Bioinformática aplicada ao desenvolvimento de fármacosimportância deste momento, destaco nos meus...

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© 2015 Dr. Walter F. de Azevedo Jr. Bioinformática Aplicada ao Desenvolvimento de Fármacos (aula 1) Prof. Dr. Walter F. de Azevedo Jr. [email protected] ou [email protected] 1

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Bioinformática Aplicada

ao Desenvolvimento

de Fármacos

(aula 1)

Prof. Dr. Walter F. de Azevedo Jr.

[email protected]

ou

[email protected]

Page 2: Bioinformática aplicada ao desenvolvimento de fármacosimportância deste momento, destaco nos meus modestos cursos alguns aspectos relevantes do processo da singularidade tecnológica.

Máquina de escrever inventada pelo padre paraibano,

Francisco João de Azevedo.

Disponível em:<

http://revistapesquisa2.fapesp.br/?art=1406&bd=1&pg=1&lg=

>

Acesso em: 12 de junho de 2015.

Antes de iniciarmos a disciplina, gostaria

de destacar que todo esforço foi realizado

para que o texto esteja em concordância

com as regras vigentes da nova

ortografia. Mas eu cometo erros de

digitação com frequência, por isso já peço

desculpas antecipadas. Outro ponto que

gostaria de destacar, as aulas em

PowerPoint têm como objetivo

disponibilizar o conteúdo completo do

curso em PDF (Portable Document

Format). Visto que os slides foram

preparados como material de estudo, eles

apresentam um texto longo para o padrão

de apresentações de slides. Por isso, veja

a apresentação disponibilizada como

material de estudo, e não somente o slide

da aula, onde recomenda-se escrevermos

pouco. O texto está com fonte arial e

tamanho 18. 2

Prefácio

Page 3: Bioinformática aplicada ao desenvolvimento de fármacosimportância deste momento, destaco nos meus modestos cursos alguns aspectos relevantes do processo da singularidade tecnológica.

Como podemos usar a Bioinformática no desenho

de fármacos?

Como fármacos interagem com enzimas?

Como funcionam os fármacos anti-HIV ?

Como funcionam os fármacos anticâncer?

Fonte: http://www.kurzweilai.net/

3

Page 4: Bioinformática aplicada ao desenvolvimento de fármacosimportância deste momento, destaco nos meus modestos cursos alguns aspectos relevantes do processo da singularidade tecnológica.

Uma grande parte de cientistas da área

de inteligência artificial, acredita que

vivemos um momento especial da história

do desenvolvimento científico. Devido à

importância deste momento, destaco nos

meus modestos cursos alguns aspectos

relevantes do processo da singularidade

tecnológica. Uma das características

desta última é o aumento expressivo da

expectativa de vida. Se compararmos a

expectativa de vida hoje, com a de um

brasileiro do início do século XX, vemos

que mais que dobramos nossa

expectativa. No gráfico ao lado, vemos

que a expectativa de vida do brasileiro em

1910 era de 34 anos, e hoje está acima

de 70 anos. O aumento deve-se a

diversos fatores, tais como o

desenvolvimento no saneamento básico e

as conquistas científicas da medicina

moderna.4

Ano

Expectativa de vida do Brasileiro entre 1910 e 2009. Fonte

dos dados: Informe da Previdência Social. Disponível em: <

http://www.previdencia.gov.br/arquivos/office/4_110525-

171625-908.pdf >. Acesso em: 12 de junho de 2015.

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Singularidade Tecnológica

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Page 5: Bioinformática aplicada ao desenvolvimento de fármacosimportância deste momento, destaco nos meus modestos cursos alguns aspectos relevantes do processo da singularidade tecnológica.

Dados para expectativa de vida, antes de

1910, indicam números ainda piores.

Segundo algumas fontes, a expectativa

de vida no Brasil em 1900 era inferior a 30

anos. Fonte: Laboratório de Demografia e

Estudo Populacionais. Disponível em: <

http://www.ufjf.br/ladem/2012/02/28/aume

nto-da-longevidade-e-estancamento-da-

esperanca-de-vida-artigo-de-jose-

eustaquio-diniz-alves/ >. Acesso em: 12

de junho de 2015.

Um gráfico da evolução da expectativa de

vida ano a ano (2000-2012), mostra

aspectos curiosos do aumento. Vemos um

avanço considerável entre 2002 e 2004.

Este pulo na melhora da expectativa de

vida, é, também, uma consequência direta

de políticas públicas de redução da

pobreza.

5

Expectativa de vida do Brasileiro entre 2000 e 2012. Fonte

dos dados: Index Mundi. Disponível em: <

http://www.indexmundi.com/g/g.aspx?c=br&v=30&l=pt >.

Acesso em: 12 de junho de 2015.

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vid

a

Ano

Singularidade Tecnológica

Page 6: Bioinformática aplicada ao desenvolvimento de fármacosimportância deste momento, destaco nos meus modestos cursos alguns aspectos relevantes do processo da singularidade tecnológica.

Olhando para o futuro, a expectativa de

vida traz grandes promessas. Um

geneticista da Cambridge University -

Reino Unido, prevê que a primeira pessoa

a viver mais de 1000 anos já está entre

nós (Site da BBC. Disponível em: <

http://news.bbc.co.uk/2/hi/uk_news/40030

63.stm >. Acesso em: 12 de junho de

2015.

Isto mesmo, mil anos! Não é erro de

digitação. Eu sou cético com relação a

este número, mas acredito, baseado na

aceleração do desenvolvimento científico,

que ultrapassaremos o limite de 120 anos

nas próximas décadas.

6

Página de entrada do site da Strategies for Engineered

Negligible Senescence (SENS) Foundation.

Disponível em: < http://sens.org/>. Acesso em: 12 de junho

de 2015.

Singularidade Tecnológica

Page 7: Bioinformática aplicada ao desenvolvimento de fármacosimportância deste momento, destaco nos meus modestos cursos alguns aspectos relevantes do processo da singularidade tecnológica.

A evolução da ciência médica, nos deu

nas últimas décadas desenvolvimentos

como transplantes, vacinas, novos

fármacos etc. Além disso, temos a

expectativa da substituição de órgãos,

como o rim crescido artificialmente

mostrado ao lado (Song et al., 2013).

Baseado neste cenário, podemos ser

otimistas quanto à expectativa de vida do

ser humano. Esperamos que, nas

próximas décadas, teremos a

possibilidade de substituição de nossos

órgãos conforme envelhecemos. A

substituição do rim por um crescido

artificialmente tem uma perspectiva de ser

possível numa década. Outros órgãos

apresentam equivalente biomecânico,

como o coração.

7

Rim artificial testado em ratos.

Disponível em: < http://www.bbc.co.uk/news/science-

environment-22149844>. Acesso em: 12 de junho de 2015.

Referência:

Song JJ, Guyette JP, Gilpin SE, Gonzalez G, Vacanti JP, Ott

HC.

Regeneration and experimental orthotopic transplantation of

a bioengineered kidney. Nat Med. 2013 Apr 14. doi:

10.1038/nm.3154

Singularidade Tecnológica

Page 8: Bioinformática aplicada ao desenvolvimento de fármacosimportância deste momento, destaco nos meus modestos cursos alguns aspectos relevantes do processo da singularidade tecnológica.

O gráfico ao lado ilustra a lei de Moore,

que estabelece que aproximadamente

entre 18 e 24 meses o número de

transistores por chip dobra. Esta lei foi

proposta por Gordon Moore cofundador

da Intel. Ou seja, considerando-se os

processadores hoje, esperamos que em

aproximadamente entre 18 e 24 meses

teremos disponíveis, pelo mesmo preço,

computadores com o dobro da

capacidade de processamento. Uma

extrapolação da lei de Moore para 2030,

ou um pouco depois, indica que teremos

computadores com a complexidade do

cérebro humano.

Disponível em: <

http://www.kurzweilai.net/the-law-of-

accelerating-returns >. Acesso em: 12 de

junho de 2015.

Evolução do número de transistores por chip em função do

ano.

Disponível em:

http://library.thinkquest.org/4116/Science/moore%27s.htm.

Acesso em: 12 de junho de 2015.

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Singularidade Tecnológica

Page 9: Bioinformática aplicada ao desenvolvimento de fármacosimportância deste momento, destaco nos meus modestos cursos alguns aspectos relevantes do processo da singularidade tecnológica.

Além do aumento expressivo do número

de anos vividos, a humanidade usufruirá

de facilidades tecnológicas cada vez mais

baratas.

A evolução da medicina e da cibernética,

permitirá o desenvolvimento de um

equivalente computacional ao cérebro

humano. Como o desenvolvimento

concomitante da neurociência, espera-se

que tenhamos a capacidade tecnológica

de transferirmos o conjunto de nossas

sinapses para um cérebro eletrônico, ou

seja, a substituição do cérebro humano,

por um equivalente computacional. Nessa

fase a humanidade atingirá virtualmente a

imortalidade. A situação onde esta

transição ocorrerá, é chamada de

singularidade tecnológica.Visão artística da modelagem matemática do cérebro.

Disponível em: <http://www.kurzweilai.net/mind-uploading-

featured-in-academic-journal-for-first-time>. Acesso em: 12

de junho de 2015.

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Singularidade Tecnológica

Page 10: Bioinformática aplicada ao desenvolvimento de fármacosimportância deste momento, destaco nos meus modestos cursos alguns aspectos relevantes do processo da singularidade tecnológica.

A pesquisa em singularidade tecnológica

é uma atividade multidisciplinar, cujo o

foco é o entendimento dos sistemas

biológicos e computacionais,

especificamente a interface do ser

humano com máquinas. A partir deste

conhecimento, teremos condições de

prolongar nossa expectativa de vida, até

termos condições tecnológicas de

transferirmos nossa consciência para um

sistema computacional, o que abre a

possibilidade da imortalidade, bem como

uma nova fase da evolução humana. Tal

fase da evolução permitirá a integração

das consciências computacionais, o que

abre um amplo espectro de

possibilidades. Tais tecnologias ainda não

existem, mas se consideramos a lei de

Moore, vemos que o rápido

desenvolvimento tecnológico nos levará

até este estágio.

Visão artística do cérebro digital.

Disponível em: < http://www.kurzweilai.net/critique-of-

against-naive-uploadism#!prettyPhoto>. Acesso em: 12 de

junho de 2015.

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Singularidade Tecnológica

Page 11: Bioinformática aplicada ao desenvolvimento de fármacosimportância deste momento, destaco nos meus modestos cursos alguns aspectos relevantes do processo da singularidade tecnológica.

Muitos autores destacam que, as

pesquisas mais importantes e

desafiadoras nos dias de hoje, estão

relacionadas com a singularidade

tecnológica. A bioinformática pode

contribuir nesta área em duas frentes de

atuação. Uma frente para entendermos as

bases moleculares do funcionamento do

cérebro, que permitirá seu entendimento e

então sua modelagem computacional.

Noutra frente, ao vivermos mais (aumento

da expectativa de vida), nos tornamos

sujeitos a novas enfermidades, que

podem ser combatidas com abordagens

do desenho de fármacos baseado em

computadores.

11

Página de entrada do site Kurzweil Accelerating Intelligence.

Disponível em:<http://www.kurzweilai.net/ >. Acesso em: 12

de junho de 2015.

