Blair Dissertação PUC maio

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Matemática Blair de Miranda Mendes A INFLUÊNCIA DO MOVIMENTO ESCOTEIRO NA FORMAÇÃO DO CIDADÃO ECOLÓGICO Belo Horizonte 2012

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS

Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e M atemática

Blair de Miranda Mendes

A INFLUÊNCIA DO MOVIMENTO ESCOTEIRO NA

FORMAÇÃO DO CIDADÃO ECOLÓGICO

Belo Horizonte

2012

Blair de Miranda Mendes

A INFLUÊNCIA DO MOVIMENTO ESCOTEIRO NA

FORMAÇÃO DO CIDADÃO ECOLÓGICO

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Matemática da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Biologia. Orientadora: Profª. Drª. Cláudia de Vilhena Schayer Sabino Co-orientador: Dr. João Francisco de Abreu (PhD)

Belo Horizonte

2012

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FICHA CATALOGRÁFICA Elaborada pela Biblioteca da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais

Mendes, Blair Miranda M538i A influência do movimento escoteiro na formação do cidadão ecológico /

Blair Miranda Mendes. Belo Horizonte, 2012. 158f.: il.

Orientadora: Cláudia de Vilhena Schayer Sabino Co-orientador: João Francisco de Abreu Dissertação (Mestrado) – Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais.

Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Matemática.

1. Escotismo. 2. Meio ambiente. 3. Água. 4. Residuos sólicos. I. Sabino, Cláudia de Vilhena Schayer. II. Abreu, João Francisco de. III. Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Matemática. IV. Título.

CDU: 301.185

Blair de Miranda Mendes

A INFLUÊNCIA DO MOVIMENTO ESCOTEIRO NA FORMAÇÃO

DO CIDADÃO ECOLÓGICO

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Matemática da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Biologia.

___________________________________________________________

Profª. Drª. Cláudia de Vilhena Schayer Sabino (Orientadora) - PUC Minas

____________________ ________________ Dr. Wolney Lobato - PUC Minas

_________________________________________ Dr. João Francisco de Abreu (PhD) - PUC Minas

Belo Horizonte, 20 de janeiro de 2012.

A Deus, cuja presença é refletida na criação da natureza, infelizmente bastante devastada pela ação humana, ocasionada pela sociedade de consumo, que produz quantidades enormes de lixo, principalmente os “refugos humanos”. Ao Movimento Escoteiro, minha referência e norte durante a travessia e jornada pelos caminhos da existência, e que, desde o ano de 1966, alicerça e edifica minha concepção sobre a Educação. À dona Geralda, minha mãe, pela sua preocupação e mão protetora, mas nunca conivente com as aventuras passadas do filho, porque, independentemente da idade, somos uma eterna criança. Aos irmãos, pelo apoio. À Denise e Luíza, pela paciência, tolerância e por me darem outro sentido para a vida, tornando real o ideal de família, e fazendo de mim o que sou hoje.

AGRADECIMENTOS

A todos os professores do Mestrado em Ensino de Ciências e Matemática - Área de

concentração: Biologia (turma 6 - 2010): Profa. Drª Agnela Giusta, Profa. Drª Lídia Ribeiro,

Prof. Dr. Francisco Ângelo Coutinho, Profa. Drª Cláudia de Vilhena Schayer Sabino, Profa.

Drª Adriana Gomes Dickman, Prof. Dr. Amauri Carlos Ferreira, Profa. Drª Andréa Carla Leite

Chaves, Prof. Dr. Fernando Costa Amaral, pelo incentivo, apoio, amizade e compreensão,

fatores que foram determinantes para que eu pudesse prosseguir no caminho da esperança,

adquirindo novos conhecimentos e ampliando os horizontes.

Ao Prof. Dr. João Francisco de Abreu, PhD, meu co-orientador, pelos conselhos,

amizade e incentivo.

Um especial agradecimento à Profa. Drª Cláudia de Vilhena Schayer Sabino, minha

orientadora, que depois de tantos anos, novamente pude contar com sua experiência,

profissionalismo, disponibilidade, competência e amizade, o que tornou possível a realização

dessa dissertação, um antigo sonho.

Aos queridos colegas de Mestrado, Albina, Ana Cristina, Camila, Edslei, Hanna, José

Ronaldo, Laura, Mariana, Moema, Nícia, Rodrigo, Tiziane e Willian, pela convivência,

amizade, alegria e espírito de tolerância.

Aos funcionários da secretaria do Mestrado, representado pelo Adriano Rodrigues

Neves, pela eficiência e presteza.

A todos os Excutistes e Escoteiros que participaram dos questionários, oficinas e

dinâmicas.

Às alunas do Curso de Biologia da PUC Minas, Isabela Raquel, Nayara Salomão e

Aline Acácio, pela participação, aplicação das dinâmicas e fotografias.

Aos meus colegas de Magistério, Luiz Henrique Antão Siqueira e Heleno Célio

Soares, pela ajuda na construção desse trabalho que jamais se encerrará, pela dinâmica que

envolve o cidadão ecológico.

Ao Professor Carlos Lúcio Generoso, da Escola Municipal Santos Dumont,

Prefeitura Municipal de Belo Horizonte, pela cessão da escola para a realização das

oficinas.

A todos aqueles que possibilitaram a realização desse trabalho, o meu:

Grato! Gratíssimo!

RESUMO

Este trabalho tem por objetivo identificar as contribuições que o escotismo pode dar

à promoção da vida de uma maneira geral e contribuir para a ampliação do

conhecimento acerca do mundo em que se vive. Para tanto, foi realizada uma

pesquisa de cunhos quantitativo e qualitativo, com aplicação de um questionário para

escotistas e dirigentes, a fim de verificar até que ponto a conscientização acerca das

questões ecológicas é realizada dentro do Movimento Escoteiro e o que ela pode

possibilitar. Como produto final foi elaboradas duas cartilhas: “Esta água está um

lixo ” e “Resíduos sólidos ”, e, posteriormente foram realizadas oficinas, com as

dinâmicas constantes nesse produto, com intuito de avaliar sua implementação.

Assim, após essa realização, foram feitas as avaliações, sendo uma de cada cartilha,

com Escoteiros. Observou-se que apesar da importância do tema para a vida de um

modo geral, torna-se necessário que o Movimento Escoteiro repense algumas

práticas, que sejam mais conteudistas a respeito do assunto discutido nessa

dissertação, com o objetivo de ampliar a conscientização acerca do meio ambiente.

Palavras-chave: Movimento escoteiro. Meio ambiente. Água. Resíduos sólidos.

Oficinas.

ABSTRACT

This work aims to identify the contributions that the boy scouting movement can give

to the promotion of life in general and how it can contribute to the expansion of

knowledge about the world in which we live in. A quantitative and qualitative research

with the application of questionnaires to scout leaders were used in order to verify the

importance of some ecological issues inside the boy scouting movement. As final

products two booklets were prepared and discussed in workshop with scouting

groups:“This water is a waste” and “Solid waste”. So after the discussions, it was

observed that despite the importance of the subject to life in general, it is important

that the Boy Scout Movement rethink some ecological practices in order to raise

awareness about environment.

Keywords: Boy Scouting Movement. The environment. Water. Solid Waste.

Workshops.

LISTA DE FIGURAS FIGURA 1 Dimensões necessárias a um programa de formação.............................51 FIGURA 2 Apresentação da cartilha “Resíduos sólidos ” aos escoteiros ................63 FIGURA 3 Dinâmica 1 - discussão sobre embalagens .............................................64 FIGURA 4 Dinâmica 2 - confecção de cartazes com caixinhas de chicletes ............65 FIGURA 5 Dinâmica 3 - grupo em discussão sobre o tema......................................67 FIGURA 6 Dinâmica da chuva ..................................................................................74 FIGURA 7 Dramatização sobre o ciclo da água........................................................75 FIGURA 8 Dinâmica de meditação: um rio................................................................76 FIGURA 9 Apresentação do produto da dinâmica 4 por um grupo de escoteiros participantes..............................................................................................................77

LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1 Tempo de escotismo dos sujeitos da pesquisa.....................................46 GRÁFICO 2 Idade média dos escotistas sujeitos da pesquisa por faixa etária.........47 GRÁFICO 3 Contribuições do movimento para formação ecológica.........................51 GRÁFICO 4 Formas de contribuição do Movimento .................................................53 GRÁFICO 5 Contribuição ecológica do Movimento ..................................................55 GRÁFICO 6 Atividades ligadas à Ecologia mais utilizadas pelos sujeitos da pesquisa..................................................................................................................................56 GRÁFICO 7 Aspectos que mais contribuem para a formação da consciência ecológica ...................................................................................................................57 GRÁFICO 8 Frequência na abordagem de temas ecológicos nas atividades escoteiras..................................................................................................................58

LISTA DE QUADROS QUADRO 1 Perfil dos sujeitos da pesquisa .............................................................45 QUADRO 2 Respostas das questões de 1 a 7 de avaliação da cartilha “Resíduos sólidos” apresentada aos Escoteiros.......................................................................68 QUADRO 3 Algumas das vantagens e desvantagens da oficina e da cartilha “Resíduos sólidos” .................................................................................................70 QUADRO 4 Respostas da avaliação da oficina sobre “esta água está um lixo”. .....78 QUADRO 5 Vantagens e desvantagens ...................................................................80

SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................25 2 ESCOTISMO..........................................................................................................29 2.1 Definição de escotismo ......................... ...........................................................29 2.2 Missão ......................................... .......................................................................29 2.3 Princípios do escotismo........................ ...........................................................30 2.4 Promessa escoteira ............................. .............................................................30 2.5 Promessa do lobinho............................ ............................................................31 2.6 Ramos do escotismo ............................. ...........................................................31 2.7 Lei escoteira .................................. ....................................................................32 2.8 História do escotismo e seu fundador ........... .................................................33 2.9 Escotismo e meio ambiente ...................... .......................................................35 2.10 Escotismo e o construtivismo .................. .....................................................38 3 METODOLOGIA ...................................... ..............................................................41 3.1 Abordagem qualitativa.......................... ............................................................41 3.2 Abordagem quantitativa ......................... ..........................................................42 3.2.1 Sujeitos da pesquisa ........................................................................................42 3.3 Coleta de dados................................ .................................................................43 3.3.1 Pesquisa bibliográfica ....................... ............................................................43 3.3.2 Questionário com escotistas .................. ......................................................43 3.3.3 Produto...................................... ......................................................................47 3.3.4 Oficina ...................................... .......................................................................48 4 ANÁLISE DOS RESULTADOS ........................... ..................................................50 4.1 Análise das respostas do questionário dos escot istas e dirigentes............50 4.1.1 Pergunta 1................................... ....................................................................50 4.1.2 Pergunta 2................................... ....................................................................52 4.1.3 Pergunta 3................................... ....................................................................53 4.1.4 Pergunta 4................................... ....................................................................55 4.1.5 Pergunta 5................................... ....................................................................57 4.1.6 Pergunta 6................................... ....................................................................58 4.1.7 Pergunta 7................................... ....................................................................59 4.2 Aplicação das Oficinas ......................... ............................................................61 4.2.1 Cartilha “Resíduos sólidos”.................. ........................................................61 4.2.1.1 Oficina sobre a cartilha “Resíduos sólidos” .............................................62 4.2.1.1.1 Programação e descrição da oficina sobre resíduos sólidos......................62 4.2.1.1.2 Primeira dinâmica.......................................................................................63 4.2.1.1.3 Segunda dinâmica......................................................................................65 4.2.1.1.4 Terceira dinâmica.......................................................................................66 4.2.1.2 Análise das respostas da avaliação da ofici na sobre resíduos sólidos.68 4.2.2 Oficina sobre a cartilha “Esta água está um l ixo”.......................................71 4.2.2.1 Oficina sobre a cartilha “Esta água está um lixo” ....................................72 4.2.2.2 Programação e descrição da oficina sobre a água ..................................72 4.2.2.1.2 Primeira dinâmica.......................................................................................73 4.2.2.1.3 Segunda dinâmica......................................................................................74

4.2.2.1.4 Terceira dinâmica.......................................................................................76 4.2.2.1.5 Quarta dinâmica .........................................................................................77 4.2.2.3 Análise das respostas da avaliação da ofici na sobre “Esta água está um lixo” ..........................................................................................................................78 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................. ......................................................82 REFERÊNCIAS.........................................................................................................84 APÊNDICE A - Questionário respondido pelos chefes e scoteiros .....................88 APÊNDICE B - Questionário sobre resíduos sólidos.. ........................................89 APÊNDICE C - Instrumento de avaliação da oficina so bre ”esta água está um ixo” ............................................... ............................................................................90 APÊNDICE D - Cartilha “Resíduos sólidos”........... ...............................................91 APÊNDICE E - Cartilha “Esta água está um Lixo”..... .........................................118

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1 INTRODUÇÃO

Um dos princípios do escotismo, desde seu aparecimento, em 1907, é o amor

e proteção à natureza, entre outros valores por meio do qual os Escoteiros têm

aprendido com a natureza e tomando posturas positivas para um melhor ambiente

local e global.

A natureza é o princípio de todas as coisas, ou seja, a priori, é dela que tudo

parte. Já o ato de educar é um movimento de aperfeiçoamento e transcendência

pessoal. Podemos, então, inferir que o escotismo é uma forma de educar os jovens

que dele fazem parte por meio do aprendizado constante com a natureza. Podemos,

então, inferir que o escotismo é uma forma de educar os jovens que dele fazem parte

por meio do aprendizado constante com a natureza.

Portanto, o meio ambiente tem vários pontos de intercessão com o

Movimento Escoteiro e é citado em pelo menos três documentos oficiais da União

dos Escoteiros do Brasil1, mostrando que o tema é relevante, sobretudo quando

associado à Educação. Tanto que no documento: Princípios, Organização e Regras

(UNIÃO DOS ESCOTEIROS DO BRASIL, 2008, p.10), na regra 008, que fala sobre

a lei Escoteira em seu artigo VI, é citado que: “O Escoteiro é bom para os animais e

as plantas”.

Desde o ano de l966, participo de maneira intensiva do Movimento Escoteiro

e considero que o Meio Ambiente é um dos elementos centrais do Programa

Escoteiro e um elemento chave para o desenvolvimento de bons cidadãos. A própria

Constituição da República (BRASIL, 1988) diz que todo o cidadão tem o dever de

zelar pelo meio ambiente e incentivar práticas de preservação ambiental.

