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Geobotânica

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Biogeografia de Portugal Continental

Jos Carlos Costa , Carlos Aguiar ** , Jorge Henrique Capelo***, Mrio Lous * & Carlos Neto****

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RESUMO: Apresentam-se alguns conceitos fundamentais usados em Biogeografia. Prope-se uma tipologia biogeogrfica para Portugal continental desenvolvida a partir dos trabalhos de S. Rivas-Martnez para a Pennsula Ibrica, principalmente: RIVAS-MARTNEZ et al (1990). So enumeradas as unidades biogeogrficas reconhecidas no territrio continental nacional e discutem-se os seus limites at ao nvel de Superdistrito, bem como os critrios e fundamentos florsticos e fitossociolgicos usados para a sua segregao. Apresenta-se uma primeira aproximao cartogrfica escala 1 : 2 500 000 das unidades biogeogrficas reconhecidas. Palavras-chave: Biogeografia, Fitossociologia, Corologia, Portugal.

ABSTRACT: Biogeography of continental Portugal. Some fundamental concepts of Biogeography are briefly presented. A biogeographical tipology of continental Portugal, following the concepts and previous works of S. Rivas-Martnez for the Iberian Peninsula, is presented - mostly RIVASMARTNEZ et al. (1990). The biogeographical units down to the level of superdistrict in the territory are briefly described, as well as the floristic and phytosociological criteria supporting their definition and circunscription. A first cartographical approach is presented in the 1: 2.500.000 scale. Keywords: Biogeography, Phytosociology, Chorology, Portugal.

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Instituto Superior de Agronomia. Universidade Tcnica de Lisboa; ** Escola Superior Agrria de Bragana. Instituto Politcnico de Bragana - e-mail: [email protected]; *** Estao Florestal Nacional. Instituto Nacional de Investigao Agrria. Lisboa e-mail:[email protected]; **** Faculdade de Letras. Centro de Estudos Geogrficos. Universidade de Lisboa.

Introduo A Biogeografia um ramo da Geografia que tem por objecto a distribuio dos seres vivos na Terra. A Fitogeografia restringe o seu domnio s plantas. A Biogeografia uma cincia que relaciona o meio fsico com o biolgico, servindo-se de informao gerada por cincias afins como a Corologia vegetal, a Geologia, a Bioclimatologia e a Fitossociologia. O estabelecimento de um modelo tipolgico hierrquico do territrio, com expresso espacial, um dos objectivos da Biogeografia. Devido ao seu carcter fixo e ao facto de representarem a maior parte da biomassa terrestre, as tipologias biogeogrficas (sistemas de eco-regies) baseiam-se normalmente na distribuio das diferentes populaes de plantas e unidades geobotnicas (comunidades, complexos de comunidades, ecossistemas e biomas). Neste sentido, tende a dar-se Biogeografia uma conotao estreita com a Fitogeografia. Neste trabalho apresentada uma aproximao Biogeografia de Portugal continental, estando por isso sujeita a futuras correces e alteraes medida que o conhecimento da flora e vegetao e da respectiva corologia for progredindo. Enumeram-se as diversas unidades biogeogrficas, reconhecidas at ao momento, at ao nvel de Superdistrito. A primeira repartio do territrio portugus no domnio fitogeogrfico foi a Carta Xilogrfica ou Mapa dos Arvoredos de BARROS GOMES, publicada em 1878. Este autor partilha o territrio portugus em trs grandes divises entrando em conta com a rea de dominncia do pinheiro-bravo, dos carvalhos de folha caduca (quercetum caduciflio) e dos carvalhos de folha persistentes (quercetum pereniflio). Tendo em conta a dominncia de diversas rvores segregou doze Regies Naturais: Douro Litoral (carvalhoroble e pinheiro-bravo), Alm Douro Transmontano (castanheiro e carvalho-negral), Beira Transmontana (castanheiro e carvalho-negral), Beira Meridional (castanheiro, carvalhonegral, sobreiro e azinheira), Beira Central (castanheiro, carvalho-negral, carvalho-roble e pinheiro-bravo), Beira Litoral (pinheiro-bravo (zambujeiro)), Centro Litoral (carvalhocerquinho, zambujeiro, (pinheiro-manso e pinheiro-bravo)), Baixas do Sorraia (sobreiro, azinheira, pinheiro-manso (pinheiro-bravo)), Baixas do Guadiana (azinheira, zambujeiro (sobreiro)), Baixo Alentejo Litoral (sobreiro e pinheiro manso), Alto Alentejo ( sobreiro e azinheira) e Algarve (alfarrobeira, zambujeiro e azinheira). Em 1896 WILLKOMM publicou os Distritos Botnicos da Pennsula Ibrica. A unidade principal reconhecida por aquele autor eram os denominados Distritos Botnicos. Portugal continental distribuia-se por trs Distritos: Oeste-Atlntico (com as parcelas regionais Cismontanas, Montanas e Meridionais), Sudatlntico (com as parcelas ecolgicas Zona Halfita, Litoral e Barrocal algarvio, Monchique e Costa de S. Vicente, Serra Leste-Algarvia, Costa Alentejana, Baixo Alentejo) e Central-Ibrico (Meseta do Norte, Sistema Central Divisrio e Meseta do Sul). DAVEAU (1897, 1902, 1905) dividiu Portugal continental em quatro Zonas Florais: Zona Halfita, Zona de Plancie e Colinas Sublitorais, Zona Montanhosa e Zona Subalpina. Na Zona Halfita inclua as dunas e os sapais, que por sua vez subdividiu em seis Sectores: Noroeste-litoral, Mdio-litoral, Pennsula de Setbal, Sudoeste-litoral, Cabo de S. Vicente, Litoral Sul. Na Zona plancie e colinas litorais considerou os Domnios: Nortenho (condomnio do carvalho-roble e pinheiro-bravo), Estremenho (condomnio de

carvalho-cerquinho, zambujeiro nos calcrios e pinheiro-bravo nos siliciosos), Oestealentejano (domnio do sobreiro e subordinao da azinheira), Este-alentejano (domnio da azinheira e subordinao do sobreiro) e Algarvio (domnio da alfarrobeira, sobreiro e azinheira). Na Zona Montanhosa considerava o condomnio do carvalho-negral e castanheiro. Na zona Subalpina considera as serras do Gers, Peneda, Larouco, Montezinho, Maro-Alvo, Montemuro e Serra da Estrela acima dos 1200 m onde o zimbro de porte ano a essncia caracterstica. Esta zonas florais s foram traduzidas em mapa com ligeiras correes por LAUTENSACH em 1932. GAUSSEN (1940) tendo em conta as unidades regionais de Barros Gomes, o clima e as sries pedolgicas, dividiu Portugal em oito Regies Edafo-Climticas Naturais: Litoral Norte, Montanhosa daqum e dalm Douro (com as Sub-regies Montanhosa do Norte, Beira Douro, Beira Serra), Transmontana do Norte, Tejo Superior, Litoral do Centro, Tejo Inferior e Sorraia, Alentejo e Guadiana, Algarve. O esboo fitocorolgico de ROTHMALER (1939), onde este autor demarcou as zonas de influncia fisionmica de espcies silvcolas mais representativas de Portugal continental, foi importante para ALBUQUERQUE (1943, 1954, 1961, 1965) na elaborao da Carta Ecolgica. Esta consiste em dois mapas, o primeiro de caracterizao ecofisionmica com 12 Regies Naturais: Noroeste Cismontano, Alto Portugal, Nordeste Transmontano, Beira Douro, Beira Litoral, Beira Alta, Beira Serra, Beira Baixa, Estremadura, Ribatejo e Sado, Alentejo, Algarve. Estas Regies Naturais esto subdivididas em Sub-regies e por sua vez estas em Sectores. A segunda a Carta Ecolgica Fito-Edafo-Climtica (1982), em que so definidas Zonas Ecolgicas, so considerados Andares (Erminiano superior a 1330 m, Altimontano entre 1000 e 1300 m, Montano entre 700 e 1000 m, Submontano entre 400 e 700 m e Basal inferior a 400 m), Zonas Fitoclimticas (Oroatlntica, Subatlntica, Ibrica, Termo-subatlntica, Atlntica, Mediterrneo-atlntica, Atlante-mediterrnea, Submediterrnea, Ibero-mediterrnea, Eumediterrnea, Termo-atlante-mediterrnea) e Zonas Edafo-Climticas (Calcomediterrnicas, Psamo-mediterrnicas, Eolo-mediterrnicas, Aluvio-mediterrnicas e Halomediterrnicas). BRAUN-BLANQUET, P. SILVA & ROZEIRA (1956) consideram quatro reas geogrficas distintas para Portugal: a rea do Quercion occidentale que englobava o norte, o centro-interior de Portugal e a Serra de S. Mamede; a rea do Juniperion nanae e Junipero-Ericetum de montanha formada pelas zonas mais elevadas da Serra da Estrela e do Gers; a rea do Quercion fagineae constituda pelo centro litoral, quase todo o sul e a poro mais trmica dos vales do rio Douro e afluentes; a rea do Oleo-Ceratonion em que o Algarve litoral est presente. Na traduo brasileira do trabalho de WALTER (1986), o territrio continental do nosso pas encontra-se incluido em quatro Zonobiomas: Zonobioma da regio de chuva invernal (subzonobioma Mediterrnico), onde se encontra a vegetao escleroftica; Zonobioma da regio de clima temperado quente e hmido, no noroeste de Portugal; Zonobioma de transio entre estas duas regies, que corresponde aproximadamente ao Divisrio Portugus no presente trabalho; as serras da Estrela e Gres esto inseridas no Orobioma do Zonobioma de clima temperado-nemoral.

A diviso geogrfica de Portugal proposta pelo gegrafo Orlando RIBEIRO (1986), levou em conta factores climticos, litolgicos e orogrficos e refletindo o coberto de alguns arvoredos (pinheiro-bravo, carvalhos de folha caduca, castanheiro, azinheira, sobreiro, pinheiro-manso, amendoeira, figueira, alfarrobeira). Este autor repartiu o pas em duas grandes divises: Atlntico (1-7) Mediterrneo (8-23), que por sua vez foram subdivididas estas em 23 agrupamentos: 1 Entre Douro e Minho, 2 Montanhas do Minho, 3 Montanhas do Norte da Beira e do Douro, 4 Terras de mdia altitude da Beira Litoral, 5 Planaltos da Beira Alta, 6 Beira Litoral, 7 Cordilheira Central, 8 Planaltos e montanhas de Trs-os-Montes, 9 Planaltos e montanhas da Beira transmontana, 10 Alto Douro e depresses anexas 11 Baixo Mondego, 12 Estremadura setentrional, 13 Macios calcrios da Estremadura e Arrbida, 14 depresses e colinas entre 13 e 7, 15 Estremadura meridional, 16 Beira Baixa, 17 Ribatejo, 18 Alentejo de plancie com raras elevaes isoladas, 19 Alto Alentejo, 20 Alentejo litoral com elevaes, 21 Depresso do Sado, 22 Serra Algarvia, 23 Algarve litoral ou Baixo Algarve. FRANCO (1971) quando publicou o I volume da Nova Flora de Portugal apresentou a primeira verso da carta das Zonas Fitogeogrficas. Esta verso foi alterada quando da publicao do II volume em 1984. Na memria descritiva, publicada em 1996, o autor explica que as zonas fitogeogrficas se basearam no s na distribuio das espcies de Quercus mas tambm num grande conjunto de outras plantas, bem como na pluviosidade e formaes geolgicas. Este autor dividiu Portugal em Norte, Centro e Sul; o Norte foi subdividido em Noroeste ocidental, Noroeste montanhoso, Nordeste Leons, Nordeste ultrabsico, Terra Quente, Terra Fria; o Centro em Centro-Oeste arenoso, Centro-Oeste calcrio, Centro-Oeste olissiponense, Centro-Oeste cintrano, Centro-Norte, Centro-Leste montanhoso, Centro-Leste campina, Centro-Sul Miocnico, Centro-Sul Plistocnico, Centro-Sul arrabidense; o Sul foi subdividido em Sudoeste setentrional, Sudoeste meridional, Sudoeste montanhoso, Sudeste setentrional, Sudeste meridional, Barrocal algarvio, Barlavento, Sotavento. Esta repartio do territrio nacional do Professor Amaral Franco foi importante para a elaborao e estabelecimento de alguns limites o no nosso mapa, no sendo por isso de estranhar a existncia de territrios comuns. Metodologia e conceitos fundamentais Metodologia Os conceitos aqui formulados, nomeadamente os de fitossociologia paisagista, tm como base os trabalhos de GHU & RIVAS-MARTNEZ (1980), RIVAS-MARTNEZ (1985, 1988), ALCARAZ (1996) e EHRENDORFER (1994). A publicao de RIVASMARTNEZ et al. (1990) sobre a biogeografia peninsular constitui o ponto de partida para este trabalho. A nomenclatura taxonmica , por ordem de prioridade: CASTROVIEJO et al. eds. (1989-1997), FRANCO (1971-1996 (p.p.); TUTIN et al. (1964-1980); caso o nome adoptado no concorde com nenhum destes trabalhos cita-se com os autores respectivos.

