“BIG BANDS”- A MARAVILHOSA ERA DO...

14

Transcript of “BIG BANDS”- A MARAVILHOSA ERA DO...

Page 1: “BIG BANDS”- A MARAVILHOSA ERA DO SWINGtraditionaljazzband.uol.com.br/revistamensaldojazz/revistadojazz... · Catalunha, cidade de Girona, em 01 de janeiro de 1900. Faleceu em
Page 2: “BIG BANDS”- A MARAVILHOSA ERA DO SWINGtraditionaljazzband.uol.com.br/revistamensaldojazz/revistadojazz... · Catalunha, cidade de Girona, em 01 de janeiro de 1900. Faleceu em

REVISTA MENSAL DO JAZZ – POR PEDRO CARDOSO EDIÇÃO Nº 90 – NOVEMBRO/2013 PÁGINA 1 DE 13

MÚSICOS, FATOS & CURIOSIDADES • Nº 90 • NOVEMBRO 2013

“BIG BANDS”- A MARAVILHOSA ERA DO SWING 32ª PARTE

Prosseguimos nesta edição com “mini-resumos” das “big bands” com ,um pouco menos de sucesso (mas ainda assim com impacto na “era do swing”), sempre dedicados ao grande AUSTIN ROBERTS, trumpetista da “Traditional Jazz Band Brasil”, que além de excelente músico é figura amiga e dotada de brilhante senso de humor, assim como ao guitarrista/banjoísta EDUARDO “DUDÚ” BUGNI, suporte rítmico/harmônico da “Traditional” e de grande valor pessoal, sempre atencioso. Cada banda é indicada pelo nome de seu titular (ordem alfabética do sobrenome), seguida de alguns poucos detalhes, apenas como forma de situá-la na “era do swing”. Já tivemos oportunidade de mostrar que, teoricamente, a “era do swing” terminou em 1945 mas, na prática, a “era” prolonga-se até hoje, já que é muito difícil resistir ao som de uma “Big Band”.

(43) CUGAT, Xavier Cugat Francesc d'Asís Xavier Cugat Mingall de Bru i Deulofe, Xavier Cugat, nasceu na Espanha, na região da Catalunha, cidade de Girona, em 01 de janeiro de 1900. Faleceu em hospital da capital catalã, Barcelona, “la ciudad condal”, em 27 de outubro de 1990. Existem versões, inclusive algumas baseadas em entrevista de Cugat, que o dão como cidadão cubano, o que não é fato. Sua família migrou da Catalunha para Havana / Cuba quando o pequeno Cugat tinha apenas três anos. Cugat foi um dos primeiros a popularizar a música e a dança latinas nos U.S.A., por sua orquestra e pela extensa midia conseguida via longas metragem, sempre coloridos e com muitas outras atrações. Viveu sua adolescência no Brooklin, New York (estudou violino, foi violinista na banda de Phil Harris, depois “reserva” na orquestra do “Waldorf Astoria” e atuou na banda de Anson Weeks), mas depois

Page 3: “BIG BANDS”- A MARAVILHOSA ERA DO SWINGtraditionaljazzband.uol.com.br/revistamensaldojazz/revistadojazz... · Catalunha, cidade de Girona, em 01 de janeiro de 1900. Faleceu em

REVISTA MENSAL DO JAZZ – POR PEDRO CARDOSO EDIÇÃO Nº 90 – NOVEMBRO/2013 PÁGINA 2 DE 13

morou em Los Angeles onde trabalhou como cartunista no “Los Angeles Time”, ao mesmo tempo em que pelas noites era maestro de grupos em pequenos clubes. Sua grande oportunidade surgiu em 1928 com um emprego na prestigiosa boate “Cocoanut Grove”, mas foi no início dos anos 1930 que ele montou sua banda, na Costa Oeste americana. Cugat foi sempre um excelente e animado apresentador, competindo com outras atrações latinas (por exemplos, Machito e Noro Morales), mas sempre triunfando pela sua capacidade de comunicação com o público, pela banda com trajes exóticos e coloridos e sempre tendo à frente belas mulheres, tendo casado ou vivido com algumas delas, todas vocalistas: Carmen, Lina Romay, Lorraine, Abbe Lane e Charo. Teve como braço direito permanente Miguelito Valdes e adotou como prefixo o tema “M y Shawl” e gravou para a etiqueta “Columbia”. Entre os inúmeros programas dos quais participou destacaram-se o “Camel Cigarette Show”, o “Drene Show” apresentado pelo “bandleader” Rudy Vallee e o “Spotlight Bands”. Foi aclamado como o “Rei da Rumba” à época de introdução desse rítmo nos U.S.A. Apresentou-se nos melhores hotéis e teatros americanos “coast-to-coast”, sempre com muito sucesso de público. Com certo declínio nos anos 1950 e 1960, Cugat reduziu a banda a um pequeno grupo, um “combo”, passando a apresentar-se em clubes de Nevada.

(44) CUMMINS, Bernie Cummins Cummins foi um baterista que montou seu primeiro grupo em 1919 no estado de Indiana. Vale lembrar que o estado tem como capital a famosa Indianápolis e conta com mais 136 importantes cidades, entre as quais Carmel, Chesterton, Winchester, Syracuse, Rochester, Plainfield, Nashville, Fremont, Lafayette, Madison e outras. O estado de Indiana situa-se no “meio-leste” americano e está encravado entre seus vizinhos Illinois, Ohio, Michigan, Kentucky e Iowa. O primeiro contrato importante de Cummins foi com o “Biltmore Hotel” em New York; mais adiante realizou longa temporada no “New Yorker Hotel”, simultaneamente com apresentações em outros locais. Desde o início a banda apresentou-se bem ao estilo requerido pelos salões de dança (“ballrooms”) e dos salões dos hotéis. Tocou em Chicago no “Aragon Ballroom”, no “Trianon Ballroom”, nos salões “Blackstone”, “Congress” e no “Edgewater Beach Hotel”. Apresentou-se em longa temporada em St. Paul (Minnesota) no “Raddisson”, seguindo-se apresentações no “Meuhlbach” em Kansas City, no “Roosevelt” em New Orleans, no “Baker” em Dallas, assim como em San Francisco no “Palace Hotel” e no “St. Francis”, bem como no “Elitch’s Garden” em Denver. Gravou para as importantes etiquetas “Gennett”, “Brunswick”, “Columbia”, “Victor”, “Bluebird”, “Decca” e “Vocalion”. Adotou como prefixo para seus grupos o tema musical “Dark Eyes”.

