Bloco seção reduzida
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FUNDAÇÕES II Prof. Dr. Mauro L. Menegotto Prof. Msc. Silvio E. Pilz UNOCHAPECÓ Engenharia Civil ACEA
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3.3 - BLOCOS DE SEÇÃO REDUZIDA
3.3.1 - Procedimento
Nos blocos parcialmente carregados, fig. 3.2-b, ao longo de um certo trecho de
comprimento l0, a distribuição de tensões não é uniforme, sendo as tensões
longitudinais de compressão acompanhadas por tensões transversais de tração. O
comprimento l0 é chamado de “comprimento de perturbação”. De acordo com o
princípio de Saint Venant, o comprimento de perturbação é da ordem de grandeza da
maior dimensão a da seção do bloco.
Essa situação se apresenta, na prática, em tubulão que recebe pilar, nas placas de
ancoragem sobre blocos de apoio, nas rótulas ou aparelhos de apoio, em blocos que
recebem a carga de um pilar de concreto (blocos de coroamento, por exemplo), nas
ancoragens de concreto protendido, etc.
A força de compressão P, aplicada na área reduzida A0 = a0b0 , produz a tensão
000 ba
P
A
Pc
Pelo fato da força P ser aplicada numa área restrita, o concreto de bloco fica sujeito a
estados múltiplos de tensão. Ao longo do eixo da peça, na direção longitudinal, a
tensão x será sempre de compressão. Nas direções transversais y e z
serão de compressão apenas nas indicações da face de carregamento, sendo de
tração no restante do comprimento de perturbação (fig. 3.8).
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Figura 3.8 – Distribuição de tensões na zona de perturbação em blocos de seção reduzida
Na fig. 3.9 está esquematizada a difusão das tensões axiais de compressão, a qual
ocorre através da mobilização de bielas inclinadas de compressão. O equilíbrio
dessas bielas se dá com o aparecimento de esforços transversais de tração, que
tendem a produzir o fendilhamento longitudinal do bloco. A manutenção do equilíbrio
exige portanto a colocação de uma armadura transversal capaz de absorver estes
esforços de tração.
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Figura 3.9 – Distribuição das tensões na zona de perturbação e suas resultante em armaduras
A NBR 6118/2003, em seu item 21.2.1 - Pressão de contato em área reduzida, coloca
o verificador desta zona, da seguinte forma
FRd = Ac0 fcd Ac1 / Ac0 ≤ 3,3 fcd Ac0
onde:
Ac0 é a área reduzida carregada uniformemente;
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Ac1 é a área máxima de mesma forma e mesmo centro de gravidade que Ac0, inscrita
na área Ac2;.
Ac2 é a área total, situada no mesmo plano de Ac0.
No caso de Ac0 ser retangular, a proporção entre os lados não deve ser maior que 2.
Além disto destaca que:
“Havendo carga em área reduzida, deve ser disposta armadura para resistir a
todos os esforços de tração, sempre que a possibilidade de fissuração do
concreto puder comprometer a resistência do elemento estrutural.”
Basicamente a armadura deve combater o esforço transversal Rst resultante, como
vemos na figura 3.10, numa aplicação do método das bielas.
Figura 3.10 – Resultantes dos esforços Fd, visualizados pelo métodos das bielas
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A decomposição de modelos com esforços resultantes Nt (= Rst), pode ser vista na
figura 3.11 e em conseqüência teríamos, lembrando de decompor o esforço nos dois
sentidos:
a
aP
a
aP
a
aaPN t
00
0
130,0128,0
445,08
yd
tf
sf
NA
.
Figura 3.10 – Resultante Nt e Nc, sendo que Nc é resistido pelo concreto e Nt pelo aço.
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Na prática, a armadura sA é distribuída em m camadas iguais, espaçadas entre si de
1m
a, sendo que a primeira camada de sA está à distância
1m
a da face superior
do bloco.
Usualmente, para que não ocorram problemas de ancoragem, as armaduras em cada
camada são colocadas na forma de estribos horizontais fechados, retangulares, com
várias pernas. Os laços múltiplos e as malhas de armadura soldadas são
particularmente adequados para armadura de fendilhamento, colocados em camadas
horizontais, como os estribos (fig.3.11).
Figura 3.11 – Distribuição da armadura em m camadas
Esta distribuição em estribos como indicado na figura 3.12 é a mais indicado. No caso
de elementos de pequenas dimensões (tubulões com Ø 60 cm ou menores, por
exemplo), a armadura transversal mais conveniente para facilitar a concretagem é
uma espiral que se desenvolve ao londo da altura como vemos na figura 3.13.
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Figura 3.12 – Armadura de fretagem disposta em estribos quadrados e retangulares
A seção da espiral é yd
tf
sf
NA
2 , s endo As1 a seção da bitola da barra adotada
para o cintamento, t o passo da espiral e n o número de espirais, resulta:
As = nAs1 com 1
1n
dte
t
dn
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As1 = 121
t
df
N
t
d
A
yd
tfs
O valor de t varia entre 5 e 10 cm e os diâmetros usados para o cintamento são Ø 8
mm e Ø 10 mm, no máximo Ø 12,5 mm.
Figura 3.13 – Armadura de fretagem em peças de pequenas dimensões.
