Bilinguismo

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APLICABILIDADE DO PROGRAMA DE BILINGUISMO TOTAL BI-LETRADO NA ESCOLA NELSON WORTMAN, JAGUARÃO/RS. Alice de Oliveira Affonso, Marcella Cristina Syrdahl Barazal, Natani Diniz Neves Busnadiego e Tatiani das Neves Rocha G4PED - [email protected] INTRODUÇÃO A definição de bilinguismo foi muito discutida e se torna cada vez mais difícil e ampla de conceituar, a partir dos últimos séculos. Inicialmente, não parece difícil definir o bilinguismo. Alguns dizem que ser bilíngue é ser capaz de falar duas línguas igualmente bem porque as utiliza desde muito jovem. Popularmente, é ter a capacidade de falar perfeitamente duas línguas e ter o controle nativo de ambas, alguns se contrapõem a esta visão dizendo que isso inclui apenas bilíngues perfeitos, e pensam que um indivíduo bilíngue é alguém que possui competência mínima em uma das quatro habilidades linguísticas: falar, ouvir, ler e escrever em uma língua diferente de sua língua nativa. Entre ambos os extremos existem outras definições, propondo que bilinguismo é a capacidade individual de falar uma segunda língua obedecendo às estruturas desta língua e não parafraseando a primeira língua. Há uma grande dimensão de concepções não somente são fundadas nas teorias linguísticas comportamentais, como levam também em consideração outras noções vindas de diversas disciplinas como: sociologia, sociolinguística, linguística e psicologia. Bilinguismo é um fenômeno complexo e deve ser estudado como tal, levando em consideração variados níveis de análises: individual, interpessoal, intergrupal e social. Então, considera-se que, ao classificar pessoas como monolíngues ou bilíngues as dimensões a serem analisadas para tal, devem ser expostas, tornando assim mais fácil a compreensão não apenas de quem está sendo classificado, como todos que também se encontram de alguma forma envolvidos. Das categorias relativas à intensidade são categorizados quatro níveis de programas bilíngues. O primeiro é o denominado bilinguismo Transicional, nele a língua nativa apenas utilizada como um facilitador para o aprendizado da segunda língua. Já o segundo, é o denominado bilinguismo monoletrado, nele ambas as línguas são utilizadas em todas as atividades escolares, porém a criança será apenas alfabetizada na segunda língua. O terceiro é o bilinguismo parcial bi letrado em que as duas línguas são utilizadas tanto oralmente quando na escrita, porém as matérias são divididas de forma que a língua nativa é utilizada apenas para matérias culturais como, ates, folclore e história; enquanto todas as outras matérias seriam ministradas em uma segunda língua. O quarto e o mais completo dos programas, é o bilinguismo total bi letrado, no qual as habilidades são integralmente desenvolvidas na língua nativa e em uma segunda língua em todos os domínios. Crianças têm seus cérebros como pequenas esponjas, dispondo de mais espaços livres para construção, absorvem muito mais rapidamente informações novas, daí a grande vantagem de se aproveitar essa fase produtiva, quando aprendem brincando e se divertindo. Pesquisas apontam que crianças bilíngues desenvolvem melhor suas habilidades nas áreas cognitivas. Geralmente se saem melhor ao solucionar problemas, ao verbalizar, conceitualizar e pensar globalmente. A criança bilíngue aprende diferentes códigos de comunicação e isso contribui para que esteja aberta a novos estímulos, aumentando sua agilidade mental. Hoje em dia ter uma segunda língua é um grande pré-requisito na vida moderna, sendo de grande importância para o futuro no mercado de trabalho, e na vida. Essa educação globalizada em ambiente multicultural possibilita aos alunos conhecer e interagir com outras culturas, ampliando suas oportunidades e abrindo seus caminhos para o futuro. Nessa fase a musculatura facial e os fonemas ainda estão em desenvolvimento, o que possibilita à criança reproduzir sons presentes em outras línguas, adquirindo melhor

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APLICABILIDADE DO PROGRAMA DE BILINGUISMO TOTAL BI-LETRADO NA ESCOLA NELSON WORTMAN, JAGUARÃO/RS.