Page 4: “BIG BANDS”- A MARAVILHOSA ERA DO SWINGtraditionaljazzband.uol.com.br/revistamensaldojazz/revistadojazz... · Catalunha, cidade de Girona, em 01 de janeiro de 1900. Faleceu em

REVISTA MENSAL DO JAZZ – POR PEDRO CARDOSO EDIÇÃO Nº 90 – NOVEMBRO/2013 PÁGINA 3 DE 13

Apresentou-se em diversos programas radiofônicos, com destaque para o “Coca Cola Spotlight Bands” e o “Fitch Bandwagon”. Por seus grupos desfilaram os músicos Walter Cummins, seu irmão, Paul Tatcher, Fred Benson, Bob Gebhart, Jimmy McMillen, Dippy Johnson, Ford Cansfield, Chuck Campbell, Thurman Sheeler, Chet Jones, Wynston Leach, Don McLure, Carl Radlach, Paul Miller (alter ego de Cummins), Paul Roberts, Bernard Rohenstien, Eddie Lane, Charlie Callas, Paul Blakely, Ernie Mathias, Wally Smith e Bill Diehl. Teve como vocalistas o já citado músico e irmão Walter Cummins, Belle Man, Dorothy Crane, Frank Munn, a grande Connie Barleau, Jerry Lang e o grupo vocal “The Sophisticates”. Atuou com a banda até dissolvê-la no início dos anos 1940, mas teve um breve retorno nos anos 1950, apresentando-se em Las Vegas, no “Last Frontier”, no “El Rancho” e no “Flamingo”. Marcou seu “território” até 1959, quando se retirou para seu lar, na Flórida.

(45) DAILEY, Frank Dailey O maior sucesso de Frank Dailey foi seu famoso “ballroom” em Cedar Grove, New Jersey, o “Frank Dailey’s Meadowbrok”. Formou seu primeiro grupo no início dos anos 1920 na “east coast” americana e adotou como prefixo musical o tema “Gypsy Violin”. Desfilaram por seus grupos ao longo do tempo os músicos Cliff Dailey, Gene Hammond, Louis Alpert, Frank Hope, Harry Berman, Phil Baird, William Burger (imaginem-se os trocadilhos dos demais músicos com “hamburger”), Louis Martin, William “Bill“ Wachsman, Henry Muller, Jack Margolin, Al Weber, Fred Eckert, Al Fish, Jack Shilkret, Michael Jay, Charles Amsterdan, Michael Treetino, George Odell, Birt Apikian, Curly Barron e Arnold Ross, entre os principais. Teve como vocalistas o já citado músico Curly Barron, assim como Ann Seton, Howard Dulany e a bela Barbara Bush. Gravou para importantes etiquetas, entre as quais “Bluebird”, “Vocalion”, “Embassy” e “Variety” Musicalmente teve como sucesso “Pompton Turnpike”. Chegou a atuar no “Hollywood Palladium”. Pelo seu “ballroom”, o “Frank Dailey’s Meadowbrok”, desfilaram outros importantes grupos musicais. Apresentou durante largo período, aos sábados, o show radiofônico transmitido para todo o país, “Matinee At Meadowbrook”, que mais adiante adaptou para a televisão, mas sem grande sucesso. Frank Dailey veio a falecer no final de 1956.

(46) DONAHUE, Al Donahue Donahue formou-se advogado pela “Boston University” e, como violinista, teve passagens na banda do “campus” da universidade e em bandas ao redor de Boston (capital do estado de Massachusetts, que conta com mais 226 cidades importantes, destacando-se Gloucester, Hyde Park, Kingston, Lexington,

Page 5: “BIG BANDS”- A MARAVILHOSA ERA DO SWINGtraditionaljazzband.uol.com.br/revistamensaldojazz/revistadojazz... · Catalunha, cidade de Girona, em 01 de janeiro de 1900. Faleceu em

REVISTA MENSAL DO JAZZ – POR PEDRO CARDOSO EDIÇÃO Nº 90 – NOVEMBRO/2013 PÁGINA 4 DE 13

Melrose, Wakefield, Springfield, Quincy, Plymouth e outras, situando-se esse estado bem na costa leste e vizinho de New York, Vermont, Rhode Island e Connecticut). Tocou também em bandas embarcadas nos navios da companhia de turismo “Eastern Steamship”. Formou sua banda em 1925, ainda no entorno de Boston, estreando localmente no “Weber Duck Inn”, onde granjeou certa popularidade que o levou à Flórida contratado por 01 ano para atuar no “Hollywood Beach Hotel”; até então Donahue mantinha sua banda com o estilo “soçaite”, tocando seguidamente no “Bermudiana Hotel”, novamente em cruzeiros marítimos, para depois assumir a vacância de Ray Noble, em meados dos anos 1930, no “Rainbow Room” do “Rockefeller Center”, onde se apresentou nos 06 anos seguintes. Em 1938 Donahue “ganhou na loteria” quando o “U.S.Bureau Of Standards” realizou a operação de enterrar uma cápsula destinada a permanecer por 5.000 anos e contendo exemplos do modo de vida americano; entre esses exemplos estava a foto de um líder de banda “swing” (o que Donahue não era até aquele momento pelo menos). Assim e talvez até com uma certa vergonha da notoriedade indevida que lhe caiu aos pés, mudou o estilo para o de uma banda “swing” (03 trumpetes, 02 trombones, 05 saxofones, 04 violinos e “cozinha” com piano, baixo e bateria), já em 1940. Substituiu a banda “Frank Meadowbrook” no “Hollywood Palladium”, seguindo-se apresentações em importantes teatros “costa-a-costa”. Adotou como prefixo musical o tema “Lowdown Rhythm In A Top Hat”, gravou para a etiqueta “Vocalion” e teve como vocalistas Dee Keating, Lynne Stevens, Phil Brito, Snooky Lanson e ninguém menos que a grande Paula Kelly (que mais adiante migrou para a banda de Glenn Miller). Após o término da IIª Guerra Mundial (1945) Donahue buscou caminhos, até radicar-se na “West Coast” de onde partia para apresentações sempre com algum sucesso. Participou do filme “Sweet Genevieve”, além de apresentar-se em show de televisão. Já na década de 1950 tornou-se Diretor Musical para os cruzeiros da companhia de navegação “Furness Bermuda Line”. Bem mais tarde e até meados da década de 1970 Donahue tornou-se gerente do “Ponzi’s House Of Music”, em Oceanside na Califórnia. O irmão de Al, Sam Donahue, também chegou a montar uma “big band” em meados dos anos 1930, tendo como principais “astros” o trumpetista Doc Severinsen e a grande vocalista Jo Stafford; Sam Donahue foi autor dos temas “Lonesome” (que adotou como prefixo musical para sua banda), “I Never Purposely Hurt You”, “Sax-A-Boogie”, “It Counts A Lot”, “Six Miles Stretch” e “Skotter”. Al Donahue veio a falecer com 80 anos, em 20 de fevereiro de 1983.

