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BIC Boletim da Indústria e do Comércio Exterior Volume 1 Número 1 OUTUBRO-DEZEMBRO DE 2009

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BIC

Boletim da Indústria

e do Comércio Exterior

Volume 1

Número 1

OUTUBRO-DEZEMBRO DE 2009

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Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro

BIC Boletim da Indústria e do Comércio Exterior – Ano I – No. 0 – dezembro de 2009

O Boletim de Indústria e do Comércio Exterior – BIC é uma publicação trimestral elaborada pelo GIC/IE-UFRJ, sob encomenda da APEX-Brasil. Seu objetivo é contribuir na montagem de um quadro de referência para o trabalho de inteligência comercial atualmente já desenvolvido pela agência. O BIC é uma realização do Grupo de Indústria e Competitividade do IE/UFRJ www.ie.ufrj.br/gic - [email protected]

Equipe David Kupfer Coordenador Galeno Ferraz Redator Marta Calmon Lemme Redatora Felipe Araújo Gestor de Informações/RJ Rafaela Albuquerque Gestora de Informações/BSB Vinicius Vieira Assistente de Pesquisa Julia Torracca Assistente de Pesquisa Carolina Dias Gerente Administrativa Thelma Teixeira Secretária

SUMÁRIO APRESENTAÇÃO ................................................................. 1

CONJUNTURA DA INDÚSTRIA E DO COMÉRCIO EXTERIORERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.

Produção Industrial ...................Erro! Indicador não definido.

Exportações ............................................................................ 6

Importações ......................................................................... 17

GRUPO INDUSTRIAL EM FOCO: COMMODITIES INDUSTRIAIS (CI) ...................................... 27

Valor da Produção ................................................................ 28

Panorama Recente do Comércio Exterior ............................ 29

Concentração das Exportações Produtos e Países ............... 32

Desempenho das Exportações por Setores e Produtos ....... 35

Vantagens Comparativas, Dinamismo e Ganhos e Perdas de Market-Share ............................................................ 38

Comércio Intrasetorial ........................................................... 2

Coeficientes de Exportação das CI ......................................... 3

O BIC abrange todos os 29 setores industriais, organizados em quatro grupos:

Commodities Industriais - CI Extrativa mineral

Refino de petróleo e produção de etanol

Química básica

Metalurgia Fabricação de minerais não metálicos

Commodities Agrícolas – CA Abate e preparação de carnes Fabricação e refino de óleos vegetais

Indústria do açúcar

Indústria do café

Fumo Papel e celulose

Fabricação de produtos de madeira, exceto móveis

Indústrias Tradicionais – IT Produtos alimentícios e bebidas

Produtos têxteis

Artigos de vestuário e acessórios

Calçados e de artigos de couro e peles Edição e gráfica Perfumaria, higiene e limpeza e químicos diversos

Móveis e indústrias diversas Produtos de metal

Artigos de borracha e plástico

Indústrias de Maior Intensidade Tecnológica – II Produtos farmacêuticos e defensivos Máquinas e tratores Material de escritório e produtos de informática Aparelhos e equipamentos de material elétrico Aparelhos e equipamentos de material eletrônico Instrumentação médico-hospitalares e automação Automóveis, caminhões e ônibus Outros materiais de transporte

O conteúdo do BIC é apresentado em duas seções. A primeira seção é dedicada à análise de indicadores conjunturais da produção e do comércio exterior do conjunto da indústria no trimestre recém-encerrado. A segunda seção é focada em um dos quatro grupos de setores acima listados, para o qual é feito um exame mais detalhado das tendências recentes esboçadas nos últimos 12 meses. Nesse número, o foco está voltado para as Commodities Industriais.

Essa edição do BIC é ainda acompanhada de um documento contendo a caracterização econômica e uma análise estrutural aprofundada do Grupo Commodities Industriais. Documentos similares sobre os demais grupos serão publicados juntamente com as três próximas edições do Boletim.

As opiniões aqui emitidas são de exclusiva responsabilidade dos autores e não exprimem, necessariamente, o ponto de vista da APEX-Brasil.

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Ano I – No. 0 dezembro de 2009

APRESENTAÇÃO

Este é o número inaugural do Boletim da Indústria e do Comércio Exterior – BIC. Mais do que trazer novos dados e análises sobre as exportações e importações brasileiras, já tão ampla e competentemente enfocadas por iniciativas de outras instituições, o objetivo desta nossa nova publicação é buscar integrar análises de comércio e do desempenho da indústria. Para se aproximar desse objetivo o BIC traz uma inovação: trata-se de uma série inédita, que denominamos PIApP (PIA pela PIM), que apresenta uma estimativa para o valor da produção industrial mensal gerado em cada um dos cerca de 100 setores nos quais se abre a classificação nacional de atividades econômicas a três dígitos (CNAE-3D). O objetivo da série é suprir a lacuna de informação provocada pela natural defasagem, de cerca de dois anos, com que são divulgados os números da PIA - Pesquisa Industrial Anual do IBGE, a estatística oficial do IBGE apropriada para dar suporte abrangente às análises estruturais da evolução da indústria. A PIApP é o resultado de uma metodologia de atualização da PIA desenvolvida pelo Grupo de Indústria e Competitividade do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (GIC/IE-UFRJ), por intermédio das séries mensais que medem variações de quantidade produzida (PIM - Pesquisa Industrial Mensal, também do IBGE) e dos preços (IPA - Índice de Preços no Atacado, divulgada pela FGV/Conjuntura Econômica) para os diversos setores industriais. A série permite que se acompanhe o desempenho da indústria até dezembro de 2009, mês correspondente à última PIM divulgada pelo IBGE, em contraste com o ano de 2007, ao qual se refere à última PIA disponível. É importante ressalvar que, como ocorre com qualquer série estatística nova, a metodologia utilizada, embora consolidada, gera valores aproximados, que ainda não puderam ser totalmente testados em aplicações práticas, de modo que se possa aferir a robustez empírica da calibragem utilizada. Outra particularidade do BIC está na tipologia de setores industriais utilizada ao longo das análises. O BIC cobre todas as 29 divisões da indústria extrativa e de transformação da Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE), organizadas em quatro grupos industriais com base nos padrões de concorrência e na situação competitiva no Brasil. São eles: Commodities Industriais (CI), Commodities Agrícolas (CA), Indústrias Tradicionais (IT) e Indústrias com Maior Intensidade Tecnológica (II). Montada a partir da experiência acumulada pelo GIC/IE-UFRJ na análise da atividade industrial, essa tipologia foi feita com base na classificação CNAE - 3 dígitos, utilizada pelo Sistema Estatístico Nacional, e em tradutores que permitem estabelecer a correspondência entre esses ramos de atividade e os produtos NCM - 8 dígitos, utilizados nos registros de comércio exterior. Essa estratégia (setores definidos com base na CNAE e sua correspondência com base na NCM) possibilita a utilização de distintas bases de dados, cruzando-as no estudo e na caracterização de atividades produtivas e dos produtos nelas elaborados. O BIC - Boletim da Indústria e do Comércio Exterior - está nascendo em um momento particularmente rico de eventos na cena do comércio internacional e, por isso mesmo, extremamente desafiador para os que buscam extrair da compilação e análise dos números que descrevem esses eventos uma melhor compreensão das tendências mais relevantes em curso. Um ano após a eclosão da grande crise financeira global, o mundo ainda patina em torno de previsões mais ou menos otimistas sobre o ritmo de recuperação das economias centrais e, em consequência, do retorno do comércio exterior aos níveis pré-crise. Entre tantos eventos incertos, uma certeza parece consensual: a crise trouxe de volta à tona os fundamentos estruturais da competitividade e daí a pertinência de se buscar enfatizar essa dimensão na inteligência analítica do comércio exterior. Foi com essa percepção em mente que o BIC foi idealizado.

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CONJUNTURA DA INDÚSTRIA E DO COMÉRCIO EXTERIOR

PANORAMA GERAL

RETOMADA DO CRESCIMENTO DA PRODUÇÃO INDUSTRIAL BRASILEIRA E DAS EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS DE INDUSTRIALIZADOS (EM R$), A PARTIR DO SEGUNDO TRIMESTRE DE 2009. CRESCIMENTO DAS IMPORTAÇÕES (EM R$), PORÉM, SÓ VOLTA A SER OBSERVADO NO TERCEIRO TRIMESTRE 2009.

Após significativa contração da atividade econômica mundial no final de 2008/início de 2009, a economia mundial voltou a apresentar taxas positivas de crescimento, refletindo a forte recuperação das economias asiáticas e a estabilização, ou uma melhor performance, dos demais países1. No Brasil, o cenário foi similar. A produção industrial e a exportação de produtos industrializados também apresentaram contração no último trimestre de 2008 e primeiro trimestre de 2009, e recuperação a partir do segundo trimestre. No caso das importações de industrializados, a contração se estendeu até o segundo semestre, voltando a crescer somente no terceiro trimestre. (Gráfico I).

FONTE: Elaboração Própria, a partir de dados do ALICEWEB, BACEN e PIApP

As variações relativas às exportações e importações brasileiras de produtos industrializados refletem não apenas a evolução, em US$, dos valores exportados e importados, mas também as oscilações da taxa cambial (Gráfico II). Essas oscilações, em alguma medida, amortizaram as variações dos valores em US$. Notadamente no 4º semestre de 2008, período no qual se observa o agravamento da crise

1 FMI. World Economic Outlook (outubro 2009)

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mundial, a desvalorização do Real implicou menor retração dos valores em R$, enquanto no 1º semestre de 2009 movimento oposto se observa (isto é, valorização do R$ implicando menor crescimento dos valores em moeda nacional).

1

Taxa de Câmbio R$/US$ Venda FONTE: Elaboração Própria, a partir de dados do ALICEWEB, BACEN

SALDO COMERCIAL DE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS APRESENTA, NO TERCEIRO TRIMESTRE DE 2009, RETRAÇÃO DE CERCA DE 50%, EM RELAÇÃO AO TRIMESTRE ANTERIOR. A recuperação da atividade doméstica e o consequente crescimento das importações de produtos industrializados, aliados à menor recuperação dos principais parceiros comerciais do Brasil, implicaram contração do superávit comercial de produtos industrializados de cerca de 50%, no terceiro trimestre de 2009, em relação ao trimestre anterior (Gráfico III).

FONTE: Elaboração Própria, a partir de dados do ALICEWEB

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PRODUÇÃO INDUSTRIAL (EM R$), POR GRUPOS CRESCIMENTO DA PRODUÇÃO INDUSTRIAL (EM R$) NO TERCEIRO TRIMESTRE, EM RELAÇÃO AO TRIMESTRE ANTERIOR, FOI PUXADA PELA RECUPERAÇÃO DO GRUPO “INDÚSTRIAS DE MAIOR INTENSIDADE TECNOLÓGICA” (II), COM DESTAQUE PARA O SETOR DE DEFENSIVOS. No 3º trimestre de 2009, a produção industrial brasileira (ver composição no Box 01) apresentou crescimento de 13%, em R$, em relação ao trimestre anterior. Dentre os Grupos sob análise, foi o Grupo “Indústrias de Maior Intensidade Tecnológica” (II) que apresentou maior crescimento, nesse trimestre, – 18%, em relação ao segundo trimestre de 2009. Os demais Grupos, apresentaram, no mesmo período, crescimento em torno de 11%. (Gráfico IV). A despeito da retomada do crescimento de todos os Grupos a partir do 2º trimestre de 2009, a produção industrial como um todo ficou abaixo do valor observado no 3º trimestre de 2008.

