labecalabeca.mae.usp.br/media/filer_public/2014/02/24/custodio_a_cidade_o_comercio.pdfbloqueia diver...

11
Fev / 2014 1 de 11 A cidade, o comércio e a morfologia urbana das pólis gregas labeca CUSTODIO, C. T. 2014. A cidade, o comércio e a morfologia urbana das pólis gregas. S.P. Labeca - MAE/USP. [revisão Labeca] Aquilo que designamos cidade é composto por múltiplos elementos in- tegrantes de um modo particular de ocupação do solo, organização interna, in- divíduos que habitam e produzem consubstanciando em uma organização do espaço. Cidades são constituídas de homens, necessidades, possibilidades; ca- pacidade de organização, criação, transmissão de ideias, de um cosmos 1 . Por seu turno, cidades podem atuar como propiciadoras do ambiente urbano que, na definição de Beaujeu-Garnier “...exerce influ�ncia no� �eu� �a- �ncia no� �eu� �a- ncia nos seus ha- bitante�, pode tran�formá-lo�, pouco a pouco, pela� �ua� exig�ncia� (alimenta- ção, matéria-prima, comércio), desempenhando papel importante nas atividades internas e periféricas pelo seu próprio poder; além disso, favorece, difunde ou bloqueia diver�o� impul�o� vindo� do exterior. Se o �omem utiliza e molda a ci- dade, a recíproca é igualmente verdadeira (1983: 22). A� troca� e o comércio �ão atividade� cujo caráter �ocial demandam o encontro “envolvendo além de mercadoria�, a troca de ideia�, palavra�, experi- �ncia� e �en�açõe� [...] �ua relação com a cidade é uma relação de origem, uma relação umbilical” (Varga� 2012). É interessante notar que o ponto de partida das atividades comerciais é o encontro de fluxo� de pe��oa�, o� e�paço� de inter�ecção de rota�, cami- n�o�, paragen�. Seja de forma intencional ou meramente de pa��agem, e�te� espaços de trânsito tem o potencial para fazer emergir assentamentos de grupos com características urbanas, constituindo, gradativamente, entrepostos, praças de comércio, vilarejo� e cidade�, ou equipamento� mercanti� dentro de área� urbanizadas. Fatores naturais também podem atuar na determinação dos locais 1 (gr. Ko�mó�). O mundo enquanto ordem (cf. PLATÃO, Górg., 508 a; ARISTÓTELES, Met, I, 3, 984 b 16). Segundo Diógene� Laércio, o� pitagórico� foram o� primeiro� a c�amarem o mundo de Co�mo�; ma� ele me�mo nota que i��o era atribuído a Parm�nide� por Teofra�to e a He�íodo por Zenão (DIÓG. L, VIII, 48). E��a palavra é u�ada indiferentemente em lugar de “mundo” e �ua noção con�titui uma da� interpretaçõe� fundamentai� da noção de mundo. In: Dicionário de Filo�ofia (Abbagnano: 2007).

Transcript of labecalabeca.mae.usp.br/media/filer_public/2014/02/24/custodio_a_cidade_o_comercio.pdfbloqueia diver...

Page 1: labecalabeca.mae.usp.br/media/filer_public/2014/02/24/custodio_a_cidade_o_comercio.pdfbloqueia diver o impul o vindo do exterior. Se o omem utiliza e molda a ci-dade, a recíproca

Fev / 2014

1 de 11

A cidade, o comércio e a morfologia urbana das pólis gregas

labeca

CUSTODIO, C. T. 2014. A cidade, o comércio e a morfologia urbana das pólis gregas. S.P. Labeca - MAE/USP. [revisão Labeca]