(47) DUCHIN, Eddy Duchin Nascido em 01/abril/1909 em Cambridge, Estado de Massachusetts vizinho oriental de New York (cuja capital é Boston e que abrange 227 cidades, entre as quais Arlington, Dartmouth, Holbrook, Kingston, Worcester, Orange e outras), o pianista Eddy Duchin foi filho de imigrantes judeus da Betsarabia (Tillie e Frank Duchin), veio a falecer em 09/fevereiro/1951 com apenas 41 anos, de leucemia. Antes de tornar-se pianista profissional na orquestra de Leo Reisman (atração permanente no “Central Park Casino”, então o mais elegante “nightclub” de New York), Duchin havia sido um farmacêutico interiorano.

Page 6: “BIG BANDS”- A MARAVILHOSA ERA DO SWINGtraditionaljazzband.uol.com.br/revistamensaldojazz/revistadojazz... · Catalunha, cidade de Girona, em 01 de janeiro de 1900. Faleceu em

REVISTA MENSAL DO JAZZ – POR PEDRO CARDOSO EDIÇÃO Nº 90 – NOVEMBRO/2013 PÁGINA 5 DE 13

Ele foi um fenômeno de presença em público, por sua beleza masculina, sua simpatia, seu som melodioso e dançante, suas elegância e postura no palco quando tornava-se um pêndulo para frente e para trás, enfim, “uma figura”. Em termos de “escolaridade” e conhecimento musical Duchin não foi um fenômeno, sendo superado por seu filho, o pianista Pete Duchin (que estudou música formalmente, diplomou-se em Yale e liderou banda própria). Com certeza Duchin pode ser comparado ao posterior Carmen Cavalaro (vide “Revista Mensal do Jazz” de outubro/2013), executante dos solos de piano simulados por Tyrone Power no longa-metragem “Melodia Imortal” (“The Eddy Duchin Story” de 1956, estrelada por Tyrone Power e a estonteante Kim Novak, então no esplendor de seus 23 anos, interpretando a herdeira Marjorie Oelrichs). A partir desse longa metragem a lenda tornou-se maior que o fato, já que o grande público sempre associou a música de Duchin ao galã Tyrone Power. Na vida real Duchin casou-se com a citada herdeira Marjorie Oelrichs, tiveram um único filho (Pete, em 1937), e ela veio a falecer em conseqüência de peritonite e complicações pós-parto. Também na vida real e após a morte da esposa, Duchin serviu na marinha americana durante a IIª Guerra mundial (1938-1942), como oficial combatente em destroier, no Pacífico. Inicialmente Duchin tornou-se pianista profissional em 1931 na banda de Leo Reisman, banda que assumiu posteriormente, adotando como prefixo o tema “My Twilight Dream” e como grande sucesso o malabarismo pianístico de “The Ten Magic Fingers Of Radio”. Desfilaram por sua banda os músicos John Geller, Fred Morrow, Lester Morris, Harry Campbell, Frank Saracco, Gene Baumgarden, Buddy Morrow, Joe Bogart, Murray Williams, Lew Sherwood, Andrew Wiswell e muitos outros. Também infindáveis foram os e as vocalistas e grupos vocais que atuaram com a banda: Frank Munn (vocalista da banda em “The Song Is You”), Buddy Clark, Patricia Norman (com a qual gravou o clássico “Old Man Mose” em 1938), Carolyn Horton, June Robbins, Mary Martin, Tony Leonard, Phil Brito, Jimmy Blair, The DeMarco Sisters, The Charioteers, The Three Earbenders, entre alguns mais. Duchin em solo ou com sua banda atuou nos programas radiofônicos “Cadillac Motor Cars”, “Pall Mall Cigarettes”, “Elizabeth Arden Cosmetics” e “Texaco”. Durante 10 anos Duchin foi atração durante seis meses de cada ano no “Waldorf Astoria”, onde tocava sete noites por semana com lotação esgotada, além dos “chás-dançantes” aos sábados e domingos. Esteve no Brasil e por US$ 5,000.00 apresentou-se durante uma semana no “Golden Room” do Copacabana Palace no Rio de Janeiro, então ainda capital brasileira. Em seu repertório incluiu o clássico de Ary Barroso “Aquarela do Brasil”, popularizando-o nos U.S.A. e em suas apresentações para as Forças Armadas americanas durante a IIª Guerra Mundial, já que serviu como tenente e chegou a brigadeiro na “U.S.Air Force”. Duchin participou do elenco de alguns filmes americanos, destacando-se “Navy Blues”, “Minha Secretaria Favorita” e outros, além de muitos e muitos “takes” para sessões de cinema. Por muito tempo Duchin foi o pianista procurado por muitos dos grandes compositores americanos para o lançamento de seus temas: George Gershwin, Richard Rogers e Cole Porter incluem-se nesse rol. Duchin gravou para as etiquetas “Columbia” e “Brunswick”, sendo pioneiro no lançamento de albuns de 10 polegadas em coleções de 04 ou mais discos.