BOX 01 – COMPOSIÇÃO DA PRODUÇÃO INDUSTRIAL

0%

10%

20%

30%

40%C A

C I

II

IT

Média 3º T 07 -08 3º T 09

Apesar do maior crescimento do Grupo II, no terceiro trimestre de 2009, em relação ao trimestre anterior, observa-se não ter sido suficiente para recuperar a posição do Grupo no total da produção industrial brasileira. Comparado à média do valor da produção nos terceiros trimestres de 07 e 08, o Grupo II perde participação – de 30% para 26%, no terceiro trimestre de 2009. São os Grupos CA e CI que ampliam sua participação, respectivamente, de 15% (média) para 17% (3º T 09) e de 31% (média) para 33% (3º T 09)

FONTE: Elaboração Própria, com base nos dados PIApP

Gráfico IV Evolução do Valor da Produção (Total e Por Grupos)

R$ 106 correntes

Total CI CA IT II FONTE: Elaboração Própria, com base nos dados PIApP

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O Grupo II foi o mais afetado pela crise (retração da produção de 31%, 1º trimestre de 2009 contra 3º trimestre de 2008), interrompendo, bruscamente, a tendência de crescimento observada desde o segundo trimestre de 2007. O ramo Automotivo (automóveis, caminhões e ônibus), que responde por maior parcela da produção das “Indústrias de Maior Intensidade Tecnológica”, foi, no Grupo, o mais afetado pela crise – retração acumulada da produção, em R$ correntes, de 62% (1º trimestre de 2009 contra 3º trimestre de 2008). A recuperação da produção do Grupo II se inicia no 2º trimestre de 2009. No 3º trimestre desse ano foi puxada pelo ramo “Produtos Farmacêuticos e Defensivos”, cuja produção cresceu, em R$ correntes, 54%, em relação ao trimestre anterior, e 70%, em relação ao 1º trimestre de 2009. Destaca-se o setor de defensivos, com crescimento de 88%, em relação ao 2º trimestre de 2009, e de 102%, em relação ao 1º trimestre de 2009. Quanto ao ramo Automotivo, sua recuperação, a partir do 2º trimestre de 2009, está diretamente relacionada às medidas de apoio adotadas pelo governo brasileiro, a partir do final de 2008: concessão de créditos para a indústria e redução do IPI sobre automóveis para estimular o consumo. No 3º trimestre de 2009, apresentou crescimento de 8%, em relação ao trimestre anterior; porém, em relação ao 1º trimestre daquele ano, o crescimento foi de quase 30%.

O Grupo CA foi o que teve sua produção menos afetada pela crise – retração de 21% (1º trimestre de 2009 contra 3º trimestre de 2008), similar à observada no 1º trimestre de 2008, contra 3º trimestre de 2007 (23%). Assim, a contração da produção pode ser atribuída mais à sazonalidade, do que à crise. No 3º trimestre de 2009, o ramo que apresentou maior contribuição ao crescimento do Grupo foi o “Açúcar” (taxa de crescimento de 39%, em relação ao trimestre anterior e 440%, em relação ao 1º trimestre de 2009). No caso do setor de Carnes, setor de maior peso no Grupo CA, no período de aprofundamento da crise, a retração de sua produção foi de cerca de 19% (1º trimestre de 2009 contra 3º trimestre de 2008). No 3º trimestre de 2009, apresentou crescimento de 12%, em relação ao trimestre anterior, e de 27%, em relação ao 1º trimestre daquele ano. Para o Grupo CI, a retração acumulada do 1º trimestre de 2009 contra 3º trimestre de 2008 foi de 24%. Foi o ramo “Metalurgia”, segundo principal ramo do Grupo, após Petróleo/Outros Combustíveis, em termos de participação na produção, o ramo mais afetado do Grupo – maior contração em termos absolutos do valor da produção. No 3º trimestre de 2009, foi também esse ramo o de maior contribuição ao crescimento do Grupo. A sua taxa de crescimento da produção, em valor, foi de 16%, em relação ao trimestre anterior e de 33%, em relação ao 1º trimestre de 2009.

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Por fim, o Grupo “Indústrias Tradicionais” (IT) apresentou retração acumulada de sua produção, em valor, de 23% (1º trimestre de 2009 contra 3º trimestre de 2008). O ramo mais afetado foi o de “Artigos de Plástico e Borracha” (retração de 46%). No 3° trimestre de 2009, o ramo de maior contribuição ao crescimento do Grupo foi o de “Alimentos e Bebidas”, o qual apresentou taxa de crescimento de 10% em relação ao trimestre anterior.

DEMANDA DOMÉSTICA FOI A PRINCIPAL RESPONSÁVEL PELA RETOMADA DO CRESCIMENTO DA PRODUÇÃO INDUSTRIAL E, NO CASO DE PRODUTOS DO GRUPO “COMMODITIES INDUSTRIAIS” A PRODUÇÃO DOMÉSTICA GANHA RELEVÂNCIA NO ATENDIMENTO DA DEMANDA. A recuperação da produção industrial brasileira é explicada mais pelas vendas ao mercado interno do que pelas exportações, ainda que essas também tenham apresentado recuperação a partir do 2º trimestre de 2009. O coeficiente de exportações de produtos industrializados no 3º trimestre de 2009 foi de 19%, 3 pontos percentuais inferior ao coeficiente médio dos 3ºs trimestres de 2007 e 2008. Conforme Gráfico V, em todos os Grupos se observa, no 3º trimestre de 2009, redução do coeficiente de exportações.

FONTE: Elaboração Própria, com base nos dados Aliceweb e PIApP

Destaque-se, todavia, a existência de alguns poucos ramos que apresentaram aumento do coeficiente de exportações no 3º trimestre de 2009, quando comparado com o coeficiente médio dos 3ºs trimestres de 2007 e 2008. Foram eles: Fumo e Óleos Vegetais (CA); Extração Mineral (CI); Automotivo (II); e Artigos de Borracha e Plástico (IT). Os demais ramos, em sua maioria, apresentaram redução do coeficiente e, alguns poucos, sustentaram o coeficiente médio. Observa-se também que o aquecimento da demanda interna beneficiou mais a produção doméstica do que as importações de industrializados: o coeficiente de importações do 3º trimestre de 2009 – 17% - foi inferior ao coeficiente médio dos 3ºs trimestres de 2007-2008 (20%). No entanto, essa redução derivou essencialmente da redução do coeficiente do Grupo CI, visto que no caso dos Grupos II e IT o coeficiente apresenta aumento e no caso do Grupo CA praticamente não houve alteração (Gráfico VI).

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FONTE: Elaboração Própria, com base nos dados Aliceweb e PIApP

EXPORTAÇÕES DE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS (EM US$), POR GRUPOS EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS DE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS (EM US$) NO 3º TRIMESTRE APRESENTAM CRESCIMENTO EM RELAÇÃO AO TRIMESTRE ANTERIOR. GRUPOS APRESENTAM PERFORMANCES DISTINTAS, SENDO O GRUPO “COMMODITIES INDUSTRIAIS” O LÍDER DA RETOMADA. No 3º trimestre de 2009, as exportações brasileiras de produtos industrializados (em US$) apresentaram crescimento de 16%, em relação ao trimestre anterior. Foi o Grupo “Commodities Industriais” (CI) o principal responsável pelo crescimento dessas exportações no trimestre em foco, com crescimento de 32%. Excluídos petróleo, gás e derivados, o crescimento de industrializados foi de 9%, e o do Grupo “Commodities Industriais, Exclusive Petróleo, Gás e Derivados” (CI*) de 15%. Os demais Grupos apresentaram, no mesmo período, crescimento de 10% (CA), 3% (II) e 6% (IT) (Gráfico VII).

Gráfico VII Evolução das Exportações Brasileiras de Produtos Industrializados

(Total e Por Grupos) US$ FOB 10

6 correntes

Total Total* CI* CA IT II (*) Exclusive Petróleo, Gás e Derivados FONTE: Elaboração Própria, a partir de dados do ALICEWEB

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A recuperação das exportações de manufaturados (com e sem petróleo, gás e derivados), a partir do 2º semestre de 2009, não foi suficiente para que as vendas desses produtos ao exterior voltassem ao patamar do 3º trimestre de 2008. No 3º trimestre de 2009, essas exportações (respectivamente, US$ FOB 35,8 bilhões e US$ FOB 31,2 bilhões) encontravam-se cerca de 33% abaixo do valor exportado no 3º trimestre de 2008 (US$ 52,9 bilhões e US$ 46,9 bilhões).

As exportações do Grupo II sofreram forte retração durante a fase mais aguda da crise: do 3º trimestre de 2008 ao 1º trimestre 2009, o valor exportado apresentou queda de cerca de 50%. O ramo Automotivo (automóveis, ônibus e caminhões), o de maior peso na pauta exportadora do Grupo, foi o que apresentou maior contração de suas exportações (60%) no mesmo período. Este foi o Grupo que apresentou o menor crescimento (3%) no 3º trimestre de 2009, em relação ao trimestre anterior. Em relação ao primeiro trimestre, o crescimento foi de 12%. O ramo Automotivo foi o ramo que mais contribuiu para o crescimento das exportações do Grupo, notadamente os setores de automóveis, camionetas e utilitários e de peças e acessórios para veículos automotores.

A contração das exportações do Grupo CA do 3º trimestre de 2008 ao 1º trimestre 2009 foi de 40%. Distintamente do observado em relação à produção do Grupo, não se pode atribuir elevado peso à sazonalidade como fator explicativo da queda das exportações, visto que, do 3º trimestre de 2007 ao 1º trimestre de 2008, a redução das exportações foi de cerca de 10%. Foram as exportações do ramo “Carnes”, ramo de maior participação nas exportações do Grupo, as que apresentaram maior contração, em termos absolutos, e a segunda maior, em termos relativos. Na retomada do crescimento das exportações, a partir do 2º trimestre de 2009, o ramo que se destaca é o do “Açúcar”, por sua maior contribuição ao crescimento das vendas para o exterior realizadas pelo Grupo. Destaque-se ter sido esse ramo e o do “Fumo” os únicos do Grupo a apresentarem, no 3º trimestre de 2009, valor das exportações superior ao observado no 3º trimestre de 2008. Em termos relativos, as exportações do ramo “Açúcar” apresentaram crescimento de 34% (3º trimestre de 2009 contra trimestre anterior) e de 68% (3º trimestre de 2009 contra 1º trimestre do mesmo ano). O bom desempenho desse ramo pode ser relacionado à mudança de posição da Índia no mercado internacional de açúcar. Em 2007, esse país não importou açúcar brasileiro, tendo apresentado safra recorde, inclusive desbancando o Brasil da posição de principal produtor mundial desse produto. No entanto, em 2009, a Índia aparece como principal importador de açúcar brasileiro2.

2 Valor Econômico, 29/01/2010.

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O Grupo CI* foi o que apresentou maior retração de suas exportações do 3º trimestre de 2008 ao 1º trimestre de 2009 – 56%. Todos os seus ramos apresentaram contração superior a 40%. Dentre eles, foi o ramo “Extração Mineral”, ramo de maior peso no Grupo, que enfrentou maior retração de suas exportações, em termos absolutos, durante a fase aguda da crise (retração de 48%), seguido pelo ramo “Metalurgia” (retração de 49%). No 2º trimestre de 2009, as exportações do Grupo tiveram crescimento praticamente nulo, em relação ao trimestre anterior. Foi no 3º trimestre de 2009, que efetivamente este Grupo retoma o crescimento de suas exportações (15%, em relação ao 2º trimestre). Foram os ramos “Metalurgia” e “Extração Mineral” os que deram a maior contribuição para o aumento das vendas exteriores de commodities industriais. Em conjunto, esses dois ramos explicam mais de 70% do crescimento observado.

A retração das exportações do Grupo IT do 3º trimestre de 2008 ao 1º trimestre de 2009 foi de 33%, sendo o ramo “Alimentos e Bebidas”, principal ramo exportador do Grupo, o de maior contração em termos absolutos. Este foi o único Grupo cujas exportações continuaram a declinar no 2º trimestre de 2009, somente voltando a crescer no 3º trimestre (crescimento de 6%, em relação ao trimestre anterior). Foi o ramo “Calçados e Artigos de Couro” o que deu a maior contribuição à retomada das exportações no 3º trimestre, puxado pelo setor de calçados. Destaque-se que as exportações do ramo “Alimentos e Bebidas” não apresentaram recuperação – no 2º trimestre de 2009, permaneceram praticamente no mesmo nível do trimestre anterior (crescimento de 0,2%), e voltaram a se retrair no 3º trimestre (contração de 0,4%).