Alice de Oliveira Affonso, Marcella Cristina Syrdahl Barazal, Natani Diniz Neves Busnadiego e Tatiani das Neves Rocha

G4PED - [email protected]

INTRODUÇÃO

A definição de bilinguismo foi muito discutida e se torna cada vez mais difícil e ampla de conceituar, a partir dos últimos séculos. Inicialmente, não parece difícil definir o bilinguismo. Alguns dizem que ser bilíngue é ser capaz de falar duas línguas igualmente bem porque as utiliza desde muito jovem. Popularmente, é ter a capacidade de falar perfeitamente duas línguas e ter o controle nativo de ambas, alguns se contrapõem a esta visão dizendo que isso inclui apenas bilíngues perfeitos, e pensam que um indivíduo bilíngue é alguém que possui competência mínima em uma das quatro habilidades linguísticas: falar, ouvir, ler e escrever em uma língua diferente de sua língua nativa. Entre ambos os extremos existem outras definições, propondo que bilinguismo é a capacidade individual de falar uma segunda língua obedecendo às estruturas desta língua e não parafraseando a primeira língua.

Há uma grande dimensão de concepções não somente são fundadas nas teorias linguísticas comportamentais, como levam também em consideração outras noções vindas de diversas disciplinas como: sociologia, sociolinguística, linguística e psicologia. Bilinguismo é um fenômeno complexo e deve ser estudado como tal, levando em consideração variados níveis de análises: individual, interpessoal, intergrupal e social. Então, considera-se que, ao classificar pessoas como monolíngues ou bilíngues as dimensões a serem analisadas para tal, devem ser expostas, tornando assim mais fácil a compreensão não apenas de quem está sendo classificado, como todos que também se encontram de alguma forma envolvidos.

Das categorias relativas à intensidade são categorizados quatro níveis de programas bilíngues. O primeiro é o denominado bilinguismo Transicional, nele a língua nativa apenas utilizada como um facilitador para o aprendizado da segunda língua. Já o segundo, é o denominado bilinguismo mono–letrado, nele ambas as línguas são utilizadas em todas as atividades escolares, porém a criança será apenas alfabetizada na segunda língua. O terceiro é o bilinguismo parcial bi letrado em que as duas línguas são utilizadas tanto oralmente quando na escrita, porém as matérias são divididas de forma que a língua nativa é utilizada apenas para matérias culturais como, ates, folclore e história; enquanto todas as outras matérias seriam ministradas em uma segunda língua. O quarto e o mais completo dos programas, é o bilinguismo total bi letrado, no qual as habilidades são integralmente desenvolvidas na língua nativa e em uma segunda língua em todos os domínios.

Crianças têm seus cérebros como pequenas esponjas, dispondo de mais espaços livres para construção, absorvem muito mais rapidamente informações novas, daí a grande vantagem de se aproveitar essa fase produtiva, quando aprendem brincando e se divertindo. Pesquisas apontam que crianças bilíngues desenvolvem melhor suas habilidades nas áreas cognitivas. Geralmente se saem melhor ao solucionar problemas, ao verbalizar, conceitualizar e pensar globalmente. A criança bilíngue aprende diferentes códigos de comunicação e isso contribui para que esteja aberta a novos estímulos, aumentando sua agilidade mental. Hoje em dia ter uma segunda língua é um grande pré-requisito na vida moderna, sendo de grande importância para o futuro no mercado de trabalho, e na vida. Essa educação globalizada em ambiente multicultural possibilita aos alunos conhecer e interagir com outras culturas, ampliando suas oportunidades e abrindo seus caminhos para o futuro. Nessa fase a musculatura facial e os fonemas ainda estão em desenvolvimento, o que possibilita à criança reproduzir sons presentes em outras línguas, adquirindo melhor

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sotaque e fluência. Crianças aprendem a língua sem se preocupar com os mecanismos linguísticos, mas vivenciando situações significativas, aplicando os conhecimentos em seu cotidiano, beneficiando-se imediatamente dessa aquisição. Por isso é de grande importância que o programa de ensino seja iniciado desde a primeira fase escolar.