A tipologia sintaxonmica a de RIVAS-MARTNEZ et al. (1997): A syntaxonomical check-list of the Iberian Peninsula e de ESPRITO-SANTO et al. (1995) A vegetao de Portugal Continental (ind.). As referncias bioclimticas referem-se Classificao Bioclimtica da Terra de RIVAS-MARTNEZ (1996 e 1997). Conceitos fundamentais de Biogeografia A abordagem geobotnica Fitogeografia, baseia-se principalmente na anlise da distribuies (actuais e pretritas) de txones indgenas e ecossistemas naturais (sintaxa, 1 sigmasintaxa e geosigmasintaxa) . As categorias, divises ou hierarquias principais da Biogeografia so: o Reino, a Regio, a Provncia, o Sector, o Distrito, o Mosaico Tesselar e a Tessela. Se necessrio, possvel subdividir (Subdistrito, Subsector, Subprovncia, etc.) ou agrupar (Superdistrito, Superprovncia, etc.) algumas destas unidades. Estas categorias so espaos geogrficos de superfcie contnua - excepo da Tessela - que incluem os acidentes orogrficos e variaes geolgicas que podem surgir na sua rea. Tais territrios tm sempre uma flora (elemento florstico), vegetao, litologia, geomorfologia, solos e paleo-histria particulares. A unidade biogeogrfica elementar ou de menor diviso a Tessela: trata-se dum territrio de maior ou menor extenso ecologicamente homogneo, isto , que possui um nico tipo de vegetao potencial e uma s sequncia de comunidades de substituio. A Tessela a nica unidade biogeogrfica que se pode repetir de modo descontnuo: a expresso territorial da srie de vegetao. O Mosaico Tesselar um conjunto de Tesselas 2 afins no mesmo domnio climcico , mas com vegetao distinta relacionada com variaes dum mesmo factor ecolgico. Na sua definio clssica, o Distrito um territrioPara alm da distribuio dos txones, comunidades e ecossistemas naturais, analisados numa perspectiva geobotnica, a utilizao tradicional do territrio (e.g. sistemas de agricultura) assim como a paisagem cultural, esto tambm implicitamente correlacionadas com a distribuio das comunidades indgenas. Como tal, podero contribuir para a caracterizao das unidades biogeogrficas. Note-se, no entanto, que a aderncia de um uso tradicional do solo a um territrio biogeogrfico ou a um espao bioclimtico depende tambm de circunstncias histricas complexas que escapam mera aptncia autoecolgica das culturas. Se exceptuarmos as comunidades ruderais e arvenses, a vegetao natural zonal no depende activamente da aco humana para a sua expanso (ou extino) em novos territrios. Isto , a aco humana apesar de ser um grande motor dos processos de sucesso ecolgica, no em geral, indutora de fenmenos de zonao com expressso na vegetao zonal. A anlise da distribuio dos usos tradicionais do solo e da paisagem cultural, apesar da sua utilidade em Biogeografia, situa-se no entanto, num contexto mais lato de anlise do territrio afecto a diversos ramos da Geografia, fora dos objectivos deste trabalho (Geografia histrica, Geografia fsica, etc.). A ttulo de exemplo cite-se o caso da cultura da vinha alta - em latadas e vinha de enforcado - cuja distribuio est parcialmente correlacionada com o Sector Galaico-Portugus e com o macroclima Temperado em Portugal continental. Estes sistemas de conduo resultam do elevado crescimento vegetativo da videira sob este macroclima e da necessidade de afastar as uvas do solo para facilitar o amadurecimento reduzir os riscos de doenas criptogmicas. No entanto, provvel que factores histricos e socio-culturais tenham levado esta cultura para alm dos limites estritos da Regio Eurosiberiana, em bitopos edafo-hidrfilos (com freatismo). 2 Chama-se domnio climcico rea onde uma associao tem a funo de clmax1

onde existem Mosaicos Tesselares singulares relacionados com condies edficas particulares e uma paisagem vegetal particular, frequentemente associada a uma utilizao tradicional do solo pelo Homem, em funo da sua fertilidade. O Distrito no possui normalmente um clmax particular, todavia podemos a encontrar alguns restos de vegetao reliquial especializados que lhe pertencem (elementos caractersticos) ou que estejam em limite geogrfico (elementos diferenciais). Os limites do Distrito so portanto geogrficos, edficos ou paisagsticos. Actualmente, caso os territrios a isso sejam propcios, h a tendncia a associar uma geossrie caracterstica a cada Distrito. Ser ento ao nvel do Distrito que a Fitossociologia paisagista se acopolar Biogeografia. O Sector possui um cortejo florstico especfico (caracterstico ou diferencial) e eventualmente espcies endmicas. Tem ainda catenas e andares de vegetao com organizao particular. Possui elementos que lhe so prprios e por vezes mesmo domnios climcicos especiais. A Provncia tem sempre elementos forsticos endmicos prprios, catenas e andares de vegetao particulares com elementos endmicos. Existem nela obrigatoriamente domnios climcicos nicos. A Regio possui um elemento florstico endmico importante, catenas e 3 andares de vegetao originais com territrios climcicos prprios . A Regio possui um bioclima e tipos de solos particulares. Em alguns Sectores e Provncias, especialmente nas reas de relevo elevado, podem ser encontradas ilhotas de vegetao relquia pertencentes a outra Regio no muito afastada. Estas ilhotas de agrupamentos relquia normalmente subsistem graas a condies topogrficas especiais. A maioria dos autores consideram seis Reinos para as terras emersas: Holrtico, Paleotropical, Neotropical, Capense, Australiano e Antrtico. Cada um destes territrios tem uma flora e fauna distintas com txones de categoria superior endmicos. Esta diversificao biogeogrfica no s explicada pelas condies ambientais actuais de cada um deles mas tambm pelas diferentes convulses ao longo da histria geolgica do nosso planeta, pela deriva dos continentes, pelo isolamento geogrfico, paleoclimatologia, etc. Os Reinos apresentam uma elevada diferenciao florstica, inclusivamente ao nvel de famlia. O Reino Holrtico, no qual estamos situados, engloba a Europa, norte de frica, parte da sia e a Amrica do Norte. Apesar da recente separao entre a Eursia e a Amrica do Norte existe entre eles uma diferenciao florstica notvel pelo menos ao nvel especfico (e.g. o gnero Quercus est representado por espcies distintas). Tipologia Biogeogrfica de Portugal Continental O territrio continental portugus distribui-se por duas regies biogeogrficas holrticas: Regio Eurosiberiana e Regio Mediterrnica. A REGIO EUROSIBERIANA SUB-REGIO ATLNTICA-MEDIOEUROPEIA SUPERPROVNCIA ATLNTICA3

Territrio onde uma aliana exerce a funo de clmax.

I PROVNCIA CANTABRO-ATLNTICA SUBPROVNCIA GALAICO-ASTURIANA 1 SECTOR GALAICO-PORTUGUS 1A SUBSECTOR MINIENSE 1A1 SUPERDISTRITO MINIENSE LITORAL 1A2 SUPERDISTRITO DO ALVO-MARO 1A3 SUPERDISTRITO BEIRADURIENSE 1B SUBSECTOR GERESIANO-QUEIXENSE Regio Eurosiberiana A Regio Eurosiberiana caracterizada por uma aridez estival nula ou muito ligeira, nunca superior a dois meses secos (P < 2T). A precipitao estival compensa a evapotranspirao evitando um esgotamento das reservas hdricas nos solos normais. A Sub-regio Atlntica-Medioeuropeia tem um clima temperado e chuvoso sem uma estao seca clara. As formaes climcicas aqui mais representativas so os bosques de rvores de folha brandas, planas, grandes e caducas de Inverno como os carvalhos (Quercus subgen. Quercus), as faias (Fagus spp.), os vidoeiros (Betula spp.), os freixos (Fraxinus spp.), os bordos (Acer spp.), etc.. A vegetao de montanha e alta montanha pode ser constituida por bosques de conferas, de que so exemplo em Portugal os zimbrais de Juniperus communis ssp. alpina das serras do Gers e da Estrela. Em latitudes mais elevadas contacta com a Sub-regio Boreocontinental onde o clima continental e muito frio (clima boreal) onde o bioma dominante a taiga (bosques boreais de conferas). O territrio da Superprovncia Atlntica aquele onde o efeito amenizante do Oceano Atlntico no clima mais significativo. Ao contrrio das Superprovncias Centroeuropeia e Alpino-Pirenaica, a amplitude trmica anual (continentalidade) pouco acentuada: nem o Inverno muito rigoroso nem o Vero muito quente. O clima deste territrio permite a presena de plantas da denominada "flora atlntica" como sejam o carvalho-roble (Quercus robur), o vidoeiro (Betula pubescens subsp. celtiberica), a faia (Fagus sylvatica), rvore naturalizada nas montanhas do Noroeste de Portugal), os bordos (Acer spp.), os tojos (Ulex europaeus s.l., U. minor, U. galli- este ltimo no ocorre em Portugal), algumas urzes (Erica ciliaris, E. cinerea, Daboecia cantabrica) e outras plantas como: Lithodora prostrata subsp. prostrata, Centaurium scilloides, Allium ericetorum, Pseudarrhenatherum longifolium, etc. Os tojais, urzais / tojais e urzais alcanam a sua mxima extenso e diversidade neste territrio. Esta Superprovncia divide-se em quatro Provncias: Norte-Atlntica, BritnicoAtlntica, Orocantbrica e Cantabro-Atlntica. Esta ltima Provncia, a nica presente em Portugal, caracteriza-se pela presena dos tojais do Daboecenion cantabricae e est representada pela Subprovncia Galaico-Asturiana. Este ltimo territrio por sua vez caracterizado pela presena de espcies de plantas de distribuio ibrica ocidental como sejam a Linaria triornithophora, Omphalodes nitida, Saxifraga spathularis, etc. O Sector Galaico-Portugus o Sector mais meridional e de maior influncia mediterrnica (no sentido bioclimtico do termo) de toda a Regio Eurosiberiana. A sua

fronteira no nosso pas inicia-se a leste da Serra do Larouco na vizinhana da Veiga de Chaves; atravessa o vale do Tmega prximo de Boticas; prolonga-se inicialmente pela cumeada da Serra do Alvo mas progressivamente desce pela falda leste da mesma serra at proximidade de Vila Real; continua pela falda leste da Serra do Maro e inflete para Oeste na proximidade do rio Douro. A sul do rio Douro passa pela vertente norte da Serra de Montemuro; prolonga-se pelas Serras de Leomil e Lapa, engloba ainda a Serra da Arada, Caramulo e atinge o ponto mais a sul junto Serra do Buaco. Finalmente dirige-se para Norte ao longo do vale do rio gueda at atingir a Ria de Aveiro. Os seus limites, a Sul, com o Subsector Beirense Litoral so difceis de estabelecer. A maioria das migraes de plantas entre os "mundos" mediterrnico e atlntico no Noroeste da Pennsula Ibrica foi feita atravs desta faixa devido ausncia de uma fronteira fisiogrfica. Numerosas plantas mediterrnicas como Daphne gnidium, Arbutus unedo, Laurus nobilis, Ruscus aculeatus, Smilax aspera ou Corema album - testemunhos de migraes decorridas em perodos pretritos mais quentes que o actual - coexistem com plantas tipicamente atlnticas. Entre as numerosas espcies de apetncia atlntica e ocenica prprias deste Sector destacam-se Acer pseudoplatanus, Antoxanthum amarum, Carduus gaianus, Centaurium scillioides, Cytisus striatus subsp. striatus, Daboecia cantabrica, Elymus pycnanthus, Euphorbia dulcis, Genista berberidea, Hypericum androsaemum, Origanum vulgare, Phalaris arundinacea, Pyrus cordata, Quercus robur, Ulex europaeus subsp. latebracteatus, Ulex minor, Viola lactea, etc.. So endemismos do Sector: Armeria humilis subsp. odorata, Laserpitium eliasii subsp. thalictrifolium, Murbeckiella sousae, Narcissus nobilis, Sedum pruinatum e Thymelaea broteroana. A paisagem dominada por tojais e urzais / tojais que resultam da degradao dos carvalhais de Quercus robur. O Subsector Miniense encontra-se na parte norocidental do Sector Galaico-Portugs. um territrio predominantemente grantico, progressivamente enrugado em direco ao 4 interior. Em termos bioclimticos um territrio temperado hiper-ocenico ou ocenico, 5 6 posicionado nos andares termotemperado e mesotemperado inferior, de ombroclima hmido a hiper-hmido. So excepo as zonas sumitais das serras do Caramulo e Arada no Superdistrito Miniense-Litoral e os Superdistritos Alvo-Maro e Beiraduriense que se situam num andar supratemperado hiper-hmido. Existem na sua rea alguns endemismos cujas populaes so exclusivas ou esto em grande parte includas neste Subsector: Armeria pubigera, Rhynchosinapis jonhnstonii (Coincya monensis var. johnstonii), Jasione lusitana, Narcissus cyclamineus, Narcissus portensis, Scilla merinoi, Silene marizii e Ulex micranthus. Outras espcies de distribuio mais lata tm, em Portugal, a sua mxima expresso neste territrio: Carex durieui, Carex pilulifera, Centaurea limbata subsp. limbata, Ophioglossum lusitanicum, Salix arenaria, Sesamoides canescens subsp. suffruticosa, Trichomanes speciosum, Ulex europaeus subsp. latebracteatus, Veronica montana, etc. Acrescentam-se ainda plantas costeiras e de sapais como: AnthyllisEm rigor, o territrio pertence ao macroclima temperado na variante submediterrnica, pois verifica-se que Agosto um ms seco. 5 Ou termocolino, nas verses anteriores da Classificao Bioclimtica da Terra (RIVAS-MARTNEZ, 1996). 6 Ibidem 2, colino.4