Aquilo que designamos cidade é composto por múltiplos elementos in-tegrantes de um modo particular de ocupação do solo, organização interna, in-divíduos que habitam e produzem consubstanciando em uma organização do espaço. Cidades são constituídas de homens, necessidades, possibilidades; ca-pacidade de organização, criação, transmissão de ideias, de um cosmos1. Por seu turno, cidades podem atuar como propiciadoras do ambiente urbano que, na definição de Beaujeu-Garnier “...exerce influ�ncia no� �eu� �a-�ncia no� �eu� �a-ncia nos seus ha-bitante�, pode tran�formá-lo�, pouco a pouco, pela� �ua� exig�ncia� (alimenta-ção, matéria-prima, comércio), desempenhando papel importante nas atividades internas e periféricas pelo seu próprio poder; além disso, favorece, difunde ou bloqueia diver�o� impul�o� vindo� do exterior. Se o �omem utiliza e molda a ci-dade, a recíproca é igualmente verdadeira (1983: 22). A� troca� e o comércio �ão atividade� cujo caráter �ocial demandam o encontro “envolvendo além de mercadoria�, a troca de ideia�, palavra�, experi-�ncia� e �en�açõe� [...] �ua relação com a cidade é uma relação de origem, uma relação umbilical” (Varga� 2012). É interessante notar que o ponto de partida das atividades comerciais é o encontro de fluxo� de pe��oa�, o� e�paço� de inter�ecção de rota�, cami-n�o�, paragen�. Seja de forma intencional ou meramente de pa��agem, e�te� espaços de trânsito tem o potencial para fazer emergir assentamentos de grupos com características urbanas, constituindo, gradativamente, entrepostos, praças de comércio, vilarejo� e cidade�, ou equipamento� mercanti� dentro de área� urbanizadas. Fatores naturais também podem atuar na determinação dos locais

1 (gr. Ko�mó�). O mundo enquanto ordem (cf. PLATÃO, Górg., 508 a; ARISTÓTELES, Met, I, 3, 984 b 16). Segundo Diógene� Laércio, o� pitagórico� foram o� primeiro� a c�amarem o mundo de Co�mo�; ma� ele me�mo nota que i��o era atribuído a Parm�nide� por Teofra�to e a He�íodo por Zenão (DIÓG. L, VIII, 48). E��a palavra é u�ada indiferentemente em lugar de “mundo” e �ua noção con�titui uma da� interpretaçõe� fundamentai� da noção de mundo. In: Dicionário de Filo�ofia (Abbagnano: 2007).

Page 2: labecalabeca.mae.usp.br/media/filer_public/2014/02/24/custodio_a_cidade_o_comercio.pdfbloqueia diver o impul o vindo do exterior. Se o omem utiliza e molda a ci-dade, a recíproca

Fev / 2014

2 de 11

A cidade, o comércio e a morfologia urbana das pólis gregas

labeca

de fluxo�: fonte� de água potável, ancoradouro�, ace��o� fluviai� navegávei�, exten-�õe� de terra cultivávei� e a��im por diante. A e�te re�peito Moreira (2001) aponta:

“A organização e�pacial da �ociedade começa pela �eleti-vidade. E�pécie de ponte entre a �i�tória natural e �i�tória social do meio, a seletividade é o processo de eleição do lugar e do(�) re�pectivo(�) recur�o(�) que inicia a monta-gem da estrutura espacial das sociedades. A seletividade é uma expre��ão direta e combinada do� princípio� de loca-lização e da distribuição. Por meio da localização, elege-se a mel�or po��ibilidade de fixação locacional da� e�pécie� de plantas e animais triadas pela seletividade. Por meio da di�tribuição, elege-�e a configuração de lugare� que me-l�or diver�ifique e�te e�paço (2001: 21). [No decur�o do proce��o de �eletividade] ‘a �ociedade �e ambientaliza, �e territorializa e a��im �e enraíza culturalmente’” (Moreira, 1997 apud Moreira 2001: 21).

Uma vez estabelecidos, os espaços de troca tornam-se nevrálgicos na morfologia urbana e, por vezes, se confundem com os espaços públicos de uma comunidade; essa percepção é bastante comum quando, no caso das cidades gregas, pensamos genericamente na ágora2. Tal con�ideração é importante, uma vez que a noção de e�paço público é fundamental na� con�ideraçõe� relativa� ao pertencimento e/ou exclu�ão de membro� em uma �ociedade. A��im, urba-ni�mo e arquitetura �ão indi��ociávei� de e�tratégia� de controle de ace��o, flu-xo, pertencimento e exclu�ão de pe��oa� e, o� e�paço� de comércio, adquirem �tatu� de maior complexidade poi�, enquanto em outro� e�paço� e�pecializado� de uma cidade a� �ituaçõe� de u�o e organização podem �er e�tática�, ne�te� a fluidez é germinativa de ten�ão e de contínuo� rearranjo� po��ívei�.