Singularidade Tecnológica

Page 12: Bioinformática aplicada ao desenvolvimento de fármacosimportância deste momento, destaco nos meus modestos cursos alguns aspectos relevantes do processo da singularidade tecnológica.

12

Ao atingirmos a singularidade

tecnológica, abandonaremos as

limitações biológicas do nosso ser e

atingiremos um universo de novas

possibilidades que tal fase nos

trará.

Singularidade Tecnológica

Page 13: Bioinformática aplicada ao desenvolvimento de fármacosimportância deste momento, destaco nos meus modestos cursos alguns aspectos relevantes do processo da singularidade tecnológica.

Maiores informações sobre a singularidade tecnológica podem ser encontradas nos

artigos de Ray Kurzweil disponíveis on-line no site Kurzweil Accelerating Intelligence.

► Kurzweil responds: Don’t underestimate the Singularity. Disponível em: <

http://www.kurzweilai.net/kurzweil-responds-dont-underestimate-the-singularity>.

Acesso em: 12 de junho de 2015.

► The new era of health and medicine as an information technology is broader

than individual genes. Disponível em: < http://www.kurzweilai.net/the-new-era-of-

health-and-medicine >. Acesso em: 12 de junho de 2015.

► How my predictions are faring — an update by Ray Kurzweil. Disponível em: <

http://www.kurzweilai.net/how-my-predictions-are-faring-an-update-by-ray-kurzweil >.

Acesso em: 12 de junho de 2015.

► The Law of Accelerating Returns. Disponível em: < http://www.kurzweilai.net/the-

law-of-accelerating-returns >. Acesso em: 12 de junho de 2015.

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Singularidade Tecnológica

Page 14: Bioinformática aplicada ao desenvolvimento de fármacosimportância deste momento, destaco nos meus modestos cursos alguns aspectos relevantes do processo da singularidade tecnológica.

Bioinformática é a aplicação de

ferramentas computacionais para o

estudo de sistemas biológicos. O foco é o

armazenamento, recuperação e

interpretação da informação biológica.

Boa parte do conhecimento humano hoje

está depositada na forma de bancos de

dados. Especialmente com a Biologia e as

Ciências da Saúde, essas informações

precisam de sistemas computacionais

para o armazenamento eficiente e,

consequentemente, recuperação da

informação de forma confiável. A

bioinformática teve grande progresso com

a explosão de informações obtidas nos

projetos de sequenciamento de genomas

e o posterior estudo das proteínas. Primeiro cluster de brasileiro desenvolvido exclusivamente

para bioinformática. UNESP-S. J. R. P.-SP, 2004

Disponível em:

http://www.ita.br/online/2005/itanamidia05/jul2005/infoexame

25jul05.html >

Acesso em: 12 de junho de 2015.14

Bioinformática

Page 15: Bioinformática aplicada ao desenvolvimento de fármacosimportância deste momento, destaco nos meus modestos cursos alguns aspectos relevantes do processo da singularidade tecnológica.

Química

Computação

Biologia

Como uma área de pesquisa

interdisciplinar, onde temos a

convergência de diferentes áreas como

biologia, computação, física, química e

matemática. A bioinformática acaba por

desenvolver uma linguagem própria,

usando aspectos das disciplinas já

citadas. Agora, como área de pesquisa,

apesar da sua interdisciplinaridade,

muitos consideram que a bioinformática

está interessada em problemas da área

da biologia, por isso podemos dizer que

os problemas da bioinformática, são, em

última análise, problemas biológicos.

Bioinformática como uma área de pesquisa interdisciplinar.

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Física

Matemática

Bioinformática

Bioinformática

Page 16: Bioinformática aplicada ao desenvolvimento de fármacosimportância deste momento, destaco nos meus modestos cursos alguns aspectos relevantes do processo da singularidade tecnológica.

Diversos programas gráficos permitem a visualização molecular, como a representada

abaixo para o aminoácido alanina. A representação da figura é chamada CPK,

referente aos nomes dos cientistas que a propuseram (Corey, Pauling e Koltun)

(COREY e PAULING, 1953; KOLTUN, 1965). A figura abaixo foi gerada com o

programa VMD (visual molecular dynamics, disponível em:

http://www.ks.uiuc.edu/Development/Download/download.cgi?PackageName=VMD

)(HUMPHREY et al, 1996). As esferas em ciano representam os átomos de carbono,

em branco os átomos de hidrogênio, vermelho para oxigênio e azul para o nitrogênio.

Os bastões são ligações covalentes entre os átomos.

VMD é o acrônimo para visual molecular dynamics.

16

-COREY, RB; PAULING L. Molecular

models of amino acids, peptides and

proteins. Review of Scientific

Instruments, Nova York, v. 24, n.8,

p.621-627, 1953.

-HUMPHREY W; DALKE A; SCHULTEN

K. VMD - Visual Molecular Dynamics.

Journal of Molecular Graphics,

Amsterdã, v.14, p.33-38, 1996.

-KOLTUN WL. Precision space-filling

atomic models. Biopolymers, Hoboken,

v.3, n.6, p.665-79, 1965.

Bases Moleculares

Page 17: Bioinformática aplicada ao desenvolvimento de fármacosimportância deste momento, destaco nos meus modestos cursos alguns aspectos relevantes do processo da singularidade tecnológica.

Os aminoácidos apresentam diferenças

na carga elétrica, hidrofobicidade

(literalmente “temor à água”), polaridade e

massa molecular, para citar as principais

características físico-químicas.

Normalmente usamos a unidade Dálton

(Da) para medir a massa molecular de

aminoácidos e moléculas biológicas em

geral. Um Dálton equivale à massa de

1/12 do átomo de carbono 12. Para

proteínas usamos o kiloDálton (kDa), 1

kDa = 103 Da.

Na figura ao lado temos o aminoácido

alanina, que apresenta uma massa

molecular de 89,09 Da, e uma proteína

chamada lisozima, que apresenta uma

massa molecular de 14331,20 Da.

Usaremos o símbolo MW (molecular

weight) para representarmos a massa

molecular.

Lisozima de ovo de galinha (MW = 14331,20 Da ou

14,331 kDa). Código PDB: 6LYZ.

As figuras não estão na mesma escala.

Alanina (MW = 89,09 Da)

17

Aminoácidos

Page 18: Bioinformática aplicada ao desenvolvimento de fármacosimportância deste momento, destaco nos meus modestos cursos alguns aspectos relevantes do processo da singularidade tecnológica.

Considerando-se a massa molecular de

cada resíduo de aminoácido, temos uma

massa molecular média de 118,89 Da.

Este valor médio é útil na estimativa da

massa molecular aproximada de

proteínas e peptídeos, a partir do

conhecimento do número de resíduos de

aminoácidos presentes na molécula. A

equação abaixo indica a massa molecular

aproximada (MW),

MW = 118,89 . Naa

onde Naa é o número de resíduos de

aminoácidos presentes na molécula.

No exemplo ao lado temos a CDK2 (cyclin-

dependente kinase)(quinase dependente

de ciclina 2), com massa molecular de

34331,25 Da e 298 resíduos de

aminoácidos.

CDK2 humana(MW = 34331,25 Da )

Código PDB: 2A4L.

A massa molecular calculada pela equação, é de MW =

35429,22 Da, aproximadamente 3,2 % maior que a

massa molecular precisa da proteína. A equação é útil

para aproximações. 18

Aminoácidos

Page 19: Bioinformática aplicada ao desenvolvimento de fármacosimportância deste momento, destaco nos meus modestos cursos alguns aspectos relevantes do processo da singularidade tecnológica.

Podemos pensar que a proteína é

formada por uma sequência de

aminoácidos ligados covalentemente. O

primeiro aminoácido liga-se

covalentemente ao segundo, que liga-se

ao terceiro, assim sucessivamente. Tal

arranjo molecular é chamado de polímero,

ou seja, proteínas são polímeros de

aminoácidos. Ao ligarem-se uns aos

outros, cada par de aminoácidos perde

uma molécula de água, o que permite a

formação da ligação peptídica, como

mostrado na figura ao lado. O aminoácido

inserido na estrutura da proteína chama-

se resíduo de aminoácido.

Aspartato

Fenilalanina

Aspartame

H2O

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Ligação Peptídica

Page 20: Bioinformática aplicada ao desenvolvimento de fármacosimportância deste momento, destaco nos meus modestos cursos alguns aspectos relevantes do processo da singularidade tecnológica.

A molécula de aspartame é um

dipeptídeo, pois é formado por dois

resíduos de aminoácidos, aspartato (Asp)

e fenilalanina (Phe). A ligação peptídica

está indicada na molécula. O aspartame é

um adoçante com sabor de 100 a 200

vezes mais doce que a sacarose, por ser

formado de resíduos de aminoácidos é

facilmente metabolizado como as outras

proteínas que ingerimos.

No caso de 3 resíduos de aminoácidos

temos um tripeptídeo, 4 um tetrapeptideo,

5 um pentapeptídeo, e assim

sucessivamente.

Aspartame

Ligação peptídica

20

Peptídeos

Page 21: Bioinformática aplicada ao desenvolvimento de fármacosimportância deste momento, destaco nos meus modestos cursos alguns aspectos relevantes do processo da singularidade tecnológica.

A molécula de Ala-Gly é um dipeptídeo,

pois é formado por dois resíduos de

aminoácidos, alanina (Ala) e glicina (Gly).

A ligação peptídica está indicada na

molécula. A tabela abaixo mostra a

identificação dos principais tipos de

peptídeos, no que se refere ao número de

resíduos de aminoácidos presentes na

estrutura.

Ala-Gly

Ligação peptídica

Número de resíduos de aminoácido Nome

2 Dipeptídeo

3 Tripeptídeo

4 Tetrapeptídeo

5 Pentapeptídeo

6 Hexapeptídeo

7 Heptapeptídeo

8 Octapeptídeo

9 Eneapeptídeo

10 Decapeptídeo

21

Peptídeos

Page 22: Bioinformática aplicada ao desenvolvimento de fármacosimportância deste momento, destaco nos meus modestos cursos alguns aspectos relevantes do processo da singularidade tecnológica.

A figura abaixo mostra uma cadeia peptídica de 6 resíduos de aminoácidos (um

hexapeptídeo), onde lemos a sequência do N (terminal amino) para o C (terminal

carboxílico), tal convenção é usada para numerar os resíduos na sequência. Este

procedimento facilita a análise de diversas características das sequências de

aminoácidos, tais como, conservação de resíduos de aminoácidos em determinada

posição, identidade sequencial entre diversas proteínas, identificação de sítios ativos,

no caso de enzimas, entre outros aspectos.

Terminal N

Terminal CR1 R3 R5

R2 R4 R6

R’s indicam as cadeias laterais

22

Peptídeos

Page 23: Bioinformática aplicada ao desenvolvimento de fármacosimportância deste momento, destaco nos meus modestos cursos alguns aspectos relevantes do processo da singularidade tecnológica.

Sempre que estudamos a interação de fármacos com proteínas, temos interesse na

informação sobre as distâncias interatômicas, assim vamos definir como medimos tais

distâncias. No mundo molecular, usamos a unidade chamada angstrom (Å), que

equivale a 10-10m. Outra unidade usada no estudo de moléculas é o nanomêtro (nm),

1 nm = 10-9 m. Na presente disciplina usaremos sempre angstroms para medidas de

distâncias. Abaixo temos a distância interatômica entre átomos de um fármaco

(roscovitine) e a proteína quinase dependente de ciclina 2 em Å.