Page 7: “BIG BANDS”- A MARAVILHOSA ERA DO SWINGtraditionaljazzband.uol.com.br/revistamensaldojazz/revistadojazz... · Catalunha, cidade de Girona, em 01 de janeiro de 1900. Faleceu em

REVISTA MENSAL DO JAZZ – POR PEDRO CARDOSO EDIÇÃO Nº 90 – NOVEMBRO/2013 PÁGINA 6 DE 13

(48) DUNHAM, Sonny Dunham Sucesso absoluto ? Personalidade forte ? Formação permanente da banda ? Nada disso. O trumpetista e trombonista Elmer Dunham batizou-se de Sonny Dunham, permanecendo ativo cultor de leitura, pintura e diversas outras vertentes intelectuais, a par de suas atuações musicais. Dunham obteve sucesso por pouco tempo, sua personalidade à frente da banda era a de um calmo inglês, pouco emotivo, posando como um universitário distante e com a banda seguindo-lhe a postura. As formações da banda foram bem variáveis. Fora do palco Dunham impressionava por sua intelectualidade, seu espírito esportivo, acentuado senso de humor e emotividade. Dunham atuou nas bandas de Paul Tremaine (onde era trombonista, cantor e arranjador), montou seu grupo com a denominação de “Sonny Lee And His Yankees Of New York”, uniu-se à “Casa Loma Orchestra” de Glen Gray em 1932, “passeou” pela banda de Ben Bernie, em 1937 montou novo grupo com 14 integrantes (10 deles ao trumpete !!!!!.....), não conseguiu êxito, retornou à “Casa Loma” poucos meses após e nela permanecendo até o início de 1940, quando então e em Hollywood formou sua banda mais permanente. Enquanto músico foi excelente executante de trumpete e trombone, marcando presença e sucesso com seu solo de trumpete no clássico “Memories Of You” enquanto integrante da “Casa Loma”. Foram expoentes musicais em sua banda músicos do quilate de Nick Buono, Corky Corkoran, Hal Mooney, Pete Candoli e Kai Winding - uma constelação ! Teve como vocalistas Dorothy Claire, Harriet Clark e Ray Kellog. Foi autor do tema “Come And Git It” e adotou como prefixo da banda seu grande sucesso com a “Casa Loma”, o lindo tema “Memories Of You”. Seu arranjador fixo foi George Williams, conhecido como “The Fox”, pouco feliz em não destacar mais fortemente os solos de Dunham ao trumpete. Excursionou por boa parte dos U.S.A. com o patrocínio de fabricante de trumpete, mas suas maiores permanências foram no “New Yorker Hotel”, com duas temporadas, a primeira de 13 semanas e mais uma de 16 semanas. Apresentou-se em diversos programas radiofônicos: “Spotlight Bands” da Coca Cola e nas famosas matinês de Frank Dailey, as “Matinee Meadowbrook”. Na televisão esteve presente no início do “Steve Allen Show” e no “Robert Q. Lewis Show”. Gravou para as etiquetas “Bluebird”, “Hit” e “Vogue”. Atuou em diversos “takes” para complemento de sessões cinematográficas, nos estúdios da “Universal” e da “Warner Brothers”. Dissolveu sua banda em 1950, remontou-a em 1952 mas somente para fugazes aparições.

Page 8: “BIG BANDS”- A MARAVILHOSA ERA DO SWINGtraditionaljazzband.uol.com.br/revistamensaldojazz/revistadojazz... · Catalunha, cidade de Girona, em 01 de janeiro de 1900. Faleceu em

REVISTA MENSAL DO JAZZ – POR PEDRO CARDOSO EDIÇÃO Nº 90 – NOVEMBRO/2013 PÁGINA 7 DE 13

(49) ELGART, Les Elgart O trumpetista e líder de “big band” Les Elgart (nascido em 03 de agosto de 1917 em New Haven / Connecticut e falecido com 77 anos em 29 de julho de 1995), transitou pelas bandas de Bunny Berigan, Woody Herman, Charlie Spivak, Harry James e Raymond Scott, antes de montar sua primeira “big band” em 1945, ao lado de seu irmão Larry Elgart, saxofonista. Seu primeiro contrato foi para atuar no “Pelham Heath Inn” no Brooklyn, New York. Les foi um trumpetista apenas bom, enquanto seu irmão Larry foi excelente saxofonista alto. Após pouco tempo as diferenças entre os dois irmãos tornaram-se acentuadas e separaram-se, cada um formando banda própria. Ocorre que as dificuldades de manter duas bandas forçaram a que se reunissem novamente, passando a liderança a Les, autor de um dos sucessos da banda, “Bandstand Boogie”. Inicialmente o prefixo da banda foi o tema “Heart Of My Heart”, passando depois para “Sophisticated Swing”. Os arranjos da banda foram da autoria de Bill Finegan, Nelson Riddle e Ralph Flanagan, mas foi somente gravando para o selo “Columbia” a partir de 1952, com arranjos de Bobby Scott e, principalmente, de Charles Albertine, que a banda adquiriu seu som definitivo, vigoroso, belo, marcado pelo uníssono das sessões de trompetes e de palhetas. A partir do “LP” de 1954 “The Band Of The Year” o sucesso de público, de vendagem de discos e de crítica, alçou vôo, passando Les Elgart a enfileirar sucessos, sempre pela etiqueta “Columbia”, podendo relacionar-se: “Prom Date”, “Campus Hop”, More Of Les”, “Sophisticated Swing”, “Just One More Dance”, “The Dancing Sound”, “For Dancers Only”, “The Elgart Touch”, “The Most Happy Fella”, “For Dancers Also”, “Les & Larry Elgart & Their Orchestra”, “Sound Ideas”, “Les Elgart On Tour”, “The Great Sound Of Les Elgart”, “The Band With That Sound”, “Designs For Dancing”, “Half Satin Half Latin”, “It's De-Lovely”, “The Twist Goes To College”, “Best Band On Campus”, “Big Band Hootenany”, “Command Performance”, “The New Elgart Touch”, “Elgart Au Go-Go”, “Sound Of The Times”, “Warm And Sensuous”, “Girl Watchers” e, já em 1967, “Wonderful World Of Today's Hits”. De todas as gravações que possuímos da banda de Les Elgart e além do “carro-chefe” “The Band Of The Year”, sem dúvida o “quarteto” de LP’s (01) “Designs For Dancing”, (02) “Sound Of The Times”, (03) “The Great Sound Of Les Elgart” e (04) “The Band With That Sound”, mostra-nos uma “big band” de nível superior em som, em arranjos, em coesão, em beleza orquestral. Todos esses 05 albuns citados levam a assinatura nos arranjos de Charles Albertine, com escolha irrepreensível de temas: “Zing ! Went The Strings Of My Heart”, “The Varsity Drag”, “The Man I Love”, “Blue Moon”, “Yesterdays”, “The Nearness Of You”, “Stella By Starlight”, “Anything Goes”, “Moonglow”, “What’s New?’, “Prelude To A Kiss”, “Cherokee”, “Poinciana” e por ai vamos, nessa esteira de pérolas. Com o passar dos anos Les Elgart fincou sua base em Dallas / Texas, seguiu apresentando-se ainda que com menos intensidade, até seu falecimento em 1977.

