Biscoito de farinhas de tapioca e de arroz: Propriedades ... · preparações culinárias como...

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA – UFBA FACULDADE DE FARMÁCIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA DE ALIMENTOS Biscoito de farinhas de tapioca e de arroz: Propriedades tecnológicas, nutricionais e sensoriais. SIMONE DE SOUZA MONTES Salvador 2014

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA – UFBA FACULDADE DE FARMÁCIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA DE

ALIMENTOS

Biscoito de farinhas de tapioca e de arroz: Propriedades tecnológicas, nutricionais e sensoriais.

SIMONE DE SOUZA MONTES

Salvador

2014

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SIMONE DE SOUZA MONTES

Biscoito de farinhas de tapioca e de arroz: Propriedades tecnológicas, nutricionais e sensoriais.

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação da UFBA – Mestrado em Ciência de

Alimentos, como requisito obrigatório para a

obtenção do título de Mestre em Ciência de

Alimentos.

Orientador: Prof. Dr. Renato Souza Cruz

Co-orientadora: Profª Drª Ryzia de Cássia

Vieira Cardoso

Salvador

2014

Sistema de Bibliotecas – UFBA

Montes, Simone de Souza

Biscoito de farinhas de tapioca e de arroz: propriedades tecnológicas, nutricionais e sensoriais / Simone de Souza Montes.- 2014.

63 f.: il. Inclui anexos. Orientador: Prof. Dr. Renato Souza Cruz Co-orientadora: Profa. Dra. Ryzia de Cássia Vieira Cardoso Dissertação (mestrado) - Universidade Federal da Bahia, Faculdade de Farmácia, 2014 .

1. Amido de mandioca. 2. Agricultura familiar. 3.Regionalização. I. Cruz, Renato Souza. II. Cardoso, Ryzia de Cássia Vieira. III. Universidade Federal da Bahia. IV. Faculdade de Farmácia. V. Título. CDD _ 641.33682 CDU – 664.27

3

4

AGRADECIMENTOS

Agradeço...

primordialmente, a Deus porque me proporcionou forças e sabedoria para o sucesso

ao longo desta jornada e por ter colocado pessoas maravilhosas no meu caminho e

que ajudaram a vencer cada obstáculo neste caminhar...

ao meu orientador, Dr. Renato Souza Cruz por transmitir e me conduzir à luz da

ciência e compartilhando muito brilhantemente o seu vasto conhecimento...

à minha co-orientadora, Drª Ryzia de Cássia Vieira Cardoso, pelo incentivo e

contribuição valiosa durante todas as etapas deste estudo...

à Drª Janice Druzian por ter acreditado, confiado em meu trabalho enquanto

mestranda e por ter compartilhado sem fronteiras o seu conhecimento...

às Drª Mariângela Vieira Lopes e Drª Clícia Maria Benevides pelo apoio na

realização das análises de proteínas no Laboratório de Bromatologia da UNEB...

às graduandas do Curso de Engenharia de Alimentos da UEFS, Geisa do

Nascimento, Luana Alves e Laís Maciel pela amizade e cooperação nas análises

tecnológicas e sensoriais nos Laboratórios de Cereais e Análise Sensorial da

UEFS...

à Patrícia Souza Lima, técnica do LAFIQUI - Laboratório de Análises Físico-

Químicas da UEFS pelo auxílio, paciência e esmero durante a realização das

análises físico-químicas do biscoito...

à Drª Geany Peruch Camilloto pela contribuição valorosa na decodificação e análise

estatística dos dados apurados...

5

a todos(as) os (as) amigos (as) e companheiros(as) do Mestrado da Turma de

2012.2 pela convivência, partilha, sofrimento e alegrias no decorrer de mais uma

jornada acadêmica...

aos funcionários da UFBA, em especial Carol e Priscila pelos esclarecimentos

sempre precisos e incentivos constantes...

a UEFS, UNEB e a UFV por ceder seus espaços acadêmicos e laboratórios para a

realização dos procedimentos metodológicos que compõem este trabalho...

ao meu esposo, Lázaro José de Farias e ao meu filho João Paulo Montes Farias

pelo amor, compreensão por minha ausência em prol dos momentos de estudo e por

estarem sempre ao meu lado, sendo fiéis parceiros nesta conquista que dedico a

eles com muito carinho...

Por fim, agradeço a todos àqueles que contribuíram direta ou indiretamente para a

realização deste empreendimento...

Muito obrigada...

De verdade!

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SUMÁRIO

LISTA DE ABREVIATURAS 8 LISTA DE TABELAS 9 LISTA DE FIGURAS

10

RESUMO 12 ABSTRACT 13 1. INTRODUÇÃO 14 1.1 OBJETIVOS 17 1.1.2 Objetivo Geral 17 1.1.3 Objetivos Específicos 17 2. REVISÃO DE LITERATURA 18 2.1. Mandioca 18 2.1.1. Farinha de Tapioca 19 2.1.1.1.Processamento da Farinha de Tapioca 20 2.2. Farinha de Arroz 21 2.3. Açúcar Mascavo 22 2.4.Tecnologia do Biscoito 26 2.4.1. Ingredientes Básicos para Produção de Biscoito 26 2.4.1.1.Farinhas 26 2.4.1.1.1.Farinha de trigo 26 2.4.1.1.2. Farinhas Sucedâneas 27 2.4.1.2.Açúcares 29 2.4.1.3.Lipídios 29 2.4.1.4.Emulsificantes 30 2.4.1.5.Sal 32 2.5. Prospecção Tecnológica: Fécula de Mandioca 33 2.6. Doença Celíaca 45 3. MATERIAL E MÉTODOS 48 3.1. Delineamento Experimental 48 3.2. Desenvolvimento tecnológico do biscoito 48

7

3.3. Etapas da elaboração do biscoito de farinha de tapioca e de farinha de arroz

49

3.4. Tratamento das Amostras 52 3.5. Análises tecnológicas 52 3.5.1. Análises físicas 52 3.5.2. Análises físico-químicas e nutricionais 52 3.6. Análise sensorial 53 3.7. Análise dos Dados 54 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO 55 4.1. Análises tecnológicas 55 4.1.1. Análises físicas 55 4.1.1.1. Análise do perfil de textura 56 4.1.1.1.2. Perfil de textura da massa crua 56 4.1.1.1.3. Perfil de textura dos biscoitos 57 4.2. Análises físico-químicas e nutricionais 58 4.3. Análise sensorial 60 5. CONCLUSÃO 63 6. REFERÊNCIAS 64 APÊNDICES 71 Apêndice 01 - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido 72 Apêndice 02 - Formulário de Teste de Análise Sensorial 73 ANEXOS 74 Anexo 01- Parecer Consubstanciado do Comitê de Ética 75 Anexo 02 - Valores das análises físico-químicas e nutricional de trabalhos científicos com elaboração de vários biscoitos com farinhas mistas

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8

LISTA DE ABREVIATURAS

ABAM Associação Brasileira dos Produtores de Amido de Mandioca

ACELBRA Associação dos Celíacos do Brasil ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária

BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social

CNNPA Comissão Nacional de Normas e Padrões para Alimentos

CEP Comitê de Ética em Pesquisa

DWPI Derwent World Patents Index

EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

FAO Food and Agriculture Organization

FIPE Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas

GGALI Gerência Geral de Alimentos

GPESP Gerência de Produtos Especiais

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

INPI Instituto Nacional da Propriedade Industrial

ITAL Instituto de Tecnologia de Alimentos

MDIC Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior

MERCOSUL Mercado Comum do Sul

MS Ministério da Saúde

ONU Organização das Nações Unidas

PNAN Política Nacional de Alimentação e Nutrição

SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

SIMABESP Sindicato da Indústria de Massas Alimentícias e Biscoitos no Estado de São Paulo

TACO Tabela de Composição de Alimentos

UEFS Universidade Estadual de Feira de Santana

UFV Universidade Federal de Viçosa

UNEB Universidade do Estado da Bahia

USPTO United States Patent and Trademark Office

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Emulsificantes utilizados em biscoitos e similares com ou sem recheio, com ou sem cobertura.

32

Tabela 2. Composição química e centesimal da fécula de mandioca

35

Tabela 3. Descritores Espacenet X Códigos da Classificação Internacional

35

Tabela 4. Códigos oficiais utilizados na busca - Classificação Internacional de Patentes (IPC)

36

Tabela 5. Códigos e sua abrangência tecnológica

39

Tabela 6. Percentual dos Ingredientes para as formulações do biscoito de farinhas de tapioca e de arroz.

50

Tabela 7. Avaliação tecnológica do biscoito de farinhas de tapioca e de arroz 55 Tabela 8. Fator de Expansão (FE) e Volume Específico (VE)

55

Tabela 9. Análise do Perfil de Textura da Massa Crua – Dureza, Adesividade, Coesividade e Mastigabilidade

57

Tabela 10. Parâmetros de Dureza e Fraturabilidade dos Biscoitos

58

Tabela 11. Avaliação físico-química dos biscoitos de farinha de tapioca e farinha de arroz

59

Tabela 12. Análise Sensorial dos biscoitos B e C

60

10

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Produção brasileira de mandioca em 2013

18

Figura 2. Tapioca granulada

20

Figura 3. Tapioca pérola - sagu

20

Figura 4. Fluxograma do processamento da farinha de tapioca

21

Figura 5. Fluxograma da produção da farinha de arroz

22

Figura 6. Fluxograma da produção do açúcar mascavo

25

Figura 7. Fluxograma da extração da fécula de mandioca

34

Figura 8. Percentual de patentes depositadas no INPI quanto a utilização da fécula de mandioca

37

Figura 9. Gráfico da evolução anual das patentes no Brasil

38

Figura 10. Distribuição das patentes segundo códigos de classificação internacional (maior incidência)

39

Figura 11. Temporalidade dos registros de patentes depositadas no Espacenet Período: 1938 - 2012

40

Figura 12. Quantitativo de patentes referentes à utilização da fécula de mandioca e tecnologias correlatas por país

41

Figura 13. Quantitativo de patentes x aplicantes (Instituições de Ensino, Inventores independentes e Indústrias)

42

Figura 14. Quantitativo de inventores por país

42

Figura 15. Percentual de Inventores frente ao depósito de patentes (titularidade)

43

Figura 16. Aplicação das patentes com utilização ou tecnologia correlata da fécula de mandioca

43

Figura 17. Percentual de celíacos cadastrados, divididos por estado brasileiro (2004)

45

Figura 18. Percentual de celíacos pesquisados sobre quais produtos sem glúten que gostariam de encontrar com facilidade (2004)

46

Figura 19. Fluxograma do processamento do biscoito de tapioca

49

11

Figura 20. Mistura Inicial: açúcar mascavo e gordura vegetal

50

Figura 21. Mistura após amassamento manual

50

Figura 22. Modelagem dos biscoitos

51

Figura 23. Massa antes do forneamento

51

Figura 24. Biscoitos após forneamento 51

Figura 25. Análise de textura da massa crua em Texturômetro TA.XT Plus

53

Figura 26. Avaliação sensorial dos biscoitos B e C.

60

Figura 27. Intenção de compra dos biscoitos B e C. 61

12

RESUMO

A fécula de mandioca é um produto extraído da mandioca (Manihot esculenta

Crantz), de origem indígena - língua tupi: typi-og, o que significa tirado do fundo -

sendo uma iguaria tipicamente brasileira muito comum no Norte e Nordeste

brasileiro. Também denominada de farinha de tapioca, é utilizada em diversas

preparações culinárias como bolo, beiju, mingau, cuscuz, pizza, sorvete entre outros.

Neste sentido, o objetivo deste trabalho é desenvolver um biscoito à base de farinha

de tapioca e de arroz, adicionado de açúcar mascavo, analisando suas propriedades

físico-químicas, sensoriais e nutricionais. Foram realizadas seis formulações do

biscoito com três repetições e cada análise com cinco replicatas. As análises

realizadas foram: perfil de textura; análises físicas – peso, diâmetro e volume;

análises físico-químicas: acidez titulável, atividade de água, carboidratos, lipídios,

proteínas, fibras alimentares, cinzas e umidade; e a avaliação sensorial dos biscoitos

foi realizada através do teste afetivo de aceitação utilizando escala hedônica

estruturada em nove pontos, com variação entre os termos gostei muitíssimo e

desgostei muitíssimo e intenção de compra. O biscoito de farinhas de tapioca e de

arroz adicionado de açúcar mascavo apresentou satisfatório perfil físico-químico e

nutricional dentro dos padrões legais e relevante aceitação sensorial, podendo ser

uma alternativa alimentar para diversos tipos de pessoas com restrição alimentar,

inclusive celíacas. A elaboração e produção do biscoito com farinhas de tapioca e de

arroz visam agregar valor aos produtos regionais, nutritivos, acessíveis a boa parte

da população brasileira, além de melhorar e fortalecer a economia, a agricultura

familiar e a identidade locais.

Palavras-chaves: fécula, agricultura familiar, regionalização, identidade, sensorial.