23

Angstrom

1 Å = 10-10 m

Page 24: Bioinformática aplicada ao desenvolvimento de fármacosimportância deste momento, destaco nos meus modestos cursos alguns aspectos relevantes do processo da singularidade tecnológica.

Abaixo temos a representação de van der Waals do aminoácido alanina, onde os

átomos são desenhados como esferas com o raio de van der Waals. Esta

representação mostra a superfície de van der Waals, definida pela área contínua das

superfícies esféricas. A tabela abaixo mostra os raios de van der Waals dos principais

átomos encontrados em moléculas biológicas.

Esferas representado átomos,

onde o raio de cada esfera é o

raio de van der Waals. O

código de cores é o mesmo

usado para representação

CPK.

Átomo Raio de van der Waals (Å)

H 1,20

C 1,85

N 1,54

O 1,40

P 1,90

S 1,85

24

Superfície de van der Waals

Page 25: Bioinformática aplicada ao desenvolvimento de fármacosimportância deste momento, destaco nos meus modestos cursos alguns aspectos relevantes do processo da singularidade tecnológica.

A superfície molecular é a superfície de van der Waals suavizada nas reentrâncias,

pois consideramos uma molécula de água esférica rolando sobre a superfície de van

der Waals. Tal molécula de água é chamada sonda. Quando aplicada à uma proteína,

permite a visualização de cavidades na superfície proteica.

Simplificação da representação

da molécula de água, como uma

esfera de raio de 1,4 Å.

Superfície molecular

A superfície molecular do

aminoácido alanina. O código

de cores é o mesmo usado

para representação CPK.

25

Superfície Molecular

Page 26: Bioinformática aplicada ao desenvolvimento de fármacosimportância deste momento, destaco nos meus modestos cursos alguns aspectos relevantes do processo da singularidade tecnológica.

As proteínas em solução permitem a interação de moléculas de água com sua

estrutura. A área acessível ao solvente (ASA, para accessible surface area) é um

parâmetro geométrico usado para analisar a interação de ligantes e água com a

superfície da proteína. O conceito de tal parâmetro é relativamente simples. Imagine

uma molécula de água deslizando sobre a superfície da proteína, uma molécula

esférica com um raio 1,4 Å é usada na representação, como mostrado abaixo. Esta

forma esférica para a molécula de água não é realista, mas é uma boa aproximação

para nossos propósitos. A superfície acessível ao solvente é traçada pelo movimento

do centro da esfera do solvente, indicada pela linha tracejada.

Simplificação da representação

da molécula de água, como uma

esfera de raio de 1,4 Å.

ASA é o acrônimo em inglês para accessible surface area.

Superfície de van der Waals

Molécula de água

Superfície acessível ao solvente

Esferas representado átomos,

onde o raio de cada esfera é o

raio de van der Waals.

26

Área Acessível ao Solvente

Page 27: Bioinformática aplicada ao desenvolvimento de fármacosimportância deste momento, destaco nos meus modestos cursos alguns aspectos relevantes do processo da singularidade tecnológica.

Há uma equação simples (LESK, 2001), que relaciona a massa molecular em Dáltons

(MW) de uma proteína monomérica, com sua área acessível ao solvente (ASA), esta

equação é uma aproximação, mas pode ser usada para termos uma ideia preliminar

da ASA. O resultado sai em angstroms ao quadrado (Å2).

ASA = 11,1 (MW)2/3 ou ASA = 11,1 (MW)0,666667

Superfície molecular

Esferas representado átomos,

onde o raio de cada átomo é o

raio de van der Waals.

Molécula de águaSimplificação da representação

da molécula de água, como uma

esfera de raio de 1,4 Å.

Superfície acessível ao solvente

Referência para a equação da área acessível ao solvente: LESK A. M. Introduction to Protein

Architecture. Oxford University Press, Oxford UK, 2001, página 27..27

Área Acessível ao Solvente

Page 28: Bioinformática aplicada ao desenvolvimento de fármacosimportância deste momento, destaco nos meus modestos cursos alguns aspectos relevantes do processo da singularidade tecnológica.

A figura ao lado representa a superfície

molecular de um fármaco (superfície em

verde) ligado a uma proteína. A superfície

molecular da proteína está representada

em cores diferentes, com os átomos

neutros representados por ciano, os

átomos polares negativos por vermelho e

os positivos por azul. Vemos claramente o

encaixe do fármaco no sítio ativo da

enzima. Podemos pensar que a proteína

é a fechadura e o fármaco é a chave, tal

analogia é chamada de modelo ‘chave-

fechadura’.

Proteína

“fechadura”

Fármaco

“chave”

CDK2 humana em complexo com o fármaco roscovitine.

Código PDB: 2A4L.

.Modelo ‘chave-fechadura’.

28

Modelo Chave-Fechadura

Page 29: Bioinformática aplicada ao desenvolvimento de fármacosimportância deste momento, destaco nos meus modestos cursos alguns aspectos relevantes do processo da singularidade tecnológica.

1. Cristalização. Nesta

etapa a macromolécula é

trazida a um estado de

supersaturação que

favorece a formação de

cristais, como os

mostrados acima. Os

cristais de moléculas

biológicas normalmente

apresentam dimensões

inferiores a 1 mm de

comprimento em cada

aresta.

2. Coleta de dados de difração de raios X no LNLS.

Os cristais apresentam um arranjo ordenado de

moléculas, como uma pilha de tijolos ordenados. Na

analogia, cada tijolo representa uma molécula. As

distâncias entre os átomos são da ordem de 1 Å (0,1 nm

ou 10-10 m), usando-se raios X (com comprimento de

onda da ordem de Å ) teremos difração.

3. Interpretação do padrão de

difração de raios X. A figura

abaixo é o registro da difração de

raios X de um cristal. Os raios X

interagem com o cristal, o que

produz um padrão de difração. A

análise desta informação

possibilita a resolução de estrutura

3D.

4. Resolução da estrutura.

A partir da análise do

padrão de difração é

possível gerar mapas de

densidade eletrônica (à

direita). A interpretação de

tais mapas gera a estrutura

3D de molécula.

5. Análise. A partir da estrutura

resolvida procedemos à análise,

onde relaciona-se a estrutura 3D à

sua função biológica.

Etapas para resolução da

estrutura 3D de

macromoléculas biológicas

por cristalografia

29

Cristalografia de Proteínas

Page 30: Bioinformática aplicada ao desenvolvimento de fármacosimportância deste momento, destaco nos meus modestos cursos alguns aspectos relevantes do processo da singularidade tecnológica.

Experimentos de cristalização no

espaço normalmente geram cristais

de melhor qualidade para estudos

de difração de raios X. As

condições de microgravidade do

espaço propiciam um

empacotamento cristalino mais

ordenado, gerando cristais que

difratam à mais alta resolução. A

proteína uropesina (Canduri et al.,

2001) foi cristalizada em condições

de microgravidade na missão STS-

95 do ônibus espacial Discovery (

Disponível em: <

http://www.youtube.com/watch?v=N

9IFiQNY8mE >).

Fonte: http://www.aviationspectator.com/more-aviation-photos?page=405. Crédito: NASA

Cristal de uropepsina .30

Cristalização de Proteínas no Espaço

Page 31: Bioinformática aplicada ao desenvolvimento de fármacosimportância deste momento, destaco nos meus modestos cursos alguns aspectos relevantes do processo da singularidade tecnológica.

Estes átomos estão ligados covalentemente, cada ligação é representada

por um bastão ligando os átomos, representados por esferas.

A ligação covalente é a responsável por ligações químicas entre os átomos. Uma

ligação forte mantém a cadeia principal da proteína e as cadeias laterais unidas. Na

representação CPK, a ligação covalente é indicada por um bastão unindo esferas. As

esferas indicam os átomos.

31

Interações Moleculares (Ligação Covalent)

Page 32: Bioinformática aplicada ao desenvolvimento de fármacosimportância deste momento, destaco nos meus modestos cursos alguns aspectos relevantes do processo da singularidade tecnológica.

Interação hidrofóbica, literalmente “temor à água”, indica uma força que impele os

resíduos hidrofóbicos para o interior da estrutura da proteína. Resíduos hidrofílicos

apresentam uma leve tendência estatística de apresentarem-se na superfície da

proteína. De forma inversa, temos uma tendência estatística de encontrarmos

resíduos hidrofóbicos enterrados na proteína. Na figura abaixo temos em ciano os

átomos de carbono (hidrofóbicos), em vermelho e azul os átomo hidrofílicos.

Representação de átomos polares na superfície da

proteína Purina Nucleosídeo Fosforilase.

Visualização do interior hidrofóbico da proteína,

representado no centro da figura.

32

Interações Moleculares (Hidrofóbica)

Page 33: Bioinformática aplicada ao desenvolvimento de fármacosimportância deste momento, destaco nos meus modestos cursos alguns aspectos relevantes do processo da singularidade tecnológica.

É a interação devido à proximidade entre átomos e envolve regiões não polares das

moléculas. As nuvens eletrônicas dos átomos passam a interagir por causa do dipolo

(cargas positiva e negativa posicionadas em extremos da molécula ou átomo) que

surge na nuvem eletrônica do átomo. Este dipolo é devido às características quânticas

do sistema, onde a indeterminação da posição do elétron leva à possibilidade de num

dado instante termos um elétron numa posição favorável à formação de um dipolo

elétrico. Tal dipolo pode interagir com a nuvem eletrônica de um átomo próximo. A

interação é relativamente fraca e de curto alcance.

RVDW RVDW

Átomos próximos permitem uma interação entre as nuvens eletrônicas, o que causa a força de van

der Waals. Quando a distância é menor que a soma dos raios de van der Waals (RVDW) a repulsão

surge entre os átomos. 33

Interações Moleculares (van der Waals)

Page 34: Bioinformática aplicada ao desenvolvimento de fármacosimportância deste momento, destaco nos meus modestos cursos alguns aspectos relevantes do processo da singularidade tecnológica.

O gráfico abaixo mostra a interação de van der Waals entre 2 átomos, vemos

claramente que temos uma distância (soma dos raios de van der Waals), para o qual a

energia é mínima.

Soma dos raios de van der Waals de dois átomos interagindo

34

Interações Moleculares (van der Waals)

Page 35: Bioinformática aplicada ao desenvolvimento de fármacosimportância deste momento, destaco nos meus modestos cursos alguns aspectos relevantes do processo da singularidade tecnológica.

As ligações de hidrogênio são de origem eletrostática, onde ocorre o

compartilhamento de um H entre átomos não ligados covalentemente. A ligação de

hidrogênio pode ocorrer entre moléculas diferentes. Por exemplo, quando moléculas

de água entram em contato com a superfície de uma proteína, as interações ocorrem

por meio de ligações de H. Numa ligação de hidrogênio temos sempre um átomo

doador de H e um aceitador de H. Na verdade não há transferência do H do doador

para o aceitador, e sim uma ação eletrostática do próton (H) sobre o aceitador. Na

figura abaixo o oxigênio é o aceitador e o nitrogênio é o doador. A distância (r) entre o

doador e o aceitador (r) varia entre 2,5 a 3,4 Å.

CON H

Doador Aceitador

r

35

Interações Moleculares (Ligações de Hidrogênio)

Page 36: Bioinformática aplicada ao desenvolvimento de fármacosimportância deste momento, destaco nos meus modestos cursos alguns aspectos relevantes do processo da singularidade tecnológica.