OBJETIVOS

Geral

Analisar a aplicabilidade do programa de bilinguismo total bi-letrado em escolas particulares de cidades de fronteira na educação infantil.

Específico

Observando se o programa prioriza o desenvolvimento pleno do aluno, em ambas as línguas, em todas as suas formas de comunicação e quais métodos de ensino são utilizados.

A partir de uma comparação com o método de ensino total bi-letrado verificar a percepção dos professores sobre um diferente método de ensino de outra língua.

REFERENCIAL TEÓRICO

Segundo COMERDI (2012) há uma grande diversidade de concepções a respeito do fascinante estudo da linguagem, envolvendo diversas áreas do saber. Na primeira concepção, a linguagem é um comportamento sujeito a estímulo e resposta. A criança sendo receptiva a eles, tornando-a predominantemente moldada pelo comportamento determinado pelo ambiente. O que determina a aquisição, pela criança, da linguagem é como o adulto a modela, respondendo aos seus comportamentos e reagindo aos seus estímulos. A linguagem é um comportamento que a criança adquiri ao imitar o comportamento do adulto. O processo de aquisição da mesma é comportamental, sendo assim, a mente não é componente fundamental do processo, portanto , é o adulto quem determina. A linguagem pode ter o reforço tanto positivo quanto negativo, mantendo ou eliminando o comportamento linguagem, como também pode ser indiferente. Na segunda concepção, a criança nasce com um dispositivo de aquisição de linguagem, pronta para aprender, e vai adquirindo competência conforme a exposição à língua do ambiente em que se encontra. As propriedades da língua são complexas, abstratas e por tanto são transmitidas geneticamente, determinada biologicamente. Então, as crianças já nascem com competência para falar antes mesmo de ter contato com a língua local. Uma criança que convive em determinada língua, começa a produzir seus sons, se desenvolvendo para passar a produzir frases com gramáticas quase completas a partir dos 3, 4 anos de idade. Porém, esse conhecimento só poderá ser aprendido em contato com um adulto que fale, não basta apenas ter pré disposição, é preciso estar em determinado meio sociocultural no qual falem alguma língua para estimular o não falante a utilizá-la. Na terceira concepção, não é suficiente a criança apenas ser exposta ao meio social, ao ambiente, é necessário que ela venha a passar por determinados estágios de desenvolvimentos para compreender o que é transmitido pelo ambiente. Na quarta concepção, a linguagem é o regulador de interações da criança com o meio, ao modo que a criança compartilha e conhece os significados convencionais do mesmo. Há duas situações na aquisição da linguagem, primeiramente é quando a comunicação se faz por formas verbais, pré-linguísticas, até o surgimento do gesto de apontar na criança e seguido pelo período verbal, lingüístico, quando ela utiliza a palavra. Na quinta concepção, há uma interação entre linguagem e pensamento, interação essa inata, mas que se dá ao longo do desenvolvimento e da evolução da espécie. O desenvolvimento do homem acontece pelo fato de à medida que se relaciona com o mundo, tem a capacidade de aprender. Desenvolvendo-se de fora para dentro.

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Segundo TORRES e BURBULES (2004) as práticas, instituições e políticas educacionais são profundamente afetadas pelas mudanças culturais no mundo. Por exemplo, principalmente em sociedades industriais avançadas, o "multiculturalismo" tem um papel especial no contexto mundial. Olhando por uma perspectiva teórica, não há motivos para lutar contra o aprendizado e o ensino de uma diversidade de línguas, os estudante precisam desenvolver mais proficiência do que o mero bilingüismo. A experiência da Europa com jovens proficientes em diversas línguas mostra que essas habilidades ajudam na comunicação social, acadêmica e interpessoal, expandindo os horizontes intelectualmente e encorajando a tolerância e a apreciação de diferentes culturas.