13

ABSTRACT

The cassava starch is a product extracted from cassava (Manihot esculenta Crantz),

of Indian origin - Tupi language: typi - og, which means drawn background - a very

common and typical Brazilian delicacy in northern and northeastern Brazil. Also

called tapioca flour, is used in various culinary preparations like cake, cassava bread,

porridge, couscous, pizza, ice cream and others. In this sense, the aim of this work is

to develop a cookie-based tapioca and rice flour, brown sugar added, analyzing their

physico-chemical, sensory and nutritional properties. Cookie six formulations were

performed with three replicates of each analysis with five replicates. The analyzes

were: texture profile; physical analysis - weight, diameter and volume; Physico-

chemical analysis: acidity, water activity, carbohydrates, lipids, proteins, dietary fiber,

ash and moisture; Cookies and sensory evaluation was performed using the affective

acceptance test using hedonic scale structured in nine points, with variation between

the terms extremely like and dislike extremely and purchase intent . The biscuit flour,

tapioca and rice added brown sugar showed satisfactory physicochemical and

nutritional profile within legal standards and relevant sensory acceptance and may be

an alternative food for many types of people with dietary restrictions, including celiac.

The development and production of biscuit with tapioca flour and rice aim to add

value to local products, nutritious, accessible to much of the population, and improve

and strengthen the economy, family farms and local identity.

Keywords: starch, family farming, regionalization, identity, sense.

14

1. INTRODUÇÃO

É notório o interesse do ser humano pelo consumo de alimentos que favoreçam uma

alimentação sadia e equilibrada nutricionalmente. Sob esse ponto de vista, as

pesquisas de avaliação de parâmetros nutricionais do Ministério da Saúde (BRASIL,

2012a) vêm demonstrando a incidência de anemia e hipovitaminose em crianças

brasileiras de norte a sul do país. Contudo, tal situação poderá amenizar-se com a

implementação de ações e políticas sérias por meio da PNAN - Política Nacional de

Nutrição e de Alimentação, que de fato, perpassando por questões sociais,

econômicas, estruturais e solidárias possam minimizar as causas da fome, e

assegurar esse bem comum a todos.

Neste âmbito, o próprio texto desta política expõe que “o desenvolvimento do

conhecimento e o apoio à pesquisa, à inovação e à tecnologia, no campo da

alimentação e nutrição em saúde coletiva, possibilitam a geração de evidências e

instrumentos necessários para implementação da PNAN” (BRASIL, 2012b).

Com vistas na PNAN, o presente trabalho propõe uma pesquisa que agregue valor à

tapioca associada ao açúcar mascavo, produtos tipicamente oriundos da agricultura

brasileira, nas dimensões: nutricional, social e econômica.

Além da melhoria nutricional, em especial da incorporação do ferro oriundo do

açúcar mascavo, o trabalho visa contribuir para a ampliação da oferta de produtos

sem glúten. Portadores da intolerância ao glúten, designada de doença Celíaca,

chegam a 25 milhões de pessoas a nível mundial (MESSIAS, 2006), justificando a

preocupação dos pesquisadores em buscar alternativas de substituição dos

produtos de panificação.

Neste sentido, surge a seguinte hipótese: Como agregar valor à tapioca de forma

que esta seja adicionada ao desenvolvimento de um novo produto, com

características nutricionais específicas, que seja utilizado como alternativa alimentar

para celíacos? Uma inovação que visa auxiliar a melhoria da qualidade de vida das

pessoas.

A tapioca apresenta diversas vantagens, pois é produzida em quase todo o território

brasileiro, cadeia produtiva de custo relativamente baixo, boa palatabilidade, vida de

prateleira longa e otimização na elaboração de muitas iguarias.

15

O açúcar mascavo é oriundo da cana-de-açúcar, cuja cadeia produtiva é de baixo

custo sendo não perecível e rico em ferro, podendo ser considerado boa fonte desse

mineral.

Segundo a Tabela Brasileira de Composição de Alimento - TACO (2011), o teor de

ferro do açúcar mascavo é de 8,3 mg em 100g do produto, sendo 6,4 vezes maior

que o feijão tipo carioca e, aproximadamente 3,0 vezes mais que os vegetais

folhosos, como o couve e o espinafre. A lentilha e a soja se equiparam ao teor de

ferro do açúcar mascavo, contudo a biodisponibilidade de ferro nestes vegetais é

considerada baixa (FRANCO, 2001; TACO, 2011). A carência de ferro representa

um dos maiores agravos nutricionais presentes em todo o mundo, afetando,

sobretudo indivíduos de países em desenvolvimento (WHO, 2003). Segundo o

Ministério da Saúde, a anemia ainda afeta aproximadamente metade dos pré-

escolares brasileiros - cerca de 4,8 milhões de crianças - com a prevalência

alcançando 67,6% nas idades entre 6 e 24 meses (BRASIL, 2005a).

A alta prevalência de deficiência de ferro em crianças e em mulheres de idade

reprodutiva realça a importância de pesquisas sobre a biodisponibilidade dietética do

ferro. Estudos têm mostrado que para o combate à anemia ferropriva devem ser

utilizadas estratégias no sentido de aumentar a ingestão de ferro, bem como

melhorar sua biodisponibilidade (ALMEIDA et al, 2002).

Sob o ponto de vista biológico, as formas relevantes de ferro são a férrica, oxidada

(Fe3+) e a ferrosa, reduzida (Fe2+) (FAGUNDES, 2010). O ferro está presente nos

alimentos sob duas formas, o ferro heme e o ferro não-heme. Nas carnes e

derivados, peixes e aves, o ferro heme corresponde a 50%, sendo sua

biodisponibilidade variando de 15 a 35%; o ferro não-heme também está presente

na carne e seus derivados, assim como nos vegetais, contudo a sua

biodisponibilidade permeia entre 5 a 20%. Todavia, a absorção do ferro dos

alimentos sofre influência de fatores dietéticos que aumentam sua absorção, tais

como o ácido ascórbico, por sua propriedade de reduzir o ferro III para ferro II; das

proteínas de carne, aves ou peixe, por conterem resíduos de aminoácidos

sulfurados (cisteína); e de fatores que a inibem como os fitatos em cereais; oxalatos

em vegetais folhosos verde-escuros; polifenóis no café e no chá; cálcio nos produtos

lácteos. Portanto, dependendo da forma na qual esse mineral se encontra no

alimento, a sua biodisponibilidade sofre interferência de fatores inibidores de sua

16

absorção. O açúcar mascavo apresenta o ferro não-heme, contudo possui uma alta

biodisponibilidade chegando a 15%. (COZZOLINO, 2005).

Neste sentido, um incremento no aporte nutricional da tapioca, pela associação com

açúcar mascavo, na produção de biscoito, poderá dinamizar a sua riqueza nutritiva,

além de ser um produto acessível e de fácil conservação. Ao passo que, conferindo

valor agregado, fortalece a identidade, a economia e a cultura de um povo.

17

1.1. OBJETIVOS

1.1.2. Objetivo Geral

Agregar valor à farinha de tapioca utilizando-a, juntamente com farinha de

arroz e açúcar mascavo no desenvolvimento de biscoito como alimento

enriquecido em ferro, fibra alimentar e isento de glúten.

1.1.3. Objetivos Específicos

Desenvolver um biscoito à base de farinha de tapioca e de farinha de arroz,

adicionado de açúcar mascavo;

Avaliar a qualidade nutricional do produto desenvolvido por meio das análises

de proteínas, lipídios, carboidratos, cinzas e fibras;

Avaliar a aceitação e intenção de compra pelo consumidor, por meio de

análise sensorial;

Avaliar as características tecnológicas por meio da análise de perfil de textura

(TPA), dureza, fraturabilidade, volume específico e fator de expansão.

18

2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1. MANDIOCA

A mandioca (Manihot esculenta Crantz) é planta da família das Euphorbiaceae cuja

raiz tem valor nutricional relevante, originando subprodutos como a farinha de

mandioca, a goma, a tapioca, o sagu, a puba e a carimã. Originária da América do

Sul, a mandioca constitui um dos principais alimentos energéticos para cerca de 500

milhões de pessoas, sobretudo nos países em desenvolvimento, onde é cultivada

em pequenas áreas com baixo nível tecnológico. De acordo com Cardoso (2003), a

mandiocultura está associada ao Brasil desde o seu descobrimento. A mandioca é

cultivada em todos os estados brasileiros e o produto tem destacada importância na

alimentação humana e animal, além de ser utilizado como matéria-prima em

inúmeros produtos industriais.

Mais de 80 países produzem mandioca, sendo que o Brasil participa com mais de

15% da produção mundial (EMBRAPA, 2013). De fácil adaptação, a mandioca é

cultivada em todos os estados brasileiros, situando-se entre os nove primeiros

produtos agrícolas do País, em termos de área cultivada, e o sexto em valor de

produção. Segundo o IBGE (2013), o Brasil produziu 25.666.901 toneladas de

mandioca em 2013, conforme Figura 1.

Figura 1. Produção Brasileira de Mandioca em 2013.

Fonte: IBGE, 2013. Disponível em:

<http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/indicadores/agropecuaria/lspa/lspa_201301.pdf > Acesso em 20 mar. 2013.

19

Em termos econômicos, estima-se que as atividades ligadas ao cultivo da mandioca

e seu processamento em farinha e fécula gerem aproximadamente um milhão de

empregos diretos (CARDOSO, 2003).

2.1.1. FARINHA DE TAPIOCA

Em muitos países, as denominações cassava starch, tapioca flour e tapioca starch

são confundidas com a denominação farinha de tapioca, mas significam fécula de

mandioca, que é um produto diferente (MILDE et al, 2010; POONGODI,

VIJAYAKUMAR & BOOPATHY, 2012, apud SILVA et al 2013). A tapioca é um

produto extraído a partir da fécula da mandioca. A palavra tapioca é de origem

indígena e vem da língua tupi: typi-og, o que significa “tirado do fundo”, sendo uma

iguaria tipicamente brasileira muito comum no Norte e Nordeste brasileiros. Como é

um alimento de sabor quase neutro, é utilizado em diversas preparações culinárias

como bolo, beiju, mingau, cuscuz, pizza, sorvete entre outros. A tapioca pode ser

definida como um produto obtido sob a forma granulada a partir da fécula de

mandioca e submetido a processo tecnológico adequado, sob a forma de grânulos

irregulares, poliédricos ou esféricos (BRASIL, 2005b). Nos estudos de Dias e Leonel

(2006), a tapioca apresentou elevado teor de amido (89,92g/100g) e baixos teores

de fibras (0,31g/100g), proteínas (0,02g/100g), matéria graxa (0,13g/100g) e

açúcares (0,10g/100g), quando comparados com os obtidos nas farinhas secas e

d’água.

A legislação ainda preconiza: Classificação e Tolerâncias: o produto amiláceo derivado da Raiz de Mandioca de acordo com o processo tecnológico de fabricação utilizado, suas características físicas (granulometria e forma dos grânulos) e sua qualidade será enquadrado em grupo, subgrupo e tipo, respectivamente: 3.1. Grupos: de acordo com a tecnologia de fabricação utilizada, o produto amiláceo será classificado em dois grupos: Grupo I - Fécula; Grupo II - Tapioca. Subgrupos da Tapioca - segundo a forma dos grânulos, a Tapioca é classificada em: Tapioca granulada - Tapioca “flakes granulated” (flocos granulados) tapioca: é o produto sob a forma de grânulos, poliédricos irregulares, de diversos tamanhos conforme Figura 2; Tapioca pérola ou sagu artificial - “Pearl” (pérola) tapioca: é o produto sob a forma de grânulos esféricos irregulares, de diversos tamanhos, conforme Figura 3 (BRASIL, 2005b).

20

Figura 2. Tapioca granulada Figura 3. Tapioca pérola – Sagu

Outro aspecto importante é que a agricultura familiar recentemente teve grande

reconhecimento em estudo inédito encomendado pelo Ministério do

Desenvolvimento Agrário à Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE),

onde este modelo de agricultura foi apontado como responsável por 10,1% do

Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil (CARVALHO, 2006).

2.1.1.1. Processamento da Farinha de Tapioca

O processo de produção da farinha de tapioca inicia-se após a elaboração da fécula

de mandioca. A fécula de mandioca, depois de seca, é quebrada, umedecida e

peneirada em tamise de malha entre 2,5 a 3,0 mm; depois é transferida para um

tecido de algodão emoldurado, onde as partículas passantes são pressionadas com

movimentos leves e giratórios das mãos, para formar grânulos, que são novamente

peneirados. Depois, essas partículas sofrem escaldamento sobre a chapa do forno a

uma temperatura aproximada de 180º C, sendo revolvidos constantemente por cerca

de cinco minutos. Os grânulos vão surgindo com determinado tamanho de acordo

com o grau de umidade da goma, ou seja, se a goma estiver muito úmida, aderirá ao

pano, e caso contrário, seca demais, não formará grânulos. Em seguida, os grânulos

ficam em repouso por 24 horas e depois são submetidos à espocagem no forno à

temperatura de 240º C, com constante revolvimento, entre 5 a 8 minutos. Nesta

fase, quando os grânulos da tapioca irrompem e o processo é finalizado, conforme

Figura 4 (SILVA et al, 2013).

