na in-
dividualidade de cada estudante, em um contexto coletivo
e cooperativo, onde educadores e educandos constroem o
conhecimento e o processo de aprendizagem ocorre a partir
de ontes distintas e de ormas diversifcadas.Assim, com as mudanas na sociedade em decorrncia dos
avanos tecnolgicos que ocorreram nos ltimos anos, nome-
adamente nas instituies educacionais, a escola e a biblioteca
trabalham em um novo cenrio e passam a enrentam novos
problemas e responsabilidades.
O desenvolvimento das tecnologias de inormao e
comunicao teve como uma das conseqncias a exploso
da inormao, caracterizada pelo aumento da quantidade,
diversidade e possibilidade de sua reproduo sem limites.Assim, a biblioteca precisa encarar o desafo de abandonar o
paradigma patrimonial e custodial, para se tornar numa rede
multimdia de inormao ou, como sugere Serra e De Luca
Pretto (2009), um centro de reerncia digital.
Kuhlthau (1999, p.11) alerta para o papel do bibliotecrio
em uma escola da sociedade da inormao. Segundo a autora,
ele no deve se resumir [...] apenas em ornecer grande quan-
tidade de recursos inormacionais, mas tambm, colaborar com
os proessores como acilitadores e treinadores no processo deaprendizagem baseado em tais recursos.
Cabe biblioteca escolar ser o portal de ligao da escola
com o mundo permeado de tecnologia, pois, ainda segundo
Brougre (2001)1 [...] h uma enorme distncia - quem sabe
uma oposio - que no se pode subestimar, entre a cultura
inantil contempornea e a escola.
Com tantas mudanas atingindo as instituies, in-
dispensvel que os profssionais que atuam nas bibliotecas
percebam a necessidade de rever seus produtos e servios e
sua relao com o usurio da inormao, a fm de que elasno sucumbam diante das tecnologias de inormao e co-
municao e se tornem obsoletas. Bibliotecrios devem ver
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os novos desafos como uma oportunidade de modernizao
da imagem e do papel da biblioteca, de criao e dinamizao
de uma nova gerao servios e produtos, a fm de conquistar
crianas e jovens, ter visibilidade e espao na escola e na So-
ciedade da Inormao.
3 Web 2.0 + Biblioteca = Biblioteca 2.0
A biblioteca deve recorrer s tecnologias, em especial da
Internet, para extrapolar as barreiras de espao e tempo e am-
pliar o acesso inormao, como caminho para a produo
de conhecimento e ampliao de suas oportunidades.
A relao biblioteca e usurio sempre despertou interesse
para os profssionais da rea, porm nos ltimos anos esteve
mais presente nas discusses, depois que o termo Library 2.0
(L2) surgiu, em 2005, no Blog LibraryCrunch2
, de MichelCasey. Segundo o mesmo, representa uma inovao nos ser-
vios tradicionais, estticos e assncronos da biblioteca, com
a aplicao dos princpios e erramentas da web 2.0(CASEY,
2009, traduo nossa).
O termo web 2.0oi cunhado, em 2004, por Tim OReilly,
que o defne como uma plataorma, um servio continuamen-
te renovado e atualizado, que fca melhor quanto mais pessoas
o utilizam, consumam e azem remixdos dados de variadas
ontes. E que incluam tambm suas prprias inormaes,
a fm de que sejam compartilhados com os outros usurios,criando uma arquitetura de participao, que vai alm do
contexto da Web 1.0 (OREILLY, 2005, traduo nossa)3.
Dessa orma, presencia-se uma nova concepo da Internet
e mudana no papel do utilizador. Davis (2005, traduo
nossa) enaltece ainda mais o usurio ao declarar que web
2.0 uma atitude e no tecnologia. Ou seja, o relevante
permitir, incentivar e aproveitar a participao de todos, pois
na medida em que usam o produto contribuem para melhorar
a qualidade do mesmo.Merlo Veja (2007, traduo nossa) tambm classifca a
relao das bibliotecas com as tecnologias como questo de
atitude, podendo ser expressa de trs ormas dierentes: biblio-
tecas passivas, as que empregam as tecnologias e seus recursos
para o trabalho interno, sem reverter em produtos e servios
para o usurio, ou seja, tm uma atitude individualista perante
a tecnologia; as bibliotecas ativas, que azem uso dinmico da
tecnologia como recurso e para prestao de servios, porm
de orma unidirecional para o usurio, tendo uma atitudeprofssional; e, por ltimo, a biblioteca interativa, que usa a
tecnologia como meio para se relacionar com usurio, a partir
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http://librarycrunch.com/
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de uma relao aberta e igualitria, numa atitude participativa.