Segundo SOARES (2009) de acordo com a história, não dá para confirmar ao certo quem, onde ou quando foram dados os primeiros passos rumo à aprendizagem/ensino de línguas estrangeiras. Mas, o que iniciou às primeiras tentativas de aprender uma língua foi a necessidade de se comunicar com o outro. Desde então, as conseqüências de saber outras línguas surgiram, como conhecer novos povos e suas culturas, enriquecer a língua nativa e usufruir de transações comerciais. No fim do terceiro milênio a.C. quando os acadianos conquistaram os sumérios, seus escribas, que eram dedicados inteiramente à educação, criaram os mais antigos dicionários bilíngües, dando ênfase ao sentido e não na tradução literal, inclusive as crianças utilizavam tábuas bilíngües em suas escolas. Os egípcios tinham também seus escribas que se dedicavam ao ensino das línguas dos povos conquistados, e inclusive há evidências deles terem conhecimento de línguas de outros países. Durante a infância, as crianças romanas ouviam grego de um escravo ou babá e ao crescer tinham educação bilíngüe, grande parte de gregos que iam a Roma abrir escolas ou ser tutores bilíngües. A educação bilíngüe foi muito importante para a educação de crianças romanas até o século IV A.C., inclusive quando se iniciou o século III a.C. foram desenvolvidos por romanos, manuais bilíngües que podem ser comparados com os livros de conversação modernos. Já na Europa Medieval, a língua considerada internacional na cultura e comunicação era o latim. Para um homem ser culto, deveria ser bilíngüe, estudado latim desde criança. Foi uma tradição que durou até a Renascença. O bilingüismo mundial é percebido desde o começo da linguagem da humanidade. E provavelmente nenhum grupo de linguagem existiu isolado de outros, e sua história conta com diversos exemplos de contato da língua, levando a algum modo de bilingüismo.

Segundo CAVALCANTI (1999) busca-se uma contribuição para poder efetivar uma política lingüística de inclusão influenciando a modificação de cursos que venham a formar técnicos, professores e agentes educacionais. O que importa nesse trajeto é trabalhar, repensar e rever os apagamentos e negações da diferença e da diversidade e os preconceitos decorrentes integrados no cenário cultural, lingüístico e socio-histórico do Brasil. Esse trabalho e reflexão precisam ser vistos amplamente e integrados nas escolas, na sociedade e nas comunidades que envolvem. Contextos multilíngües e multiculturais brasileiros não são minoritários e devem ser parte da educação de professores.

Segundo HAMERS e BLANC (1989) há uma grande dificuldade em definir e qualificar línguas em contato com o indivíduo em todos os níveis de análise, bem como à ausência de medidas adequadas e a falta de refinamento dos já existentes. No entanto, temos que usar essas medidas, pois são as únicas disponíveis atualmente. Mesmo que algumas delas ainda estão imperfeitas, é preferível usá-las em vez de rejeitar a qualificação completamente estado psicológico do indivíduo e as língua em uma situação a nível interpessoal e coletivo. No entanto, as línguas em contato podem se encontrar em uma situação em nível de sociedade, sem implicar no bilinguismo dos indivíduos, e inversivamente, os indivíduos podem ser bilíngues sem a existência de bilingüismo coletivo. Há uma grande dificuldade em definir e qualificar línguas em contato com o indivíduo em todos os níveis de análise, bem como à ausência de medidas adequadas e a falta de refinamento dos já existentes. No entanto, temos que usar essas medidas, pois são as únicas disponíveis atualmente. Mesmo que algumas delas ainda estão imperfeitas, é preferível usá-las em vez de rejeitar a qualificação completamente.