Figura 3. Tapioca pérola – Sagu Fonte:<http://bit.ly/1tM3Ziz>

Fonte:<http://bit.ly/1k3m5FV>

21

Figura 4. Fluxograma do Processamento da Farinha de Tapioca

2.2. FARINHA DE ARROZ

A farinha de arroz (Oryza sativa, L.) é um produto obtido pela moagem do arroz

polido ou integral. Mariani (2010) ressalta que o aproveitamento de produtos

derivados de arroz e na alimentação humana, através da incorporação destes em

formulações de biscoitos, é uma excelente estratégia para aumentar o valor

nutricional e conferir características funcionais aos produtos isentos em glúten,

porém de baixo custo. A farinha de arroz encerra grande quantidade de amido e de

fibras alimentares, que são fonte de energia para o organismo e de manutenção

intestinal, respectivamente. A farinha de arroz é processada de acordo com o

fluxograma exposto na Figura 5.

FIGURA 5. Fluxograma da Produção da Farinha de Arroz

Fonte: Silva et al, 2013 (adaptado).

22

Fonte: <http://www.arrozfazenda.com.br/produto/farinha-de-arroz> (adaptado). A moagem consiste no cisalhamento dos grãos em rolos raiados, para lhes reduzir a

granulometria menores do que 250 μm (Wally, 2007). Nas análises de Clerici e El-

Dash (2006), a farinha de arroz apresentou 63% de tamanho entre 60 e 80 mesh e

37% acima de 100 mesh. Wally (2007) ressalta que a farinha de arroz deve ter

diâmetro inferior a 195 μm para apresentar boas propriedades para panificação.

2.3. AÇÚCAR MASCAVO

A resolução 12/33 de 1978 do CNNPA/MS (BRASIL, 1978) define açúcar como a

sacarose obtida industrialmente de cana ou de beterraba. A designação "açúcar"

deve ser seguida da denominação que corresponde ao seu tipo: "açúcar cristal",

"açúcar refinado", "açúcar demerara", "açúcar mascavo", "açúcar mascavinho",

"açúcar cande". O açúcar mascavo deverá conter um mínimo de 90% de sacarose.

O produto é elaborado a partir de caldo de cana livre de fermentação, isento de

qualquer tipo de sujidade, larvas, parasitos, fragmentos de insetos, de animais, de

vegetais e de substâncias terrosas.

Do caldo de cana são feitos melado e açúcar mascavo. A cana contém basicamente

dois tipos de açúcares: a sacarose e os açúcares simples (glicose e frutose). Na

cana verde a glicose e a frutose encontram-se em quantidades iguais. À medida que

amadurece, a frutose diminui, chegando até a desaparecer, porém, sempre

reaparece nos méis em virtude das trocas químicas (CARVALHO, 2007). O caldo

23

conserva todos os nutrientes da cana-de-açúcar, entre eles minerais (de 3 a 5%)

como ferro, cálcio, potássio, sódio, fósforo, magnésio e cloro, além de vitaminas do

complexo B e C (FAVA, 2004 apud NOGUEIRA et al, 2009). O açúcar mascavo é um alimento obtido diretamente da concentração do caldo de

cana. Em seu processo se elimina o uso de aditivos químicos para o processo de

branqueamento e clarificação, presentes na refinação do açúcar branco.

Sua cor pode variar do dourado ao marrom-escuro, em função da variedade, do

processo e da estação do ano em que é a cana é colhida e de fatores como espera

da cana cortada, espera do caldo para concentrar, cana verde e cana passada. Já o

aquecimento em meio ácido facilita a inversão (quebra) da sacarose, mas o açúcar

fica muito mais escuro (CARVALHO, 2007).

A produção do açúcar mascavo acontece, basicamente, pelo esmagamento de

colmos de cana-de-açúcar, maduros, sadios, frescos em moenda para a extração do

caldo, gerando a garapa e o bagaço, conforme a Figura 6. O caldo é inicialmente

filtrado para livrá-lo de impurezas que possam ter sido incorporadas na moagem,

como pedaços de bagaço. Segundo Carvalho (2007), o caldo ou garapa após sair

das moendas apresenta impurezas (terra, bagacilhos e outros fragmentos) e por isso

sofre uma primeira filtração em peneira fina, passando em seguida para um tanque

de decantação entre 4 e 5 horas. Estas etapas garantem o trabalho com caldo de

cana mais limpo, contribuindo para melhor qualidade do açúcar. A seguir, a garapa é

aquecida até a temperatura de 110º C (80º Brix) e, em muitos casos, tratada com

leite de cal (9 a 14% de óxido de cálcio de grau alimentar) para correção da acidez.

Por último, o caldo é concentrado por evaporação até o ponto de cristalização da

sacarose (LOPES e BORGES,1998; DELGADO e DELGADO,1999). A concentração

do ponto do açúcar mascavo é de 82º Brix, à quente, ou 90º Brix, a frio. Após a

obtenção do ponto, a massa é resfriada por batimento até transformar-se em açúcar

mascavo. A utilização do bicarbonato de sódio visa facilitar o batimento e a

granulação do açúcar por meio da liberação de gás carbônico (CO2) na massa

quente. Após o resfriamento, o açúcar mascavo é novamente peneirado (por

vibração) antes de ser embalado (CARVALHO, 2007).

O açúcar mascavo batido apresenta uma composição final de sais minerais e de

componentes orgânicos, bastante próxima do caldo da cana-de-açúcar. Já o açúcar

mascavo centrifugado, por ter o mel separado na centrífuga, possui a composição

24

de sais minerais, bastante empobrecida e um teor de carboidrato bastante alto

(BERNARDI et al, 2007).

A produção industrial de açúcar branco em combinação com rejeição dos

consumidores pela cor escura do açúcar mascavo quase o fez desaparecer. Assim,

o mercado de açúcar mascavo diminuiu com uma ameaça para a continuidade de

sua produção. Recentemente, no entanto, o açúcar mascavo foi reerguido por

consumidores que procuravam produtos mais "naturais". Em regiões mais pobres do

Brasil, o açúcar mascavo desempenha papel importante na dieta das crianças, por

fornecer excelentes fontes de energia de baixo custo, além disso, contêm um

impressionante nível de minerais e proteínas (GIANOTTO et al, 2011).

25

Figura 6. Fluxograma da produção do açúcar mascavo

Limpeza da cana

Moagem

Decantação do caldo

2ª Filtração

Concentração do caldo

Purificação do caldo

Determinação do ponto

Arrefecimento e Cristalização

Corte da cana

Armazenamento

Tamização

Limpeza do caldo

Acondicionamento e Pesagem

1ª Filtração

26

2.4. TECNOLOGIA DE PRODUÇÃO DO BISCOITO

A legislação define biscoito ou bolacha como sendo o produto obtido pelo

amassamento e cozimento conveniente de massa preparada com farinhas, amidos,

féculas fermentadas, ou não, e outras substâncias alimentícias (BRASIL, 1978).

A palavra biscoito vem do latim bis e coctus e significa "cozido duas vezes". O

biscoito data desde a idade da pedra, quando o homem comia grãos com os dentes,

contudo, começou a moê-los em pedras e amassá-los com água e secá-los ao fogo,

criando uma massa dura e seca, cuja forma assemelhava-se com os biscoitos

atuais. A popularidade do biscoito aumentou rapidamente, (meados do século XVII),

quando na Europa, começou-se a adicionar chocolate ou chá ao biscoito. Criando o

sabor e aroma, desde então para estimular as suas vendas, investiam-se os mais

variados tipos de gostos e aromas. O progresso dos negócios dos biscoitos alertou

as municipalidades para uma boa fonte de renda em taxas e impostos, sobre os já

populares "biscoitos para chá". Esta situação valorizou o biscoito que fomentou uma

busca por tecnologias que utilizassem métodos mais econômicos e de maior

rendimento, dando início à sua industrialização (SIMABESP, 2013).

Hoje, a indústria fornece uma série de tipos de biscoitos para os mais sofisticados

paladares, sendo mais consumidos pelas crianças.

2.4.1 INGREDIENTES BÁSICOS PARA PRODUÇÃO DE BISCOITO 2.4.1.1 FARINHAS

2.4.1.1.1 Farinha de Trigo

A farinha de trigo advém do processo de moagem de 75% do grão do trigo (Triticum

aestivum) beneficiado; os 25% do grão são destinados à produção do farelo de trigo. O tipo de farinha é influenciado pelo tipo de trigo e pelo processo de produção.

Comercialmente, existe no mercado cerca de quatro tipos de trigo: duro, mole,

branco e durum. O trigo duro tem alto valor proteico e a sua farinha oferece ótimas

propriedades para panificação. O trigo branco tem valor proteico inferior ao duro e

sua farinha é reconhecida para produção de tortas e bolos. A farinha de trigo obtida

a partir do trigo mole é orientada para a produção de crackers, bolachas e pães (tipo

árabe), pois seu teor de proteína é bem inferior quando comparado ao trigo duro e

Fonte: DELGADO et al, 1999. (adaptado)

27

ao trigo branco. E o trigo durum por ter grande riqueza proteica é recomendado para

elaboração de massas alimentícias em geral.

Por outro lado, o glúten confere força e elasticidade à farinha de trigo (CHAMOUN,

2008). O glúten forte é difícil de ser estirado sendo indicado para biscoitos crackers;

já o glúten denominado fraco é fácil de ser estirado sendo utilizado para os demais

biscoitos (ITAL, 1988).

A farinha de trigo é o principal elemento utilizado na fabricação de biscoitos, pois

confere estrutura e textura ao produto elaborado (ITAL, 1988; MARCELINO, 2008).

Segundo Franco (2001), a farinha de trigo é constituída de carboidratos (77,78 g/100

g), proteínas (10,10 g/100 g), lipídios (1,14 g/100 g) e cálcio (92 mg/100 g). Contudo,

devido à obrigatoriedade da RDC nº 344/2002 (BRASIL, 2002), a farinha de trigo

começou a ser fortificada com ferro e ácido fólico, no intuito de reduzir as carências

de ferro e de ácido fólico na população brasileira.

Para Bobbio e Bobbio (1998), as propriedades das massas são diretamente

dependentes do glúten e do amido e da complexa interação entre eles, mas a

presença de gorduras, açúcares redutores e outros componentes menores,

contribuem para as características textuais e o sabor e aroma desejados nas

massas. A formação do glúten por associação de proteínas presentes na farinha de

trigo é indispensável ao crescimento da massa. A gelatinização do amido e a

presença de gorduras colaboram para a estrutura e maciez das massas prontas

(BOBBIO e BOBBIO,1998).

2.4.1.1.2 Farinhas sucedâneas Ao utilizar farinhas mistas ocorrem alterações nas propriedades físicas e

tecnológicas que podem ser favoráveis ou não conforme o produto (BORGES et al,

2006).

Muitos trabalhos, na área de tecnologia de alimentos, têm sido publicados a respeito

de outras farinhas na elaboração de produtos de panificação, obtendo-se melhorias

tecnológicas.

O resultado do trabalho de Longo et al (2012) demonstrou que é tecnicamente

possível a adição da farinha dos resíduos da pupunheira ao biscoito tipo grissini,

sendo necessário realizar novos experimentos com a adição de emulsificantes e

28

enzima alfa-amilase, com o objetivo de melhorar a qualidade da massa e textura do

produto final e que deve ser submetido à avaliação sensorial.

A farinha de tapioca e a farinha de arroz são os elementos estruturais na formulação

do biscoito deste trabalho. Por fim, o grande desafio no desenvolvimento de

produtos isentos de glúten é formulá-los com características sensoriais agradáveis e

sejam nutritivos (MARIANI, 2010).

Clerici e El-Dash (2006) elaboraram pão sem glúten com 100% de farinha de arroz,

e adição de 10% de farinha pré-gelatinizada de arroz, cujos resultados mostraram

que a farinha extrusada de arroz a alta temperatura (180 oC) e baixa umidade (20%)

produziu pães com as melhores características tecnológicas, com cor de crosta e

miolo semelhantes ao pão de trigo, com exceção do volume e da textura que ainda

não foram exatamente iguais.

Dors et al (2006) relatam em seu trabalho que estudos realizados por Pizzinatto et al

(1982) verificaram que a adição de 10% de farinha de arroz na elaboração do pão

francês apresentou bons resultados, contudo a textura dos produtos ficou mais

áspera, mas ao se adicionar apenas 5%, esse aspecto melhorou. Isso sugere que

misturas de farinha de arroz e farinha de trigo são interessantes no preparo de pães

tipo francês.

Silva et al (2001) elaboraram biscoitos à base de farinha de trigo com 10%, 15%,

20% e 25% das farinhas de jatobá-do-cerrado e jatobá-da-mata. Contudo, os

biscoitos com 10% de ambas farinhas misturadas à farinha de trigo apresentaram

boas características tecnológicas e bom nível de aceitação.

Cereda (2002), diz que o amido pode ser colocado no biscoito, para padronizar o

teor de glúten da farinha, em proporção de 15% a 20% do peso da farinha de trigo.