Com a grande urbanização da população mundial, há uma separação entre

os jovens e o ambiente natural. Os Grupos Escoteiros, em sua grande maioria, estão

situados nos centros urbanos e, portanto, deve-se pensar que as cidades, além de

fazerem parte do meio ambiente, são uma das causas principais pelo surgimento

dos problemas ambientais vivenciados com o decorrer do tempo. Assim, o

Movimento de Escoteiros precisa incentivar os jovens que dele fazem parte a ter

uma preocupação constante também com o ambiente em que vivem.

1 Estatuto da União Escoteira do Brasil (UNIÃO DOS ESCOTEIROS DO BRASIL, 2011); Princípios, Organização e regras (UNIÃO DOS ESCOTEIROS DO BRASIL, 2008); Projeto Educativo do Movimento Escoteiro (UNIÃO DOS ESCOTEIROS DO BRASIL, 1996).

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Assim, torna-se necessário compreender que a situação ambiental deve

incluir mais do que animais, plantas e conservação, percebendo a relação entre

ações na cidade e no mundo natural como um importante elemento da Educação

Ambiental, que, “enquanto processo político possibilita que o conhecimento e a

formação de valores predisponham para a ação transformadora e prepara, portanto,

para o exercício da democracia participativa e para a responsabilidade social”.

(PELICIONI, 2002, p.348).

Se o Movimento Escoteiro, desde o seu princípio, tinha como uma das metas

a proteção da natureza, agora, após estudos, sabe-se que uma perspectiva

ambiental consiste num modo de ver o mundo no qual se evidenciam as

interligações e a interdependência na constituição e manutenção da vida.

Segundo Baden-Powell, “pela palavra escotismo devem ser subentendidas as

características de vida e os trabalhos dos grandes exploradores e colonizadores, dos

bandeirantes e sertanistas, dos descobridores e velhos lobos do mar, dos pioneiros

da aeronáutica”. (BADEN-POWELL, 1982, p.30).

Do ponto de vista dos jovens, o escotismo reúne-se em grupos, que é a sua

organização natural para jogos, brincadeiras, aventuras e travessuras,

proporcionando o uso de um uniforme e de um equipamento adequado, exaltando

sua imaginação e criando uma atmosfera de romance e aventura; atraindo-os e

oferecendo a oportunidade de uma vida ativa ao ar livre. (BADEN-POWELL, 1982).

Para Baden-Powell:

escotismo, portanto, é um jogo para jovens, dirigido por eles mesmos, no qual irmãos mais velhos proporcionam aos mais moços um ambiente sadio e os encorajam à prática das atividades também sadias que auxiliem o desenvolvimento do espírito de cidadania. (BADEN-POWELL, 1982, p.25).

Assim, o jogo oferece oportunidades para que os jovens experimentem,

conheçam, imaginem, criem e recriem a realidade vivenciada, sendo este um

momento de aprendizado, já que o Escoteiro tem aquele espaço como uma

condição para experiências novas, sendo ele o protagonista de todas as ações

implementadas.

“No jogo, ele desempenhará papeis diversificados, descobrirá regras, se

associará com outros, assumirá responsabilidades, medirá forças, desfrutará de

triunfos, aprenderá a perder, avaliará seus acertos e seus erros”. (UNIÃO DOS

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ESCOTEIROS DO BRASIL, 1996, p.12).

Além disso, o termo inclusão, tão falado atualmente, já era uma prática do

escotismo desde o seu surgimento, porque atrai os jovens de todas as classes

sociais, além daqueles que possam ter algum tipo de deficiência, incluindo todos os

que querem fazer parte do movimento, incentivando todos a aprender,

indistintamente. O princípio que o escotismo adota é o seguinte: os jovens

participam efetivamente do movimento, sendo responsáveis e, consequentemente,

educando a si próprios ao invés de serem somente instruídos ou ensinados.

Assim, o Escoteiro, mais do que nunca, é alicerçado pelos novos

conhecimentos adquiridos, inclusive pela sua própria prática, toma mais consciência

acerca do mundo que o cerca, se conscientizando que é o modelo econômico de

desenvolvimento que provoca a maioria dos efeitos negativos graves na natureza e

tornando-se mais cidadão.

O ambiente muda a cada instante, com a perda de habitats e de espécies

nativas, com acesso reduzido à água e ao ar limpo. Nesse sentido, a natureza passa

a ter um grande aliado, já que o escotismo, como já dito, proporciona a ampliação da

consciência dos jovens que dele fazem parte, deixando-os preparados para aplicar

as melhores práticas ambientais de forma a melhorarem o seu ambiente local.

A Terra recebe o que o homem lhe dá e responde com reciprocidade, tanto

para o bem quanto para o mal. Assim, tem que haver uma mudança de mentalidade

e de atitudes. É necessário que cada um tome consciência de começar a buscar

soluções. Falar em conscientização da sociedade, porém, parece muito distante.

Deve-se, para tanto, formar uma consciência ecológica para respeitar a natureza,

promover a sua preservação, evitar a poluição e a degradação do meio ambiente e,

principalmente, garantir a sua continuidade. Segundo Dohme e Dohme:

Conscientização ecológica seria, então, alguém ter conhecimento e noção do Meio Ambiente. Ter senso de responsabilidade e estar desperto para fazer julgamentos morais das ações que envolvem o Meio Ambiente. Estar pronto para realizar ações concretas e eficientes em prol de sua melhoria. (DOHME; DOHME, 2009, p.23).

Finalizando, foram as razões acima citadas que motivaram o tema dessa

dissertação de Mestrado: A influência do Movimento Escoteiro na formação do

cidadão ecológico, procurando identificar as contribuições que o escotismo pode dar

à promoção da vida de uma maneira geral e contribuir para a ampliação do

28 conhecimento acerca do mundo em que se vive, por meio da construção de duas

cartilhas: “Esta água está um lixo ” e “Resíduos sólidos ”, e da execução de

oficinas, com as dinâmicas elencadas nesse produto, com membros do Movimento

Escoteiro e que será descrita em outro capítulo.

Para tanto, esse trabalho fica assim dividido:

Nesse primeiro capítulo, introdutório, procurou-se descrever sucintamente o

tema, descrevendo os objetivos e as dúvidas iniciais que nortearam inicialmente a

pesquisa, além da própria ligação do pesquisador com o assunto.

No segundo capítulo, teórico, procurou-se discorrer sobre o tema, quer seja

escotismo, descrevendo-o e verificando documentos que o regem, além da

colocação sobre o que alguns autores pesquisados falam sobre o tema.

Já o capítulo três, metodológico, descreve os caminhos percorridos pelo

pesquisador para o desenvolvimento de toda a pesquisa.

O quarto capítulo mostra os resultados encontrados na pesquisa,

confrontando-os com a bibliografia estudada.

Logo após, são encontradas as referências pesquisadas e utilizadas para a

construção desse trabalho.

Finalizando, é apresentado o produto final dessa pesquisa, além de outros

apêndices do trabalho.

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2 ESCOTISMO

O escotismo procura trazer aos membros do Movimento Escoteiro a

oportunidade de oferecer um ambiente apropriado, com ar livre, felicidade e

capacidade de se sentir útil. Porém, de acordo com alguns autores estudados, como,

por exemplo, Baden-Powell (1975; 1982), Suffert (1990), Nagy (1985), entre outros,

além de documentos acerca do tema, é necessário entender que o escotismo é

ainda mais amplo do que se pode imaginar e, como tal, possui regras, princípios e

normas de organização que o regem, como pode ser entendido a seguir:

2.1 Definição de escotismo

O Escotismo é um movimento educacional sem vínculo a partidos políticos,

realizado por meio de trabalho voluntário, que valoriza a participação de todas as

pessoas que o queiram fazer, indistintamente de classe social, credo ou raça, de

acordo com seu propósito, seus princípios e o método Escoteiro que rege as

características relativas ao movimento. Esses princípios foram inicialmente

concebidos pelo seu Fundador, Baden-Powell, e adotados, posteriormente, pela

União dos Escoteiros do Brasil (2008).

Ainda de acordo com o documento:

O propósito do Movimento Escoteiro é contribuir para que os jovens assumam seu próprio desenvolvimento, especialmente do caráter, ajudando-os a realizar suas plenas potencialidades físicas, intelectuais, sociais, afetivas e espirituais, como cidadãos responsáveis, participantes e úteis em suas comunidades, conforme definido pelo seu Projeto Educativo. (UNIÃO DOS ESCOTEIROS DO BRASIL, 2008, p.8).

2.2 Missão

A missão do Escotismo foi definida durante a 35ª Conferência Escoteira

Mundial, realizada em Durban, na África do Sul no ano de 1999, sendo fixada

naquele mesmo evento, pela Resolução número 3. Assim, de acordo com a União

dos Escoteiros do Brasil, tendo como base as resoluções dessa Conferência, foi

definida como missão do escotismo:

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[...] contribuir para a Educação dos jovens, por meio de um sistema baseado na Promessa e na Lei Escoteiras, para ajudar a construir um mundo melhor, onde as pessoas se realizem como indivíduos e desempenhem um papel construtivo na sociedade. (UNIÃO DOS ESCOTEIROS DO BRASIL, 2001, p.60).

2.3 Princípios do escotismo

Os princípios do escotismo são ratificados por meio da Promessa Escoteira e

pela Lei Escoteira, que rege o Movimento, tendo sua base moral descrita no

documento “Princípios, Organização e Regras” e que se ajustam a depender do grau

de maturidade que cada indivíduo que dele faz parte possui. Assim, de acordo com

esse documento, são princípios do escotismo (UNIÃO DOS ESCOTEIROS DO

BRASIL, 2008):

a) Dever para com Deus - Adesão a princípios espirituais e vivências ou busca

da religião que os expresse, respeitando as demais;

b) Dever para com o próximo - Lealdade ao nosso país, em harmonia com a

promoção da paz, compreensão e cooperação local, nacional e internacional,

exercitadas pela Fraternidade Escoteira. Participação no desenvolvimento da

sociedade com reconhecimento e respeito à dignidade do ser humano e ao

c) equilíbrio do meio ambiente;

d) Dever para consigo mesmo - Responsabilidade pelo seu próprio

desenvolvimento. (UNIÃO DOS ESCOTEIROS DO BRASIL, 2008, p.9).

2.4 Promessa escoteira

A Promessa Escoteira é prestada por todos os membros do Movimento

Escoteiro, indistintamente, em uma cerimônia específica, e renovada sempre quando

seu membro passa a outro Ramo, ou seja, quando ele muda de faixa etária, como

será colocado mais adiante nesse trabalho.

De acordo com o documento “Princípios, Organização e Regras”, a Promessa

Escoteira é a seguinte (UNIÃO DOS ESCOTEIROS DO BRASIL, 2008):

“Prometo, pela minha honra, fazer o melhor possível para: Cumprir meus

deveres para com Deus e minha Pátria; Ajudar o próximo em toda e qualquer

ocasião; Obedecer à Lei Escoteira”. (UNIÃO DOS ESCOTEIROS DO BRASIL, 2008,

31

p.9).

Como já dito, portanto, em função da faixa etária, essa Promessa é

simplificada para os lobinhos/lobinhas, Ramo de crianças de 7 a 10 anos de idade, e

mais elaborado para os seniores e pioneiros.

2.5 Promessa do lobinho

A Promessa do Lobinho/Lobinha é feita de forma adaptada à idade, mais

simplificada, com uma linguagem mais acessível e compreensível para a idade que

possuem, que é a seguinte: “Prometo fazer o melhor possível para: Cumprir meus

deveres para com Deus e minha Pátria; Obedecer à Lei do Lobinho e fazer todos os

dias uma boa ação”. (UNIÃO DOS ESCOTEIROS DO BRASIL, 2008, p. 9).

2.6 Ramos do escotismo

O escotismo está organizado em Ramos, como já dito anteriormente, que se

distinguem por programas e atividades diferentes, dentro das capacidades de cada

indivíduo que daquele Ramo faz parte, porém, com a mesma metodologia escoteira.

A organização dos Ramos, nos distintos países, pode sofrer algumas diferenças,

mas no Brasil, eles assim são definidos:

a) Ramo Lobinho, para meninos e meninas de 7 a 10 anos, denominados

lobinhos (meninos) ou lobinhas (meninas).

b) Ramo Escoteiro, para rapazes e moças de 11 a 14 anos, denominados

escoteiros (rapazes) e escoteiras (moças);

c) Ramo Sênior, para rapazes e moças de 15 a 17 anos, denominados seniores

(rapazes) e guias (moças); e

d) Ramo Pioneiro, para rapazes e moças de 18 a 21 (incompletos),

denominados pioneiros (rapazes) e pioneiras (moças). (UNIÃO DOS

ESCOTEIROS DO BRASIL, 2008, p.11).

32 2.7 Lei escoteira

A Lei Escoteira é a base que assenta as normas principais a serem seguidas

pelos escoteiros e escotistas e foi elaborada pelo fundador do Movimento Escoteiro,

Baden-Powell, ainda no ano de 1907.

De acordo com Baden-Powell (1975), a Lei do Escoteiro2 é a seguinte:

I. O Escoteiro tem uma só palavra; sua honra vale mais do que a própria vida; II. O Escoteiro é leal; III. O Escoteiro está sempre alerta para ajudar o próximo e pratica diariamente uma boa ação; IV. O Escoteiro é amigo de todos e irmão dos demais Escoteiros; V. O Escoteiro é cortês; VI. O Escoteiro é bom para os animais e as plantas; VII. O Escoteiro é obediente e disciplinado; VIII. O Escoteiro é alegre e sorri nas dificuldades; IX. O Escoteiro é econômico e respeita o bem alheio; X. O Escoteiro é limpo de corpo e alma. (BADEN-POWELL, 1975, p.23).

Observa-se que o decálogo da Lei Escoteira é escrito em termos afirmativos,

evitando-se as proibições que tanto estimulam o descumprimento das normas por

parte dos jovens. (SUFFERT, 1990). Para exemplificar o dito por esse autor, Baden-

Powell explica que:

O jovem não é controlado pelo: - “NÃO FAÇA ISTO! NÃO FAÇA AQUILO!”, mas, ao contrário, impulsionado pelo: - “FAÇA”! A Lei Escoteira foi organizada como um guia para suas AÇÕES e não como um código de repressão às suas faltas ou deficiências. Ela, simplesmente, indica a boa direção e o que se espera de um escoteiro. (BADEN-POWELL, 1982, p.35).

