Biopaisagem - Arte, Ciência e Informação em Ladjane Bandeira

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 ARTE, CIÊNCIA E INFORMAÇÃO: A Produção estética do conhecimento na obra BIOPAISAGEM de Ladjane Bandeira RESUMO A memória de produções artísticas, encontrada em registros documentais, demonstra e amplia estudos de compositores ou autores, a exemplo do pintor e cientista italiano Leonardo da Vinci. Obras que foram criadas e produzidas com excelência técnica revelam tendências culturais de época, descobertas científicas e tecnológicas, que influenciaram pensamentos e idéias. Por meio de um acervo cultural, é possível reunir um corpus-informacional baseado em áreas específicas do conhecimento humano. Neste sen tido, a pintura da brasileira Ladjane Bandeira, com base na obra Biopaisagem, servirá de modelo Semiótico-Informacional  para compor um “mapa mental” preliminar de acesso e recuperação da informação cultural. Palavras-chave: Ladjane Bandeira, Ciência da Informação, Biopaisagem ABSTRACT The memory of artistic creations, found in document records, shows and enlarges the works of some composers and authors, such as the Italian Renaissance painter and scientist Leonardo da Vinci. His significant works, created and produced with technical excellence, introduce us into cultural, scientific, and technological zeitgeist that influenced thoughts and ideas since then. Through a considerable cultural collection, it is possible to gather an informational corpus  based on specific areas of human knowledge. From this point of view, the Brazilian artist Ladjane Bandeira’s painting works, seen in her Biopaisagem  project, will be a Semiotic-Informational model to arrange a preliminary mind map in order to access and retrieve cultural information Keywords: Ladjane Bandeira ,Information science, Biopaisagem Grupo temático: GT7 - Informação, Memória e Patrimônio

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ARTE, CIÊNCIA E INFORMAÇÃO: A Produção estética do

conhecimento na obra BIOPAISAGEM de Ladjane Bandeira

RESUMO

A memória de produções artísticas, encontrada em registros documentais, demonstra eamplia estudos de compositores ou autores, a exemplo do pintor e cientista italiano Leonardo daVinci. Obras que foram criadas e produzidas com excelência técnica revelam tendências culturais deépoca, descobertas científicas e tecnológicas, que influenciaram pensamentos e idéias. Por meio deum acervo cultural, é possível reunir um corpus-informacional  baseado em áreas específicas doconhecimento humano. Neste sentido, a pintura da brasileira Ladjane Bandeira, com base na obraBiopaisagem, servirá de modelo Semiótico-Informacional  para compor um “mapa mental” preliminarde acesso e recuperação da informação cultural.

Palavras-chave: Ladjane Bandeira, Ciência da Informação, Biopaisagem

ABSTRACT 

The memory of artistic creations, found in document records, shows and enlarges the works of somecomposers and authors, such as the Italian Renaissance painter and scientist Leonardo da Vinci. Hissignificant works, created and produced with technical excellence, introduce us into cultural, scientific,and technological zeitgeist that influenced thoughts and ideas since then. Through a considerablecultural collection, it is possible to gather an informational corpus based on specific areas of humanknowledge. From this point of view, the Brazilian artist Ladjane Bandeira’s painting works, seen in herBiopaisagem  project, will be a Semiotic-Informational  model to arrange a preliminary mind map inorder to access and retrieve cultural information

Keywords: Ladjane Bandeira,Information science, Biopaisagem 

Grupo temático: GT7 - Informação, Memória e Patrimônio

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ARTE, CIÊNCIAE INFORMAÇÃO: A Produção do conhecimento na obra

BIOPAISAGEM de Ladjane Bandeira

I - INTRODUÇÃO

Nas artes plásticas muitas obras foram produzidas com primor, tanto pelas

técnicas empregadas como pela criatividade dos autores. Alguns pintores, do alto de

seus virtuosismos estéticos, valeram-se para revelar muito de seus estudos e

descobertas da cultura de épocas históricas com os saberes vigentes, as ciências e

as tecnologias que influenciaram pensamentos e as idéias, até mesmo os impactos

advindos dos debates sobre as implicações sociais destes valores

(OSTROWER,1978). A obra artística, em sua forma e conteúdo como fonte de

pesquisa pode constituir-se num corpus de informação 1 que, do ponto de vista da

análise de conteúdo, oferece valiosa base para identificar escopos, postulados e a

construção de seu arcabouço teórico. Tal constituição permite investigar aspectos e

elementos de áreas do conhecimento visíveis na obra, pela identificação de signos

pictoricamente interpretantes, que se mostram como resultante da experiência

estética da criação.