O Quadro I apresenta os setores, por Grupo, com melhor e pior desempenho no 3º trimestre de 2009. Somente no Grupo “Commodities Agrícolas” (CA), as exportações do setor com melhor desempenho (Açúcar) assumiram maior relevância, representando mais de 20% das exportações do Grupo. Nos demais Grupos, a participação das exportações desses setores não ultrapassou 2% das exportações de cada Grupo.

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Quadro I Setores com Melhor e Pior Desempenho Exportador e Principais Produtos Exportados

GRUPOS

Setores com Melhor Desempenho

(Posição relativa no Grupo – Média para 3º Trimestre

2009)

Principais Produtos Exportados pelo Grupo

(3º trimestre 2009)

Setores com Pior Desempenho

(Posição Relativa no Grupo – Média para 3º

Trimestre 2009)

CA (11

setores)

- Açúcar (3º/ 2º) - Açúcar de cana, em bruto - Bagaço de soja

- Produtos de madeira, cortiça e material trançado, exceto móveis (6º / 8º)

CI* (22

setores)

- Tubos, exceto siderúrgicos (13º/ 10º) - Artefatos de concreto, fibrocimento, gesso e estuque (18º/ 17º)

- Minério de ferro (aglomerado) - Minério de ferro (não aglomerado)

3

- Coquerias (20º/ 22º) - Carvão mineral (sem alteração – 21º) - Combustíveis nucleares (22º/ 20º) - Cimento (17º/ 19º)

II (35

setores)

- Armas, munições e equipamentos militares (28º/ 18º) - Cronômetros e relógios (sem alteração – 35º)

- Outros aviões e veículos aéreos (com mais de 15 t) - Automóveis de até 6 passageiros, 1500<CM3≤3000

- Construção e reparação de embarcações (9º/ 34º) - Outros equipamentos de transporte (20º/ 28º) - Caminhões e ônibus (4º/7º) - Máquinas e equipamentos para extração mineral e construção (5º/ 8º)

IT (31

setores)

- Reprodução de materiais gravados (sem alteração – 31º) - Estruturas metálicas e obras de caldeiraria pesadas (22º/16º)

- Suco de laranja, congelado, não fermentado - Algodão simplesmente debulhado, não cardado, nem penteado

- Edição e impressão (26º/27º) - Forjaria, estamparia e metalurgia do pó (28º/30º) - Laticínios (18º/23º)

(*) MELHOR DESEMPENHO – Valor (US$ FOB) das exportações no 3º trimestre de 2009 superior, em 50% ou mais, ao valor médio das exportações nos 3ºs trimestres de 2005 a 2008 PIOR DESEMPENHO - Valor (US$ FOB) das exportações no 3º trimestre de 2009 inferior, em 50% ou mais, ao valor médio das exportações nos 3ºs trimestres de 2005 a 2008

FONTE: Elaboração Própria, a partir de dados do ALICEWEB

DESEMPENHO DIFERENCIADO DOS GRUPOS GERA MODIFICAÇÕES NA COMPOSIÇÃO DA PAUTA DE EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS DE INDUSTRIALIZADOS, EXC. PETRÓLEO, GÁS E DERIVADOS: GRUPO “COMMODITIES AGRÍCOLAS” OCUPA, NO 3º TRIMESTRE DE 2009, PRIMEIRO LUGAR DO RANKING. EM TERMOS DE CONTEÚDO TECNOLÓGICO, OBSERVA-SE AUMENTO DA RELEVÂNCIA DOS “PRODUTOS PRIMÁRIOS E INTENSIVOS EM RECURSOS NATURAIS”.

No 3º trimestre de 2009 , o único Grupo a superar o valor médio das exportações realizadas nos 3ºs trimestres dos anos 2005 a 2009 foi o Grupo CA. Comparando-se a cesta média de exportação de industrializados com a cesta exportada no 3º trimestre de 2009, verifica-se que o Grupo CA passa a ser o principal Grupo na pauta exportadora brasileira, deslocando o Grupo CI* dessa posição. O Grupo II é o que apresenta maior perda de participação no 3º trimestre de 2009 (Gráfico VIII).

3 Se considerado o Grupo Commodities Industriais, sem exclusão de petróleo e derivados, o principal produto exportado é “óleos brutos de petróleo”.

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FONTE: Elaboração Própria, a partir de dados do ALICEWEB

Refletindo a mudança de composição da pauta de exportações brasileiras de industrializados, exclusive petróleo, gás e derivados, por Grupos, se observa, em termos de composição por conteúdo tecnológico, aumento da relevância dos produtos primários e intensivos em recursos naturais e a perda de participação dos produtos difusores nessa mesma pauta. (Gráfico IX)

FONTE: Elaboração Própria, a partir de dados do ALICEWEB

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A PRESENÇA DA CHINA COMO IMPORTANTE PARCEIRO COMERCIAL NOS GRUPOS CA E, EM ESPECIAL, CI* CONTRIBUIU PARA O BOM DESEMPENHO DAS EXPORTAÇÕES DESSES GRUPOS. NOS GRUPOS II E IT, OBSERVA-SE AUSÊNCIA DE PARCEIRO COMERCIAL DE PESO COM CONDIÇÕES DE, NO 3ºTRIMESTRE DE 2009, SUSTENTAR SUAS VENDAS PARA O EXTERIOR (MÉDIA 3ºs TRIMESTRES 2005-2008). Os cinco principais mercados de exportação para os produtos industrializados brasileiros, exclusive petróleo, gás e derivados, no 3º trimestre de 2009, encontram-se apresentados na Figura I. Esses países responderam, nesse trimestre, por cerca de 53% dessas exportações. Confrontando o valor exportado

no 3º trimestre de 2009 com o valor médio das exportações nos 3ºs trimestres de 2005 a 2008, observa-se que, à exceção das vendas externas para a China, as exportações de industrializados, exclusive petróleo, gás e derivados, para os demais principais mercados, apresentaram forte retração, conforme indicado na Figura a seguir4.

Deve ser destacado o crescimento da relevância da China como mercado de destino das exportações brasileiras de produtos industrializados, exclusive petróleo, gás e derivados. Nos terceiros trimestres de 2005 a 2008, aquele país ocupou a 4ª posição dentre os mercados de destino dos produtos brasileiros, e, no 3º trimestre de 2009, saltou para a 2ª posição. Foram os Estados Unidos que perderam posição para a China, passando da 2ª para a 4ª posição.

FIGURA I

PRINCIPAIS DESTINOS DAS EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS DE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS, EXCLUSIVE PETRÓLEO, GÁS E DERIVADOS (3º TRIMESTRE 2009)

OBS: O percentual entre parênteses corresponde à variação do valor US$ exportado no 3º trimestre de 2009 contra média valor exportado nos 3ºs trimestres de 2005 a 2008 FONTE: Elaboração própria com base no ALICEWEB

4 Considerando as exportações totais de industrializados, isto é, inclusive petróleo, gás e derivados, o ranking sofre modificações. Embora União Européia e China se mantenham em 1º e 2º lugares, respectivamente, as exportações para a China apresentam retração de 3%, em relação a igual trimestre anterior. Os Estados Unidos ficaram em 3º e a Argentina, em 4º, com retração de 54% e 39%, respectivamente. A grande novidade é a Índia que, no 3º trimestre dos anos de 2006, 2007 e 2008, havia ficado abaixo do 20º mercado, aparece em 5º lugar. O salto da Índia no ranking se deve ao aumento de 209% das exportações brasileiras para aquele mercado, no 3º trimestre de 2009, explicado em especial pelo crescimento das exportações de açúcar e óleos brutos de petróleo.

EUA: 4º lugar (-51%)

UE-15: 1º lugar (-15%)

China:

2º lugar (74%)

Japão: 5º lugar (-26%)

Argentina: 3º lugar (-13%)

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O confronto das exportações, por Grupos, de produtos industrializados, exclusive petróleo, gás e derivados, no 3º trimestre de 2009, com o valor médio dessas exportações nos 3ºs trimestres de 2005 a 2008, para os quatro principais mercados de destino5 (Gráfico X), evidencia a relevância dos grupos CI* e CA nas exportações brasileiras para a China. As importações chinesas desses dois grupos apresentaram, respectivamente, crescimento de 85% e 75% (3º trimestre de 2009 contra média 3ºs trimestres 2005 a 2008). São também esses dois grupos os que respondem por maior parcela das exportações para o mercado comunitário (UE-15). Na comparação da média dos 3ºs trimestres de 2005 a 2008 com o 3º trimestre de 2009, as exportações do Grupo CI* apresentam retração de 27%, enquanto que as vendas do Grupo CA para aquele mercado praticamente não se alteram (crescimento de apenas 2%). Em relação às vendas para os EUA, se destacam os Grupos CI* e II, cujas exportações para o mercado norte-americano apresentaram retração de, respectivamente, de 59% e 56% (3º trimestre de 2009 contra média 3ºs trimestres 2005 a 2008). Por fim, nas exportações brasileiras para a Argentina são os Grupos II e IT os de maior relevância, tendo esses Grupos apresentado retração de, respectivamente, 10% e 14%

GRÁFICO X Exportações Brasileiras Produtos Industrializados, Exclusive Petróleo, Gás e Derivados, para os

Quatro Principais Mercados Média 3ºTrimestres 2005-2008 x 3º Trimestre 2009 - US$ FOB milhões

FONTE: Elaboração Própria, a partir de dados do ALICEWEB

5 Os quatro principais destinos representaram, no 3º trimestre de 2009, cerca de 50% do valor de exportações de

industrializados, exclusive petróleo, gás e derivados.

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Se considerados os principais destinos das exportações, por Grupo industrial, observa-se, em relação às exportações totais, alguma modificação dos 5 principais parceiros em todos os Grupos, à exceção do Grupo CI*. Em relação a esse Grupo, se destaca o fato da China, no 3º trimestre de 2009, ter sido o principal destino das exportações brasileiras de commodities industriais, exclusive petróleo, gás e derivados. Adicionalmente, dentre os principais mercados, foi único no qual as exportações realizadas no 3º trimestre de 2009 superaram o valor médio exportado nos 3ºs trimestres de 2005 a 2008 (Gráfico XI).

OBS: Os números entre parênteses indicam a posição do país de destino na média dos 3ºs trimestres de 2005 a 2008/no 3º trimestre de 2009. Fonte: Elaboração Própria, com base no Aliceweb

As exportações do Grupo CA, por sua vez, tiveram como 5 principais destinos, além dos EUA, UE-15 e China, a Rússia e, apenas no 3º trimestre de 2009, a Índia. Na média dos 3ºs trimestres de 2005 a 2008, a Índia ocupava a 15ª posição. Registre-se que os “demais países”, China e Índia apresentaram aumento de suas importações de produtos do Grupo CA no 3º trimestre de 2009 em relação à média dos 3ºs trimestres de 2005 a 2008 (Gráfico XII).

OBS: Os números entre parênteses indicam a posição do país de destino na média dos 3ºs trimestres de 2005 a 2008/no 3º trimestre de 2009. Fonte: Elaboração Própria, com base no Aliceweb

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No caso das exportações do Grupo II, os cinco principais parceiros foram Argentina, UE-15, EUA, México e Venezuela. As exportações do 3º trimestre de 2009, em todos os mercados (inclusive para “demais países”) foram inferiores ao valor médio das exportações nos 3ºs trimestres de 2005 a 2008 (Gráfico XIII).

OBS: Os números entre parênteses indicam a posição do país de destino na média dos 3ºs trimestres de 2005 a 2008/no 3º trimestre de 2009. Fonte: Elaboração Própria, com base no Aliceweb

Os cinco principais destinos das exportações brasileiras de produtos do Grupo IT foram UE-15, EUA, Argentina, China e Chile. A China somente aparece no rol dos principais mercados no 3º trimestre de 2009; na média dos 3ºs trimestres de 2005 a 2008 ocupava a 7º posição. Assim como no caso do Grupo II, as exportações do trimestre em foco foram, em todos os mercados (inclusive nos “demais países”) inferiores à média dos 3ºs trimestres de 2005 a 2008 (Gráfico XIV).