Porém, Baden-Powell ainda coloca que, apesar dessas características do

jovem colocadas por ele acima, a partir do momento em que o jovem tenha

consciência sobre o que significa a honra e tenha feito a promessa, os escotistas

devem confiar plenamente nos escoteiros. Assim, o autor sugere aos chefes que:

[...]por sua atitude, deve mostrar-lhe que o considera um ser responsável. Encarregue-o de qualquer coisa, temporária ou permanentemente, e confie em que a execute fielmente. Não fique verificando como ele o faz; deixe-o fazê-lo à sua própria maneira; se necessário, deixe-o só e confie que faça o melhor possível. Confiança e crédito são a base de todo o nosso desenvolvimento moral. Atribuir responsabilidade é a chave do sucesso com os jovens, especialmente com os mais turbulentos e difíceis. (BADEN-

2 Texto oficial da União dos Escoteiros do Brasil

33

POWELL, 1982, p.49).

A Promessa e a Lei Escoteiras, portanto são as bases dos Princípios do

Movimento Escoteiro, principalmente considerando seu papel como método

educacional, sendo estas consideradas como um único elemento porque estão

intimamente ligadas. Para Süffert:

É a aceitação da Promessa Escoteira que identifica o Método Escoteiro. A adesão ao escotismo é voluntária, mas ela tem como premissa, após algum tempo, a acolhida dos seus Princípios, já colocados anteriormente, de maneira ajustada ao grau de maturidade de cada integrante do Movimento. Essa é a regra do “jogo escoteiro”. Assim, todos os seus membros assumem um compromisso de vivência da Promessa e Lei Escoteiras. (SÜFFERT, 1990, p.30).

Por meio da Promessa, então, que inclui a aceitação da Lei Escoteira, o

jovem estabelece, por sua livre vontade, um compromisso pessoal por um código de

conduta determinado e por ele aceito perante um grupo de companheiros e do

Escotista3, com a responsabilidade de ser fiel à palavra dada.

Como o valor do compromisso não é absoluto, nem a pessoa humana

infalível, o texto da Promessa refere-se a que “farei meu melhor possível para...”; o

que vincula a um máximo de esforço pessoal.

2.8 História do escotismo e seu fundador

Robert Stephenson Smyth Baden-Powell nasceu em Londres, Inglaterra, no

dia 22 de fevereiro de 1857. Seu pai era o reverendo H.G. Baden-Powell, professor

em Oxford. Sua mãe era filha do almirante inglês W.T. Smyth.

Seu pai morreu quando Robert tinha aproximadamente 3 anos, deixando a

sua mãe com sete filhos, dos quais o mais velho não tinha ainda 14 anos. Havia,

com frequência, momentos difíceis para uma família tão grande, mas o amor mútuo

entre mãe e filhos ajudava-os a continuar em frente. Robert tinha o costume de

excursionar e acampar com seus irmãos, em muitos lugares da Inglaterra. Em 1870,

ele ingressou na Escola Charterhouse, em Londres, com uma bolsa de estudos.

Aos 19 anos Baden-Powell colou grau na Escola Charterhouse e aceitou

3 De acordo com o Artigo 42, Parágrafo 2º do Estatuto da União dos Escoteiros do Brasil: “São Escotistas, todos aqueles que, possuindo capacitação preestabelecida para o fim a que se propõem, forem nomeados para o cargo ou função cujo beneficiário direto são os membros juvenis, (dependentes dos contribuintes), tais como: chefes de seção, assistentes, instrutores e outros auxiliares”. (UNIÃO DOS ESCOTEIROS DO BRASIL, 1996).

34 imediatamente uma oportunidade de ir à Índia como subtenente do regimento que

formara a ala direita da cavalaria, denominada “Carga da Cavalaria Ligeira” da

Guerra da Criméia.

Chegou a capitão aos vinte e seis anos e em 1899 foi promovido a Coronel.

Participou de campanhas militares em muitas regiões do mundo, sendo uma época

de grande experiência para Baden-Powell, não apenas do ponto de vista militar, mas

para o escotismo em geral, porque muitas de suas ideias a respeito do movimento

cristalizaram em contato com povos e lugares diferentes.

Pouco tempo depois, Baden-Powell foi promovido ao posto de major-general

tornando-se um herói aos olhos de seus compatriotas. Retornando em 1901 da

África do Sul para a Inglaterra, descobriu, surpreso, que o livro que escrevera para

militares:

Aides to Scouting (Ajudas à Exploração Militar) (1899) estava sendo usado

como um compêndio nas escolas masculinas. Baden-Powell compreendeu, então,

que estava aí a oportunidade de ajudar a juventude: se um livro para adultos sobre

as atividades dos exploradores podia exercer tal atração sobre os rapazes e servir-

lhes de inspiração, outro livro, escrito especialmente para eles, poderia despertar

muito mais interesse. Assim, ele começou a trabalhar, aproveitando e adaptando sua

experiência adquirida na Índia e na África.

Reuniu, então, uma biblioteca especial e estudou nestes livros os métodos

usados em todas as épocas para Educação e formação dos rapazes. Baden-Powell

foi desenvolvendo a ideia do que mais tarde se chamaria escotismo. Queria estar

certo de que a ideia podia ser posta em prática, e, por isso, no verão de 1907, foi

com um grupo de 20 rapazes para a ilha de Bronwnsea, no Canal da Mancha, para

realizar o primeiro acampamento Escoteiro que o mundo presenciou. (BADEN-

POWELL, 1975).

Nos primeiros meses de 1908, lançou em seis fascículos quinzenais um

manual de orientação para os Escoteiros, chamado “escotismo para rapazes ”, sem

sequer sonhar que este livro iria por em ação um movimento que afetaria a

juventude do mundo inteiro a partir dali.

Pelo que se pode inferir, ele nunca imaginou as consequências de suas ideias

simples de expandir o sistema educacional, de sorte a incluir recreação ao ar livre.

Baden-Powell acabou, com isso, tornando-se o fundador do maior movimento

voluntário jovem mundial. (BADEN-POWELL, 1982).

35

Assim, mal tinha começado a aparecer nas livrarias e nas bancas de jornais

sua obra e já surgiram patrulhas e tropas escoteiras, não apenas na Inglaterra, mas

em muitos outros países. O movimento cresceu tanto que em 1910, Baden-Powell

acabou compreendendo que o escotismo seria a obra a que dedicaria a sua vida.

Pediu demissão do Exército onde havia chegado a tenente-general e ingressou na

sua “segunda vida”, como costumava chamá-la, sua vida de serviço ao mundo, por

meio do escotismo e dois anos depois fez uma viagem ao redor do mundo para

entrar em contato com os escoteiros de outros países, sendo esse o primeiro passo

para fazer do escotismo uma fraternidade mundial.

A Primeira Guerra Mundial momentaneamente interrompeu este trabalho,

mas com o fim das hostilidades, foi recomeçado, e em 1920, escoteiros de todas as

partes do mundo se reuniram em Londres para a primeira concentração

internacional de escoteiros: o Primeiro Jamboree Mundial.

“O Movimento Escoteiro começou, então, a crescer. No dia em que completou

21 anos, contava com mais de 2 milhões de participantes em praticamente todos os

países do mundo”. (HILLCOURT apud BADEN-POWELL, 1975, p.16).

Apesar da história de Baden-Powell estar diretamente ligada à Inglaterra, não

se deve colocar o escotismo como um programa nacional inglês para a formação de

jovens britânicos, mas um sistema educativo de todos os povos, do mesmo modo

que os demais métodos consagrados em pedagogia e que ostentam os nomes de

seus idealizadores, como Montessori, Pestalozzi, Froebel, Decroly, Piaget, entre

outros.

Assim como esses, de acordo com Paula, ”Baden-Powell foi um dos maiores

educadores da humanidade”. (PAULA, 1967, p.20).

Desde o primeiro acampamento, mais de 250 milhões de pessoas passaram

pelas fileiras do Movimento Escoteiro. Alguns se tornaram Chefes de Estado,

Ministros, astronautas, ganhadores do Prêmio Nobel, acadêmicos, artistas, lideres

religiosos etc., o que pode sugerir que haja algo de especial no valor educacional do

Movimento.

2.9 Escotismo e meio ambiente

A Educação e o meio ambiente têm sido motivos de atenção e preocupação

no mundo contemporâneo.

36

Educar para a sustentabilidade e formar cidadãos preocupados com a

preservação ambiental e com a própria sobrevida são assuntos previstos, inclusive,

nos temas Transversais dos Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 2008). O

Movimento Escoteiro, então, se apresenta como alternativa de Educação não-formal,

que oferece ao seu público – crianças e adolescentes - oportunidades de formarem

o próprio caráter ao ar livre, por meio do contato com os meios naturais.

O documento: Projeto educativo do Movimento Escoteiro (UNIÃO DOS

ESCOTEIROS DO BRASIL, 1996), em um de seus fundamentos, discorre sobre a

importância da vida ao ar livre, interativa com o meio ambiente.

Portanto, pretende-se com a execução de atividades ao ar livre oferecer

outros espaços de aprendizagem, além da casa e da escola, em contato com a

natureza, já que, durante essas atividades, aprende-se sobre o desenvolvimento da

vida, experimentam-se novas formas de interação com os outros e com o ambiente,

auxiliando o jovem a transformar as experiências em aprendizado e desenvolvendo

o senso do cidadão ecológico. Entretanto, quando se refere ao meio ambiente e ao

cidadão ecológico, especificamente, o escotismo trata, também, do meio no qual as

pessoas estão inseridas, quer seja, aquele construído pelo ser humano, na sua

moradia e no seu entorno, estando inserido na Educação Ambiental o trabalho de

desenvolvimento de valores éticos, de sustentabilidade e da responsabilidade social.

Assim, o cidadão que se pretende formar por meio do escotismo é aquele

portador de direitos fundamentais, como todos, e consciente dos seus deveres. Ele

se relaciona com seu próximo e com o meio onde vive com respeito baseado na

ética, na defesa da vida e na participação ativa na melhoria da condição de

subsistência da sua comunidade.

Com relação à necessidade de participação ativa, Berna discute que:

Algumas pessoas consideram mais fácil reclamar que ninguém ajuda, mas não se perguntam se estão fazendo sua parte em defesa do planeta. Para conseguir convencer os outros a modificarem seus hábitos, em primeiro lugar, precisamos modificar nossas atitudes. [...] É preciso também nos esforçar para modificar nossos valores consumistas, hábitos e comportamentos que provocam poluição, atitudes predatórias com os animais, as plantas e o Meio Ambiente. (BERNA, 2005, p.76).

Essas atitudes tão necessárias, de acordo com Berna (2005), são assumidos

voluntariamente pelo jovem no escotismo, ao aceitar a Lei e a Promessa Escoteira

como compromisso e estilo de vida.

37

As atividades escoteiras são desenvolvidas, como já dito, em contato com a

natureza, sendo essa o laboratório e lar daqueles que praticam o escotismo. Por

isso, existe uma grande preocupação com o meio ambiente.

Vale lembrar que dentro do programa Escoteiro existe, ainda, o Guia da

Insígnia Mundial de Meio Ambiente (IMMA) (UNIÃO DOS ESCOTEIROS DO

BRASIL, 2011), que pretende focar a atenção dos membros de Movimento Escoteiro

para os desafios enfrentados no meio natural. O documento pretende criar a

consciência da responsabilidade pessoal para o meio ambiente. Por isso, a

obtenção da insígnia encoraja os Escoteiros a “ligarem-se” à natureza, a pensarem

como interagir com o meio ambiente e a realizarem ações e atividades para protegê-

lo.

A Insígnia é dividida em duas partes, sendo elas:

a) A - “Explorar e refletir”. Para essa primeira etapa, cada objetivo é explorado

realizando uma série de atividades experimentais que habilita o participante a

conhecer o assunto, aprender sobre ele e a pensar como intervir.

b) B - “Fazer algo”. Nessa segunda etapa, há a necessidade de “fazer algo”, ou

seja, planejar e executar um projeto ambiental. O projeto deve ser relativo ao

que se aprendeu na etapa de exploração e às condições ambientais locais.

Depois de passadas as etapas e atividades estabelecidas no Guia, os

Escoteiros receberão a Insígnia Mundial de Meio Ambiente, que faz parte da

formação do Escoteiro, permitindo, inclusive, a sua progressão dentro do

Movimento. O propósito da Insígnia, portanto, é que os Escoteiros

identifiquem a sua responsabilidade para com o meio ambiente. Esta proteção

e responsabilidade, porém, não deve parar quando adquirem a Insígnia.

Espera-se que a realização da Insígnia Mundial de Meio Ambiente (UEB,

2011) seja o primeiro passo na criação do entusiasmo para com o mundo

natural e seja o início de uma geração de Escoteiros que se preocupa com o

meio ambiente e está pronto para defendê-lo.

38 2.10 Escotismo e o construtivismo

Jean Piaget (l896-1980) é um dos teóricos mais estudados por psicólogos e

educadores que desejam aprimorar a prática educativa, bem como compreender

como se dá o desenvolvimento cognitivo de crianças e adolescentes.

Durante os mais de 50 anos de sua vida, ele se dedicou a investigar o

raciocínio lógico matemático da criança e o processo pelo qual ela aprende. Para

ele, a criança só aprende aquilo que lhe faz sentido, ou seja, é o educando que

constrói o próprio conhecimento, a partir de suas condições cognitivas

Para Piaget citado por Goulart (2009), o aprendizado se dá quando a criança

é estimulada a conhecer aquilo que se quer que ela aprenda. Dessa forma, o

raciocínio infantil é diferente do raciocínio adulto e o processo de aquisição da

autonomia surge durante a maturação do pensamento, quando a criança parte do

egocentrismo para o pensamento complexo. O conhecimento (sistema cognitivo), de

acordo com o sistema piagetiano, acontece na interação do educando com o

ambiente. Essa teoria é também conhecida como interacionista ou construtivista (ou

construtivismo dialético). Segundo Goulart:

O construtivismo piagetiano tem sido denominado construtivismo dialético. A ideia de dialética significa movimento, mudança, e caracteriza-se, geralmente, pela enunciação de afirmação seguida de negação e depois por uma colocação nova, que resulta da conciliação das posições anteriores. (GOULART, 2009, p.18).

