Boa: Artes Visuais & Coletividade

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A BOA é uma revista sobre artes visuais ecoletividade. Isso implica numa abordagemdiferenciada que não busca meramente relataras artes visuais, mas a maneira com que elaafeta o cotidiano de seus participantes: o coletivo formado entre artistas, adimiradores e aspirantes das artes. Este é um Projeto Interdisciplinar do 4º semestre do Curso de Design Gráfico com ênfase em Tipografia da Universidade Anhembi Morumbi.

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A BOA é uma revista sobre artes visuais e coletividade. Isso implica numa abordagem diferenciada que não busca meramente relatar as artes visuais, mas a maneira com que ela afeta seus participantes, o coletivo formado entre artistas, adimiradores e aspirantes das artes.

Nesta primeira edição você verá como Kako, enquanto um ilustrador iniciante, em sua busca por conhecer seus semelhantes não só os encontrou como no processo inspirou milhares de ilustradores a se reunirem mensalmente em todo o país; Como o artista plástico Arthur D’Araujo transformou uma brincadeira em pretexto para reunir artistas e não-artistas para desenharem juntos; o desenho casual dos sketchbooks, que você e outros leitores podem nos enviar e tê-los publicados.

A BOA é uma experiência na qual você e muitos outros artistas podem colaborar e se inspirar a cada nova edição.

Qualé aboa ? 04

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Kako

Soraya Hossain& Gabrielle Souza

Arthur D’Araujo

Guia cultural

Boêmia

Cláudio Gil

Sempre tem...

Expediente

Em entrevista, o premiado ilustrador comenta sobresua carreira e nos revela acriação e bastidores do Bistecão Ilustrado.

Saudade é o tema desta edição e as colaboradoras selecionadas mostramseu talento na obra “Muri”.

Arthur nos fala como consegue, repetidas vezes, colocar numa mesma mesa artistas e não-artistas para desenhar juntos.

Saiba onde ocorrem os principais encontros dos artistas de São Paulo

Os encontros lúdicos dos artístas se fazem presentes na história desde a Belle Époque em Paris àatualidade paulista.

Os ensaios e estudos do famoso calígrafo brasileiro se transformam na fonte digital “Saudade Script”, exclusivamente nesta edição.

As caras e os tipos que �guram na noite dos encontros de artes visuais.

Conheça os colaboradores responsáveis pela revista. Seu nome pode estaraqui também!

Nesta ediçãoEDITORIAL SUMÁRIO

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A BOA é uma revista sobre artes visuais e coletividade. Isso implica numa abordagem diferenciada que não busca meramente relatar as artes visuais, mas a maneira com que ela afeta seus participantes, o coletivo formado entre artistas, adimiradores e aspirantes das artes.

Nesta primeira edição você verá como Kako, enquanto um ilustrador iniciante, em sua busca por conhecer seus semelhantes não só os encontrou como no processo inspirou milhares de ilustradores a se reunirem mensalmente em todo o país; Como o artista plástico Arthur D’Araujo transformou uma brincadeira em pretexto para reunir artistas e não-artistas para desenharem juntos; o desenho casual dos sketchbooks, que você e outros leitores podem nos enviar e tê-los publicados.

A BOA é uma experiência na qual você e muitos outros artistas podem colaborar e se inspirar a cada nova edição.

Qualé aboa ? 04

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Kako

Soraya Hossain& Gabrielle Souza

Arthur D’Araujo

Guia cultural

Boêmia

Cláudio Gil

Sempre tem...

Expediente

Em entrevista, o premiado ilustrador comenta sobresua carreira e nos revela acriação e bastidores do Bistecão Ilustrado.

Saudade é o tema desta edição e as colaboradoras selecionadas mostramseu talento na obra “Muri”.

Arthur nos fala como consegue, repetidas vezes, colocar numa mesma mesa artistas e não-artistas para desenhar juntos.

Saiba onde ocorrem os principais encontros dos artistas de São Paulo

Os encontros lúdicos dos artístas se fazem presentes na história desde a Belle Époque em Paris àatualidade paulista.

Os ensaios e estudos do famoso calígrafo brasileiro se transformam na fonte digital “Saudade Script”, exclusivamente nesta edição.

As caras e os tipos que �guram na noite dos encontros de artes visuais.

Conheça os colaboradores responsáveis pela revista. Seu nome pode estaraqui também!

Nesta ediçãoEDITORIAL SUMÁRIO

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“Você realmente devia vê-lo, foi ele quem começou tudo isso aqui” orienta Hiro, um dos atuais organizadores do encontro mensal de ilustradores Bistecão Ilustrado, quanto ao

“patrono” do evento, Kako. Informações de contato são repassadas, e-mails trocados e o encontro está marcado. Em entrevista, o premiado ilustrador nos conta sua trajetória, e a criação do fenômeno de escala nacional que é o encontro casual de ilustradores.

Você poderia se apresentar aos nossos leitores?