vulneraria subsp. iberica, Cochlearia danica, Elymus pycnanthus, Festuca rubra subp. pruinosa, Festuca rubra subp. litoralis, Plantago maritima, Scrophularia frutescens, Silene littorea, Silene uniflora, Puccinellia maritima, entre outras. A vegetao climcica constituda pelos carvalhais mesotemperados e termotemperados do Rusco aculeati-Quercetum roboris quercetosum suberis que 7 sobrevivem em pequenas bolsas seriamente ameaadas. So caractersticos os giestais do Ulici latebracteati-Cytisetum striati e os tojais endmicos do Ulicetum latebracteatominoris, Erico umbellatae-Ulicetum latebracteati (Serra de Arga) e Erico umbellataeUlicetum micranthi. Ocorrem ainda os tojais do Ulici europaei-Ericetum cinereae e mais localmente os urzais-tojais do Ulici minoris-Ericetum umbellatae. Nos solos com hidromorfismo comum o urzal higrfilo Cirsio filipenduli-Ericetum ciliaris. Em mosaico com os urzais mesfilos frequente o arrelvado anual do Airo praecocis-Sedetum arenarii. Nas reas mais secas, em solos granticos profundos, observam-se orlas arbustivas espinhosas com Pyrus cordata (Frangulo alni-Pyretum cordatae). O Scrophulario-Alnetum glutinosae o amial mais generalizado. As zonas costeiras tambm tm uma vegetao caracterstica so exemplos: a vegetao dunar atlntica do Otantho-Ammophiletum e Iberidetum procumbentis; a vegetao de salgados do Limonio-Juncetum maritimi, Puccinellio maritimae-Arthrocnemetum perennis e Inulo crithmoidis-Elymetum pycnanthi; e a vegetao de arribas do Crithmo-Armerietum pubigerae, Sagino maritimaeCochlearietum danicae e Cisto-Ulicetum humilis (tojal aero-halfilo). Apesar das dificuldades taxonmicas do Ulex gr. europaeus no NW de Portugal, aparentemente, no Superdistrito Miniense litoral, existe uma correlao entre a distribuio do Ulex europaeus subsp. latebracteatus e do Ulex micranthus e respectivas comunidades que defeniriam este Superdistrito. Na parte mais interior do Superdistrito, excepo dos vales mais entalhados, aqueles dois tojos so substituidos pelo Ulex europaeus subsp. europaeus integrado em duas associaes de grande rea de ocupao: o Ulici europaei-Ericetum cinereae e o Ulici europaei-Cytisetum striati. Aps a confirmao desta constatao poder-se- avanar para uma diviso distrital do territrio baseada neste contraste da paisagem vegetal (distritos Miniense ocidental e oriental). O Superdistrito Alvo-Maro contacta com o Subsector Miniense a oeste e com o Sector Lusitano-Duriense a leste. Como se depreende do nome, inclui a quase totalidade das serras do Alvo e do Maro. A flora e a vegetao destes dois grandes acidentes orogrficos semelhante, embora mais empobrecida, adiante descrita para o Subsector Geresiano-Queixense. O vale mdio e baixo mesomediterrnico ou mesotemperado do rio Tmega, consoante percorra territrios mediterrnicos ou eurosiberianos, rompe a continuidade espacial entre o Barroso (Subsector Geresiano-Queixense) e estas montanhas. A sul do Douro as serras granticas de Montemuro, Arada, Freita, Leomil e Lapa at ao vale do rio Tvora (fronteira ainda provisria) formam o Superdistrito Beiraduriense. Este Superdistrito, possui um bioclima temperado ocenico e situa-se no andarO termo caracterstico tem na maior parte do texto, um sentido informal, significando que o sintaxone tende a ocorrer maioritariamente ou com grande expresso no territrio considerado, no mbito do territrio portugus. No caso de um sintxone ser endmico da unidade discutida, este facto explicitamente referido.7

supratemperado de ombroclima hiper-hmido a hmido. Na bibliografia esto citados dois endemismos beiradurienses: Anarrhinum longipedicelatum e Centaurea herminii subsp. lusitana. A denominada Centaurea luisieri tambm s foi colectada, em Portugal, neste territrio. As comunidades vegetais do Superdistrito Beiraduriense esto pouco estudadas, at hoje apenas foram identificados: carvalhais de carvalho-negral do Holco-Quercetum pyrenaicae, por vezes com carvalhos-robles (Quercus robur), giestais do Lavandulo sampaionae-Cytisetum multiflori e Cytiso striatii-Genistetum polygaliphyllae, urzais-tojais do Ulici minoris-Ericetum umbellatae, prados de lima do Anthemido-Cynosuretum cristati e juncais do Peucedano-Juncetum acutiflori. O Subsector Geresiano-Queixense tem um relevo muito acidentado onde os granitos hercnicos so largamente dominantes. constitudo pelas Serras da Peneda, Amarela, Gers, Cabreira, Alturas do Barroso e Larouco e ainda todo o planalto do Barroso. Situa-se 8 no andar supratemperado de ombroclima hiper-hmido (hmido), consoante a exposio em altitudes superiores a 600-800 metros (HONRADO, 1997 com. pessoal). So endmicas deste Subsector: Armeria humilis subsp. humilis, Centaurea limbata subsp. geresensis e Iris boissieri. Alguns txones tem a totalidade ou uma parte significativa dos indviduos portugueses neste territrio: Agrostis hesperica, Anemone trifolia subsp. albida, Armeria sampaioi (endemismo lusitano), Aster sedifolius, Dryopteris oreades, Epilobium angustifolium, Eryngium duriaei s.l., Gymnadenia conopsea, Hypericum androsaemum, Hypericum pulchrum, Knautia nevadensis, Laserpitium eliasii subp. thalictrifolium, Lilium martagon, Lycopodiella inundata, Lysimachia nemorum, Narthecium ossifragum, Paradisea lusitanica, Pinguicula vulgaris, Pinus sylvestris (indivduos autctones), Prunus lusitanica subp. lusitanica, Rosa villosa, Rosa vosagiaca, Salix repens, Scrophularia bourgaeana, Sorbus aria, Taxus baccata, Thymelaea broteriana, Vaccinium myrtillus, Valeriana repens, Vincetoxicum hirundinaria subsp. lusitanicum e Woodwardia radicans. Algumas destas espcies so comuns s montanhas da parte portuguesa do Sector GalaicoPortugus, ao Sector Estrelense e algumas unidades biogeogrficas do Sistema Central Espanhol, o que indicia a presena de uma via de migrao ao longo do Eixo de Culminao Ibrica. De entre estes txones, existem dois endemismos lusitanos (Armeria sampaioi e Teucrium salviastrum) e vrios exemplos de plantas que interrompem a sua rea de ocupao na Serra do Gers ou na Serra da Estrela no se prolongando a sua distribuio, respectivamente, mais para norte (Minuartia recurva subsp. juresii e Scrophularia bourgaeana) ou ao longo do Sistema Central Ibrico (Scrophularia herminii e Narcissus rupicola). Os bosques climcicos geresiano-queixenses so os carvalhais supratemperados de Quercus robur (Vaccinio-Quercetum roboris) e os carvalhais de Quercus pyrenaica do Holco mollis-Quercetum pyrenaicae. Os primeiros tm uma aptncia pelas reas mais ocenicas e hiper-hmidas cedendo perante o Holco-Quercetum pyrenaicae nos bitopos de ombroclima hmido ou mais elevados e continentalizados. Na vegetao tambm se encontram comunidades tpicas como o zimbral VaccinioJuniperetum nani, o vidoal ombrfilo Holco mollis-Betuletum celtibericae, o medronhal reliquial com azereiros Frangulo alni-Arbutetum unedonis prunetosum lusitanicae8

Ibidem, montano.

(endmico deste Subsector), o urzal higrfilo Cirsio filipenduli-Ericetum ciliaris, o arrelvado vivaz de solos esquelticos de cumes granticos Minuartio recurvae-Silenetum acutiflorae, o prado de lima Agrostio-Arrhenatheretum bulbosi, as comunidades turffilas do Anagallido-Juncion bulbosi, etc. Nesta rea o clima mais frio e continentalizado e o perodo de geadas mais prolongado que no Miniense. Apesar da precipitao ser elevada e o dfice estival de gua no solo ser reduzido, como o perodo favorvel ao crescimento das plantas mais curto, este dfice de gua no solo tem um impacto muito significativo na vegetao. Por isso, comeam a penetrar plantas e algumas comunidades mediterrnicas e submediterrnicas como o urzal-tojal Ulici minoris-Ericetum umbellatae - a comunidade mais importante na composio da paisagem do territrio - o urzal do Genistello tridentatae-Ericetum aragonensis e o giestal Cytiso striati-Genistetum polygaliphyllae. Os prados supratemperados de regadio da regio (os lameiros ou prados de lima) e os juncais foram descritos respectivamente com os nomes Anthemido-Cynosuretum cristati e Agrostio-Arrhenatheretum e Peucedano-Juncetum acutiflori. B REGIO MEDITERRNICA SUB-REGIO MEDITERRNICA OCIDENTAL SUPERPROVNCIA MEDITERRNICA IBERO-ATLNTICA II PROVNCIA CARPETANO-IBRICO-LEONESA 2A SECTOR ORENSANO-SANABRIENSE SUBSECTOR MARGATO-SANABRIENSE 2B SECTOR SALMANTINO 2C SECTOR LUSITANO-DURIENSE 2C1 SUPERDISTRITO DURIENSE 2C2 SUPERDISTRITO DA TERRA QUENTE 2C3 SUPERDISTRITO DE MIRANDA-BORNES-ANSIES 2C4 SUPERDISTRITO ALTIBEIRENSE 2C5 SUPERDISTRITO RIBACOENSE 2D SECTOR ESTRELENSE III PROVNCIA LUSO-EXTREMADURENSE 3A SECTOR TOLEDANO-TAGANO 3A1 SUBSECTOR HURDANO-ZEZERENSE 3A11 SUPERDISTRITO ZEZERENSE 3A12 SUPERDISTRITO CACERENSE 3A2 SUBSECTOR ORETANO 3B SECTOR MARINICO-MONCHIQUENSE 3B1 SUBSECTOR ARACENO-PACENSE 3B11 SUPERDISTRITO ARACENENSE 3B12 SUPERDISTRITO PACENSE 3B13 SUPERDISTRITO ALTO ALENTEJANO 3B2 SUBSECTOR BAIXO ALENTEJANO-MONCHIQUENSE 3B21 SUPERDISTRITO SERRANO-MONCHIQUENSE 3B22 SUPERDISTRITO BAIXO ALENTEJANO