As ligações de H são responsáveis pela

estabilização de diversas macromoléculas

biológicas. Entre elas as moléculas de

DNA e RNA. Os pares de bases que

estabilizam a molécula de DNA

apresentam um padrão de ligações de

hidrogênio. Quando Watson e Crick

elucidaram a estrutura tridimensional do

DNA identificaram os pares de bases,

Citosina-Guanina (C-G) e Adenina-Timina

(A-T), que se conectam por ligações de

hidrogênio. A figura ao lado ilustra a

estrutura cristalográfica do DNA, os pares

de bases na região central da molécula

funcionam como amarras que seguram as

duas fitas do DNA.

36

Page 37: Bioinformática aplicada ao desenvolvimento de fármacosimportância deste momento, destaco nos meus modestos cursos alguns aspectos relevantes do processo da singularidade tecnológica.

A estrutura da hélice alfa foi prevista

teoricamente por Linus Pauling em 1950.

Vale a pena lembrar, que naquela data,

não havia informação estrutural sobre

proteínas, e sua previsão foi baseada na

estrutura cristalográfica de aminoácidos,

dipeptídeos e tripeptídeos, determinados

a partir de cristalografia por difração de

raios X. A estrutura de hélice alfa foi

posteriormente confirmada, quando a

estrutura cristalográfica da mioglobina foi

determinada em 1959.

37

Hélice Alfa

Page 38: Bioinformática aplicada ao desenvolvimento de fármacosimportância deste momento, destaco nos meus modestos cursos alguns aspectos relevantes do processo da singularidade tecnológica.

O enovelamento da hélice alfa leva a uma

estrutura onde as cadeias laterais ficam

voltadas para fora da estrutura, criando

uma estrutura cilíndrica compacta. Uma

análise das preferências dos resíduos de

aminoácidos indicou que leucina (Leu),

glutamato (Glu), metionina (Met) e alanina

(Ala), são encontrados preferencialmente

em hélices alfa (regra do LEMA), e os

resíduos prolina (Pro), isoleucina (Ile),

glicina (Gly) e serina (Ser), dificilmente

são encontrados em hélices alfas, regra

do PIGS. A figura da direita ilustra uma

visão de cima da hélice alfa, indicando as

cadeias laterais voltadas para o lado de

fora da hélice, tal estrutura tem um

diâmetro aproximado de 5 Å.

Normalmente encontramos em hélices

alfas os seguintes resíduos de

aminoácidos (regra do LEMA):

Leucina (L),

Glutamato (E),

Metionina (M) e

Alanina (A)

Normalmente ausentes em hélices alfas

(regra do PIGS):

Prolina (P),

Isoleucina (I),

Glicina (G) e

Serina (S) 38

Hélice Alfa

Page 39: Bioinformática aplicada ao desenvolvimento de fármacosimportância deste momento, destaco nos meus modestos cursos alguns aspectos relevantes do processo da singularidade tecnológica.

A estrutura tridimensional da hélice alfa é

estabilizada por um padrão de ligações de

hidrogênio, envolvendo o oxigênio da

carbonila do resíduo i com o nitrogênio do

resíduo i+4, como ilustrado na figura ao

lado com linhas tracejadas.

Há várias representações possíveis das

hélices numa estrutura. A representação

CPK faz uso de esferas para cada átomo

e bastões para as ligações covalentes,

como mostrada na figura ao lado. Tal

representação permite a identificação de

detalhes estruturais, possibilitando

destacar características estruturais, tais

como, ligações de hidrogênio, orientação

espacial e conectividade, contudo, tal

representação torna-se pesada, ao

olharmos para estruturas completas,

como a do próximo slide.

Ligação de hidrogênio

39

Hélice Alfa

Page 40: Bioinformática aplicada ao desenvolvimento de fármacosimportância deste momento, destaco nos meus modestos cursos alguns aspectos relevantes do processo da singularidade tecnológica.

Na figura ao lado temos a representação

em CPK da estrutura da mioglobina. A

presença das hélices fica de difícil

visualização, devido à grande quantidade

de átomos. A mioglobina tem 1260

átomos, ou seja, uma esfera para cada

átomo, o que dificulta a identificação das

hélices. Uma forma alternativa é

representação estilizada da hélice, onde

usamos somente os átomos da cadeia

principal, ou somente os carbonos alfa,

para geramos uma representação gráfica

da estrutura.

Representação gráfica: CPK

Código de acesso PDB: 1VXA

N

C

40

Estrutura da Mioglobina

Page 41: Bioinformática aplicada ao desenvolvimento de fármacosimportância deste momento, destaco nos meus modestos cursos alguns aspectos relevantes do processo da singularidade tecnológica.

A representação ao lado conecta os

carbonos alfa da estrutura, o que facilita a

visualização das hélices. Vemos na

estrutura diversas hélices, num total de 8.

Usamos o programa VMD com a opção

trace. O programa representa trechos em

hélice alfa em rosa. Estão destacados na

figura o início (terminal N, ou amino-

terminal) e o final (terminal C ou carboxi-

terminal).

Representação gráfica: trace

Código de acesso PDB: 1VXA

N

C

41

Estrutura da Mioglobina

Page 42: Bioinformática aplicada ao desenvolvimento de fármacosimportância deste momento, destaco nos meus modestos cursos alguns aspectos relevantes do processo da singularidade tecnológica.

Programas de visualização gráfica de

macromoléculas, como o VMD,

apresentam opções de representação em

cartoons, que perde os detalhes mas

facilita a identificação de aspectos gerais

sobre a estrutura tridimensional da

proteína, como na figura, gerada com o

VMD, com opção de representação

gráfica new cartoons. Os laços que

conectam a estrutura não apresentam o

formato helicoidal, sendo representado

por um tubo contínuo mais fino que a fita

usada nas representações das hélices.

Representação gráfica: new cartoon

Código de acesso PDB: 1VXA

N

C

42

Estrutura da Mioglobina

Page 43: Bioinformática aplicada ao desenvolvimento de fármacosimportância deste momento, destaco nos meus modestos cursos alguns aspectos relevantes do processo da singularidade tecnológica.

Outra representação gráfica possível para

as hélices é a representação em cilindro,

onde cada hélice é indicada como um

cilindro. A figura ao lado representa a

estrutura das hélices da mioglobina como

cilindros. A topologia da hélice é comum

em estruturas de proteínas, tal ubiquidade

deve-se às características geométricas

das hélices, que permitem a compactação

dos aminoácidos, numa estrutura regular

e relativamente rígida. As hélices

permitem, ainda, que resíduos de

aminoácidos hidrofóbicos concentrem-se

numa parte da hélice, deixando do outro

lado resíduos hidrofílicos, tais

características são úteis em proteínas

transmembranares, por exemplo. Assim,

na história evolutiva de cada ser, a

presença de hélices nas proteínas pode

levar a vantagens, daí sua ubiquidade.

Representação gráfica: cartoon

Código de acesso PDB: 1VXA

N

C

43

Estrutura da Mioglobina

Page 44: Bioinformática aplicada ao desenvolvimento de fármacosimportância deste momento, destaco nos meus modestos cursos alguns aspectos relevantes do processo da singularidade tecnológica.

Vamos analisar uma proteína composta

de hélices, a mioglobina, vista nos slides

anteriores. Em mamíferos terrestres a

mioglobina atua na facilitação da difusão

de oxigênio no músculo. Enquanto para

organismos da ordem Cetacea, a

mioglobina funciona como reserva de

oxigênio. A concentração de mioglobina

nos tecidos musculares desses

mamíferos marinhos chega a ser

aproximadamente 10 vezes maior que em

mamíferos terrestres, tal reserva de

oxigênio é importante em longos

mergulhos. Durante a história evolutiva

dos cetáceos, as características de

armazenamento de oxigênio da

mioglobina, apresentaram uma vantagem

evolutiva, o que permitiu que tais

organismos explorassem o oceano em

grandes profundidades.

Imagem disponível em:

<http://animaldiversity.ummz.umich.edu/site/accounts/pict

ures/Physeter_catodon.html >

Acesso em: 12 de junho de 2015.

Foto da Physeter catodon. (cachalote)

44

Mioglobina de Cetáceos

Page 45: Bioinformática aplicada ao desenvolvimento de fármacosimportância deste momento, destaco nos meus modestos cursos alguns aspectos relevantes do processo da singularidade tecnológica.

Ao lado temos a estrutura da mioglobina

com destaque para o grupo heme, que

aparece ligado a essas proteínas. Esse

grupo não proteico apresenta um átomo

de ferro (em verde) no centro, coordenado

por 4 átomos de nitrogênio do grupo

heme e com um quinto nitrogênio da

histidina 93 da mioglobina. O átomo de

ferro liga-se ao oxigênio (O2), o que

funciona como reserva para os

mergulhos. A partir da análise da estrutura

tridimensional da mioglobina, vemos que

o grupo heme está fortemente ligado à

mioglobina e apresenta um espaço no

bolsão onde fica o grupo. Esse espaço

permite a captura do oxigênio pelo átomo

de ferro.

Mioglobina de Physeter catodon (cachalote).

Destaque do grupo heme com o átomo

de ferro em verde.

His93

O2

45

Mioglobina de Cetáceos

Page 46: Bioinformática aplicada ao desenvolvimento de fármacosimportância deste momento, destaco nos meus modestos cursos alguns aspectos relevantes do processo da singularidade tecnológica.

A fita beta apresenta uma cadeia principal

distendida, não havendo hélices em sua

topologia. Uma cadeia distendida, como

mostrada na figura ao lado, não possibilita

a existência de ligações de hidrogênio,

como observadas nas hélices, contudo,

tal arranjo, libera o oxigênio da carbonila e

o nitrogênio da cadeia principal para

fazerem ligações de hidrogênio, com

partes distantes da cadeia peptídica, ou

mesmo, com outras cadeias peptídicas. A

condição necessária é a proximidade do

par doador-aceitador da ligação de

hidrogênio. Os terminais N e C são

indicados na figura.

C

N

46

Fita Beta

Page 47: Bioinformática aplicada ao desenvolvimento de fármacosimportância deste momento, destaco nos meus modestos cursos alguns aspectos relevantes do processo da singularidade tecnológica.

N

C

Ligação de hidrogênio

C

N

A disposição próxima das fitas beta

possibilita ligações de hidrogênio que

fortalecem a estrutura tridimensional da

proteína. O arranjo mostrado ao lado é a

base para a montagem de uma folha beta,

com várias fitas betas. Quando as fitas,

que formam a folha beta, apontam todas

na mesma direção, temos um folha beta

paralela. O padrão entrelaçado das

ligações de hidrogênio fornece uma

estabilidade estrutural ao sistema, o que

possibilita a montagem de folhas betas

com várias fitas.

N

C

47

Fita Beta

Page 48: Bioinformática aplicada ao desenvolvimento de fármacosimportância deste momento, destaco nos meus modestos cursos alguns aspectos relevantes do processo da singularidade tecnológica.

Para simplificar a representação gráfica,

normalmente usamos vetores, como os

indicados ao lado. Cada vetor representa

uma fita beta, que em conjunto formam a

folha. A cabeça do vetor indica o terminal

C e o início do vetor o terminal N.

C C

NN

N

C

48

Fita Beta

Page 49: Bioinformática aplicada ao desenvolvimento de fármacosimportância deste momento, destaco nos meus modestos cursos alguns aspectos relevantes do processo da singularidade tecnológica.