(50) ELMAN, Ziggy Elman

Page 9: “BIG BANDS”- A MARAVILHOSA ERA DO SWINGtraditionaljazzband.uol.com.br/revistamensaldojazz/revistadojazz... · Catalunha, cidade de Girona, em 01 de janeiro de 1900. Faleceu em

REVISTA MENSAL DO JAZZ – POR PEDRO CARDOSO EDIÇÃO Nº 90 – NOVEMBRO/2013 PÁGINA 8 DE 13

Muito podemos dissertar sobre o excelente trumpetista Ziggy Elman (Harry Finkelman, abril/1914 a 25/junho/1968 em Van Nuys / Califórnia), mas muito pouco sobre sua banda, ainda que com ela Ziggy tenha contribuido para alinhar-se na história das “big bands”. Mestre no registro mais agudo de seu instrumento, Ziggy participou das formações de Benny Goodman e Tommy Dorsey, antes de montar formação própria no final dos anos 1940, em Hollywwod. Foi o compositor do tema “And The Angels Sing” (tornado sucesso com a banda de Goodman), que adotou como prefixo de sua banda, gravando exclusivamente para o selo “MGM”. A banda, montada após o final da IIª Guerra Mundial (Ziggy serviu nas Forças Armadas americanas de 1943 até 1946), teve curta duração. Após desligar-se do serviço militar Ziggy retornou à banda de Dorsey, mas desligou-se para dedicar-se à sua. Atuou em boas casas de dança e de espetáculos, destacando-se o “Hollywood Palladium” e diversas temporadas no meio-oeste americano. Encerrada a banda Ziggy passou a trabalhar para estúdios cinematográficos, participando do filme “The Benny Goodman Story”. Trabalhou também para a televisão, apresentando-se em diversos “shows”, mas no início dos anos 1960 foi hospitalizado em decorrência de problemas no sistema nervoso. Faleceu na Califórnia com apenas 54 anos.

(51) ENNIS, Skinnay Ennis O cantor e baterista Skinnay Ennis (Edgar Clyde "Skinnay" Ennis, Jr., 13/agosto/1907 a 03/junho/1963, falecendo por asfixia enquanto almoçava em um restaurante de Hollywood, com uma porção da comida entalada na garganta) atuou na banda de Hal Kempe, antes de montar formação própria em 1938, em Los Angeles. Seu início de atuação profissional com Hal Kempe ocorreu no “campus” da “University Of North Carolina”. De aparente fragilidade física ele foi destaque enquanto integrante da banda de Hal Kempe; quando montou sua banda contou com excelentes arranjos de Gil Evans e Claude Thornhill, obtendo projeção nacional ao tornar-se presença constante no programa radiofônico “The Bob Hope Show”. No rádio também participou do “The Abbott And Costello Camel Show”. Para sua banda adotou como prefixo o tema “I’ve Got A Date With An Angel”. Teve como vocalistas Carmine e ele mesmo. Em 1941 e participando de um longa-metragem para o estúdio da “Universal”, a vocalista da banda foi Frances Langford. Gravou para as etiquetas “Phillips”, “Victor” e “Signature”. Interrompeu a orquestra para servir nas Forças Armadas americanas de 1943 a 1946, após o que remontou a banda, retornando ao programa radiofônico de Bob Hope, deixando-o apenas em 1948, quando passou ao programa de Abbott e Costello. Fixou sua base de trabalho em Hollywood, mas em meados dos anos 1950 atuou com a banda no sul da Califórnia, inclusive participando da abertura do “Los Angeles Statler Hilton Hotel” em 1958, onde atuou pelos 05 anos seguintes.

Page 10: “BIG BANDS”- A MARAVILHOSA ERA DO SWINGtraditionaljazzband.uol.com.br/revistamensaldojazz/revistadojazz... · Catalunha, cidade de Girona, em 01 de janeiro de 1900. Faleceu em