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Segundo WEI (2000) pessoas que se encontram em uma sociedade onde o monolinguismo e o uniculturalismo são promovidos como o estilo de vida normal, estão propensas a pensa que bilingüismo está reservado apenas às pessoas 'especiais'. Inclusive, um terço da população mundial, utiliza duas ou mais línguas no trabalho, em família e lazer. Há até mais pessoas que fazem o uso irregular de línguas além da sua nativa; como por exemplo, muitas pessoas aprenderam línguas estrangeiras na escola, e apenas usam ocasionalmente para propósitos específicos. Se contassem essas pessoas como bilíngües, então monolíngües seriam apenas uma pequena minoria no mundo. Porém para definir alguém como bilíngüe vai muito além disso. A idade e maneira que fora adquirida ajuda a distinguir aquelas pessoas que foram expostas a duas ou mais línguas do nascimento, daquelas que adquiriram uma segunda língua mais velhos, e aqueles que adquiriram línguas em um contexto mais natural (como os que nascem em famílias ou comunidades bilíngües/multilíngües) daqueles que aprenderam através de uma formação formal. Ao contrário do que pensam, idade e maneira de aquisição, tem pouca influência sobre o nível de proficiência do individuo. Há muitas evidências que mesmo adquirindo mais tarde, em um contexto desestruturado, ainda pode resultar em um alto nível de proficiência da língua desejada, enquanto a aquisição cedo porém sem o uso contínuo e apoio, muitas vezes leva a um nível baixo de proficiência, aquisição incompleta ou atrito. Conseguir a proficiência no bilingüismo é muito complexo. Todas as modalidades, ouvindo, falando, lendo e escrevendo, tem que ser consideradas.

Segundo SOARES (2013) não há sentido em lutar contra o aprendizado e ensino de várias línguas. Inclusive, o mercado de trabalho requer além de apenas uma segunda língua, procuram pessoas que estejam prontas para desenvolverem e se apropriarem de cada vez mais línguas, indo além do bilingüismo. Por tanto, desde cedo se deve incentivar a educação bilíngüe, havendo mais considerações positivas que negativas sobre esse assunto. A instituição deve partir da vasta experiência pré-existente nas crianças, para uma construção rica de novos conhecimentos. É necessário aproveitar-se de recursos multilíngües e interpretá-lo como avanço, porque a globalização requisita esse adiantamento. A bagagem de recursos intelectuais e lingüísticos que elas já possuem é muito útil em sala de aula. Quanto antes expostas a duas línguas distintas, maiores serão as habilidades na competência lingüística e menores as dificuldades para estabilizar o sistema fonológico de tal língua, não afetando a língua nativa negativamente. Com o ambiente escolar oferecendo um bom acesso às diversas línguas, a formação de conceitos e o acúmulo de conhecimento em todas as línguas serão inevitáveis.

Segundo BANDEIRA (2008) pessoas consideradas bilíngües desenvolvem processos de controle ligados à memória de trabalho com mais facilidades do que aqueles considerados monolíngües. Bilíngües também são mais rápidos em todas as tarefas as quais lhe foram desafiadas, e também conseguiram uma maior precisão e maior ativação da memória de trabalho. A diferença no tempo de reação de estímulos incongruentes e congruentes mostra a eficiência do processo inibitório. Bilíngües conquistaram resultados muito mais satisfatórios no teste, porque o processo executivo que envolve a atenção e a seleção é o mesmo utilizado nas escolhas de uma ou mais línguas. Pessoas consideradas bilíngües adquirem prática massiva em exercitar o controle inibitório, experiência essa que pode até ir além dos domínios cognitivos. Desenvolvendo também processos de controle mais rápido que monolíngües, porém ambas progridem de uma mesma forma na hora de desenvolver o processo representacional. Alguns estudos psicolingüísticos de processamento da linguagem de adultos mostram evidências de que ambas as línguas que fala um bilíngüe ficam constantemente ativas em quanto uma é processada. A atividade nos sistemas necessita de um jeito de manter-las separadas para que chegue a uma performance fluente da língua em questão. A vantagem em ser bilíngüe está nos processos complexos que necessitam do controle executivo. O bilingüismo também age no controle inibitório, que é notado em algumas tarefas de memória de trabalho assim como em momentos nas quais é preciso inibir informações adicionais.