Eu sou Kako, sou um ilustrador daqui de São Paulo, trabalho com ilustração publicitária e editorial, seja em revista ou livros. Eu também faço quadrinhos e muito mais.

Como você começou a trabalhar com ilustração?

Eu sempre fiz ilustração mas, a princípio, não diretamente. Eu pegava alguns trabalhos em revistas e jornais, na Folha de São Paulo principalmente. Quando eu tinha lá meus 16

ou 17 anos eu havia começado a trabalhar com cinema. E do cinema eu acabei indo para as artes plásticas, das artes plásticas para o design gráfico, do design gráfico para o web design. Nesta época eu trabalhava num portal de internet, naquele boom da internet que teve. Estava trabalhando como web designer e ilustrador. A empresa faliu, claro, como todas as outras. Então a equipe de criação e tecnologia foi vendida para esta empresa de TI onde não havia a necessidade de um ilustrador dentro dela.

Foi então meu irmão, Bruno, que na época trabalhava como diretor de arte na Editora Abril, pediu para eu dar uma passada lá. Ele me apresentou para vários diretores de arte, principalmente o pessoal da Capricho, que eram bem bacanas, e o Alceu da Super Interessante. Com o pessoal da Super Interessante eu acabei conhecendo o pessoal da Aventuras na História e da Revista das Religiões, que me propunham temas que eu gostava de ilustrar. Foi ai que eu comecei a trabalhar [exclusivamente] com a Ilustração oficialmente.

O premiado ilustrador nos conta sua trajetória

Companhia das Letras . O Processo. Ilustração para campanha de livros de bolso da Companhia das Letras que teve o livro O Processo, de Franz Kafka, como tema. A ilustração foi publicada nos principais anuários da área, foi vencedora de diversos prêmios, como ouro nos festivais de Cannes.Kako

ENTREVISTA

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O premiado ilustrador nos conta sua trajetória

Mas naquele tempo eu estava começando do zero e não conhecia ninguém, digo, eu já trabalhei em várias áreas e com isso acabei conhecendo uma gama de pessoas que no futuro consegui usar a meu favor. Mas quando estava dentro da Abril, onde todo mundo se conhece e a informação passa muito rápido de pessoa a pessoa, não dá nem para nomear as pessoas que me ajudaram. E eu não saia da Abril, eu não conhecia mais ninguém, não conhecia ninguém de agência de publicidade, nenhuma pessoa de outra editora. Então, basicamente, nesta época que eu fui atrás de trabalhos para viver só da ilustração, eu vivia na Abril. Eu pegava um ônibus, baixava lá, passava o dia lá, pegava um trabalho ou dois e voltava para casa.

Para a publicidade foi diferente, eu já tinha o trabalho publicado e as pessoas foram conhecendo. Não teve uma pessoa que me levou à alguma agência. Mas uma vez que você conhece o pessoal da publicidade, esta área tem uma coisa legal em que as pessoas frequentemente passam de uma agência para a outra muito rapidamente. Eu comecei trabalhando para a F/Nazca e então o pessoal de lá acabou indo para outras agências e “polinizou” o meu trabalho.

Mas eu só fui conhecer outros ilustradores depois, bem depois ainda, de virar ilustrador. E ainda assim fiquei meio isolado com este trabalho que eu desenvolvo aqui quieto e sem contato. Foi ai que o Bistecão surgiu desta minha necessidade de conhecer outras pessoas.

Eu entrei na Sociedade dos Ilustradores do Brasil em 2004 e eles tem este evento chamado Ilustra Brasil. E eu apareci lá, e não conhecia absolutamente ninguém, no máximo umas 2 ou

3 pessoas. Depois da abertura do evento, todo mundo foi para este bar que eu propus e ficava do lado de casa, o Sujinho. E foi bacana. Foi quando eu comecei a conhecer pessoalmente os caras.

Porque antes era só em listas, em fóruns de internet como o Ilustrasite e a lista da SIB em que a gente conversava. Foi nesta época que eu comecei a conhecer os ilustradores, assim, mesmo. E foi esta a semente do Bistecão. Isso

ocorreu em meados de 2005 em julho ou agosto, não lembro ao certo.

O que veio a ser o Bistecão?O Bistecão é um encontro mensal de

ilustradores e simpatizantes, onde as pessoas se encontram de maneira muito tranquila, muito informal, em todo final de mês para conversar, trocar informação, desenhar junto, para ser amigos. Algo além da convivência virtual que a maioria das pessoas tem. E acho que é uma coisa que é precisada. É uma necessidade que as pessoas tem de encontrar o outro. Para o cara que fica trabalhando o mês inteiro no computador, na prancheta e que não tem outro contato senão o online, este contato físico é muito importante.

