Biopotencial e o ECG(1)
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Biopotenciais e o ECG
Prof. Theo Z. Pavan Departamento de Física - Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto-USP
Introdução à Instrumentação Biomédica
Introdução
Monitoramento de fenômenos bioelétricos é usado como método diagnóstico.
Entre esses métodos podemos citar:
Eletroencefalograma (EEG)
Eletrocardiograma (ECG)
Eletromiograma (EMG)
Eletroretinograma (ERG)
Membrana celular
As células são envolvidas por uma membrana com espessura de 7 a 10 nm que separa o meio intra e extra celular. Essa membrana é composta por uma bicamada de lipídeos impermeável a ânions orgânico. O lipídeo é composto de uma porção polar e uma porção apolar. Nas membranas existem proteínas responsáveis pela permeabilidade da membrana plasmática a diferentes íons (K+, Na+, Cl-, Ca++ ,etc...). Isso permite à célula manter diferentes concentrações iônicas entre os meios intra e extracelular.
O interior de uma célula tem um potencial menor que o seu exterior.
Potencial de membrana
Membrana
Meio exterior
Os íons mais relevantes são K+, Na+ e Cl-. O
K+ é mais concentrado no meio intracelular e
Na+ e Cl- mais concentrados no meio
extracelular.
(mM)
Potencial de membrana
No estado de repouso, a membrana é pouco permeável ao íon Na+ e quase livremente permeável aos íons K+ e Cl-. A permeabilidade de uma membrana em repouso ao íon potássio (PK) é aproximadamente 50 a 100 vezes maior do que sua permeabilidade ao íon sódio (PNa). Suponha que temos uma célula cuja membrana seja permeável somente ao íon K+. Como o K+ está mais concentrado dentro da célula, esse íon tende a sair por difusão seguindo seu gradiente de concentração (gradiente químico), resultando na saída de cátions do interior da célula.
Potencial de membrana
O gradiente químico do K+ gera um gradiente elétrico (separação de cargas) através da membrana.
Quanto maior o efluxo de K+, maior será esse gradiente elétrico.
Portanto, aumento na força que tende a restringir a saída de K+. Essa força é de origem elétrica e surge da atração que as cargas negativas do lado interno da membrana exercem sobre as cargas positivas.
Potencial de membrana
Esse íon (K+) sai da célula até que a força de difusão que o empurra para fora se iguala à força elétrica que o atrai.
O processo de saída de K+ é auto limitante, pois cria uma outra força (atração eletrostática) que o limita e também que esse processo gera uma diferença de potencial elétrico.
Adaptado de apostila do Laboratório de Biofísica de Membranas
Potencial de membrana
Eletricamente, a membrana pode ser considerada um capacitor.
Possui carga e seu interior é composto por um material dielétrico lipoproteico.
O que inibe o fluxo de K+ para seu exterior e o fluxo de Cl- para seu interior.
Equação de Nernst
O potencial de membrana no equilíbrio para um íon específico pode ser calculado por meio da equação de Nernst:
EK é o potencial de equilíbrio para o íon K+, R é a constante dos gases, T
a temperatura em graus Kelvin, z a valência do íon, F a constante de Faraday
e [K+]ext e [K+]int são as concentrações de K+ fora e dentro da célula,
respectivamente.
Potencial de membrana
O potencial de membrana será mais próximo ao potencial de Nernst para os íons possuem maior permeabilidade.
Para membrana permeável somente a K+, o potencial de membrana seria de -75 mV. Esse é o potencial de equilíbrio do K+.
Mas a membrana é permeável a mais íons.
Equação de Goldman, Hodgkin e Katz
Para membrana permeáveis a dois ou mais íons usa-se a equação de Goldman, Hodgkin e Katz (GHK) para calcular o potencial de membrana:
PK é a permeabilidade ao íon K+, PNa é a permeabilidade ao íon Na+, PCl é
a permeabilidade ao íon Cl- e suas respectivas concentrações nos meios
intra e extracelular.
Bomba de sódio e potássio
Para manter o estado de repouso é preciso que íons sejam transportados contra o gradiente eletroquímico.
Bomba de Sódio e Potássio.
Esse é um transporte ativo de Na+ para fora da célula e K+ para dentro. (Razão 3Na+:2K+).
Uso de ATP.
Potencial de ação
Em seu estado de repouso, uma célula é dita polarizada.
Uma célula excitável pode conduzir um potencial de ação quando adequadamente estimulada.
Potencial de ação é conhecido como potencial “tudo ou nada”, pois acontece somente se um determinado limiar é atingido.
Potencial de ação
Uma característica das células excitáveis é que uma despolarização (alteração da voltagem transmembrana para valores menos negativos) aumenta a permeabilidade da membrana ao sódio (PNa).
A permeabilidade ao potássio também depende do potencial de membrana.