O construtivismo dialético é entendido, então, como um processo de

aquisição de conhecimento pelo qual o sujeito constrói seu objeto e depois este

interfere na constituição do próprio sujeito. Isso acontece por causa de dois

mecanismos: assimilação, no qual a criança incorpora um novo objeto ou ideia do

mundo exterior ao seu modo de pensar previamente existente; e acomodação, no

qual a criança transforma o objeto para se adaptar ao mundo externo.

Analisando os fundamentos do escotismo, percebe-se que este se relaciona

com a teoria do construtivismo dialético, desde a definição de Educação até os

princípios básicos do Movimento Escoteiro, que inclui o aprender fazendo; atividades

progressivas, atraentes e variadas, dentre outros. Ao caracterizar-se a

aprendizagem, põe-se em evidência a importância que este processo tem na vida do

homem. Daí a preocupação da escola atual com os problemas do porque se

39

aprende, como se aprende e para que se aprende. (SANTOS, 1977).

Assim, educar não é simplesmente instruir, mas, também, levar a criança a

aprender tudo aquilo que contribua para formar seu caráter.

Portanto, da mesma forma como ocorre no construtivismo dialético, o

documento: Projeto Educativo do Movimento Escoteiro (UNIÃO DOS ESCOTEIROS

DO BRASIL, 1996) descreve o aprender fazendo como “uma Educação pela ação”,

(característica essencial do Método Escoteiro), valorizando o aprendizado pela

prática e os hábitos de observação, dedução e indução, além do treinamento para a

autonomia, baseado na auto confiança e na iniciativa.

Há, ainda, nessa definição, uma complementação do que já foi exposto

anteriormente sobre o processo de interação, estudado pelo epistemólogo suíço

Jean Piaget: a criança precisa ser estimulada para construir seu conhecimento e não

aprende somente por causa da intenção de um adulto que queira lhe incutir algo.

(GOULART, 2009).

Um dos princípios do Movimento Escoteiro indica que as atividades devem

ser progressivas, atraentes e variadas e estar diretamente relacionadas à

necessidade do ser humano de se adaptar a novas situações de vida. Ou seja, o

equilíbrio mental da criança não é duradouro, uma vez que está sempre vivenciando

novas experiências na vida, precisando se adaptar a elas.

Outro princípio fundamental do Movimento Escoteiro e sua relação com o

construtivismo dialético diz respeito à interferência do adulto na Educação do jovem,

entendida como uma identificação da criança com o educador, que é apresentada

por Piaget como desenvolvimento da afetividade, sendo assim especificado no

Projeto Educativo do Movimento Escoteiro (UNIÃO DOS ESCOTEIROS DO BRASIL,

1996):

O educador adulto se incorpora à vida juvenil, prestando o seu testemunho

pessoal de respeito aos valores preconizados pelo Movimento e ajudando a

descobrir, revelar e orientar, mas nunca dirigir ou controlar.

Ainda para Piaget, o adulto é fonte de transmissões educativas e

contribuições culturais, além de ser um modelo do ponto de vista cognitivo, afetivo,

de sentimento moral e de socialização - entre seus pares e com os próprios adultos.

(PIAGET apud GOULART, 2009). Por sua vez, o adulto, no escotismo, tem a função

de educar pelo diálogo, respeitando o conhecimento prévio que os educandos

trazem, intermediando seus conflitos no grupo, incentivando a cooperação, a

40 interação, a boa ação, e desenvolvendo aptidões. Quanto à socialização, o

escotismo apresenta, como princípio básico, a vida em fraternidade, o serviço ao

próximo e a vida em equipe.

Acredita-se, portanto, que participando de pequenos grupos, o sujeito

desenvolve a autoconfiança, a disciplina, a responsabilidade e o respeito mútuo. A

interação com os adultos, incluindo os pais, e com outras crianças, é que dá ao

educando o senso de dever e de julgamento moral, de acordo com Piaget.

Porém, embora exista uma afinação entre os princípios do Movimento

Escoteiro e a teoria construtivista dialética de Piaget, não se pode dizer que Baden-

Powell se baseou nos estudos do epistemólogo, já que o escotismo foi fundado em

1907 quando Piaget tinha apenas 11 anos de idade.

Além de todo o exposto, vale ressaltar que, como dito anteriormente, o

Movimento Escoteiro tem um envolvimento muito grande com as questões

ambientais. E isso se faz numa união e respeito à natureza. Assim, generalizar a

experiência de proteger a natureza como algo emblemático para todo indivíduo,

tornando tão natural, que num determinado momento, cada um pode tornar

responsável pelo bem estar do planeta, é um desafio. Se há uma ideia, não faltarão

palavras para difundi-la, assim como a ação para executá-la. Fala-se muito em crise,

principalmente relacionada às questões ambientais, chegando-se à conclusão de

que a palavra “crise” leva indubitavelmente à busca por solução.

Portanto, o que acontece hoje é um desafio, necessitando de se tomar

consciência de que, com confiança, coragem e positivismo, pode-se reverter a

situação em que a Terra se encontra. O autor britânico John Galsworthy diz que:”se

você não pensa sobre o futuro, você não o terá”. (GALSWORTHY apud NAGY,

1985, p.205).

Pensando nisso é que se propõe, por meio desse trabalho a elaboração de

duas cartilhas: “Resíduos sólidos” e “Esta água está um lixo” e que serão

explicitadas mais a frente.

41

3 METODOLOGIA

As pesquisas, conforme as abordagens metodológicas, são classificadas em

dois grupos distintos - o quantitativo e o qualitativo, sendo que, enquanto o primeiro

obedece ao paradigma clássico (positivismo), o outro segue o paradigma chamado

alternativo.

3.1 Abordagem qualitativa

Na abordagem qualitativa, o pesquisador procura aprofundar-se na

compreensão dos fenômenos que estuda - ações dos indivíduos, grupos ou

organizações em seu ambiente e contexto social - interpretando-os segundo a

perspectiva dos participantes da situação enfocada, sem se preocupar com

representatividade numérica, generalizações estatísticas e relações lineares de

causa e efeito. Assim sendo, a interpretação, a consideração do pesquisador como

principal instrumento de investigação e a necessidade do pesquisador de estar em

contato direto e prolongado com o campo, para captar os significados dos

comportamentos observados, revelam-se como características da pesquisa

qualitativa. (ALVES, 1991; GOLDENBERG, 1999; NEVES, 1996).

Assim, são características de uma pesquisa qualitativa:

a) investigação cujo design (concepção, planejamento e estratégia) evolui

durante o seu desenvolvimento, uma vez que as estratégias que utilizam

permitem descobrir relações entre fenômenos, indutivamente, fazendo

emergir novos pressupostos;

b) apresentação da descrição e análise dos dados em uma síntese narrativa;

c) busca de significados em contextos social e culturalmente específicos, porém,

com a possibilidade de generalização teórica;

d) ambiente natural como fonte de coleta de dados;

e) tendência a ser descritiva;

f) maior interesse pelo processo do que pelos resultados ou produtos;

g) coleta de dados por meio de questionários e/ou entrevistas, observação,

investigação participativa, entre outros;

h) busca da compreensão dos fenômenos, pelo investigador, a partir da

42

perspectiva dos participantes, e, finalmente,

i) - utilização do enfoque indutivo na análise dos dados, ou seja, realização de

generalizações de observações limitadas e específicas pelo pesquisador.

Portanto, diante do exposto, o método qualitativo é útil e necessário para

identificar e explorar os significados dos fenômenos estudados e as interações que

estabelecem, possibilitando estimular o desenvolvimento de novas compreensões

sobre a variedade e a profundidade dos fenômenos sociais (BARTUNEK; SEO,

2002).

Entende-se que a presente pesquisa foi qualitativa no sentido que a

metodologia foi sendo estabelecida a partir dos resultados e do contato direto e

interativo do pesquisador com o objeto em estudo. De acordo com Neves (1996),

esta é uma das principais características da pesquisa qualitativa.

3.2 Abordagem quantitativa

Algumas análises de dados numéricos foram utilizadas apenas para

esclarecer aspectos particulares, como, principalmente, detalhar sobre os sujeitos da

pesquisa realizada, quer sejam:

3.2.1 Sujeitos da pesquisa

No universo pesquisado, composto por escotistas e dirigentes de Minas

Gerais, a técnica de amostragem foi por conveniência, ou seja, participaram aqueles

com que o pesquisador convive e tem acesso. Todo o trabalho foi desenvolvido nos

locais de encontro de escotistas e escoteiros.

Para a pesquisa junto aos chefes escoteiros, foram escolhidos 27

participantes do movimento entre dirigentes institucionais e escotistas dos diversos

Ramos: “Lobinhos, Escoteiros, Seniores e Pioneiros”.

A maioria, como poderá ser visto adiante, foi do sexo masculino e exerce as

mais variadas profissões, fazendo parte dos diversos grupos escoteiros existentes

na Região Metropolitana de Belo Horizonte e um de Viçosa. O tempo de escotismo

de cada um variou entre 3 a 45 anos de Movimento Escoteiro.

43

É importante justificar que a seleção da amostra foi também balizada nas

teorias de recepção que entendem o cotidiano como lugar privilegiado de produção

e reprodução dos sentidos que circulam socialmente.

Desta forma, desconsiderou-se a comunidade acadêmica, centrando esforços

apenas no público-alvo composto por escotistas e escoteiros, e em locais usuais de

encontros do Movimento Escoteiro, no caso, a Guarda Municipal, Fundação

Benjamim Guimarães e a Escola Municipal Santos Dumont, local das oficinas.

3.3 Coleta de dados

3.3.1 Pesquisa bibliográfica

Inicialmente, foi feita uma extensa pesquisa bibliográfica principalmente em

material do Movimento Escoteiro sobre temas e atividades que poderiam ser mais

exploradas nas reuniões, além do levantamento teórico sobre o assunto.

Iniciando o processo de metodologia do estudo, então, foi realizada uma

pesquisa bibliográfica a respeito do tema abordado, podendo ser citados, entre

outros: Baden-Powell (1975; 1982); Süffert (1990), Goulart (2009); Pelicioni (2002).

Foram realizadas, também, consultas a documentos, como a União dos

Escoteiros do Brasil (2011); a União dos Escoteiros do Brasil (1996), além de grande

parte do material da União dos Escoteiros do Brasil (1966; 2001; 2008), entre outros.

A análise desses documentos permite, inclusive, entre outras coisas, obter

informações, servindo, então, como amplas fontes de informação, como nos afirma

Lüdke e André (1986).

Além da pesquisa bibliográfica como fonte de informação para construção de

todo o quadro teórico, também se recorreu a ela a fim de recolher material contendo

atividades que poderiam ser exploradas nas reuniões.

3.3.2 Questionário com escotistas

A primeira atividade foi a elaboração de um questionário simples e de

linguagem acessível, para os chefes escoteiros e dirigentes (Apêndice A), que

pudesse dar conta da diversidade de sujeitos pesquisados. Este questionário

aplicado aos escotistas e dirigentes teve como finalidade pesquisar a presença da

44 Educação Ambiental nas reuniões rotineiras dos escoteiros.

Os questionários foram aplicados e respondidos onde funciona o Distrito

Escoteiro Metropolitano, na Guarda Municipal, e na Fundação Benjamim Guimarães,

(Hospital da Baleia), onde estava sendo realizado um curso de formação para

escotistas. Assim, os locais escolhidos apresentavam uma boa concentração de

escotistas, favorecendo o trabalho do pesquisador.

O questionário está apresentado no Apêndice A dessa pesquisa.

Para a análise dos dados quantitativos, foi feita uma tabela numerada de 1 a

27, correspondendo a cada participante do Movimento Escoteiro, onde consta o

tempo de escotismo, idade, profissão e função no movimento (Quadro 1). As

respostas das questões abertas, por sua vez, foram tabuladas individualmente,

facilitando uma melhor compreensão sobre a visão que os sujeitos da pesquisa

tinham acerca das questões ambientais como um todo.

45

Quadro 1 - Perfil dos sujeitos da pesquisa

Tempo Idade Sexo Profissão Função

Movimento Escoteiro

1 26 35 Masculino Representante técnico em vendas Dirigente institucional

2 12 27 Masculino Administrador de empresas Chefe sênior

3 10 49 Masculino Professor universitário Mestre pioneiro

4 18 44 Masculino Militar do exército Mestre pioneiro

5 30 40 Masculino Analista de sistemas Dirigente institucional

6 9 50 Masculino Professor Chefe escoteiro

7 4 45 Masculino Bancário Mestre pioneiro.

8 20 52 Feminino Secretária Chefe escoteiro

9 29 42 Masculino Professor Mestre pioneiro

10 26 40 Masculino Economista Mestre pioneiro

11 29 38 Masculino Professor universitário Dirigente formação

12 10 44 Masculino Mestre de obras Chefe sênior

13 45 53 Masculino Administrador Dirigente institucional

14 14 25 Feminino Advogada Chefe escoteiro

15 28 40 Masculino Técnico de processamento de dados Dirigente institucional

16 8 48 Feminino Educadora Chefe de lobinho

17 35 43 Masculino Engenheiro Mestre pioneiro

18 25 41 Masculino Professor Mestre pioneiro

19 6 37 Masculino Vendedor Dirigente institucional

20 14 19 Feminino Estudante Chefe lobinho

21 28 47 Masculino Funcionário Público Chefe sênior

22 30 41 Masculino Analista técnico em segurança Chefe lobinho

23 3 44 Feminino Professora Chefe escoteiro

24 6 40 Masculino Eletricista Chefe escoteiro

25 25 33 Masculino Segurança patrimonial Chefe sênior

26 20 30 Masculino Professor Chefe sênior

27 13 50 Feminino Técnica em enfermagem Chefe lobinho

Fonte: Dados da pesquisa

46

Ainda como forma de delinear comparativamente o perfil dos sujeitos da

pesquisa, procurou-se fazê-lo por meio dos gráficos abaixo, a fim de facilitar a

compreensão sobre os sujeitos envolvidos em parte do processo, onde tem-se que

(Gráficos 1 e 2):

Gráfico 1 - Tempo de escotismo dos sujeitos da pesq uisa

Fonte: Dados da pesquisa

Como pode ser observada, a maioria dos escotistas está a mais que 10 anos

no movimento, o que pode ser um indicador de que não há muita renovação no

Movimento. Este é um fato preocupante em relação à redução do número de adultos

participantes do movimento, o que pode ser confirmado, também, observando a

distribuição da idade dos escotistas apresentada no gráfico 2, já que a maioria tem

mais de 40 anos, o que pode confirmar essa hipótese.