OBS: Os números entre parênteses indicam a posição do país de destino na média dos 3ºs trimestres de 2005 a 2008/no 3º trimestre de 2009. Fonte: Elaboração Própria, com base no Aliceweb

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Observa-se, assim, que, para os Grupos CI* e CA, a China desempenhou um importante papel na sustentação das exportações desses dois Grupos. Nos demais Grupos, a ausência de parceiro comercial com capacidade de absorver suas exportações se refletiu, em especial para o Grupo II, em perda de participação na pauta de exportação de industrializados. AUMENTO DA CONCENTRAÇÃO DAS EXPORTAÇÕES DO GRUPO CI*, 3º TRIMESTRE DE 2009 x MÉDIA 3ºS TRIMESTRES 2005-2007, POR PRODUTO E POR MERCADO DE DESTINO. POR DESTINO, SE OBSERVA REDUÇÃO DA CONCENTRAÇÃO DAS EXPORTAÇÕES DOS GRUPOS CA E IT E PEQUENO AUMENTO DA CONCENTRAÇÃO DO GRUPO CI*. O confronto do índice de Herfindhal (índice de concentração), por produto, do terceiro trimestre de 2009 com o índice médio relativo aos 3ºs trimestres de 2005 a 2009, permite observar aumento de concentração das exportações por produtos no Grupo “Commodities Industriais, exclusive Petróleo, Gás e Derivados”(CI*). Já nos demais grupos, não se observa alteração significativa desse indicador (Gráfico XV).

*Exclusive Petróleo, Gás e Derivados Fonte: Elaboração Própria, com base no Aliceweb

Em relação ao índice de Herfindhal pertinente ao Grupo CI*, dois aspectos merecem destaque: em primeiro lugar, ser bem mais elevado do que o índice observado para os demais Grupos; em segundo, a clara tendência de aumento de concentração desse índice (Gráfico XVI). Sinaliza-se, portanto, que as exportações do Grupo CI* - e, por conseguinte, a sua evolução – vêm se tornando cada vez mais dependente do desempenho das vendas para o exterior de alguns poucos produtos – notadamente minérios de ferro (aglomerados e não aglomerados).

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*Exclusive Petróleo, Gás e Derivados Fonte: Elaboração Própria, com base no Aliceweb

Já o confronto do Índice de Herfindhal, segundo Grupos, por destino de suas exportações, observado no 3º trimestre de 2009 em relação à média do Índice pertinente aos 3ºs trimestres 2005 a 2008, evidencia desconcentração das exportações dos Grupos CA e IT e pequeno aumento da concentração do Grupo CI*, explicado pelo aumento da relevância da China no destino das exportações desse Grupo (Gráfico XVII

*Exclusive Petróleo, Gás e Derivados Fonte: Elaboração Própria, com base no Aliceweb

No caso dos Grupos CA e IT, a redução do índice reflete tendência de desconcentração, o que poderia ser explicado pela busca de diversificação de mercados por parte dos exportadores, em função do acirramento da concorrência nos mercados tradicionais (Gráfico XVIII).

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*Exclusive Petróleo, Gás e Derivados FONTE: Elaboração Própria, a partir de dados do ALICEWEB

IMPORTAÇÕES DE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS (EM US$), POR GRUPOS IMPORTAÇÕES BRASILEIRAS DE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS (EM US$) VOLTAM A CRESCER NO 3º TRIMESTRE DE 2009, PUXADAS PELAS IMPORTAÇÕES DE PRODUTOS DOS GRUPOS CI e II. EXCLUÍDOS PETRÓLEO, GÁS E DERIVADOS, FORAM AS IMPORTAÇÕES DOS PRODUTOS DO GRUPO II QUE APRESENTARAM MAIOR CONTRIBUIÇÃO AO CRESCIMENTO DAS COMPRAS EXTERNAS DE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS. No 3º trimestre de 2009, as importações brasileiras de produtos industrializados (US$), com e sem petróleo, gás e derivados, apresentam crescimento de, respectivamente, de 25% e 23%, em relação ao trimestre anterior. Após o aprofundamento da crise, no 4º trimestre de 2008, o 3º trimestre de 2009 foi o primeiro a apresentar desempenho positivo das importações, crescimento este puxado pelos Grupos CI e II. Excluídos petróleo, gás e derivados, foram as importações de produtos do Grupo II que mais contribuíram para o aumento das compras de produtos industrializados, exclusive petróleo, gás e derivados. A despeito de seu crescimento, as importações de industrializados (com e sem petróleo, gás e derivados), no total e por grupos, não alcançaram o valor observado no 3º trimestre de 2008 (Gráfico XIX), trimestre de maior valor de importações em todos os casos.

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Gráfico XIX Evolução das Exportações Brasileiras de Produtos Industrializados

(Total e Por Grupos) US$ FOB 10

6 correntes

Total Total* CI* CA IT II

(*) Exclusive Petróleo, Gás e Derivados FONTE: Elaboração Própria, a partir de dados do ALICEWEB

Do 3º trimestre de 2008 ao 2º trimestre de 2009, as importações do Grupo II sofreram retração de 38%, sendo as importações de produtos do ramo “Máquinas e Equipamentos”, as que mais contribuíram para essa contração, sinalizando a retração dos investimentos. No 3º trimestre de 2009, as importações de produtos desse Grupo apresentaram crescimento de 21%, em relação ao trimestre anterior. Destacam-se, por sua maior contribuição a esse crescimento, as importações de produtos do ramo Automotivo (Automóveis, ônibus e caminhões), em especial dos setores de automóveis, camionetas e utilitários e de autopeças, sinalizando os efeitos da política de apoio ao consumo, adotada pelo governo brasileiro no final de 2008. As importações de produtos do ramo “Máquinas e Equipamentos” também tiveram importante papel no crescimento das importações do grupo, sinalizando a retomada dos investimentos.

A contração das importações de produtos do Grupo CA do 3º trimestre de 2008 ao 2º trimestre 2009 foi de 33%, tendo sido as importações de produtos do ramo “Papel e Celulose” (importações de maior peso no Grupo) as que mais contribuíram para tal retração. No 3° trimestre de 2009, o crescimento das importações de produtos do Grupo Commodities Agrícolas foi de 24% em relação ao trimestre anterior. Foi também o ramo “Papel e Celulose” o de maior contribuição para esse crescimento. ´

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As importações de produtos do Grupo CI* apresentaram, do 3º trimestre de 2008 ao 1º trimestre de 2009, retração de 56%, sendo o ramo “Química Básica”, cujos produtos respondem por maior parcela das importações de produtos do Grupo, o de maior contração em termos absolutos. No 3º trimestre de 2009, as importações de produtos desse Grupo apresentaram crescimento de 28%, em relação ao trimestre anterior, recuperação essa fortemente explicada pela recuperação das compras externas de produtos do ramo “Química Básica”.

A retração das importações do Grupo IT do 3º trimestre de 2008 ao 2º trimestre de 2009 foi de 31%, sendo a queda das importações de produtos do ramo “Artigos de Borracha e Plástico” a principal fonte da redução das compras externas de produtos tradicionais. O crescimento das importações de produtos desse Grupo, no 3º trimestre de 2009, em relação ao trimestre anterior, foi de 22%, para o qual mais contribuíram (maior variação em termos absolutos) as importações de produtos do ramo “Alimentos e Bebidas”, com crescimento de 31%.

No Quadro II, apresentam-se as importações de produtos, agregados por setores, que superaram, no 3º trimestre de 2009, em mais de 50% o valor médio, em US$, dos terceiros trimestres de 2005 a 2008 e cujas importações corresponderam a 50% ou menos do valor médio, em US$, nos mesmos trimestres. No Grupo “Indústrias de Maior Intensidade Tecnológica” (II) e no “Indústrias Tradicionais” (IT), os produtos que superaram em mais de 50% o valor médio representaram, respectivamente, 18% e 17% das importações de produtos classificados nesses Grupos, no 3º trimestre de 2009. No caso dos Grupos “Commodities Agrícolas” (CA) e “Commodities Industriais, Exclusive Petróleo, Gás e Derivados”, esses produtos representaram apenas 2% e 0,2%.

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Quadro II Setores e Produtos de Maior e Menor Crescimento e Principais Produtos de Importação, por Grupos

GRUPOS

Produtos (por setores) com crescimento de importações ≥

50% do valor médio 3ºs trimestres 2005-2008(1)

Principais Produtos de Importação

(3º trimestre 2009)

Produtos (por setores) com crescimento de

importações ≤ 50% do valor médio 3ºs

trimestres 2005-2008 (1)

CA (11

setores)

- Fumo (sem alteração – 8º) - Café (sem alteração – 10º)

- Papel jornal,em rolos/fls.P<=57g/m2,fibra proc.Mec>=65% - Pasta quim.madeira de conífera,a soda/sulfat.Semi/branq

---------

CI * (22

setores)

- Cimento (19º/16º) - Outros cloretos de potássio - Hulha betuminosa,não aglomerada

6

- Minério de Ferro (21º/22º) - Combustíveis nucleares (16º/20º) - Coque (10º/14º) -Ferro-gusa e ferroligas (13º/15º)

II (35

setores)

- Armas, munições e equipamentos militares (sem alteração – 35º) - Embarcações (34º/33º) - Máquinas para escritório (31º/28°) - Automóveis, camionetas e utilitários (5º/1º) - Defensivos agrícolas (13º/11º) - Geradores, transformadores e motores elétricos (17º/13º) - Cabines, carrocerias e reboques (33º/34º) - Eletrodomésticos (28º/22º)

- Automóveis com motor explosão, 1500 < CM3 <=3000, até 6 passageiros - Dispositivos de cristais liquidos (LCD)

--------

IT (31

setores)

- Tecidos e artigos de malha (21º/16º) - Estruturas metálicas e obras de caldeiraria pesada (27º/22º) - Fios (14º/8º) - Materiais gravados (sem alteração 31º) - Laticínios (19º/17º) - Bebidas (7º / 5º)

- Malte nao torrado, inteiro ou partido - Fio de fibras artificiais>=85%,simples

- Couro curtido e outras preparações de couro (23º/30º)

(1) Entre parênteses se indica a posição relativa no Grupo – Média / 3º Trimestre 2009 FONTE: Elaboração Própria, a partir de dados do ALICEWEB

6 Se considerado o Grupo Commodities Industriais como um todo, os principais produtos de importação, no 3º trimestre de 2009, são “Óleos brutos de petróleo” e “Outros cloretos de potássio”.

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NO 3º TRIMESTRE DE 2009, EM RELAÇÃO À MÉDIA DOS 3ºS TRIMESTRES 2005-2008, AS IMPORTAÇÕES DE PRODUTOS DOS GRUPOS II, LÍDER DO RANKING DE IMPORTAÇÕES, CA E IT AUMENTAM PARTICIPAÇÃO NA PAUTA DE IMPORTAÇÕES DE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS, EXCLUSIVE PETRÓLEO, GÁS E DERIVADOS . EM TERMOS DE CONTEÚDO TECNOLÓGICO, SÃO AS IMPORTAÇÕES DE PRODUTOS INTENSIVOS EM ESCALA OS QUE APRESENTAM PERDA DE PARTICIPAÇÃO, NOTADAMENTE PARA OS PRODUTOS DIFUSORES.

No 3º trimestre de 2009, somente as importações de produtos do Grupo CI* não superaram o valor médio das importações, por Grupo de produtos, realizadas nos 3ºs trimestres dos anos 2005 a 2009. Distintamente do observado no caso das exportações, todavia, não houve mudança de posição relativa dos Grupos no ranking das importações, ainda que as importações de produtos dos demais Grupos, em especial II, tenham aumentado sua participação na pauta de importações de industrializados, exclusive petróleo, gás e derivados (Gráfico XX).