Assim, o uso subjetivo da arte é como via expressa para um exercício de

possibilidades mentais às interpretações racionais de dados. Nesse sentido,

Leonardo da Vinci, Picasso, e outros, sob o fascínio do domínio do conhecimento,

trilharam o desafio de unir a ciência e a arte em suas obras (BÉRENCE,1974;

MILLER, 2006).

Na Biopaisagem da pernambucana Ladjane Bandeira, obra concebida pela

artista entre os anos 60 a 80, do século passado, um elaborado complexo teórico-

artístico-literário persegue esta mesma trilha. De característica multidisciplinar e

inter-relacional entre os três elementos que a compõem: um compêndio teórico, umasérie de quadros (dividida em duas sub-séries) e um conjunto literário ficcional, a

obra é de uma fecunda plasticidade em consonância a uma postura estética

filosófica, em forte união com o espírito científico do final do século XX. De intenso

magnetismo e potencialidades múltiplas, especialmente sobre os mistérios da

1 Do latim Corpus , emprestado das concepções filosóficas de Berkeley e Hume (apud ABBAGNO,1982), são “representações", "percepções", "ideias", ou complexos de tais coisas.

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Natureza Humana, é a realização de um sonho durante muito tempo acalentado por

Ladjane de promover a união da Ciência e da Filosofia através da Arte. Inclui um

complexo de imagens, textos e reflexões teóricas que, no conjunto, revela o

repertório intelectual multidisciplinar de uma artista que sentia  Ciência e pensava  

Arte. Seus quadros e textos traduzem uma peculiar visão de mundo marcada por um

visionarismo interpretativo e especulativo que faz convergir o real, o imaginário e osimbólico numa dimensão simultaneamente telúrica e cosmogônica, em imagens

que exploram desde o mais minucioso figurativismo até o mais sintético

abstracionismo. (LYRA, 2007)

Os esforços preliminares de investigação visando a uma organização

consistente para a Biopaisagem , conduzem a um diálogo entre a Arte que a

compõe, e a existência de uma produção estética para o conhecimento. 

II - Herança Cultural em Ladjane: Breve perfil biográfico

Maria Ladjane Bandeira de Lira nasceu em Nazaré da Mata, Pernambuco em

5 de junho de 1927 e faleceu no Recife, em 24 de março de 1999. Em 1948, mudou-

se para o Recife, onde, notadamente, no período de 1950 a 1980, desenvolveu

intensa atividade: relacionada à criação intelectual e artística, como desenho,

pintura, gravura; além de uma produção bastante diversificada de textos, envolvendogêneros como teatro, romance, ficção e poesias. À época da produção de sua

Biopaisagem , Ladjane, figura pública e intensamente atuante no meio cultural,

buscou um mergulho introspectivo até então inusitado, afastando-se da vida social e

dedicando-se, ao longo de 10 anos, a profundos estudos para a criação desta obra,

ainda desconhecida do grande público, sobretudo dos mais jovens. O seu legado,

como importante figura feminina na construção do acervo cultural da História da Arte

em Pernambuco, ainda aguarda, por essa razão, o seu devido reconhecimento.

(LYRA,2007; CLAUDIO,1978; PONTUAL,1979).

Considerando a produção de suas últimas quatro décadas (1950-1990),

Ladjane possui obra variada e extensa, consequência de sua intensa e total

dedicação ao fazer artístico, reconhecido, em 1981, quando eleita com “Medalha de

Ouro” pela Academia Itália de Artes e Ofícios, em Parma, na Itália. A artista detém

ainda diversos prêmios e medalhas, além de concursos instituídos em sua

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homenagem, seus trabalhos encontram-se em vários museus e coleções

particulares no Brasil, nos Estados Unidos, na Europa e em Israel, sendo também

citada em várias publicações nacionais e internacionais. (LYRA,2007)

III – Biopaisagem: Produção estética do conhecimento em Ladjane Bandeira

Um modo de ver o mundo e de julgá-lo é oferecido pela Arte, que se interliga

à estrutura social, mediada pela sensibilidade humana. A significação do objeto

estético não se restringe apenas a referenciar “acontecimentos do mundo”, mas

caminhos outros que experimentações subjetivas. Contudo, sob a ótica de uma

relação arte-ciência, as experiências se ampliam em virtude das oportunidades de

revisitações à realidade, amparadas pelos aperfeiçoamentos tecnológicos e

descobertas científicas desdobradas em novos conhecimentos (CAMPOS,1992;

SANTAELLA,2003). Ladjane testemunhou as mudanças e alterações do ambiente

social propiciadas pelo excesso de informações na segunda metade do século XX.