2 ágora: praça da� cidade�, que �ervia de ponto de encontro da população �eja para deci- ágora: praça da� cidade�, que �ervia de ponto de encontro da população �eja para deci-ágora: praça da� cidade�, que �ervia de ponto de encontro da população �eja para deci- praça da� cidade�, que �ervia de ponto de encontro da população �eja para deci-�õe� política� ou judiciai�, �eja para tomada de deci�õe� da a��embléia, �eja para trocar ben� e mercadoria�. Em época �elení�tica e romana, quando a� cidade� grega� perderam �ua autono-mia política, as ágoras passaram a ser, em geral, o local do mercado, adquirindo uma conotação �obretudo comercial. Fonte: Glo��ário Labeca.

Page 3: labecalabeca.mae.usp.br/media/filer_public/2014/02/24/custodio_a_cidade_o_comercio.pdfbloqueia diver o impul o vindo do exterior. Se o omem utiliza e molda a ci-dade, a recíproca

Fev / 2014

3 de 11

A cidade, o comércio e a morfologia urbana das pólis gregas

labeca

Fig 1: A ásty3 e a ágora de Atena�: centralidade e múltipla� e�tratégia� de controle de ace��o por rotas e portas. Fonte: Malaco 2002, p. 61.

3 ásty: a cidade, em opo�ição ao campo, na póli�; área “urbana” da cidade grega. Fonte: Glo��ário Labeca.

Page 4: labecalabeca.mae.usp.br/media/filer_public/2014/02/24/custodio_a_cidade_o_comercio.pdfbloqueia diver o impul o vindo do exterior. Se o omem utiliza e molda a ci-dade, a recíproca

Fev / 2014

4 de 11

A cidade, o comércio e a morfologia urbana das pólis gregas

labeca

Fig. 2. Tarento: apre�enta e�paço� e�pecializado� de atividade� comerciai� e arte�anato junto ao mar, porto, via� urbana� e ágora integrado�. Fonte: adaptado de Cerc�iai et al., 2002, p.38.

Sendo poi�, a morfologia urbana tão e�treitamente relacionada �� ativi- tão e�treitamente relacionada �� ativi-s ativi-dade� comerciai�, é por meio da ob�ervação de evid�ncia� arqueológica� que se tem produzido uma revisão da organização social, política e econômica das cidade� grega� antiga� e �ua� relaçõe� de intercâmbio com o mundo e�trangeiro mediada� pela� troca�. O comércio, enquanto parte da vida de uma �ociedade, integrando habitantes de uma comunidade e aqueles de passagem, protagoni-zaram relaçõe� �ociai� marcada� por contato, troca�, intere��e�, informaçõe� e certo “co�mopoliti�mo” – �e comparado� ao� indivíduo� envolvido� em outra� atividade� produtiva� naquela� �ociedade�, o cultivo agrícola, por exemplo.

Page 5: labecalabeca.mae.usp.br/media/filer_public/2014/02/24/custodio_a_cidade_o_comercio.pdfbloqueia diver o impul o vindo do exterior. Se o omem utiliza e molda a ci-dade, a recíproca

Fev / 2014

5 de 11

A cidade, o comércio e a morfologia urbana das pólis gregas

labeca

Fig 3: A k�óra4 de Corinto, e�trada� e rota� de ace��o ao� porto�. (Robin�on 1965: 5).

O conjunto de relaçõe� �ociai�, econômica� e materiai� produziram vi-sibilidade arqueológica. Podemos acessá-las ao observar sistematicamente a organização dos espaços na malha urbana das cidades, podemos ainda melhor analisar os espaços onde se dava a entrada e saída de pessoas e produtos, as rotas por onde eram transportados dentro da cidade e para o interior do terri-tório, os portos, os locais de armazenamento, os locais onde se realizavam as troca�. Planta� de cidade�, recon�tituiçõe� e mapa� �umariamente ob�ervado� no� informam �obre e�trada�, rua� principai� e auxiliare�, porta�, muro�, etc. Da� muita� e�fera� da vida �ocial que deixaram marca� na� fileira� de pedra� da� cidade� antiga�, o comércio deixa marca� latente� na morfologia urbana e a dinâmica da riqueza material e dos seus usos são manifestos no registro arque-ológico (Fox�all 2002, p. 298).