IV PROVNCIA GADITANO-ONUBO-ALGARVIENSE 4A SECTOR DIVISRIO PORTUGUS 4A1 SUBSECTOR BEIRENSE LITORAL 4A2 SUBSECTOR OESTE-ESTREMENHO 4A21 SUPERDISTRITO COSTEIRO PORTUGUS 4A22 SUPERDISTRITO BERLENGUENSE 4A23 SUPERDISTRITO ESTREMENHO 4A24 SUPERDISTRITO OLISSIPONENSE 4A25 SUPERDISTRITO SINTRANO 4B SECTOR RIBATAGANO-SADENSE 4B1 SUPERDISTRITO RIBATAGANO 4B2 SUPERDISTRITO SADENSE 4B3 SUPERDISTRITO ARRABIDENSE 4C SECTOR ALGARVIENSE 4C1 SUPERDISTRITO COSTEIRO VICENTINO 4C2 SUPERDISTRITO PROMONTRIO VICENTINO 4C3 SUPERDISTRTO ALGRVICO Regio Mediterrnica A Regio Mediterrnica caracterizada por possuir um clima em que escasseiam as chuvas no Vero (P>2T) , podendo no entanto, haver excesso de gua nas outras estaes. Nesta Regio, desde que o clima no seja extremamente frio (devido altitude) ou seco, observam-se bosques e matagais de rvores e arbustos de folhas planas pequenas, coriceas e persistentes (esclerfilas) durisilvae - como sejam diferentes Quercus spp. do subgnero Sclerophyllodris (azinheira - Quercus rotundifolia, sobreiro - Quercus suber e carrasco Quercus coccifera), a aroeira (Pistacia lentiscus), o folhado (Viburnum tinus), o zambujeiro (Olea europaea var. sylvestris), a alfarrobeira (Ceratonia siliqua), o espinheiropreto (Rhamnus oleoides), o sanguinho-das-sebes (Rhamnus alaternus), a palmeira-dasvassouras (Chamaerops humilis), o loureiro (Laurus nobilis), o aderno (Phillyrea latifolia), o lentisco-bastardo (Phillyrea angustifolia), etc. Esta Regio engloba duas sub-regies: Mediterrnica Ocidental e Mediterrnica Oriental. A primeira, onde nos encontramos situados, est subdividida em trs Superprovncias: Mediterrnico-Iberolevantina, Mediterrnico Iberoatlntica e Italotirrnica. A Superprovncia Mediterrnico-Iberoatlntica agrupa as Provncias CarpetanoIbrico-Leonesa, Luso-Extremadurense, Gaditano-Onubo-Algarviense e Btica, onde predominam, com excepo da Btica, os solos siliciosos. Os sedimentos calcrios, dolomticos e arenitos do Mesozico s afloram em pequenas reas. Cytisus grandiflorus, Cytisus striatus var. eriocarpus, Festuca duriotagana, Genista hirsuta subsp. hirsuta, Gladiolus reuteri, Hyacintoides hispanica, Lavandula luisieri, Lavandula sampaioana, Paeonia broteroi, Phlomis lychnitis, Retama sphaerocarpa, Silene coutinhoi e Thymus mastichina so alguns dos txones exclusivos da Superprovncia. A sua vegetao alberga uma flora antiga e rica em endemismos. Devido grande diversidade bioclimtica e

complexidade da sua paleo-histria possui uma vegetao potencial e subserial altamente individualizada e particularizada. o caso dos bosques esclerofticos e marcescentes da Quercion broteroi, das orlas florestais formadas por giestais do Genistion floridae e piornais do Retamion sphaerocarpae, dos estevais do Cistion laurifolii e Ulici-Cistion ladaniferi e dos urzais e urzais-tojais do Ericion umbellatae. A vegetao ripcola do Salicion salvifoliae, do Securinegion tinctoriae e do Osmundo-Alnion tambm muito original. Provncia Carpetano-Ibrico-Leonesa A Provncia Carpetano-Ibrico-Leonesa, em Portugal, dominada pela bacia hidrogrfica do rio Douro e inclui a maior parte de Trs-os-Montes e uma parte significativa da Beira Alta. Grosso modo limitada a oeste pelo planalto do Barroso e pelas serras do Alvo e do Maro; a sul do rio Douro as fronteiras desta Provncia prolongam-se pelas faldas nrdicas das serras de Montemuro, Leomil e Lapa; corre pela margem esquerda do rio Tvora e vai desembocar no sistema central incluindo a serras do Aor, Estrela e Malcata prolongando-se a Norte e Leste por Espanha. No segmento portugus desta Provncia, dominam rochas siliciosas cmbricas e pr-cmbricas sobressaindo os xistos do complexo xisto-grauvquico e os granitos hercnicos. Existem reas significativas de rochas bsicas e ultrabsicas e ainda pequenos afloramentos de calcrios cristalinos, com algumas espcies de grande interesse florstico mas sem uma autntica vegetao calccola. Armeria beirana, Armeria transmontana, Campanula herminii, Carduus carpetanus, Centaurea nigra subsp. rivularis, Centaurea herminii, Coincya orophila, Doronicum carpetanum, Euphorbia matritensis, Festuca summilusitana, Gagea tenuis, Galium saxatilis, Genista cinerascens, Genista hystrix, Isatis platyloba, Leuzea rhaponticoides, Nepeta latifolia, Phalacrocarpum oppostifolium subsp. oppositifolium, Ranunculus abnormis, Reseda gredensis, Rubus brigantinus, Santolina semidentata, Saxifraga fragosoi (=S. continentalis), Scilla beirana, Sedum willkomiannum, Senecio pyrenaicus subsp. carpetanus, Silene foetida, Silene legionensis, Spergula morizoni e Spergula pentandra so algumas das plantas endmicas desta Provncia. Por oposio a outras Provncias mediterrnicas so comuns ou esto presentes nesta rea (espcies diferenciais) Agrostis duriaei, Artemisia glutinosa, Allium scorzonerifolium, Betula pubescens subsp. celtiberica, Carduus platypus subsp. platypus, Castanea sativa, Cistus laurifolius, Clematis campaniflora, Colchicum multiflorum, Cytisus oromediterraneus, Echinospartum ibericum, Erica australis subsp. aragonensis, Erythronium dens-canis, Euphorbia hyberna, Genista falcata, Genista florida subsp. polygaliphylla, Gagea nevadensis, Hieracium castellanum, Holcus mollis, Hypericum montanum, Juncus squarrosus, Juniperus communis subsp. alpina, Juniperus oxycedrus, Koeleria crassipes, Linaria saxatilis, Luzula lactea, Nardus stricta, Plantago radicata, Prunus avium, Pyrus cordata, Quercus faginea subsp. faginea, Reseda virgata, Rhinanthus minor, Scrophularia herminii e Scrophularia reuteri. Na poro portuguesa a vegetao climcica constituda por carvalhais de Quercus pyrenaica da subaliana Quercenion pyrenaicae (Holco mollis-Quercetum pyrenaicae e Genisto falcatae-Quercetum pyrenaicae), sobreirais do Quercion broteroi e mais raramente azinhais da mesma aliana. Entre outras comunidades caractersticas dos

territrios carpetano-ibrico-leoneses citam-se os azinhais do Genisto hystricis-Quercetum rotundifoliae, os giestais do Genistion polygaliphyllae, as comunidades de Echinospartum ibericum (Echinospartenion iberici), a associao de fontes frias Myosotidetum stoloniferae. Os cervunais do Campanulo hermini-Nardion strictae, os estevais do Cistion laurifoliae e os arrelvados ricos em camfitos do Hieracio castellani-Plantaginion radicatae tm o seu ptimo neste territrio. O Sector Orensano-Sanabriense um territrio supramediterrnico sub-hmido a hmido excepo dos terraos aluvionares mesomediterrnicos do rio Tmega na veiga de Chaves. No distrito administrativo de Vila Real inclui a veiga de Chaves, a Serra de Paradela e a rea planltica que se prolonga do sop da Serra do Maro at s proximidades dos troos inferiores dos rios Tinhela e Pinho. No distrito de Bragana integra as Serras da Coroa, Montesinho e Nogueira, o planalto da Alta Lombada e o extremo norte dos concelhos de Vimioso e Miranda do Douro. Reconhece-se um nico Subsector em Portugal: Subsector Margato-Sanabriense. O Sector Orensano-Sanabriense, em Portugal, benefcia de numerosas plantas que se distribuem ao longo de uma via migratria resumidamente constituda pelo sistema Pirenaico-Cantbrico, Picos de Europa, Montes Aquilianos, Montes de Lon, Sierra de Cabrera e Sierra de S. Mamed em Espanha. Razo pela qual FRANCO (1996) na sua carta fitogeogrfica de Portugal ter denominado os territrios orensano-sanabrienses em Portugal por NE Leons . Existe um elevado nmero de espcies de plantas vasculares cujas populaes, em Portugal, so exclusivas ou esto quase totalmente includas neste Sector: Aconitum napellus subsp. lusitanicum, Amelanchier ovalis, Anthemis alpestris, Anthyllis sampaioana, Arabis glabra, Armeria eriophylla (endemismo serpentincola lusitano), Armeria langei subsp. daveaui, Arum cylindraceum, Asplenium septentrionale (presente tambm na Serra da Estrela), Astragalus incanus subsp. macrorhizus, Avenula pubescens, Bromus squarrosus, Carex pallescens, Carlina vulgaris, Centaurea triumfetti subsp. lingulata, Cephalanthera rubra, Cistus laurifolius, Corydalis cava subsp. cava, Doronycum pubescens, Elymus caninus, Eryngium viviparum, Euonymus europaeus, Euphrasia hirtella, Euphrasia mendonae (endemismo lusitano extinto ?), Festuca brigantina (endemismo serpentinfito lusitano), Jasione crispa subsp. serpentinicola (endemismo serpentinfito lusitano), Jasonia tuberosa, Lathyrus pratensis, Leuzea rhaponticoides, Ligustrum vulgare, Pedicularis palustris, Peucedanum carvifolia, Phalacrocarpum oppositifolium subsp. hoffmannseggii (endemismo do Sector), Polycnemum arvense, Pritzelago alpina subsp. auerswaldii, Ranunculus abnormis (extinto na Serra da Estrela ?), Rhamnus catharticus, Rubus brigantinus (endemismo do Sector), Sagina sabuletorum, Saxifraga dichotoma, Silene legionensis, Stachys sylvatica, Tragopogon crocifolius subsp. crocifolius, Trifolium leucanthum, Trifolium medium, Thymelaea ruizii, Ventenata dubia, Viburnum opulus (plantas indgenas), Vicia onobrichioidis, Vicia orobus, Vicia. sepium, Viola bubanii, Viola hirta, Viola parvula, Xeranthemum cylindricum e Xeranthemum inapertum. Os bosques climatfilos deste territrio pertencem ao Holco mollis-Quercetum pyrenaicae nas cotas mais elevadas ou ao Genisto falcatae-Quercetum pyrenaicae no horizonte inferior do andar supramediterrnico. No distrito de Bragana, em posies edafoxerfilas e / ou sobre rochas ultrabsicas, esto presentes os azinhais do Genisto

hystricis-Quercetum rotundifoliae e as respectivas etapas de substituio: giestais do Genisto hystricis-Cytisetum multiflori e os estevais do Cisto ladaniferi-Genistetum hystricis. semelhana do que acontece por todo pas, a paisagem neste Sector dominada pelos matos subseriais. Os mais comuns so: o urzal mesoftico Genistello tridentataeEricetum aragonensis; os giestais helifilos do Cytiso scoparii-Genistetum polygaliphyllae, Lavandulo sampaionae-Cytisetum striati (mais comum a ocidente) e Cytiso striatiGenistetum polygaliphyllae (mais comum a oriente); o giestal escifilo do Genisto falcatae-Ericetum arboreae e o medronhal Erico scopariae-Arbutetum unedonis. Nos concelhos de Vimioso e Miranda do Douro e mais raramente na Serra de Paradela e nas proximidades de Alij identifica-se ainda um outro urzal subserial: o Halimietum alyssoido-ocymoides. Os arrelvados anuais mais comuns enquadram-se no Hispidelo hispanicae-Tuberarietum guttatae, normalmente presentes em mosaico com arrelvados perenes de Agrostis duriaei. A geossrie ripcola neste Sector comum a todos os territrios supramediterrnicos carpetano-ibrico-leoneses portugueses. Inicia-se no leito das linhas de gua com o Galio broteroani-Cariceto broterianae S., segue-se o Galio broteroani-Alneto glutinosae S. e termina com uma srie encabeada por freixiais da subaliana Fraxino angustifoliae-Ulmenion minoris. Estes freixiais foram praticamente extintos e substitudos por prados permanentes: os lameiros. Estes lameiros face s comunidades vicariantes do Subsector Geresiano-Queixense esto enriquecidos com plantas adaptadas a climas mais continentalizados constituindo o Bromo-Cynosuretum cristati. O juncal dominante o Hyperico undulati-Juncetum acutiflori. Nas margens dos lameiros so comuns silvados seriais pertencentes ao Rubo-Rosetum corymbiferae. O Sector Orensano-Sanabriense nordestino de uma grande complexidade geolgica. Alm dos granitos e de diferentes tipos de xistos existem afloramentos significativos de rochas bsicas (ex: anfibolitos) e rochas ultrabsicas no denominado macio de VinhaisBragana. As rochas bsicas originam solos com um elevado fundo de fertilidade que por isso mesmo garantem a sobrevivncia dos mais extensos carvalhais de Quercus pyrenaica de Portugal na Serra de Nogueira. As rochas ultrabsicas deste Macio possuem trs serpentinfitos endmicos - Armeria eriophylla, Festuca brigantina e Jasione crispa subsp. serpentinicola - todos eles caractersticos de uma associao endmica: o Armerietum eriophyllae. Esta comunidade tem uma vicariante, floristicamente mais pobre, nas rochas ultrabsicas lusitano-durienses (Macio de Morais): o Arenario fontiqueri-Armerietum langei. Comuns aos dois macios so os endemismos serpentinfitos lusitanos Arenaria querioides subsp. fontiqueri e Avenula pratensis subsp. lusitanica e a comunidade de camfitos seminitrfilos do Alysso lusitanici-Santolinetum semidentatae. O Sector Salmantino tem uma pequena expresso no nosso pas. Penetra em Portugal a norte de Miranda do Douro, inclui a maior parte da bacia hidrogrfica do rio Fresno, do Douro at aldeia de Constantim e o canho do rio Douro Internacional at um pouco a montante da barragem espanhola de Aldeia de Avila. um territrio grantico supramediterrnico de influncia ibrica (continental) seco a sub-hmido inferior. Os bosques climatfilos de azinheira (Genisto hystricis-Quercetum rotundifoliae quercetosum rotundifoliae ou juniperetosum oxycedri) e as respectivas comunidades seriais dominam a paisagem. So comuns os arrelvados vivazes de Stipa gigantea (Arrhenathero baetici-