Com relao histria das bibliotecas, a L2 um termo
muito novo, razo por que tem merecido estudo por parte de
pesquisadores da rea, em especial para estabelecer conceitos
e servios a serem oerecidos.
Destaca-se Miller (2005, traduo nossa)4, que az uso de
rmula matemtica, interessante e objetiva, para defnir a L2:
web 2.0+ biblioteca = biblioteca 2.0. As caractersticas de
uma L2 passam por quatro elementos essenciais, que, segundo
Maness (2006, traduo nossa) , so: [...] centrada no utili-
zador, proporciona uma experincia multimdia; socialmente
rica e inovadora.
Percebe-se que o ponto central da L2 o utilizador, mas,
com base em servios como estudo do usurio e da comunida-
de, a biblioteca sempre procurou ouvir e atender as necessida-
des inormacionais dos mesmos. Considera-se que, at ento, abiblioteca somente trabalhava num sentido unilateral; ou seja,
da biblioteca para o usurio. O que se aponta como original
que agora o usurio chamado a participar e no s receber.
O papel inormacional da biblioteca, nesse contexto, no se
reduz unicamente em disponibilizar as inormaes do seu
acervo patrimonial, mas sim, permitir que todos participem
na construo dos contedos que todos iro usar. O utilizador
da L2 visvel.
Michael Casey e Laura Savastinuk (2007, traduo nossa)do muita nase a qualquer servio, sico ou virtual, que
atinja os usurios com sucesso, aa uso da contribuio do
mesmo e seja avaliado reqentemente, ainda que o servio
seja antigo, pode ser L2. Do mesmo modo, ser novo no
sinnimo de L2.
Por ocasio do planejamento para implantao de servios
na concepo de web 2.0, os gestores devem fcar atentos ss
perguntas clssicas da etapa: por que, o que, quem, como e
quando (MARGAIX ARNAL, 2007, traduo nossa). Murley(2007, traduo nossa) acrescenta que o planejamento da L2
deve ser resultado de avaliao de servios, luz da misso da
mesma e das necessidades dos usurios.
Assim sendo, mais uma vez, dada nase ao elo das
bibliotecas com a educao e, nesse sentido, coaduna-se com
Gmez Hernandez (2008, traduo nossa), ao considerar que
o uso das erramentas participativas da web socialmaximiza a
misso educativa da biblioteca e dos bibliotecrios, no que se
reere ao estmulo leitura, escrita e investigao.
Acredita-se que a biblioteca escolar, com o uso da web
social, pode preencher uma lacuna existente no espao edu-
cacional, conciliar acervo bibliogrfco e livros digitalizados,
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e assim possibilitar a interao entre texto impresso e digital.
Acrescenta-se que a L2 pode contribuir consideravelmente
para aproximar estudantes do mundo da leitura, uma vez que
amplia as ormas de interao com texto literrio inantil,
tornando-o bastante atraente para crianas e jovens.
Rodriguez Palchevich (2008, traduo nossa)5 apresenta
mais alguns argumentos para o uso das erramentas da web
2.0, como complemento e incremento os servios das biblio-
tecas escolares:
a) A principal misso da biblioteca escolar atender a
comunidade da escola e servir o projeto de currculo
institucional e nvel de pas;
b) O digital e on-line, j aceito e usado pela maioria
dos usurios de bibliotecas escolares;
c) Para acessar e incorporar algumas dessas tecnologiassociais disponveis na web, no preciso mais do que
uma conexo de Internet e um de computador;
d) As erramentas 2.0 so intuitivas, livremente acessveis
e na maior parte livre;
e) Otimizar os recursos e servios existentes, aumentar o
acervo e ampliar a comunidade de usurios dar maior
visibilidade para a biblioteca, entre outras coisas.