Outra possibilidade de formarmos uma

folha beta é com fitas beta alternadas,

como mostrado na figura ao lado. Na

folha ao lado temos 3 fitas, onde a

primeira segue com o terminal N na parte

superior, a segunda com o terminal C na

parte superior, e assim alternando-se,

num padrão antiparalelo de fitas beta.

49

Fita Beta

Page 50: Bioinformática aplicada ao desenvolvimento de fármacosimportância deste momento, destaco nos meus modestos cursos alguns aspectos relevantes do processo da singularidade tecnológica.

N

C

Na representação das fitas beta como

vetores, fica claro a alternância do sentido

das fitas beta, desenhadas em azul. Os

trechos em amarelo são partes da cadeia

proteica que conectam as fitas, chamados

de alças. As alças não apresentam a

geometria da hélice nem da fita, mas

conectam tais elementos estruturais.

50

Alças

Alça

Fita beta

Fita Beta

Page 51: Bioinformática aplicada ao desenvolvimento de fármacosimportância deste momento, destaco nos meus modestos cursos alguns aspectos relevantes do processo da singularidade tecnológica.

Primária Secundária Terciária Quaternária

Na análise da estrutura de uma proteína podemos visualizar diferentes níveis de

complexidade. Do mais simples para o mais complexo. A sequência de resíduos de

aminoácidos é a estrutura primária. A identificação das partes da estrutura primária

que formam hélices, fitas e laços é a estrutura secundária. As coordenadas atômicas

de todos os átomos que formam a proteína é a estrutura terciária. Por último, se a

proteína tem mais de uma cadeia polipeptídica, esta apresenta uma estrutura

quaternária.

51

Níveis Estruturais de Proteínas

Page 52: Bioinformática aplicada ao desenvolvimento de fármacosimportância deste momento, destaco nos meus modestos cursos alguns aspectos relevantes do processo da singularidade tecnológica.

Uma forma de armazenarmos informações sobre a estrutura primária de uma proteína

é num arquivo texto simples, onde o códigos de uma letra são armazenados. A

primeira letra é o resíduo de aminoácido do terminal amino, a segundo letra é o

resíduo de aminoácido ligado ao primeiro, e assim sucessivamente até o último

resíduo de aminoácido que está no terminal carboxilíco. Um dos formatos mais usados

é chamado formato FASTA, pois um dos primeiros programa usados para busca em

base de dados de sequência recebeu este nome (FASTA). Abaixo temos o arquivo

FASTA para a estrutura primária da cadeia beta da hemoglobina humana.

52

>2HBS:B|PDBID|CHAIN|SEQUENCE

VHLTPVEKSAVTALWGKVNVDEVGGEALGRLLVVYPWTQRFFESFGDLSTPDAV

MGNPKVKAHGKKVLGAFSDGLAHLDN

LKGTFATLSELHCDKLHVDPENFRLLGNVLVCVLAHHFGKEFTPPVQAAYQKVVA

GVANALAHKYH

Linha de identificação da proteína (não contém aminoácidos)Onde inicia a sequência (terminal N) o aminoácido Valina

Onde termina a sequência (terminal C) o aminoácido Histidina

Estrutura Primária de Proteínas

Page 53: Bioinformática aplicada ao desenvolvimento de fármacosimportância deste momento, destaco nos meus modestos cursos alguns aspectos relevantes do processo da singularidade tecnológica.

Todo arquivo FASTA inicia com o símbolo “>”, é um símbolo usado para marcar a linha

de identificação, as outras linhas mostram a estrutura primária da proteína. O formato

FASTA pode ser usado também para armazenar estruturas primárias de ácidos

nucleicos, só que nesse caso teremos nucleotídeos, ao invés de resíduos de

aminoácidos. Vimos o formato FASTA no exemplo do dogma central da biologia

molecular.

53

>2HBS:B|PDBID|CHAIN|SEQUENCE

VHLTPVEKSAVTALWGKVNVDEVGGEALGRLLVVYPWTQRFFESFGDLSTPDAV

MGNPKVKAHGKKVLGAFSDGLAHLDN

LKGTFATLSELHCDKLHVDPENFRLLGNVLVCVLAHHFGKEFTPPVQAAYQKVVA

GVANALAHKYH

Linha de identificação da proteína (não contém aminoácidos)Onde inicia a sequência (terminal N) o aminoácido Valina

Onde termina a sequência (terminal C) o aminoácido Histidina

Estrutura Primária de Proteínas

Page 54: Bioinformática aplicada ao desenvolvimento de fármacosimportância deste momento, destaco nos meus modestos cursos alguns aspectos relevantes do processo da singularidade tecnológica.

A partir da elucidação da estrutura

tridimensional da hemoglobina, uma

proteína formada preponderantemente

por hélices alfa),foi possível identificar as

bases estruturais da patologia conhecida

como anemia falciforme. Tal doença é

caracterizada pela mutação de um

resíduo de aminoácido da hemoglobina. A

mutação é de glutamato para valina, na

posição 6 da cadeia beta. A hemoglobina

tem a função de transportar oxigênio dos

alvéolos pulmonares até as células

receptoras.

54

Estrutura cristalográfica da hemoglobina humana. Código

PDB: 3HHH.

>2HBS:B|PDBID|CHAIN|SEQUENCE

VHLTPVEKSAVTALWGKVNVDEVGGEALGRLLVVYPWTQRFFESFGDLSTPDAV

MGNPKVKAHGKKVLGAFSDGLAHLDN

LKGTFATLSELHCDKLHVDPENFRLLGNVLVCVLAHHFGKEFTPPVQAAYQKVVA

GVANALAHKYH

Anemia Falciforme

Page 55: Bioinformática aplicada ao desenvolvimento de fármacosimportância deste momento, destaco nos meus modestos cursos alguns aspectos relevantes do processo da singularidade tecnológica.

Se usarmos o diagrama de Venn dos

aminoácidos, podemos ver que tal

mudança é de um resíduo ácido e polar

(glutamato) para um hidrofóbico (valina).

Gly

Ala

Val

Leu

Ile

Phe Trp

MetProCys

Ser

Thr

TyrAsn

Gln

Asp Glu

His Lys

ArgHidrofóbicos

Alifáticos

Aromáticos

Com enxofrePolares

Ácidos

Básicos

55

Anemia Falciforme

Page 56: Bioinformática aplicada ao desenvolvimento de fármacosimportância deste momento, destaco nos meus modestos cursos alguns aspectos relevantes do processo da singularidade tecnológica.

A hemácia, sem a hemoglobina com esta

mutação (HbA), passa facilmente pelos

capilares, realizando a liberação de

oxigênio nas células (figura ao lado

superior). A hemácia (com a hemoglobina

que apresenta a mutação), ao passar

para forma desoxigenada, muda sua

forma de disco para uma forma de foice

(figura de baixo). Tal forma é mais rígida,

dificultando a circulação da hemácia.

Imagem disponível em: <

http://sickle.bwh.harvard.edu/scd_background.html

>

Acesso em: 12 de junho de 2015.56

Anemia Falciforme

Page 57: Bioinformática aplicada ao desenvolvimento de fármacosimportância deste momento, destaco nos meus modestos cursos alguns aspectos relevantes do processo da singularidade tecnológica.

A presença de um resíduo hidrofóbico

(valina), onde antes havia um hidrofílico

(glutamato), cria uma porção adesiva na

superfície da hemoglobina. Tal superfície

adesiva promove a formação de um

polímero de hemoglobinas, como

mostrado na figura ao lado. Esse polímero

limita a flexibilidade de hemácia,

causando a obstrução do capilares. Cada

hemoglobina é representada como uma

conta na estrutura ao lado, a

sobreposição das contas ocorre para

evitar o contato da porção hidrofóbica

(valina) com o meio.

57

Imagem disponível em: <

http://sickle.bwh.harvard.edu/scd_background.html

>

Acesso em: 12 de junho de 2015.

Anemia Falciforme

Page 58: Bioinformática aplicada ao desenvolvimento de fármacosimportância deste momento, destaco nos meus modestos cursos alguns aspectos relevantes do processo da singularidade tecnológica.

Diferentes formas de estudo de sistemas

biológicos.

In silico. Usa simulação e modelagem

computacional para o estudo de sistemas

biológicos. Tem como principal vantagem

o baixo custo e a possibilidade de

testarmos diversos sistemas diferentes

em computador. O principal problema é a

confiabilidade dos sistemas simulados.

Nem sempre é possível obtermos

modelos computacionais realísticos para

um sistema biológico. A abordagem in

silico é comum no estudo de novos

fármacos. É uma forma de acelerar o

processo de descoberta e

desenvolvimento de fármacos,

adicionando inteligência e ética ao

desenvolvimento de novos fármacos.

Fármaco contra tuberculose em estudo in silico.

Fonte: Bio-Inspired Algorithms Applied to Molecular Docking

Simulations. Heberlé G, De Azevedo WF Jr. Curr Med Chem

2011; 18 (9): 1339-1352. 58

Testes Pré-clínicos

Page 59: Bioinformática aplicada ao desenvolvimento de fármacosimportância deste momento, destaco nos meus modestos cursos alguns aspectos relevantes do processo da singularidade tecnológica.

Adicionamos inteligência, pois podemos

testar milhares de sistemas em

computador. No caso específico do

desenho de fármacos in silico, podemos

testar em computador milhares, até

mesmos milhões de moléculas, que

apresentam potencial de se tornarem

fármacos.

Adicionamos uma abordagem ética ao

desenvolvimento de fármacos, pois ao

invés de sacrificarmos milhões de cobaias

em testes pré-clínicos, focamos os testes

pré-clínicos (que não envolvem humanos)

nas moléculas mais promissoras.

Muitos testes pré-clínicos são feitos em camundongos e em

cachorros. 59

Testes Pré-clínicos

Page 60: Bioinformática aplicada ao desenvolvimento de fármacosimportância deste momento, destaco nos meus modestos cursos alguns aspectos relevantes do processo da singularidade tecnológica.

In vitro. Usa experimentos de laboratório

sem envolvimento direto de cobaias

(testes em tubos de ensaios). Tem um

custo relativamente mais alto que a

simulação computacional, mas é mais

realista, visto que os experimentos são

realizados em situações próximas às

encontradas no ser vivo.

In vivo. É o experimento mais realista,

visto que é feito em seres vivos. Tem

como principais problemas o custo

elevado, quando comparado com as

outras abordagens, e os aspectos éticos

envolvidos.

Fonte da imagem: http://www.vivopharm.com.au/us/in_vitro.php

Acesso em: 12 de junho de 2015.

Cientistas demonstram a eficácia de nanopartículas para

entrega de droga anticancerígena (doxorubicin) nas células

alvos.

Fonte da imagem:

http://newsroom.ucla.edu/portal/ucla/srpview.aspx?id=13868360

Testes Pré-clínicos

Page 61: Bioinformática aplicada ao desenvolvimento de fármacosimportância deste momento, destaco nos meus modestos cursos alguns aspectos relevantes do processo da singularidade tecnológica.

O teste mais avançado e realista dos

estudos in vivo é o teste clínico. Em tais

testes, moléculas com potencial

farmacológico são aplicadas em

humanos. Os testes visam verificar se o

fármaco em potencial apresenta eficácia e

toxicidade tolerável. Normalmente, são

realizados testes pré-clínicos, onde os

fármacos em potencial são testados in

vitro e in vivo, com animais não humanos.