4 khóra: e�paço de terra delimitado; na póli�, território; o campo em opo�ição a área urbana, local onde eram realizada� atividade� produtiva�; abrigava, por exemplo, fazendola�, �antuário� extra-urbano�. Fonte: Glo��ário Labeca.

Page 6: labecalabeca.mae.usp.br/media/filer_public/2014/02/24/custodio_a_cidade_o_comercio.pdfbloqueia diver o impul o vindo do exterior. Se o omem utiliza e molda a ci-dade, a recíproca

Fev / 2014

6 de 11

A cidade, o comércio e a morfologia urbana das pólis gregas

labeca

Fig. 4. E�cavação e recon�tituição do porto de Naxo�, e�cavado tanto em terra quanto �ob a água. Foram de�coberta� in�talaçõe� para a con�trução e guarda de navios. Achados como estes permitem dimensionar o volume de cargas tran�portada� na� viagen�, por exemplo, e fazer projeçõe� �obre a dinâmica mercantil do� porto� antigo�. Fonte: Lentini 2009, p. 60 a.

Fig. 5. Recon�tituição porto de Naxo� (cont.). Fonte: Lentini, 2009, p. 82.

Page 7: labecalabeca.mae.usp.br/media/filer_public/2014/02/24/custodio_a_cidade_o_comercio.pdfbloqueia diver o impul o vindo do exterior. Se o omem utiliza e molda a ci-dade, a recíproca

Fev / 2014

7 de 11

A cidade, o comércio e a morfologia urbana das pólis gregas

labeca

Figs. 6 e 7: Naufrágio – ânforas em área portuária de Naxos . Fonte: Lentini, 2009, p. 112

Fig 8: Fragmento de cerâmica. Fonte: Lentini, 2009, p. 95.

Fig�. 6 e 7: Naufrágio - ânfora� em área portuária de Naxo�. Fonte: Lentini, 2009, p.112

Fig 8: Fragmento de cerâmica. Fonte: Lentini, 2009, p. 95.

Page 8: labecalabeca.mae.usp.br/media/filer_public/2014/02/24/custodio_a_cidade_o_comercio.pdfbloqueia diver o impul o vindo do exterior. Se o omem utiliza e molda a ci-dade, a recíproca

Fev / 2014

8 de 11

A cidade, o comércio e a morfologia urbana das pólis gregas

labeca

Fragmento� de cerâmica com in�criçõe� encontrado� na� in�talaçõe� portuária� de Naxo�, dentre a gama de a��unto�, alguma� da� in�criçõe� �ão relativa� ao comércio e marcas de propriedade.

Fig�. 9 e 10: Fragmento� de cerâmica. Fonte: Lentini 2009: pp. 88,89.

O comércio também tangencia o proce��o de fundação de cidade� em diver�o� contexto� �i�tórico� e o me�mo parece ter ocorrido no que diz re�pei-to ao movimento de populaçõe� grega� em direção a território� e�trangeiro�. O� grego� e�tabeleceram-�e em terra� que �e e�tendiam da Á�ia Menor até a Penín�ula Ibérica, incluindo a� co�ta� do Mar Negro, o Norte da África, o �ul da Itália e a Sicília. O contato entre grego� e a� cultura� locai� propiciou tanto a troca de informaçõe�, como o enriquecimento cultural de toda� a� parte�. O Mediterrâneo e �eu� arredore� foram o palco de inten�a� interaçõe� culturai� e materiai� na Antiguidade. Dentre e�te� movimento� de populaçõe�, no início do �éculo VIII a.C, o� grego� pa��aram a fundar a��entamento� permanente� e independente� que reproduziam e�trutura� de �ua� comunidade� de origem: a� apoikia�5. No inicio da �egunda metade do �éculo XX a po��ível e�pecialização das cidades antigas e termos de vocação econômica chamou a atenção de es-peciali�ta�. Roland Martin (1973) foi o precur�or de uma abordagem que, na� e�fera do� e�tudo� urbaní�tico�, cla��ificava cidade� grega� de natureza mer-cantil por opo�ição �quela� de natureza agrícola tendo por ba�e particularidade� na organização espacial de suas ásty e k�óra, morfologia co�teira, etc6.