Com o uso das erramentas sociais, a biblioteca da escola
se aproximar do cotidiano dos seus utilizadores, pois, no se
pode negar a ubiquidade do computador e da Internet na vida
das pessoas, em especial das crianas e jovens. Tapscot chama
de gerao net, a gerao que nasceu e vive num contato
habitual e intenso com a tecnologia. Assim diz o reerido autor:
[...] crianas tm mais saber e conhecimento, so mais letradas esentem-se mais confortveis do que os seus pais [e educadores]em relao a uma inovao central da nossa sociedade [...] Se huma coisa que os midos percebem (e os adultos no entendem) que a Net no tecnologia, um novo meio de interao entre
pessoas. (TAPSCOTT, 1998)6
.
Ainda com relao tecnologia, Casey e Savastinuk (2006,
traduo nossa) alertam que, embora no seja exigida a mes-
ma ajuda para implantar uma L2, isso no signifca que as
bibliotecas no precisem de grandes recursos, para implantar
os servios. Isso no se torna obstculo para implantao por
parte das bibliotecas escolares que, de maneira geral, sempre
apresentam escassez de inra-estrutura tecnolgica e recursos
fnanceiros. Em especial no caso das bibliotecas brasileiras,
que se deparam com permanente limitao de oramento,inra-estrutura e recursos.
Dentre os entraves apontados para o uncionamento de
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uma L2, Gmez Hernandez (2008, traduo nossa) aponta
que grande parte dos profssionais que atuam nas bibliotecas
imigrante digital e assim apresenta certas limitaes para
acompanhar o desenreado avano das inovaes tecnolgicas.
Todavia, considera-se que, diante da incurso da tecnologia nas
atividades profssionais, a ormao inicial dos bibliotecrios
e dos proessores deve ser repensada, bem como devem ser
oerecidas oportunidades de ormao permanente, visando
suprir a defcincia apontada pelo autor.
J a apreenso de Margaix Arnal (2007, traduo nossa)
relaciona-se aos usurios, uma vez que a presena de um
usurio participativo um elemento chave do processo.
Concorda-se com essa preocupao, mas acredita-se que
uma campanha de sensibilizao e o oerecimento de servios
e temas de interesse podem ser estratgias para a conquista de
velhos e novos utilizadores.Como orma para aproximao do utilizador e caminho
para a L2, as bibliotecas devem recorrer ao uso dos blogs, ao
sugerida por autores como Casey e Savastinuk (2006), Maness
(2006) e Cam (2007). Entretanto, chama-se ateno que a L2
no se resume existncia de dirio virtual para divulgao
de inormaes e notcias. Sem dvida, ela se constitui num
hbrido de social media, enfm uma biblioteca interativa para
o sculo XXI (MANESS, 2006).
4 Polticas Pblicas de Incentivo as BibliotecasEscolares Brasil e Portugal
Dentre as mudanas ocorridas nas instituies educacio-
nais, acredita-se que a biblioteca uma das que mais soreu
alteraes em termos conceituais, uma vez que, de depsito
de livros, transormou-se num centro de ensino e aprendiza-
gem, porm ainda apresentava seu espao de atuao limitado.
A biblioteca escolar por muito tempo oi vista como uma
instituio a servio do sistema escolar, e o seu acervo, voltadopara prticas educacionais adotadas pela escola, na maioria das
vezes se restringia a livros didticos.
No contexto da Sociedade da Inormao, autores como
Calixto (2006), Kuhlthau (2002) e Campelo (2005) enati-
zam que a biblioteca da escola deve uncionar como o ncleo
do sistema, devendo ser um centro dinmico e participativo,
proporcionando acesso e intervenes rede de inormaes,
contribuindo para o desenvolvimento integral da comunidade
escolar.