Presenciou os conflitos que marcaram o período de transição da Arte Moderna para

a Arte Contemporânea, acompanhando o surgimento dos novos valores da Filosofia

da Ciência, tão próximos da chegada do terceiro milênio, com suas dúvidas e

temores surgidos das revoluções científicas desde a era pós-industrial.

(KUMAR,2006).

De fato, sob o diálogo pictórico existente em uma das séries de quadros da

Biopaisagem, este caráter de inquietude social provocada pela ciência e pelas

mudanças na estrutura geral do pensamento humano em determinadas épocas,

torna-se visível. (BERNAL, 1997).

Os perfis coloridos de Ladjane e as pinturas aludem à época do

Renascimento, “[...]da arte que se concebeu pelo “conhecimento”, inserida como

visão ora da realidade sensível, ora de uma realidade metafísica superior, maisverdadeira, ou de uma realidade espiritual mais íntima profunda e emblemática.“(

PAREYSON 1984, p-29-33, apud FREAUYZE-PEREIRA,1994).

O CONHECIMENTO sobre a natureza e a relação cosmológica do Homem do

Renascimento estão na obra de Ladjane, nas figuras das mulheres-deusas  de

corpos metamorfoseados.Tornadas visíveis e compreensíveis por meio de ações

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transformadoras sobre a vida no final do século XX. Isto quer dizer que a unidade

orgânica de toda a vida na terra, a partir da evolução de Darwin2, se desenrola

desde as bactérias das plantas até os seres humanos. A origem da vida e a sua

relação micro e macrocósmica, à semelhança da origem dos planetas, estrelas e

galáxias, e das estruturas citológicas do corpo humano são demonstradas na

Biopaisagem . Uma síntese da Natureza, que se oferece à compreensão pelaconvergência de várias áreas das ciências. (ALMEIDA,2010)

Biopaisagem : Conjunto artístico

Através de diferentes linguagens que coexistem em torno de um mesmo

corpus informacional, científico e filosófico, adquirido durante anos de estudos,

Ladjane Bandeira formulou as bases do que denominou de pensamento 

Biopaisagístico . Trata-se de um conjunto teórico organizado, o qual defende e

documenta a tese que inspira sua criação, composta por dois conjuntos plásticos, ou

seja, uma série colorida e uma série em preto e branco, mais um conjunto de textos

literários.

A obra Biopaisagem  traz para as suas composições pictóricas, em sintonia

intersemiótica com o conjunto teórico e o conjunto de textos literários, elementos

extraídos de diversas áreas como a física, química, genética, biologia, astronomia,

psicologia e matemática. (LYRA, 2007) 

Primeiro conjunto: A Teoria Documental

Ladjane Bandeira elaborou uma tese sobre sua criação artística que elenca

enunciados extraídos de textos científicos e os desenvolve através de reflexões

críticas que conduzem a conclusões importantes para o entendimento de sua obra.

Neste sentido articulou conceitos e concepções resultantes em investigação emdiferentes áreas de conhecimento: ciências da mente e do cérebro, cosmologia,

ecologia, matemática, biologia molecular, mecânica quântica, evolucionismo, física,

ciências da informação, religião, cultura,. Com isso buscava atestar a ampla

diversidade de interesses da Sociedade à época e os seus próprios para a

2 DARWIN, C. A origem das espécies . Tradução de Eduardo Fonseca. Rio de Janeiro: TecnoprintS.A., 1987. 387 p. Título original: On the origin of species

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composição da Biopaisagem . Em defesa dos argumentos para a sua tese são

citadas as contribuições de autores como Platão, Descartes, Spinoza, Kant, Fichte,

Hegel, Max Nordau, Pascal, Parmênides, Tomás de Aquino, George Lemaître,

Newton, Carl Jung, George Berkeley, Einstein, Heidegger, entre outros.

(LADJANE,1979).

O Pensamento Biopaisagístico  de Ladjane Bandeira consiste em umaespeculação sobre a evolução do conhecimento que transforma a humanidade, com

o auxílio da ciência e da tecnologia para reintegrar o ser à organicidade da natureza

circundante. Na fusão homem-paisagem proposta pela teoria da autora, decodificar

o mundo, reconfigurando a si próprio e à idéia do universo é o objetivo a ser

atingido. (LADJANE, 1979).