Eu sempre digo que o Bistecão e outros eventos do gênero juntam, apagam esta fronteira que existe entre o profissional e o amigo. Vira tudo a mesma coisa. Então é assim: Você não é, nós dois não somos mais, ilustradores. Somos amigos. E é muito legal isso porque você percebe uma mudança que há em alguns grupos, não vou dizer todos mas, na maneira como estes lidam com os problemas dos outros. Porque antes, o cara vinha e te falava assim, por exemplo, “Cliente X me passou um contrato assim, ruim.”,“Cliente X me enganou” ou “Cliente X está querendo isto. Alguém já trabalhou com este?” para citar alguns exemplos bastante comuns. Ai você lia e respondia o e-mail, friamente. Alguns levam mais para frente mas, depois que vocês se tornam amigos, é outra história. Você vai mais afundo nos problemas e mais longe na hora de ajudar. É como um trincheira numa guerra. O cara que está do seu lado, se você não o ajudar, se o cara morrer aqui, vai ser você sozinho na trincheira. É a mesma coisa. Então cria-se esta união, que é muito mais forte do que a profissional. Você estar ajudando o seu amigo à arranjar um trabalho, a formar um orçamento, em vez de uma cara que você desconhece, que nunca viu na sua frente senão pelo nome de usuário. Uma coisa engraçada que acontece no Bistecão é você conseguir juntar o nome ao rosto do ilustrador. Algo que você não teria ideia antes. E depois que todos começam a ir este relacionamento fica muito mais fácil, mais legal, mais juntinho. Fica família.

Mas uma coisa que acho sensacional do Bistecão é poder encontrar seus ídolos. Acho

“O Bisteção surgiu da minha necessidade de conhecer outras pessoas.”

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1. O Futuro das Gravadoras Ilustração para matéria da Revista Bizz que explica o impacto que as novas tecnologias de produção e de troca de informação tem sobre a sociedade e consequentemente sobre o mercado de música mundial

2. Revista Colectiva . Insetos Minha colaboração entomológica para a edição Insetos da Revista Colectiva, de 2006.

03 Whaleless . Osso Rosso A poluição e a prática indevida de pesca estão seriamente colocando a sobreviência de todos os grandes mamíferos marinhos em perigo. Whaleless é um projeto dedicado à todos que desejam expressar raiva, indignação, vergonha, descrença ou preocupação com um toque artístico.

que é algo que transforma o Bistecão, e acho que outros eventos também, em algo mais além de um encontro de ilustradores. Teve esta uma noite em que o Negreiros foi. E foi sensacional porque o Negreiros tinha sumido para então um dia aparecer lá. E ele é uma pessoa maravilhosa, uma pessoa sorridente, super vivida. E eu lembro que o Bistecão parou para todos sentarem em torno dele para ouvir suas histórias e vê-lo desenhar. São coisas assim que acontecem no Bistecão. Não é só sentar para conversar sobre contratos. É muito mais. As vezes você dava uma sorte dessas de uma noite com o Negreiros, ou como na noite em que o Benicio foi e o lugar explodiu de gente. Tinha gente para todo lado querendo arrancar um pedaço do Benicio. Você sentar do lado do seu ídolo, sentar do lado do Marc, o Marc que é obsessivo e desenha a toda hora, e você sentar e poder ver o cara produzindo. A gente até chegou a fazer uns videozinhos. Neste dia do Negreiros, eu me lembro, estava todo mundo com uma câmera em volta dele e ele mandando ver. Isso é bacana cara, são coisas que você não vê no seu dia-a-dia. O Bistecão e outros eventos servem para isso, não é só um aprendizado. Poder ver o cara que você só vê o trabalho publicado na revista é, por si só, simplesmente sensacional.

Qual o público que mais se beneficia com o Bistecão?

Eu acho que os que mais se beneficiam são os estudantes, sem dúvida. Porque os profissionais vão lá, tomam cerveja, dão risada e vão embora. Como eles sempre faziam antes. Mas os estudantes vão lá e conversam com os caras que trabalham. As vezes quem nem é estudante, como o indeciso, o aspirante. Em um Bistecão veio um cara que era mecânico, que trabalhava em chão de fábrica. Ele tinha ouvido do Bistecão e veio com o portfólio dele, para mostrar para a gente, conversar, tirar dúvidas.

“Como eu começo?”, “Como que eu faço?”, “Devo estudar?”,”Devo fazer isto?”. Então, para o cara que está começando, para o cara que é estudante, para aquele que quer saber mais, o Bistecão, o Pupunha, o Baião ou o que for, são os lugares onde você vai encontrar os caras para tirar estas dúvidas. Lógico, você pode tirar na internet mas, você estar de frente a frente com o cara, ele vai abrir o teu portfólio e te dar dica na hora, in loco. Isso é o que eu acho mais legal.

Quando eu comecei, não tinha isso. Você fica com vergonha de perguntar certas coisas, é difícil quando você não tem contato, um evento onde está todo mundo lá para falar sobre isto. Quando você queria mostrar o portfólio para

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alguém, tinha de ser em algum evento em que o cara vai para analisar portfólio e olhe lá, eu não me lembro de ter tido algo disto. Eu não tinha para quem perguntar, não tinha este contato com as pessoas. Lógico, os outros ilustradores já se encontravam, mas ai estes já tinham mais tempo de casa, uma carreira muito mais longa. Hoje em dia você sendo estudante ou iniciante na profissão, é só você bater lá e estão todos ali para conversar contigo.

