Bipolar Maniaco e Depressivo

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Opção Lacaniana Online Bipolar, maníaco, depressivo 1 Opção Lacaniana online nova série Ano 5 • Número 15 • novembro 2014 • ISSN 2177-2673 Bipolar, maníaco, depressivo 1 Ariel Bogochvol I Bipolaridade tornou-se uma palavra de uso comum, corriqueiro, falada nas ruas, mídia, consultórios. ‘Ser bipolar’ não produz espanto ou constrangimento. Pelo contrário, em meio às variações ciclotímicas da economia global, proliferam, na net, comunidades de bipolares e, na psiquiatria, diagnósticos de bipolares. Há uma epidemia bipolar. Todos bipolares? 2 A bipolaridade parece ter se transformado num modo privilegiado de nomear o dasein e o sosein pós-modernos. O termo é utilizado em áreas diversas: botânica, física, política, economia, medicina 3 . O sucesso atual se deve à difusão do discurso da ciência. Toc, pânico, depressão, tdah, autista, bipolar se difundiram da psiquiatria para o domínio público. Significantes da moda, eles sofrem da vulgarização dos termos usados fora do seu campo e modulam a percepção do homem contemporâneo sobre si mesmo. Há uma invasão da psicopatologia na vida cotidiana e, correlativamente, uma tendência à psiquiatrização das relações sociais. Na psiquiatria, não se utiliza o substantivo bipolaridade, mas o adjetivo bipolar. O Transtorno Afetivo Bipolar (TAB), criado por Leonhard em 1957 4 , adotado em 1980 no DSM III e em 1992 no CID 10, substituiu a Psicose Maníaco-Depressiva (PMD), termo outrora consagrado, mas que definhou. Por um lado, em função dos postulados das novas classificações serem descritivas, ateóricas, evitando a utilização de termos problemáticos como psicose, neurose, histeria, doença, e optando por termos mais neutros como distúrbios, transtornos. Por outro, pela constatação de

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Bipolaridade tornou-se uma palavra de uso comum, corriqueiro, falada nas ruas, mídia, consultórios. ‘Ser bipolar’ não produz espanto ou constrangimento. Pelo contrário, em meio às variações ciclotímicas da economia global, proliferam, na net, comunidades de bipolares e, na psiquiatria, diagnósticos de bipolares. Há uma epidemia bipolar. Todos bipolares?A bipolaridade parece ter se transformado num modo privilegiado de nomear o dasein e ososein pós-modernos.

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    Opo Lacaniana online nova srie Ano 5 Nmero 15 novembro 2014 ISSN 2177-2673

    Bipolar, manaco, depressivo1 Ariel Bogochvol

    I Bipolaridade tornou-se uma palavra de uso comum,

    corriqueiro, falada nas ruas, mdia, consultrios. Ser bipolar no produz espanto ou constrangimento. Pelo contrrio, em meio s variaes ciclotmicas da economia global, proliferam, na net, comunidades de bipolares e, na psiquiatria, diagnsticos de bipolares. H uma epidemia bipolar. Todos bipolares?2 A bipolaridade parece ter se transformado num modo privilegiado de nomear o dasein e o sosein ps-modernos.

    O termo utilizado em reas diversas: botnica, fsica, poltica, economia, medicina3. O sucesso atual se deve difuso do discurso da cincia. Toc, pnico, depresso, tdah, autista, bipolar se difundiram da psiquiatria para o domnio pblico. Significantes da moda, eles sofrem da vulgarizao dos termos usados fora do seu campo e modulam a percepo do homem contemporneo sobre si mesmo. H uma invaso da psicopatologia na vida cotidiana e, correlativamente, uma tendncia psiquiatrizao das relaes sociais.

    Na psiquiatria, no se utiliza o substantivo bipolaridade, mas o adjetivo bipolar. O Transtorno Afetivo Bipolar (TAB), criado por Leonhard em 19574, adotado em 1980 no DSM III e em 1992 no CID 10, substituiu a Psicose Manaco-Depressiva (PMD), termo outrora consagrado, mas que definhou. Por um lado, em funo dos postulados das novas classificaes serem descritivas, atericas, evitando a utilizao de termos problemticos como psicose, neurose, histeria, doena, e optando por termos mais neutros como distrbios, transtornos. Por outro, pela constatao de

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    que, entre pacientes diagnosticados como PMD, no ocorriam, necessariamente, manifestaes psicticas como delrios e alucinaes.

    O TAB (F31) classificado, no CID 10, entre os transtornos de humor (afetivos) (F30 F39)

    (...) nos quais a perturbao fundamental uma alterao do humor ou do afeto, no sentido de uma depresso com ou sem ansiedade associada ou de uma elao que se acompanha, em geral, de uma modificao do nvel global de atividade. A maioria dos outros sintomas secundria s alteraes do humor e da atividade ou facilmente compreensvel no contexto destas alteraes. Tendem a ser recorrentes5.

    EPISDIO MANACO F30

    TRANSTORNO BIPOLAR F31

    EPISDIO DEPRESSIVO F32

    TRANSTORNO DEPRESSIVO RECORRENTE F33

    TRANSTORNO DE HUMOR PERSISTENTE F34

    O critrio utilizado na classificao o evolutivo:

    episdico (episdio depressivo ou manaco nico), recorrente (uni ou bipolar) ou persistente. Como os demais transtornos do grupo, o TAB tem tipos e subtipos classificados de acordo com seu quadro clnico, gravidade e pela presena ou ausncia de manifestaes psicticas.