47

Gráfico 2 - Idade média dos escotistas sujeitos da pesquisa por faixa etária

Fonte: Dados da pesquisa

3.3.3 Produto

O objetivo final dessa pesquisa foi produzir duas cartilhas com material

conteudista, com proposição de atividades relacionadas ao meio ambiente que

pudessem ser desenvolvidas em reuniões usuais dos escoteiros visando o

conhecimento sobre temas ambientais.

Sobre cartilhas deste tipo, Piaget escreve que:

O que se deseja é que o professor deixe de ser apenas um conferencista e que estimule a pesquisa e o esforço, ao invés de se contentar com a transmissão de soluções já prontas [...] Seria absurdo imaginar que, sem uma orientação voltada para a tomada de consciência das questões centrais, possa a criança chegar apenas por si a elaborá-las com clareza. (PIAGET apud SANTOS, 1977, p.18).

O que Piaget condena, portanto, é o excesso de verbalismo na transmissão

dos conteúdos escolares. O aluno também pode aprender a pesquisar para chegar a

48 inventar e reinventar. O problema é quando se deixa tudo muito “mastigado” para o

aluno, não permitindo que ele possa usar suas estruturas para elaborar novos

conhecimentos. (PIAGET apud CHAKUR; SILVA; MASSABNI, 2011).

Assim, como recomendado por Bacelar et al. (2011), na elaboração das

cartilhas foram utilizadas ideias que melhor se adéquam à realidade do escoteiro em

questão. Portanto, procurou-se, na construção das cartilhas, um enredo simples e de

fácil entendimento ao público, procurando refletir o cotidiano do escoteiro (pois é

nele que o escoteiro desenvolve suas atividades) e os aspectos e impactos

ambientais específicos de cada um dos temas apresentados. Procurou-se, ainda,

fazer com que o escoteiro se reconhecesse nas ações retratadas na cartilha;

compreendendo de que forma suas atividades impactam o meio ambiente e o que

ele pode fazer para ajudar. Entende-se, assim, que quanto mais se identificar com o

que vê, maiores são as chances de que a cartilha obtenha êxito em seus propósitos.

Foram, então, elaboradas duas cartilhas com temas citados tanto no

Parãmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 2008) quanto no Programa de

Educação Ambiental do Estado de Minas Gerais (MINAS GERAIS, 2004).

As cartilhas (Apêndices D e E) foram elaboradas, publicadas e então

aplicadas em duas oficinas a serem descritas a seguir:

3.3.4 Oficina

A oficina é uma reunião de um pequeno número de pessoas com interesses

comuns, a fim de estudar e trabalhar para o conhecimento ou aprofundamento de

um tema, sob a orientação de um especialista. Ela possibilita que se aprenda a fazer

melhor algo, mediante a aplicação de conceitos e conhecimentos previamente

adquiridos.

A oficina caracteriza-se como uma estratégia do fazer pedagógico em que o

espaço de construção e a reconstrução do conhecimento são as principais ênfases.

É o lugar de pensar, descobrir, reinventar, criar e recriar, favorecido pela forma

horizontal na qual a relação humana se dá. Pode-se, por meio dela, portanto, lançar

mão de músicas, textos, observações diretas, vídeos, pesquisas de campo,

experiências práticas, enfim, vivenciar ideias, sentimentos, experiências, num

movimento de reconstrução individual e coletiva.

49

No final das atividades propostas, os participantes materializaram suas

produções, por meio de cartazes, peças de teatro, entre outros, além das avaliações

a respeito das oficinas realizadas (Apêndices B e C). Assim, as operações de

pensamento envolvidas são a obtenção e organização de dados, a interpretação, a

decisão, o planejamento de projetos e pesquisas e o resumo.

50 4 ANÁLISE DOS RESULTADOS

A seguir, a análise da pesquisa qualitativa, quer seja, a resposta às perguntas

dos questionário entregues aos sujeitos da pesquisa, quer sejam, escotistas,

dirigentes e escoteiros.

4.1 Análise das respostas do questionário dos escot istas e dirigentes

4.1.1 Pergunta 1

A primeira pergunta feita aos sujeitos da pesquisa foi: “Você acredita que o

escotismo auxilia na formação ecológica dos jovens? Sim ( ) Não ( ) - justifique sua

reposta.”

Para avaliar as respostas foi considerado como parâmetro o documento do

MEC “Panorama da educação ambiental no ensino fundamental” (BRASIL, 2001).

Segundo esse documento, a formação ecológica de jovens é assunto

controvertido, mas a maioria dos autores concorda que um programa de formação

deve ter no mínimo três dimensões, sendo elas (BRASIL, 2001):

a) a dimensão relacionada à natureza dos conhecimentos presentes nos

diferentes programas de formação;

b) a dimensão relacionada aos valores éticos e estéticos que têm sido

veiculados pelos mesmos;

c) o tratamento dado às possibilidades de participação política do indivíduo,

tendo como meta a formação de cidadãos e a construção de uma sociedade

democrática. Um resumo destas dimensões está apresentado na Figura 1,

abaixo:

51

Figura 1 - Dimensões necessárias a um programa de f ormação

Fonte: Adaptado (BRASIL, 2001)

A esta questão, todos os escotistas responderam que sim, afirmando que o

Movimento Escoteiro auxilia na formação ecológica dos jovens. A categorização das

respostas está apresentada no Gráfico 3, a seguir:

Gráfico 3: Contribuições do movimento para formação ecológica

Fonte: Dados da pesquisa

52

Porém, como podem ser observadas, as respostas dos escotistas não

contemplam diretamente as dimensões relacionadas pelo MEC.

Para a maioria dos escotistas, a convivência com o meio ambiente (46%) e

atividades direcionadas (17%) são as formas que o movimento utiliza para formação

ecológica dos jovens. A lei escoteira (17%), citada pelos pesquisados, em seu artigo

6, estabelece que: “O escoteiro é bom para os animais e as plantas” (UNIÃO DOS

ESCOTEIROS DO BRASIL, 2008, p.10), entretanto, isto, embora contribua, não é

suficiente para formação ecológica. O termo especialidade diz respeito ao distintivo,

não tendo relação direta com a questão ecológica. As respostas perdidas dizem

respeito àquelas respostas que não tinham sentido em relação ao que está sendo

perguntado.

4.1.2 Pergunta 2

A pergunta 2 foi: “Descreva um fato que comprove sua resposta para a

questão 1.” A categorização dessas respostas está apresentada na Gráfico 4,

abaixo:

53

Gráfico 4 - Formas de contribuição do Movimento

Fonte: Dados da Pesquisa

As quatro categorias mais frequentes, de fato, comprovando as respostas

anteriores, correspondem a atividades relacionadas, entre elas a Insígnia Mundial,

entre outras atividades ecológicas, o que, conforme já visto, é necessário, mas não

suficiente para a formação ecológica dos jovens. Pôde-se, ainda, verificar que em

nenhuma das respostas os escotistas se preocuparam com aspectos relacionados

ao conhecimento, o que é indispensável para esta formação. E mesmo sendo o

escotismo uma forma de Educação não formal, alguns tópicos conteudistas

relacionados às atividades desenvolvidas poderiam ser abordados, como, por

exemplo, oficinas, palestras, seminários, entre outros, como forma de

conscientização.

4.1.3 Pergunta 3

A terceira pergunta foi: “Na sua opinião, o escotismo tem sido efetivo na

54 formação da consciência ecológica dos jovens? Por que?”

Novamente foi considerado um parâmetro para avaliação das respostas,

sendo considerada a opinião de Gadotti, que afirma que:

O papel da educação comprometida com a formação e a emancipação do ser humano, com a valorização da vida e com um futuro melhor para todas as sociedades e culturas se torna ainda mais valioso e necessário diante da crise socioambiental que já é concreta e perceptível em praticamente todos os lugares, com o agravante de imprevisíveis consequências ao longo do tempo. E quanto a isso, sempre é necessário considerar que a preservação do meio ambiente depende de uma consciência ecológica, e a formação da consciência depende da educação. (GADOTTI, 2004, p.405).

Paulo Freire também foi levado em consideração, principalmente quando

discute a questão da necessidade de conscientização em uma realidade

determinada.

Nesse sentido, para o autor:

Por meio da conscientização, o ser humano pode sair de uma condição de domesticação, de condicionamentos, de possuidor de uma mera percepção superficial e de entendimento limitado, para não dizer inexistentes dos vários assuntos e situações, rompendo com o estado no qual se encontra de falsa consciência dessa realidade (alienação), podendo, a partir disso, alcançar níveis sucessivos, crescentes e significativos de entendimento e emancipação em meio a essa realidade, que em princípio sequer era devidamente assimilada. Mas convém sustentar, que “a conscientização não pode parar na etapa do desvelamento da realidade. A sua autenticidade se dá quando a prática do desvelamento da realidade constitui uma unidade dinâmica e dialética com a prática da transformação da realidade”. Assim, além de conhecer a realidade, é fundamental agir imbuído do propósito de transformá-la radicalmente, e essa postura é recomendável, sobretudo aos educadores, que precisam saber que a consciência não se transforma através de cursos e discursos ou de pregações eloqüentes, mas na prática sobre a realidade (FREIRE, 2001, p.48).

Essas palavras de Freire (2001) corroboram com um dos aspectos primordiais

do Movimento Escoteiro, ou seja, a formação da educação dos escoteiros de forma

autônoma, responsável e consciente, como já explicitado no capítulo teórico deste

trabalho. Entre os escotistas, 17 responderam que “sim”, que o Movimento Escoteiro

tem sido efetivo na formação da consciência ecológica dos jovens, 6 “não” e 4 “em

parte”.

Entre os que responderam “não”, 4 justificaram que o tema é pouco

considerado, um respondeu que o escotismo desconhece o tema e outro considerou

o tema sem importância.

Os que responderam “em parte” consideram que o tema é pouco abordado no

55

Movimento Escoteiro.

A categorização dos que responderam “sim” está apresentada no Gráfico 5:

Gráfico 5 - Contribuição ecológica do Movimento

Fonte: Dados da pesquisa

Pode-se verificar, de acordo com o gráfico acima, que as respostas dos

escotistas não estão de acordo com as ideias de Gadotti (2004) e/ou Freire (2001).

As atividades relacionadas à ecologia mais uma vez são necessárias, mas não

suficientes, como já dito, para formação da consciência ecológica dos jovens.

4.1.4 Pergunta 4

A questão 4 foi: “Qual atividade Escoteira ligada à ecologia você utiliza com

maior frequência? Você pode descrevê-la? ”

Como resposta, os escotistas apenas citaram as atividades, não as tendo

descrito. A categorização das atividades citadas pode ser verificada na figura a

seguir (Gráfico 6).

56

Gráfico 6 - Atividades ligadas à Ecologia mais util izadas pelos sujeitos da

pesquisa

Fonte: Dados da pesquisa

Diante das respostas, pode-se verificar que todas as atividades citadas são

úteis na formação do sujeito ecológico, desde que sejam associadas à reflexão,

compreensão e conscientização. Um fato que chama a atenção diz respeito a que

3% dos questionados responderam que não fazem uso de nenhuma atividade

ligada à ecologia no seu cotidiano, o que pode inferir a falta de preocupação efetiva

com o tema em questão. O item relacionado ao Mutieco diz respeito a um mutirão

ecológico realizado esporadicamente por Grupos Escoteiros.

57

4.1.5 Pergunta 5

A questão 5 teve por objetivo verificar se estes aspectos citados acima estão

sendo contemplados: “Na atividade descrita, quais os aspectos você acredita que

mais contribuem para formação da consciência ecológica dos jovens?”

As respostas foram às seguintes (Gráfico 7):

Gráfico 7 - Aspectos que mais contribuem para a for mação da consciência

ecológica

Fonte: Dados da pesquisa

As respostas permitem inferir que alguns escotistas desconhecem os

aspectos que mais contribuem para formação da consciência ecológica dos jovens,

já que 41% dos respondentes não souberam responder a pergunta, o que é uma

situação bastante preocupante.

58 4.1.6 Pergunta 6

A questão 6 foi: “Com que frequência você aborda tópicos de ecologia em

suas atividades Escoteiras?”

As respostas para a questão estão demonstradas Gráfico 8, a seguir:

Gráfico 8 - Frequência na abordagem de temas ecológ icos nas atividades

escoteiras

Fonte: Dados da pesquisa

As respostas dadas pelos escotistas indicam que a frequência na abordagem

de temas ecológicos nas atividades cotidianas do movimento é baixa, visto que a

maior parte dos questionados responderam raramente (22%) e trimestralmente

(22%). Outros 22% afirmaram que a frequência é mensal. Apenas 11% dos sujeitos

da pesquisa afirmaram abordar temas ecológicos semanalmente. 4% afirmaram que

nunca abordam essa questão nas atividades Escoteiras e 19% não responderam,

59

talvez, por falta de afinidade com o tema.

Esses resultados podem ajudar a inferir que a conscientização e a formação

ecológica não são temas predominantes nas atividades Escoteiras.

4.1.7 Pergunta 7

A última questão foi: “Você teria alguma outra sugestão (ideias, experiências

etc), para apresentar?”

Dez escotistas não fizeram sugestões. Entre as apresentadas, porém, as que

merecem destaque são:

a) Levar uma muda para ser plantada no local de acampamento. Transmite aos jovens a ideia de retribuição;

b) Deveríamos preocupar com o meio ambiente urbano, sede dos Grupos c) Escoteiros; d) Trabalho sobre tópicos e ecologia, aplicados sobre a forma de jogos. e) Apresentação dos ciclos de vários materiais da natureza; f) Melhor discussão dos problemas em face aos desastres que hoje g) presenciamos; h) Melhorar o conhecimento da vida, no meio ambiente; i) Atividade para observar o tempo de decomposição do lixo; j) Formar uma equipe que coordene, dentro dos Grupos, atividades k) ambientais; l) Convidar estudantes de ecologia, biologia, meio ambiente, a m) desenvolverem seus estágios de Educação ambiental nos Grupos n) Escoteiros; o) Criar um mural nos Grupos, e postar dicas ligadas ao meio ambiente p) para despertar o interesse dos jovens pelo tema

Um dos sujeitos pesquisados ainda afirmou que: “Não tenho muito

conhecimento assim do assunto”.