E não me refiro apenas a ilustradores, vão muitos estudantes de design gráfico lá também. O que é muito interessante porque eles podem

vir a se tornar futuros clientes. Dali eles podem sair para uma agência, para uma revista. E eu acho importante você ter este contato cedo na sua carreira, na sua vida, com pessoas que já vivenciaram o que provavelmente você vai fazer. Algo que eu tive muito tardiamente.

E eu vou te falar que tem moleque de 7 a 10 anos que aparece lá com os pais. Isto é muito legal. O filho do Montalvo vai, o filho do Rosso, e você vê esta molecada desenhando. A gente tinha até o “Bistekids”, um horário antes do Bistecão para trazer a molecada. Mas também tinha moleque que ficava até a meia noite desenhando. Então, você tendo este contato muito cedo num ambiente criativo como este, você ganha muito. Não digo assim “Vou sair daqui sabendo desenhar” ou “Vou sair daqui fazendo todos os contatos”, não. É uma coisa que constrói a sua base. Você estar junto de profissionais que estão vivendo esta rotina de trabalho. Você não precisa nem conversar, você atentando as conversas que estão rolando, aos traços que você vê, você já está construindo este ilustrador dentro de você. Isso que eu acho que é o mais importante. Você não consegue isso online, esta vivência. Por isso que eu acho que são os estes, os estudantes, que ganham mais. E o dono do Sujinho também.

O que você acha do Baião Ilustrado, Bauru Ilustrado, entre outros eventos que se espelharam no Bistecão?

Eu acho sensacional. Eu acho que demonstra que isso era algo que estava se precisando, e ainda se precisa. Porque se você considerar os lugares e números de encontros que tem, com hoje em dia eles ocorrendo, em geral, nas cidades capitais de cada estado, e o número de profissionais e estudantes, aspirantes à Ilustrador - e não só ilustrador, também designer gráfico, web designer, e sei lá, acho que tem até mais - tendo este contato vendo estes eventos crescerem, aparecendo a cada mês mais gente promovendo um evento novo. E é uma coisa sem segredo, você chama dois neguinhos para tomar uma cerveja e começa assim. É muito fácil crescer onde tem este vácuo de eventos de Ilustração, e a gente tem muito poucos eventos.

Por exemplo, eu acho ótimo o que está acontecendo com os eventos de quadrinhos, onde está aparecendo cada vez mais este formato da ComiCon, da convenção de quadrinhos. Mas para a ilustração é difícil, porque não há o trabalho autoral. O Ilustrador é um cara que trabalha na prestação de serviços. Então não tem um evento dedicado à “mostrar ilustrações”. Uma vez que isso não existe é ótimo que tenha o Pupunha, o Bistecão, o Baião para juntar este núcleo profissional. E no final cada cidade acaba gerando o evento que precisa, porque não tem regras. Não existem regras. E se houver uma regra é: Vai lá e se diverte. O Feijão é diferente do Cobal, que é diferente do Baião, que é diferente do Queijão, que é diferente do Bistecão. Cada um tem ideias sensacionais.

Tem também um negócio que é muito legal que tem nos Estados Unidos em que as pessoal contrata um modelo vivo, e que já teve aqui, e passam o dia desenhando o modelo. Tem o Sketch Crawl também, que tem outro formato e ocorre internacionalmente, em São Paulo inclusive, e aqui chegou a bater recorde de participantes. Tanto no primeiro quanto no segundo evento organizado foram mais de 100 pessoas andar pela cidade de São Paulo e desenhar. Tem o Sketch Jazz, que é incrível porque ele vai além do evento. Os caras montaram um site onde eles vendem o que o artista produz, e tudo voltado para a música, é bem bacana.

E tem um pessoal forte que apoia estes eventos. A FANOR, a Opa: Escola de Design, por exemplo, dão apoio ao Baião. Então quando

“Poder ver o cara que você só vê o trabalho publicado na revista é, por si só, simplesmente sensacional.”

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tem esta necessidade de juntar as pessoas, elas mesmas tem que se juntar e fazer. O Bistecão, toda esta ideia de se encontrar para desenhar, não tem que esperar ninguém fazer. Se você quiser fazer, vai e faz! Não importa se tem 2 ilustradores na sua cidade. E as vezes tem neguinho que vem para mim e fala “Pô, mas o Pupunha é igualzinho ao Bistecão”. Então que seja! Não estamos aqui para competir. Quanto mais eventos, melhor.