    At o DSM II e o CID 9, a classificao era baseada

    nas distines estabelecidas pela clnica psicodinmica

    TRANTORNOS DE HUMOR (AFETIVOS) CID 10

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    para a qual existiam trs categorias bem diferenciadas nas quais estas sndromes se incluam. No caso das depresses: reativas, neurticas e psicticas. A partir dos anos 80, a psiquiatria passou a abordar os transtornos de humor no a partir do funcionamento subjetivo e da estrutura (como a psicanlise) ou das formas de existncia (como o existencialismo), mas da intensidade do humor6. Seriam variaes quantitativas de uma funo psquica (afeto, humor) provocadas por variaes quantitativas de neurotransmissores, de causas mltiplas, especialmente genticas. uma clnica calcada redutivamente na neurofisiopatologia e nos psicofrmacos, capazes de modificar a neurotransmisso e interferir na funo psquica transtornada de forma independente da estrutura, da existncia ou do sujeito.

    Regularmente so lanados novos estabilizadores de humor, antidepressivos e antimanacos. A despeito das controvrsias, reconhece-se a eficcia das medicaes, tema que deveria interessar alm do clnico e do psicofarmacologista tambm ao psicanalista7. Sobre os estabilizadores, pouco se sabe acerca de seus mecanismos de ao. Curiosamente, a maior parte de medicaes antiepilpticas apesar de no haver relaes causais demonstradas entre epilepsia e bipolaridade8. As demandas e ofertas teraputicas bem como a utilizao de cocktails medicamentosos a polifarmacoterapia aumentaram significativamente nos ltimos anos.

    II O TAB e suas variantes mania e depresso/melancolia

    tem uma longa tradio. So necessrios cuidados para manejar termos to antigos. uma iluso supor que o mesmo termo nomeie uma mesma coisa em contextos to diversos, como se estivesse ali desde sempre, imutvel. De origem

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    grega, mania significa loucura e melancolia, que significa bile negra, uma referncia teoria hipocrtica que creditava os estados patolgicos ao desequilbrio de humores do corpo. Atribui-se tambm a Hipcrates (460 a.c 370 a.c) a primeira discriminao entre mania, melancolia e paranoia. Aristteles (384 a.c 322 a.c) associou a melancolia ao homem de gnio9 a tristeza melanclica seria uma pr-condio da capacidade criativa, a criao uma resposta dor de existir inaugurando uma tradio que, sculos mais tarde, desembocaria em um culto da melancolia, como na literatura romntica do sculo XVIII10.

    Desde a antiguidade foram observadas relaes entre a melancolia e a mania, mas estas doenas ficaram separadas at meados do sc. XIX. Em 1854, J. P. Falret e Baillarger descreveram, quase ao mesmo tempo, a doena chamada de loucura circular pelo primeiro e de loucura de dupla forma pelo segundo. Na Alemanha, muitos autores estudaram a entidade sob o nome de psicose peridica. Foi Kraepelin, em 1899, pela descrio e anlise minuciosa dos estados de transio e das imbricaes das crises manacas e melanclicas, quem chegou noo dos estados mistos e demonstrou a identidade destas duas formas. Agrupou todas as loucuras descritas como intermitentes, circulares, peridicas, de dupla forma ou alternadas em uma doena fundamental, e props classific-las no quadro da loucura manaco-depressiva, considerada um quadro essencialmente endgeno ou constitucional11. Nomeou a entidade como loucura e no psicose12 e utilizou melancolia e depresso como sinnimos13.

    A loucura manaco-depressiva compreende, de um lado, o domnio completo da loucura peridica e da loucura circular e, de outro, a mania simples, a maior parte dos estados patolgicos designados pelo nome de melancolia e tambm um nmero considervel de casos de amncia. Classificamos a, igualmente, algumas disposies de humor mais ou menos acentuadas ora passageiros ora durveis que podem ser pensados como o primeiro grau de problemas mais graves e que, de outro lado, se baseiam

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    sem limites ntidos no conjunto das disposies naturais do indivduo14.

    Descreveu vrias formas clnicas que, apesar da

    diversidade fenomnica, eram manifestaes de um mesmo processo patolgico15.

    Mania Estado misto Melancolia Hipomania Melancolia simples Mania aguda Estupor Mania delirante Melancolia grave Mania confusa Melancolia paranoide Melancolia fantstica Melancolia confusa

    A concepo ampla da loucura manaco-depressiva,

    abarcando praticamente todos transtornos afetivos, no se estabeleceu sem controvrsias. Kraepelin mesmo, em certos momentos, diferenciava a depresso da loucura manaco-depressiva, caracterizada por intensa inibio, de outras formas de depresso, marcadas pela agitao e angstia como a melancolia involutiva. um debate de seu tempo e de nosso tempo que se traduz no contnuo remanejamento dos quadros e dos termos que as variadas classificaes alm dos CIDs e DSMs propem. Mais recentemente, Akiskal com seu espectro bipolar, sugere uma ampliao ainda maior do campo bipolar16.

    Freud participou deste debate ressaltando, em Luto e Melancolia (1917[1915]), o estatuto problemtico da melancolia:

    (...) sua definio varivel, assume vrias formas clnicas, cujo agrupamento numa nica unidade no parece ter sido estabelecido com certeza, sendo que algumas dessas formas sugerem afeces antes somticas do que psicognicas17. (...) A caracterstica mais notvel da melancolia, e aquela que mais precisa de explicao, sua tendncia a se transformar em mania estado este que o oposto dela em seus sintomas. Como sabemos, isso no acontece a toda melancolia. Alguns casos seguem seu curso em recadas peridicas, entre cujos intervalos sinais de mania talvez estejam inteiramente ausentes ou sejam apenas muito leves. Outros revelam a alterao regular de fases melanclicas e manacas que leva hiptese de uma insanidade circular18.