Ao assumir que o escotismo é um movimento que se relaciona com o meio

ambiente, entende-se que seus integrantes precisam estar articulados com questões

ambientais, como: escassez de água potável, projetos de conservação dos recursos

naturais, a reconstituição da natureza e devem ser compromissados com ações

diárias visando a redução e o reaproveitamento de recursos. Nesse sentido, Boff

afirma: “que o nosso tempo seja lembrado pelo despertar de uma nova reverência

face à vida, por um compromisso firme de alcançar a sustentabilidade, pela rápida

luta pela justiça e pela paz e pela alegre celebração da vida”. (BOFF, 2000).

Nesse sentido, o escotismo, ao auxiliar na formação da consciência

ecológica, deveria se preocupar em tornar cada um de seus integrantes

60 comprometidos com relação ao meio ambiente, e com o meio onde vive, de forma

integrada.

Assim, “entende-se que o sujeito ecológico se destaca por tomar como

compromisso próprio a mudança de atitudes no seu dia-a-dia, incorporando valores

éticos e políticos, podendo, a partir daí, ser classificado como militante das causas

ambientais”. (CARVALHO, 2004, p.53).

A maioria dos entrevistados considerou que o Movimento Escoteiro tem

caráter ecológico por propor atividades ao ar livre e oportunizar acampamentos e

outros eventos em meio natural. Porém, essa concepção destoa da concepção na

qual acredita-se estar melhor relacionada com os propósitos do escotismo, por tratar

a conservação ambiental apenas como algo pontual e não uma preocupação

constante.

A questão dois, do questionário, por exemplo, pede que os entrevistados

apresentem pelo menos uma ação que comprove o compromisso do Movimento

Escoteiro com o meio ambiente. A maior parte das respostas trata de plantio e

replantio de árvores e recolhimento de lixo em áreas naturais. Contudo, alguns

entrevistados se predispuseram a efetivar mudanças na própria vida, a partir das

discussões implementadas.

Essa dialética é, talvez, a relação que mais se afina com os propósitos do

escotismo, já que o sujeito transforma o meio onde vive e, ao mesmo tempo, se

transforma.

Como a União dos Escoteiros do Brasil atribui a si mesma um caráter

educativo, compreende-se que as questões ambientais são, além de uma de suas

doutrinas, também transformadora do próprio sujeito, e de sua forma de ser e estar

no mundo.

Alguns sujeitos da pesquisa atribuíram ao escotismo a característica de

formador da consciência ecológica dos jovens, exemplificando com acampamentos,

jornadas e diversos tipos de jogos.

Nesse sentido, Aristóteles, classificou os vários aspectos do homem,

dividindo-os em homo sapiens (o que conhece e aprende), homo faber (o que faz,

produz) e homo ludens (o que brinca, o que cria). A importância do jogo, portanto, no

desenvolvimento integral do ser humano é um fato real. (ARISTÓTELES apud

SOLER, 2005).

61

Para Soler, a palavra jogo (jocu) tem origem latina e possui como significado

“maior gracejo”, ou seja, o jogo é divertimento e distração. Porém, também significa

trabalho sério, pois tem o poder de transformar valores, normas e atitudes. (SOLER,

2005, p.27).

Portanto, as atividades oferecidas pelo Movimento Escoteiro são de caráter

lúdico, especialmente em relação às atividades progressivas e variadas.

Apesar das respostas dos questionários confirmarem que uma das metas dos

adultos no Movimento Escoteiro é a formação ecológica dos jovens sob suas tutelas,

o que foi confirmado em 100% das respostas do questionário, os resultados

demonstraram que muito ainda precisa ser feito para melhorar a divulgação do tema

ecologia e meio ambiente no Movimento Escoteiro.

4.2 Aplicação das Oficinas

Em função da análise dos resultados e visando contribuir para o Movimento

Escoteiro e demais organizações interessadas, foram elaboradas pelo pesquisador

duas cartilhas: “Resíduos sólidos ” e “Esta água está um lixo” , acreditando serem

esses temas atuais e de grande importância em relação aos problemas ambientais.

4.2.1 Cartilha “Resíduos sólidos”

A cartilha sobre “Resíduos sólidos” foi dividida em 3 partes:

A primeira parte descreve o lixo e todo o seu mecanismo, sendo redividida

nos seguintes itens:

a) Introdução;

b) Lixo segundo o critério de origem e produção;

c) Destino do lixo;

d) Aterros Sanitários;

e) Compostagem;

f) Incineração.

A segunda parte retrata a importância dos 3Rs do consumo sustentável:

reduzir, reutilizar e reciclar.

62

Conforme Boff, em “Carta da Terra”, reduzir, reutilizar e reciclar materiais

usados nos sistemas de produção e consumo é garantia de que os resíduos possam

ser assimilados pelos sistemas ecológicos. (BOFF, 2000).

A segunda parte enfatiza, também, a participação de todos na proteção

ambiental, por meio de histórias e personagens.

A terceira parte apresenta algumas dinâmicas com a finalidade de procurar

promover a Educação Ambiental de uma forma mais atrativa e lúdica e que será

relatada a seguir.

4.2.1.1 Oficina sobre a cartilha “Resíduos sólidos”

A oficina de resíduos sólidos foi realizada num sábado, dia 22 de outubro de

2011, nas dependências da Escola Municipal Santos Dumont, para avaliação das

cartilhas e aplicação das dinâmicas.

Participaram dois Grupos Escoteiros, cuja idade dos participantes variava

entre 11 e 17 anos. A aplicação das dinâmicas foi feita por alunas do Curso de

Biologia da PUC Minas, sendo a programação:

4.2.1.1.1 Programação e descrição da oficina sobre resíduos sólidos

14:00: Início - Objetivos da oficina.

a) Apresentação da cartilha sobre “Resíduos sólidos”;

b) Discussão sobre o tema apresentado;

c) Análise da Cartilha;

d) Realização das dinâmicas;

e) Avaliação escrita da oficina, por equipes;

f) Encerramento.

Inicialmente, foram apresentados os objetivos da oficina aos escoteiros, pelo

pesquisador, falando da importância da proteção do meio ambiente (Figura 2). Em

seguida, ocorreu uma projeção sobre a cartilha “Resíduos sólidos” , havendo uma

discussão sobre o conteúdo apresentado.

63

Figura 2 - Apresentação da cartilha “Resíduos sólid os” aos escoteiros

Fonte: Fotografia do pesquisador

Logo a seguir, um exemplar da cartilha foi distribuído para cada equipe,

visando uma análise detalhada, sendo possível perceber que a cartilha sobre

“Resíduos sólidos ” apresentou um elevado índice de aceitação e aprovação entre

os escoteiros, o que pode ser um indicador de que essa seja uma ferramenta que

poderá ser usada, cumprindo os objetivos propostos quando da sua elaboração.

Depois da apresentação dessa parte teórica, ocorreu a realização das

dinâmicas:

4.2.1.1.2 Primeira dinâmica

Na primeira dinâmica sobre resíduos sólidos, chamada de “costumes

desnecessários” (Figura 3), foram reunidas embalagens diversas para discussão do

tema, como, por exemplo, embalagens naturais (casca de coco, banana etc.), que

podem ser reutilizadas ou são biodegradáveis, garrafas retornáveis, embalagens de

tetrapak (longa vida), cerâmicas, couro de animais e embalagens de difícil

reciclagem, como: plástico, vidro, borracha, entre outras.

64

Figura 3 - Dinâmica 1 - discussão sobre embalagens

Fonte: Fotografia do pesquisador

Depois de separar esses materiais de acordo com sua classe, foram

trabalhados alguns pontos com os escoteiros, como, por exemplo, de que é feita

cada embalagem, de onde veio, o significado de biodegradável, para que servem as

embalagens, de que é feito o plástico, qual o destino da cada embalagem usada

pelos escoteiros depois do uso do produto etc..

Após esses pontos serem trabalhados com os escoteiros, foram apresentadas

duas maçãs, na tentativa de que os escoteiros tentassem vendê-las uns aos outros.

Porém, enquanto uma tinha uma embalagem bonita, a outra não estava embalada.

Foi perguntado, então, ao grupo qual das maçãs ele gostaria de comprar. Essa

atividade foi finalizada com a discussão sobre a influência das embalagens no

consumo desenfreado, gerando compras desnecessárias por impulso, modismo,

influindo nos recursos naturais e na grande concentração de lixo.

Essa primeira dinâmica apresentada teve ampla adesão dos escoteiros e

abordava, além da questão ambiental da embalagem, a questão histórica e o

impacto da mídia e da estética no consumo, principal responsável pela geração de

65

resíduos.

Os participantes tinham uma vasta bagagem de conhecimentos prévios

acerca do assunto, além de muitas dúvidas a respeito do tema, o que gerou uma

discussão muito rica, sendo de grande valia a aplicação da dinâmica.

4.2.1.1.3 Segunda dinâmica

Na segunda dinâmica, chamada de “embalagens são necessárias” ? (Figura

4), os escoteiros foram divididos em três grupos, onde cada participante ganhou

caixinhas de chicletes. Os escoteiros, então, tinham de abrir os chicletes sem rasgar

a caixinha (algo que não aconteceu). Logo em seguida, tinham que criar um cartaz

colando as embalagens utilizadas. O objetivo era contar o número de embalagens

usadas na confecção do cartaz, mas como eles as rasgaram e criaram cartazes

muito criativos, não foi possível contar o número de caixinhas usadas.

Figura 4 - Dinâmica 2 - confecção de cartazes com c aixinhas de chicletes

Fonte: Fotografia do pesquisador

66

Ao término da confecção do cartaz, foi proposta uma reflexão de que se cada

um mascar um chicletes por semana, quantas embalagens se teria em um ano, a fim

de se trabalhar a conscientização dos escoteiros quanto à quantidade de

embalagens que são descartadas e as possíveis utilidades para elas.

Além disso, abriu-se discussão a respeito de como seria a vida sem a

utilização das embalagens, para onde elas vão quando são jogadas fora e como se

pode reduzir a quantidade de embalagens no dia a dia. Foram ainda demonstrados

exemplos de embalagens de difícil e de fácil reciclagem, havendo uma discussão em

grupo acerca do lixo como problema social, cultural e, principalmente, de saúde

pública.

Nessa segunda dinâmica apresentada, os participantes ficaram empolgados

ao receber os chicletes, mas, depois, eles refletiram, com o auxílio das discussões, e

começaram a questionar sobre o consumo dos chicletes. Um fato curioso é que um

dos participantes perguntou se engolir o chicletes poderia ajudar a reduzir resíduos,

o que pode comprovar a sensibilização proporcionada pela dinâmica. Os cartazes

feitos com as embalagens foram criativos e todos abordavam alguma questão

ambiental relacionada ao tema.

4.2.1.1.4 Terceira dinâmica

A terceira dinâmica, “resíduos em casa”, fez uma conclusão de tudo que foi

tratado nesse dia. Os escoteiros foram separados em grupos, e foi pedido que eles

detalhassem todas as coisas que são tratadas como lixo em casa (Figura 5),

acrescentando, também, ações desnecessárias que são feitas no dia a dia, como,

por exemplo, deixar as luzes acessas a toa, tomar banho demorado, deixar

aparelhos eletrônicos ligados sem serem utilizados, entre outros.

67

Figura 5 - Dinâmica 3 - grupo em discussão sobre o tema

Fonte: Fotografia do pesquisador

Foram, então, após essa primeira discussão, abordadas formas alternativas

de converter os resíduos em recursos úteis, tendo, como exemplo, o lixo orgânico,

que é transformado em adubo. O impacto que os lixões causam como

contaminantes do solo, água e disseminação de doenças e quais seriam as

alternativas corretas para descarte do lixo foram outras discussões implementadas

durante a dinâmica.

A terceira dinâmica apresentada teve uma participação bem positiva dos

escoteiros. Por serem adolescentes e já virem com uma bagagem sobre meio

ambiente, foi possível trabalhar diversos pontos. Eles se mostraram bastante

questionadores, sendo que um dos escoteiros chegou a perguntar: “Se o objetivo da

dinâmica era reduzir o uso das embalagens, porque, então, foram distribuídos

Chicletes?”, a qual o pesquisador concordou com o escoteiro. O grupo se mostrou

participativo, atento e interessado e, por meio das dinâmicas aplicadas, reflexões

importantes foram realizadas, alcançando os objetivos propostos pelas Cartilhas,

quer seja, entre outros já especificados, a conscientização, a análise e a reflexão

dos escoteiros acerca de questões ambientais que permeiam o cotidiano desses

68 sujeitos.

No final da oficina, foi distribuído um instrumento de avaliação (Questionário)

apresentado na íntegra no Apêndice B dessa dissertação.

4.2.1.2 Análise das respostas da avaliação da ofici na sobre resíduos sólidos

As questões de 1 a 7 tratam-se de perguntas com múltiplas escolhas e,

portanto, seguiu uma análise principalmente quantitativa, sendo retratada no Quadro

2, abaixo:

Quadro 2 - Respostas das questões de 1 a 7 de avali ação da cartilha “Resíduos

sólidos” apresentada aos escoteiros

RESPOSTAS PERGUNTAS

Sim Não Ótimo Bom Médio Ruim

1- Apresenta facilidade de uso? 25 0 - - - -

2- Os textos e imagens estão apresentados

de forma clara?

25 0 - - - -

3- Apresenta o conteúdo de forma clara e

objetiva?

25 0 - - - -

4- Fornece ajuda para uso constante? Ex.

atividade escolar, Movimento Escoteiro.

25 0 - - - -

5- O tema abordado, resíduos sólidos, é

um assunto atual?

25 0 - - - -

6- Que conceito você daria ao material: - - 8 17 0 0

7- Foram apresentadas algumas dinâmicas.

Você percebeu algum aproveitamento para

a sua vida diária, Movimento Escoteiro etc.?