Quando o Bistecão surgiu, em que foi exposta esta necessidade, todo mundo queria colaborar de alguma maneira. Mas não só criando um evento como o Bistecão, não só parecendo o Bistecão. Exemplo disto é o Ricardo Antunes em que, à partir desta energia potencial que se criou, nasceu na cabeça dele a ideia de uma criação colaborativa. E assim nasceu a Revista Ilustrar. Estávamos aqui em casa, eu, Montalvo, Fernanda Guedes, Ricardo Antunes, Hiro, e acho que o Gil também conversando sobre como a gente poderia unificar tudo para que todos começassem a caminhar juntos. Tudo isso surgiu deste movimento entre 2005 à 2008, tudo surgiu nesta época. Foi nesta época que surgiu a Cobal, o Pupunha, a Revista Ilustrar, o Sketch Crawl, o Sketch Jazz.

O pessoal sempre fala que o legal é Nova York, onde tem um monte de coisas, o legal é Los Angeles, mas aqui em São Paulo dá para fazer tudo isso. Tem gente para isso. Isso seja no

formato que for, se encontrando no bar, na praça, ou na casa de alguém para desenhar modelo vivo. Todo tipo de encontro é válido.

Para encerrar, quais as suas pretensões para o futuro?

Ano passado, 2011, foi horrível para o mercado de ilustração. Não só para mim, para todo mundo. Este ano, por exemplo, no mercado americano não tem ilustração nenhuma, está horrível lá. Isso faz você pensar um pouco. No meu caso, eu havia começado com o cinema e o quadrinho, e dai eu fui para outras coisas. O design gráfico, o web design, que é uma coisa mais funcional do que conceitual. Você mais atende do que conta sua história, e eu gosto de contar histórias. Depois que você passa por uma crise dessas, isso abala muito sua estrutura como profissional autônomo. O Hiro sempre fala no famoso “Plano B”, ele tem os planos dele, eu tenho o meu.

Como eu gosto de escrever e tenho uma facilidade para contar histórias, não que eu conte histórias agora, mas como sempre me ajuda ilustrar livros ter uma narrativa desenvolvida, eu fiquei pensando que este poderia ser um caminho para mim no futuro. Não só fazer as ilustrações que eu costumo fazer, mas fazer esta transição onde eu poderia não apenas receber pela prestação de serviços mas também como um autor. Porque basicamente, a ilustração você vende, cede o direito de uso e reprodução e isso morre ali. Sai numa revista, você ganha seus X reais e fim. Isso à não ser que ocorra a reutilização, mas é muito raro. Isso ocorre em

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geral quando você produz um material para publicidade que vai sair, por exemplo, numa revista e depois eles querem reutilizar para TV. Ai você pode ganhar um pouco mais lá na frente. Mas não é como quando você tem uma autoria, quando você tem os Royalties.

Então este seria mais ou menos o meu plano B. Que eu quero muito que seja meu plano A, na verdade. Queria um dia em que eu realizasse t o t a l m e n t e e s t a transição do ilustrador para o autor. Seja em livros ilustrados ou não, seja trabalhando com o cinema, que seria bem legal, voltar para o cinema. É lógico que este é um grande passo e vai me exigir muito planejamento, mas eu não descarto nada. A única coisa que sei é que, hoje, o mercado está muito tedioso para mim. Está muito difícil de se competir, por causa dos valores que estão cada vez mais baixos. E eu não sou uma pessoa que gosta de alterar a qualidade do meu trabalho. Toda vez que isso acontece eu fico muito mal. Realmente, se eu tenho que fazer menos do que eu sou capaz, o que geralmente acontece quando se trabalha com publicidade pela velocidade, o tipo de trabalho exigido pelo mercado. A pressão para você fazer um tipo de desenho que por vezes você fica de saco cheio de fazer. Você tem um tipo próprio de desenho, um modo de pensar, uma maneira de criação. Até mesmo na parte técnica você tem um tipo

de paleta de cor, um tipo de sensibilidade. Ai vem um cara que quer que você faça um negócio assim, quadrado, com uma cor que você não gosta de usar. E, se você faz isso por muito tempo, você definha. E se você definha, a cada tempo a mais que você passa distante de fazer aquilo que você gosta, fica tedioso, fica duro, você deixa de ter uma elasticidade criativa. E passado muito tempo, então é quando você entra em crise. A minha crise já veio, já está aqui me rondando. Pô, ano passado não veio trabalho, veio muito pouco, eu gastei mais da metade da minha poupança. Ai fui comentar isso com um amigo e ele me devolve “O mercado de publicidade, hoje, só quer 3D”. 3D é muito legal, mais não é minha praia. Se eu fosse parar tudo, porque precisando de dinheiro isso lhe passa pela cabeça, para fazer 3D eu estaria para deixar tudo o que eu criei, conquistei, de lado para embarcar num mercado ultra competitivo onde garotos de 18 e 20 anos já sabem muito mais que eu, um mercado dominado por estúdios e eu sendo só um. Vou querer aprender 3D para ser empregado num destes estúdios? Ou então, vou ainda querer investir em publicidade? Vou atrás de um negócio que não quer mais o meu trabalho? Mas então o que eu posso fazer para manter o meu trabalho vivo? Virar um autor. Se vai dar certo eu não sei, é apenas uma vontade, uma das portas a qual posso seguir. Cada um que passa por uma crise, uma dificuldade, acaba encontrando uma rota de fuga. Esta é a minha. Espero que daqui à cinco anos esteja tenha ao menos metade da minha produção voltada a isto.