Para tanto, as bibliotecas escolares devem ter polticas p-
blicas especfcas para implantao e manuteno das mesmas,
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com inra-estrutura adequada e moderna, visando o incentivo
a leitura, estudo e pesquisa. Assim, ter participao eetiva
na aprendizagem ormal e inormal da comunidade escolar e,
tambm, ser o centro de recreao e lazer ldico da mesma.
Com relao s polticas pblicas do Brasil, o Ministrio
da Educao (MEC) possui o Programa Nacional Biblioteca
da Escola (PNBE), criado em 1997, com o objetivo de pro-
porcionar acesso cultura e inormao e o incentivo
ormao do hbito da leitura nos alunos e nos proessores.
Nesse sentido, distribui acervos de obras de literatura (poemas,
contos, crnicas, teatro, texto de tradio popular, romance,
memria, dirio, biografa, ensaio, histrias em quadrinhos
e obras clssicas), de pesquisa e de reerncia para escolas da
educao bsica (BRASIL. Ministrio da Educao, 2008).
Durante o ano de 2008, segundo dados do MEC, oram
distribudos 3.216 mil livros, benefciando 127.661 escolas doensino undamental. Para o ano de 2009, oi previsto que os
acervos sero distribudos para 49.327 escolas. Considerando
os dados, percebe-se uma queda de investimento no Progra-
ma, porm no portal do MEC no se encontra explicao
ou justifcativa para tal, como tambm se observa uma lacuna
com relao avaliao do mesmo (BRASIL. Ministrio da
Educao, 2008).
O Ministrio da Cultura (MinC) tambm trabalha com
projetos e aes visando incentivar as bibliotecas, o livro, aleitura e a literatura, a exemplo do Plano Nacional do Livro e
Leitura (PNLL). Do mesmo modo, o Programa Mais Cultura,
tem como fnalidade [...] azer das bibliotecas de todo o pas,
bibliotecas vivas, que tenham no s a riqueza que os livros
oerecem, mas tambm, a leitura em outros suportes, como
o audiovisual e a cultura digital. (BRASIL. Ministrio da
Cultura, 2008b)7.
Outra ao de estmulo s bibliotecas que atuam no setor
estudantil a modernizao de bibliotecas pblicas munici-pais, com a distribuio de livros e mobilirios, alm de tele
centro digital com acesso Internet. Segundo planejamento
do MinC, o Governo Federal Brasileiro deve zerar o nmero
de municpios sem bibliotecas durante o ano de 2009. Em
pesquisa no portal do MinC, observa-se a ausncia de dados
estatsticos e, mais uma vez, de avaliao dos programas (BRA-
SIL. Ministrio da Cultura, 2008a).
No contexto de Portugal encontra-se o Programa Rede
de Bibliotecas Escolares(RBE), coordenado pelo Gabinete de
Rede de Bibliotecas Escolares do Ministrio da Educao, em
conjunto com as Direes Regionais de Educao, Bibliotecas
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Pblicas Municipais e instituies ligadas rea. Lanado em
1996, tem com objetivo instalar e desenvolver bibliotecas
em escolas pblicas de todos os nveis de ensino, oerecendo
recursos necessrios leitura, ao acesso, utilizao e produo
da inormao em dierentes suportes e, ainda, desempenhar
papel central no suporte a aprendizagem e no desenvolvimento
de competncias de inormao e na ormao de leitores.
As bibliotecas escolares, ligadas a RBE, se constituem em
uma estrutura transversal escola e ao currculo, tendo como
princpios:
Desenvolvimentodasbibliotecasescolaresnumapers-
pectiva de escola/agrupamento, prevendo a articulao
e o trabalho em rede;
Gestodabibliotecaporumcoordenadorcomperl
adequado, apoiado por uma equipe; Espaoadaptadoexistnciadediversasfuncionali-
dades e servios;
Atendimento,destinadoaoacolhimento,informao
e servio de emprstimo;
Leitura informal,para leiturade jornais, revistas,
lbuns
Consulta e produodedocumentao, onde se
disponibiliza o undo documental da biblioteca per-
mitindo a utilizao integrada dos dierentes suportes impresso, udio, vdeo e multimdia e o acesso
Internet;
Fundodocumentalatualizadoeajustadosnecessida-
des de alunos e proessores, incluindo obras de apoio
ao currculo, colees de literatura, particularmente
inantil e juvenil, jornais e revistas, DVDs, CDs udio
e CD-ROMs educativos, inormativos e ldicos e uma
seleo de sites Internet;
Disponibilizaodosdocumentosemregimedelivre
acesso e tratamento normalizado que permita a parti-lha entre bibliotecas;
Desenvolvimentodeumcatlogocoletivo;
Dotaooramentalparaarealizaodasatividades,a
renovao do undo documental e a manuteno dos
equipamentos (PORTUGAL. Ministrio da Educa-
o, 2009)8.