25 0 - - -

Fonte: Dados da pesquisa

Como podem ser observados, praticamente todos os escoteiros gostaram

muito e acharam proveitosa a oficina apresentada, o que pode indicar que os

objetivos propostos quando da elaboração dessa cartilha foram alcançados.

69

A questão 7, além da resposta fechada (sim ou não), solicitou que os

escoteiros justificassem a resposta dada. Entre as justificativas, podemos destacar:

a) Como lazer e mudar o futuro; b) Porque através da Cartilha, percebemos que em qualquer lugar que

estamos: acampamentos, escolas, etc., podemos, de alguma forma, aproveitar e reaproveitar o que utilizamos no dia a dia, que gera muitos resíduos desnecessários;

c) Aprender reciclar, reutilizar os materiais; d) Após a dinâmica, repensamos nosso modo de agir e pensar. Ex. não

jogar lixo no chão, desligar aparelhos em desuso, menos tempo no banho, etc.;

e) Porque é uma forma para que a gente possa aprender mais a economizar, reciclar e tomar atitude sobre isso;

f) Podemos aproveitar, reutilizar e reciclar materiais que possam agredir a natureza.

Pode-se, então, perceber que pelo menos em curto prazo houve

sensibilização dos escoteiros para o tema.

Algumas das respostas à questão 8: O que você achou da Oficina? Estão

apresentadas abaixo:

a) Aprendemos muita coisa. Aprendemos a economizar; b) Muito adequada para o mundo em que vivemos hoje, nos ensinando a

mudar o mundo para as futuras gerações; c) Boa, informativa, nos ensinando bastante sobre os 3 Rs; d) Palestrantes eficientes, dinâmicas interessantes e os assuntos

pertinentes; e) Super bacana - porque é uma forma de nos mostrar os problemas do

mundo, que passam fora da nossa visão, e até mesmo enxergamos, mas não tomamos nenhuma iniciativa. Muito instrutiva e informativa, pois aprendemos que é possível consumir menos e aproveitar mais.

Ao verificar essas respostas, comprova-se o que foi afirmado anteriormente,

portanto, de que os escoteiros gostaram da oficina e que esta atingiu o objetivo de

incentivar a aprendizagem acerca dos problemas que o meio ambiente passa e

algumas soluções ao alcance de todos para saneá-las.

A questão 9, por sua vez, solicitou que os escoteiros relacionassem as

vantagens e desvantagens das oficinas e da cartilha. Algumas das vantagens e

desvantagens citadas pelos escoteiros estão apresentadas no Quadro 3, a seguir:

70

Quadro 3 - Algumas das vantagens e desvantagens da oficina e da cartilha

“Resíduos sólidos”

VANTAGENS DESVANTAGENS

Aprender muitas coisas novas Não existe, pois ela só tem a nos mostrar.

A cartilha mostra que temos que temos que

conservar e cuidar da nossa natureza antes

que ela se “esvaia”

Que o nosso país não tem o progresso

apropriado para a reciclagem correta

A vantagem de reciclar, reutilizar em um

acampamento escoteiro

Não percebemos desvantagens

Mudou nosso modo de pensar e agir, criou

uma consciência ambiental e uma maior

preocupação com o mundo.

Que o mundo está acabando a cada dia e

que, às vezes, é preciso deixar de fazer

coisas para ajudar o planeta.

Dá para ajudar a todos, basta querer. As pessoas precisam prestar mais atenção

e também praticar ação.

Podemos usar tanto dentro do escotismo

quanto na vida social, e podemos repassar

essa informação e praticar o que

aprendemos.

A desvantagem é que ainda é um tema não

muito abordado

Economizar mais e aproveitar a vida de

uma maneira que não agrida a natureza.

Abrange tópicos que nunca são

comentados e instigam muito a

curiosidade

Fonte: Dados da pesquisa

Como pode ser notado, as vantagens apresentadas reforçam as ideias

apresentadas nas questões anteriores e a maioria das desvantagens estão

relacionadas a fatores externos à oficina e à cartilha. Um dos escoteiros

pesquisados comenta que esse é um tema ainda não muito abordado, o que pode

ser um indicador de que o assunto ainda não é uma constante no Movimento

Escoteiro, corroborando com a hipótese levantada inicialmente para a construção

dessa pesquisa.

71

A questão 10: Qual atividade você mais gostou? Por quê?, a atividade mais

citada foi a primeira: Costumes desnecessários. Alguns dos motivos citados foram

os seguintes:

a) A atividade nos mostrou que podemos reutilizar os mais diversos

materiais, b) desde os mais complexos, até os mais simples como a caixinha de

chicletes; c) Despertou nossa atenção e incentivou a participação, além de melhorar

o hálito; d) Porque foi mais criativa e elaborada. - Chicletes - nós reutilizamos as

embalagens; e) Quem olhar o cartaz poderá também ter uma outra visão e ajudar o

meio f) ambiente; g) Aprender a reciclar, reutilizar os materiais; h) Olhar o cartaz e ajudar o meio ambiente; i) Nós reutilizamos as embalagens.

Percebe-se que a dinâmica foi bastante produtiva, pelo menos a curto prazo.

A questão 11: Você teria alguma outra sugestão (ideias, experiências etc.),

para apresentar? A maioria dos escoteiros não apresentou sugestões, mas os que

fizeram demonstraram a vontade de difundir os conhecimentos obtidos, como se

pode verificar nas respostas apresentadas abaixo:

“Esse projeto ser exibido em locais públicos como escolas, parques, etc.;

“Fazer mais palestras para os jovens em escolas, grupos escoteiros, ruas, etc.”

Nota-se que esses Escoteiros têm uma preocupação de conscientização por

meio de atividades conteudistas, o que não foi percebido quando da aplicação do

questionário para os escotistas e dirigentes.

4.2.2 Oficina sobre a cartilha “Esta água está um l ixo”

A cartilha foi dividida em duas partes, sendo a primeira a que descreve a água

e todo o seu mecanismo. Ela é composta dos seguintes itens:

a) Introdução;

b) A importância da água para a vida;

c) Propriedades da água;

d) Origem da água;

e) Ciclo hidrológico;

72

f) Distribuição da água na Terra;

g) Conflitos da água;

h) Água: Escassez;

i) Água: poluição;

j) Doenças vinculadas à água;

k) Tratamento da água (Saneamento).

Na segunda parte, são apresentadas dinâmicas com a finalidade de promover

a Educação Ambiental, procurando despertar o interesse pela natureza, por meio da

sensibilização, revelando formas criativas de observação e participação.

4.2.2.1 Oficina sobre a cartilha “Esta água está um lixo”

Seguiu a programação semelhante à executada pela oficina de resíduos

sólidos, mas no outro sábado seguinte, dia 29 de outubro de 2011. Os grupos

escoteiros participantes foram os mesmos da oficina anterior.

4.2.2.2 Programação e descrição da oficina sobre a água

As dinâmicas foram aplicadas pelas mesmas alunas do Curso de Biologia da

PUC Minas que aplicaram a oficina anteriormente descrita.

Programação:

14:00: Início - Objetivos da oficina.

a) Apresentação da cartilha “Esta água está um lixo”.

b) Discussão sobre o tema apresentado.

c) Análise da cartilha pelos participantes.

d) Realização das dinâmicas

e) Avaliação da Oficina.

f) Encerramento.

73

Inicialmente, foram apresentados os objetivos da oficina, a exemplo da

anterior.

Logo em seguida, foi realizada uma apresentação da cartilha “Esta água está

um lixo ” e uma discussão sobre o conteúdo a ser apresentado. Foi entregue, então,

uma cartilha para cada equipe, para que os escoteiros pudessem fazer uma análise

detalhada da mesma.

A cartilha “Esta água está um lixo ” apresentou um elevado índice de

aceitação e aprovação, podendo ser considerada como uma possível ferramenta

que poderá ser usada, principalmente no Movimento Escoteiro, cumprindo, portanto,

os objetivos levantados inicialmente em relação às questões ambientais. Quanto às

dinâmicas apresentadas, ocorridas no momento seguinte, os escoteiros participaram

da atividade com muito ânimo.

4.2.2.1.2 Primeira dinâmica

Na primeira dinâmica apresentada, “o jogo da gota de chuva” (Figura 6), cada

participante teve de procurar duas pedras pequenas e guardá-las nas mãos

fechadas. Os participantes deveriam produzir sons sacudindo as mãos fechadas

com as duas pedras. Com isso, pode ser percebida a variação do som quando as

mãos estavam muito fechadas ou não. Na dinâmica, os escoteiros sentaram em

circulo e fecharam os olhos, sendo orientados a permanecerem quietos e que só

deveriam bater as pedras após serem tocados pelas mediadoras. Os participantes

foram tocados aos poucos, representando o início da chuva. Em seguida, após

serem tocados, vários participantes estavam agitando as pedras, assemelhando-se

o barulho ao de uma chuva muito forte.

Para concluir a atividade, os participantes foram sendo tocados novamente

para que parassem de bater as pedras, representando um abrandamento da chuva

simbolizada.

74

Figura 6 - Dinâmica da chuva

Fonte: Fotografia do pesquisador

Essa primeira dinâmica apresentada acredita-se ter sido propícia para o tema

água. Não foram necessárias muitas explicações para que eles compreendessem

que a simulação que todos eles faziam era da chuva. Todos participaram com muito

empenho e desempenharam com precisão sua função. Com isso, foi mais fácil notar

a semelhança do barulho que eles produziam com as pedras com o som da chuva.

Eles também perceberam que o tamanho das pedras, assim como a mão aberta,

eram fatores que influenciavam no som, o que poderia ser comparado ao tamanho

do pingo da chuva ou a velocidade que essa cai. Ao fim da dinâmica, eles ainda

sentiam vontade de continuar, o que confirma que a dinâmica é um bom instrumento

para atrair a atenção da turma para o tema.

4.2.2.1.3 Segunda dinâmica

A segunda dinâmica apresentada procurou “vivenciar o ciclo da água por

meio da dramatização”. Assim, inicialmente foi introduzido o tema ciclo da água para

discussão. Em um bate papo, os conhecimentos prévios do grupo sobre o ciclo da

água foram levantados, e, em seguida, as dúvidas sobre o assunto foram retiradas

75

para que o tema fosse bem entendido. Os escoteiros foram divididos em grupos para

realizarem uma representação em forma de teatro sobre o tema.

Foi dado um tempo para que eles pudessem ensaiar com o grupo suas

apresentações e, em seguida, cada grupo apresentou a todos o que havia sido

preparado. (Figura 7).

Figura 7 - Dramatização sobre o ciclo da água

Fonte: Fotografia do pesquisador

Nessa segunda dinâmica, os escoteiros se mostraram interessados e

apresentaram cenas condizentes com o tema, de forma criativa. Eles se separaram

em grupos com amigos que eles tinham mais afinidade, e se mostraram muito à

vontade tanto com o tema, tanto com o fato de ter que interpretar. A participação foi

maciça e muitos terminaram o ensaio antes do tempo, o que indica que eles

possuem conhecimento satisfatório sobre o ciclo da água. Todas as dramatizações

representaram, de forma fidedigna, o que acontece durante esse processo. Foi uma

atividade relevante para fixação do tema ciclo da água.

76 4.2.2.1.4 Terceira dinâmica

Na terceira dinâmica apresentada, “meditação: um rio”, os escoteiros foram

aconselhados a escolher uma posição confortável para que pudessem relaxar ao

máximo. As luzes foram apagadas e iniciou, ao som de uma música de relaxamento,

produzindo águas de chuva, a leitura, pausada e com entoação, do texto um rio,

para que eles pudessem vivenciar um curso d’água, por meio da imaginação, como

mostra a Figura 8, a seguir:

Figura 8 - Dinâmica de meditação: um rio

Fonte: Foto do pesquisador

Em relação à terceira dinâmica, os escoteiros se mostraram envolvidos na

dinâmica. Todos eles fecharam os olhos e estavam dispostos a realizar a atividade.

De uma forma quase providencial choveu no momento dessa dinâmica, o que

auxiliou em um maior relaxamento e sensibilização. Pôde-se verificar, por meio da

receptividade dos escoteiros, que a atividade proposta alcançou seus objetivos, o

que foi comprovado pelo estado de relaxamento que os participantes se

encontravam ao final desta dinâmica, o que, acredita-se, que propiciou uma

elevação no grau de reflexão. Um escoteiro disse que gostou mais dessa atividade

77

porque podemos “ver o nosso interior”.

4.2.2.1.5 Quarta dinâmica

Na quarta dinâmica apresentada: “dinâmica sobre a água”, os participantes

foram divididos em grupos e cada grupo deveria demonstrar, por meio de desenhos,

os problemas relacionados à água. Posteriormente, cada grupo apresentou seu

trabalho explicando o que foi representado (Figura 9).

Figura 9 - Apresentação do produto da dinâmica 4 po r um grupo de escoteiros

participantes

Fonte: Fotografia do pesquisador

Quanto a essa quarta atividade, foram transpostos vários temas, como:

doenças relacionadas à água, desperdício, poluição, entre outros. Pôde-se observar

que os escoteiros estão conscientes dos problemas relacionados ao assunto e que

acreditam que mudanças são necessárias. Os desenhos foram todos muito bem

feitos e caprichados, o que indica que os participantes se interessaram pelo tema.

Um fato importante a ser destacado com relação aos desenhos feitos é que todos

eles apresentavam a realidade atual, demonstrando, assim, que os participantes têm

78 consciência do contexto ambiental em que estão inseridos.

No final da oficina foi distribuído um instrumento de avaliação (Questionário),

da mesma forma como ocorreu na primeira oficina, e que está apresentado

integralmente no Apêndice B dessa dissertação.

4.2.2.3 Análise das respostas da avaliação da ofici na sobre “Esta água está um

lixo ”

As questões de 1 a 7 tratam-se de perguntas com múltiplas escolhas e,

portanto, seguiu uma análise principalmente quantitativa, sendo retratada no Quadro

4, abaixo:

Quadro 4 - Respostas da avaliação da oficina sobre “esta água está um lixo”.

RESPOSTAS PERGUNTAS

Sim Não Ótimo Bom Médio Ruim

1- A cartilha apresenta facilidade de uso? 21 0 - - - -

2- Os textos e imagens estão apresentados de

forma clara?

21 0 - - - -

3- Apresenta o conteúdo de forma clara e

objetiva?