Stipetum giganteae), os bosques compensados hidricamente (ortadas) do Querco pyrenaicae-Fraxinetum angustifoliae, os matos pulviniformes espinhosos dos espores rochosos do Genisto hystricis-Echinospartetum lusitanicae, os cervunais secos do Festuco rothmaleri-Juncetum squarrosi. A Isatis platyloba uma espcie em Portugal exclusiva deste Sector. O Sector Lusitano-Duriense contacta a norte e a oeste com o Sector OrensanoSanabriense, a sudoeste com o Superdistrito Beiraduriense, a sul com os Sectores Estrelense e Hurdano-Zezerense e a leste com o Sector Salmantino. A fisiografia deste Sector dominada pela peneplancie da Meseta Norte e pela rede de drenagem da bacia hidrogrfica do rio Douro. Esta peneplancie est ainda bem conservada no planalto de Miranda, mas na maior parte do territrio foi profundamente escavada por uma densa rede de drenagem durante o Quaternrio. A caracterstica fitossociolgica mais original e importante deste Sector a presena de bosques climatfilos de sobreiro no andar mesomediterrnico que atingem, localizadamente, o andar supramediterrnico em posies edafoxerfilas. Este territrio deve a sua unidade florstica flora que ter ficado acantonada nos vales do rio Douro e afluentes durante a glaciao de Wrm, e que posteriormente ocupou cotas progressivamente mais elevadas. A termicidade dos vales do Douro e afluentes durante a ltima glaciao confirmada pela pela presena de espcies termfilas como Cosentinia vellea, Asparagus aphyllus e Asparagus albus. Este Sector, atendendo sua extenso, possui uma flora diversa mas pobre em endemismos: Antirrhinum lopesianum, Linaria coutinhoi, Trigonella polyceratia var. amandiana, Holcus setiglumis subsp. duriensis e Scrophularia valdesii (endemismo ainda no colectado em Portugal). A flora mais original deste territrio encontra-se nas rochas ultrabsicas do Macio de Morais e no leito de cheias dos grandes rios transmontanos, esta ltima seriamente depauperada com a construo das barragens no Douro nacional e internacional. Algum txones, em Portugal, estreitamente associadas a este Sector so: Anthericum liliago, Anthyllis cornicina, Aphyllanthes monspeliensis, Armeria langei subsp. langei, Armeria transmontana, Avenula bromoides, Buxus sempervirens, Carduus lusitanus subsp. lusitanus, Celtis australis, Centaurea polymorpha, Coronilla dura, Coronilla minima subsp. minima, Cosentinia vellea, Cruciata pedemontana, Daucus durieua, Euphorbia matritensis, Euphorbia oxyphylla (= E. broteroi), Globularia valentina, Helianthemum hirtum, Juniperus oxycedrus, Lathyrus nissolia, Lathyrus setifolius, Linaria aeruginea var. atrofusca, Marsilea quadrifolia, Peucedanum officinale subsp. officinale, Petrorhagia saxifraga, Plantago sempervirens, Quercus faginea subsp. faginea, Rumex roseus, Silene boryi, Silene conica, Trifolium sylvaticum, Valerianella echinata, Valerianella lusitanica, Vicia villosa subsp. ambigua e Viola suavis. O Sector Lusitano-Duriense uma entidade muito complexa. Esta complexidade devese geomorfologia do territrio composta por elevaes supramediterrnicas mergulhadas numa matriz de extensos planaltos e vales mesomediterrnicos encaixados, alguns dos quais com um andar termomediterrnico topogrfico no leito de cheias. Para abarcar a intrincada disposio das sries de vegetao e respectivas sinvariantes no Sector e garantir a continuidade espacial das unidades biogeogrficas de categoria superior Tessela

consideram-se cinco Superdistritos: Duriense, Terra Quente, Miranda-Bornes-Sabor e Beiraduriense e Ribacoa. O Superdistrito Duriense engloba, grosso modo, o que na terminologia vinhateira do Douro se denomina Baixo e Cima Corgo. uma rea xistosa (complexo xisto-grauvquico) confinada ao vale do rio Douro e alguns afluentes como os rios Teixeira, Cabril, Varosa, Corgo, Ceira, Tedo, Tvora e Pinho, cessando a jusante, e a curta distncia, do vale do rio Tua (freguesias de Castedo e Ervedosa do Douro). O clima deste territrio tem uma forte influncia ocenica e atlntica identificando-se um andar mesomediterrnico de ombroclima hmido a sub-hmido. A vegetao natural foi substituida pela cultura da vinha restando alguns mortrios (vinhas abandonadas desde a crise da filoxera no final do sculo passado) como importantes indcios da vegetao climcica climatfila ou edafoxerfila primitiva. A srie climatfila presente o Rusco aculeati-Querceto suberis S. cuja etapa serial mais conspcula o medronhal Phillyreo angustifoliae-Arbutetum unedonis viburnetosum tini. De forma fnicola, mas com grande valor diagnstico, encontram-se carvalhais termfilos do Rusco aculeati-Quercetum roboris viburnetosum tini. Superdistrito da Terra Quente o mais original dos distritos deste Sector. Ocupa os vales mesomediterrnicos do rio Douro e da respectiva rede de afluentes, a partir do vale do rio Tua. Inclui-se ainda neste Superdistrito uma pequena fraco da parte terminal do canho do rio Douro Internacional e a Serra dos Passos (andar supramediterrnico). O ombroclima varia de sub-hmido (hmido na referida serra) a seco na bacia de Mirandela, na bacia inferior do Rio Sabor e no Douro superior. A litologia dominada por xistos surgindo potentes afloramentos de quartzitos no cimo das encostas, relevo residual da peneplancie primitiva. Este territrio caracteriza-se pelos bosques climatfilos lusitanodurienses de sobreiro Rusco aculeati-Quercetum suberis juniperetosum oxycedri, na parte mais ocidental, em contacto com o Sector Orensano-Sanabriense j no distrito de Vila Real, est presente uma faixa longitudinal de Rusco aculeati-Querceto suberis S. As comunidades arbustivas subseriais mais comuns dos bosques lusitano-durienses de sobreiro e zimbro so os giestais helifilos Lavandulo-Cytisetum multiflori e o esteval endmico Euphorbio (broteroi) oxyphyllae-Cistetum ladaniferae. Menos comum o esteval ombrfilo Lavandulo sampaioanae-Cistetum populifolii. Os bosques edafoxerfilos de azinheira so colocados no Genisto hystricis-Quercetum rotundifoliae juniperetosum oxycedri. O Cytiso multiflori-Retametum sphaerocarpae e o Lavandulo sampaioanaeCistetum albidi so duas comunidades arbustivas preferencialmente subseriais destes bosques. A comunidade arbustiva floristicamente mais original deste Superdistrito o Erico arboreae-Buxetum sempervirentis (Ericion arboreae): endmica do leito de cheias nos vales mais apertados e profundos dos afluentes do rio Douro (andar termomediterrnico topogrfico). Nos fundos de vale mais trmicos e secos instrui-se um espargueiral-zambujal da aliana Asparago albi-Rhamnion oleiodis. Quanto vegetao arbrea higrfila idntica do Superdistrito de Miranda-Bornes-Ansies: nas linhas de gua permanentes so constantes os amiais do Scrophulario-Alnetum glutinosae, enquanto nas linhas de gua temporria surgem salgueirais do Salicion salvifoliae. Os freixiais da Terra Quente so hoje comunidades muito raras porque na sua grande maioria foram substitudos por prados, normalmente do Gaudinio-Agrostietum, e por sebes do Rubo-Clematido campaniflorae.

O Superdistrito Miranda-Bornes-Ansies engloba: a parte mais meriodional do planalto de Miranda at Serra de Reboredo incluindo as serras de Mogadouro e Variz; uma pequena poro do vale do rio Angueira desde o termo de S. Joanico at Uva; a bacia inferior do rio Mas at ao termo de Campo de Vboras; o vale do rio Sabor desde o Cabeo das Freiras at um pouco depois de Izeda; o planalto entre o Monte de Morais e a Serra de Nogueira; a Serra de Bornes e o planalto de Ansies. uma rea mesomediterrnica sub-hmida a hmida na zona cacumintal da Serra de Bornes e no pontos mais elevados do Planalto de Ansies. Dominam os xistos e granitos (planalto de Ansies), menos extensos so os depsitos de cobertura do Quaternrio (planalto de Miranda, Vinhais e Limos), as rochas ultrabsicas do Macio de Morais, as rochas bsicas circundantes deste macio, e os calcrios (St Adrio e S. Vicente). Este Superdistrito o "solar" da srie climatfila do Rusco aculeati-Querceto suberis S. [Rusco-Quercetum suberis > Genisto falcatae-Ericetum arboreae (giestal escifilo) > LavanduloCytisetum multiflori (giestal helifilo) > Euphorbio oxyphyllae-Cistetum ladaniferae (esteval) > Anthyllido lusitanicae-Tuberarietum guttati (prado teroftico fugaz)]. Nas elevaes supramediterrnicas os bosques do Genisto falcatae-Quercetum pyrenaicae foram substitudos pelos urzais Genistello tridentati-Ericetum aragonensis ou mais raramente, no planalto de Miranda, pelo Halimietum alyssoido-ocymoidis. Por falta de uma melhor soluo sintaxonmica os azinhais edafoxerfilos deste territrio so colocados no Genisto hystricis-Quercetum rotundifoliae. Tm a particularidade de, ao contrrio do que acontece no Sector Orensano-Sanabriense, conterem Pistacia terebinthus mas, por oposio aos azinhais do Superdistrito da Terra Quente, no possuem Juniperus oxycedrus. Nas rochas bsicas, sobretudo sobre xistos verdes, e ultrabsicos os bosques de azinheira ocupam bitopos com uma fisiografia plana. Nas reas supramediterrnicas a srie de vegetao do Genisto falcatae-Querceto pyrenaicae S. semelhante descrita para o Sector Orensano-Sanabriense. A rea planltica localizada a sul do Superdistrito Terra Quente, entre o vales dos rios Tvora e do Coa, a leste da Serra da Estrela e a Norte da Serra da Malcata, incluindo a Serra de Penedono constitui o Superdistrito Altibeirense. Situa-se predominantemente no andar bioclimtico supramediterrnico e de ombroclima sub-hmido. uma rea predominantemente grantica pouco estudada, com uma vegetao semelhante do Superdistrito Miranda-Bornes-Ansies. Os bosques climatfilos deste Superdistrito enquadram-se no Genisto falcatae-Quercetum pyrenaicae e as suas etapas de substituio mais conspcuas so os giestais do Lavandulo sampaioanae-Cytisetum multiflori, os urzais do Halimietum alyssoido-ocymoidis e Genistello tridentatae-Ericetum aragonensis. A rea situada a leste do vale do rio Coa at Nave de Haver incluindo a Serra da Marofa constitui o Superdistrito Ribacoense. um territrio tambm mal conhecido, com caractersticas planalticas, grantico, mesomediterrnico seco onde predominam os azinhais do Genisto hystricis-Quercetum rotundifoliae e os giestais do Cytiso multiflori-Retametum sphaerocarpae. Em reas depressionrias, compensadas hidricamente, surgem os bosques do Querco pyrenaicae-Fraxinetum angustifoliae. Este Superdistrito tem grandes afinadaes salmantinas, asua colocao no Sector Lusitano-Duriense deve-se impossibilidade de encontrar uma continuidade com o Sector Salmantino por terras espanholas.