“O Hiro sempre fala no famoso ‘Plano B’, ele tem os planos dele, eu tenho o meu.”

Da esquerda para a direita:

Revista Colectiva . Jogos Faça um “rewind” e divida com a Revista Colectiva anedotas, desenhos, histórias, ilustrando as facetas dos jogos tradicionais de criança que nos deram tanta alegria, risadas e satisfação, de forma simples e natural.

Mulher . Originalmente este desenho era um sticker preto e branco que colávamos por aí nas ruas de São Paulo, mas depois eu resolvi colorí-lo e mandá-lo para a edição Mulher da revista online Ideafixa. Rolou.

Vektor Karma . Colaboração para a revista digital Vektorika, da Indonésia. O projeto se chamava Vektor Karma e faria parte da edição Asiana. Os convidados deveriam fazer um remix de uma ilustração vetorial já pronta, no caso desta, uma imagem de Buda.

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SAUDADE

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Desenho por Soraya Hossain com cores por Gabrielle Souza

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“O colorido sempre presente - Hoje o tempo me contou segredos deste pequeno, imenso e inconstante lugar”

Soraya Hossain

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ENTREVISTA

Visitamos o encontro mensal e conseguimos trocar uma ideia com seu criador. Arthur nos mostra o potencial da aproximação lúdica que torna capaz integrar artistas e aspirantes para desenhar juntos.

Você poderia se apresentar?

Meu nome é Arthur D’araujo e organizo o Pupunha Ink. Eu sou artista plástico, me formei em artes plásticas, e atualmente também trabalho com ilustração - trabalho com ilustração desde 2001, 2003, por ai - e ultimamente trabalho com publicidade também, trabalho como diretor de arte.

Como se deu seu contato com o Pupunha Ink?

Então, na verdade, eu que criei o Pupunha Ink. Eu o comecei o em 2006, mais ou menos, com um amigo que cursava a faculdade comigo, Fellipe Martins. A gente sentava sempre num bar depois da aula e ficávamos desenhando. Então começamos a criar uns jogos tipo desenhar no mesmo caderno, um completava o desenho do outro... Gostávamos disso, e virou um hábito, um “evento”, só que com duas pessoas.

Começamos a fazer isso num pub, convidávamos amigos e dava certo, era divertido. Depois de um tempo pensamos:

“Precisamos dar um nome a isto”. E ai acabamos dando o nome de Pupunha Ink... Nem sei como o nome veio. Depois disso, em

2009, estava com a vontade de fazer isto de novo, de trazer para mais gente, que fosse uma coisa mais aberta para outras pessoas. Então chamei vários amigos ilustradores e a gente se encontrou num bar, trocamos cadernos... O formato era bem diferente, tinha 12 pessoas na época, era um formato bem diferente.

Um ano depois, já com a Marina [Grando], a gente resolveu fazer o Pupunha Ink num formato bem parecido com o que é agora. Foi meio que de última hora, fiz um logo, fiz um pôster, peguei um bar do lado de casa - na época, na Fradique Coutinho - e chamei um monte de gente pela internet, tinha umas 30 pessoas. Eles gostaram então fizemos no outro mês, e no outro, e a gente nunca parou. Ai foi crescendo e trocando de lugar.

Quais jogos vocês desenvolveram?

Os jogos começaram lá pelo quarto evento. Na época a maior parte dos frequentadores eram amigos - normalmente um pessoal da ilustração- e tinha as namoradas, que não desenhavam e ficavam meio de fora. Ai a gente pensou em como trazer estas pessoas que ficavam meio de fora, desconfortáveis, conversando num grupinho. Ai Nina [Marina Grando] trouxe isto: Fez um jogo meio aleatório de desenhar numa revista, disto veio o Figurativo/Abstrato, depois o Quem Mata Quem. Desde então, quando conseguimos, sempre desenvolvemos um jogo novo.

O criador do Pupunha Ink

Arthur D’Araújo

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Quais foram as principais diferenças no formato do Pupunha depois que você passou a organizar o Pupunha com a Nina?

A primeira coisa que a gente decidiu foi tirar o foco dos sketchbooks (cadernos de esboços de desenho). Ainda os temos, o pessoal continua trazendo, mas os jogos são o diferencial em relação aos outros eventos de desenho, os quais a gente descobriu e entrou em contato. A gente decidiu focar naquilo que a gente fazia, dos jogos com as namoradas e o pessoal que não desenha. Também procuramos lugares que fossem melhor iluminados, que tivessem mesas para todos desenhar.

