Biografia de Kant

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No seu mausoléu… Imanuel Kant

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No seu mausoléu…

Imanuel Kant

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"A vida de Kant não tem história: viveu uma vida mecânica, escrava do seu racionalismo desumano, sem emoções nem paixão, dedicada às grandes abstracções da filosofia, sem contacto com a vida real. Os habitantes de Königsberg (ou Kaliningrado) regulavam os seus relógios pela pontualidade dos seus passeios."

O que o mito nos faz crer!

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Nenhuma dessas afirmações é verdadeira. Kant foi um homem impulsivo e apaixonado, cheio de sentido de humor, e que convivia intensamente com o seu círculo de amigos, privando igualmente bem com nobres e comuns

A verdade

A sua vida foi pautada pela bonomia e pelo gosto de viver; fez inúmeros amigos ao longo da vida — e também inimigos, quando começou a tornar-se famoso. Mas nunca houve da sua parte um gesto reprovável ou uma falta moral grave

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Nascido a 22 de Abril de 1724, Kant viria a

morrer no dia 12 de Fevereiro de 1804.

Nos últimos anos de vida, perdeu quase todas as suas faculdades mentais, tinha dificuldade em reconhecer pessoas e perdeu toda a independência. Teve uma morte tranquila, mas os últimos tempos da sua vida foram tristes e humilhantes, para um homem que se destacou desde cedo pelo poder incisivo do seu intelecto

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Immanuel Kant era filho de um pequeno artesão e passou toda a vida em sua pequena cidade natal, Königsberg

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O seu pai, Johann Georg, era um mestre artesão: fazia arreios. O negócio nunca foi muito próspero, mas também não era miserável. Com a sua mãe, Anna Regina, e os seus irmãos e irmãs, Kant teve um ambiente familiar feliz, mas marcado pela tragédia da morte. A morte alheia, aliás, haveria de persegui-lo até ao fim dos seus dias, tendo perdido muitos dos seus amigos mais íntimos, e muitas vezes mais novos do que ele. Dos seus oito irmãos e irmãs, quatro morreram na infância

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Com apenas 1,57 m de altura, magro, de penetrantes olhos azuis e pele muito clara, Kant cedo se destacou como estudante. Foi apoiado por um tio, e pôde assim prosseguir os seus estudos. Contudo, detestou o colégio pietista, com os seus rigores absurdos e a ideia de que a aprendizagem era uma questão de repetitorium. Mostrou desde cedo uma grande liberdade de espírito e um grande sentido crítico. Sempre detestou mestres e quem os segue. A liberdade de pensamento crítico era para ele de primeira importância

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Kant tornou-se conhecido a pouco e pouco, tanto pela qualidade das suas aulas, pela afabilidade com os seus alunos e pelo empenho que colocava no ensino, como pelos pequenos ensaios que foi publicando. Esperou durante anos até conseguir um lugar na universidade de Königsberg. Tendo sido por duas vezes convidado para outras universidades (Halle e Jena), o que lhe teria valido excelente posição profissional e conforto económico, optou por não sair da sua cidade.

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Para assistir a uma das suas aulas era preciso ir uma hora mais cedoA sua fama como professor e escritor aumentou constantemente durante seus 15 anos como livre-docente. Lecionava sobre muitos assuntos além de física e matemática, incluindo lógica, metafísica, e filosofia moral. Até mesmo ensinou sobre fogos de artifício e fortificações e cada verão, durante 30 anos, deu um curso popular sobre geografia física. Seu estilo, que diferia grandemente daquele de seus livros, era humorístico e vivo, vivificados por muitos exemplos de suas leituras em literatura inglesa e francesa, viagens e geografia, ciência e filosofia.

Kant ensinou na universidade, primeiro dando aulas de ciências e matemática, mas gradualmente ampliando seu campo de interesse a quase todos os ramos da filosofia. A Física newtoniana o impressionou, não apenas pelas suas implicações filosóficas quanto pelo seu conteúdo científico

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Kant escreveu sobre o terramoto de lisboa e trouxe-o da esfera do transcendente para o domínio da ordem natural, Kant tentou mostrar-nos que, ao invés de procurar no desastre significados ocultos, deveríamos antes aperfeiçoar formas de coexistir com o risco da sua repetição.O jesuíta Gabriel Malagrida, comentou nos seguintes termos a hipótese de o terramoto ser um fenómeno natural: «Nem o Diabo inventaria uma maneira mais certa de nos levar à perdição.»

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Kant nunca se casou. O mito não se fez esperar, mais uma vez: frio e demasiado racional, Kant não tinha paixão. Na verdade, Kant não se casou pelo mesmo motivo que muitos académicos até há relativamente pouco tempo não se casavam: por falta de dinheiro para sustentar uma família. Com sentido de humor, Kant comentava que quando o casamento lhe poderia dar proveito não tinha dinheiro e quando finalmente teve dinheiro já era demasiado velho para ter algum proveito.

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Um grande prazer para Kant eram as caminhadas vespertinas. Solitárias, pois Kant “desejava respirar exclusivamente pelas narinas, o que não poderia fazer se fosse obrigado a continuamente abrir sua boca para conversar”

Kant manifestou grande simpatia pelos ideais da Independência Americana e depois da Revolução Francesa. Foi um pacifista convicto.

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Só uma vez se sentiu pressionado na exposição das suas doutrinas. Foi apenas na ocasião em que escreveu sobre religião, numa série de quatro artigos publicados na Revista Mensal de Berlim, reunidos mais tarde sob o título de A Religião nos Limites da Mera Razão (1793). Quando se preparava para publicar um desses artigos, Kant recebeu uma carta do Governo prussiano a pedir-lhe explicações e a ordenar-lhe que evitasse, no futuro, escrever sobre religião. Kant comprometeu-se, por escrito, a nunca mais escrever sobre religião, assumindo-se como súbdito fiel de Sua Majestade Real. E assim fez até o imperador morrer…

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Descansa num mausoléu em konnisberg, construído numa das paredes laterais da catedral

"1. Pensar por si mesmo; 2. Pensar colocando-se no lugar do outro; 3. Pensar sempre de acordo consigo mesmo. A primeira máxima é a do pensamento livre do preconceito, a segunda máxima é aquela do pensamento alargado, a terceira máxima é a do pensamento consequente"

A vida de Kant: mito e verdadeDesidério Murcho Kant: A Biography, de Manfred KuehnCambridge: Cambridge University Press, 2002, 566