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    Nas nosografias que formulou, o lugar da

    melancolia/loucura manaco-depressiva variou de acordo com o momento de sua teoria: neurose atual diferenciada das psiconeuroses; psicose ou neurose narcsica, junto com a paranoia e a esquizofrenia, diferenciadas das neuroses de transferncia; neurose narcsica diferenciada da psicose e da neurose19.

    III

    A questo psicanaltica no propriamente

    nosogrfica, mas nosolgica, psicopatolgica, referida ao sujeito. A psicanlise procura esclarecer a lgica prpria destes transtornos mais do que encontrar seu justo lugar entre entidades mrbidas. No prope uma abordagem descritiva ou classificatria, mas psicolgica e metapsicolgica. No concebe as alteraes do humor e os estados afetivos como alteraes da regulao biolgica do corpo, mas como efeitos da posio do sujeito. No participa da foracluso do sujeito operada pela psiquiatria contempornea.

    Freud tratou da melancolia muito mais do que da mania e da bipolaridade. Desde os Rascunhos e a Correspondncia com Fliess referia-se melancolia. Os textos dedicados mania so pouco numerosos: algumas pginas de Luto e Melancolia (1917[1915]), de Psicologia de grupo e a anlise do ego (1921) e o O ego e o id (1923). Lacan ainda mais econmico: nenhum seminrio ou escrito dedicados especificamente a estes temas20; apenas algumas linhas nos Complexos Familiares21, Formulaes sobre a causalidade psquica22, O seminrio, livro 823, Seminrio 1024, Televiso25, RSI26.

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    Em Luto e Melancolia, Freud procura lanar alguma luz sobre a melancolia comparando-a ao afeto normal do luto27. J o fizera 20 anos antes, no Rascunho G:

    (...) o afeto correspondente melancolia o do luto, o desejo de recuperar algo que foi perdido. Deve tratar-se de uma perda, uma perda na rea da vida instintual. Consiste em luto por perda da libido28.

    A analogia permitia ressaltar as identidades e as

    diferenas e, apesar do seu pequeno valor comprobatrio, parecia fecunda. Freud advertia para o alcance limitado das suas concluses, baseadas na observao de um pequeno nmero de casos de melancolia de natureza psicognica indiscutvel29, termo que no definiu. Diferindo do seu estilo habitual, no partia de um caso, mas de uma casustica, nem aplicava a psicanlise a um sujeito, mas a um quadro clnico. No h na obra freudiana nenhum caso paradigmtico de melancolia ou mania30.

    Os traos que definem a melancolia freudiana so:

    (...) um desnimo profundamente penoso, a cessao de interesse pelo mundo externo, a perda da capacidade de amar, a inibio de toda e qualquer atividade, e uma diminuio dos sentimentos de auto-estima a ponto de encontrar expresso em auto-recriminao e auto-envilecimento, culminando numa expectativa delirante de punio31.

    O luto, por sua vez, definido como: (...) a reao

    perda de um ente querido, perda de alguma abstrao que ocupou o lugar de um ente querido, como o pas, a liberdade ou o ideal de algum32. Ele exibe os mesmos traos da melancolia com exceo da perturbao da auto-estima.

    A melancolia freudiana uma forma clnica bem definida. Na classificao kraepeliniana, corresponde melancolia grave; no CID 10, ao episdio depressivo grave com sintomas psicticos F31.5, F32.2 ou F33.3, dependendo de sua alternncia com os episdios manacos e de sua

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    recorrncia. uma das formas da melancolia, no toda a melancolia.

    Num conjunto de casos, a melancolia constitua uma reao perda do objeto amado ou perda de natureza mais ideal. Em outros, acreditava-se que uma perda desta espcie ocorrera, mas no se vislumbrava o que foi perdido, permanecendo uma incgnita. Mesmo quando cnscio da perda, o sujeito sabe quem ele perdeu, mas no o que perdeu nesse algum33. diferena do luto, o desencadeante da melancolia podia ser obscuro, endgeno.

    Freud analisa a melancolia sem referir-se a um caso concreto nem ao terreno onde a crise eclodiu. No artigo, sua perspectiva no diacrnica, mas sincrnica. Tenta responder aos mistrios da melancolia, percorrendo-a em sua intimidade, microscopicamente. Ela descrita no como um sintoma, formao do inconsciente que obedece s leis do recalque/retorno do recalcado como na neurose, mas como um efeito de perda no eu34. A variao de humor, por seu turno, concebida como secundria perda do objeto, diferentemente da psiquiatria contempornea que a concebe como primria.

    Em termos lacanianos, o objeto de amor ocupa o lugar de onde o sujeito se v como amvel, como ideal do eu, I(A). o trao do Outro que situa o eu ideal para o sujeito, i(a), o objeto imaginrio amado pelo Outro e com o qual o sujeito se identifica. I(A) e i(a) so funes fundamentais que concernem organizao da subjetividade e do campo de realidade. So vrtices do quadriltero MimI que delimita o campo da realidade R, conforme o Esquema R de J. Lacan35.

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    O buraco produzido no Outro pela perda do objeto

    provoca um abalo de I(A) e de i(a), do circuito a-a em que se localiza o eu e seus objetos36 e, portanto, um abalo profundo do funcionamento psquico, da homeostasia, das relaes consigo e com o mundo. O destino luto ou melancolia vai depender das formas de responder a este abalo.