Esse procedimento não traz problemas de ordem tecnológica, de alteração de

aparência ou de outras características fundamentais dos mesmos. Em geral, os

biscoitos feitos com farinhas mistas (amido e trigo) são mais bem aceitos por se

tornarem mais agradáveis ao paladar e serem mais leves que os convencionais,

assim como a mistura das farinhas de tapioca e de arroz no presente estudo.

Vieira et al (2010) fizeram a avaliação de biscoitos doces com substituição de até

15% da farinha de trigo por fécula de mandioca e verificaram que as características

físico-químicas e reológicas da farinha mista (fécula de mandioca e trigo) mostraram

ser tecnicamente viáveis para a elaboração de biscoito doce. Neste sentido, os

autores afirmam que a farinha mista com 15% de fécula de mandioca foi indicada

29

para ser utilizada na formulação de biscoitos, quando comparada com as farinhas

mistas com 5 e 10% de fécula. E comprovaram a adição da fécula sobre a farinha de

trigo não provoca modificações no comportamento térmico do amido, a não ser a

gelatinização do amido, numa temperatura menor que 200 ºC.

2.4.1.2 Açúcares

O açúcar é um ingrediente muito importante para a indústria de biscoitos, tendo

como finalidade melhorar a cor, a textura, a aparência, o sabor e a doçura e também

contribuir para o valor nutricional (MANOHAR; HARIDAS-RAO, 1997; ORMENESE

et al., 2001 apud MORAES et al, 2010).

Para a elaboração de biscoitos podem ser utilizados vários tipos de açúcares,

inclusive nas versões refinado, cristal, xarope, granulado ou mascavo (MARCELINO,

2008).

A quantidade, a granulação e o tipo de açúcar usado influenciam muito a qualidade

do produto. Os açúcares de granulometria fina deixam o biscoito crocante, ou seja,

com textura mais firme, porém a expansão em geral, é menor (MORAES et al,

2010). Neste sentido, segundo Pereira (2012), o açúcar, primordialmente, aumenta a

maciez, contribui para o volume, desenvolve cor agradável na crosta; propicia um

balanço próprio entre líquidos e sólidos responsáveis pelo contorno, age como

veículo para outros aromas e ajuda na retenção da umidade, favorecendo a

conservação do produto e confere acabamento atrativo.

2.4.1.3 Lipídios

De acordo com Jacob e Leelavathi (2007) apud Moraes et al (2010), o lipídio é um

dos componentes básicos da formulação de biscoitos e se apresenta em níveis

relativamente altos. Algumas formulações apresentam conteúdo entre 30 e 60% de

lipídios, 30 e 75% de açúcar e possuem baixo teor de umidade variando entre 7 e

20%. Os lipídios produzem biscoitos mais macios e massas mais curtas, ou seja,

menos extensíveis, enquanto que açúcares como a sacarose, contribuem para o

aumento do diâmetro do biscoito bem como para a característica de fraturabilidade

ou quebra (PERRY et al, 2003 apud MORAES et al, 2010). A margarina contribui

para lubrificar a massa, facilitar o processo e reduzir os tempos de mistura, melhorar

30

a absorção, aumentar o volume, melhorar a cor, suavizar as superfícies, a

estabilidade, a vida útil e o amaciamento da massa. A margarina e a manteiga

contribuem com o aroma e o sabor, melhoram a expansão e podem eventualmente

funcionar como agentes de crescimento pela retenção de ar (PEREIRA, 2012). De

acordo com Dendry e Dobraszczyk (2001), a principal ação dos lipídios em biscoitos

é na textura, tornando-os macios, agradáveis e quebradiços; isso acontece porque a

gordura inibe ou impede a formação do glúten, formando uma barreira, fazendo com

que a água não alcance as proteínas.

Para primar pela qualidade tecnológica e sensorial do biscoito, a quantidade e a

qualidade dos lípides devem ser levados em consideração para proporcionar:

resistência à rancificação, sabor e aroma agradáveis, formação de creme (ou poder

de creme), plasticidade, textura, cor, sensibilidade à luz e preço (PEREIRA, 2012).

2.4.1.4 Emulsificantes

A Portaria nº 540 de 1997 refere-se ao emulsificante como uma substância que torna

possível a formação/manutenção de uma mistura uniforme de duas ou mais fases

imiscíveis no alimento. Os emulsificantes são moléculas anfifílicas, pois possuem um

grupamento polar e um grupamento apolar. Sendo assim, conseguem promover a

interação de moléculas com baixa afinidade, a exemplo da água e do óleo. De

acordo com Santos (2008), os emulsificantes para alimentos são ésteres de ácidos

parciais de ácidos graxos de origem animal ou vegetal e alcoóis polivalentes, como

glicerol, propileno glicol, sorbitol, sacarose etc. Podem ser adicionalmente

esterificados com ácidos orgânicos, como ácido lático, acético, tartárico, succínico,

cítrico entre outros. Na Tabela 1, constam os emulsificantes permitidos para

produtos de panificação e biscoitos, no âmbito da legislação brasileira e

MERCOSUL. Com a finalidade de facilitar o acesso à legislação de aditivos, a

Gerência de Produtos Especiais – GPESP/GGALI/ANVISA – consolidou as

autorizações de uso de aditivos alimentares por categorias de produtos.

Os ovos, apesar de não serem considerados ingredientes básicos, são largamente

utilizados em produtos como pães, bolos e biscoitos, em várias funções, inclusive,

contribuem para a formação estrutural da massa, atuando como emulsificantes.

Além disso, os emulsificantes atuam sobre a amilopectina e a amilose, reduzindo

sua taxa de retrogradação – as moléculas de amilose tendem a voltar a forma

31

original, formando regiões cristalinas, causando sinerese (saída da água) (BOBBIO;

BOBBIO, 1998). Santos (2008) sugere outras aplicações para os emulsificantes,

como, melhorar a textura e vida de prateleira de produtos contendo amido, pela

formação de complexos com os componentes destes; modificar as propriedades

reológicas da farinha de trigo, pela interação com o glúten; melhorar a consistência e

textura de produtos à base de gorduras, pelo controle de polimorfismo e da estrutura

cristalina das gorduras, além de promover a solubilização de aromas . Em biscoitos, os emulsificantes reduzem o tempo de amassamento/batimento, e

melhoram o rendimento. Na elaboração do biscoito de farinha de tapioca e farinha

de arroz optou-se pela gema do ovo, por conter um emulsificante natural que é a

lecitina. A lecitina é a designação utilizada para a fosfatidilcolina pura - um

fosfolípido que constitui o principal componente da fração fosfatada que se obtém da

gema de ovo, cujas moléculas têm uma extremidade polar, que é atraída pela água,

e outra extremidade apolar, que é atraída pelo óleo. O efeito positivo do

emulsificante está relacionado com o aumento da aderência do amido à proteína e

vice-versa (SANTOS, 2008).

32

Tabela 1. Emulsificantes utilizados em biscoitos e similares com ou sem recheio, com ou sem cobertura.

INS Nome do aditivo Limite máximo (g/100 g ou g/100 ml)

Todos autorizados como BPF no MERCOSUL q.s. 405 Alginato de propileno glicol 0,2 430 Polioxetileno(8) Estearato 432 Polioxetileno (20) Monolaurato de

sorbitana 433 Polioxetileno (20) Monooleato de

sorbitana 434 Polioxetileno (20) Monopalmitato de

sorbitana 435 Polioxetileno (20) Monoestearato

de sorbitana 436 Polioxetileno (20)Triestearato de

sorbitana

0,3

472 d Ésteres de mono e diglicerídeos de ácidos graxos com ácido tartárico

0,5

472 e Ésteres de ácido diacetil tártarico e ácidos graxos com glicerol, ésteres de ácido diacetil tartárico e mono e

diglicerídeos 477 Ésteres e ácidos graxos com

propileno glicol 481 i Estearoil-2-lactil lactato de sódio 482 Estearoil-2-lactil lactato de cálcio

0,5

472 f Ésteres de mono e diglicerídeos de ácidos graxos com mistura de ácido

acético e ácido tartárico

0,6

491 Monoestearato de sorbitana 492 Triestearato de sorbitana 494 Monooleato de sorbitana 495 Monopalmitato de sorbitana

1,0

2.4.1.5 Sal

O sal mais utilizado na produção de biscoito é o cloreto de sódio. Auxilia na

incorporação do sabor e atua na conservação de vida de prateleira do produto e

inibição microbiana (PEREIRA, 2012).

Fonte: ANVISA, 2014. Disponível em: < http://bit.ly/1ikuvuO> Acesso em 24 fev. 2014.

33

2.5. PROSPECÇÃO TECNOLÓGICA: FÉCULA DE MANDIOCA

(Estudo publicado nos Cadernos de Prospecção: ISSN 1983-1358 (versão impressa)

e ISSN 2317-0026 (versão on-line), 2013, vol.6, n.4, p.435-446. D.O.I.: Disponível

em: <http://dx.doi.org/10.9771/S.CPROSP.2013.006.047>)

Muito presente na mesa do brasileiro, a mandioca (Manihot esculenta Crantz) é uma

raiz de grande valor nutricional, originando uma infinidade de subprodutos, inclusive

a fécula. A fécula é o produto amiláceo extraído das raízes de mandioca, não

fermentada, obtida por decantação, centrifugação ou outros processos tecnológicos

adequados (BRASIL, 2005b). O amido de mandioca, também conhecido como

polvilho doce ou goma, é um pó fino, branco, inodoro, insípido e produz ligeira

crepitação quando comprimido entre os dedos. É um polissacarídeo natural, da

família química dos carboidratos, constituído de cadeias lineares (amilose) e cadeias

ramificadas (amilopectina) e obtido através de raízes de mandioca devidamente

limpas, descascadas, trituradas, desintegradas, purificadas, peneiradas,

centrifugadas, concentradas, desidratadas e secadas. É extremamente versátil e

alcança uma eficiência incomparável em todas as suas aplicações (MDIC, 2003). A

fécula de mandioca é amplamente utilizada e pode ser transformada em outros

produtos de acordo com a necessidade do mercado. Contudo, é um produto obtido

de forma artesanal (LIMA et al, 2007; SILVA et al, 2013.)

A mandioca tem três principais potenciais de uso e no processo de fabricação

resulta em diversos tipos de fécula e farinha (GOEBEL, 2005 apud ARIENTE et al,

2005; BANDEIRA, 2012): mandioca de mesa e mandioca industrial;

amiláceos/fécula: fécula fermentada (polvilho); fécula in natura (papel, álcool,

fermento químico, goma para tecidos, tapioca/sagu); fécula modificada: dextrina

(papelão); pré-gelatinizados (pudins, sorvetes, gelatinas); glucose (xarope); sorbitol

(adoçante); vitamina C; plásticos biodegradáveis; farináceos, farinha não temperada

e farinha temperada.

A Food and Agriculture Organization (FAO), entidade associada à Organização das

Nações Unidas (ONU) considera a fécula uma excelente oportunidade para que os

países produtores de mandioca – geralmente nações em desenvolvimento –

adicionem valor a este produto de baixo custo (SEBRAE, 2008).

De acordo com a Associação Brasileira dos Produtores de Mandioca (ABAM), a

produção nacional de tapioca em 2001 foi de 550 mil toneladas (MDIC,2003),

34

contudo para o biênio 2011/2012, a ABAM prevê cerca de dois milhões de toneladas

de fécula produzida com um faturamento global de, aproximadamente, hum bilhão

de dólares. Pesquisas com a fécula de mandioca estão sendo realizadas acerca de

sua utilização como embalagens para alimentos que poderão substituir as de

poliestireno, sendo a principal vantagem é relativa ao meio ambiente (fácil e rápida

degradação). No mercado de colas e adesivos, a fécula também é uma opção, por

gerar produtos que têm maior aderência e são mais fáceis de manipular (ARIENTE

et al, 2005).

Dentro deste contexto, esta prospecção procura elucidar quais as patentes e seus

detentores, tecnologias mais próximas e/ou envolvidas no processamento de um

alimento à base de fécula de mandioca e realizar uma análise panorâmica no

cenário mundial. Dessa forma, o presente estudo servirá de suporte para a criação e

o desenvolvimento de biscoito de tapioca tipo amanteigado cuja base é a fécula de

mandioca, associado ao açúcar mascavo, com a finalidade de obter um alimento

que seja nutritivo e saudável, podendo ser consumido por pessoas com deficiências

nutricionais (inclusive, de ferro) e portadores de doença celíaca (intolerância ao

glúten).

A fécula de mandioca é muito aplicada na elaboração de produtos alimentícios

sendo amplamente cosumida. Os estudos prospectivos comprovam que a fécula de

mandioca é amplamente utilizada e pode ser transformada em outros produtos de

acordo com a necessidade do mercado. A Figura 7 ilustra o processo de extração da

fécula de mandioca.

Figura 7. Fluxograma da extração da fécula de mandioca

Fonte: LIMA et. al, 2007 (adaptado).