O que você prevê para o desenvolvimento do Pupunha Ink?

Um caminho que a gente está tomando, em primeiro lugar, é do Pupunha funcionar mais independentemente de mim e da Nina. Porque, por exemplo, tivemos um mês em que estive viajando e não teve o Pupunha. Então estamos criando situações em que as pessoas que frequentam possam gerir sozinhos. Nós também iremos lançar uma revista em janeiro. Tem muita gente que produz um material muito interessante aqui, mas que acaba não servindo para nada.

Também recebemos muitos pedidos de pessoas que querem levar o Pupunha para outras cidades. Recebemos muitos pedidos do gênero do Rio, do Pará, de Florianópolis, até da Zona Leste daqui de São Paulo mesmo.

Na difusão do Pupunha Ink para outras cidades, como vocês pretendem manter a identidade do evento?

Tendo em vista como era começo, que era uma coisa mais underground, que rolava num lugar mais sujo, que o pessoal bebia de pé e desenhava no caderno mesmo. Esta estrutura que acabamos deixando de lado, não totalmente mas, com um foco em favor de uma coisa mais social, de interação, dos jogos. Uma coisa em que uma pessoa que nunca desenhou joga e começa a desenhar à partir daqui. Que integra um público que não são só ilustradores. Embora aqui tenhamos muitos ilustradores, também tem gente que não tem nada a ver com isto, administradores, empresários, todo tipo pessoa. Os jogos trazem o desenho como uma experiência mais lúdica e menos profissional. Também, já fomos procurados por muitas empresas que ofereceram distribuir brindes, mas nós não fazemos sorteios ou distribuímos brindes. Nosso processo envolve muito mais o aspecto lúdico, de interação espontânea, do que a pessoa vir aqui para ganhar um livro ou uma coisa assim.

Como o Pupunha Ink agrega à seus frequentadores?

Conheço muita gente que veio aqui e fez amizades que perduram, eu inclusive. Também quando preciso de mais gente num projeto, chamo pessoas do Pupunha. Também é bom para aqueles que tem de perder a timidez na marra, pois tem que dividir mesa, a bebida, os jogos. Esse é um tipo de coisa que não é só gratificante, mas te enriquece como pessoa.Abaixo: Mesa com os ilustradores gêmeos Magno e

Marcelo Costa, convidados para o desenho do cartaz de

divulgação da edição de setembro de 2012 do Pupunha Ink.

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Guia culturalOs desenhos vistos e feitos de uma maneira diferente

Pupunha InkEm São Paulo podemos encontrar lugares para todos os gêneros de pessoas, não seria diferente com os ilustradores. O Pupunha Ink é um encontro para todos esses ilustradores, seja um profissional, um amador ou apenas alguém apaixonado por rabiscos. Acontece uma vez ao mês, entrada gratuita, pagando apenas o que se consome afinal, além de um lugar para deixar a imaginação fluir, é como um bar, com bebidas e petiscos. O evento segue o princípio de “drink and draw” (beber e desenhar), sendo assim um

lugar ideal para desenhar, beber, dar risada, conversar sobre todos os assuntos em comum, principalmente sobre arte, trocar experiências, fazer amigos e se divertir. Para aqueles mais tímidos, ocorrem alguns jogos para interação, todos relacionados ao desenho. A divulgação acontece por meio das redes sociais e, além de indicar datas e horários, divulga as obras das edições anteriores, incluindo o cartaz que é criado por um artista diferente a cada mês. http://pupunhaink.blogspot.com

EVENTOS

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1, 3 e 6: Pupunha Ink

2, 5 e 7: Bistecão Ilustrado

4: SketchJazz

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Bistecão IlustradoNo mesmo gênero, o evento Bistecão Ilustrado reuni dezenas de ilustradores e amadores para conversar, desenhar e beber. Não é um negócio que visa lucro, mas é cobrada uma taxa de 5,00 (cinco) reais na entrada, servem para o pagamento dos brindes que são distribuídos durante a noite, produção do evento e a recepcionista. Um atrativo deste evento é o papel kraft colocado sobre todas as mesas, junto à alguns gizes de cera. Em toda edição acontecem alguns sorteios, desde pequenos cadernos e canetas à cursos livres referentes à desenho. Um lugar para todos se conhecerem e criarem amizades e após às 22h começa a lotar, o ambiente muda um pouco, pois começam a ficar apenas as pessoas mais alegres e sociáveis. http://www.bistecaoilustrado.wordpress.com

SketchJazzEste evento reuni esses mesmo ilustradores, porém com uma ideia diferente. Além de conversar e trocar experiências, há a música ao vivo, uma banda que só toca Jazz e Blues, a proposta é praticar desenhos de observação com a música como expiração, encontramos desenhos do ambiente, das pessoas presentes e da banda se apresentando. O artista aprende a lidar com as dificuldades do ambiente, por não ser as mesma condições de um estúdio e os modelos não estarem parados, o que torna a experiência ainda mais incrível e única. Esses desenhos criados durante o evento são expostos no site oficial, e alguns são vendidos no mesmo. São cobrados apenas consumo e couvert artístico. http://www.sketchjazz.org

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CULTURA

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A boêmia foi considerada um estilo de vida que designou de um movimento artístico e literário, o qual buscava um ideal artístico de recusa à dominação burguesa, em relação a bens materiais, a grandes projetos e às normas. Originou-se no século XIX e teve uma grande ascensão na França dos séculos 30 e 40.