Ainda segundo a RBE, as bibliotecas tm como unes
o desenvolvimento de competncia inormacional, ormaode leitores e promoo do hbito de leitura, para isso usa as
seguintes estratgias:
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Organizar atividades deformao deutilizadores
divulgando as ormas como est organizada a BE e
como podem ser explorados os dierentes recursos e
servios;
Orientarosalunosnastarefasdepesquisaeelaborao
de trabalhos escolares;
Difundiras atividadesa desenvolverea coleoda
biblioteca, atravs de diversos instrumentos: catlogo,
listas de novidades, bibliografas temticas, boletins
inormativos, sites, blogs, etc.
Respondersnecessidadesdeinformaodosprofes-
sores;
Motivarosprofessoresparalevaremosalunosautili-
zar a biblioteca, sugerindo-lhes leituras ou consultas
oportunas;
Colaborarcomosdocentes demodoa integrara
utilizao dos recursos e o treino de competncias de
inormao nas prticas letivas;
Disponibilizarrecursos inovadoresdeproduo e
divulgao de contedos didticos e inormativos
on-line, avaliao e seleo de sites, listagem de apon-
tadores, construo de bibliotecas digitais, acesso a
catlogos de bibliotecas e a diretrios organizados,
elaborao de guias de utilizao de motores de
busca, criao de servios cooperativos de reerncia,dinamizao de runs temticos, contributos para a
plataorma de e-learning da escola/agrupamento, etc.
Potenciarosnovosrecursosinterativosdeinformao
e comunicao que caracterizam a WEB 2.0, para
produzir, diundir e partilhar inormao e conheci-
mentos, implicando proessores e alunos num trabalho
conjunto com a BE: construo de portilios, apre-
sentaes multimdias, webquests, webquizes, wikis,
blogs, podcasts, etc. Produzirmateriais didticos edeapoio aoestudo,
guies de pesquisa e auxiliares para a produo de
trabalhos, que possam ser utilizados na biblioteca
individualmente ou por pequenos grupos de alunos;
Organizaredisponibilizarparaasaladeaulakitsde
documentos em suportes diversifcados que apiem
o ensino de dierentes unidades temticas;
Participarnaformaodedocentesparaaaquisio
e aproundamento de novas tcnicas e competncias
de leitura e de inormao (PORTUGAL. Ministrioda Educao, 2009)9. 9 Documento eletrnico.
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Em junho de 2009, a RBE realizou o Frum RBE: 13
anos a construir saberes, onde oi apresentado resultado de um
estudo de avaliao do programa. De acordo com os dados,
no fnal de 2008, cerca de 70% da populao escolar j podia
contar com servio de biblioteca escolar, atravs da existncia
de uma biblioteca na prpria escola ou usuruindo do servio
de biblioteca de outra escola circunvizinha, considerando a
existncia de mais de duas mil bibliotecas escolares no pas.
Interessante destacar que, com relao s tecnologias,
93% das bibliotecas indicam ter computadores com ligao
Internet, apesar do relatrio ter como concluso a necessidade
de explorao educativa mais intensa da internet, da aquisio/
subscrio de sotware educativo ou outros recursos digitais
(como dicionrios e enciclopdias online), e tambm da assi-
natura de peridicos.