    O luto relaciona-se essencialmente com i(a), com a imagem, com o objeto de amor em sua estrutura narcsica e corresponde perda do objeto atravs de um carnaval imaginrio e narcsico37. O (-) velado at ento pelo objeto, desvelado e todo o processo vai mobilizar o enfrentamento da castrao. Na melancolia, no existe um i(a) sustentado pela funo flica da castrao e a perda do objeto faz o sujeito se deparar com a foracluso38. So duas formas de responder perda, o que permite dividir as depresses em dois grandes grupos segundo o mecanismo em jogo (o que Freud no fez por no ter formulado o mecanismo especfico das psicoses).

    LUTO

    MELANCOLIA

    I(A) ---- i(a) NP - castrao

    I(A) ----- i(a)

    NP0 0 foracluso

    No ponto em que chamado o NP pode, pois, responder no Outro um puro e simples furo [P0], o qual, pela carncia de efeito metafrico provocar um furo correspondente no lugar da significao flica [0]39. a falta do Nome-do-Pai nesse lugar que, pelo furo que abre no significado, d incio cascata de remanejamentos do significante de onde provm o desastre crescente do

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    imaginrio40. Est claro que se trata a de uma desordem provocada na juno mais ntima do sentimento de vida no sujeito41.

    O modelo utilizado por Lacan para explicar o

    desencadeamento de uma dementia paranoides pode ser aplicado, com nuances, ao desencadeamento da melancolia. No h, no caso, o encontro com um pai42, mas a perda de um objeto cuja subjetivao, metabolizao e resoluo dependem da funo NP e de sua operao sobre a castrao43.

    No lugar onde deveria estar o NP, a perda de objeto faz aparecer um furo que abala a rede significante, as significaes e o regime de gozo. Pelo furo aberto no psiquismo, a libido se esvai, como uma hemorragia libidinal. O complexo de melancolia se comporta como uma ferida aberta, atraindo a si as energias catexiais que nas neuroses de transferncia denominamos de anticatexias provenientes de todas as direes, e esvaziando o ego at este ficar totalmente empobrecido44. H um empobrecimento da excitao que percorre os neurnios e as reservas livres de libido45, do que decorre uma mortificao do sujeito e do Outro46. Surge toda uma fenomenologia da dor, tristeza, vazio, inibio, da dor de existir. Uma clnica do vazio e no da falta.

    O que foracludo retorna no real na forma de fenmenos elementares, agrupados por Sglas na trade dor moral - distrbios cenestsicos - distrbios

    intelectivos47, que afetam todas as esferas se expressando como anomalias das sensaes, sentimentos, representaes, impulsos, vontade, ideao, sono, alimentao. O trabalho melanclico que absorve e esvazia o ego permanece enigmtico. A inibio pode ser generalizada, chegando at o estupor, e se expressa nas vrias formas de negativismo do delrio das negaes48.

    A melancolia exibe uma diminuio extraordinria da auto-estima, um empobrecimento do ego, considerado

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    desprovido de valor, incapaz de qualquer realizao, moralmente desprezvel. O sujeito se repreende, quer ser expulso, punido, degrada-se perante todos. Uma parte do ego se coloca contra a outra, toma-a como objeto, julga-a criticamente, encontra satisfao no desmascaramento de si mesmo49. Freud no aborda os delrios de desvalia, indignidade e culpa a partir do erro de juzo50, mas da verdade e da certeza. Se o paciente diz que seu ego assim, porque deve ser assim. Em sua autocrtica delirante, acusa-se por suas fraquezas, as fraquezas humanas. Por que um homem precisa adoecer para ter acesso a esta verdade?51. a lucidez melanclica diante de um real sem mediao. O delrio uma tentativa de interpretar o estado do sujeito, de dar uma forma ao que se opera na estrutura52. um delrio moral e tico.

    Por detrs da crtica a si, Freud descobre a crtica ao outro: o sujeito, na verdade, ataca o objeto com o qual est identificado. A libido livre desligada do objeto no usada para investir um novo objeto, mas retirada para o ego e empregada para estabelecer uma identificao do ego com o objeto abandonado. A sombra do objeto cai sobre o eu53. O sujeito se torna um objeto, reduzido s suas sombras; este objeto.

    Como pr-condies para tal processo, Freud supe uma forte fixao ao objeto amado, a ambivalncia, a escolha objetal de base narcisista e a regresso da libido fase oral. A catexia objetal, ao se defrontar com obstculos, retrocederia ao narcisismo; a identificao narcisista seria um substituto da catexia ertica54. Isto coloca em questo a formao do eu melanclico (como tambm do eu manaco), os avatares de suas identificaes primrias e secundrias bem como a constituio de sua imagem especular55.

    Quando o ideal do eu que vinha suprir a foracluso abalado, o eu perde o revestimento narcsico e se evidencia

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    seu estatuto de objeto fora de qualquer pontuao flica, objeto a como furo, vazio, rebotalho, como real, equivalente foracluso56. Perdendo as vestes narcsicas, a imagem cai e o sujeito se v identificado com o objeto/dejeto, se torna este oco sem consistncia, este nada57.