Em suas páginas originais encontra-se uma reflexão sobre a necessidade de

se reformular a presente condição humana, em direção ao que Ladjane denomina a

condição do ser intelorgânico 3:a espécie homem-conhecimento. Um homem que só

existe compreendendo, que se sabe sujeito às modificações ambientais e à

circulação de matéria cósmica e inteligente, que, pelos avanços tecnológicos,

desenvolve reflexões pós-humanistas em campos investigativos como os da

Genética, da Inteligência Artificial, da Robótica, da Nanotecnologia e da Ciência da

Informação. (SANTAELLA,2009; SIBILIA,2002).

Segundo conjunto: Suíte colorida, a “metamorfose humano-vegetal” 

Relacionado às ciências humanas, o contexto do primeiro conjunto pictórico

da Biopaisagem , a série intitulada “A Metamorfose Humano-Vegetal”, contextualiza o

destino do homem associado às forças da natureza. Uma força tomada como

manifestação de um Absoluto, de um “Princípio Criador”, representada pela árvore, o

símbolo universal mais presente em todas as mitologias, tradições, religiões e

civilizações proto-históricas, que manifesta este poder através de lendas, contos emitos das mais diversas culturas. (ABBAGNO,2009; CHEVALIER,1991). A análise

das obras que compõem essa primeira série compreendem quatro “cabeças” e oito

3 A palavra “INTELORGÂNICO” compõe-se dos vocábulos em latim in-telos-organon : in  significadentro ; telos , que tem um fim, uma direção, uma finalidade , e organon , uma estrutura, um organismo . “Todas as coisas”, segundo Ladjane, “parecem ter uma intenção probatória,especialmente a vida: a de provar que ela pode existir, apesar de tudo, e evoluir inteligentemente”(Teoria Intelorgânica, Ladjane, 1980, p.12, manuscritos não publicados). 

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“mulheres” em diferentes processos de metamorfose que se apresentam em colorido

vivo, rico em nuanças e jogos de claro-escuro sob atmosfera onírica e simbólica em

comoção.

Nessas obras, Ladjane utiliza-se da alegoria da árvore como um sistema

cosmológico unificador da existência em vários níveis que evoca os poderes da

natureza e forças visíveis e invisíveis do Universo. Como nas histórias primitivasregistradas nas culturas de diversas sociedades antigas, a interpretação

antropomórfica da árvore comparece para lembrar o desejo de incorporação do

humano às forças divinas da natureza, relativas à fertilidade, à regeneração e à

permanência na Sociedade. (PONTES,1998; CHEVALIER,1991).

Percebe-se, nesses elementos pictóricos, a representação de um gradual

entrosamento dos corpos humanos aos troncos arbóreos, evocando uma circulação

contínua da seiva do conhecimento à seiva vital e orgânica da natureza, levando a

um intercâmbio dos fluxos que asseguram a manutenção da vida. A árvore do

conhecimento representa, aqui, o poder cíclico e regenerativo, a contínua

fecundação de novos saberes apropriados pela espécie humana.

As mulheres-troncos, conciliações ao arquetipo Axis Mundi , árvore-eixo do

mundo, do saber e da verdade, têm na figura feminina a atribuição dos poderes da

riqueza energética vital, da gestação e da fecundidade. Havendo também alusão ao

esoterismo hebraico-cristão do Gênesis bíblico da Árvore da Eternidade pelo

movimento do pensamento que não cessa de se construir e de construir o Universo (

CHEVALIER,1991). Renascimento, regeneração cósmica, prefiguração do

amadurecimento evolutivo do indivíduo e a sua comunicação terra-céu emergem de

um vasto universo simbólico que se compara ao paradigma do tempo de ciclos e

ritmos renováveis e aos desejos de ascensão, verticalidade e transcendência.

Daí surge uma inquietante questão: O que poderia ser imaginário e simbólico

nas mitologias primitivas? Como incorporar os poderes e os conhecimentos

advindos da natureza ao frágil corpo humano?O que quer que tenha sido imaginado transcende o simbólico mito à concreta

realidade do século XXI, em evidências nas intervenções e manipulações genéticas

da biologia molecular, que viabilizam transformações orgânicas: o homem não mais

é uma criatura passiva observadora da paisagem. Agora é o criador, transforma a

paisagem, sendo também por ela transformado. A contemplação da Natureza é um

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estado conciliatório entre comunhão e comunicação. Condição que Ladjane explora

de forma intertextual ora com a suíte colorida ora com a suíte em preto e branco, em

signos interdisciplinarizantes.

