Blog Da Psicologia Da Educação-Freud e a Educação - Kupfer

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    Blog da Psicologia da Educação | Freud e a Educação - Kupferhttp://www.ufrgs.br/psicoeduc/psicanalise/freud-e-a-educacao/

    Freud e a Educação - Kupfer

    Autor: Maria Cristina KupferTítulo: Freud e a EducaçãoFonte: KUPFER, Maria Cristina. Freud e a Educação. O mestre do impossível. São Paulo: Scipione,1992.

    Capítulo 2 Uma história de casamentos desfeitos: A aplicação da Psicanálise à Educação

    Foram pelo menos três as direções tomadas pelos teóricos interessados no casamento daPsicanálise com a Educação.

    A primeira foi a tentativa de criar uma nova disciplina, a Pedagogia Psicanalítica, empreendidaprincipalmente por Oskar Pfister e Hans Zulliger, na Suíça, no início do século XX.

    A segunda consistiu no esforço a que se dedicaram alguns analistas para transmitir a pais eprofessores a teoria psicanalítica, imaginando que estes, de posse desse conhecimento, pudessemevitar que as neuroses se instalassem em seus filhos e alunos. Anna Freud, a filha de Freud, foi aprincipal representante desse grupo, não tendo medido esforços no sentido de levar aos professoreso modo psicanalítico de ver a criança. Na Inglaterra, Melanie Klein e seus discípulos dedicaram-setambém a obras de divulgação da Psicanálise para pais.

    A crítica literária passou a adotar referenciais psicanalíticos, o cinema nutriu-se intensamente dealusões ao inconsciente, às identificações e a outros temas psicanalíticos. E, através de ummovimento de troca, matemáticos, lingüistas, físicos, forneceram novas bases teóricas em que amoderna Psicanálise se apoiou.

    É nessa última vertente que o presente livro espera poder incluir os educadores. Pois, embora o"derramamento" da Psicanálise sobre a cultura tenha sido amplo, não chegou a atingir de modosignificativo os educadores brasileiros.

    Antes de abordar, com alguma atenção, cada uma dessas direções, será necessário registrar algumacoisa sobre a difusão das idéias freudianas na época em que elas estavam em construção, ou seja,nas primeiras quatro décadas do século XX. É a partir dessa difusão que se formou a idéia que setem hoje, vulgarmente, da Psicanálise.

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    A difusão das idéias freudianas

    O leitor familiarizado com os textos de divulgação das idéias freudianas terá certamente

    reconhecido nas pulsões parciais um parentesco com as conhecidas fase oral, anal e fálica. De modogeral, o que se transmite é que Freud é o responsável pela descrição do desenvolvimentoafetivo-emocional das crianças. Esse desenvolvimento, ainda segundo os textos de divulgação,começaria com uma fase oral, onde predominam os interesses ligados à boca (amamentação,sucção), uma fase anal, onde os interesses se ligam ao prazer de defecar e de manipular as fezes, euma fase fálica, em que a criança passa a se interessar pela existência do pênis. Tais fases serelacionam à predominância de uma determinada pulsão parcial, responsável pela emergência dointeresse a ela correspondente.

    De fato, as bases para a descrição das fases de desenvolvimento são freudianas, mas sua

    formulação se deve na verdade a um de seus discípulos, Karl Abraham. No entanto, a idéia de umadescrição do desenvolvimento afetivoemocional está distante do pensamento de Freud. Talvez essacategoria, a do desenvolvimento emocional, tenha sido criada para marcar uma oposição em relaçãoàs descrições pedagógicas basicamente cognitivas ou intelectuais. Querse entender como umacriança? Leia-se Piaget. Quer-se entender o que é que sente uma criança, ou por que é agressiva?Leia-se Freud.

    Freud não pretendeu descrever nada parecido com o “desenvolvimento emocional de uma criança”.No entanto, é assim que sua teoria está identificada em nosso meio. Naturalmente, deve-se esperarque em toda divulgação de idéias haja uma perda de exatidão. Um corpo que se desloca acaba por

    perder aceleração em decorrência da ação do atrito. Embora natural, tal constatação não deveimpedir-nos de tentar resgatar essa exatidão.

    Freud queria, de fato, que sua teoria constituísse, entre outras coisas, um modelo da construção dosprocessos através dos quais um indivíduo se torna um ser sexuado. Já que uma de suas descobertasmais importantes foi a idéia de que a sexualidade se constrói, não sendo determinada pela Biologia –os homossexuais está aí para comprová-lo –, então era natural que ele se interessasse em descreveressa construção. Para isso, lançou mão de grandes conjuntos conceituais. Entre eles, destacam-se ateoria das pulsões e o complexo de Édipo.

    (...)

    O texto integral encontra-se na fonte indicada acima.

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