Classicamente os testes clínicos são

divididos nas seguintes fases: Fase 0. Tal

denominação é relativamente mais

recente ("Guidance for Industry,

Investigators, and Reviewers". Food and

Drug Administration, Acesso em: 12 de

junho de 2015) e visa testar o fármaco em

potencial em humanos em doses sub-

terapêuticas, onde é testado se o fármaco

em potencial comporta-se como

esperado.

Pílulas de óleo de Salvia officinalis (ou placebo) usada em

testes clínicos como remédio para memória. Fonte da

imagem:http://www.sciencephoto.com/media/281222/enlarg

e . Acesso em: 12 de junho de 2015.61

Testes Clínicos

Page 62: Bioinformática aplicada ao desenvolvimento de fármacosimportância deste momento, destaco nos meus modestos cursos alguns aspectos relevantes do processo da singularidade tecnológica.

Fase I. Nesta fase um grupo

relativamente pequeno de indivíduos

(entre 100 e 200) são testados. A fase I

testa a tolerância da droga e usa

indivíduos saudáveis. As regras para a

participação nos testes variam de país

para país, nos EUA pagam para

indivíduos participarem de tais testes.

Fase II. Nesta fase é testada a eficácia da

droga, bem como sua toxidade. O número

de indivíduos pode chegar a 300.

Fase III. Nesta fase é realizado um

estudo multicentro e com um número

maior de pacientes, até 3000.

Fase IV. É a fase pós-mercado, ocorre

depois do fármaco ter sido liberado para

comercialização.

Seriado Two and half men. Alan foi convencido a participar

de um teste clínico.

Fonte da imagem:

http://www.youtube.com/watch?v=8ypYeK8L-DQ

Acesso em: 12 de junho de 2015.62

Testes Clínicos

Page 63: Bioinformática aplicada ao desenvolvimento de fármacosimportância deste momento, destaco nos meus modestos cursos alguns aspectos relevantes do processo da singularidade tecnológica.

Imagem disponível em: <

http://missinglink.ucsf.edu/lm/cell_cycle/cycle.html

>

Acesso em: 12 de junho de 2015.

63

A enzima quinase dependente de ciclina

CDK (cyclin-dependent kinase) apresenta-

se como alvo para desenho de fármacos

contra câncer, pois a inibição dessas

enzimas bloqueia o progresso do ciclo

celular, podendo levar a célula

cancerígena à apoptose (morte celular

programada). Uma das CDKs mais

estudas é a CDK2, envolvida na

passagem de G1 para S, como mostrado

no diagrama ao lado. A inibição da CDK2

impede a progressão do ciclo celular na

passagem de G1/S.

Progressão do Ciclo Celular

Page 64: Bioinformática aplicada ao desenvolvimento de fármacosimportância deste momento, destaco nos meus modestos cursos alguns aspectos relevantes do processo da singularidade tecnológica.

A CDK2 é inativa como monômero e sua ativação requer uma sequência de eventos

mostrados no diagrama esquemático abaixo. A CDK liga-se à ciclina, uma proteína

cujo o nível oscila durante a progressão do ciclo celular. Além da ligação da ciclina, é

necessária uma sequência de fosforilação e desfosoforilação, que culminam com a

ativação da complexo CDK-ciclina.

Fonte: Canduri F, de Azevedo WF Jr. Curr Computer-Aided

Drug Design 2005; 1(1): 53-64. 64

Progressão do Ciclo Celular

Page 65: Bioinformática aplicada ao desenvolvimento de fármacosimportância deste momento, destaco nos meus modestos cursos alguns aspectos relevantes do processo da singularidade tecnológica.

A elucidação de estrutura cristalográfica

da CDK2 humana na forma apo (sem

inibidores ou outros ligantes), e depois

complexada com inibidores e com a

ciclina, desvendou os detalhes estruturais

da especificidade de diferentes inibidores

pela CDK2. A grande maioria dos

inibidores de CDK ligam-se no bolsão de

ligação de ATP (adenosina trifosfato),

mostrado na figura ao lado, sendo

inibidores do tipo competitivo. A região de

ligação do ATP e dos inibidores

competitivos está indicada por uma elipse

na figura ao lado.

Bolsão de ligação de ATP

Fonte: Canduri F, de Azevedo WF Jr. Curr Computer-Aided

Drug Design 2005; 1(1): 53-64.

Terminal C

Terminal N

65

Quinase Dependente de Ciclina

Page 66: Bioinformática aplicada ao desenvolvimento de fármacosimportância deste momento, destaco nos meus modestos cursos alguns aspectos relevantes do processo da singularidade tecnológica.

A partir da elucidação de várias estruturas cristalográficas complexadas com

inibidores, podemos propor uma explicação para os aspectos estruturais em comum,

necessários para a inibição da CDK2. Inibidores de CDK2 apresentam um padrão

complementar de ligações de hidrogênio com a enzima, chamado de garfo molecular

(figura abaixo). Há na CDK2 uma sequência de aceitador, doador e aceitador de

ligação de hidrogênio, que é complementar no inibidor.

Glu 81 C=O

Leu 83 C=O

Leu 83 N-H

CDK266

Quinase Dependente de Ciclina

Page 67: Bioinformática aplicada ao desenvolvimento de fármacosimportância deste momento, destaco nos meus modestos cursos alguns aspectos relevantes do processo da singularidade tecnológica.

Assim, as estruturas dos compostos para apresentarem uma boa interação com a

CDK2, devem ter pelo menos dois átomos com potencial para participarem de

ligações de hidrogênio, não muito afastados um do outro e, possivelmente, um terceiro

átomo nas proximidades dos dois primeiros. Nem todos os inibidores de CDK2

completam as três interações intermoleculares, mas pelo menos uma está sempre

presente.

Glu 81 C=O

Leu 83 C=O

Leu 83 N-H

Doador de ligação de H

Doador de ligação de H

Aceitador de ligação de H

CDK2 Inibidor 67

Quinase Dependente de Ciclina

Page 68: Bioinformática aplicada ao desenvolvimento de fármacosimportância deste momento, destaco nos meus modestos cursos alguns aspectos relevantes do processo da singularidade tecnológica.

Veja na estrutura dos inibidores os átomos que participam de ligações de hidrogênio

intermoleculares com o garfo molecular da CDK2.

Aceitador de ligação de hidrogênio

Doador de ligação de hidrogênio

68

Quinase Dependente de Ciclina

Page 69: Bioinformática aplicada ao desenvolvimento de fármacosimportância deste momento, destaco nos meus modestos cursos alguns aspectos relevantes do processo da singularidade tecnológica.

Muitos dos fármacos anticâncer usados em quimioterapia são moléculas que

interagem diretamente com o DNA. A interação intermolecular entre fármacos e a

molécula de DNA ocorre principalmente envolvendo agentes intercalantes, descritos a

seguir.Esses agentes são moléculas capazes de

encaixar-se entre os pares de bases da

molécula de DNA. Tal interação deforma a

estrutura de hélice dupla do DNA, o que

previne replicação e transcrição dessa.

Exemplo de uma droga intercalante é

doxorubicin (mostrada na figura ao lado),

que é usada no tratamento de tumores

sólidos. Essa molécula aproxima-se do

DNA via a cavidade maior e se intercala

usando o sistema de anéis tricíclicos.

Doxorubicin

69

Agentes Intercalantes de DNA

Page 70: Bioinformática aplicada ao desenvolvimento de fármacosimportância deste momento, destaco nos meus modestos cursos alguns aspectos relevantes do processo da singularidade tecnológica.

A estrutura cristalográfica do DNA, em

complexo com doxorubicin, revelou o

encaixe do doxorubicin entre os pares de

bases, indicados na figura ao lado. A

molécula ajusta-se na molécula de DNA

deformando-a, vemos ao lado o

emparelhamento dos pares de bases e da

molécula de doxorubicin (Código de

acesso PDB: 1D12).

Doxorubicin

70

Doxorubicin

Doxorubicin

Agentes Intercalantes de DNA

Page 71: Bioinformática aplicada ao desenvolvimento de fármacosimportância deste momento, destaco nos meus modestos cursos alguns aspectos relevantes do processo da singularidade tecnológica.

Consideremos um sistema biológico

formado por uma proteína (P) e um

ligante (L) em solução. No sistema o

ligante é uma pequena molécula que

apresenta afinidade pela proteína, por

exemplo, o fármaco indinavir, um inibidor

a protease do HIV. Tal sistema possibilita

a formação de um complexo binário

proteína-ligante (PL), com constante de

reação indicada por k1 e constante

reversa de reação dada por k-1, ambos

descritos na equação reversível abaixo,

P + L PL

A reação pode ser caracterizada pela

constante de equilíbrio (Keq). Na prática

são usadas as constantes de dissociação

(Kd) e inibição (Ki).

k1

k-1

Formação do complexo proteína (P) com ligante (L),

complexo proteína-ligante (PL).

A estrutura em destaque é o complexo protease do HIV (P)

e o fármaco indinavir (L), usado no tratamento contra a

AIDS.

Interação Proteína-Ligante

71

Ligante

Proteína

Page 72: Bioinformática aplicada ao desenvolvimento de fármacosimportância deste momento, destaco nos meus modestos cursos alguns aspectos relevantes do processo da singularidade tecnológica.

As interações entre o inibidor de CDK2

(roscovitine mostrado ao lado) e a

proteína alvo (CDK2) são não covalentes.

Tais contatos intermoleculares

apresentam uma interação energética

favorável, o que leva o equilíbrio da

reação química indicada abaixo para o

lado da formação do complexo binário

(PL).

P + L PL

A análise da energia da interação

proteína-ligante indica a formação de um

composto de transição, onde a energia do

sistema é elevada e o composto formado

instável. Este estado é chamado estado

de transição, e a reação caminha para

uma menor energia, com a formação do

complexo binário PL.

k1

k-1

Estrutura molecular do inibidor de CDK2 roscovitine. A

figura foi gerada com o programa VMD e a opção CPK. As

coordenadas foram extraídas do arquivo PDB: 2a4l.

72

Interação Proteína-Ligante

Page 73: Bioinformática aplicada ao desenvolvimento de fármacosimportância deste momento, destaco nos meus modestos cursos alguns aspectos relevantes do processo da singularidade tecnológica.

+

Proteína + Ligante Estado de transição Complexo proteína-ligante

Energ

ia

Coordenada da interação

Ea

Ed

E

Ea = Energia de ativação para associação

Ed = Energia de ativação para dissociação

E = Variação total da energia

73

Interação Proteína-Ligante

Page 74: Bioinformática aplicada ao desenvolvimento de fármacosimportância deste momento, destaco nos meus modestos cursos alguns aspectos relevantes do processo da singularidade tecnológica.

P + L PL

Podemos representar a formação do complexo proteína-ligante (PL) a partir dos

componentes proteína (P) e ligante(L), como esquematizado abaixo. Temos a proteína

(P) e o ligante (L) em solução, no caso do ligante apresentar afinidade pela proteína, o

equilíbrio desta reação será favorável à formação do complexo proteína-ligante (PL).

k1

k-1

74

Interação Proteína-Ligante

Page 75: Bioinformática aplicada ao desenvolvimento de fármacosimportância deste momento, destaco nos meus modestos cursos alguns aspectos relevantes do processo da singularidade tecnológica.