A Serra da Estrela, o cume e a encosta oriental da Serra do Aor constituem o Sector 9 Estrelense . um territrio essencialmente grantico com poucos afloramentos xistosos. O bioclima da Serra da Estrela situa-se no andar supratemperado inferior ou supramediterrnico de ombroclima hiper-hmido, no que respeita s cotas entre 900 a 1100 m.s.m. consoante a exposio. As cotas acima deste valor so exclusivamente supramediterrnicas (e oromediterrnicas no cume da Serra). a montanha do Sistema Central Ibrico que tem maior carcter atlntico especialmente na encosta ocidental. 10 Angelica angelicastrum, Centaurea herminii subsp. herminii , Centaurea rothmalerana, Festuca henriquesii, Narcissus bulbocodium var. nivalis, Silene foetida subsp. foetida, Teucrium salviastrum (tambm presente nas serras do Maro e do Caramulo) so txones endmicos deste Sector. Adenocarpus hispanicus, Alchemilla trasiens, Betula pubescens subsp. celtiberica, Campanula herminii, Carex furva, Cryptogramma crispa, Cytisus oromediterraneus, Doronicum carpetanus, Epilobium anagallidifolium, Genista cinerascens, Gentiana lutea, Juniperus communis subsp. alpina, Jurinea humilis, Lycopodium clavatum, Nardus stricta, Minuartia recurva subsp. juressi, Murbeckiella boryi, Paronychia polyganifolia var. velucensis, Phalacrocarpum oppositifolium subsp. oppositifolium, Reseda gredensis, Rumex suffruticosus, Saxifraga stellaris, Sceranthus perennis, Sagina saginoides, Silene ciliata, Teesaliopsis stellaris, Veratrum album e Viola langeana so algumas das plantas prprias do territrio. So endmicos desta rea: o zimbral Lycopodio clavati-Juniperetum nani; os piornais Teucrium salviastriEchinospartetum pulviniformis; o urzal Junipero nani-Ericetum aragonensis; o urzal higrfilo Potentillo herminii-Callunetum vulgaris; o arrelvado de altitude elevada de solos profundos Campanulo herminii-Festucetum henriquesii; o cervunal dos cumes elevados Galio saxatili-Nardetum strictae; a comunidade psicoxerfila cespitosa oromediterrnica Jasiono centralis-Minuartetum (juressii) bigerrensis; a associao saxcola siliciosa de grandes gretas e fissuras Sileno foetido-Dianthetum lusitanici; a comunidade fissurcola de gretas grossas ou terrosas do andar oromediterrnico Phalacrocarpo oppositifoliiRumicetum suffruticosi; a comunidade de casmfitos rupcolas Saxifrago spathularisMurbeckielletum herminii e a comunidade turffila do Junco squarrosi-SphagnetumA colocao biogeogrfica do Sector Estrelense, com a circunscrio tradicionalmente adoptada (Estrelense s.l.= Serras da Estrela e Serra do Aor p.p.) na Provncia Carpetano-Iberico-Leonesa no deixa de ser problemtica. Em primeiro lugar, uma grande poro tem macroclima temperado (submediterrnico), sendo, por isso, notria a abundncia de bosques de Quercus robur na encosta NW da Serra (Seia, Gouveia). Assim, haveria razes para colocar preferencialmente o Sector Estrelense s.l. na Regio Eurosiberiana (Sector GalaicoPortugus). A existncia de uma pequena faixa de Q. robur circundando os vales do Mondego, Do, Ceira e Alva (vales mediterrnicos) e atingindo a Serra da Lapa, parece apoiar esta hiptese. Assim, os territrios eurosiberianos temperados das encostas NW seriam incluveis no Miniense e diferenciados ao nvel superdistrital. Os territrios no cacuminais das encostas a Norte e Leste seriam lusitano-durienses, pois partilham a mesma srie de vegetao com os territrios altibeirenses (Genisto-Querceto pyrenaicae S.) aos quais pertenceriam. Deste modo, o Sector Estrelense s. str. (carpetano-iberico-leons) corresponder aos nveis supra e oromediterrnicos acima de pelo menos 700-900 m.s.m (consoante a exposio). Esta soluo no foi adoptada neste texto, at que estudos mais aturados a apoiem fortemente. 10 O estatuto taxonmico desta planta ainda incerto. provvel que no se distribua apenas na Serra da Estrela, mas que se encontre noutras localidades ao longo do Eixo de Culminao Ibrico.9

compacti. Na Serra da Estrela tambm se observam formaes de vidoeiros do Saxifrago spathularis-Betuletum celtibericae. Outras comunidades caractersticas so, por exemplo: os giestais do Lavandulo sampaionae-Cytisetum multiflorae, oscaldoneirais do Echinospartetum lusitanicae e do Cytiso striati-Genistetum polygaliphyllae, o tojal-urzal Ulici minoris-Ericetum umbellatae e a comunidade de fontes de gua fria Myosodietum stoloniferae. So, no entanto os carvalhais do Holco mollis-Quercetum pyrenaicae a vegetao potencial florestal dominante na poro supramediterrnica da Serra. Apesar de poucos vestgios restarem deste bosques, ser razovel admitir que os urzais do Junipero naniEricetum aragonensis correspondem maioritariamente s suas etapas subseriais. Provncia Luso-Extremadurense A Provncia Luso-Extremadurense das maiores da Pennsula Ibrica. Em Portugal encontra-se quase toda ela em solos derivados de materiais siliciosos paleozicos maioritariamente xistos ou granitos - e no andar bioclimtico mesomediterrnico. Os seus limites no nosso pas, em alguns locais so algo difceis de estabelecer especialmente com o Sector Ribatagano-Sadense. As sua fronteiras so: a norte - Serras da Lous, Aor, Estrela, Malcata; a oeste - uma linha que passa pela Serra da Lous, leste das serras calcrias de Condeixa a Tomar, Serra da Amndoa, Amieira (rio Tejo), Ribeira de Sor, Vale do Sorraia, areias miocnicas e plistocnicas, Vale do Sado, Serras de Grndola, Cercal e Espinhao de Co; a sul - os calcrios do Barrocal algarvio. Armeria linkiana*, Asphodelus bentorainhae*, Asparagus acutifolius, Ballota hirsuta, Buffonia willkolmmiana*, Carduus bourgeanus*, Cistus psilosepalus, Cistus populifolius s.l., Cytisus scoparius var. bourgaei*, Cytisus striatus var. eriocarpus, Cynara tournefortii*, Digitalis mariana, Digitalis purpurea subsp. heywoodii*, Echium rosulatum, Euphorbia monchiquensis*, Genista hirsuta subsp. hirsuta, Genista polyanthos*, Lavandula viridis*, Lepidophorum repandum, Linaria hirta, Linaria ricardoi*, Marsilea batardae*, Onopordum nervosum, Retama sphaerocarpa, Rhynchosinapsis hispida subsp. transtagana*, Salix salvifolia subsp. australis, Sanguisorba hybrida, Securinega tinctoria, Scorzonera crispatula, Scrophularia schousboei*, Ulex argenteus subsp. argenteus, Ulex eriocladus* e Verbascum barnadesii so algumas das espcies que tendem a ocorrer maioritariamente nesta Provncia. Os txones com * so endmicos do territrio. a rea ptima dos estevais pertencentes aliana Ulici-Cistion argentei. So prprios deste territrio os sobreirais mesomediterrnicos do Sanguisorbo agrimoniodis-Quercetum suberis, os azinhais do Pyro bourgaenae-Quercetum rotundifoliae e os carvalhais do Arbuto unedonis-Quercetum pyrenaicae, na maioria das vezes transformados em montados, bem como os medronhais do Phillyreo-Arbutetum typicum e viburnetosum tini, os estevais do Genisto hirsutae-Cistetum ladaniferi, Erico australis-Cistetum populifolii e Polygalo microphyllae-Cistetum populifolii. O tamujal dos leitos de estiagem dos rios torrenciais Pyro bourgaeanae-Securinegetum tinctoriae - constitui tambm uma das suas originalidades sintaxonmicas. Nos montados desenvolvem-se comunidades terofticas efmeras e de pouca biomassa: Trifolio cherleri-Plantaginetum bellardii, Chrysanthemo myconis-Anthemidetum fuscati, Galactito tomentosae-Vulpietum geniculatae, Trifolio

cherlerii-Taeniatheretum caput-medusae e Medicago rigidulae-Aegilopsietum geniculatae. O pastoreio destas comunidades anuais origina frequentemente um prado vivaz (Poo bulbosae-Trifolietum subterranei). O freixial ribeirinho Ranunculo ficario-Fraxinetum angustifoliae ocorre em todo o territrio luso-extremadurense portugus, sendo o amial Scrophulario-Alnetum glutinosae comum em bitopos ripcolas. O Sector Toledano-Tagano dominado por solos granticos, xistosos e quartzticos e situa-se no andar mesomediterrnico seco a sub-hmido. Cytisus multiflorus, Dianthus scaber subsp. toletanus, Loeflingia hispanica, Retama sphaerocarpa, Quercus pyrenaica, Halimium ocymoides, Polygala microphylla, e Ornithogalum concinum so espcies dominantes na paisagem vegetal, que diferenciam este Sector, em Portugal. neste territrio que o carvalhal-negral luso-extremadurense - Arbuto unedonis-Quercetum pyrenaicae - tem maior expanso em Portugal. Alm dos bosques e matos prprios da Provncia, h que considerar os abundantes giestais do Cytiso multiflori-Retametum sphaerocarpae e o urzal / esteval Halimio ocymoidis-Ericetum umbellatae. Encontra-se dividida em dois Subsectores: o Hurdano-Zezerense e o Oretano. O Subsector Hurdano-Zezerense inclui algumas serras que ultrapassam ligeiramente os 1000 metros como as serras de Gardunha, Muradal, Alvelos, Vermelha, e Malcata, o vale do Zzere (Superdistrito Zezerense), a campina de Castelo Branco / Idanha-a-Nova, Penha Garcia, as arribas do Tejo, e a zona de Niza / Fronteira (Superdistrito Cacerense). Asphodelus bento-rainhae, Euphorbia welwitschii, Festuca duriotagana, Juniperus oxycedrus, Malcolmia patula, Celtis australis, Halimium alyssoides, Retama sphaerocarpa e Petrorhagia saxifraga so plantas diferenciais deste Subsector em face dos territrios portugueses vizinhos, sendo a primeira espcie endmica da Serra da Gardunha. Ao nvel superdistrital distinguem-se dois Superdistritos: o Zezerense e o Cacerense. O Superdistrito Zezerense situa-se no andar mesomediterrnico sub-hmido, onde ocorrem os sobreirais climatfilos do Sanguisorbo-Quercetum suberis e as suas etapas subseriais: Phillyreo-Arbutetum unedonis viburnetosum tini, Erico australis-Cistetum populifolii e Halimio ocymoidis-Ericetum umbellatae. No mesomediterrnico superior subhmido a hmido assinala-se o carvalhal Arbuto unedonis-Quercetum pyrenaicae genistetosum falcatae, a sua orla Vincetoxico nigri-Origanetum virentis e o respectivo mato 11 de degradao Polygalo microphylii-Cistetum populifolii . O Superdistrito Cacerense situa-se no andar mesomediterrnico seco a sub-hmido inferior. A vegetao climatfila pertence srie do azinhal Pyro bourgaenae-Quercetum rotundifoliae. So diferenciais deste Superdistrito as orlas nanofanerofticas retamides do Cytiso multiflori-Retametum sphaerocarpae, o carrascal Rhamno fontqueri-Quercetum cocciferae e o esteval Genisto hirsutae-Cistetum ladaniferi. Nas zonas granticas mais rochosas encontra-se o rosmaninhal Scillo-Lavanduletum sampaionae. Nos alcantis quartzticos do Tejo, a comunidade permanente edafoxerfila dominada por Juniperus

Na poro cacuminal, de admitir a exsitncia terica de uma pequena rea supramediterrnica onde o clmax poderia corresponder ao Sorbo torminalis-Quercetum pyrenaicae. No entanto, o avanado estado de degradao da vegetao no permite realizar inferncias seguras sobre a vegetao climatfila.