REVISTA MENSAL DO JAZZ – POR PEDRO CARDOSO EDIÇÃO Nº 90 – NOVEMBRO/2013 PÁGINA 9 DE 13

Pouco antes de falecer de forma trágica (asfixia), ele gravou com sua banda o LP “Skinnay Ennis Salutes Hal Kemp”, utilizando diversos músicos que haviam atuado na banda de Kemp. APÊNDICE - 5º Capítulo “Big band – The Evolution Of The Jazz Orchestra – The 1940’s And Beyond” é o título do estojo lançado pela “Smithsonian Collection Of Recordings” (uma divisão do “Smithsonian Institution Press”) em 1995 e, como indicado no “1º Capítulo” deste “Apêndice”, contendo 05 CD’s e um livreto com 88 páginas divididas em cinco capítulos. Prosseguindo com os comentários sobre esse trabalho, encontramos a “Harry James And His Orchestra” (Harry James, nascido em Albany a 15 de março de 1916 e falecido com 67 anos em Las Vegas em 05 de julho de 1983 que, sobre ser uma excelente banda liderada por um trumpetista de alta qualidade, foi muito bem promovida em longas-metragem, com destaque em muitas cenas importantes (quem não se lembra de “Harry James And His Musica Makers” no clássico “Trumpet Blues” na comédia musical “Escola de Sereias” ? ? ? ! ! !). No trabalho do “Simithsonian” a banda está representada em 02 temas: “The Jazz Connoisseur” (autoria e arranjo de Ernie Wilkins, gravação em 19 de janeiro de 1961 para o selo “MGM”, Los Angeles) e That’s Thad” (lindo tema para “big band” da autoria e arranjo do grande Thad Jones, gravação na primavera de 1967, selo “DOT”, Hollywood). Em “The Jazz Connoisseur” temos o líder Harry James mais Boby Turk, Nick Buono, Jack Bohannon e Vern Guertin nos trompetes, Ray Sims e Joe Hambrick nos trombones, Dick Leith no trombone baixo, Willie Smith e Pat Chartrand nos saxofones registro alto, Sam Firmature e Modesto Briseno nos saxofones tenor, Ernie Small no saxofone barítono, Jack Perciful no piano, Terry Rosen na guitarra, Russ Philips no contrabaixo e Tony DeNicola na bateria. Os solos são de Sam Firmature, Modesto Briseno, Harry James e Tony DeNicola. No tema “That’s Thad” muda a formação, mas a maior importância é a presença na bateria de Sonny Payne, extraordinário baterista que também atuou na “máquina” de Count Basie, inclusive na temporada europeia da “Basie’s Band” em 1962, imortalizada no DVD “Count Basie Live In ’62”, gravado ao vivo na Suécia em 24 de abril de 1962 para a “Swedish Television”, série “Jazz Icons”, em que Sonny Payne realiza soberbo solo de bateria – 108 compassos - no clássico ”Old Man River”. Em “That’s Thad” os solos são de, na sequência, Harry James no trumpete, Corky Corcoran no saxofone tenor e novamente o líder James. Segue-se o foco em outro trumpetista excelente, “Maynard Ferguson And His Orchestra”, cujo líder Ferguson, canadense de Montreal, sempre alcançou os máximos registros agudos, de difícil execução. Aportou nos U.S.A. em 1948 e, a partir daí, tocou com as bandas de Boyd Raeburn, Jimmy Dorsey e Charlie Barnet, alinhando com grande sucesso e graças aos seus registros “mais que agudos” na banda de Stan Kenton de 1950 até 1953, tornando-se músico “de estúdio” em Los Angeles pelos seguintes três anos. Em março de 1957 montou sua própria banda em New York, formando-a com treze músicos, com destaques para Don Ellis (trumpete), Jake Byard (piano, mais tarde Joe Zawinul), Don Menza / Joe Farrell / Ronnie Cuber (saxofones) e Frankie Dunlop (bateria).

Page 11: “BIG BANDS”- A MARAVILHOSA ERA DO SWINGtraditionaljazzband.uol.com.br/revistamensaldojazz/revistadojazz... · Catalunha, cidade de Girona, em 01 de janeiro de 1900. Faleceu em

REVISTA MENSAL DO JAZZ – POR PEDRO CARDOSO EDIÇÃO Nº 90 – NOVEMBRO/2013 PÁGINA 10 DE 13

Ao longo do tempo desfilaram pela banda músicos e arranjadores exponenciais: Don Sebesky, Rob McConnell, Slide Hampton, Mike Abene (ao piano na gravação do clássico “On Green Dolphin Street” e, com certeza, um pianista no nível de Bill Evans e McCoy Tyner) e Willie Maiden. Em meados dos anos 1960 as condições econômicas forçaram Ferguson a desmontar sua banda. Ele foi para a Inglaterra em 1967, mas voltou a montar nova formação em 1971 para grande temporada nos U.S.A. Exatamente a citada gravação em 16 de setembro de 1964 de “On Green Dolphin Street” é a apresentada em CD na coleção do “Smithsonian”, linda peça de Bronislau Kaper e Ned Washington, com arranjo do pianista Mike Abene, para o selo “Mainstream”, em New York. Nessa gravação temos o líder Maynard Ferguson mais Nat Pavone, Don Rader, Harry Hall e Dick Hurwitz nos trompetes, Kenny Rupp no trombone, Rob McConnell no trombone de válvula, Lanny Morgan (“remember” o fabuloso “Super Sax”) ao sax.alto, Frank Vicari e Willie Maiden nos saxofones.tenor, Ronnie Cuber no sax.barítono, o pianista Mike Abene, Ron McClure no contrabaixo e Tony Inzalaco na bateria. Os solos são de Frank Vicari, Ferguson, Kenny Rupp e novamente, claro, Ferguson. Logo após o foco vai para a “The Buddy Rich Big Band” cujo líder, o baterista Buddy Rich (Bernard "Buddy" Rich, nascido no Brooklyn, Nova Iorque, em 30 de Setembro de 1917 e falecido em Los Angeles a 02 de Abril de 1987), foi músico desde muito jovem, desenvolvendo estilo de enorme clareza e precisão, com extrema habilidade e velocidade mesmo nos andamentos mais rápidos e complexos, tornando-se um dos mais completos em seu instrumento. Teve banda própria aos onze anos (!!!!!.......) e tocou com numerosos grupos, ai incluidos os de Artie Shaw e Tommy Dorsey. Atuou como fuzileiro naval durante a IIª Guerra Mundial, após o que retornou para a banda de Tommy Dorsey e, também, mantendo grupo próprio até 1951. Foi “companheiro” da bela atriz loura Lana Turner que, segundo o escritor Frank Kaplan em seu extenso livro “Frank, A Voz” (2010, editora “Schwarcz”, 747 páginas), dizia que “...os atores eram agradáveis de olhar, mas gostava mesmo de músicos....a maioria dos atores era muitíssimo mais fascinante na tela do que na vida real, e muitos dos mais bonitos estavam interessados em outros homens...

”.