21 0 - - - -

4- Fornece ajuda para uso constante? Ex.

atividade escolar, Movimento Escoteiro.

21 0 - - - -

5- O tema abordado, “ esta água está um lixo”, é um assunto atual?

21 0 - - - -

6- Que conceito você daria ao material: - - 7 14 0 0

7- Foram apresentadas algumas dinâmicas. Você percebeu algum aproveitamento para a sua vida diária, Movimento Escoteiro etc.

21 0 - - -

Fonte: Dados da pesquisa

79

Pelas respostas dos escoteiros, acima descritas, pode-se perceber que a

oficina atingiu o objetivo da conscientização dos envolvidos para os problemas

relacionados à água. A questão 7, além da resposta fechada (sim ou não), solicitou

que os escoteiros justificassem a resposta dada. Entre as justificativas, podemos

destacar:

a) Não jogar lixo nos bueiros. Ruas. Vai entupir os bueiros; b) Não poluir o meio ambiente. Reciclar o meio ambiente; c) Cuidando das águas podemos diminuir riscos de doenças e melhorar d) nossas vidas; e) Porque teremos consciência de como usar a água; f) Porque são coisas que nós já sabíamos, mas as informações que são g) apresentadas têm muita utilidade e importância em nosso cotidiano.

Pode-se perceber, por meio dessas justificativas dadas pelos escoteiros, que

houve conscientização sobre o tema, pelo menos a curto prazo.

A questão 8 : O que você achou da oficina? teve várias respostas que

merecem ser destacadas, como abaixo:

a) Legal; b) Aprender várias coisas sobre a água; c) As doenças causadas por sua poluição; d) O ciclo da água - Tratamento da água; e) A importância da água para a vida; f) Instrutiva e descontraída; g) Divertida - Interessante; h) Muito boa - Muito clara. Os Monitores souberam explicar claramente.

Algumas respostas da questão 9: Relacione: As vantagens que você

percebeu e as desvantagens, estão apresentadas no Quadro 5, abaixo:

80

Quadro 5 - Vantagens e desvantagens

VANTAGENS DESVANTAGENS

Aprendemos a não poluir o meio ambiente.

Nós poderíamos mais desperdiçar água.

Estamos precisando lidar com esse tipo de

coisa.

Estamos poluindo e gastando mais.

A informação adequada sobre as doenças

da água.

Não tem desvantagem.

Aprendemos a utilizar a água com mais

responsabilidade.

Poderia ter mais participação dos membros

do Movimento Escoteiro.

Conhecimento mais aprofundado em

relação às doenças.

Fonte: Dados da pesquisa

Da mesma forma como ocorreu na oficina anterior, uma colocação de um dos

participantes chama a atenção quando afirma que há pouca participação dos

membros do Movimento Escoteiro em discussões a respeito do tema, o que, mais

uma vez, corrobora com a hipótese inicialmente levantada pela pesquisa, de que os

temas ecológicos nem sempre são discutidos ou são discutidos minimamente no

Movimento Escoteiro.

Já na questão 10: Qual a atividade que você mais gostou? Porquê? , essas

foram algumas das respostas recebidas:

a) Meditação. Podemos ver o nosso interior; b) Desenho. Porque tivemos que trabalhar em grupo; c) Do cartaz – Mostramos nossa opinião sobre o assunto; d) Gostamos muito das dinâmicas, pois elas são de classificação livre e e) não perdem o foco do tema.

Pode-se inferir, por meio das respostas dadas, que todas as dinâmicas

realizadas agradaram os escoteiros que delas participaram, já que todas elas foram

citadas nessa questão.

81

Com relação à última questão: Você teria alguma outra sugestão (ideias,

experiências, etc.) para apresentar?, pôde-se verificar que nessa oficina houve mais

respostas do que a anterior, o que pode ser um demonstrativo de que essa oficina

ampliou, ainda mais do que a anterior, a conscientização dos escoteiros com relação

ao tema. Assim foram as respostas dadas à questão:

a) Como evitar o aquecimento global; b) Dinâmicas mais na prática; c) Ensinar a combater a dengue e como se transmite as doenças da água; d) Sim. Faltou realçar como podemos conservar/aproveitar melhor a água.

82 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Quando propusemos fazer o Mestrado, tínhamos como meta demonstrar a

importância do escotismo na formação do cidadão ecológico.

O Movimento Escoteiro se apresenta como alternativa de Educação não

formal, que oferece ao seu público - crianças e adolescentes - oportunidades de

formarem o próprio caráter ao ar livre, em contato com os meios naturais.

Educar para a sustentabilidade é formar cidadãos preocupados com a

proteção ambiental, porque devemos pensar nossa vida no planeta sempre em

função de futuras gerações.

Um ônus de toneladas de lixo e dejetos que produzimos, uma sociedade

alicerçada no grande consumismo não é uma sociedade solidária.

Sem maiores pretensões, tivemos a oportunidade de realizar esse trabalho,

que poderá ser mais um instrumento para educadores e ambientalistas,

apresentando o Movimento Escoteiro como uma alternativa. Porém, notamos, com a

realização da pesquisa de campo, que ainda há muito a se fazer na implementação

de ações, dentro do próprio Movimento Escoteiro, que forneçam subsídios para uma

conscientização sobre as questões ecológicas e relacionadas ao meio ambiente

mais efetivas. Assim, palestras, seminários, debates, entre outras atividades

conteudistas podem ser uma solução para a ampliação de discussões acerca do

tema, com o objetivo anteriormente descrito: a conscientização efetiva de seus

participantes.

As duas cartilhas tiveram uma ampla aceitação por parte dos escoteiros,

como foi constatado pelas análises, assim como as dinâmicas aplicadas,

despertando muito interesse nos participantes.

Quanto à análise dos questionários dos escotistas e dirigentes, alguns dados

merecem uma reflexão mais profunda por parte dos órgãos competentes do

Movimento Escoteiro, como, por exemplo, a verificação de que nem todos os

sujeitos da pesquisa sabiam discorrer sobre o tema proposto: Meio ambiente/

Ecologia. Também podemos salientar a importância das atividades lúdicas dentro do

escotismo. Assim como defende Piaget, os jogos auxiliam na assimilação dos

conteúdos que se quer ensinar às crianças e adolescentes.

Particularmente para mim, foi um período de muito estudo e dedicação,

atribulações, mas com uma recompensa, pois tive um enriquecimento interior muito

83

grande.

Para finalizar, faz-se mister afirmar que essa pesquisa não se encerra aqui, já

que nenhum saber torna-se pronto e acabado. Muito pelo contrário: a partir de

esclarecimentos cada vez maiores, torna-se importante e porque não dizer

necessária a ampliação desses conhecimentos colocados aqui, já que abrem portas

para novas verdades, possibilidades e hipóteses não relacionadas nesse trabalho, o

que pode sugerir, mais à frente, novas alterações por meio de novas significações e

conclusões.

Valeu a pena? “Tudo vale a pena, se a alma não é pe quena”.

(Fernando Pessoa)

84

REFERÊNCIAS

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88 APÊNDICE A - Questionário respondido pelos chefes e scoteiros

1) Você acredita que o escotismo auxilia na formação ecológica dos jovens? Sim ( ) Não ( ) Justifique sua resposta. 2) Descreva um fato que você comprove sua resposta para a questão anterior. 3) Na sua opinião, o escotismo tem sido efetivo na formação da consciência ecológica dos jovens? Por que? 4) Qual atividade Escoteira ligada à ecologia você utiliza com maior frequência? Você pode descrevê-la? 5) Na atividade descrita, quais os aspectos que você acredita que mais contribuem para a formação da consciência ecológica dos jovens? 6) Com que frequência você aborda tópicos de ecologia em suas atividades Escoteiras? OBS: Você teria alguma outra sugestão (ideias, experiências, etc), para apresentar?

89

APÊNDICE B - Questionário sobre resíduos sólidos

1) Apresenta facilidade de Uso? ( ) Sim Não ( ) 2) Os textos e imagens estão apresentados de forma clara? ( ) Sim Não ( ) 3) Apresenta o conteúdo de forma clara e objetiva? ( ) Sim Não ( ) 4) fornece ajuda para uso constante? Ex. atividade escolar, Movimento Escoteiro, etc. ( ) Sim Não ( ) 5) O tema abordado, resíduos sólidos, é um assunto atual? ( ) Sim Não ( ) 6) Que conceito você daria ao material? ( ) Ruim ( ) Médio ( ) Bom ( ) Ótimo. 7) Foram apresentadas algumas dinâmicas. Você percebeu algum aproveitamento para sua vida diária, Movimento Escoteiro, etc.? sim ( ) não ( ) Justifique a sua resposta : 8) O que você achou da oficina? 9) Relacione:

A- As vantagens que você percebeu: B- As desvantagens:

10) Qual a atividade que você mais gostou? 11) Você teria alguma outra sugestão (ideia s, experiências etc.) para apresentar?

90 APÊNDICE C - Instrumento de avaliação da oficina so bre ”esta água está um

lixo”

Em relação à cartilha, pode-se afirmar que: 1) Apresenta facilidade de uso? ( ) Sim Não ( ) 2) Os textos e imagens estão apresentados de forma clara? ( ) Sim Não- ( ) 3) Apresenta o conteúdo de forma clara e objetiva? ( ) Sim - Não ( ) 4) Fornece ajuda para uso constante? Ex. atividade escolar, Movimento Escoteiro. ( ) Sim Não ( ) 5) O tema abordado, “ esta água está um lixo”, é um assunto atual? ( ) Sim Não ( ) 6) Que conceito você daria ao material? ( ) Ruim ( ) Médio ( ) Bom ( ) Ótimo 7) Foram apresentadas algumas dinâmicas. Você percebeu algum aproveitamento para a sua vida diária, Movimento Escoteiro, etc.? ( ) Sim ( ) - Não Justifique a sua resposta 8) O que você achou da Oficina? 9) Relacione: A - As vantagens que você percebeu: B- As desvantagens: 10) Qual atividade você mais gostou? Por quê? 11) Você teria alguma outra sugestão (ideias, experiências etc.) para apresentar?

91

APÊNDICE D - Cartilha “Resíduos sólidos”

92

RESÍDUOS SÓLIDOS

Homenagem ao chefe escoteiro e professor

João Francisco de Abreu (PhD)

93

94

Fonte: Adaptação de LUCCI, 1998

95

Fonte: ECOLNEWS, 2012.

96

Fonte: ECOLNEWS, 2012.

97

Fonte: ECOLNEWS, 2012.

98

Fonte: ECOLNEWS, 2012.

99

Fonte: ECOLNEWS, 2012.

100

Fonte: ECOLNEWS, 2012.

101

Fonte: ECOLNEWS, 2012.

102

Fonte: ECOLNEWS, 2012.

103

Fonte: ECOLNEWS, 2012.

104

Fonte: ECOLNEWS, 2012.

105

Fonte: ECOLNEWS, 2012.

106

Fonte: Adaptação de PORTAL..., 2012; ECOLNEW, 2012.

107

Fonte: Adaptação de PORTAL..., 2012; ECOLNEW, 2012.

108

Fonte: Adaptação de PORTAL..., 2012; ECOLNEW, 2012.

109

Fonte: Adaptação de PORTAL..., 2012; ECOLNEW, 2012.

110

Fonte: Adaptação de DRANSFIED; YOUNG, 1990; THE..., 1993.

111

Fonte: Adaptação de DRANSFIED; YOUNG, 1990; THE..., 1993.

112

Fonte: Adaptação de DRANSFIED; YOUNG, 1990; THE..., 1993.

113

Fonte: Adaptação de DRANSFIED; YOUNG, 1990; THE..., 1993.

114

115

116

117

118 APÊNDICE E - Cartilha “Esta Água está um Lixo”

119

120

121

Fonte: Adaptação de COMPANHIA DE SANEAMENTO DE MINA S GERAIS, 2012.

122

Fonte: Adaptação de BOTELHO, 2004; COMPANHIA DE SANEAMENTO DE MINAS GERAIS, 2012 .

123

Fonte: Adaptação de COMPANHIA DE SANEAMENTO DE MINA S GERAIS, 2012.

124

Fonte: Adaptação de PROPRIEDADES..., 2012

125

Fonte: Adaptação de PROPRIEDADES..., 2012; COMPANHIA DE SANEAMENTO DE MINAS GERAIS, 2012 .

126

Fonte: Adaptação de PROPRIEDADES..., 2012; KARMANN, 2003 .

127

Fonte: Adaptação de TIBERIOGEO..., 2012; COMPANHIA DE SANEAMENTO DE MINAS GERAIS, 2012 .

128

Fonte: RODRIGUES, 2012 .

129

Fonte: BIBLIOTECA..., 2012.

130

Fonte: BIBLIOTECA..., 2012.

131

Fonte: O PLANETA..., 2012; VERLY, 2010.

132

Fonte: MARTINS; PEDRO; CASTIÑEIRAS, 2008.

133

Fonte: MARTINS; PEDRO; CASTIÑEIRAS, 2008.

134

Fonte: MARTINS; PEDRO; CASTIÑEIRAS, 2008.

135

Fonte: MARTINS; PEDRO; CASTIÑEIRAS, 2008.

136

Fonte: MARTINS; PEDRO; CASTIÑEIRAS, 2008.

137

Fonte: CAVINATTO, 2008.

138

Fonte: CAVINATTO, 2008.

139

Fonte: CAVINATTO, 2008.

140

Fonte: CAVINATTO, 2008.

141

Fonte: CAVINATTO, 2008.

142

Fonte: CAVINATTO, 2008.

143

Fonte: CAVINATTO, 2008.

144

Fonte: CAVINATTO, 2008.

145

Fonte: Adaptação de DRANSFIED; YOUNG, 1990; THE..., 1993.

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Fonte: Adaptação de DRANSFIED; YOUNG, 1990; THE..., 1993.

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Fonte: Adaptação de DRANSFIED; YOUNG, 1990; THE..., 1993.

148

Fonte: Adaptação de DRANSFIED; YOUNG, 1990; THE..., 1993.

149

Fonte: TEMA..., 2012.

150

Fonte: TEMA..., 2012.

151

Fonte: TEMA..., 2012.

152

Fonte: Adaptação de DRANSFIED; YOUNG, 1990; THE..., 1993.

153

Fonte: Adaptação de DRANSFIED; YOUNG, 1990; THE..., 1993.

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