    I(A) ---------- i(a)-------- Foracluso: a = $

    NP0 0

    Diferentemente do regime de luto, em que o sujeito pode perder o que perdeu, na melancolia o sujeito fica colado ao objeto, identificado, no pode perd-lo. um efeito da foracluso, na medida em que ela implica a no-operao da castrao, pois a castrao que reordena, retroativamente, os estgios libidinais em uma operao que possibilita a separao e a extrao dos objetos do corpo. Os objetos a se inscrevem no lugar da castrao, no corao do objeto a existe o (-)58. A vigncia da foracluso, na melancolia, vai resultar em uma modificao profunda do regime dos objetos a, o que produz certos fenmenos clnicos. Nos sintomas hipocondracos, o objeto fica colado a um rgo/regio do corpo ou em uma errncia, sem limites ou localizao como na cenestopatia. Na automutilao, o melanclico tenta retirar fora aquilo que no foi extrado pela via simblica. Tambm decorrem da no-extrao os fenmenos alucinatrios, pseudo-alucinatrios e interpretativos, associados predominantemente s esferas visual e auditiva, mas que podem afetar todos os sentidos. Os objetos pulsionais, naturais oral, anal, flico, voz, olhar sofrem uma mudana de estatuto durante o episdio melanclico59. Da mesma forma, modifica-se o acesso e usufruto dos objetos da cultura60.

    Se a castrao a causa do desejo e, em razo de uma equivalncia substitutiva, o objeto a causa do desejo, a

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    no extrao do objeto, na melancolia, vai perturbar profundamente sua funo de objeto-causa61. H uma abolio do desejo, uma experincia do no-desejo ou desejo de nada, rechao do inconsciente que se reflete na posio de imobilidade petrificada do melanclico. O sujeito recua do dever tico de bem dizer seu desejo62 simplesmente porque no h mais desejo a sustent-lo.

    No suicdio melanclico, o sujeito se identifica com o buraco que falta no Outro. Ele sem apelao, pois no visa complet-lo, um suicdio de separao: o sujeito toma licena da cadeia significante, no se faz mais representar, defenestra-se, caindo juntamente com seu objeto63. A passagem ao ato no engana, uma sada da cena que no deixa mais lugar interpretao, ao jogo significante64.

    IV

    diferena de outras psicoses, a melancolia freudiana

    tem um curso fsico, cclico e bipolar: pode evoluir para a cura, recorrer ou polarizar-se para a mania. O que determina um curso ou outro? Como ela se cura depois de certo tempo? O que ocorre nos intervalos livres? Como se inverte em mania e vice-versa? Para Freud, imperioso estender uma explanao analtica tambm para estas questes, mas afirma que no conseguir faz-lo65.

    A mania o oposto da melancolia em seus sintomas. O contedo de ambas no difere; apesar das aparncias, lutam com o mesmo complexo66. Na melancolia, o ego sucumbe ao processo, na mania domina-o ou o pe de lado. No definida diretamente, a mania pode ser inferida: nimo exaltado, um grande interesse pelo mundo externo, o aumento da capacidade de amar (ou procurar objetos de amor), a hiperatividade, aumento dos sentimentos de auto-estima a ponto de encontrar expresso em auto-engrandecimento,

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    culminando em delrios de grandeza. Freud compara a mania com a festa. Os estados como alegria, exultao e triunfo dependem das mesmas condies econmicas: um dispndio de energia se tornou desnecessrio e agora est disponvel para ser aplicada e descarregada de vrias formas. A perspectiva econmica tenta esclarecer a radical mudana de regime libidinal do circuito bipolar.

    O humor manaco tomado, no plano do afeto, como uma alegria e um alvoroo aparentemente imotivados. No plano da conduta, como levantamento da inibio. A alegria da transgresso passa a ser a chave da mania, como era a dor da perda na melancolia. A festa uma colocao em suspenso peridica e socialmente organizada das proibies e limitaes que regulam as pulses. um momento de liberao. A festividade manaca se deixa conceber como a derrota da instncia que censura em proveito da afirmao narcisista, triunfal e orgistica das exigncias pulsionais67. Se, na melancolia, a imagem de um buraco por onde a libido se esvai, na mania a imagem de uma erupo que esparrama libido.

    Freud no considera o afeto manaco como um fenmeno primrio, mas efeito de uma causa anterior. O jbilo manaco seria efeito da cessao do gasto psquico com o trabalho melanclico. O ego deve ter superado a perda do objeto (ou seu luto pela perda, ou talvez o prprio objeto), e, consequentemente, toda a quota de anticatexia que o penoso sofrimento da melancolia tinha atrado para si vinda do ego e vinculado se ter tornado disponvel68, convertendo-se em energia liberada, em afeto na transgresso. A mania derruba as instncias de controle, suas exigncias so momentaneamente suprimidas. Mas aquilo que o ego dominou e aquilo sobre o qual triunfou permanecem ocultos69.

    A mania freudiana, de acordo com a definio dada, pode ser classificada como mania aguda ou mania delirante

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    na classificao kraepeliniana e como mania com sintomas psicticos no CID 10 como F31.2 ou F30.2, dependendo da alternncia ou no com a fase depressiva. Sua fenomenologia exuberante: exaltao, inquietao, acelerao, loquacidade, hipersensibilidade, instabilidade, alegria, furor, agressividade, delrios de grandeza, filiao, inveno, msticos, associao por assonncia, insnia, inapetncia, aumento da disposio, etc. Lacan reduz toda a profuso desta fenomenologia a uma expresso: a excitao manaca, retorno no real daquilo que foi rechaado de linguagem (do inconsciente) e que se faz mortal70. Menos do que a entidade mania, Lacan aponta para certo tipo de fenmeno.