Prensagem

Decantação

Secagem

Trituração

Acondicionamento

Fécula

35

Segundo Brandão (2007), a fécula de mandioca é obtida através da decantação do

líquido extraído - a manipueira1 - durante a prensagem ou pela lavagem da massa

da mandioca. A água sobrenadante juntamente com as impurezas vai sendo trocada

por várias vezes até a purificação da fécula. Esta é secada ao sol e em seguida

peneirada e acondicionada para comercialização.

No que tange o valor nutricional, a fécula tem uma grande quantidade de

carboidratos, sendo um alimento de grande valor energético, conforme Tabela 2.

A metodologia utilizada no estudo prospectivo consistiu nos seguintes parâmetros

que caracterizaram o objeto de busca:

escolha dos descritores (palavras-chaves): cassava* (mandioca), starch*

(fécula, amido);

na busca dos códigos pertinentes à tecnologia pesquisada: Seção A –

Necessidades Humanas (INPI): A23L1, A21D13/08, A21D2/36, A23L1/0522,

A21B5/02 (Tabelas 3 e 4).

Tabela 3. Descritores Espacenet X Códigos da Classificação Internacional Cassava* Starch* A23L1 A21D13/08 A21D2/36 A23L1/0522 A21B5/02 TOTAL X 786 X 74.019 X X 414 X X X 110 X X X 7 X X X 5 X X X 8 X X X 0

Fonte: Espacenet, 2013.

1 A manipueira é um suco leitoso que contém o ácido cianídrico (tóxico). Algumas casas de farinha aproveitam este suco para extrair a fécula, bastante utilizado para fazer a tapioca (BRANDÃO, 2007).

Umidade

(%)

Energia

(Kcal)

Proteínas

(g)

Lipídios

(g)

Colesterol

(mg)

Carboidratos

(g)

Fibra

(g)

17,8 331 0,5 0,3 NA 81,1 0,6

Ca (mg)

Mg (g)

P (mg)

Fe (mg)

Na (mg)

K (mg)

Cinzas (g)

12 3 60 0,1 2 48 0,3

Fonte: TACO, 2011.

Tabela 2. Composição química e centesimal da fécula de mandioca

36

Tabela 4. Códigos oficiais utilizados na busca - Classificação Internacional de Patentes (IPC)

Códigos Classificação A21B5/02 Aparelhos para cozer artigos ocos, waffles, massas folhadas, biscoitos ou similares. A21D2/36 Material vegetal. A21D13/08 Pastelaria, p. ex., bolos, biscoitos, massas folheadas. A23L1

Alimentos, produtos alimentícios ou bebidas não alcoólicas; seu preparo ou tratamento, p. ex., cozimento, modificação das qualidades nutritivas, tratamento físico; conservação de alimentos ou produtos alimentícios, em geral (conservação de farinha e massas para cozimento).

A23L1/0522 Amido; amido modificado; derivados do amido. Fonte: IPC, 2013.

A pesquisa prospectiva foi realizada no período de dezembro de 2012 a fevereiro de

2013. A busca pelas patentes, primeiramente, foi combinada a partir dos campos

bibliográficos: somente palavras-chave; entre palavras-chave e códigos.

No Espacenet (<http://worldwide.espacenet.com/advancedSearch?locale=en_EP>),

a busca foi realizada a partir da inserção das palavras-chave e do código escolhidos,

através da “Pesquisa Avançada” (Advanced Search) no campo “Título ou Resumo”

(Title or abstract). O mesmo procedimento foi aplicado para a pesquisa na base INPI

(http://formulario.inpi.gov.br/MarcaPatente/servelet/PatenteServletController) e na

base norte-americana (<http://patft.uspto.gov/netahtml/PTO/search-bool.html>).

As patentes foram compactadas e exportadas para o software Microsoft Office Excel

2007, através do aplicativo CSV – Comma separated values (Valores separados por

vírgulas), para armazenar os dados tabelados.

No site Espacenet foram encontradas 110 patentes depositadas, sendo que 09

patentes não estavam disponíveis para acesso. No site do USPTO foram

encontradas 2 patentes e datam de 1983; no WIPO, 43 patentes foram encontradas

e equivalem ao período de 1988 a 2013. Na plataforma do INPI foram encontradas

137 patentes, contudo, excluídas as duplicatas, totalizou-se 130 patentes. Na Figura

8, ilustra-se o percentual de patentes depositadas no INPI quanto a utilização da

fécula de mandioca.

Ressalta-se que das 130 patentes investigadas no INPI, uma está mais diretamente

relacionada com o objeto desta prospecção: Processo para fabricação de amido de

mandioca, depositada em 03 de junho de 2004, sob o processo de número

PI0402200-9.

37

.

Figura 8. Percentual de patentes depositadas no INPI quanto a utilização

da fécula de mandioca

Fonte: Acervo da autora, 2013.

No Brasil, as primeiras patentes sobre o objeto desse estudo datam de 1977, onde o

país ainda sob o impulso do “milagre econômico2” utilizava-se de reservas cambiais

e de empréstimos internacionais para equilibrar a sua balança comercial.

Possivelmente, devido aos investimentos internos, alavancou-se um maior número

de pedidos de patentes. Neste contexto, o mundo sofria com a primeira crise do

petróleo fazendo com que potências econômicas, como os Estados Unidos

entrassem em recessão. Por volta de 1979, há um declínio nos pedidos de patentes,

pois ocorria a segunda crise do petróleo, levando o Brasil a ter uma inflação gradual

e acelerada, devido à constante elevação do preço dos combustíveis no mercado

interno. Por conseguinte, o “milagre econômico” começava a declinar.

Na década de 80, percebe-se, novamente, um aumento no pedido de patentes,

inclusive nos anos de 1983 a 1989. Nesse período houve um avanço tecnológico

expressivo, o regime ditatorial foi abolido com o movimento das “Diretas Já”, contudo

a inflação continuava em alta. Em 1983, o PIB decresceu 5%, o pior desempenho

desde que se criara a contabilidade da renda nacional (BNDES, 2002). De 1990 a

1998, o ritmo de pedidos de patentes ficou instável, afinal houve uma série de duras

medidas econômicas para coibir a inflação, inclusive o confisco de poupança e

2Milagre econômico é resultado de um conjunto de medidas governamentais que elevaram o crescimento do Brasil durante o período da Ditadura Militar, mais precisamente durante os anos 1969 e 1973, no mandato do general Emílio Médici.Disponível em: <http://www.historiabrasileira.com/brasil-republica/milagre-economico/> Acesso em 15 Mar. de 2013.

38

dinheiro aplicado da população em geral. A década de 90 foi a era da popularização

da informática, do incremento da Internet e, consequentemente, da globalização.

Com o avanço tecnológico intenso e investimentos oriundos do exterior, a partir do

ano 2000, o Brasil avança no aumento do número de patentes, pois há

investimentos na área tecnológica, a economia encontra-se estável; e, há crescente

ênfase na agricultura familiar e programas de governo atuando para o fortalecimento

da cultura e da economia de cada macro e microrregião brasileira. A Figura 9 retrata

a evolução anual das patentes no Brasil.

Figura 9. Gráfico da evolução anual das patentes no Brasil

Segundo o relatório baseado no Derwent World Patents Index - DWPI (Índice

Mundial Derwent de Patentes), produzido pela Thomson Reuters, houve uma

aceleração maior na geração de inovações entre 2007 e 2010, ano em que o Brasil

registrou 5.500 "invenções únicas" — cada família de patentes é agrupada em

apenas uma patente básica, que normalmente é o primeiro registro publicado da

invenção. O documento classificou o Brasil como um "canteiro fértil" da inovação.

Outro ponto importante apontado no documento é a inversão no perfil de

solicitantes, que, em 1997, eram majoritariamente (64%) compostos por não

residentes no País. Em 2007, os estrangeiros totalizavam apenas 36% dos

requerentes de patentes no INPI. Adaptado:<http://www.inovacao.unicamp.br/destaques/deposito-de-patentes-do-brasil-no-exterior-

cresceu-17-em-2011> Acesso em 20 mar. 2013.

Fonte: Acervo da autora, 2013.

39

Na plataforma Espacenet, observou-se que a maioria das patentes depositadas

apresentam o código A23L1 que trata de alimentos, produtos alimentícios ou

bebidas não alcoólicas; seu preparo ou tratamento; conservação de alimentos ou

produtos alimentícios, em geral.

As subdivisões dos códigos e o que cada uma trata constam na Tabela 5. Na Figura

10, o código A23L1/214 revela-se o de maior incidência no que tange a distribuição

das patentes pesquisadas.

Tabela 5. Códigos e sua abrangência tecnológica

Fonte: INPI, 2013. Disponível em: <http://inpi.org.br> Acesso em: 15 mar. 2013 . Figura 10. Distribuição das patentes segundo códigos de classificação internacional (maior incidência)

Códigos Abrangência A23L1 Alimentos, produtos alimentícios ou bebidas não alcoólicas; seu preparo ou

tratamento; conservação de alimentos ou produtos alimentícios, em geral. A23L1/214 Tubérculos, ou outras raízes contendo amido. A23L1/2165 Produtos/alimentos secos sem forma definida, p. ex., pós, flocos, grânulos ou

aglomerados. A23L1/10 Produtos/alimentos contendo derivados de cereais. A23L1/314 Produtos/alimentos contendo aditivos. A23L1/48 Composições alimentícias ou tratamento das mesmas. A23L1/09 Produtos contendo xaropes de carboidratos; contendo açúcares; contendo alcoóis

de açúcar, p. ex., xilitol; contendo hidrolisados de amido, p. ex., dextrina. A23L1/18 Cereais inflados, p. ex., pipoca, arroz inflado. A23L1/36 Alimentos constituídos principalmente de nozes ou sementes. A23L1/16 Tipos de massas alimentícias, p. ex., macarrão, talharim. A23L1/317 Produtos à base de carne triturada ou emulsificada, incluindo salsichas; carne

reconstituída a partir de produtos de carne triturada.

Fonte: Acervo da autora, 2013.

40

A evolução anual dos depósitos de patente na plataforma Espacenet elucida que a

primeira patente foi depositada na década de 1938. Nos anos 40, provavelmente,

não houveram depósitos de patentes devido aos agravos das grandes guerras

mundiais neste período. Na década de 50, ocorreu o depósito de uma patente,

contudo, o período entre a década de 40 e a de 50, é considerado como período

pós-guerra e período de transição para a segunda metade do século XX. Deste

marco em diante, o avanço tecnológico mundial era bastante evidente, devido às

revoluções tecnológicas e comportamentais da época. Entre os anos 60 e 70, as

patentes tiveram um aumento sensível, quiçá, por incentivos e melhorias na

tecnologia das indústrias, no todo. Do meado dos anos 80 aos dias hodiernos, houve

um aumento nos pedidos de depósitos de patentes, sendo registradas 90 patentes

neste intervalo de tempo conforme Figura 11. Muitas patentes foram propostas por

conta de investimentos em ciência, pesquisa e tecnologia.

Figura 11. Temporalidade dos registros de patentes depositadas no Espacenet Período: 1938 - 2012

No que tange aos países detentores da tecnologia acerca da fécula de mandioca,

ressalta-se a China, seguida da Grã Bretanha e da Coreia do Sul, conforme Figura

12. A China é um país tipicamente voltado para a agricultura e esta desempenha

função relevante na economia nacional. O quantitativo de, aproximadamente, 70

patentes depositadas pela China, é voltado para a indústria de alimentos e para o

Fonte: Acervo da autora, 2013.

41

campo, o que permite deduzir que investimentos e recursos estão sendo alocados

para o desenvolvimento dessas patentes.

Por outro lado, os aplicantes descritos (inventores, instituições e países) nas Figuras

13, 14, 15 e 16, percebe-se que os documentos depositados advêm, principalmente,

das indústrias. Isso comprova que as patentes depositadas são financiadas pelo

setor industrial visando rentabilidade pela inovação e/ou desenvolvimento de um

novo potencialize os lucros e a comercialização de seus produtos. Além disso,

aquela patente pode ser depositada em diversos países garantindo assim o direito

de exclusividade aos aplicantes e inventores nos mercados considerados mais

relevantes, garantindo assim o direito territorial da patente (MENDONÇA et. al,

2012).

Legenda CN - China GB - Grã Bretanha KR - Coreia do Sul JP - Japão WO - World Intellectual Property Organization US - Estados Unidos da América Fonte: Acervo da autora, 2013.

Figura 12. Quantitativo de patentes referentes à utilização da fécula de mandioca e tecnologias correlatas por país

42

Fonte: Acervo da autora, 2013.

Figura 14. Quantitativo de Inventores por País

Legenda CN - China GB - Grã Bretanha KR - Coreia do Sul WO - World Intellectual Property Organization JP - Japão

Figura 13. Quantitativo de Patentes x Aplicantes (Instituições de Ensino, Inventores independentes e Indústrias)

Fonte: Acervo da autora, 2013.