FONTE: Elaboração Própria, a partir de dados do ALICEWEB

Refletindo a perda de participação das importações de produtos do Grupo CI*, observa-se perda de participação das importações de produtos intensivos em escala na comparação da pauta de importações, segundo conteúdo tecnológico, do 3º trimestre de 2009 em relação às importações médias dos 3ºs trimestres de 2005 a 2008. São as importações de produtos difusores as quais apresentam maior aumento de participação (Gráfico XXI)

FONTE: Elaboração Própria, a partir de dados do ALICEWEB

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AUMENTO DAS IMPORTAÇÕES DE INDUSTRIALIZAODS (EXCLUSIVE PETRÓLEO, GÁS E DERIvADOS) DAS CINCO PRINCIPAIS ORIGENS, NO 3º TRIMESTRE DE 2009 EM RELAÇÃO AO VALOR MÉDIO IMPORTADO NOS 3ºS TRIMESTRES DE 2005 A 2008. DESTAS ORIGENS AS QUE APRESENTAM MAIOR CRESCIMENTO SÃO A ARGENTINA E A CHINA. As cinco principais origens das importações de produtos industrializados, exclusive petróleo, gás e derivados, no 3º trimestre de 2009, encontram-se apresentadas na Figura II. Esses países responderam, nesse trimestre, por cerca de 70% dessas importações7. Confrontando o valor importado no 3º

trimestre de 2009 com o valor médio das exportações nos 3ºs trimestres de 2005 a 2008, observa-se que as importações de industrializados, exclusive petróleo, gás e derivados, desses cinco países apresentaram aumento, em especial no caso da China e da Argentina, conforme indicado na Figura a seguir.

FIGURA II PRINCIPAIS DESTINOS DAS EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS DE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS,

EXCLUSIVE PETRÓLEO, GÁS E DERIVADOS (3º TRIMESTRE 2009)

OBS: O percentual entre parênteses corresponde à variação do valor US$ importado no 3º trimestre de 2009 contra média do valor importado nos 3ºs trimestres de 2005 a 2008 FONTE: Elaboração própria com base no ALICEWEB

A análise das importações brasileiras de produtos industrializados, exclusive petróleo, gás e derivados, para as quatro principais origens8, segundo grupos de produtos (Gráfico XXII), permite observar que, exceto em relação à União Europeia, as importações de produtos do Grupo CI* apresentaram retração e, em relação a todas as origens, se observa crescimento das importações dos demais grupos, em especial de produtos do Grupo II, o qual responde por parcela majoritária das exportações desses quatro países para o Brasil. Destaque-se que, no 3º trimestre de 2009, a China desloca os EUA da posição de segunda principal origem das importações de produtos do Grupo II.

7 Considerando a totalidade das importações de produtos industrializados, a Nigéria passa a ocupar a 5ª posição no ranking dos países de origem das importações desses produtos, deslocando o Japão, que ocupa a 6ª posição. Em relação às outras principais origens, não se observa qualquer modificação de posição. 8 As quatro principais origens – União Europeia, Estados Unidos, China e Argentina – representaram, no 3º trimestre de 2009, 65% das importações brasileiras de produtos industrializados, exceto petróleo, gás e derivados de petróleo.

EUA: 2º lugar

(4%)

UE-15: 1º lugar

(12%)

China:

3º lugar (30%)

Japão: 5º lugar

(9%)

Argentina: 3º lugar

(32%)

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GRÁFICO XXII Importações Brasileiras Produtos Industrializados, Exclusive Petróleo, Gás e Derivados, Originárias dos

Quatro Principais Países Fornecedores Média 3ºTrimestres 2005-2008 x 3º Trimestre 2009 - US$ FOB milhões

FONTE: Elaboração Própria, a partir de dados do ALICEWEB

IMPORTAÇÕES DE PRODUTOS DO GRUPO CI* APRESENTAM AUMENTO DE CONCENTRAÇÃO POR PRODUTO E POR ORIGEM, ENQUANTO AS IMPORTAÇÕES DOS DEMAIS GRUPOS NÃO APRESENTAM VARIAÇÃO SIGNIFICATIVA DA CONCENTRAÇÃO POR PRODUTO E REDUÇÃO DA CONCENTRAÇÃO POR ORIGEM. O confronto do índice Herfindhal por produtos, segundo Grupos, do 3º trimestre de 2009 contra o índice médio dos 3ºs trimestres de 2005 a 2008 indica aumento da concentração das importações de produtos do Grupo CI*, ao passo que os demais Grupos não apresentam variações significativas de seus índices (Gráfico XXIII).

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*Exclusive Petróleo, Gás e Derivados Fonte: Elaboração Própria, com base no Aliceweb

Já em relação ao grau de concentração das origens, segundo Grupos, são novamente as importações de produtos do Grupo CI* que se destacam por serem as únicas a apresentarem aumento da concentração de fornecedores estrangeiros (Gráfico XXIV).

*Exclusive Petróleo, Gás e Derivados Fonte: Elaboração Própria, com base no Aliceweb

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BALANÇA COMERCIAL (EM US$), POR GRUPOS REDUÇÃO DO SALDO COMERCIAL DE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS, EXCLUSIVE PETRÓLEO, GÁS E DERIVADOS, NO 3º TRIMESTRE DE 2009, EM RELAÇÃO AO SALDO MÉDIO DOS 3ºs TRIMESTRES DE 2005 A 2008. A BALANÇA COMERCIAL RELATIVA A PRODUTOS DE TODOS OS GRUPOS, À EXCEÇÃO DO GRUPO “COMMODITIES AGRÍCOLAS”, APRESENTA PIOR RESULTADO. A comparação do saldo comercial do 3º trimestre de 2009 com o saldo médio dos 3ºs trimestres de 2005 a 2008 indica significativa redução (75%) do superávit das importações totais de produtos industrializados, exceto petróleo, gás e derivados. Somente em relação aos produtos pertinentes ao Grupo CA é possível observar aumento do superávit comercial – 13%. O superávit relativo aos produtos do Grupo CI* apresenta retração de 25%; o déficit de produtos do Grupo II se amplia em 125%; e o saldo relativo aos produtos do Grupo IT torna-se negativo (Gráfico XXV).

Média 3ºs Trim 05-08 3º Trim 2009

*Exclusive Petróleo, Gás e Derivados Fonte: Elaboração Própria, com base no Aliceweb

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GRUPO INDUSTRIAL EM FOCO:

COMMODITIES INDUSTRIAIS (CI)

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GRUPO INDUSTRIAL EM FOCO: COMMODITIES INDUSTRIAIS (CI)

Este boletim focaliza o grupo de commodities industriais, o qual engloba cinco ramos e 24 setores, descritos no quadro abaixo. Na apresentação dos dados, o ramo da extrativa mineral aparece, sempre, segmentado em dois subconjuntos, a saber: (i) petróleo e gás; e (ii) extrativa mineral, exceto petróleo e gás. O tratamento da produção de petróleo e gás em separado se justifica uma vez que as transações envolvendo suas principais mercadorias refletem a política comercial adotada pela Petrobrás (comércio administrado). Observe-se, ainda, que o setor de produção de álcool estará sempre destacado do ramo a que pertence (refino de petróleo e de outros combustíveis)

Quadro 1 Grupo de Commodities Industriais (CI)

Descrição de ramos e setores Ramo Setor CNAE 1.0

(3 dígitos)

1. Extrativa mineral Carvão mineral 100

Petróleo e gás 111

Minério de ferro 131

Estanho, manganês, metais preciosos, radioativos e outros 132

Pedra, areia, argila 141

Outros minerais não metálicos 142

2. Refino de petróleo / outros combustíveis

Coquerias 231

Petróleo 232

Combustíveis. nucleares 233

Produção de álcool 234

3. Química básica (fabricação)

Produtos químicos inorgânicos 241

Produtos químicos orgânicos 242

Resinas e elastômeros 243

Fibras, fios cabos e filam. contínuos (sintéticos/artificiais) 244

4. Metalurgia Siderúrgicas integradas 271

Siderúrgicos (excl. siderúrgicas integradas) 272

Tubos (excl. siderúrgicas integradas) 273

Metalurgia de metais não ferrosos 274

Fundição 275

5. Fabricação de minerais não metálicos

Vidro e produtos de vidro 261

Cimento 262

Artefatos de concreto, cimento, gesso etc. 263

Produtos cerâmicos 264

Pedras, cal e outros não metálicos 269

O trabalho examina o comportamento das informações de produção e comércio nos últimos quatro anos, definidos entre os meses de outubro do ano anterior e setembro do ano subseqüente9: 2006* (outubro de 2005/setembro de 2006); 2007* (outubro de 2006/setembro de 2007); 2008* (outubro de 9 Sublinhe-se que, neste trabalho, sempre que nos referirmos a anos definidos entre os meses outubro do ano anterior a setembro do ano subseqüente, utilizaremos o ano marcado por asterisco.

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2007/setembro de 2008); e 2009* outubro de 2008/setembro de 2009). Tal definição possibilita tomar como referência analítica os meses que vão de outubro de 2008 a setembro de 2009 (ano de 2009*), período em que a produção industrial e o comércio exterior brasileiros foram afetados pela crise mundial. Assim sendo, a análise dos dados privilegia a comparação de 2009* contra o ano imediatamente anterior e, sempre que necessário, contra a média do triênio anterior.

VALOR DA PRODUÇÃO

A PRODUÇÃO/REFINO DE PETRÓLEO E A PRODUÇÃODE ÁLCOOL AMORTECERAM OS EFEITOS NEGATIVOS DA CRISE MUNDIAL SOBRE O VALOR DA PRODUÇÃO DAS CI BRASILEIRAS

Na média do quadriênio 2006*/09*, a participação das CI no VP da indústria brasileira alcançou 31,3%. Entre 2009* e 2008*, o valor da produção das CI decresceu 5,76%, enquanto que a queda no valor da produção industrial atingiu 10,8%. Em conseqüência, a participação das CI no VP industrial aumentou de 30% (2008*) para 32% (2009). Nesse biênio, no grupo das CI, taxas de decréscimo do VP mais expressivas foram verificadas para a metalurgia (-23,5%), para a extrativa mineral exceto petróleo (-16,1%) e para a química básica (-10,7%), ramos que mais contribuíram para a queda do VP do grupo de CI. Ao inverso, o valor da produção dos ramos de petróleo (produção e refino) e de outros combustíveis (basicamente álcool) cresceu, amenizando a queda do VP das CI (ver Tabela 1).

Tabela 1

Commodities Industriais (CI): Valor da Produção

Ramos

Distribuição do VP por ramo (%)

VP: taxa de crescimento.

2009*/08* (%)

Contribuição para tx. de crescimento do VP das CI

1 (%) 2008* 2009*

Petróleo (produção e refino) 29,7 33,0 4,5 1,3

Metalurgia 29,7 26,4 -16,1 -4,8

Química básica 20,9 19,8 -10,7 -2,2

Fabricação de minerais não metálicos 8,4 8,6 -3,7 -0,3

Extrativa mineral (exceto petróleo) 8,9 7,3 -23,5 -2,1

Outros combustíveis, exceto petróleo2 2,3 5,0 107,0 2,4

TOTAL 100,0 100,0 -5,7 -5,7 1 Taxa de crescimento do VP das commodities industriais, na hipótese de que somente o VP do ramo houvesse variado no biênio considerado. 2 Basicamente, álcool combustível. Fonte: elaboração própria a partir de dados da PIA/PIM

O gráfico que se segue registra a evolução do valor da produção dos ramos componentes do grupo de CI, no quatriênio 2006*/2009*. Mostra que, em 2009*, a crise interrompeu a tendência de crescimento do VP dos ramos componentes do grupo de CI, à exceção das commodities energéticas (petróleo, derivados e álcool).