    A mania freudiana se inscreve na estrutura psictica. O que foi rechaado da linguagem e do inconsciente, isto , foracludo, retorna no real. Os fenmenos de retorno no real afetam profundamente a experincia psquica, a vivncia de si, do corpo, espao, tempo, desejo, fala. A fuga de ideias evidencia a ruptura do encadeamento significante, a falha da funo do ponto de capiton. O manaco pode dizer qualquer coisa. Longe de encontrar seu sentido entre a retroao e a antecipao, os significantes manacos se justapem de forma no orientada, desobrigada da semntica71. O sujeito fica disperso no infinito da linguagem que o atravessa, no automaton de signos do qual ele marionete. No se localizando, no pode parar nem reconhecer-se, fica deriva. a no-funo do a que est em causa, e no simplesmente seu desconhecimento. O sujeito no se lastreia em nenhum a, o que o deixa entregue metonmia pura, infinita e ldica da cadeia significante72.

    Um dano no nvel do discurso sempre um dano na regulao do gozo. Na excitao manaca no existe apenas desenganche da palavra e desordem da historicidade, como tambm a comoo da homeostasia do vivente, que reduz as

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    necessidades vitais do corpo, infatigvel, insone, animado por uma vida paradoxal capaz de lev-lo morte. A excitao manaca um gozo no regulado pela funo flica, na qual o corpo assediado pelos mltiplos da linguagem no real73. O sujeito no cessa de obturar o buraco do simblico, sem integr-lo74.

    Ao abordar, as paixes da alma, especificamente a tristeza, em Televiso75, Lacan afirma que

    A tristeza, por exemplo, qualificada de depresso

    (...) no um estado de esprito, simplesmente uma falha moral, como se exprimiam Dante ou at Espinosa: um pecado, o que significa uma covardia moral, que s situado, em ltima instncia, a partir do pensamento, isto , do dever de bem dizer, ou de se referenciar no inconsciente, na estrutura.

    E o que se segue bastando que essa covardia, por ser rechao do inconsciente, chegue psicose o retorno no real daquilo que foi rechaado de linguagem; a excitao manaca pela qual esse retorno se faz mortal76.

    uma concepo surpreendente, que inscreve as

    manifestaes manacas e depressivas no campo da tica, ratificando o enunciado do delrio de culpa, e que parece inaugurar uma perspectiva continusta entre psicoses e neuroses, ao coloc-las numa escala de graduao e sob uma mesma causa. De uma a outra o mesmo pecado, a mesma causa subjetiva: a covardia. o fio secreto que enlaa as manifestaes manacas com as depressivas num mesmo complexo. A tese de Lacan unifica a tristeza com a excitao manaca, o circuito bipolar, no nvel de uma mesma causa subjetiva. uma causa que assume a forma de culpa e que no deixa de evocar a insondvel deciso do ser.

    Assimilar a tristeza a uma culpa moral restabelece uma tradio religiosa. A referncia a Dante e Spinoza laiciza a questo. Para Spinoza, a tristeza no tanto uma culpa contra a f, mas contra a razo. Posto que a ideia adequada procura uma alegria sem resto, quem se atm a ela no pode estar triste77. Para Lacan, o pecado consiste em

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    ceder sobre o desejo de saber, de saber do inconsciente, de situar-se na estrutura78. Deveremos prosseguir a investigao. 1 O Cartel da Conversacion contou com a participao de Carmen S. Cervelatti, Maria Bernardete S. Pitteri, Perpetua Medrado Gonalves, Luciana Gramacho, Denise Levy, Elsa G de Oliveira, Marcia Assumpo, Paula Christina Verlangieri Caio , Eliane Chermann Kogut, Claudia Aldigueri Rodriguez, Maria Roslia Pinfildi Gomes, Marcia Aparecida Barbeito, Estela Mares de Melo. 2 YELLATI, N. (set. 2010). Todos bipolares El espectro bipolar (o las razones de una epidemia). In: e-Mariposa Revista del Departamento de Estudios sobre Psiquiatra y Psicoanlisis [ICF CICBA], ano 1, n 1. Buenos Aires: Grama Ediciones. 3 HOUIASS. (2009). Dicionrio da Lngua Portuguesa. Rio de Janeiro: Editora Objetiva. 4 BELAGA, G. (2013). La bipolaridad, mana, melancolia. Disponvel em: . 5 CID 10 Classificao de Transtornos Mentais e de Comportamento da Cid-10. So Paulo: Artmed. 6 MALEVAL, J. C. (2008). Por qu estala la burbuja de la depression?. In: Aperidico Psicoanaltico, n 16. Buenos Aires: UNR. 7 BOGOCHVOL, A. (2001). Sobre a Psicofarmacologia. In: Psicofarmacologia e Psicanlise. So Paulo: Escuta Editora. 8 Com exceo dos quadros bipolares associados epilepsia, uma minoria tanto entre os epilpticos como entre os bipolares, que representam um caso particular da associao entre transtorno bipolar e transtornos orgnicos e sintomticos. 9 H controvrsias acerca da autoria do texto que aborda esta relao, nomeado Problema XXX (M. Bernardette Pitteri). No trabalho A mania em Aristteles, apresentado na Conversao do ENAPOL, Ramirez afirma: parece que o texto constitudo de notas tomadas por Teofrasto depois das aulas e recopiladas sob a forma de Problemata, problemas que Aristteles no resolvia, mas que deixava abertos para colocar seus alunos a pensar. RAMIREZ, M. E. (2013). A mania em Aristteles. Disponvel em: . 10 LEVY, D. (2013). Sinopse e resumo do trabalho at esse momento. Ver tambm: GOES, E. (2013). Histria. Textos inditos, apresentados no ncleo de pesquisas em clnica psicanaltica, da CLIPP (Clnica Lacaniana de Atendimento e Pesquisas em Psicanlise), por ocasio do convite de Ariel Bogochvol para trabalhar o tema Bipolaridades. Mania e Melancolia para a conversao no VI Enapol, Buenos Aires, 2013. 11 ALKMIM, W. D. (dez. 2008). O que transtorno bipolar?. Disponvel em:

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    3%A9%20o%20Transtorno%20Bipolar%20-%20Wellerson%20D.%20Alkimim.pdf>. 12 poca, o termo psicose designava simplesmente quadros com manifestaes psquicas. Vide FREUD, S. (1996/1894). As Neuropsicoses de Defesa. In: Edio standard brasileira das obras psicolgicas completas de Sigmund Freud, vol. III. Rio de Janeiro: Imago Editora. 13 poca os autores as usavam como sinnimos. 14 KRAEPELIN, E. (2012). A loucura manaco depressiva. Rio de Janeiro: Editora Forense, p. 3. 15 IDEM. Ibid., p. 67. 16 BELAGA, G. (2013). La bipolaridad, mana, melancolia. Op. cit. 17 FREUD, S. (1996/1917[1915]). Luto e melancolia. In: Edio standard brasileira das obras psicolgicas completas de Sigmund Freud, vol. XIV. Op. cit., p. 249. 18 IDEM. Ibid., p. 258-259. 19 KOGUT, E. (2013). Melancolia em Freud. Texto indito, apresentado no ncleo de pesquisas em clnica psicanaltica, da CLIPP (Clnica Lacaniana de Atendimento e Pesquisas em Psicanlise), por ocasio do convite de Ariel Bogochvol para trabalhar o tema Bipolaridades. Mania e Melancolia para a conversao no VI Enapol, Buenos Aires, 2013. 20 Levantamento realizado pelo Ncleo de Pesquisas de Psicanlise da CLIPP. 21 LACAN, J. (2003/1938). Os complexos familiares na formao do indivduo. In: Outros escritos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed. 22 IDEM. (1998/1946). Formulaes sobre a causalidade psquica. In: Escritos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed. 23 IDEM. (1992/1960-1961). O seminrio, livro 8: a transferncia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar ED. 24 IDEM. (2005/1962-1963). O seminrio, livro 10: a angstia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar ED. 25 IDEM. (2003/1973). Televiso. In: Outros escritos. Op. cit. 26 IDEM. (1974-1975). RSI. Seminrio indito. 27 FREUD, S. (1996/1917[1915]). Luto e melancolia. Op. cit., p. 249. 28 IDEM. (1996/1895). Rascunho G. In: Edio standard brasileira das obras psicolgicas completas de Sigmund Freud, vol. I. Op. cit., p. 247. 29 IDEM. (1996/1917[1915]). Luto e melancolia. Op. cit., p. 249. 30 O Homem dos Lobos foi tratado por Kraepelin antes de Freud, com o diagnstico de loucura manaco-depressiva. 31 FREUD, S. (1996/1917[1915]). Luto e melancolia. Op. cit., p. 250. 32 IDEM. Ibid., p. 249. 33 IDEM. Ibid., p. 251. 34 COTTET, S. (1988). A bela inrcia: nota sobre a depresso em psicanlise. In: Estudos Clnicos Transcrio 4. Salvador: Fator. 35 LACAN, J. (1998/1957-1958). De uma Questo Preliminar a todo tratamento possvel da psicose. In: Escritos. Op. cit., p. 559. No Esquema R, o M o significante do objeto primordial, I o ideal do eu, i e m os dois termos imaginrios da relao narcsica, o eu e a imagem especular.