43

Figura 15. Percentual de inventores frente ao depósito de patentes (titularidade)

Sob a ótica da aplicação da fécula de mandioca (sua utilização e/ou tecnologia

correlata), conforme a Figura 16, as patentes se configuraram da seguinte forma:

30% para processos tecnológicos envolvendo a mandioca e/ou a fécula/outro

subproduto, 35% patentearam tanto o produto quanto o processo desenvolvidos e

31%, somente o produto. Cerca de 4% das patentes encontra-se em outras áreas

como a farmacologia e cosmetologia.

Fonte: Acervo da autora, 2013.

Figura 16. Aplicação das patentes com utilização ou tecnologia correlata da fécula de mandioca

Fonte: Acervo da autora, 2013.

44

Diante dos dados expostos neste estudo prospectivo, percebe-se a importância do

incentivo à ciência, pesquisa e tecnologia, pois são subsídios para o fomento e

criação de novas patentes. Por meio das patentes, as nações podem garantir a

transferência de tecnologias, obter lucros, conquistar novos mercados e divisas. O

depósito de patentes dinamiza o potencial tecnológico e reafirma a identidade de um

povo, inclusive, o fortalecimento de sua soberania e economia. Neste sentido, esta

prospecção tecnológica é relevante porque trata de um alimento básico, de amplo

consumo e propõe que seu estudo amplie horizontes de cunho tecnológico e que

seja difundido e utilizado, inclusive por sua importância alimentar e social

(consumido principalmente por populações menos favorecidas). Percebe-se assim,

que a fécula é um alimento promissor e que poderá melhorar as condições

alimentares de pessoas em estado de insegurança nutricional. Os estudos

prospectivos sobre a fécula de mandioca são importantes porque podem

potencializam melhorias em sua tecnologia quer seja de

extração/processamento/conservação e /ou de distribuição, concebendo uma visão

ampla na inovação de técnicas e de processos, podendo gerar mais emprego e

renda, além da possibilidade de redução de custos de processamento industrial.

Paralelo a isso, ressalta-se que, há poucos estudos e poucas tecnologias correlatas,

sendo interessante um maior investimento em pesquisa sobre a utilização da fécula

da mandioca na área de alimentos e o desenvolvimento de outras, como a de

embalagens, filmes comestíveis entre outras.

Em outra vertente, apesar do avanço brasileiro no cenário mundial no depósito de

patentes - 24ª colocação no ranking de depositantes de patentes - percebe-se que

os incentivos neste sentido ainda são muito escassos. Não se tem uma ampla

divulgação, inclusive nas Universidades, acerca da importância da criação de

patentes, esclarecimento e informações de que patentear uma invenção é salutar

para o país e para o inventor. Neste sentido, o INPI tem feito algumas ações como a

promoção de cursos online sobre Propriedade Intelectual para todo o território

nacional o que ainda é parco, haja vista a imensidão física e política de nosso país.

45

2.6. Doença Celíaca

A doença célica também denominada spru celíaco ou enteropatia glúten-sensitiva é

um distúrbio causado por uma reação à gliadina, um composto álcool-solúvel do

glúten. A lesão dos vilos da mucosa intestinal resultante desta condição leva a uma

má absorção real e potencial de todos os nutrientes (MAHAN et al, 2000).

O diagnóstico baseia-se nas manifestações clínicas e testes sorológicos, associados

à biopsia do intestino delgado (MARIANI, 2010).

Diagnosticada a doença, o primeiro controle a se fazer é retirar da dieta todos os

alimentos que possam conter glúten e substituí-los por outros como: fécula de

mandioca e de batata; amido de milho; farelo ou flocos de arroz; castanhas e

sementes, frutas e hortaliças.

No Brasil, a Associação dos Celíacos do Brasil (ACELBRA), expõe o quantitativo de

celíacos cadastrados no país em 2004, conforme Figura 17.

Figura 17. Percentual de celíacos cadastrados, divididos por estado brasileiro

(2004).

O gráfico exposto na Figura 18 elucida que tipo de produto o celíaco gostaria de

encontrar com facilidade, uma vez que a gama de produtos isentos de glúten ainda é

ínfima no mercado brasileiro. Contudo, essa realidade poderá melhorar diante de

uma gama de trabalhos acadêmicos voltados para o estudo ou desenvolvimento de

Fonte: ACELBRA, 2013. Disponível em: <http://www.acelbra.org.br/2004/estatisticas.php>. Acesso em 26 mar. 2013.

46

produtos isentos de glúten, inclusive os panificáveis. No gráfico, os produtos como

pães e biscoitos têm uma maior procura segundo a pesquisa.

Figura 18. Percentual de celíacos pesquisados sobre quais produtos sem glúten que gostariam de encontrar com facilidade (2004).

Fonte: ACELBRA, 2013. Disponível em: <http://www.acelbra.org.br/2004/estatisticas.php>. Acesso em 26 mar. 2013

Desconhece-se a prevalência da doença celíaca no Brasil, contudo nos Estados

Unidos e na Inglaterra a frequência com que ocorre na população geral é de 1/3.000.

Atinge somente indivíduos de cor branca e acomete com maior frequência o sexo

feminino. A distribuição em relação à idade mostra que a doença celíaca manifesta a

partir do 2º semestre de vida, ou antes, coincidindo com a introdução de cereais na

alimentação, inclusive os que contém glúten. Em geral, a doença é diagnosticada

entre o 6º e o 24º mês de vida, todavia pode ser referida em qualquer grupo etário,

inclusive na fase adulta (BARBIERI, 1999).

Na patologia, o glúten desencadeia na mucosa intestinal dos indivíduos suscetíveis

uma reação histológica bastante característica, elemento constante e de

aparecimento precoce, e que ocorre exclusivamente nos celíacos.

As medidas terapêuticas gerais dependem do tipo de distúrbio predominante. A

reposição eletrolítica nos casos de desidratação aguda; cálcio endovenoso na

tetania, plasma ou albumina humana nas grandes hipoalbuminemia, sangue se

houver anemia acentuada, vitamina K na vigência de fenômenos hemorrágicos

(BARBIERI, 1999).

47

A dieta deverá ser seguida rígida e permanentemente, a fim de evitar duas

complicações: comprometimento da estatura e malignização, pois câncer de boca,

faringe e esôfago, bem como, linfomas, ocorrem em celíacos não obedientes à dieta,

com frequência de 2 a 4 vezes maior que na população geral.

48

3. MATERIAL E MÉTODOS

3.1. Delineamento Experimental

O experimento foi conduzido em delineamento casualizado, com três repetições e

cada análise com cinco replicatas. As formulações e análises físicas do biscoito

foram realizadas nos Laboratórios de Tecnologia de Alimentos (Laboratório de

Cereais e Panificação e Laboratório de Análises Físico-Químicas) da UEFS –

Universidade Estadual de Feira de Santana, no estado da Bahia. As análises de

proteína foram realizadas no Laboratório de Bromatologia da UNEB - Universidade

do Estado da Bahia, e as análises de ferro e fibra alimentar, no Laboratório de

Nutrição Experimental da UFV - Universidade Federal de Viçosa, no estado de

Minas Gerais.

O projeto de pesquisa para este trabalho seguiu os trâmites legais e acadêmicos,

sendo analisado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Escola de Nutrição da

Universidade Federal da Bahia, que emitiu parecer de aprovação sob o registro de

número 495.477 no dia 16/12/2013 e CAAE nº 20613913.2.0000.5023.

3.2. Desenvolvimento tecnológico do biscoito

Os ingredientes para o preparo das formulações do biscoito de farinha de tapioca e

de farinha de arroz foram adquiridos no mercado local das cidades de Feira de

Santana e de Salvador. Os ingredientes para a elaboração dos biscoitos foram:

farinha de tapioca adquirida em feira livre da cidade de Salvador, farinha de arroz

(marca Dular), açúcar mascavo (marca Dular), ovo, gordura vegetal (margarina com

60% de lipídios marca Deline) e cloreto de sódio. A farinha de tapioca escolhida foi a

granulada por ser de melhor manipulação, de larga utilização pela população e a

que oferecia melhor qualidade sensorial e visual para a confecção do biscoito. Por

outro lado, a influência da granulometria de farinhas mais finas, não é sinônimo de

qualidade e nem seu mecanismo ainda não foi totalmente esclarecido (PYLLER,

1988 apud BORGES et al, 2006).

A farinha de tapioca e o açúcar mascavo foram peneirados em tamise de abertura

de 1,19 mm, marca Bertel. Todos os ingredientes foram pesados em balança

semianalítica da marca Schimadzu (exceto o ovo).

49

3.3. Etapas da elaboração do biscoito de farinha de tapioca e de farinha de arroz

Os biscoitos foram preparados de acordo com o fluxograma apresentado na Figura

19, variando os níveis de farinha de tapioca (25, 50, 75 e 100%) e de farinha de

arroz (25, 50, 75 e 100%); e a Formulação Controle (FC), com 100% de farinha de

trigo, conforme Tabela 6.

Fonte: ISHIMOTO et al, 2007 (adaptado).

Cálculo do percentual dos ingredientes

Diferente das outras áreas da gastronomia, a panificação permite que se defina o

ingrediente principal (100%) e se calcule os demais ingredientes com base neste

ingrediente, que normalmente é a farinha de trigo. Neste estudo, utilizamos como

ingredientes principais as farinhas de arroz e de tapioca, para as formulações A, B,

C, D e E e a farinha de trigo para a FC (Formulação Controle).

Mistura dos ingredientes

Amassamento

Modelagem dos biscoitos

Forneamento

Acondicionamento

Resfriamento

Figura 19. Fluxograma do processamento do biscoito de tapioca

50

Fonte: Acervo da autora, 2013.

Para a realização dos biscoitos seguiu-se o método creme (DENDRY e

DOBRASZCZYK, 2001; CHAMOUN, 2008) cujas etapas foram: seleção e pesagem

dos ingredientes, com exceção do ovo; mistura do açúcar mascavo com a gordura

vegetal até obtenção de um creme homogêneo (Figura 20); adição das farinhas de

tapioca e de arroz até formar uma massa homogênea, adição do ovo e

amassamento manual por cinco minutos até formar uma massa consistente (Figura

21).

FORMULAÇÕES (%) INGREDIENTES

FC A B C D E

Farinha de tapioca - 100 75 50 25 - Farinha de arroz - - 25 50 75 100 Farinha de trigo 100 - - - - - Açúcar mascavo 40 40 40 40 40 40 Gordura vegetal 35 35 35 35 35 35

Ovo 18 18 18 18 18 18 Sal 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5

Figura 20. Mistura Inicial: açúcar mascavo e gordura vegetal

Figura 21. Mistura após amassamento manual

Tabela 6. Percentual dos Ingredientes para as formulações do biscoito de farinhas de tapioca e de arroz.

51

Depois da mistura pronta, a massa foi estirada com rolo de massa e os biscoitos

foram modelados em forma padrão de altura de 1 cm e diâmetro de 4,4 cm (Figura

22). Após modelagem, os biscoitos foram acondicionados em formas retangulares

de alumínio e levados para assar em forno elétrico, marca Progás a 150 ºC por 15

minutos (Figuras 23 e 24).

Figura 23. Massa antes do forneamento

Figura 24. Biscoitos após forneamento

Figura 22. Modelagem dos biscoitos

52

3.4.Tratamento das amostras

Para proceder com as análises tecnológicas, nutricionais e sensoriais, as amostras,

após forneamento, foram retiradas em quantidade significativa e representativa,

sendo homogeneizadas e em alguns casos, trituradas em gral e com pistilo de

porcelana e peneiradas posteriormente. As amostras foram conservadas ao abrigo

da luz e da umidade e livre de contaminação microbiológica.

3.5. Análises Tecnológicas

3.5.1. Análises Físicas

As características dos biscoitos foram avaliadas de acordo com o Método 10-50 D

(AACC, 2000) citado por Moraes et al (2010). O peso foi determinado por pesagem

em balança digital semianalítica marca Shimadzu, antes do forneamento, sendo

expresso em g; o diâmetro foi determinado por paquímetro depois do forneamento

sendo expresso em cm; o volume específico foi calculado pela razão entre o volume

aparente (determinado pelo método de deslocamento das sementes de painço -

Panicum miliaceum L.) e o peso dos biscoitos após o forneamento; o fator de

expansão foi calculado pela razão entre o diâmetro da massa crua e a diâmetro dos

biscoitos após o forneamento.

O perfil de textura da massa crua foi analisado em texturômetro TA.XT.plus (Figura

25), utilizando o software Exponent Stable Micro Systems através dos parâmetros de

dureza, adesividade, elasticidade, coesividade, gomosidade, mastigabilidade de

acordo com metodologia descrita por Assis et al (2009) e Moraes et al (2010). A

análise de textura do biscoito foi realizada em texturômetro TA.XT.plus, utilizando o

software Exponent Stable Micro Systems através dos parâmetros dureza e

fraturabilidade, conforme Assis et al (2009) e Moraes et al (2010).