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oxycedrus (Rubio longifoliae-Juniperetum oxycedri), o que constitui um trao caracterstico deste territrio em face dos vizinhos. O Subsector Oretano est representado em Portugal pela Serra de S. Mamede. Esta unidade situa-se no andar mesomediterrnico hmido a sub-hmido, e os solos dominantes tm origem grantica, xistosa e quartztica. A serra de S. Mamede ultrapassa os 1000 metros de altitude tem uma forte influncia ocenica, porque no existe qualquer barreira orogrfica significativa at ao oceano Atlntico, ficando por isso exposta aos efeitos dos ventos hmidos dominantes de Oeste e Sudoeste. No , por isso de estranhar o aparecimento de certos elementos atlnticos (e carpetano-iberico-leoneses mais ocenicos) na sua flora: Polygonatum odoratum, Quercus robur, Ulex minor, Drosera intermedia, etc.. A Armeria x francoi (A. beirana x A. transmontana), Aquilegia dichroa, Castanea sativa, Cytisus multiflorus, Euphorbia amygdaloides, Genista falcata, Halimium umbellatum, Linaria triornithophora, Luzula lactea, Pulmonaria longifolia, Quercus x neomarei, Quercus pyrenaica, Silene coutinhoi, Viola kitaibeliana subsp. machadeana so outras espcies que caracterizam este Subsector em face dos vizinhos. neste Subsector que abundam os carvalhais do Arbuto-Quercetum pyrenaicae, as orlas Vincetoxico-Origanetum virentis linarietosum trionithophorae, Cytisetum multiflori-eriocarpi genistetosum falcatae, e os tojais Halimio umbellati-Ulicetum minoris. Os territrios menos continentais esto ocupados pelos sobreirais do Sanguisorbo-Quercetum suberis e as suas etapas regressivas Phillyreo-Arbutetum unedonis viburnetosum tini, Erico australis-Cistetum populifolii e Halimio ocymoidis-Ericetum umbellatae. O Sector Marinico-Monchiquense em Portugal tambm essenciamente silicioso, contudo encontram-se algumas reas dominadas por carbonatos com grau varivel de metamorfizao. Coyncia transtagana, Erica andevalensis, Euphorbia monchiquensis e 12 Genista polyanthos so endmicas deste territrio. Adenocarpus telonensis, Carthamus tinctorius, Centaurea ornata subsp. ornata, Cytisus baeticus, Cytisus scoparius var. bourgaei, Cynara tournefortii, Dianthus crassipes, Echium boissieri, Eryngium galioides, Leontodon salzamanii, Marsilea batardae, Onopordum macracanthum, Onopordum nervosum, Scrozonera crispatula, Serratula abulensis, Serratula barrelieri, Thymelaea villosa so algumas plantas diferenciais do Sector no contexto da Provncia. Os sobreirais e os azinhais transformados em montados so predominantes na paisagem vegetal. Consideram-se exclusivos desta rea os seguintes sintxones: Euphorbio monchiquensisQuercetum canariensis, Sanguisorbo-Quercetum suberis quercetosum canariensis, Phlomido purpureae-Juniperetum turbinatae, Phillyreo-Arbutetum rhododendrotosum baetici (= Arbuto-Cistetum populifolii), Genistetum polyanthi, Ulici eriocladi-Ulicetum umbellatae, Cisto-Ulicetum minoris, Lavandulo sampaioanae-Cistetum albidi, Ulici erioclaci-Cistetum ladaniferi, Cisto ladaniferi-Ulicetum argentei e Rubo ulmifoliaeNerietum oleander securinegetosum tinctoriae. O salgueiral Salicetum atrocinereaeaustralis, uma comunidade que ocorre no leito torrencial dos rios e ribeiras deste Sector.

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As referncias e este txone no Vale do Tejo referem-se provavelmente a Genista histrix Lange (E. Costa,. 1997).

No nosso pas, diferenciam-se-se dois Subsectores no Sector Marinico-Monchiquense: o Araceno-Pacense e o Baixo-Alentejano-Monchiquense. O Subsector Araceno-Pacense o mais setentrional e confina com o limite sul do Toledano-Tagano. Situa-se a norte da linha, que passa pelas serras de Monfurado e Mendro (Portel); Moura e Barrancos incluindo ainda a serras da Adia, Ficalho e todo o vale termomediterrnico do Guadiana a sul do Pulo do Lobo . As rochas predominantes so os xistos e granitos, contudo nesta rea surgem os calcrios metamrficos (mrmores). So endmicas do territrio as comunidades de Ulex eriocladus - Ulici eriocladi-Cistetum ladaniferi e Ulici eriocladi-Ericetum umbellatae. A primeira distribui-se desde Elvas at base da encosta norte da Serra de Ossa, voltando a surgir nas serras da Adia e Ficalho. O endemismo Digitalis purpurea subsp. heywoodii, que se encontra nas rochas granticas de Monsaraz tambm exclusivo deste territrio. Em Portugal assinalam-se trs Superdistritos: Aracenense, Pacense e Alto-Alentejano. Superdistrito Aracenense que em Portugal se encontra representado pela serras da Adia, Ficalho e pelo vale do Guadiana a sul do Pulo do Lobo, essencialmente termomediterrnico seco, mas pode atingir o mesomediterrnico sub-hmido nas zonas mais altas (St. Iria e Contenda Sul). Armeria linkiana, Campanula transtagana, Daucus setifolius, Dianthus crassipes, Erica andevalensis, e Scabiosa stellata ocorrem nesta rea ajudando a caracterizar face aos vizinhos. A srie dos azinhais siliccolas termomediterrnicos - Myrto communis-Querceto rotundifoliae S. predomina neste territrio, contudo a paisagem encontra-se dominada por etapas subseriais: o esteval termfilo Genisto hirsutae-Cistetum ladaniferi cistetosum monspeliensis, e o espargueiral / zambujal / carrascal Asparago albi-Rhamnetum oleoidis. Os sobreirais do SanguisorboQuercetum suberis so menos frequentes e encontram-se nas zonas mais hmidas semelhana do seu urzal / tojal subserial, neste territrio: Ulici eriocladi-Ericetum umbellatae. Nas zonas secas e semi-ridas do vale do Guadiana assinalam-se as maiores originalidades do territrio em comparao com os outros dois Superdistritos do Subsector: os zimbrais reliquiais edafoxerfilos do Phlomido purpureae-Juniperetum turbinatae, os escovais do Genistetum polyanthi e o esteval Phlomido purpureae-Cistetum albidi. As comunidades semi-nitrfilas rupcolas do leito rochoso do rio - Centauro ornataeFestucetum duriotaganae (Festucion duriotaganae, Rumicetalia induratae, PhagnaloRumicetea) tem o seu ptimo biogeogrfico nesta unidade biogeogrfica. Em Portugal s uma pequena rea raiana da bacia do rio Caia, que inclui aproximadamente os concelhos de Elvas e Campo Maior, pertence ao Superdistrito Pacense. uma zona plana situada no andar mesomediterrnico sub-hmido, onde se encontram o tojal Ulici eriocladi-Cistetum ladaniferi e o giestal Retamo sphaerocarpaeCistetum bourgaei que resultam da degradao dos azinhais siliccolas do Pyro-Quercetum rotundifoliae. No entanto, nos solos neutros sobre carbonatos metamrficos paleozicos com pouco calcrio activo, a vegetao potencial corresponde aos azinhais do Lonicero implaxae-Quercetum rotundifoliae, que por destruio originaram o carrascal Crataego monogynae-Quercetum cocciferae e o esteval Lavandulo sampaionae-Cistetum albidi. Nos montados sobre solos siliciosos a pastagem vivaz resultante do pastoreio por ovinos corresponde associao Poo bulbosae-Trifolietum subterranei. Nos solos alcalinos e

neutros, assinala-se Astragaleto sesamei-Poetum bulbosae. A vegetao neutro-basfila seminitrfila e ruderal da aliana Taeniathero-Aegilopion geniculatae (Bromenalia rubenti-tectori) serve igualmente para discriminar estes territrios dos seus vizinhos. Dos trs Superdistritos do Sector Arceno-Pacense o Superdistrito Alto Alentejano aquele que ocupa maior superfcie em Portugal. uma rea quase plana, ondulada, cortada por algumas serras de pequena altitude (Monfurado, Montemuro, Ossa), onde predominam solos de origem xistosa e grantica. Contudo, existe uma rea importante de carbonatos metamrficos paleozicos (mrmores devnicos, diabases) em Estremoz, Vila Viosa e Borba. Quase toda a sua rea se situa no andar mesomediterrnico sub-hmido, podendo atingir o termomediterrnico na encosta oeste Serra de Monfurado. Os montados em solo silicioso do Pyro-Quercetum rotundifoliae e os sobreirais do Sanguisorbo-Quercetum suberis so dominantes na paisagem vegetal. Quanto aos matos subseriais o escoval Genistetum polyanthi observa-se ao longo do vale do Guadiana, os estevais do Genisto hirsutae-Cistetum ladaniferi e o esteval / urzal Erico australis-Cistetum populifolii e os urzais do Halimio ocymoidis-Ericetum umbellatae so vulgares em todo o territrio, ocorrendo ainda o giestal Retamo sphaerocarpae-Cytisetum bourgaei. Neste Superdistrito ocorre, ainda que de modo fincola, o amial Scrophulario-Alnetum glutinosae, sendo o freixial Ficario-Fraxinetum angustifoliae a comunidade mais comum nas ribeiras e linhas de gua, sendo tambm vulgar o Salicetum atrocinereo-australis nos leitos torrenciais. Os juncais do Holoschoeno-Juncetum acuti, Trifolio-Holoschoenetum e Juncetum rugosieffusi bem como os prados Trifolio resupinati-Caricetum chaetophyllae, Gaudinio fragilisAgrostietum castellanae, Pulicario paludosae-Agrostietum pourretii e Loto subbifloriChaetopogenetum fasciculati so comunidades que tm importncia neste Superdistrito nos bitopos edafo-higrfilos. Na zona termomediterrnica, junto Serra de Monfurado ocorre o matagal do Asparago aphylli-Calicotometum villosae subserial do Myrto-Quercetum suberis. Nos mrmores a srie da azinheira Lonicero implexae-Querceto rotundifoliae S. reaparece. O Subsector Baixo Alentejano-Monchiquense distribui-se a leste das serras costeiras alentejanas e a sul da linha de serras Monfurado, Montemuro, Adia e a oeste do Guadiana. Tem dois Superdistritos distintos: um mais montanhoso e costeiro (Serrano-Monchiquense) e outro mais plano e interior (Baixo-Alentejano). Erico australis-Cistetum populifolii, Cisto psilosepali-Ericetum lusitanicae, Genisto hirsutae-Cistetum ladaniferi so associaes que se distribuem no Subsector. Reconhecem-se dois Superdistritos distintos: o SerranoMonchiquense e o Baixo Alentejano. O Superdistrito Serrano-Monchiquense um territrio constitudo por pela Serra senitica de Monchique e serras xistosas (tambm quartzticas e metavulcanticas) e granticas, em geral de baixa ou mdia altitude (Grndola, Cercal, S. Luis, Espinhao de Co, Caldeiro). Encontra-se quase todo no andar termomediternico sub-hmido a hmido, excepto nas zonas mais elevadas em que o atinge o mesomediterrnico hmido. Armeria beirana subsp. monchiquensis e Lavandula viridis so endmicas do Superdistrito, sendo tambm caractersticas (i.e. diferenciais deste territrio, em face de outros da Provncia: Cheilanthes guanchica, Centaurea crocata, Euphorbia monchiquensis, Quercus canariensis, Quercus lusitanica, Rhododendrum ponticum subsp. baeticum, Senecio