No caso do complexo binário proteína-

ligante (PL) apresentar uma energia

menor que as moléculas livres (proteína e

ligante sem interação), a formação do

complexo proteína-ligante ocorrerá de

forma espontânea, ou seja, sem a

necessidade de fornecimento de energia

para que ocorra a formação. Uma forma

de estudar a formação do complexo

binário é a partir da avaliação da variação

de energia livre de Gibbs (G), definida

pela seguinte equação,

G = H -TS

Onde H é a entalpia do sistema

proteína-ligante, T é a temperatura e S é

a variação da entropia do sistema. Na figura acima temos a formação espontânea de um

complexo proteína-ligante, pois este apresenta energia

menor que das moléculas livres (proteína e ligante sem

interação)

P

L

PL

75

Interação Proteína-Ligante

Page 76: Bioinformática aplicada ao desenvolvimento de fármacosimportância deste momento, destaco nos meus modestos cursos alguns aspectos relevantes do processo da singularidade tecnológica.

G = H -TSCom G > 0 a reação não é favorável à formação do

complexo, como na figura inferior. Com G < 0 temos

uma reação favorável à formação do complexo, como na

figura superior.

L

P

G < 0

G > 0

O termo H indica a entalpia do sistema,

que representa as forças moleculares

envolvidas nas interações proteína-

ligante. O termo S é a variação da

entropia do sistema, que pode ser

entendida como a quantidade de

energia que não pode ser convertida

em trabalho. Na equação anterior, o

produto da temperatura absoluta (T) pela

variação da entropia (S), indica que um

aumento da entropia favorece a formação

do complexo binário.

Um valor negativo de G indica formação

espontânea do complexo.

PL

76

Interação Proteína-Ligante

Page 77: Bioinformática aplicada ao desenvolvimento de fármacosimportância deste momento, destaco nos meus modestos cursos alguns aspectos relevantes do processo da singularidade tecnológica.

O termo entálpico (H) contribui para variação da energia livre de Gibbs, por meio de

interações não-covalentes, resultantes da quebra ou formação destas interações, são

elas:

1) Ligações de hidrogênio. Esta ligação envolve um átomo doador (D) e um átomo

aceitador (A).

2) Interações eletrostáticas (iônicas e polares).

3) Interações aromáticas.

4) Interações dispersivas (van der Waals). 77

Interação Proteína-Ligante

Page 78: Bioinformática aplicada ao desenvolvimento de fármacosimportância deste momento, destaco nos meus modestos cursos alguns aspectos relevantes do processo da singularidade tecnológica.

O termo entrópico (S) está relacionado

com a variação de graus de liberdades

das moléculas presentes no sistema

proteína-ligante. Na parte de cima da

figura ao lado temos o sítio ativo da

enzima (esquerda) e o ligante livre

(direita). Temos que lembrar que a

interação proteína-ligante não ocorre no

vácuo, temos no sistema moléculas de

água, que têm participação decisiva na

interação intermolecular. As cadeias

laterais dos resíduos de aminoácido do

sítio ativo estão livres para girarem, o

ligante também está livre para girar, se

apresentar ligações simples. A proteína e

ligante interagem com água.

Fonte: Caceres RA, Pauli I, Timmers LFS, de Azevedo Jr. WF. Curr. Drug

Targets 2008; 9(12): 1077-1083.

Sítio de ligação

solvatado

Complexo proteína-ligante solvatado

Contatos hidrofóbicos

Ligações de hidrogênio

78

Interação Proteína-Ligante

Page 79: Bioinformática aplicada ao desenvolvimento de fármacosimportância deste momento, destaco nos meus modestos cursos alguns aspectos relevantes do processo da singularidade tecnológica.

A figura ao lado ilustra a formação do

complexo proteína-ligante, a liberação

das moléculas de água tende a aumentar

a entropia do sistema, o que compensa a

perda de entropia devida à formação do

complexo. O ligante e a proteína perdem

liberdade na estrutura do complexo

binário.

Fonte: Caceres RA, Pauli I, Timmers LFS, de Azevedo Jr. WF. Curr. Drug

Targets 2008; 9(12): 1077-1083.

Sítio de ligação

solvatado

Complexo proteína-ligante solvatado

Contatos hidrofóbicos

Ligações de hidrogênio

79

Interação Proteína-Ligante

Page 80: Bioinformática aplicada ao desenvolvimento de fármacosimportância deste momento, destaco nos meus modestos cursos alguns aspectos relevantes do processo da singularidade tecnológica.

Quando o sistema proteína-ligante está

em equilíbrio, a formação do complexo

binário e a dissociação ocorrem, assim a

constante de equilíbrio (Keq) da reação é

dada por,

onde os termos [P], [L], [PL] indicam as

concentrações molares da proteína,

ligante e complexo proteína-ligante,

respectivamente. A partir da análise

dimensional da constante de equilíbrio

vemos claramente que sua unidade é M-1.

LP

PL

k

kK

1

1eq

Estrutura do complexo entre a proteína quinase

dependente de ciclina 2 (Cyclin-Dependent Kinase 2,

CDK2) e o inibidor roscovitine. 80

Interação Proteína-Ligante

Page 81: Bioinformática aplicada ao desenvolvimento de fármacosimportância deste momento, destaco nos meus modestos cursos alguns aspectos relevantes do processo da singularidade tecnológica.

A AIDS surgiu como pandemia há

algumas décadas atrás e causou grande

temor, pois inicialmente não havia

conhecimento da sua causa. O estudo da

AIDS registra um dos maiores sucessos

da moderna abordagem do desenho de

fármacos, usando-se recursos

computacionais. A AIDS é causada pelo

HIV. Os vírus são formados por uma capa

de proteína que envolve seu material

genético, no caso do HIV é o RNA. Aqui

descreveremos o uso da protease do HIV,

como alvo para o desenvolvimento de

fármacos contra a AIDS.

Concepção artística da pesquisa de novos fármacos

contra a AIDS.

Imagem disponível em:

<http://www.sciencephoto.com/media/206187/view>

Acesso em: 12 de junho de 2015.81

Inibidores da Protease do HIV

Page 82: Bioinformática aplicada ao desenvolvimento de fármacosimportância deste momento, destaco nos meus modestos cursos alguns aspectos relevantes do processo da singularidade tecnológica.

As proteases são enzimas que catalisam

a clivagem de outras proteínas, a

protease do HIV catalisa tal clivagem.

Esta protease realiza uma importante

etapa no ciclo da infecção viral. Como em

outros vírus, o HIV leva a célula infectada

a produzir muitas cópias de suas

proteínas. Tais proteínas apresentam

inicialmente como um única cadeia

polipeptídica (poliproteína), que apresenta

várias proteínas coladas numa cadeia. A

função da protease do HIV é catalisar a

clivagem da poliproteína em unidades

menores funcionais. A correta execução

de tal clivagem é crítica para o processo

de infecção viral.

Célula (linfócito T)(em verde) infectada com o HIV (em

vermelho). As esferas vermelhas são partículas repletas

de HIV, que saem da linfócito T para infectar outras

células.

Imagem disponível em:

http://www.sciencephoto.com/media/248205/enlarge

Acesso em: 12 de junho de 2015.

82

Inibidores da Protease do HIV

Page 83: Bioinformática aplicada ao desenvolvimento de fármacosimportância deste momento, destaco nos meus modestos cursos alguns aspectos relevantes do processo da singularidade tecnológica.

A poliproteína intacta é necessária no

início do processo de infecção, quando

monta a forma imatura do vírus. Em

seguida a poliproteína tem que ser

clivada, para formar o vírus maduro, que

pode então infectar uma nova célula. As

reações de clivagem da poliproteína têm

que ser coordenadas perfeitamente, o que

permite a montagem do vírus. Devido a tal

sensibilidade e seu papel essencial para

infecção viral, a protease do HIV é um

alvo importante para o desenho de

fármacos contra a AIDS. A inibição da

protease do HIV impede a maturação do

vírus, cessando a progressão da infecção. A estrutura da protease do HIV é dimérica, com duas

unidades idênticas. Os inibidores ligam-se na cavidade

entre as duas unidades. O inibidor está indicado pela

esferas verde s, no meio da estrutura.

Imagem disponível em: ftp://resources.rcsb.org/motm/tiff/6-

HIV-1Protease-7hvp_activesite.tif

Acesso em: 12 de junho de 2015. 83

Inibidores da Protease do HIV

Page 84: Bioinformática aplicada ao desenvolvimento de fármacosimportância deste momento, destaco nos meus modestos cursos alguns aspectos relevantes do processo da singularidade tecnológica.

A variação da energia livre de Gibbs da

interação intermolecular entre proteína e

ligante é dada pela seguinte equação,

onde Go é a variação da energia livre

de Gibbs padrão, ou seja, a variação em

G que acompanha a formação do

complexo no estado padrão de equilíbrio

(temperatura de 25oC, pressão de 100

kPa).

)]L][P[

]PL[ln(RTGG o

Estrutura cristalográfica da protease do HIV em

complexo com inibidor. A estrutura destaca as

interações intermoleculares entre um fármaco (ligante)

e sua proteína alvo.

84

Inibidores da Protease do HIV

Page 85: Bioinformática aplicada ao desenvolvimento de fármacosimportância deste momento, destaco nos meus modestos cursos alguns aspectos relevantes do processo da singularidade tecnológica.

No equilíbrio termodinâmico temos G = 0 (estado estacionário), assim temos,

O termo Go é chamado variação na energia livre de Gibbs da ligação (Gbinding),

assim temos,

)]L][P[

]PL[ln(RTG

)]L][P[

]PL[ln(RTG0

o

o

)]L][P[

]PL[ln(RTGbinding

85

Inibidores da Protease do HIV

Page 86: Bioinformática aplicada ao desenvolvimento de fármacosimportância deste momento, destaco nos meus modestos cursos alguns aspectos relevantes do processo da singularidade tecnológica.

De uma forma geral podemos expressar a afinidade proteína-ligante pela variação da

energia livre de Gibbs (Gbinding), quanto menor a energia, maior a afinidade do ligante

pela proteína. Esta grandeza física depende das concentrações do complexo proteína-

ligante [PL], das concentrações da proteína [P] e do ligante [L], bem como da

temperatura. O “R” (R=1,99 cal/mol.K = 8,31 J/mol.K) na equação indica a constante

dos gases.

A constante de dissociação (Kd) é dada por:

Assim temos como calcular a energia livre de uma interação proteína-ligante, a partir

da constante de dissociação determinada experimentalmente.

][

]][[

PL

LPKd

)ln(

)ln()ln(

)]][[

][ln(

dbinding

dd

binding

binding

K

KK

RTG

RT1

RTG

LP

PLRTG

86

Inibidores da Protease do HIV

Page 87: Bioinformática aplicada ao desenvolvimento de fármacosimportância deste momento, destaco nos meus modestos cursos alguns aspectos relevantes do processo da singularidade tecnológica.

Vamos considerar o estudo do

desenvolvimento de drogas contra o HIV.