Durante o largo período de 1953 até 1966 foi baterista para a banda de Harry James, após o que formou sua própria banda , com grande sucesso nacional e internacional. Foi proprietário, nos anos 1970 e em New York, de “nigh club”, tocando com pequenos grupos. Sempre se caracterizou pelo seu acentuado “humor negro”, muitas vezes com verdadeiro terror para seus músicos. Participou de muitos programas de televisão, inúmeras apresentações concertísticas, temporadas “on-the-road” com grupos próprios, e de festivais, ora vejam só, de “rock clássico”. O traballho do “Smithsonian” apresenta a gravação do tema “Goodbye Yesterday” (da autoria e com arranjo de Don Piestrup), realizada em New York para o selo “World Pacific Jazz” na data de 10 de julho de 1968 e com uma formação de alto nivel: Al Porcino, Kenneth Faulk, David Culp e Bill Prince nos trumpetes, Jim Trimble e Rick Stepton nos trombones, Peter Graves no trombone de válvulas, Art Pepper e Charles Owens nos saxofones.alto, Pat LaBarbera e Don Menza nos saxofones.tenor, John Laws no saxofone.barítono, Joe Azarello no piano, Walt Namuth na guitarra, Gary Walters no baixo e o líder, Buddy Rich à bateria.

Page 12: “BIG BANDS”- A MARAVILHOSA ERA DO SWINGtraditionaljazzband.uol.com.br/revistamensaldojazz/revistadojazz... · Catalunha, cidade de Girona, em 01 de janeiro de 1900. Faleceu em

REVISTA MENSAL DO JAZZ – POR PEDRO CARDOSO EDIÇÃO Nº 90 – NOVEMBRO/2013 PÁGINA 11 DE 13

Os solos nessa gravação são de trumpete (Bill Prince) e de saxofone.tenor (Don Menza). Com relação às “part-time big bands” inicia-se o trabalho do “Smithsonian Institute” com a “The Herb Pomeroy Orchestra”, liderada pelo excelente trumpetista Herb Pomeroy (Irving Herber III, nascido no dia 15 de abril de 1930 no estado de Massachusetts, na cidade de Gloucester, uma das 227 cidades do estado cuja capital é Boston), formado em odontologia em Harvard para depois estudar composição, arranjo e trumpete na “Schillinger House Of Boston” (atualmente “Berklee School Of Music”). Tocou com Charlie Parker em 03 ocasiões: 14 e 21 de junho e 22 de novembro de 1953. Em todas essas oportunidades as atuações foram gravadas: (01) em 14/junho na capital de seu estado natal (Boston) e no “Hi-Hat Club” ao lado de Parker, Dean Earl (piano), Bernie Griggs (baixo) e Bill Graham (bateria), com transmissão pela rádio “WCOP” e apresentação por Symphony Sid; (02) em 21 de junho no mesmo local e com o mesmo grupo; (03) em 22 de novembro no clube “Storyville”, também em Boston mas com Parker, o grande Sir Charles Thompson (piano), Jimmy Woode (baixo) e Kenny Clarke / “Mr. Clock” (bateria), também em transmissão pela rádio WHDH e com apresentação por John McLellan.

Já com esse “diploma” na “universidade Parker”, tocou também em 1953 com o tenorista Charlie Mariano. De dezembro desse ano e até abril de 1954 Pomeroy atuou na banda de Lionel Hampton, após o que formou sua banda em Boston, mas que foi desfeita pouco tempo depois para que o trumpetista passasse a integrar a banda de Stan Kenton. Logo, também deixou a formação de Kenton retornando a Boston, dirigindo pequeno grupo e, simultaneamente e sob contrato, uma “big band”. Em 1958 atuou no “Festival de Newport”, enquanto comandava banda própria (1957 até 1960).

É desse último período a gravação focada no trabalho do “Smithsonian”: 03 de junho de 1957 para o importante selo “Roulette”, executando o tema “Theme For Terry”, com Pomeroy, Lonnie Johnson, Augie Ferretti, Everett Longstreth e Joe Gordon nos trompetes, Gene DiStasio, Joe Clavardone e Bill Legan nos trombones, Dave Chapman e Boots Mussulli nos saxofones alto, Varty Haroutunian e Jaki Byard nos saxofones tenor, Deane Haskins no saxofone barítono, Ray Santisi no piano, John Neves no contrabaixo e Jimmy Zitano à bateria. Os solos na gravação são de Gene DiStasio, Haskins, Harountunian, Pomeroy e Bill Legan. “Johnny Richards And His Orchestra” foi a formação dirigida pelo compositor, arranjador e líder de “big band” Johnny Richards (Johnn Cascales nascido em 11 de fevereiro de 1907 em Shenectady, estado de Nova York, onde faleceu em 10 de julho de 1968). A mãe, mergulhada no universo musical, desde muito cedo propiciou a Richards farta educação (que se prolongou até a “Syracuse University”), tanto que como “menino-prodígio” estudou diversos instrumentos e com menos de nove anos já integrava uma companhia de “vaudeville” itinerante, tocando banjo, trumpete e violino. Com quatorze anos passou a dedicar-se aos arranjos, sempre prosseguindo com os estudos, dominando piano, violino, banjo, trumpete e saxofone. Com dezessete anos Richards monta sua própria banda na Filadélfia, mas decorridos quatro anos a desfez, para aceitar oferta da “Gaumont” como orquestrador de trilhas sonoras de filmes ingleses. Após um ano ele regressou aos U.S.A. e, em Hollywood, juntou-se ao grande Victor Young como seu assistente em filmes da “Paramount”, atividade que se prolongou até 1940. Richards então já com trinta e três anos, estudou com o compositor Arnold Schoenberg.