Terceiro conjunto: Suíte preto e branco, a “Transformação da Natureza

em conhecimento”

O conjunto A Transformação da Natureza em Conhecimento elabora-se num

estilo completamente oposto ao do intenso cromatismo que marca a série anterior

da temática mitológica da árvore da vida e de mulheres-troncos. São doze obras em

preto e branco, pintadas a bico de pena, que dissertam sobre o novo panorama domundo tecnologizado.

As representações das figuras das “quatro cabeças”, únicas e em pares

superpostas, ilustram, de modo visionário e crítico, o advento de um ser híbrido,

“pós-humano”, já promovido ao patamar “intelorgânico” proposto por Ladjane para o

“homem-conhecimento”. Nesses perfis, vê-se o humano em transformação

Fig. 1 – Exemplos de quadros em óleo sobre tela, encontrado na suíte colorida.

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amparada pelo desenvolvimento das ciências e da tecnologia. No âmbito do

intelorgânico, não há mais fronteiras entre os corpos; a matéria pode ser moldada.

O processo necessário à transformação do Intelorgânico  aparece, neste

conjunto, em dois dípticos, um tríptico e um quadro individual. As acepções

conceituais executadas pela mente humana sobre informações captadas a partir dos

saberes do mundo, pela via da ciência, da cultura, da filosofia, da religião, dalinguagem, parecem converter-se em estranhas figuras que compõem esses

quadros. São representações antropomórficas do conhecimento adquirido e

aperfeiçoado pela mente sobre as estruturas primárias da natureza. Em seu

Pensamento Biopaisagístico , Ladjane defende um dialogismo profundo entre as

informações naturais e as informações intelectuais:

Não está somente no cérebro o poder de conhecimento e dopensamento. E também, não sendo somente no cérebro, o poder deinterceptar, interpretar e comunicar-se. Todos os pensamentosserão captáveis até que todos sejam pensamento-em-si, não sendomais necessário fabricar pensamentos. [...].4 

No interior das figuras dessa série há uma miríade de detalhes

microscopicamente compostos, constituindo o que a autora considerava um

“Universo Biopaisagístico”. São Biogaláxias, Cosmobióticas, Biomódulos  e Pan- 

spermáticas : imagens em amplexo abissal, perfis humanos em transformação,

aparatos tecnológicos e figuras que evocam a fecunda intimidade intrauterina, numa

impressionante fusão de visões arcaicas e modernas.

Quarto conjunto: Produção Literária

Concomitantemente a essa produção – tanto a da série colorida, pintada de

1960 a 1971, como a da série preto e branco, pintada de 1972 a 1980 – LadjaneBandeira compôs diversos poemas, contos, novelas e peças teatrais em diversos

estilos, que vão desde o mais popular texto cordelista até a poesia e a narrativa

experimental mais ousada. A grande maioria foi escrita em paralelo à sua criação

artística, revelando uma transposição intersemiótica dos conceitos da Biopaisagem  

4 BANDEIRA, Ladjane. Teoria Intelorgânica. Manuscrito pessoal da artista, 1979.

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da linguagem plástica para a linguagem literária; uma produção que continuou até a

data de sua morte em 1999. (LYRA,2007)

2 - A natureza semiótica informacional da obra

Ladjane produziu e usou diferentes códigos e linguagens que coexistem num

mesmo espaço artístico, literário e cultural sobretudo para a expressão de seus

conhecimentos adquiridos. Para a compreensão e ambivalências destas linguagens

e das múltiplas estruturas e relações inter e intra signos (BAKTHIN, 1998),

estabelece-se um intenso diálogo da obra pictórica com o compêndio documentalteórico por ela produzido.

Segundo SANTAELLA(1983) “o homem só conhece o mundo porque de

alguma forma o representa, e só interpreta essa representação em uma outra

representação”, então a Teoria Geral dos Signos, a Semiótica de Charles S. Pierce,

com foco na lógica das ciências, capaz de classificar e descrever todos os tipos de

Fig 2 – Alguns quadros da série preto-e-branco, à bico-de-pena sobre papel.