5 apoikia: cidade fundada por grupo de imigrante� grego�, �obretudo a partir do �éculo VIII a.C. A� apoikia� mantin�am relação religio�a e moral com a� cidade� que a� �aviam fundado ma� eram completamente independente� do ponto de vi�ta político e econômico. Fonte: Glo��á-rio Labeca.6 Ver: “A natureza da cidade portuária e a relação porto�-porta� em contexto� �el�ni- Ver: “A natureza da cidade portuária e a relação porto�-porta� em contexto� �el�ni-co�”. In: E�tudo� �obre o E�paço na Antiguidade. São Paulo: Edu�p, 2011. [e demai� texto� do �ite].

Page 9: labecalabeca.mae.usp.br/media/filer_public/2014/02/24/custodio_a_cidade_o_comercio.pdfbloqueia diver o impul o vindo do exterior. Se o omem utiliza e molda a ci-dade, a recíproca

Fev / 2014

9 de 11

A cidade, o comércio e a morfologia urbana das pólis gregas

labeca

Fig 10: Focéia: Apre�enta morfologia co�teira favorável para inten�a atividade marítimo-mercan-til. (Arc�äologi�c�er Anzeiger 1969: 378)

Não ob�tante, para algun� e�peciali�ta� a morfologia urbana da� apoi-kia� revela uma variabilidade de e�pecializaçõe� e funçõe� em �eu� território� que torna difícil dividi-la� em categoria� muito e�pecífica�. A tend�ncia contem-porânea é a de mo�trar que a bu�ca de cau�a� unívoca� que expliquem a� fundaçõe� grega� de época arcaica não con�titui expediente fecundo para dar conta da natureza de��e� a��entamento� (De Angeli� 1998, 2003; T�et�k�ladze 2006; Owen 2005). Uma cidade situada em uma rota tida como estratégica para comerciar metal com outra comunidade poderia também desenvolver atividades agrícola� não meramente para �ub�i�t�ncia, ma� para exportação. Ou uma ci-dade poderia po��uir uma k�óra com enorme potencial para a prática da agricul-tura e poderia ter nas atividades de entreposto mercantil sua principal fonte de riqueza�! A pluralidade de contexto� e a� mudança� que ocorreram ao longo do tempo �ão muita� para darmo� �nfa�e em modelo� muito fec�ado�. Fato é que o comércio é um dinamizador de práticas sociais, de au-mento da riqueza material, catali�ador de ten�õe� entre grupo� �ociai� e um

Page 10: labecalabeca.mae.usp.br/media/filer_public/2014/02/24/custodio_a_cidade_o_comercio.pdfbloqueia diver o impul o vindo do exterior. Se o omem utiliza e molda a ci-dade, a recíproca

Fev / 2014

10 de 11

A cidade, o comércio e a morfologia urbana das pólis gregas

labeca

objeto rico para o e�tudo da� �ociedade� do Mediterrâneo antigo. A própria monumentalidade, tão marcante na arquitetura da� póli� grega� – �obretudo aquela� do Ocidente grego7 – é tributária da pro�peridade econômica oriunda da� atividade� mercanti� daquela� cidade�. No decur�o de pouca� década� edi-fício� di�pendio�o� deixavam de �er projeto para gan�ar concretude na pai�a-gem da cidade. Não duvidemo�: muito ante� da Revolução Indu�trial, o� grego� antigos praticavam o comercio porque assim eles supriam as necessidades de abastecimento tanto quanto buscavam consumir os produtos que simplesmente de�ejavam! (Fox�all 2002, p. 297). Não muito diferente de nó�.

Referências Bibliográficas:

AA.VV. 1969. Mainz am R�ein: Verlag P�ilipp von Zabern, 1, 4.

ABBAGNANO, N. 2007. Dicionário de Filo�ofia. São Paulo, Martin� Fonte�.

ALDROVANDI, C.E.V.; TEODORO CUSTODIO, C.; SCATENA, R.M.; TAUHYL, A.P. 2011. “Modelo� imagético� urbano� e a compreen�ão da �ociomorfog�ne�e da cidade antiga”. In: ALDROVANDI, C.E.V.; KORMIKIARI, M.C.N.; HIRATA, E.D.V. (org�). E�tudo� �obre o E�paço na Antiguidade. São Paulo, Edu�p, Fape�p, pp. 105-124.