3.5.2. Análises físico-químicas e nutricionais

A umidade do biscoito foi determinada em estufa a 105 °C até peso constante

segundo metodologia do Instituto Adolfo Lutz, 2008. A atividade de água foi

realizada no aparelho AquaLab. A acidez titulável foi realizada segundo metodologia

53

orientada por Adolfo Lutz. A análise de cinzas foi realizada segundo método da

AACC 08-01 (2000) com queima em mufla a 600°C; os lipídios foram analisados por

extração em Sohxlet pelo método nº 31.4.02 da AOAC (1995); os carboidratos foram

quantificados pelo método da diferença conforme RDC nº 360 (BRASIL,2003); as

proteínas foram analisadas por Kjeldahl, método 920.87 da AOAC (1995), com fator

nitrogênio-proteína de 6,25; a análise de fibra alimentar foi realizada pelo método

enzimático-gravimétrico da AOAC (1997).

3.6. Análise Sensorial

A avaliação sensorial dos biscoitos foi realizada através do teste afetivo de aceitação

utilizando uma escala hedônica estruturada de nove pontos, que variou entre os

termos “Gostei muitíssimo” e “Desgostei muitíssimo”, e intenção de compra, segundo

a metodologia de Assis et al (2009) e Feddern et al (2011). O teste foi conduzido em

cabines individuais iluminadas adequadamente para este fim, com um conjunto de

90 julgadores não treinados, com idade entre 18 e 50 anos, que antes de iniciarem

os testes receberam o termo livre e esclarecido para leitura prévia e aceitação

voluntária para a realização dos testes através de assinatura. Depois os julgadores

receberam as amostras, de modo sequenciado, primeiro julgou e analisou a primeira

amostra e depois, subsequentemente, adveio a segunda amostra. Ambas foram

codificadas por três dígitos indo-arábicos e que não se repetiam entre si.

Figura 25. Análise de textura da massa crua em Texturômetro TA.XT Plus

54

Os biscoitos foram apresentados em blocos balanceados servidos em prato

descartável branco e com um copo com água para o enxague bucal antes do teste

subsequente.

Foram testadas duas amostras que foram escolhidas de acordo com o melhor perfil

tecnológico, ou seja, segundo análise física e de perfil de textura.

3.7. Análise dos Dados

Os resultados foram submetidos à análise de variância (ANOVA) e as médias

comparadas pelo teste de Tukey ao nível de 5% de significância, utilizando o

programa SAS, versão 2009.

55

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1. Análises Tecnológicas

4.1.1. Análises Físicas

Na avaliação física são preconizadas as análises de peso, diâmetro, espessura,

fator de expansão e volume específico. Assim sendo, a Tabela 7 expõe os

resultados dessas análises.

Legenda: PMCr – Peso da Massa crua (g); PMCo – Peso da Massa cozida (g); DMCr – Diâmetro Massa Crua (cm); DMCo – Diâmetro Massa Cozida(cm); EPM – Espessura da Massa (cm); VA – Volume Aparente (ml). Fonte: Acervo da autora, 2013.

Com relação ao volume específico, a amostra controle obteve menor valor de

volume específico sendo esse muito próximo da unidade (p<0,05) significando que

houve um equilíbrio entre peso e volume. Em seus estudos, Assis et al, (2009)

encontraram volumes específicos entre 0,92 e 1,76 ml.g-1 sendo semelhantes aos

encontrados neste trabalho, explicitados na Tabela 8.

Médias seguidas pela mesma letra, na coluna, não diferem entre si pelo teste de Tukey (p < 0,05). Fonte: Acervo da autora, 2013.

PARÂMETROS FORMULAÇÕES PMCr PMCo DMCr DMCo EPM VA

A 12,80±0,63 10,80±0,68 4,40 4,20±0,59 1,00 14,80±0,35 B 13,17±0,88 11,32±0,26 4,40 4,30±0,64 1,00 16,00±0,34 C 13,50±0,24 10,80±0,60 4,40 4,50±0,92 1,00 19,40±0,52 D 13,57±0,47 11,40±0,49 4,40 4,50±0,30 1,00 16,27±1,94 E 14,40±0,34 11,50±0,67 4,40 4,70±1,62 1,00 20,46±0,64

FC 15,73±0,17 13,90±0,56 4,40 4,27±0,59 1,00 13,16±1,00

PARÂMETROS FORMULAÇÕES FE (cm) VE (ml.g-1)

A 1,04±0,02a 1,38±0,05b B 1,02±0,02ª,b 1,41±0,05b C 0,98±0,01ª,b,c 1,80±0,09ª D 0,97±0,03b,c 1,43±0,11b E 0,92±0,03c 1,79±0,05ª

FC 1,03±0,01a,b 0,96±0,06c

Tabela 8. Fator de Expansão (FE) e Volume Específico (VE)

Tabela 7. Avaliação tecnológica do biscoito de farinhas de tapioca e de arroz

56

Os biscoitos elaborados com as farinhas de tapioca e de arroz obtiveram valores

superiores ao controle indicando um maior aumento de volume após o assamento,

pois como observado não há variações nos pesos e sim, nos volumes aparentes.

Esse aumento deve-se a maior presença de farinha de arroz e consequentemente

maior absorção de água e expansão durante a gelatinização do amido ocorrida no

forno.

Percebeu-se variação no peso da massa cozida devido ao forneamento, o mesmo

foi relatado no estudo de Moraes et al (2010). No que se refere ao fator de

expansão, o açúcar e a gordura vegetal têm muita interferência, pois além de

conferirem sabor e textura agradável, favorecem o espalhamento e a viscosidade, e

reduzem a espessura dos biscoitos (MANOHAR; HARIDAS-RAO,1997; ORMENESE

et al., 2001 apud MORAES et al 2010.).

A amostra E teve menor fator de expansão que a amostra A, B e FC (p<0,05), isso

se deve a maior quantidade de fibra do farelo de arroz que diminui a expansão dos

biscoitos. Possivelmente, a maior absorção de água pelas fibras, faz com que haja

diminuição da absorção pelo amido e como consequência uma menor gelatinização;

o mesmo foi relatado no trabalho de Feddern et al (2011), em biscoitos formulados

com farelo de trigo e farinha de arroz, onde encontrou-se fator de expansão variando

de 2,11 a 3,09, o que divergiram dos valores encontrados neste trabalho (0,93 a

1,04). Verificou-se, também, que o fator de expansão da amostra A não diferiu

significativamente das amostras B, C e FC. Contudo, a amostra B foi igual

estatisticamente às amostras C, D e FC (Tabela 8).

4.1.1.1. Análise de Perfil de Textura

4.1.1.1.2. Perfil de textura da massa crua

Na Tabela 9 estão expostos os perfis de dureza, adesividade, coesividade e

mastigabilidade das massas cruas dos biscoitos. Os perfis de elasticidade e de

gomosidade foram, não significativos (p>0,05). No trabalho de Assis et al (2009), os

valores para a elasticidade dos biscoitos produzidos com farinha de aveia e farinha

de arroz, também não houve diferença significativa (p>0,05). Verificou-se que ao

aumentar a quantidade de farinha de arroz de 50%(C) até 100% (E) a adesividade e

a dureza reduziram, este comportamento pode ser explicado devido à quantidade de

57

fibras presentes na farinha de arroz e por absorverem mais água. Este fato também

foi encontrado por Assis et al (2009), massas cruas dos biscoitos com farinha de

arroz apresentam menor dureza. Para Dureza, as amostras A, C e FC não diferiram

estatisticamente, assim como as amostras B, C, D, E e FC, que também não

diferiram significativamente entre si (p>0,05). Com relação à coesividade, a da FC foi

mais significativa (p<0,05) que as demais formulações por conter 100% de farinha

de trigo, sugerindo que as características viscoelásticas da cadeia das proteínas do

glúten, podem resistir a uma segunda deformação em relação ao comportamento de

uma deformação anterior, ou seja, a força de tração é mais intensa pela presença

das moléculas de gliadinas ou de gluteninas. A amostra B diferiu significativamente

para coesividade, perante às amostras D, E e FC; A formulação FC apresentou

diferença significativa para mastigabilidade perante às demais formulações.

Tabela 9. Análise do Perfil de Textura da Massa Crua – Dureza, Adesividade, Coesividade e Mastigabilidade

4.1.1.1.3. Perfil de textura dos biscoitos

Conforme Tabela 10, observa-se que os biscoitos de formulações A, B, C e D

apresentaram valores de dureza próximos uns dos outros, contudo na formulação

FC a dureza foi maior, o que pode ser atribuído à forte rede proteica do glúten e por

ela conter apenas farinha de trigo. Observou-se também que nos biscoitos contendo

farinha de tapioca e farinha de arroz, a dureza foi relativamente mais inferior que a

amostra FC. Assim, sugere-se que a gelatinização do amido da tapioca após

aquecimento promove uma rigidez à estrutura do biscoito, por inibir absorção de

água. Notou-se também que, as amostras A, B e FC não diferiram estatisticamente,

PARÂMETROS FORMULAÇÕES Dureza (N) Adesividade Coesividade Mastigabilidade

A 264,71±81,60a -25,31±12,01a,b 0,15±0,01b,c 13,72±2,65b

B 524,55±689,89b -37,86±10,61a,b 0,19±0,01b 31,29±40,83b,c

C 162,27±28,20a,b -24,69±8,56a,b 0,15±0,03b,c 8,17±2,45b,c

D 119,39±6,71b -19,02±5,38a 0,11±0,01c 3,06±0,45c

E 136,40±43,82b -27,80±10,14a,b 0,12±0,02c 9,69±11,30c

FC 177,90±37,07a,b -55,96±23,72b 0,30±0,03a 24,64±4,56a

Tratamentos seguidos da mesma letra, na coluna, não diferem entre si, pelo teste de Tukey à 5% de significância.

58

entre si, para o parâmetro fraturabilidade, mas diferiram significativamente (p>0,05)

das amostras C, D e E. No entanto, à medida que, se reduziu a farinha de tapioca e

aumentou em 50%, 75% e 100% a farinha de arroz, a resposta à fraturabilidade foi

maior (Tabela 10). Por outro lado, no que tange à fraturabilidade, uma concentração

de gordura entre 30 e 38% conseguem-se biscoitos com menor fraturabilidade

(MORAES et al, 2010). Neste trabalho, a concentração lipídica foi de 35%,

ocasionando biscoitos mais macios. Com base nos dados elucidados na Tabela 10,

verificou-se que houve diferença na dureza e na fraturabilidade em comparação com

a FC, à medida que aumentou-se a proporção de 50% de farinha de arroz na

formulação dos biscoitos. A formulação controle (100% farinha de trigo) apresentou

maior dureza e menor fraturabilidade.

Tabela 10. Parâmetros de Dureza e Fraturabilidade dos Biscoitos

4.2. Análises Físico-Químicas e Nutricionais

De acordo com os valores expressos na Tabela 11, as formulações B e C

apresentaram os resultados semelhantes aos encontrados na literatura científica, em

termos de composição centesimal. Os valores para umidade (2,97% e 2,96%),

acidez titulável (0,18 ml e 0,19 ml) e atividade de água (0,30 e 0,30) das amostras B

e C não tiveram variação significativa, mas estão condizentes com os parâmetros

preconizados pela CNNPA 12/1978. Por outro lado, os baixos teores de umidade e

de atividade de água corroboram para um produto que inibe a multiplicação

microbiana, conjugados às concentrações significativas de carboidratos, que

também deixam o meio inóspito para a reprodução microbiológica. Os resultados

PARÂMETROS FORMULAÇÕES Dureza (N) Fraturabilidade (mm)

A 326,80±29,10b 0,59±0,14b B 491,16±269,02b 0,46±0,02b C 190,35±70,93b 6,06± 3,57ª D 348,07±95,33b 8,81±0,69ª E 73,42±6,15b 8,25±0,46ª

FC 3.070,38±1.800,33a 0,88±0,15b

Tratamentos seguidos da mesma letra, na coluna, não diferem entre si, pelo teste de Tukey à 5% de significância.

59

obtidos para foram: cinzas (0,77% e 0,83%); proteínas (2,56 g e 3,52 g); lipídios

(19,07 g e 15,64 g); carboidratos (73,77 g e 76,14 g); fibra (0,86 g e 0,91 g).

No que tange ao valor nutricional, foram encontrados valores aproximados de

cinzas, proteínas, lipídios, carboidratos e fibra quando comparados aos resultados

encontrados por: Moraes et al (2010) na avaliação de biscoitos tipo cookie com

farinha de trigo e variados teores de açúcar e de gordura; Santos et al (2011) com

biscoitos elaborados com farinha de buriti com ou sem aveia; Vieira et al (2010) com

a elaboração de biscoitos doces com fécula de mandioca; Mariani (2010) com a

elaboração de biscoitos para celíacos à base de farelo de arroz e de farinha de soja;

Fasolin et al (2007) com biscoitos feitos com farinha de banana; Rodrigues et al

(2011) com biscoitos de polvilho elaborados a partir de farelo de mandioca; Lacerda

et al (2009) com biscoitos elaborados com farelo de arroz extrusado em substituição

à farinha de trigo e fécula de mandioca; e, Assis et al (2009) com biscoitos com

farinha de aveia e farinha de arroz (Anexo 02). Comparando as informações,

percebe-se que os valores encontrados neste estudo são compatíveis com os

demais resultados encontrados.