Vimos que o principal alvo para o desenho

de fármacos contra HIV é a protease do

HIV. Os dados sobre a constante de

dissociação (Kd) de 4 inibidores da

protease estão indicados na tabela

abaixo, todos feitos na temperatura de 25º

C. As estruturas são mostradas ao lado.

A partir dessa informação calcularemos a

variação na energia livre de Gibbs da

ligação (Gbinding).Estruturas de alguns inibidores da protease do HIV. A)

Indinavir. B) Saquinavir. C) Ritonavir. D) Nelfinavir.Inibidor Kd (nM) Gbinding (kJ/mol)

Indinavir 1,07

Saquinavir 0,31

Ritonavir 0,6

Nelfinavir 0,0122

87

Inibidores da Protease do HIV

Page 88: Bioinformática aplicada ao desenvolvimento de fármacosimportância deste momento, destaco nos meus modestos cursos alguns aspectos relevantes do processo da singularidade tecnológica.

Estudo do indinavir. As constantes de dissociação foram determinadas a uma

temperatura de 25º C, para converter para Kelvin é só somar 273, assim temos T= 298

K.

kJ/mol 51,2- G

J/mol 51201,6- (-20,6556) . 2478,8236 G

1,07.10ln . 2478,8236 1,07.10ln . 298 . 8,3182 ln(K R.T. G

binding

binding

-9-9d binding

)

Inibidor Kd (nM) Gbinding (kJ/mol)

Indinavir 1,07 -51,2

Saquinavir 0,31

Ritonavir 0,6

Nelfinavir 0,0122

Estrutura molecular do fármaco indinavir. A

figura foi gerada com o programa VMD e a

opção CPK. As coordenadas foram extraídas

do arquivo PDB: 1hsg.

88

Inibidores da Protease do HIV

Page 89: Bioinformática aplicada ao desenvolvimento de fármacosimportância deste momento, destaco nos meus modestos cursos alguns aspectos relevantes do processo da singularidade tecnológica.

A partir da análise da tabela abaixo vemos que o inibidor que apresenta menor energia

livre de Gibbs de ligação é o nelfinavir, cujo a estrutura do complexo proteína-ligante

está mostrada abaixo.

Inibidor Kd (nM) Gbinding (kJ/mol)

Indinavir 1,07 -51,2

Saquinavir 0,31 -54,3

Ritonavir 0,6 -52,6

Nelfinavir 0,0122 -62,3

89

Inibidores da Protease do HIV

Page 90: Bioinformática aplicada ao desenvolvimento de fármacosimportância deste momento, destaco nos meus modestos cursos alguns aspectos relevantes do processo da singularidade tecnológica.

Muitos fármacos são desenvolvidos a

partir do uso de simulações

computacionais, inclusive baseados

nas ideias da evolução darwiniana.

Para entender tais estudos, temos que

ver a interação do fármaco com uma

proteína alvo. Podemos usar a

analogia da interação da chave com a

fechadura, onde o fármaco é a chave

e a proteína alvo é a fechadura. No

caso de enzimas a fechadura será o

sítio ativo, e o inibidor a chave. Temos

que destacar que tal analogia é só

para captarmos a essencial da

interação, o fenômeno da interação

proteína-fármaco é mais complexo,

mas para nossos propósitos será

suficiente tal comparação.

Interação da chave (fármaco) com a fechadura (sítio

ativo da enzima)

Fonte

da im

agem

: http://w

ww

.scie

ncephoto

.com

/media

/215959/e

nla

rge

Consultado e

m 6

/06/2

014

90

Desenho de Fármacos

Page 91: Bioinformática aplicada ao desenvolvimento de fármacosimportância deste momento, destaco nos meus modestos cursos alguns aspectos relevantes do processo da singularidade tecnológica.

Na figura ao lado temos a

representação gráfica da interação de

um inibidor (chave) com o sítio ativo

de uma enzima (fechadura). A

estrutura representada é da CDK2

(cyclin-dependent kinase 2), uma

enzima envolvida no controle da

progressão do ciclo celular. A inibição

dessa enzima leva a célula a parar a

progressão do ciclo celular. Tal parada

pode levar a célula à apoptose. Este

efeito mostrou atividade

anticancerígena. Por isso grande

esforço tem sido feito no

desenvolvimento de inibidores de

CDK2. Na figura ao lado temos a

superfície molecular da CDK2

interagindo com inibidor (em verde).

As cores da superfície molecular da CDK2 representam a

carga elétrica parcial, com vermelho indicando concentração

de carga negativa, azul positiva e ciano neutro.

91

Desenho de Fármacos

Page 92: Bioinformática aplicada ao desenvolvimento de fármacosimportância deste momento, destaco nos meus modestos cursos alguns aspectos relevantes do processo da singularidade tecnológica.

A interação de um possível inibidor de

uma enzima pode ser obtida por meio

de algoritmos evolucionários, num

método chamado docking molecular

(docagem molecular). Nesta

simulação computacional, são

tentadas várias posições possíveis

para a chave (possível inibidor),

mudando-se sua orientação relativa

dentro do sítio ativo da enzima. Ao

final da simulação temos várias

posições possíveis para a chave

(possível inibidor) no sítio ativo da

enzima (fechadura). O melhor

resultado (a melhor posição da chave

na fechadura) é escolhido a partir de

uma função de ajuste (também

chamada de escore).

Zoom do sítio ativo da CDK2. Vemos o inibidor (chave) em

verde bem acomodado no sítio ativo (fechadura). As cores

da superfície molecular da CDK2 representam a carga

elétrica parcial, com vermelho indicando concentração de

carga negativa, azul positiva e ciano neutro.

92

Docking Molecular

Page 93: Bioinformática aplicada ao desenvolvimento de fármacosimportância deste momento, destaco nos meus modestos cursos alguns aspectos relevantes do processo da singularidade tecnológica.

Toda simulação de docking molecular

tem duas etapas. Na primeira etapa

são geradas posições para a molécula

no sítio ativo da enzima. Numa

segunda etapa selecionamos, dentro

de um critério (função ajuste), a

melhor posição. Na simulação de

docking molecular, as posições do

inibidor (chave) são geradas

aleatoriamente. Depois selecionamos

as melhores posições. No passo

seguinte operamos o cruzamento

entre as melhores posições, gerando

as posições filhas. Aplicamos de forma

aleatória mutações às posições filhas.

Selecionamos os melhores, entre pais

e filhas e iniciamos novo ciclo

(iteração).

Cinco posições possíveis de um inibidor no sítio ativo da

CDK2. A melhor posição será selecionada a partir da função

ajuste (também chamada função escore). A superfície da

CDK2 está colorida para indicar potencial elétrico, com

vermelho indicando potencial negativo, azul positivo e

branco neutro.

93

Docking Molecular

Page 94: Bioinformática aplicada ao desenvolvimento de fármacosimportância deste momento, destaco nos meus modestos cursos alguns aspectos relevantes do processo da singularidade tecnológica.

A simulação computacional finaliza ao

atingirmos um critério de parada, que

pode ser o número de repetições da

iteração, ou um critério de

convergência. As novas posições em

um novo ciclo não mostram grande

variação com relações às posições do

ciclo anterior.

A simulação de docking está

disponível em diversos programas de

computador. E são usadas de forma

intensa por laboratórios farmacêuticos

para o desenvolvimento de novos

fármacos. Um dos maiores sucessos

de tal abordagem, foi a descoberta de

inibidores da protease do HIV,

mostrada ao lado. Tais inibidores são

usados no coquetel contra AIDS.

Inibidor no sítio ativo da HIV protease.

94

Docking Molecular

Page 95: Bioinformática aplicada ao desenvolvimento de fármacosimportância deste momento, destaco nos meus modestos cursos alguns aspectos relevantes do processo da singularidade tecnológica.

Como toda metodologia, a simulação de

docking tem uma etapa de validação e

refinamento do protocolo. Tal etapa é que

chamamos de redocking, onde achamos o

melhor protocolo capaz de recuperar a

posição cristalográfica de um ligante

acoplado ao sítio ativo de uma enzima. A

condição para que possamos validar

nosso protocolo de docking é que haja

informações sobre pelo menos uma

estrutura cristalográfica de um complexo

proteína-ligante.Chamamos da posição obtida computacionalmente de pose

(em vermelho) e a comparamos com a cristalográfica (em

cinza) a partir do RMSD (Root-Mean Squared Deviation)

que pode ser pensado como uma régua que mede a

distância da posição cristalográfica da pose.

Bio-Inspired Algorithms Applied to Molecular Docking

Simulations. Heberlé G, De Azevedo WF Jr. Curr Med Chem

2011; 18 (9): 1339-1352.

95

Docking Molecular

Page 96: Bioinformática aplicada ao desenvolvimento de fármacosimportância deste momento, destaco nos meus modestos cursos alguns aspectos relevantes do processo da singularidade tecnológica.

Moléculas

puras

Base de dados

moleculares

Cálculo da

afinidade

proteína-ligante

teórico

Seleção dos

melhores

resultados

Testes in vitro

Seleção de alvo

molecular

Simulações de

docking

Testes in vivo

in silico

in vitro

in vivo

Na descoberta de fármacos podemos usar as abordagens in silico. Para

isso temos que ter a estrutura 3D da proteína, que foi selecionada a

partir do conhecimento do sistema biológico, como descrito para a

CDK2. Usamos uma metodologia chamada docking molecular, para

procurarmos “chaves” em potencial que se encaixem do sítio ativo da

enzima. O teste de várias molécula é chamado Virtual Screening. As

melhores moléculas selecionadas são submetidas aos testes

posteriores.

Virtual Screening

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Page 97: Bioinformática aplicada ao desenvolvimento de fármacosimportância deste momento, destaco nos meus modestos cursos alguns aspectos relevantes do processo da singularidade tecnológica.

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Sites Indicados

Segue uma breve descrição de dois sites relacionados à aula de hoje. Se você tiver

alguma sugestão envie-me ([email protected] ).

1) http://www.rcsb.org/pdb . O site do PDB (Protein Data Bank) traz o arquivo com as

coordenadas atômicas de todas as estruturas de macromoléculas biológicas

resolvidas até hoje. O site apresenta várias funcionalidades que facilitam o estudo

de moléculas biológicas. Não deixem de visitar o site. O site é em inglês.

2) http://www.rcsb.org/pdb/101/motm_archive.do . Este site traz informações sobre

diversas proteínas que tiveram sua estrutura elucidada. O site explora as

aplicações do estudo estrutural de diversas proteínas, com destaque para aquelas

que são alvos para desenvolvimento de fármacos.

Page 98: Bioinformática aplicada ao desenvolvimento de fármacosimportância deste momento, destaco nos meus modestos cursos alguns aspectos relevantes do processo da singularidade tecnológica.

ALBERTS, B. et al. Biologia Molecular da Célula. 4a edição.

Artmed editora, Porto Alegre, 2004 (Capítulo 3).

Gasteiger, J. & Engel, T. (Eds) Chemoinformatics. A textbook.

Willey-VCH Verlag GmbH & Co. KGaA, Weinheim, 2003.

Leach, A. R. & Gillet, V. J. An introduction to chemoinformatics.

Springer, The Netherlands, 2007.

Schneider, G. & Baringhaus, K. –H. Molecular Design. Concepts

and Applications. WILEY-VCH Verlag GmbH & Co. KGaA,

Weinheim, 2008.

Verma & Hansch. QSAR modeling of taxane analogues against

colon cancer. European Journal of Medicinal Chemistry 45 (2010)

1470–1477

Artigos científicos de periódicos dedicados ao desenho de

drogas: Current Drug Targets (ISSN: 1389-4501), The Open Drug

Discovery Journal (ISSN: 1877-3818), Medicinal Chemistry

(ISSN: 1573-4064) .

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Referências