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Gráfico 1 Commodities Industriais (CI)

Evolução do Valor da Produção por Ramo (em R$ bilhões)

Fonte: elaboração própria a partir de dados da PIA/PIM

PANORAMA RECENTE DO COMÉRCIO EXTERIOR

IMPACTO DA CRISE MUNDIAL SOBRE O COMÉRCIO EXTERNO BRASILEIRO DE CI FOI MAIS FORTE NAS IMPORTAÇÕES DO QUE NAS EXPORTAÇÕES: SALDO COMERCIAL DO GRUPO VOLTA A SER POSITIVO No quadriênio 2006*/09* o valor das exportações de CI cresceu significativamente até 2008*. O valor das importações também aumentou, contudo a taxas mais elevadas que o das exportações, com destaque para o ano 2008*, quando mais que dobrou, relativamente a 2006*. Em conseqüência, o saldo comercial do grupo de CI, que já vinha cadente, tornou-se negativo em 2008*. No último ano (2009*), tanto as exportações, quanto as importações de CI reduziram-se expressivamente, seguindo a tendência apresentada pelo comércio exterior brasileiro. Ressalve-se, todavia, que o valor das importações apresentou queda relativamente maior que o das exportações, invertendo a tendência à queda do saldo comercial setorial, o qual passou de negativo (-US$1.314,4 milhões em 2008*) para positivo (US$ 5.210,7 milhões em 2009*). Esses números mostram que a crise mundial, deflagrada a partir do último trimestre de 2008*, impactou mais fortemente o valor das importações do que o das exportações de CI. Como se verá mais adiante, isso se explica, em grande medida, pelo comportamento do comércio de petróleo e gás e de derivados de petróleo10.

10 De fato, excluído o petróleo (produção e derivados) o saldo comercial do grupo de CI reduz-se entre 2006* e 2008* sem, contudo, atingir cifras negativas. Em 2009*, apresenta pequena redução relativamente a 2008*.

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CRISE MUNDIAL REDUZ O PESO DAS COMMODITIES INDUSTRIAIS NAS EXPORTAÇÕES E NAS IMPORTAÇÕES BRASILEIRAS Sublinhe-se que, em 2009*, o peso das commodities industriais nas exportações e nas importações brasileiras totais (32,47% e 35,0%, respectivamente) caiu, relativamente a 2008* e à média do triênio anterior. O mesmo não pode ser dito em relação à participação das CI no saldo comercial do país, a qual em 2009* (19,6%) aumentou com referência a 2008* (-4,4%) e à média do triênio anterior (13,7%), conforme mostram a Tabela 2 e o Gráfico 2.

Tabela 2 Grupo de commodities Industriais

Exportações, importações e saldo comercial (em US$ milhões)

2006* 2007* 2008* Média1 2009*

Exportações 42.802,54 50.440,71 67.373,28 53.538,84 51.485,81

Importações 33.081,85 42.691,21 68.637,89 48.136,98 46.270,55

Saldo 9.720,69 7.749,49 -1.264,61 5.401,86 5.215,26

Participação no comércio exterior brasileiro (em %)

Em % 2006* 2007* 2008* Média1 2009*

Exportações 32,3 32,9 34,6 33,4 32,4

Importações 38,4 38,7 41,3 39,8 35,0

Saldo 21,0 17,9 -4,4 13,7 19,6 1 Média dos três primeiros anos Fonte: elaboração própria a partir de dados Alice/MDIC

Gráfico 2 Commodities Industriais (CI)

Participação no Comércio Exterior Brasileiro

Fonte: elaboração própria a partir de dados Alice/MDIC

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QUEDA NO VALOR DAS EXPORTAÇÕES DE CI EXPLICA 43,8% DA RETRAÇÃO DO VALOR DAS EXPORTAÇÕES DO PAÍS APÓS A CRISE

A redução da participação das CI no valor das exportações brasileiras entre 2008* e 2009* expressa o fato de as vendas externas de CI terem sofrido uma retração mais aguda do que a observada nas exportações brasileiras totais (ver Tabela 3), circunstância indicativa de que a crise internacional impactou mais fortemente as vendas externas do grupo, comparativamente à média das exportações do país. Em 2009* as exportações brasileiras totais decresceram 18,5% em relação a 2008*, dos quais 8,2% correspondem à contribuição da retração das exportações de CI. Em decorrência, infere-se que a queda das exportações de CI explica a retração das exportações brasileiras em 43,8% em 2009* (8,2% sobre 18,5%).

APÓS A CRISE, QUEDA NO VALOR DAS IMPORTAÇÕES DE CI EXPLICA 65,5% DA RETRAÇÃO DO VALOR DAS IMPORTAÇÕES BRASILEIRAS

Por seu turno, o exame da variação das importações em 2009*, com referência ao ano imediatamente anterior, também revela que as compras externas de CI caíram mais rapidamente (-32,6%) do que as importações globais do país (-20,4%). Nesse caso, a contribuição das CI para a taxa de redução das importações brasileiras foi de 65,5%11 (-20, 4% em -32,6%).

Tabela 3 Brasil e Commodities Industriais: indicadores variados (em %)

Exportações

Taxa de Crescimento

CI: contribuição para a taxa de crescimento (total Brasil)

(a) CI (b) Brasil (c )1

2009* contra ano anterior -23,6 -18,5 -8,2

2009* contra média dos três anos anteriores -3,8 -0,9 -1,3

2009* contra 2006* 20,3 19,8 6,5

Crescimento médio anual entre 2006* e 2009* 6,4 6,2

Importações

2009* contra ano anterior -32,6 -20,4 -13,5

2009* contra média dos três anos anteriores -3,9 9,5 -1,5

2009* contra 2006* 39,9 53,4 15,3

Crescimento médio anual entre 2006* e 2009* 11,8 15,3 Fonte: elaboração própria a partir de dados Alice/MDIC 1 Taxa de crescimento das exportações e das importações brasileiras totais, na hipótese de que somente as exportações e as importações de commodities industriais (respectivamente) tivessem variado no período.

11 Entre 2008 e 2009, as importações totais brasileiras decresceram (-20,3%). A decomposição desta taxa mostra que -13,3% correspondem à redução de importações de CI. Logo, a contribuição do setor para a taxa de decréscimo das importações brasileiras alcança 65,4%.

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CONCENTRAÇÃO DAS EXPORTAÇÕES PRODUTOS E PAÍSES

EXTRATIVA MINERAL, PETRÓLEO (PRODUÇÃO E REFINO) E METALURGIA CONCENTRAM MAIS DE QUATRO QUINTOS DAS EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS DE CI

A distribuição das exportações de CI por ramos mostra que extrativa mineral, petróleo (produção e refino) e metalurgia respondem, em conjunto, pela maior parcela das vendas externas do grupo das CI (84,1% em 2009*). Vale sublinhar que, no último ano, a extrativa mineral (exceto petróleo) ganhou peso relativo nas vendas externas de CI, superando os ramos de metalurgia e de petróleo (produção e refino). Já a participação da química básica nas exportações do grupo oscilou, no período 2006*/09*, em torno de 10% (ver Tabela 4).

Tabela 4

Commodities Industriais Composição das exportações por ramo (em %)

Exportações 2006* 2007* 2008* Média* 2009*

Extrativa mineral (exceto petróleo) 23,7 23,9 26,8 25,1 31,2

Metalurgia 34,0 34,6 30,3 32,7 28,0

Petróleo (produção e refino) 23,9 22,2 27,4 24,8 24,9

Química básica 10,6 11,3 9,1 10,2 9,7

Outros combustíveis, exceto petróleo 3,0 3,4 3,1 3,2 3,2

Fabricação de minerais não metálicos 4,8 4,5 3,3 4,1 3,0

Total 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0

Fonte: elaboração própria a partir de dados Alice/MDIC 1 Média dos três primeiros anos

TENDÊNCIA À CONCENTRAÇÃO DAS EXPORTAÇÕES EM POUCOS PRODUTOS AGRAVA-SE COM A CRISE

A forte concentração das exportações de CI nos ramos da metalurgia e da extrativa mineral, inclusive petróleo e gás, reflete a alta concentração das mesmas em poucos produtos (NCM – oito dígitos). De fato em 2009*, as vendas externas dos 20 produtos mais importantes explicaram 70% das exportações de CI. Destacam-se as exportações de óleos brutos de petróleo e de minério de ferro (não aglomerado e aglomerado)12 produtos que, ao longo do período, estiveram sempre entre os três mais relevantes. Sublinhe-se que, no período examinado (2006*/09*), o grau de concentração das exportações por produto aumentou consideravelmente, como se pode observar nos indicadores apresentados na Tabela 5.

12 Se excluirmos do grupo das CI os produtos do ramos de petróleo (produção e refino) as exportações de minério de ferro (aglomerado e não aglomerado) representaram, em 2009*, 37% das vendas externas do grupo.

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Tabela 5 Commodities industriais

Exportações: coeficientes de concentração por produto

2006* 2007 2008 Média1 2009

CR(1) 14,2 15,0 19,4 16,6 21,3

CR(2) 26,9 28,4 34,5 30,5 40,5

CR(3) 34,7 35,3 41,7 37,8 47,1

CR(4) 39,6 38,8 45,9 41,7 50,4

CR(5) 43,4 42,1 49,9 45,6 53,6

CR(10) 51,6 50,9 58,5 53,9 62,4

CR(20) 62,8 63,1 69,5 64,8 71,2

HHI 0,05 0,05 0,07 0,06 0,10

Principais produtos (NCM 8 dígitos) Posição entre os 10 primeiros

Minérios de ferro não aglomerados e seus concentrados - NCM(26011100) 2° 2° 2° 2° 1°

Óleos brutos de petróleo - NCM(27090010) 1° 1° 1° 1° 2°

Minérios de ferro aglomerados e seus concentrados - NCM(26011200) 3° 3° 3° 3° 3°

Ferro fundido bruto não ligado, c/peso<=0.5% de fósforo - NCM(72011000) 5° 4° 4° 5° 4°

Álcool etílico n/desnaturado c/vol.teor alcoólico>=80% - NCM(22071000) 8° 5° 7° 7° 5°

Alumina calcinada - NCM(28182010) 10° 9° 11° 10° 6°

Outros prods.semimanuf.ferro/aco,c<0.25%,sec.transv.ret - NCM(72071200) 9° 10° 6° 8° 7°

"Fuel-oil" - NCM(27101922) 4° 7° 5° 4° 8°

Ouro em barras,fios,perfis de sec.macica,bulhao dourado - NCM(71081310) 11° 13° 12° 12° 9°

Alumínio não ligado em forma bruta - NCM(76011000) 7° 6° 10° 9° 10° Fonte: elaboração própria a partir de dados Alice/MDIC 1 Média dos três primeiros anos

CRISE FAZ DA CHINA O PRINCIPAL DESTINO DAS EXPORTAÇÕES DE CI

Examinadas por destino, as exportações de CI mostram-se também bastante concentradas. No período analisado, os cinco principais importadores de CI brasileiras absorveram cerca de 60% do total das exportações de CI do país. Em 2009*, uma questão merece destaque, a saber: a China ter se tornado o principal destino das exportações de CI brasileiras, superando a UE e os EUA. Até 2008*, os EUA eram o principal país de destino das exportações do grupo, se as exportações para a UE não forem contabilizadas em conjunto, mas distribuídas entre seus países membros. Em 2009*, relativamente ao ano anterior, as exportações de CI destinadas à China cresceram 25,8% enquanto que, na média, as exportações de CI decresceram 23,6%. Já as exportações para a UE, para os EUA e para a Argentina reduziram-se em 37,5%, 45,5% e 41,8%, respectivamente. Observe-se que, em 2009*, Santa Lúcia aparece como quarto principal destino das exportações brasileiras de CI, em função do aumento das exportações de petróleo para este país.

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EXPORTAÇÕES DESTINADAS À CHINA, ESPECIALMENTE AS DE MINÉRIO DE FERRO, AMORTECEM OS EFEITOS DA CRISE SOBRE AS VENDAS EXTERNAS DE CI BRASILEIRAS Em 2009*, o desempenho das exportações de CI para a China funcionou como um amortecedor para a queda das vendas do grupo. Isso se deveu, em grande medida, ao aumento do comércio de minério de ferro (CNAE 131), seguido de longe pela venda de produtos siderúrgicos (CNAE 272). O mau desempenho das exportações para os EUA explica-se, por sua vez, pela queda das exportações de petróleo e, e menor grau, pela redução das vendas dos segmentos componentes do ramo de metalurgia (CNAEs 271, 272 e 274). No caso da Argentina, a queda das exportações de produtos da metalurgia, de petróleo e de minério de ferro foi o que explicou a forte retração das exportações de CI brasileiras dirigidas àquele país.