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    36 CERVELATTI, C. S. (2013). O objeto na melancolia. Texto indito, apresentado no ncleo de pesquisas em clnica psicanaltica, da CLIPP (Clnica Lacaniana de Atendimento e Pesquisas em Psicanlise), por ocasio do convite de Ariel Bogochvol para trabalhar o tema Bipolaridades. Mania e Melancolia para a conversao no VI Enapol, Buenos Aires, 2013. 37 MILLER, J.-A. (2005). Introduo leitura do Seminrio 10 da Angstia de Jacques Lacan. In: Opo Lacaniana Revista Brasileira Internacional de Psicanlise, n 43. So Paulo, Edies Eolia. 38 QUINET, A. (1997). A Clnica do sujeito na depresso A Dor de existir. In: Kalimeros. Rio de Janeiro: Contra-Capa Livraria, p. 138. 39 LACAN, J. (1998/1957-1958). De uma Questo Preliminar a todo tratamento possvel da psicose. Op. cit., p. 564. 40 IDEM. Ibid., p. 584. Ver tambm: CERVELATTI, C. S. (2013). O objeto na melancolia. Op. cit. 41 LACAN, J. (1998/1957-1958). De uma Questo Preliminar a todo tratamento possvel da psicose. Op. cit., p. 565. 42 Que, para Lacan, estaria associada ao desencadeamento da psicose schreberiana. 43 GONALVES, P. M. (2013). Foracluso na mania e melancolia. Texto indito, apresentado no ncleo de pesquisas em clnica psicanaltica, da CLIPP (Clnica Lacaniana de Atendimento e Pesquisas em Psicanlise), por ocasio do convite de Ariel Bogochvol para trabalhar o tema Bipolaridades. Mania e Melancolia para a conversao no VI Enapol, Buenos Aires, 2013. 44 FREUD, S. (1996/1917[1915]). Luto e melancolia. Op. cit., p. 258. 45 IDEM. (1996/1895). Rascunho G. Op. cit., p. 247. 46 SOLLER, C. (2008). Perdida y culpa en la melancolia. In: Estudios sobre las psicoses. Buenos Aires: Manantial, p. 35. 47 QUINET, A. (1999). Fenmenos elementares e delrio na melancolia para J. Sglas. In: Extravios do desejo. Rio de Janeiro: Marca dgua Editora, p. 77. 48 COTARD, J. (1999). Do delrio das negaes. In: Extravios do desejo. Op. cit. 49 FREUD, S. (1996/1917[1915]). Luto e melancolia. Op. cit., p. 253. 50 Modo clssico de abordar o delrio na psicopatologia 51 FREUD, S. (1996/1917[1915]). Luto e melancolia. Op. cit., p. 252. 52 QUINET, A. (1999). Fenmenos elementares e delrio na melancolia para J. Sglas. Op. cit. 53 MILLER, J.-A. (2005). Silet Os paradoxos da pulso de Freud a Lacan. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, p. 268. 54 FREUD, S. (1996/1917[1915]). Luto e melancolia. Op. cit., p. 254. 55 GOMES, M. R. P. (2013). A identificao na melancolia. Texto indito, apresentado no ncleo de pesquisas em clnica psicanaltica, da CLIPP (Clnica Lacaniana de Atendimento e Pesquisas em Psicanlise), por ocasio do convite de Ariel Bogochvol para trabalhar o tema Bipolaridades. Mania e Melancolia para a conversao no VI Enapol, Buenos Aires, 2013. 56 QUINET, A. (1999). A clnica do sujeito na depresso. In: Extravios do desejo. Op. cit.

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    57 ALDIGUIERI, C. (2013). Pontuaes sobre a Melancolia em Lacan. Texto indito, apresentado no ncleo de pesquisas em clnica psicanaltica, da CLIPP (Clnica Lacaniana de Atendimento e Pesquisas em Psicanlise), por ocasio do convite de Ariel Bogochvol para trabalhar o tema Bipolaridades. Mania e Melancolia para a conversao no VI Enapol, Buenos Aires, 2013. 58 MILLER, J.-A. (2005). Silet Os paradoxos da pulso de Freud a Lacan. Op. cit., p. 260. 59 BOGOCHVOL, A. (abr. 2008). A melancolia e os objetos a. In: Opo Lacaniana Revista Brasileira Internacional de Psicanlise, n 51. Op. cit. 60 MILLER, J.-A. (out. 2006). Os objetos a na experincia psicanaltica. In: Opo Lacaniana Revista Brasileira Internacional de Psicanlise, n 46. Op. cit. 61 IDEM. (2005). Silet Os paradoxos da pulso de Freud a Lacan. Op. cit., p. 261. 62 LACAN, J. (2003/1973). Televiso. In: Outros escritos. Op. cit., p. 524. 63 COTTET, S. (1988). A bela inrcia: nota sobre a depresso em psicanlise. Op. cit. 64 MILLER, J.-A. (2005). Introduo leitura do Seminrio 10 da Angstia de Jacques Lacan. Op. cit. 65 FREUD, S. (1996/1917[1915]). Luto e melancolia. Op. cit., p. 258-259. 66 IDEM. Ibidem. 67 SOLLER, C. (2008). Mania: pecado mortal. Estudios sobre las psicoses. Buenos Aires: Manantial, p. 55. 68 FREUD, S. (1996/1917[1915]). Luto e melancolia. Op. cit., p. 260. 69 BARBEITO, M. (2013). Mania de Freud a Lacan. Texto indito, apresentado no ncleo de pesquisas em clnica psicanaltica, da CLIPP (Clnica Lacaniana de Atendimento e Pesquisas em Psicanlise), por ocasio do convite de Ariel Bogochvol para trabalhar o tema Bipolaridades. Mania e Melancolia para a conversao no VI Enapol, Buenos Aires, 2013. 70 LACAN, J. (2003/1973). Televiso. Op. cit., p. 524-525. 71 SOLLER, C. (2008). Mania: pecado mortal. Estudios sobre las psicoses. Op. cit., p. 62. 72 LACAN, J. (2005/1962-1963). O seminrio, livro 10: a angstia. Op. cit., p. 365. Ver tambm: CERVELATTI, C. S. (2013). O objeto na melancolia. Op. cit. 73 SOLLER, C. (2008). Mania: pecado mortal. Estudios sobre las psicoses. Op. cit., p. 61. 74 LACAN, J. (1974-1975). RSI. Seminrio indito. 75 IDEM. (2003/1973). Televiso. Op. cit., p. 524. Ver tambm: PITTERI, M. B. Sobre as Paixes da Alma. Texto indito, apresentado no ncleo de pesquisas em clnica psicanaltica, da CLIPP (Clnica Lacaniana de Atendimento e Pesquisas em Psicanlise), por ocasio do convite de Ariel Bogochvol para trabalhar o tema Bipolaridades. Mania e Melancolia para a conversao no VI Enapol, Buenos Aires, 2013. 76 LACAN, J. (2003/1973). Televiso. Op. cit., p. 524-525. 77 PITTERI, M. B. (2013). Sobre as Paixes da Alma. Op. cit. 78 SOLLER, C. (2008). Mania: pecado mortal. Estudios sobre las psicoses. Op. cit., p. 60-61.