Neste contexto, observa-se que as formulações B e C contemplam nutrientes

importantes para a alimentação humana. Apesar do baixo teor de fibras, ainda sim é

um alimento nutritivo, pois encontra-se completo em sua composição nutricional,

inclusive pela presença de macronutrientes como as proteínas e o resíduo mineral

(cinzas), além do aporte calórico fornecido pelos carboidratos e pelos lipídios.

PARÂMETROS FÍSICO-QUÍMICOS FORMULA

ÇÕES Umidade (%)

Acidez titulável

(ml)

Atividade de Água à

24,4 ºC

Cinzas (%)

Protí dios (%)

Lípídes (%)

Carboi dratos

(%)

Fibra (g)

B 2,97±0,06

0,18±

0,02 0,30±0,00 0,77±

0,09 2,56±

0,08 19,07± 1,81

73,77± 0,00

0,86± 0,02

C 2,96±0,04 0,19± 0,00 0,30±0,00 0,83±

0,02 3,52±

0,21 15,64±

0,10 76,14±

0,00 0,91±

0,04

Parâmetro Legal

Máx. 14,00% (CNNPA 12/78)

Máx. 2,00 ml

(CNNPA 12/78)

-

Máx. 3,00%

(CNNPA 12/78)

- - -

Mín. 3,00 g (Brasil, 1998)

Tabela 11. Avaliação físico-química dos biscoitos de farinha de tapioca e farinha de arroz

60

4.3. Análise Sensorial

Os resultados do índice de aceitabilidade por atributo dos biscoitos podem ser

observados na tabela 12. Foi realizada avaliação sensorial apenas das amostras B e

C, por estas apresentarem melhor perfil tecnológico durante a realização dos testes

de textura da massa crua e da massa cozida.

Tabela 12. Análise Sensorial dos biscoitos B e C.

As amostras B e C diferiram significativamente (p<0,05) entre si em todos os

atributos sensoriais. A amostra B obteve média de aceitação superior à da amostra

C, inclusive para o atributo sabor que foi de 7,79. Todas as médias obtidas na

avaliação sensorial, das amostras B e C, encontram-se entre os pontos hedônicos 6

e 8, correspondentes aos termos “gostei ligeiramente” e “gostei muito”(Figura 26).

Figura 26. Avaliação sensorial dos biscoitos B e C.

ATRIBUTOS SENSORIAIS FORMULAÇÕES

Aroma Textura Cor Sabor Impressão

Global

B 7,48±0,71a 7,10±0,71ª 7,23±0,71ª 7,79±0,71ª 7,56±0,00ª C 7,07±1,41b 6,44±4,24b 6,92±1,41b 7,07±2,12b 7,01±1,41b

Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si pelo Teste de Tukey à 5% de significância.

Médias das notas atribuídas aos aspectos sensoriais de aroma, textura, cor, sabor e impressão global.

61

Para os atributos aroma, cor, textura e sabor, as médias da formulação B foram

maiores significativamente do que da formulação C. Essa predileção do julgador

pode estar relacionada com a concentração da farinha de tapioca (75%) e de farinha

de arroz (25%) na formulação B, já que na formulação C, essas concentrações estão

equilibradas (50% de cada tipo de farinha), tornando a amostra B mais apetecível ao

paladar. Na avaliação global, as médias ficaram entre 7,56 para a amostra B e 7,01

para a amostra C, ambas correspondendo aos intervalos “gostei moderadamente” e

“gostei muito”. No que tange à intenção de compra, 45,56% dos julgadores

responderam que provavelmente comprariam o biscoito B e 43,34%, o biscoito C.

Contudo, 33,34% dos julgadores responderam que certamente comprariam o

biscoito B e 14,45% disseram que certamente comprariam o biscoito C.

Paralelamente, 20% dos julgadores relataram que teria dúvida se compraria ou não

a amostra B, e 32,23% a amostra C (Figura 27).

Figura 27. Intenção de compra dos biscoitos B e C.

0%5%

10%15%20%25%30%35%40%45%50%

CC PC TDPNC

CNC

Per

cent

ual

de J

ulga

dore

s

Biscoito B Biscoito C

Dados percentuais de intenção de compra para um público de 90 julgadores. Legenda: CC (Certamente Compraria); PC (Provavelmente Compraria); TD (Teria Dúvida se compraria ou não); PNC (Provavelmente Não Compraria); CNC (Certamente Não Compraria).

62

Quanto ao perfil dos 90 julgadores, a faixa de idade variou de 18 a mais de 50 anos,

a maioria do sexo feminino, com nível superior e dois tinham intolerância ao glúten.

Através da avaliação sensorial foi possível verificar a boa aceitação dos biscoitos em

relação ao sabor, textura, cor, aroma e impressão global, sendo que, os biscoitos

com maior quantidade de farinha de tapioca e menor de farinha de arroz obtiveram

valores maiores em todas as características citadas em comparação à amostra C, e

através das análises estatísticas foi possível averiguar que houve diferença

significativa (p<0,05).

Intenção de compra para os biscoitos B e C.

63

5. CONCLUSÃO

Os resultados obtidos neste trabalho indicam viabilidade de produção do biscoito de

farinha de tapioca e de farinha de arroz, sob o ponto de vista tecnológico, nutricional

e sensorial, pois a sua aceitação foi satisfatória perante a um público considerável

(n=90). A tecnologia envolvida para a sua produção e consequente comercialização

não gera uma demanda elevada de recursos, de tempo e de mão de obra. O biscoito

elaborado e estudado poderá servir de alicerce para outros estudos, onde se

valorize a utilização de produtos regionais, somados ao aporte nutricional e

desenvolvimento econômico, uma vez que o biscoito de farinhas de tapioca e de

arroz possui características nutricionais importantes podendo ser introduzido no

mercado consumidor, através da agricultura familiar, favorecendo a sua venda

principalmente para a alimentação escolar. É promissora a fabricação em escala do

biscoito de farinhas de tapioca e de arroz, podendo sua produção se processar

através de cooperativas de oriundas da organização dos empreendedores da

agricultura familiar.

Por outro lado, vale ressaltar que as farinhas mistas são uma grande opção para a

fabricação de novos produtos de panificação e afins, visto que as farinhas mistas

não interferem de forma negativa na substituição parcial ou total da farinha de trigo,

contudo, observa-se que outros fatores poderão interferir na qualidade sensorial de

tais produtos, como qualidade das farinhas, umidade, excesso e/ou escassez ou

escolha inadequada do tipo de açúcar ou da gordura ou de qualquer ingrediente

estrutural da massa para a produção de biscoitos. Outro benefício evidente das

farinhas mistas é o de possibilitar a quem tem restrição alimentar, se nutrir de

alimentos livres de glúten, com boa qualidade sensorial e nutricional.

Com este trabalho, procura-se despertar maiores discussões e investimentos na

fabricação de novos produtos de panificação de baixo custo, enriquecidos

nutricionalmente, viáveis, com características sensoriais finamente agradáveis e de

acesso geral e facilitado.

64

6. REFERÊNCIAS

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APÊNDICES

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TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Prezado (a) julgador (a), pelo presente termo me apresento como aluna do Programa de Pós Graduação da UFBA do Mestrado em Ciência de Alimentos, Simone de Souza Montes, responsável pela avaliação/análise sensorial do biscoito de farinhas de tapioca e de arroz adicionado de açúcar mascavo sob a orientação do Dr. Renato Souza Cruz e coorientação da Drª Ryzia de Cássia Vieira Cardoso, do projeto de pesquisa intitulado “Biscoito de farinhas de tapioca e de arroz: Propriedades tecnológicas, físico-químicas e sensoriais”. Este estudo é importante por desenvolver um produto livre de glúten e oferecer mais uma alternativa de alimento nutritivo aos portadores de doença celíaca. Assim, essa etapa do trabalho tem por finalidade avaliar sensorialmente através de teste afetivo, a aceitabilidade do biscoito amanteigado de farinha de tapioca e de arroz quanto à textura, sabor, aroma e cor em relação ao ideal, de acordo a sua opinião. As amostras apresentadas (juntamente com a ficha de avaliação com a escala estruturada de nove pontos, aceitação global e a intenção de compra) foram processadas segundo as boas práticas de fabricação, o que garantem as suas conformidades para o consumo humano. Durante a resposta ao questionário e realização do teste você pode contar com o nosso auxílio para esclarecimento de possíveis dúvidas e assistência. Contudo, a qualquer momento você poderá solicitar esclarecimento sobre o curso do trabalho ou sobre a metodologia, bastando para isso contatar a pesquisadora ou os orientadores no local informado abaixo. A sua participação como voluntário (a) deverá durar cerca de 3 a 5 minutos, porém se você se sentir constrangido (a) poderá abandonar o teste, sem prejuízo algum. A sua participação no projeto tem caráter voluntário e não lhe trará nenhum tipo de ônus ou remuneração, uma vez que você somente irá participar se tiver disponibilidade e interesse. No teste sensorial do biscoito, você deverá provar as amostras e depois preencher uma ficha de avaliação sensorial acerca de sua preferência frente ao produto degustado. Caso você concorde em participar, sua privacidade estará assegurada, sendo mantida em sigilo e sob qualquer hipótese não será revelada, pois os dados confidenciais envolvidos na pesquisa, tais como nome e respostas, serão mantidos em completo anonimato. Informamos também que você poderá solicitar a retirada de seus dados do questionário e de resposta sensorial dos resultados do teste. Qualquer dúvida, eventual efeito colateral, solicitação de esclarecimento ou acompanhamento dos resultados estaremos à disposição no Laboratório de Análise Sensorial – Universidade Estadual de Feira de Santana. Desde já agradecemos sua colaboração.

........................................................................ ..................................................................... Prof° orientador Mestranda Compreendi e concordo com as informações que me foram transmitidas e, portanto, aceito participar

como voluntário (a) do teste de análise sensorial do projeto de pesquisa supracitado, sendo que meus

dados serão mantidos em absoluto anonimato.

Cidade,............./................/ 2013. Nome:........................................................................................................................................................

APENDICE 01 - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

Universidade Federal da Bahia Universidade Estadual de Feira de Santana Departamento de Análises Bromatológicas

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Teste de Análise Sensorial INSTRUÇÕES: Você vai receber uma amostra codificada do biscoito para provar. Considerando os itens aroma, textura, cor, sabor e impressão global, avalie a amostra usando a escala abaixo para indicar o quanto você gostou ou desgostou. Lave a boca após a degustação. Se desejar, faça comentários.

Amostra:

Atributos

Escala

Aroma Textura Cor Sabor Impressão

Global 9.Gostei muitíssimo 8.Gostei muito 7.Gostei moderadamente 6.Gostei ligeiramente 5.Nem gostei e nem desgostei 4. Desgostei ligeiramente 3.Desgostei moderadamente 2.Desgostei muito 1.Desgostei muitíssimo

COMENTÁRIOS:............................................................................................................................................... ..........................................................................................................................................................................

NOME:

Data:________/________/ 2013.

Se esta amostra estivesse à venda, qual seria sua intenção?

( ) Certamente compraria

( ) Provavelmente compraria

( ) Teria dúvida se compraria ou não

( ) Provavelmente não compraria ( ) Certamente não compraria

Universidade Federal da Bahia Universidade Estadual de Feira de Santana Departamento de Análises Bromatológicas

APENDICE 02 – Formulário de Teste de Análise Sensorial

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ANEXOS

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Anexo 01- Parecer Consubstanciado do Comitê de Ética

ANEXO 01 -

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77

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VARIAÇÃO DOS VALORES ENCONTRADOS NOS DIVERSOS TIPOS DE BISCOITOS

AUTORES Umidade

(%) Cinzas

(%) Proteínas

(%) Lipídios

(%) Carboidratos

(%) Fibra

(g)

Assis et al (2009) 3,49 a 4,77 1,44 a 1,59 4,95 a 7,05 17,81 a 24,07 - -

Fasolin et al (2007) 2,60 a 2,80 1,51 a 1,93 6,77 a 7,8 18,85 a 19,75 - -

Lacerda et al (2009) 1.86 a 3,42 2,08 a 3,31 6,36 a 7,56 19,5 a 21,9 60,78 a 68,61 1,65 a 5,17

Mariani (2010) 6,45 a 7,96 0,58 a 4,23 7,35 a 14,22 17,47 a 22,13 37,27 a 65,16 2,99 a 15,10

Moraes et al (2010) 4,07 a 5,86 1,24 a 1,59 7,37 a 8,08 11,82 a 22,35 63,64 a 74,61 -

Rodrigues et al (2011) 5,74 a 6,89 2,91 a 3,01 6,66 a 7,26 15,07 a 16,27 75,75 a 80,68 5,47 a 11,40

Santos et al (2011) 4,21 a 4,54 1,60 a 1,79 2,42 a 3,73 16,87 a 22,46 69,00 a 73,43 3,41 a 7,71

Vieira et al (2010) 2,60 a 2,80 0,49 a 0,56 3,17 a 4,69 27,98 a 28,67 - -

Anexo 02 – Valores das análises físico-químicas e nutricional de trabalhos científicos com elaboração de vários biscoitos com farinhas mistas.