Tabela 6

Commodities industriais Exportações: coeficientes de concentração por país de destino

2006* 2007* 2008* Média1 2009*

CR(1) 21,3 21,3 21,8 20,7 18,3

CR(2) 39,5 41,5 40,1 40,4 36,1

CR(3) 48,8 52,1 51,2 50,9 49,2

CR(4) 55,2 58,7 57,9 57,4 55,2

CR(5) 60,3 63,8 62,5 62,3 60,2

CR(10) 75,8 74,6 75,6 73,7 76,8

CR(20) 87,3 85,8 86,8 85,8 88,0

HHI 0,10 0,11 0,11 0,10 0,10

Principais importadores Posição entre os 10 primeiros

China 3° 3° 3° 3° 1°

União Européia (15) 2° 1° 1° 1° 2°

EUA 1° 2° 2° 2° 3°

Santa Lucia - - 6° 8° 4°

Argentina 4° 4° 4° 4° 5°

Japão 5° 5° 5° 5° 6°

Suíça 18° 15° 19° 19° 7°

Coréia do Sul 8° 7° 8° 7° 8°

Chile 7° 6° 7° 6° 9°

Índia 17° 14° - 20° 10° Fonte: elaboração própria a partir de dados Alice/MDIC

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DESEMPENHO DAS EXPORTAÇÕES POR SETORES E PRODUTOS

Entre 2006* e 2009*, a evolução das vendas externas de cada um dos ramos do grupo de commodities industriais apresentou um padrão similar. De fato, para todos eles, observou-se crescimento contínuo do valor exportado entre 2006* e 2008*, seguido de queda expressiva em 2009* (ver Gráfico 3).

Gráfico 3

Commodities Industriais (CI) Evolução das exportações por ramo (US$ bilhões)

Fonte: elaboração própria a partir de dados Alice/MDIC

COM A CRISE, METALURGIA E PETRÓLEO LIDERAM A QUEDA DAS EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS DE CIS

Como visto, em 2009*, as exportações de todos os ramos analisados apresentaram taxas de crescimento negativas, relativamente a 2008*. Taxas de decréscimo mais expressivas estão associadas aos ramos de produção e refino de petróleo (-30,5%), de metalurgia (-29,6%) e de fabricação de minerais não metálicos (-29,6%). Em função de seus pesos nas exportações de CI, os dois primeiros ramos foram os que mais contribuíram para a redução das vendas externas do grupo (ver Tabela 7). Destaque-se que as exportações do ramo de extrativa mineral (exceto petróleo e gás) foram as que mostraram menor taxa de decréscimo (-11,1%). A utilização do triênio anterior como base atenua os efeitos da queda das exportações em 2009*, verificada para todos os ramos do setor de commodities industriais. De fato, por esse critério, todos os ramos apresentam taxas de decréscimo das exportações menores que as calculadas tomando como base 2008* ou mesmo taxas de crescimento positivas, como é o caso da extrativa mineral, exceto petróleo (ver Tabela 7).

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Tabela 7 Commodities industriais

Exportações discriminadas por ramo: indicadores variados (em %)

Taxa de crescimento

(2009*)

Contribuição para a tx de crescimento das CI: 2009* contra

2008*

Ramos

Base: Base:

(a)2 Distribuição de (a) Média

1 2008*

Metalurgia -17,7 -29,6 -9,0 38,1

Petróleo (produção e refino) -3,7 -30,5 -8,4 35,5

Extrativa mineral (exceto petróleo) 19,7 -11,1 -3,0 12,7

Química básica -8,4 -18,3 -1,7 7,0

Fabricação de minerais não metálicos -28,7 -29,6 -1,0 4,1

Outros combustíveis, exceto petróleo -2,0 -20,2 -0,6 2,6

Total -3,8 -23,6 -23,6 100,0 1 Média dos três primeiros anos 2 Taxa de crescimento das exportações de CI, na hipótese de que somente as exportações do ramo tivessem variado (2009* contra 2008*). Fonte: elaboração própria a partir de dados Alice/MDIC

A Tabela 8 repete o exercício apresentado na tabela anterior tomando como referência os principais setores (CNAE-3 dígitos) exportadores do grupo das CI. Mostra que as exportações de todos os setores apresentaram queda expressiva no último ano, relativamente ao ano anterior. Entre os setores que mais contribuíram a taxa de redução das exportações de CI estão: petróleo e gás (19,6%), siderúrgicos, exclusive siderúrgicas integradas (17,9%), refino de petróleo (15,8%), siderúrgicas integradas (12,7%) e metalurgia de metais não ferrosos (10,9%).

Tabela 8

Exportações de commodities industriais Principais setores: indicadores variados (em %)

Participação nas exportações.

Taxa de crescimento

(2009* /08*)

Contribuição para a tx de crescimento de CI: 2009* contra 2008*

Setores 2009* (a)1

Distribuição de (a)

Petróleo e gás (111) 19,3 -23,9 -4,6 19,6

Siderúrgicos, excl. siderúrgicas integradas( 272) 9,1 -37,8 -4,2 17,9

Refino de petróleo (232) 5,6 -46,7 -3,7 15,8

Siderúrgicas integradas (271) 6,1 -39,1 -3,0 12,7

Metalurgia de metais não ferrosos (274) 10,5 -24,3 -2,6 10,9

Estanho, manganês metais preciosos, radioativos e outros (132) 2,2 -49,2 -1,7 7,1

Minério de ferro (131) 27,8 -4,9 -1,1 4,6

Produtos químicos orgânicos (242) 4,5 -16,0 -0,7 2,8

Produção de álcool (234) 3,2 -20,2 -0,6 2,6

Produtos químicos inorgânicos (241) 1,3 -37,3 -0,6 2,5

a) Subtotal 89,6 -25,0 -22,8 96,6

b) Demais CI 10,4 -9,2 -0,8 3,4

d) Total CI (a+b) 100,0 -23,6 -23,6 100,0 1 Taxa de crescimento das exportações de CI, na hipótese de que somente as exportações do setor tivessem variado (2009*

contra 2008*). Fonte: elaboração própria a partir de dados Alice/MDIC

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EXPORTAÇÕES DE PETRÓLEO, DE ÓLEO COMBUSTÍVEL E DE MINÉRIO DE FERRO NÃO LIGADO FORAM AS QUE MAIS CONTRIBUÍRAM PARA TAXA DE REDUÇÃO DAS VENDAS EXTERNAS DE CI EM 2009*

A taxa de redução das exportações das CI (2009*, contra 2008*) foi fortemente determinada pelo comportamento das vendas externas de sete produtos (NCM oito dígitos)13. Três deles pertencem ao ramo de petróleo (produção e refino), a saber: óleos brutos de petróleo (contribuição de 19,6%), óleo combustível (9,1%) e outras gasolinas (7,2%). No caso dos óleos brutos de petróleo, a queda do valor exportado refletiu a redução do preço do produto, verificada a partir do 2º semestre de 2008*. Para as outras duas mercadorias a redução das receitas de exportação resultou de uma combinação de queda de preços e diminuição de quantidades exportadas. Outros produtos com contribuição importante para a taxa de redução das exportações de CI foram os do ramo da metalurgia, com destaque para o ferro fundido bruto não ligado14 (contribuição de 7,2%), ferronióbio15 (4,0%) e outros produtos semimanufaturados de ferro/aço16 (6,8%). A queda das vendas externas de ferro fundido não ligado e de ferronióbio deveu-se à retração das quantidades exportadas. Já as exportações de outros produtos semimanufaturados de ferro/aço reduziram-se em função da queda de quantidades vendidas e de preços. No segmento de extrativa mineral (exceto petróleo) sobressaem os minérios de ferro aglomerados (contribuição de 9,5%)17.

Tabela 9

Exportação de commodities industriais Produtos com maior contribuição para a queda das exportações de CI (2009*/2008*)

Em % Participação nas

exportações. Taxa de

crescimento (2009* / 08*)

Contribuição para a tx de crescimento de CI: 2009* contra 2008*

Ramos/Produtos 2009* (a)1

Distribuição de a

Petróleo (produção e refino)

Óleos brutos de petróleo (NCM-27090010) 19,3 -23,9 -4,6 19,6

Óleo combustível (NCM-27101922) 2,4 -54,0 -2,1 9,1

Outras gasolinas (NCM-27101159) 1,7 -56,2 -1,7 7,2

Metalurgia

Ferro fundido bruto não ligado (NCM- 72011000) 3,3 -40,3 -1,7 7,2

Outros prod.semimanufaturados de ferro/aço (NCM-72071200) 2,7 -44,1 -1,6 6,8

Ferronióbio (NCM- 72029300) 2,0 -38,1 -0,9 4,0

Extrativa mineral (exceto petróleo)

Minérios de ferro aglomerados (NCM-26011200) 6,5 -30,9 -2,2 9,5 1 Taxa de crescimento das exportações de CI, na hipótese de que somente as exportações do produto tivessem variado (2009*

contra 2008*). Fonte: elaboração própria a partir de dados Alice/MDIC

13 A contribuição dessas sete mercadorias para a taxa de redução das exportações de CI (2009* contra 2008**) alcança 63,4%. 14 NCM - 72011000 15 NCM - 72029300 16 NCM -72071200 17 Ao contrário, as exportações de minério de ferro não aglomerado (NCM – 26011100) aumentaram em valor visto que a queda nas quantidades vendidas foi compensada por aumento do preço do produto

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VANTAGENS COMPARATIVAS, DINAMISMO E GANHOS E PERDAS DE Market-Share

MINÉRIOS DE FERRO, ALCOOL E PRODUTOS DE SIDERÚRGICAS INTEGRADAS SÃO OS SETORES QUE APRESENTAM VANTAGENS COMPARATIVAS MAIS EXPRESSIVAS A tabela a seguir indica os setores de CI (CNAE 3 dígitos) que apresentam e que não apresentam vantagens comparativas18 (em média) no comércio global. A maior parte dos setores do último grupo está concentrada nos ramos de refino de petróleo e outros combustíveis; de química básica; e de fabricação de minerais não metálicos. Por seu turno, a produção de álcool, a extração de minério de ferro e os produtos de siderúrgicas integradas são os setores que apresentam vantagens comparativas mais expressivas.

Tabela 10

Commodities industriais Setores: índices de vantagens comparativas Setores não dotados de vantagens comparativas

Ramo Setor (CNAE 3 dígitos) IVCR

Extrativa mineral Carvão mineral -1,00

Extrativa mineral Outros minerais não metálicos -0,47

Refino de petróleo e outros combustíveis Coquerias -0,99

Refino de petróleo e outros combustíveis Petróleo -0,33

Refino de petróleo e outros combustíveis Combustíveis. nucleares -0,99

Química básica Produtos químicos inorgânicos -0,27

Química básica Produtos químicos orgânicos -0,23

Química básica Resinas e elastômeros -0,22

Química básica Fibras, fios cabos e filam. contínuos (sintéticos/artificiais) -0,38

Fabricação de minerais não metálicos Vidro e produtos de vidro -0,40

Fabricação de minerais não metálicos Cimento -0,35

Fabricação de minerais não metálicos Artefatos de concreto, cimento, gesso etc. -0,69

Fabricação de minerais não metálicos Produtos cerâmicos -0,04

Metalurgia Tubos (excl. siderúrgicas integradas) -0,09

Metalurgia Fundição -0,63

Setores dotados de vantagens comparativas

Ramo Setor IVCR

Extrativa mineral Petróleo e gás 0,14

Extrativa mineral Minério de ferro 0,90

Extrativa mineral Estanho, manganês metais preciosos, radioativos etc. 0,43

Extrativa mineral Pedra, areia, argila 0,52

Refino de petróleo e outros combustíveis Produção de álcool 0,94

Fabricação de minerais não metálicos Pedras, cal e outros não metálicos 0,37

Metalurgia Siderúrgicas integradas 0,79

Metalurgia Siderúrgicos (excl. siderúrgicas integradas) 0,04

Metalurgia Metalurgia de metais não ferrosos 0,01 Fonte: elaboração própria a partir de dados do GTIS

18 O exame das vantagens comparativas das exportações brasileiras de CI, dos ganhos e perdas de market-share do Brasil no mercado mundial e do dinamismo do comércio mundial de commodities industriais utilizou como referência o período 2005/08 e como base de informações o GTIS (Global Trade Information Services). Todos os indicadores foram calculados para produtos definidos pelo SH (seis dígitos). Diferentemente do verificado nas seções anteriores deste trabalho, nesses casos os anos de referência (2005/08) correspondem a anos-calendário e, portanto, aparecem nas tabelas sem asterisco

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A Tabela 11 registra o número de produtos exportados pelo país com vantagens comparativas em 2008. Como esperado, revela que as 203 CI nas quais o país detém vantagens comparativas responsabilizam-se por 84,8% das exportações do grupo (2008). Reafirma, ainda, que, na média, vantagens comparativas mais robustas são encontradas nas exportações dos setores de extração de minério de ferro (CNAE 131)19, produção de álcool (CNAE 234)20 e siderúrgicas integradas (CNAE 271)21.