lopezii, Stauracanthus boivinii, Thymelaea villosa, Ulex argenteus subsp. argenteus, Ulex minor. Possui algumas comunidades endmicas como o Euphorbio monchiquensisQuercetum canariensis, Sanguisorbo-Quercetum suberis quercetosum canariensis, Phillyreo-Arbutetum rhododendrotosum baetici, Cisto-Ulicetum minoris, Cisto ladaniferiUlicetum argentei e Senecio lopezii-Cheirolophetum sempervirentis. Neste territrio o Myrto-Quercetum suberis e o Sanguisorbo-Quercetum suberis constituem as etapas florestais potenciais dominantes nos andares termo- e mesomediterrnicos respectivamente. Os matagais de carvalhia do Querco lusitanicae-Stauracanthetum boivinii, e o esteval / urzal do Erico australis-Cistetum populifolii so associaes vulgares desta unidade. O Superdistrito Baixo Alentejano um territrio plano, menos chuvoso e mais continental que o anterior. Tem um ombroclima sub-hmido a seco e situa-se maioritariamente no andar termomediterrnico podendo atingir em alguns locais o andar mesomediterrnico. Os solos so xistosos na sua maioria, com a excepo dos chamados barros de Beja que so solos vrticos com origem em rochas mficas (dioritos, gabros, andesitos, basaltos). A Linaria ricardoi e Armeria neglecta so dois endemismos do Superdistrito que se encontram em vias de extino. Os montados que resultam do Pyro bourgaeanae-Quercetum rotundifoliae, caracterizam a Regio, bem como o esteval Genisto hirsutae-Cistetum ladaniferi. Contudo em alguns locais reconhece-se o azinhal termfilo Myrto-Quercetum rotundifoliae, os matagais de Asparago albi-Rhamnetum oleoidis e Oleo-Pistacietum lentisci sensu auct., o esteval Phlomido purpureo-Cistetum albidi e o escoval Genistetum polyanthi. Os montados de sobro (Myrto-Quercetum suberis e Sanguisorbo-Quercetum suberis) ocorrem esporadicamente em algumas situaes climaticamente mais favorveis. Nos solos hidromrficos com horizontes glei associados a freatismo frequente observarem-se os juncais do Holoschoeno-Juncetum acuti, TrifolioHoloschoenetum e Juncetum rugosi-effusi, bem como os prados Gaudinio fragilisAgrostietum castellanae, Pulicario paludosae-Agrostietum pourretii, Trifolio resupinatiCaricetum chaetophyllae, Loto subbiflori-Chaetopogenetum fasciculati e Hyperico humifusi-Chaetopogonetum fasciculati. Os prados do Poo bulbosae-Trifolietum subterranei e do Poo bulbosae-Astragaletum sesamei tambm ocorrem esporadicamente. Provncia Gaditano-Onubo-Algarviense A Provncia Gaditano-Onubo-Algarviense uma unidade biogeogrfica essencialmente litoral que se estende desde a Ria de Aveiro at aos areais da Costa del Sol e aos arenitos das serras gaditanas do Campo de Gibraltar. Inclui os Sectores Divisrio Portugus, Ribatagano-Sadense, Algarviense, Gaditano-Onubense e Algbico. Os substratos predominantes so arenosos e calcrios. A flora e vegetao desta Provncia rica em endemismos paleomediterrnicos e 13 paleotropicais lianides e laurides de folhas coriceas . Devido ao carcter amenoI.e. plantas da durisilva ocenica pluvial, erradamente classificada como laurisilva (sensu Rbel). Esta vegetao antiga, remontando aos paleo-ambientes tropicais e mediterrnicos pluviestacionais, no tendo sofrido o efeito das glaciaes, persiste na Macaronsia (Pruno-Lauretea azoricae). A partilha de alguns txones com esta ultima Sub-Regio deu origem expresso muito divulgada, mas errnea na opinio dos autores, flora ou elemento macaronsico da flora do SW da Pennsula.13

(ocenico ou hiperocenico), com quantidades de frio invernal muito baixas, numerosas plantas termfilas e de gemas nuas encontraram neste territrio litoral e sublitoral o seu refgio, tendo sido pouco afectadas pelas sucessivas glaciaes. Estas plantas, prprias dos bosques termfilos de carcter ocenico (Quercion broteroi p.p. e Querco-Oleion sylvestris), desaparecem dos azinhais, sobreirais e carvalhais mais continentais porque no puderam recolonizar as reas mais frias do interior da Pennsula Ibrica durante o 14 Holoceno . Esta particularidade climtica e paleo-ecolgica, permitiu ainda a entrada de inmeros elementos mauritnicos e pntico-ndicos, assim como a persistncia dos referidos elementos tercirios paleomediterrnicos em comum com a Sub-regio Macaronsica (e.g. Myrica faia, Convolvulus fernandesii, Cheilantes guanchica, Polypodium macaronesicum, Woodwardia radicans, etc.). As principais vias migratrias florsticas que confluem neste territrio so as vias litoral mediterrnica e a correspondente dorsal calcria btica (das Baleares ao Barrocal algarvio). Do Norte, por seu turno, chegaram sucessivamente txones atlnticos planiflios e de folha branda da classe QuercoFagetea, nos perodos em que o macroclima temperado atingiu latitudes mais baixas (Acer spp., Querci caduciflias, Ilex, Inula, Sorbus, etc.). As ericceas atingiram tambm esta Provncia na mesma altura (sobretudo durante o Perodo atlntico). De modo anlogo, a flora predominante nos matagais altos (nanofanerofticos) Asparago-Rhamnion (PistacioRahmanetalia alaterni) possui uma grande riqueza em arbustos com origem paleotropical xrica (sp. de Olea, Pistacia, Rhamnus, Myrtus, Asparagus, etc.), que sobreviveram transio do clima tropical para o mediterrnico durante o Miocnico. Estes ocorrem ainda como comunidades permanentes ou etapas de substituio em territrios no muito pluviosos e quentes. A Provncia Gaditano-Onubo-Algarviense constitui assim, uma extensa rea de provvel especiao a partir de gentipos diversos (e muito mais antigos) dos ocorrentes nas reas no costeiras do Ocidente da Pennsula (e.g. Stauracanthus spp.). Diversas vias de migrao florstica, que tm contribuido de forma muito importante para a pool gentica muito rica e original desta rea. So de destacar as duas vias litorais (uma ascendente, nos substractos dunares mveis e halflicos, por onde migram txones mediterrnicos e uma descendente, sub-litoral que desloca txones atlnticos). H que considerar uma importante via migratria btica que consiste na dorsal calcria deste a Serra Nevada ao Barrocal algarvio. Muitas das populaes de txones calccolas gaditanoonubo-algarvienses tem origem em elementos vindos por esta via. Por seu turno, h que considerar a ocorrncia das populaes com origem numa via norte-africana (txones iberomauritnicos). A sua flora inclui assim, numerosos endemismos de que se podem destacar os seguintes txones: Arabis sadina, Armeria gaditana, Armeria macrophylla, Armeria velutina, Arenaria algarbiensis, Biarum galiani, Brassica barrelieri subsp. oxyrrhina, Cirsium welwitschii, Cistus libanotis, Dianthus broteri subsp. hinoxianus, Erica umbellata var. major, Euphorbia baetica, Euphorbia welwitschii, E. transtagana, Fritilaria lusitanica var. stenophylla, Helichrysum picardii subsp. virescens, Herniaria maritima, JuncusNestas ltimas (Provncias Luso-Extremadurense e Carpetano-Iberico-Leonesa) o sub-bosque dominado por plantas remanescentes das estepes semi-arborizadas tardiglaciares (clima frio, continental e seco).14

valvatus, Leuzea longifolia, Loeflingia tavaresiana, Limonium algarviense, Limonium diffusum, Limonium lanceolatum, Linaria lamarckii, Linaria ficalhoana, Narcissus calcicola, Narcissus gaditanus, Narcissus wilkolmmii, Romulea ramiflora subsp. gaditana, Salvia sclareoides, Scilla odorata, Scrophularia sublyrata, Serratula baetica subsp. lusitanica, Stauracanthus genistoides, Stauracanthus spectabilis subsp. vicentinus, Thymus albicans, Thymus mastichina subsp. donyanae, Thymus carnosus, Ulex airensis, Ulex subsericeus, Ulex australis subsp. australis, U. australis subsp. welwitschianus, Verbascum litigiosum. Existem outras espcies que so preferenciais deste territrio como Armeria pungens, Arthrocnemum macrostachyum, Asparagus albus, Asparagus aphyllus, Bartsia aspera, Carduus meonanthus, Ceratonia siliqua, Cheirolophus sempervirens, Corema album, Deschampsia stricta, Fumana thymifolia, Genista tournefortii, Halimium calycinum, Halimium halimifolium, Lavandula pedunculata subsp. lusitanica, Limoniastrum monopetalum, Lotus creticus, Nepeta tuberosa, Osyris lanceolata (= O. quadripartita), Quercus faginea subsp. broteroi, Quercus lusitanica, Retama monosperma, Stachys germanica subsp. lusitanica, Stachys ocymastrum, Stauracanthus boivinii, Sideritis hirsuta var. hirtula, Thymus villosus s.l., etc. A sua vegetao consequentemente e como referido, extremamente original do ponto de vista sintaxonmico. Os bosques potenciais correspondem a vrias associaes termfilas, Arisaro-Quercetum broteroi* e Viburno tini-Oleetum sylvestris* (Quercion broteroi e Querco-Oleion). Os bosques Oleo-Quercetum suberis, Myrto-Quercetum suberis, Asparago aphylli-Quercetum suberis*, Smilaco-Quercetum rotundifoliae. Os matagais Asparago albi-Rhamnetum oleoidis, Asparago aphylli-Myrtetum communis*, Quercetum cocciferae-airensis* e Melico arrectae-Quercetum cocciferae* constituem a vegetao florestal e nanofaneroftica endmica da Provncia. Ressalta tambm a originalidade sintaxonmica da vegetao no florestal, so exemplos: as charnecas com matos psamoflicos da Stauracantho genistoidis-Halimietalia commutati (Coremion albi*); as associaes psamoflicas dunares Osyrio quadripartitae-Juniperetum turbinatae*, Rubio longifoliae-Coremetum albi* e Artemisio crithmifoliae-Armerietum pungentis*; a a comunidade de arribas costeiras Querco cocciferae-Juniperetum turbinatae*; as subalianas de tojais Stauracanthenion boivinii, e outra de orlas florestais xeroficohumcolas Stachydo lusitanicae-Cheirolophenion sempervirentis*; a aliana rupcola Calendulo lusitanicae-Anthirrhinion linkiani* (Sileno longiciliae-Anthirrhinetum linkiani*). Os freixiais do Ranunculo ficario-Fraxinetum angustifoliae e os salgueirais Viti sylvestris-Salicetum atrocinereae e Salicetum atrocinereo-australis ocorrem nesta Provncia, bem como os silvados do Lonicero hispanicae-Rubetum ulmifoliae. Os sapais tambm posuem vegetao original: Spartinetum maritimi, Sarcocornio perennisPuccinellietum convolutae*, Cistancho phelypaeae-Arthrocnemetum fruticosae*, Halimiono portulacoidis-Sarcocornietum alpini, Inulo crithmoidis-Arthrocnemetum glauci*, Arthrocnemo glauci-Juncetum subulati juncetosum subulati e juncetosum maritimi, Cistancho phelypaeae-Suaedetum verae*, Polygono equisetiformis-Juncetum maritimi*, Salicornietum fragilis, Halimiono portulacoidis-Salicornietum patulae*. Nos muros das salinas e outros bitopos halonitrfilos desenvolvem-se as comunidades:

Spergulario bocconei-Mesembryanthemetum nodiflori* e Frankenio laevis-Salsoletum 15 vermiculatae* - (* sintxones endmicas da Provncia). O Sector Divisrio Portugus que se estende desde a Ria de Aveiro, prolonga-se para o interior pelo vale do Mondego at base da Serra do Aor, seguindo a rea de calcrios at Tomar at atingir a Lezria do rio Tejo. um territrio litoral plano com algumas serras de baixa altitude, sendo a mais elevada a da Lous com 1204 metros de altitude. Encontra-se quase todo situado no andar mesomediterrnico inferior de ombroclima sub-hmido a hmido, com excepo das zonas litorais e olissiponenses que so termomediterrnicas superiores sub-hmidas. Possui alguns endemismos prprios (Scrophularia grandiflora, Senecio doronicum subsp. lusitanicus, Ulex jussiaei), alm dos exclusivos das unidades inferiores. No entanto, a maioria dos suas espcies endmicas so comuns com o Superdistrito Arrabidense, como por exemplo: Anthirrhinum linkianum, Arabis sadina, Iberis procumbens subsp. microcarpa, Juncus valvatus, Pseudarrhenatherum pallens, Prunus spinosa subsp. insititioides, Serratula estremadurensis, Silene longicilia, Teucrium polium subsp. capitatum, Thymus zygis subsp. sylvestris, Ulex densus. Tambm ajudam a caracterizar o territrio Calendula suffruticosa subsp. lusitanica, Hyacintoides hispanica, Laurus nobilis, Leuzea longifolia, Quercus faginea subsp. broteroi, Quercus lusitanica, Scilla monophyllos, Serratula baetica subsp. lusitanica, Serratula monardii. A vegetao original, de onde se salientam os bosques de carvalho-cerquinho (Arisaro-Quercetum broteroi), os carrascais (Melico arrectaeQuercetum coccciferae e Quercetum coccifero-airensis) e os arrelvados (Phlomido lychnitidis-Brachypodietum phoenicoidis), bem como os sobreirais (Asparago aphylliQuercetum suberis), os matagais de carvalhia (Erico-Quercetum lusitanicae), os tojais de tojo-durzio (Lavandulo luisieri-Ulicetum jussiaei), e tambm os carvalhais termfilos de carval