No item de recomendaes para uturas aes encontram-se
[...] incentivo s bibliotecas escolares a constiturem-se, plata-formas de articulao, no processo educativo, entre a leitura, asaprendizagens curriculares, as TIC e a literacia da informao, e aconstiturem-se, do mesmo passo, em plataformas de articulao,no quotidiano dos alunos, entre as leituras/escritas escolares e asleituras/escritas relacionais das geraes juvenis contemporneas,as quais se esto a desenvolver de maneira intimamente integradacom as novas tecnologias de informao e comunicao. (POR-TUGAL. Ministrio da Educao, 2009)10.
Nos projetos arrolados, constata-se a iniciativa de azerelo entre a biblioteca escolar e a cultura digital. Considera-se
que o Programa RBE, de Portugal incentiva essa relao e a
cultura participativa, pois indica o uso da web 2.0 como estra-
tgia para produo e partilha de inormao e para interao
em trabalho conjunto; biblioteca, proessores e estudantes.
Todavia, o relatrio de avaliao recomenda maior otimizao
desse recurso.
Ainda no mbito das bibliotecas de Portugal, Prncipe
(2007), desenvolveu projeto de investigao sobre uma daserramentas mais usadas como iniciao a web 2.0; os blogs.
Com relao s bibliotecas escolares, o autor marca seu surgi-
mento no segundo semestre de 2006, maior relevo as atividades
desenvolvidas pela biblioteca e como tema central o livro e a
leitura. A pesquisa conclui que:
[...] comeam j a serem abundantes os blogues de bibliotecasescolares [...] muitos funcionam como meio de divulgar actividades,outros como se de pginas web institucionais se tratassem. visvela escassez de comentrios [...], no se entra suficientemente emdebate a partir dos posts, desvalorizando assim os blogues como
frum de debate. (PRNCIPE, 2007)11.
No Brasil, o Programa Mais Cultura incentiva a leitura
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em suportes digitais, mas alguns trabalhos apontam um longo
caminho a percorrer no contexto dos sistemas de inormao e
a cultura digital. Fato comprovado pelo relatrio de pesquisa
apresentado durante o ltimo Encontro Nacional de Pesquisa
em Cincia da Inormao (ENANCIB), que apontou que
[...] os resultados apresentados neste estudo indicam que
ainda h uma distncia entre o modelo conceitual da Web
2.0 e a sua usabilidade entre os stios das bibliotecas universi-
trias ederais (VIEIRA et al, 2008)12. A pesquisa teve como
amostra 18 universidades nas vrias regies do pas, incluindo
universidades de destaque como USP, UFRJ, UFMG, UFRGS
e UFBA.
No caso de bibliotecas pblicas, Blattmann e Rados (2009)
realizaram pesquisa sobre os servios que elas disponibilizam
nas pginas de hipertexto na web e detectaram a iniciativa
de uso das erramentas sociais para interao com o usurio,haja vista que esto comeando a incorporar servios como;
acesso aos catlogos, comunicao e divulgao. Percebe-se
ainda a criao de comunidades de amigos da biblioteca na
rede social Orkut13. O Orkut um sotware socialde grande
popularidade entre os internautas brasileiros. Proporciona
duas ormas de interao mediada por computador: interao
mtua que pode ser observada nos posts das comunidades,
onde cada um pode escrever o que deseja e receber manies-
taes em retorno; bem como nos scrapbooksdos perfs, onde possvel deixar e receber recados para os amigos. Porm,
apresenta como desvantagem s permitir o acesso de pessoas
previamente cadastradas como amigos no perfl.
Com relao s bibliotecas escolares brasileiras, percebe-
se carncia na literatura sobre estudos e pesquisas cientifcas,
em especial sobre o uso da web 2.0. Campello et al (2007)
concluram, como produto de investigao, que a produo
de teses e dissertaes sobre biblioteca escolar pouco signi-
fcativa, j que o tema tem presena irrelevante nas linhas deps-graduao. Ratifca-se assim, a ragilidade da produo
cientfca brasileira na rea da biblioteca escolar, o que pode
acarretar o descompasso das mesmas em relao aos avanos
da Sociedade da Inormao.