Tabela 11 Commodities Industriais (setores)

Vantagens Comparativas: indicadores variados

Setores

V. Comparativa (2008) Participação

dos produtos com V.C.

nas exportações

(2008)

IVCR Nº de produtos¹

Descrição - CNAE (3 dígitos)

Com Sem

Total

2008 VC VC Média 2005/07

Produção de álcool (234) 1 0 1 3,4 0,94 0,94

Extração de minério de ferro (131) 2 0 2 23,7 0,91 0,90

Siderúrgicas integradas (271) 9 11 20 7,6 0,79 0,79

Estanho, manganês, preciosos, radioativos e outros (132) 6 12 18 3,1 0,20 0,41

Extração de pedra, areia e argila (141) 4 25 29 0,8 0,59 0,52

Demais 181 1083 1264 46,6

Total CI 203 1131 1334 85,1

Fonte: elaboração própria a partir de dados do GTIS 1 produtos (SH seis dígitos)

QUATRO QUINTOS DAS EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS DE CI CONCENTRAM-SE EM PRODUTOS CUJO COMÉRCIO GLOBAL TEM SE MOSTRADO DINÂMICO

A Tabela 12 mostra que 82% das exportações brasileiras de CI correspondem à venda de produtos cujas exportações mundiais se mostraram dinâmicas no quadriênio 2005/08. Essa circunstância é verificada quer os indicadores de dinamismo sejam calculados com base na taxa de crescimento média anual do período, quer sejam calculados com referência à taxa de crescimento das exportações em 2008 vis-à-vis a média do triênio anterior22.

19 Produtos do setor com vantagem comparativa expressiva (2008): minérios de ferro aglomerados (0,92) e minérios de ferro não aglomerados (0,89). 20 Produto com vantagem comparativa expressiva: álcool etílico não desnaturado (0,94). 21 Produtos do setor com vantagem comparativa expressiva (2008): ferro fundido não ligado (0,93) e ferronióbio (0,96) 22 Nos dois casos foram considerados produtos com alto dinamismo aqueles cuja taxa de crescimento das exportações mundiais foi igual ou superior a 10% da taxa de crescimento das exportações mundiais globais, produtos com baixo dinamismo aqueles cuja taxa crescimento das exportações mundiais foi igual ou inferior a 10% da taxa de crescimento das exportações mundiais globais, e produtos de dinamismo médio aqueles cuja taxa de crescimento das exportações mundiais encontra-se no intervalo entre +9,9% e -9,9% da taxa de crescimento das exportações mundiais globais.

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Tabela12

Commodities Industriais Exportações: dinamismo dos produtos1

Dinamismo

Critério: taxa média anual (2005/2008)

Critério: 2008 contra média do triênio anterior

Nº produtos

Distribuição do nº de produtos

(%)

Participação (%) nas

exportações de CIs em

(2008)

Nº produtos

Distribuição do nº de produtos

(%)

Participação (%) nas

exportações de CIs em

(2008)

Baixo 685 51,3 13,9 552 41,3 8,4

Médio 41 3,1 3,5 122 9,1 8,2

Alto 609 45,6 82,7 601 45,0 82,8

Não classificados 1 0 0 61 4,6 0,7

Total 1336 100 100, 1336 100,0 100,0 Fonte: elaboração própria a partir de dados do GTIS 1 produtos (SH seis dígitos)

Em 527 produtos (NCM seis dígitos) componentes do grupo de CI (correspondentes a 39,5% do total de produtos do grupo) as exportações brasileiras apresentaram ganhos de market-share no mercado mundial em 2008, comparativamente à média do triênio anterior. Nesse ano, tais produtos representaram 48,5% do valor das vendas externas brasileiras de CI.

Tabela13 Commodities Industriais

Exportações: Ganhos e Pedas de Market-Share1

Nº produtos

Distribuição do nº de produtos

(%)

Participação (%) nas exportações de CI em (2008)

(%)

Produtos com ganhos 527 39,5 48,5

Produtos com perdas 808 60,5 51,5

Total 1335 100,0 100,0 Fonte: elaboração própria a partir de dados do GTIS 1 produtos (SH seis dígitos)

A Tabela 14 registra os 10 produtos (SH seis dígitos) mais importantes nas exportações brasileiras de CI que, somados, respondem por mais de dois terços das vendas externas de CI do país. Quase todos eles são dotados de vantagens comparativas relevantes e apenas um (alumínio não ligado) apresentou baixo dinamismo no comércio mundial, no período 2005/08. Em cinco deles o Brasil o país perdeu market-share no mercado mundial, em 2008 (relativamente à média do triênio anterior, com destaque para os minérios de ferro (aglomerados e não aglomerados), dois dos produtos mais importantes da pauta de exportação brasileira de CI.

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Tabela 14 Commodities Industriais

Produtos selecionados1: indicadores variados

IVCR (2008)

G&P2

Dinamismo3 Market share (%)

Óleos brutos de petróleo (SH - 270900) 0,25 0,47 Alto

Minérios de ferro não aglomerados (SH - 260111) 0,89 -1,65 Alto

Minérios de ferro aglomerados (SH - 260112) 0,92 -0,38 Alto

Outros refinados de petróleo (diesel, óleo combustível etc.) (SH -271019) -0,35 -0,23 Alto

Álcool etílico não desnaturado (SH - 220710) 0,94 4,81 Alto

Ferro fundido bruto não ligado (SH -720110) 0,93 2,26 Alto

Produtos semimanufaturados de ferro ou aço (SH -720712) 0,80 3,57 Alto

Óxido de alumínio (SH - 281820) 0,81 3,23 Alto

Alumínio não ligado (SH - 760110) 0,60 -0,70 Baixo

Ouro em outras formas semimanufaturadas (SH - 710813) 0,55 -0,14 Alto Fonte: elaboração própria a partir de dados do GTIS 1 Dez principais produtos da pauta de exportações de CI em 2009 2 G&P de market share: 2008 contra a média do triênio anterior (2005/07) 3 Dinamismo calculado com base na taxa de crescimento média anual do período 2005/08.

COMÉRCIO INTRASETORIAL

Dez dos setores componentes do grupo das CI concentram 89,3% do fluxo de comércio das CI. Quatro deles não apresentam comércio intrasetorial relevante, a saber: minério de ferro, siderúrgicas integradas, produtos químicos inorgânicos e carvão mineral. Nos dois primeiros as importações brasileiras são modestas relativamente às importações. Situação inversa é encontrada para os outros dois.

Por sua vez, os setores de petróleo e gás, resinas e elastômeros, refino de petróleo e produtos químicos orgânicos apresentam comércio intrasetorial relevante, ainda que com prevalência das importações. Nos setores de siderúrgicos (exclusive siderúrgicas integradas) e de metalurgia de metais não ferrosos também se observa comércio intrasetorial expressivo, desta vez com proeminência das exportações.

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Tabela 15

Commodities industriais: indicadores de comércio intrasetorial1 e fluxo de comércio

Setores

Indicador de comércio

intrasetorial1

Fator Relevante

Fluxo de comércio (2009)

2008* 2009* US$

milhões Participação no total CI

Participação no total CI - acumulado

Petróleo e gás (CNAE 111) 0,79 0,93 Imp 21.446,9 21,9 21,9

Minério de ferro (CNAE 131) 0,00 0,00 Exp 14.305,0 14,6 36,6

Refino de petróleo (CNAE 232) 0,68 0,63 Imp 9.106,4 9,3 45,9

Produtos químicos orgânicos (CNAE 242) 0,58 0,58 Imp 8.133,7 8,3 54,2

Metalurgia de metais não ferrosos (CNAE 274) 0,80 0,64 Exp 7.935,6 8,1 62,3

Siderúrgicos excl. siderúrgicas integradas (CNAE 272) 0,54 0,79 Exp 7.772,9 8,0 70,3

Produtos químicos inorgânicos (CNAE 241) 0,17 0,18 Imp 7.250,0 7,4 77,7

Resinas e elastômeros (CNAE 243) 0,69 0,70 Imp 5.462,2 5,6 83,3

Siderúrgicas integradas (CNAE 271) 0,13 0,10 Exp 3.305,4 3,4 86,7

Carvão mineral (CNAE 100) 0,00 0,00 Imp 2.550,9 2,6 89,3 1 Indicador de Grubel-Lloyd Fonte: elaboração própria a partir de dados Alice/MDIC

COEFICIENTES DE EXPORTAÇÃO DAS CI

COM A CRISE, A QUEDA DAS VENDAS EXTERNAS REDUZIU O COEFICIENTE DE EXPORTAÇÃO EM TODOS OS RAMOS DAS CI, À EXCEÇÂO DA EXTRATIVA MINERAL (EXCETO PETRÓLEO) E DA QUÍMICA BÁSICA

Como já registrado, as exportações de petróleo (produção e refino) e de outros combustíveis (basicamente álcool) apresentaram queda expressiva entre 2009* e 2008*. Ainda assim, nos dois casos e no mesmo período, o valor da produção cresceu (ver Tabela 16), fato indicativo de que o mercado doméstico foi importante para sustentar tal crescimento. O resultado desses movimentos foi a redução do coeficiente de exportação de ambos os ramos.

Na química básica a queda do valor da produção (2009* contra 2008*) foi acompanhada de aumento das exportações, o que implicou a elevação do seu coeficiente de exportação. Nos demais ramos das CI (extrativa mineral, exceto petróleo; metalurgia; fabricação de minerais não metálicos), a queda das exportações se fez em paralelo a uma redução do valor da produção. Em dois deles (metalurgia e fabricação de minerais não metálicos) a redução das exportações não foi acompanhada de variação expressiva do coeficiente de exportações, o qual se manteve relativamente estável (2009* contra 2008*). Já na extrativa mineral, ramo com alto viés exportador, a queda das vendas externas foi concomitante a um aumento expressivo no coeficiente de exportação que atingiu 108,2% em 2009*. Nesse caso, ao que tudo indica, o cenário externo negativo levou as empresas desse ramo a operar com redução da produção e venda de estoques. Vale sublinhar que, por seu peso, o setor de minério de ferro é o que explica o comportamento do coeficiente de exportação da extrativa mineral. De fato, entre 2008 e 2009 o coeficiente de exportação deste setor saltou de 96,6% para 137,0%.

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Tabela 16 Commodities industriais

Valor da produção e exportações: indicadores variados (em %)

Ramos

Taxa de crescimento (2009*/08*) Coeficiente de

exportação (X/VP)3

Exportações VP

2008*

2009* A

1 B

2

Petróleo (produção e refino) -30,5 -17,1 4,5 24,5 19,3

Outros combustíveis (exceto petróleo) -20,2 -30,0 107,0 41,1 14,0

Extrativa mineral (exceto petóleo) -11,1 -2,4 -23,5 85,1 108,2

Química básica -18,3 10,9 -10,7 11,2 13,9

Metalurgia -29,6 -20,1 -16,1 27,5 26,2

Fabricação de minerais não metálicos -29,6 -11,1 -3,7 9,8 9,2

TOTAL -23,6 -11,9 -5,7 27,2 25,4 1 Exportações em US$ correntes 2 Exportações em R$ 3 VP e expectações em reais Fonte: elaboração própria com base em dados da PIA, PPIM e Secex