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4.5 – DIMENSIONAMENTO ESTRUTURAL
O projeto estrutural de tubulões em concreto, sem revestimento, é feito em 3
etapas (fig. 4.3):
a) Cálculo da pressão de contato entre o pilar e o tubulão (com definição da eventual
armadura de fretagem) bloco de apoio de seção reduzida armadura de
fretagem.
b) Cálculo do fuste como elemento comprimido em concreto (simples ou armado).
c) Cálculo da base alargada, com sua eventual armadura necessária (normalmente
como bloco de seção plena – conforme estudado no capítulo 3 e sem armadura).
Db
>20c
m
Df
Figura 4.3 – Tubulão – corte – dimensionamento de seus
componentes
Cálculo da base alargada como bloco de seção plena
Cálculo da seção de contato como bloco de seção reduzida
Cálculo do fuste como pilar curto
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AcAo
Figura 4.4 – Tubulão – planta – situação usual
4.5.1 – Pressão de contato entre pilar e tubulão
A NBR 6118/2003 em seu item 21.2.1 – Pressão de contato em área reduzida
determina que em havendo carga em área reduzida (fig. 4.4), deve ser disposta
armadura para resistir a todos os esforços de tração, sempre que a possibilidade de
fissuração puder comprometer a resistência do elemento estrutural. É o caso de
tubulões (e blocos de coroamento de estacas).
A figura 4.5 mostra os casos em que a fissuração pode comprometer a resistência do
elemento e devemos dispor de armadura para combater os esforços de tração.
Figura 4.5 – Fissuração na região de contato do pilar
Base alargada
Fuste Pilar
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A armadura nesta região será calculada dimensionando-se a área como bloco de
seção reduzida (conforme visto na capitulo III) e calculando-se assim uma armadura
de fretagem.
Temos assim desta forma:
)1(30,0a
aPN o
t e yd
tf
sff
NA
onde:
Nt = esforço de tração originado pela carga P
P = esforço de compressão (normalmente carga do pilar)
ao = menor dimensão do elemento apoiado (pilar)
a = diâmetro do tubulão
Asf = armadura de fretagem necessária (colocada em camadas)
f = coeficiente de majoração de cargas ( = 1,4)
fyd = resistência de cálculo do aço (para CA50 = 435 MPa)
4.5.2 – Cálculo do fuste
A área do fuste pode ser dado pela equação
c
f
f
PA
c
ckc
f85,0
onde:
Af = área do fuste
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102
1,414 . restr.
0,7
07 . r
est
r.
Destr
Df
ARMADURA
DE FRETAGEM
ARMAD.
LONGIT.
Figura 4.8 – Detalhe da armadura de fretagem
Observar ainda:
As base dos tubulões geralmente são circulares tendo a sua área de fácil definição
Pode, também em casos específicos utilizar-se de uma falsa elipse, conforme
figura 4.9:
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m
r
Figura 4.9 – Base alargada como falsa elipse
Neste caso a área será dada por:
mrrA .. 2
por razões econômicas, sugere-se que o valor de m situe-se no seguinte intervalo:
r m 2 r
4.6 EXERCÍCIO RESOLVIDO
Dimensionar um tubulão, submetido a carga vertical centrada de 2800 kN, sendo
utilizado concreto fck 15 MPa, aço CA50, num solo com tensão admissível de 0,6
MPa. O fuste do tubulão terá 8,0 m de comprimento, sendo a escavação suportada
por revestimentos de concreto simples. O pila tem seção de 40 x 70 cm
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Solução
a) Cálculo do diâmetro do fuste
Área fuste = 2/7970
2800.4,1.
mkN
kNP
c
f
Área = 0,49 m2 Df ≈ 0,80 m
22
/79706,1
/15000.85,085,0mkN
mkNf
c
ckc
b) Cálculo da base alargada
Área base = 2/600
2800
mkN
kNP
adm
Área = 4,67 m2 Db ≈ 2,45 m
c) Altura da base alargada
Para que não tenhamos armadura na base temos que fazer com que as tensões de
tração na base sejam suportadas pelo concreto. Vamos calcular como um bloco se
seção plena, conforme visto no Capítulo III – Blocos de apoio. Devemos ter um
ângulo que atenda a seguinte condição: 1
ct
ptg
2
2/594
714,4
2800mkN
m
kNp
ct = 0,4 . ftk 0,8 Mpa 10
ck
tk
ff
pois fck 18 Mpa
ct = 0,4 . 15 / 10 = 0,6 MPa
99,11/600
/5942
2
mkN
mkNtg na tabela de = 66º
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mtgtgDD
H ofb85,166.
2
80,045,2.
2
Lembrando que pela NBR 6122/1996, item 7.8.17.1 esta altura deve ser menos que
2,0 m, senão teríamos que aumentar o diâmetro do fuste, já que não podemos
diminuir o diâmetro da base.
d) Cálculo da armadura de fretagem
)1(30,0a
aPN o
t
)80
401(280030,0 kNNt
Nt = 420 kN ou 0,42 MN
Então teremos para a armadura
2/435
42,04,1
mMN
MN
f
NA
yd
tf
sf
Asf = 0,00135 m2 = 13,5 cm2
Dividindo a armadura em quatro camadas 3,38 cm2 / camada
Como cada estribo é dois ramos e se utilizarmos a solução de dois estribos
retangulares e um estribo quadrado, conforme indicado na figura 4.8 teremos:
Ø estribo de fretagem = 2
2
56,023
/38,3cm
ramosestribos
camadacm
Ø 8,0 mm = 0,50 cm2 Ø 10,0 mm = 0,80 cm2
Usaremos então estribos de Ø 10,0 mm para a fretagem
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