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signos logicamente possíveis, é a mola-mestra para alavancar nossas inferências

sobre a Biopaisagem . Posto que, vista como uma ciência geral de todas as

linguagens em referência a qualquer tipologia de linguagem, podemos pela

Semiótica, examinar os modos de constituição de fenômenos de produção de

significação e de sentido, em torno do estudo do signo.(PIERCE,1972;

MERREL,1997)Para Teixeira Coelho Netto (apud  AZEVEDO, 2002) há dois momentos na

semiótica peirceana: primeiro uma Semiótica Geral, que cobre os campos da Lógica,

da Filosofia da Ciência, da Epistemologia ou Teoria do Significado para construir

uma ciência do pensamento na interpretação de um signo, baseada na relação

triádica entre signo, objeto e interpretante. Porém é no modelo semiótico

informacional, proposto por Umberto Eco pela sua maior pertinência à construção de

uma organização da informação que encontramos um diálogo com a Ciência da

Informação. (AZEVEDO,2002)

Este modelo, se propõe a estudar a função sígnica (comunicação) como

processo de transformação da informação através de um sistema de códigos

(significação) e põe-se a explicar qualquer fenômeno “de função sígnica em termos

de sistemas” (ECO, 2007, p.1), que ocorre quando um fenômeno convencionado

socialmente produz “funções sígnicas”.

Portanto, relacionado aos fenômenos psíquicos/cognitivos, o modelo ajudará

na identificação de elementos pictóricos dos quadros da Biopaisagem. Na mesma

direção apontam para a adoção de uma classificação de saberes em apoio à

construção de uma organização dos conhecimentos encontrados na obra, uma vez

que, há possíveis legados de memória científica encontrados nos quadros. O que

ocorre pelas vias de acesso de ilustrações vinculadas às ciências e a imaginários

culturais, onde se percebe estudos antropológicos e religiosos ligados às sociedades

primitivas, (presença antropomórfica de mulheres-árvores na série colorida) como

também, elementos pertencentes a atlas da embriologia medieval ( naciturnos –fetos - em campânulas de vidro).(PANCINO,2007).

Outros elementos sígnicos a evocar farto material informacional,

multidisciplinar, intersemiótico e inter-relacional são apontados nos textos teóricos e

traduzidos por pinturas e gravuras, como está na figura 3 através de alguns dos

detalhes das sub-séries pictóricas da Biopaisagem 

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3 - Organização do conhecimento na Biopaisagem  

A Organização do Conhecimento é área tradicional de pesquisa e ensino em

Ciência da Informação. Grande parte da literatura nesta área trata do processo, das

atividades e dos instrumentos especialmente desenvolvidos no tratamento dedocumentos para armazenamento, disseminação, recuperação e uso em sistemas e

serviços de informação.(BELLUZZO,2006)

Figura 3 – Alguns elementos signos na obra pictórica da Biopaisagem  

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No propósito específico ao trabalho de detectar uma organização do

conhecimento para a Biopaisagem , uma abordagem temática demonstrando uma

interligação entre os saberes é apontada pelo filósofo francês Edgar Morin, que

(MORIN, 2001) evidencia de maneira clara o importante papel da organização do

conhecimento em diferentes contextos de informação. Morin enfatiza que

informação e conhecimento, não são elementos isolados mas relacionados acontexto e conjunto.

Mas a adoção de uma classificação para os saberes, é ainda uma ferramenta

insatisfatória para o acesso a um possível cenário informacional existente na obra.

Ou até mesmo, a mais de um. Há que utilizarmos mais uma ferramenta mediadora à

com vistas a uma compreensão dos estudos intelectuais e da organização das

idéias da artista no campo dos seus “saberes” adquiridos que a apoiaram para

criação de sua obra.

Precisamos modelar as inter-relações das suas idéias, com imagens e

associações que criam conexões, como as relações de subordinação e

superordenação, como estratégia para a percepção da sua estrutura organizacional

de informações. Portanto, como um instrumento ou um meio, associado aos fins a

que se destina neste caso o de recuperação (acesso) e organização da informação, 

pode-se utilizar os recursos de esquemas ou de sistemas mentais.

A informação tomada como um conhecimento inscrito, impresso e portador

de sentido e significado, transmitido por meio de um suporte espacial-temporal, pode

na sua relação com o conhecimento, construir-se sob a representação de uma

estrutura de conceitos ligados por suas relações. (BARRETO,1994; BELKIN and

ROBERTSON, 1996)

3.1 - Memória Icônica e mapa mental à recuperação da informação

Levantamentos realizados por Correia e Sá,(2009), sobre um estudo teórico

acerca de mapas cognitivos, a percepção pode ser considerada como a apreensão

imediata da informação sobre o ambiente por um ou mais dos sentidos físicos

(visão, audição, olfato, tato e paladar), que ocorre na presença dos objetos

percebidos. Ainda, o termo percepção tende a ser associado à acuidade visual, em

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função da visão ser o sentido dominante nos seres humanos. Sobre a memória

como registro, há a sensorial ou memória icônica, a memória visual de curto prazo e

a de longo prazo.