5 Concluso
Ao analisar a realidade da biblioteca escolar brasileira, e
possivelmente na maioria dos pases da Lusoonia, verifca-se
ainda a pouca visibilidade da mesma, desempenhando umpequeno papel dentro da comunidade escolar da educao
bsica. A biblioteca no est explorando com efcincia o papel
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13 http://www.orkut.com
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educacional que lhe cabe na Sociedade da Inormao, sobretu-
do por no trabalhar no contexto mltiplo e diversifcado das
tecnologias de comunicao e inormao. Tais recursos devem
ser usados com objetivo de ultrapassar o estgio bsico,que a
mesma se encontra, considerando que, na maioria dos casos,
s az uso da tecnologia e da inormtica para o tratamento,
organizao e recuperao dos seus acervos bibliogrfcos.
O contato das crianas com os computadores de orma
ldica e atrativa, colabora para o aprendizado das erramentas
da inormtica e conduz incluso digital com fnalidade
educativa. Sobretudo no Brasil, onde o computador ainda
no est ao alcance de todos, principalmente das amlias de
baixa renda e das crianas que estudam na escola pblica.
Considera-se que, a biblioteca escolar deve corroborar para
aproximar os alunos dos recursos tecnolgicos, como apoio a
aprendizagem, ormal e inormal, pois segundo Bind (2007,p.110) [...] elas [bibliotecas] tero um papel importante na
reduo da diviso digital.
Com relao ao uso das erramentas participativas da web
2.0, Margaix Arnal (2007, traduo nossa) apresenta alguns
projetos, apontados como bem sucedidos pela literatura cien-
tfca, envolvendo a L.2, cujas experincias se restringem rea
de bibliotecas acadmicas. Mas nenhuma dessas se situa no
mbito de Brasil ou Portugal, e muito menos no contexto
das bibliotecas escolares.Por fm, espera-se que os responsveis pelas polticas edu-
cacionais e profssionais da Biblioteconomia e da Educao
alertem para a necessidade de suscitar o debate sobre o papel da
web 2.0 no espao escolar e, especialmente, a sua contribuio
para o omento ao conhecimento e ampliao das ronteiras
inormacionais, sociais, culturais e educacionais. E, ainda que,
como acentua Kuhlthau (1999, p.14), [...] os bibliotecrios
escolares podem liderar o processo, dando este salto para a
sociedade da inormao.
School Libraries and Web 2.0: review of lheliterature on Brazil and PortugalABSTRACT
The article focuses on the role of education and library in theInformation Society and introduces concepts and features of theLibrary 2.0 (L2). Advocates the use of Web 2.0 in the school libraryto optimize or develop services and products for the purpose ofgaining new users, visibility and space in school and in society.Seeks to identify in publicly funded programs and implementa-
tion of libraries in schools in Brazil and Portugal, the presence orrecommendations for the use of Web 2.0. Based on publishedreports that, in Portugal, as the initiative is the use of blogs bythe school library, however a lack of comments by the User, and
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that the Brazilian libraries have a long way to go in terms oflibraries schools but also in the context of information systems.
KEYWORDS: School libraries. Web 2.0. Library 2.0. Brasil. Por-tugal.
Bibliotecas escolares y la Web 2.0: revisinde la literatura en Brasil y Portugal
RESUMEN
El artculo se centra en el papel de la educacin y la bibliotecaen la Sociedad de la Informacin e introduce los conceptos y lascaractersticas de la Biblioteca 2.0 (L2). Aboga por el uso de laWeb 2.0 en la biblioteca de la escuela para optimizar o desarrollarservicios y productos para el propsito de ganar nuevos usuarios,la visibilidad y el espacio en la escuela y en la sociedad. Trata deidentificar en los programas financiados con fondos pblicos y laaplicacin de las bibliotecas en las escuelas de Brasil y Portugal,la presencia o recomendaciones para el uso de la Web 2.0. Sobrela base de los informes publicados que, en Portugal, ya que lainiciativa es el uso de blogs por la biblioteca de la escuela, sinembargo la falta de comentarios por parte del usuario, y que
las bibliotecas brasileas tienen un largo camino por recorrer enmateria de bibliotecas escuelas, sino tambin en el contexto delos sistemas de informacin.
PALABRAS CLAVE: Biblioteca escolar. Web 2.0. Library 2.0.Brasil. Portugal.
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