Page 13: “BIG BANDS”- A MARAVILHOSA ERA DO SWINGtraditionaljazzband.uol.com.br/revistamensaldojazz/revistadojazz... · Catalunha, cidade de Girona, em 01 de janeiro de 1900. Faleceu em

REVISTA MENSAL DO JAZZ – POR PEDRO CARDOSO EDIÇÃO Nº 90 – NOVEMBRO/2013 PÁGINA 12 DE 13

Nesse mesmo ano ele montou nova banda que manteve até 1945, quando novamente passou a ser arranjador para diversas bandas (Boyd Raeburn, Stan Kenton, Charlie Barnet, Dizzy Gillespie, Sarah Vaughan, Helen Merrill e Sonny Stitt), simultaneamente com a composição de trilhas sonoras de filmes rodados no México. Instalado em New York desde 1950 Richards atuou como arranjador independente, mas voltou a liderar novas formações de 1957 a 1958 e de 1964 a 1965. Os arranjos que Richards escreveu ao longo dos anos para suas formações foram, via-de-regra, complexos até para os músicos, mas ele sempre foi um perfeccionista, com ambições musicais, ecletismo e amplo domínio dos contrastes, seja na música, seja na “atmosfera” que criava, deixando marca registrada nas baladas, ainda que autor de temas mais que modernos: em 1946 “Man With A Horn” para a banda de Boyd Raeburn, em 1950 “Swing Low Sweet Chariot” para Dizzy Gillespie (verdadeira pintura musical) e em 1956 “Cuban Fire” para Stan Kenton, como exemplos marcantes. Gravou para os selos “Musicraft” e “Capitol”. No trabalho do “Smithsonian” a banda de Richards pode ser ouvida no tema “Nipigon”, com arranjo do próprio, onde podemos apreciar sua maestria como arranjador. A gravação é de 27 de junho de 1957, em New York e para o selo “Capitol”, com a seguinte formação: Paul Cohen, Jerry Kail, Burt Collins e Doug Mettome nos trompetes, Jimmy Cleveland, Frank Rehak e Jim Dahl nos trombones, Al Antonnuci no “french horn”, Jay McAllister na tuba, Gene Quill no saxofone alto, Frank Socolow no saxofone tenor, Billy Slapin dobrando nos saxofone barítono e pícolo, Shelly Gold no saxofone baixo, o grande Hank Jones no piano, Chet Amsterdan no contrabaixo, Willie Rodrigues nos tímpanos e Maurice Mark na bateria. “Dizzy Gillespie And His Orchestra” foi um marco na esteira da criação do “bebop” mas, infelizmente, sua orquestra teve curta duração (1946 até 1950, portanto já após a “greve” dos músicos). A história de Gillespie (John Birks Gillespie, nascido em 21 de outubro de 1917 em Cheraw, Carolina do Sul e falecido em 1993 aos setenta e cinco anos) é longa, merecendo capítulo a parte pelo que criou, por suas composições, pela ampla insistente e difusão do JAZZ e de jovens músicos, por todo o mundo, pela exuberância de seu toque no trumpete e por sua simpatia irradiante. Com relação ao trabalho do “Smithsonian” ele é focalizado no lindo tema de Benny Golson (que também escreveu o arranjo) “I Remember Clifford”, homenagem ao extraordinário trumpetista Clifford Brown, um mago do trumpete e falecido precocemente. A gravação foi realizada em Newport a 06 de julho de 1957 para o selo “VERVE” de Norman Granz, com solo de Gillespie. Na ocasião alinharam E.V.Perry, Carl Warwick, Lee Morgan, Talib Dawud e o líder nos trompetes, Melba Liston e Al Grey nos trombones, Chuck Connors no trombone baixo, Ernie Henry e Jimmy Powell nos saxofones alto, Billy Mithell e o autor do tema Benny Golson nos saxofones tenor, Pee Wee Moore no saxofone barítono, Wynton Kelly no piano, Paul West no contrabaixo e Charlie Persip à bateria.

A “The Terry Gibbs Dream Band” foi criada em 1963, após o vibrafonista, pianista e líder de grupos Terry Gibbs” ter transitado por muitas formações. Nascido em 13 de outubro de 1924 no Brooklin, Nova York, filho e irmão de músicos, estudou xilofone e bateria, após o que aderiu ao vibrafone, com o qual foi o vencedor de concurso de iniciantes aos doze anos. Atuou com Bill De Arango, Tommy Dorsey e Allen Eager, para em 1947/1948 unir-se ao grupo de Chuby Jackson (vide “Revista Mensal do Jazz” número 82, julho/2002 a fevereiro/2013), com o qual realizou extensa temporada

pelos países escandinavos, seguindo-se passagens pelas bandas de Buddy Rich, Woody Herman, Charlie Shavers, Louie Bellson e Benny Goodman, simultaneamente com grupos próprios.

Page 14: “BIG BANDS”- A MARAVILHOSA ERA DO SWINGtraditionaljazzband.uol.com.br/revistamensaldojazz/revistadojazz... · Catalunha, cidade de Girona, em 01 de janeiro de 1900. Faleceu em

REVISTA MENSAL DO JAZZ – POR PEDRO CARDOSO EDIÇÃO Nº 90 – NOVEMBRO/2013 PÁGINA 13 DE 13

Em 1963 radicou-se na Califórnia e formou seu próprio grupo, que foi desfeito em 1964, para retorno a New York e depois Las Vegas. Após múltiplas atividades foi contratado para apresentações com a banda de Frank Capp e Nat Pierce (“Juggernaut”, com múltiplas gravações para a Concord Jazz mas sem Terry Gibbs). No trabalho do “Smithsonian” a banda está representada pelo belo tema de Duke Ellington “Cotton Tail”, com arranjo de Al Cohn e gravado em 19 de março de 1959, em Hollywood e para a etiqueta “Contemporary”. Na ocasião a formação contou com Al Porcino, Ray Triscari, Conte Candoli e Stu Willianson nos trompetes, Bob Enevoldsen no trombone de válvulas, Joe Cadena e Vern Friley nos trombones, Joe Maini e Charlie Kennedy nos saxofones alto, Bill Holman e Med Flory nos saxofones tenor, Jack Schwarts no saxofone barítono, Pete Jolly no piano, Max Bennett no contrabaixo, Mel Lewis na bateria e o líder Terry Gibbs no vibrafone. Os solos são, na sequência, de Gibbs, de Bill Holman e de Pete Jolly no piano. Este “APÊNDICE” prosseguirá no final de cada próxima edição da “Revista Mensal do Jazz”.

Segue na “Revista Mensal do Jazz” nº 91, dezembro/2013, “BIG BANDS” - A MARAVILHOSA ERA DO SWING -33ª Parte”