BEAUJEU-GARNIER, J. 1980. Geografia Urbana. Li�boa: Fundação Calou�te Gulbenkian.

CERCHIAI, L. (et alii) 2004. Greek Citie� of Magna Graecia and Sicily. Lo� Angele�, T�e Jo�n Paul Getty Mu�eum.

DE ANGELIS, F. 1998. “Ancient Pa�t, Imperial Pre�ent: T�e Briti�� Empire in T.J. Dunbabin’� We�tern Greek�”. Antiquity, v. 72, pp. 539-549.

2003. Megara Hyblaia and Selinou�. T�e Development of two Greek City-State� in Arc�aic Sicily. Monograp� n.55. Oxford: Univer�ity Sc�ool of Arc�aeol-ogy.

7 Ver: Hirata, E. F. V. ‘Monumentalidade e repre�entaçõe� do poder de uma póli� colo- Ver: Hirata, E. F. V. ‘Monumentalidade e repre�entaçõe� do poder de uma póli� colo-Monumentalidade e repre�entaçõe� do poder de uma póli� colo-nial’ Em: FLORENZANO, M.B.B.; HIRATA, E.F.V. (org�.). E�tudo� �obre a Cidade Antiga. São Paulo: Edu�p: 2009, pp. 121-136.

Page 11: labecalabeca.mae.usp.br/media/filer_public/2014/02/24/custodio_a_cidade_o_comercio.pdfbloqueia diver o impul o vindo do exterior. Se o omem utiliza e molda a ci-dade, a recíproca

Fev / 2014

11 de 11

A cidade, o comércio e a morfologia urbana das pólis gregas

labeca

HIRATA, E. F. V. 2009. “Monumentalidade e repre�entaçõe� do poder de uma póli� colonial”. Em: FLORENZANO, M.B.B.; HIRATA, E.F.V. (org�.). E�tudo� �obre a Cidade Antiga. São Paulo: Edu�p, pp. 121-136.

FOXHALL, L. 2002 (1a ed. 1998). “Cargoe� of t�e �eart’� de�ire: t�e c�aracter of trade in t�e arc�aic Mediterranean world”. In: FISHER,N. e WEES, H. V. (Ed�) Arc�aic Gre-ece: New Approac�e� and New Evidence. London: Duckwort�, pp. 295–309.

LENTINI, M. C. (ed.) 2009. Naxo� di Sicilia: l’abitato coloniale e l’ar�enale navale: �cavi 2003-2006. Me��ina: Edizione Sicania.

MARTIN, R. 1956. L’urbani�me dan� la Grèce Antique. Pari�: A.+ J. Picard.

MOREIRA, R. 1997. “Da Região � Rede e ao Lugar (A nova realidade e o novo ol�ar geográfi-co �obre o mundo)”, in Revi�ta Ci�ncia Geográfica, no. 6. Bauru: AGB-Bauru.

2001. “A� Categoria� E�paciai� da Con�trução Geográfica da� Sociedade�”. In: GEOgrap�ia. Rio de Janeiro, Ano III, nº 5, �etembro de 2001.

OWEN, S. 2005. “Analogy, Arc�aeology and Arc�aic Greek Colonization”. In: HURST, H.; OWEN, S. Ancient Colonization�: Analogy, Similarity and Diference. London: Duckwort�, pp. 5-22.

ROBINSON, H. S. 1965. T�e urban development of ancient Corint�. Atena�: American Sc�ool of Cla��ical Studie�.

TSETSKHLADZE, G. R (ed). 2006. “Greek Coloni�ation: An account of Greek colonie� and ot�er �ettlement� overseas”. Mnemo�yne, Supplementa 193, vol.01, Leiden-Bo�ton: Brill.

VARGAS, H. C. 2012. “Comércio e cidade: uma relação de origem”. In: OLIVEIRA, C. L. e WORCMAN, K. (org�). Memória� do Comércio Pauli�ta: guia do acervo. São Paulo: SESC São Paulo / Mu�eu da Pe��oa.