Este aumento no número de cargas positivas no intracelular despolariza ainda mais a membrana, aumentando probabilidade de abertura dos canais para Na+. Este ciclo se repete num “feedback positivo”. Esse fenômeno é transitório.
Potencial de ação
Nesse sentido o potencial tenderia a atingir o potencial de Nernst para o Na+.
Aproximadamente 60 mV.
Isso não acontece:
A permeabilidade do sódio é também dependente do tempo.
Mais lentamente ocorre um pequeno aumento na permeabilidade do K+.
Potencial de ação
Propagação do potencial de ação
Portanto, uma alteração no potencial transmembrana, se constitui em um sinal elétrico.
Esse sinal não fica restrito ao sítio do estímulo; ao contrário, se propaga à distância.
Anatomia e fisiologia básica do coração
Átrios Cavidades responsáveis
por armazenar sangue.
Ventrículos Cavidade de onde o
sangue é bombeado a todo corpo.
Diástole Fase de repouso, na
qual o coração é preenchido por
sangue.
Sístole Fase de contração, na
qual o sangue é bombeado.
Anatomia e fisiologia básica do coração
Átrios devem se contrair de cima para baixo para levar o sangue para os ventrículos.
Os ventrículos se contraem de baixo para cima para bombear o sangue para o corpo.
Nó SA - Marcapasso
O nó sinoatrial ou nó SA é o marcapasso do coração.
As células do nó SA são responsáveis pela excitação inicial responsável pela propagação do potencial de ação pelo coração. Isso acontece de maneira bem sincronizada.
Potencial de ação de células do miocárdio
http://www.youtube.com/watch?v=FdIpQB9-yq4&feature=relmfu
Propagação do potencial de ação no miocárdio
A propagação desse potencial de ação possui um caminho bem particular.
A despolarização dos átrios tem um sentido bem determinado. Se propaga lateralmente e em direção aos ventrículos.
A despolarização dos ventrículos se propaga de maneira que os ventrículos se contraiam de “baixo para cima”.
Despolarização dos átrios
http://www.youtube.com/watch?v=uQICEUZtI14&feature=relmfu
Átrio direito
Átrio esquerdo
Nó átrio ventricular (AV)
Responsável por transmitir o potencial de ação dos átrios
para os ventrículos Tecidos fibrosos
não conduz
Vetor resultante
Septo do miocárdio
O vetor resultante da despolarização dos ventrículos é o maior durante o processo de propagação do potencial de ação. Isso porque os ventrículos e suas paredes são consideravelmente maiores que os átrios. Sendo a parede do ventrículo esquerdo a maior delas.
Após a despolarização dos ventrículos,
ocorre sua repolarização.
Potenciais de superfície
Essa sequência de ativações levam ao aparecimento de correntes que fluem na região torácica.
O ECG representa os potenciais medidos na superfície do corpo nessa região.
O coração é visto como um dipolo elétrico equivalente.
Triângulo de Einthoven Lead I
Lead II Lead III
Por convenção
Derivação Eletrodo positivo
Eletrodo negativo
Eletrodo referência
I Braço esquerdo
Braço direito
Perna esquerda
II Perna esquerda
Braço direito
Braço esquerdo
III Perna esquerda
Braço esquerdo
Braço direito
http://www.cvphysiology.com/Arrhythmias/A013a.htm
A atividade elétrica do coração pode ser aproximadamente representada por um vetor cardíaco a cada instante.
Da carga negativa para a positiva com a magnitude determinada pela quantidade de carga.
Voltagem em
uma derivação
Por que o triângulo de Einthoven?
Voltagem em
uma derivação A componente M na
direção a2 é nula. São
perpendiculares.
A medida do ECG de M usando somente uma das derivações não descreveria o vetor cardíaco corretamente.
Usando 2 derivações em um mesmo plano do vetor cardíaco descreve corretamente a atividade elétrica do coração.
Para descrever o ECG pelo menos 3 eletrodos são usados: triângulo de Einthoven. Pela Lei de Kirchhof:
I – II + III = 0
Triângulo de Einthoven Curva do ECG
Complexo QRS
Corresponde a despolarização ventricular. É maior que a onda P pois a massa muscular dos ventrículos é maior que a dos átrios, os sinais
gerados pela despolarização ventricular são mais fortes do quê os sinais gerados pela repolarização atrial.
Onda P Corresponde à despolarização
atrial.
Onda T Corresponde a repolarização
ventricular.
Problemas
Outros equipamentos podem estar conectados ao paciente durante um ECG. Esses equipamentos possuem seus próprios terras.
Um laço de terra (ground loop) pode ocorrer quando um eletrodo terra de um segundo equipamento está no paciente.
Se os terras estão em potenciais diferentes, pode ser induzida corrente no paciente.
Voltagem de Modo Comum.
Problema de segurança.
Problemas
Alta voltagem devido a desfibrilação.
Problemas
Sistema elétrico de potência.