A memória icônica, em função do objeto de estudo neste artigo, por se tratar

da percepção inicial de um objeto pela retina do olho:

É uma memória de capacidade ilimitada e a informação écapturada em frações de segundos, o que é suficiente para iniciar oreconhecimento do objeto. Após a informação ser registrada namemória icônica, a imagem do objeto passa para a memória decurto prazo no cérebro, onde a informação é selecionada etransmitida para o estágio seguinte. Quando algum objeto ouinformação é inicialmente memorizado para uso posterior, passapara a memória de longo prazo. Na recuperação da informaçãoocorre o processo inverso, ou seja, o objeto passa da memória delongo prazo para a de curto prazo. A memória de longo prazo

representa um armazenamento permanente onde nada é perdido.Nesse sentido, embora os processos de percepção e cogniçãosejam parte do mesmo evento, a percepção ocorre antes que oprocesso de cognição inicie. Diante disso, pode-se afirmar que oproduto final da percepção e da cognição é a representação mentaldo ambiente ou do objeto. Os sinais de informação são filtrados ecodificados no cérebro em estruturas cognitivas. (CORREIA ESÁ,2009): 

Dos estímulos cerebrais o mapeamento mental na presença dos filtros

culturais, sociais e individuais são ligados à dependência vivencial do indivíduo. No

âmbito preliminar deste trabalho face à carência de estudos mais profundos, apenas

iniciados, foi construída uma modelagem genérica, um protótipo de um esquema

mental diante dos suportes cognitivos utilizados na Biopaisagem .

Atualmente sob grande observação o amplo e complexo campo dos estudos

sobre os processos do trabalho mental humano desenvolvido por tecnologias ligadas

à produção de neuroimagens5 busca o avanço da construção de pontes entre os

territórios onde se dão as experiências subjetivas da psicologia cognitiva e da

neurologia todas preconizando a visualização das imagens do pensamento humano,

5 Pesquisas, comandadas pelo pesquisador-chefe Yukiyasu Kamitami, já conseguiram decodificar avisão de uma pessoa examinando o seu cérebro através da técnica de Ressonância MagnéticaFuncional, (revistas Neuron e New Scientist). O rápido aprimoramento desta técnica, já emandamento, permitirá a reconstrução de uma imagem a partir da análise dos sinais cerebrais lendo opensamento e assegurando a representação de imagens até mesmo dos sonhos, inclusive no campodas artes visuais e do design, lendo o que se passa na mente de um artista quando ele cria uma obra(Kamitani,2005). 

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até mesmo as do processo da criação artística. (KAMITANI,2005)

As evidências semióticas e semânticas levam a considerar o conhecimento

adquirido pela artista e o uso de sinais simbólicos relacionados às suas

experiências culturais como uma organização de saber que se estrutura sob um

esquema interdisciplinar apoiado em três grandes áreas do conhecimento.

O estágio preliminar seria um mapa mental para a Biopaisagem , baseado naproposta de classificação dos saberes de Edgar Morin, conforme abaixo indicado:

a) Do Mundo Físico, ressalta o Cosmos e a Terra representado pelas

Ciências Exatas e Conhecimento do Mundo – o qual relacionamos às formas

figurativistas, em bico-de-pena, compondo 4 cabeças em perfis preto e branco,

intitulados Intelorgânica:   Cosmobióticas  pertencentes a sub-série a Transformação 

da Natureza em Conhecimento.;

b) Do Mundo Biológico, ressalta a Vida representada pelas Ciências

Biológicas, situando o Homem na evolução da vida – o qual relacionamos aos

elementos pictóricos em 8 quadros preto e branco: 01 díptico intitulado Intelorgânica  

Pan-spermática:Autogênese do Homo Sapiens, outro díptico intitulado Biomódulos ,

01 tríptico denominado Biogaláxia , e um quadro isolado de Fetos. Todos da sub-

série Transformação da Natureza em Conhecimento.

c) As Humanidades, representadas pelas Ciências Humanas, levando o

Homem a discernir sobre seu destino individual, social, histórico, econômico,

imagético, místico e religioso – inicialmente relacionamos aos quadros de intenso

colorido de corpos em transfiguração e cabeças-perfis, em óleo sobre tela,

compondo a série intitulada Metamorfose Humano-vegetal.