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METODOLOGIA

Através de entrevistas com três profissionais da instituição particular de ensino Nelson Wortman de Jaguarão (RS), será analisado como o atual programa prioriza o desenvolvimento pleno do aluno, em ambas as línguas.

Quais métodos de ensino são utilizados, se é o bilinguismo transicional em que a língua materna é utilizada apenas como veículo facilitador na transição para a segunda língua; bilinguismo mono-letrado em que a escola utiliza as duas línguas em todas as atividades mas a criança é alfabetizada apenas na segunda; bilinguismo parcial bi-letrado em que ambas as línguas são utilizadas tanto escrita quanto oralmente mas as matérias são divididas de forma que a materna é utilizada apenas para as matérias culturais como hitória, ates e folclore, enquanto a segunda língua é utilizada para as demais matérias; bilínguismo total bi-letrado no qual as habilidades são desenvolvidas nas duas línguas em todos os domínios.

Quais materiais de trabalho são utilizados, brinquedos, filmes, músicas, livros, etc., quais classes e faixas etárias ele abrange, e, se há preocupação com a proficiência, ler, escrever, ouvir e falar, e com o as culturas ministradas.

Com os dados obtidos durante a entrevista com esses profissionais será feita a comparação do atual método da escola com o programa de bilinguísmo total bi-letrado. E com essa comparação poder demonstrar a percepção deles sobre um diferente método de ensino de outra língua.

BIBLIOGRAFIA

BANDEIRA, Marta Helena Tessmann. Comparação Entre o Desempenho de Crianças Bilíngues e Monolíngues em Tarefas Envolvendo a Memória de Trabalho. Pelotas, Anais do CELSUL, 2008.

CAVALCANTI, Marilda C. Estudos Sobre Educação Bilíngue e Escolarização em Contextos de Minorias Linguísticas no Brasil. São Paulo, D.E.L.T.A, Vol. 15, NºEspecial, 1999

COMERDI, Maria Aparecida. Comunicação Linguagem e Educação Bilíngue. Brasília, 2012.

HAMERS, Josiane F.; BLANC, Michael H.A. Bilinguality and Bilingualism. Cambridge, Cambridge University Press, 1989.

MEGALE, Antonieta Heyden. Bilinguismo e Educação Bilíngue – Discutindo Conceitos. São Paulo, Revista Virtual de Estudos da Linguagem – ReVEL. V. 3, n. 5, 2005.

SOARES, Isabelle Maÿal. Educação Bilíngue e Ensino de Língua Estrangeira – Estudo de Caso. Pernambuco, Dissertação de Mestrado - Universidade Católica de Pernambuco. Pró-Reitoria Acadêmica. Mestrado em Ciências da Linguagem, 2009.

SOARES, Magda Salin. Educação Bilíngue – Prós e Contras. Maringá, Anais da Semana de Pedagogia da UEM, 2013.

TORRES, Carlos Alberto; BURBULES, Nicholas C. Globalização e Educação – Perspectivas críticas. Porto Alegre, Artmed Editora, 2004.

WEI, Li. The Bilingualism Reader. London, Routledge, 2000

ANEXOS

Modelo de entrevista

Que classes tem ensino bilíngue?

Para alunos de que faixa etária?

Quais métodos de ensino são utilizados atualmente?

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Quais materiais de apoio são utilizados? (Brinquedos, livros, músicas, etc.)

Há foco em alguma proficiência? (Ler, escrever, falar, ouvir)

Quais os objetivos do bilinguísmo na escola?

Qual preocupação com bi-culturalimo no atual método de ensino?

Há procura de escolas que ofereçam o ensino bilíngue?

Há interesse em um novo método de ensino?

Conhecem o método total bi-letrado?