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Figura 4 - Mapa mental baseado em modelo de T.Busan(2005)

Derivados das concepções cognitivas de Ausubel (1963,1968 apudBelluzzo,2006) surge a possibilidade de conexão entre conceitos e a estrutura da

aprendizagem na educação, envolvendo inter-relações em diferentes campos do

conhecimento, as chamadas cartografias cognitivas ou mapas surgiram

posteriormente para representar as conexões de natureza várias entre diversos

elementos ou características de qualquer área do conhecimento. O modelo de mapa 

conceitual , surgido na década de 60, criados por Novak; Gowin (1999)(apud  

Belluzzo,2006), no uso de diagramas organizam hierarquicamente as ligações entre

conceitos, na forma de proposições, sob uma ordenação hierarquizada de ideias ou

de pensamento envolvendo relacionamentos semânticos e contextualização, o que

leva a apresentar um nível de complexidade bastante variado e a não existência de

um mapa “correto” (BELLUZZO, 2006).

Os mapas mentais  ou mapas da mente , por sua vez, desenvolvido pelo

psicólogo Tony Buzan no início dos anos 70, possibilitam registrar o pensamento de

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uma maneira mais criativa, flexível e não linear (BUZAN, 2005). Podem rastrear

todo o processo de pensamento humano de forma não seqüencial e são apoiados

em estrutura de múltiplas conexões, permitindo superar as dificuldades de

organização da informação e de alguns bloqueios da escrita linear. São

representações gráficas de fácil visualização e memorização aqui utilizada de uma

maneira alternativa para a estruturação da informação/conhecimentos detectados naobra de Ladjane.

4 – Considerações

É claro que a Biopaisagem  é mais que uma bela obra de arte. É uma bem

conduzida atividade do pensamento. Um exercício intelectual para conhecer,

descrever, analisar e medir uma realidade, por meio da pena e do pincel. No

entendimento de que o mundo físico é como ele é, independentemente de nossos

conhecimentos sobre ele, nos posicionamos como no “Realismo Representativo” de

Allan Chalmers (1993) em que as aplicações das teorias cientificas estabelecem-se

sobre cenários aplicáveis ao mundo sempre e fora das situações experimentais.

Chalmers julga que as teorias do ponto de vista da descrição do mundo tal

como ele é, não dão acesso a uma forma independente de um corpo teórico de

modo a permitir valorar tais descrições. Então isso esclarece os limites do estudos

sobre a representação imagética nos quadros da Biopaisagem relacionados à teoria

da artista.

Os estudos reconhecem as diversas áreas do conhecimento empregados

pela artista no contexto de uma semiótica informacional, aliada a ferramentas

cognitivas. Os mapas cognitivos facilitam o registro de diversos elementos de forma

inusitada e permitem perceber novos caminhos. Distinguir instrumentos para

memorizar, fixar, indicar e recuperar informações, através de conceitos mais

importantes que auxiliam na compreensão e assimilação das ideias básicas sobreum determinado assunto. A realidade pode ser impregnada das produções artísticas

oriundas das artes plásticas, sobre desenhos, gravuras e pinturas construída como

processo de aquisição de dados espaciais.

A originalidade de uma obra não está tanto no seu caráter de pioneirismo,

mas na sua capacidade de criar mundos, de convencer a coletividade, a

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comunidade acadêmica, através da concorrência pela legitimidade cultural. Definir a

realidade, ou mais de uma, caso exista, na Biopaisagem  é o caminho mais

promissor que vem definir os limites da sua distinção, como desejava a sua autora,

ao deixar o legado imagético desta fascinante visão do mundo que tenta nos

revelar.

Faz-se necessário ainda conhecer quais são as semelhanças e diferençasentre as áreas do conhecimento científico abordadas pela obra, bem como a

compreensão dos elementos pictóricos das peças Pan-spermáticas, Biomódulos,

Cosmobióticas  e Biogaláxias , presentes nos desenhos a bico-de-pena da

Biopaisagem.

Enfim, sobre estas primeiras incursões nas concepções filosóficas e

científicas acerca de uma expressiva produção estética para o conhecimento

elaborada por Ladjane Bandeira, a contribuição à literatura acadêmica, em seu

referencial teórico para a Arte brasileira, dará resultados que poderão complementar

pesquisas e orientar pesquisadores da Ciência da Informação, sobre a Semiótica

Informacional.

Os trabalhos de natureza científica no campo da cognição da Filosofia, da

Cultura e as Curatoriais, encerram uma relevante contribuição para os estudos da

Arte Pernambucana.

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