O termo se tornou popular depois do lançamento de livros sobre o assunto. Henri Murger, autor de Scènes de la vie de bohème, descreveu algumas de suas experiências em Paris no século XIX, a legítima boemia, não como uma farra de fim de semana, mas como uma dura equação feita de pobreza, utopia, espírito libertário e desregramento e esta influenciou jovens burgueses a seguirem esse estilo de vida.

Essa popularização chegou ao Brasil ainda no século XIX, vinculada às experiências em Paris. Cariocas (Rio de Janeiro – Brasil) viam a boemia como uma vida intelectual de artistas sem fortuna vivendo em um contexto histórico de grandes transformações.

Hoje esse termo é pouco usado, porém o estilo de vida ainda existe, só não com as mesmas características de desregramento. Na cidade de São Paulo, maior centro metropolitano do Brasil, encontramos muitos desses artistas e com a repercussão nas redes sociais encontramos muitas reuniões entre eles, encontros onde se agrupam para que haja uma maior troca de experiências e compartilhamento de ideias.

BoêmiaUm conceito alterado com o tempo

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O processo de transição da caligrafia à fonte digital inicia-se com a digitalização da escrita manuscrita. Em seguida, analisa-se o desenho da letra e é elaborada uma métrica correspondente. Neste caso, a medida é feita baseando-se na largura da pena utilizada no desenho.

Os traços dos caracteres são um a um percorridos, refinados e modificados respeitando a métrica.

Transpondo os caracteres para um software de composição de fontes, é determinado o espaçamento entre os caracteres. Como característica desta escrita, estes espaçamentos são breves

Alguns pares de caracteres exigem um ajuste de espaçamento específico, invadindo o espaço negativo da letra precedente. Tal como ocorre entre os despojados “p” e “g”.

Finalmente a fonte é exportada em formato .ttf, de fácil acessibilidade para diferentes sistemas operacionais.

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the quickbrown fox jumped over the lazy dog. 1234567890?!

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TIPOGRAFIA

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Cláudio GilDo esboço caligráfico à tipografia digital

Não faltam incentivos atualmente, por parte dos profissionais e educadores das artes gráficas, para o hábito da prática do desenho no caderno de esboços, ou como também é conhecido, o sketchbook. “O sketchbook é a universidade do ilustrador” - já disse Hiro Kawahara, ilustrador famoso por seus trabalhos comissionados pelo Mc Donald’s para as toalhas de suas bandejas. Muito do desenvolvimento técnico e criativo do artista vem sendo atribuído aos esboços aqueles feitos meramente para a prática descompromissada do desenho e suas experimentações. Isto não é de interesse apenas dos iniciantes que, por através do caderno, buscam consolidar sua base como futuros artistas profissionais, tdos os portadores dos cadernos ou mesmo blocos de papel jornal se aplicam. Abordamos como exemplo os experimentos realizados pelo famoso calígrafo brasileiro Cláudio Gil, em particular os esboços dos ensaios intitulados Saudade.

Tomando como base letras esboçadas livremente, mesmo na ausência de estrutura delimitadora torna-se possível por através de um processo de revisão e racionalização do desenho a transformação desta escrita em uma fonte digital diferenciada e adequada para a reprodução em diversas aplicações gráficas. Não é o intuito desta matéria prolongar-se quanto a prática ou aplicações da caligrafia, para este feitio, aliás, não restam livros atualizados e de qualidade sobre o tema; Mas demonstrar através da descrição passo por passo ao lado este processo na construção da fonte digital Saudade Script.

O processo, explicado:

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Sempre tem...O momento em que você está com os amigos e, depois de beber algumas doses, todos se transformam em personagens com perfis diferentes. Todos esses personagens são capazes de conviver em plena harmonia em um ambiente descontraído, mesmo com perfis peculiares e diferentes, antes e depois dessa transformação.

Sanfona:Não para de chorar e desabafar sobre a vida. “Chora feito uma sanfona”.

Tim infinity:Liga pra toda a

sua lista telefônica, principalmente para

quem não devia, sem fronteiras.

Push pop:Quer ser o pop, quer que a mulherada push o seu pop.

High School Musical:Se sente o cantor, o mundo dele se torna um constante musical.

Picasso:Todo desconfigurado.

220:Parece uma pilha, não para um segundo.

Mr M:Some no momento certo.

Língua solta:Sai falando de

tudo e de todos.

EVENTOS

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Língua solta:Sai falando de tudo e de todos.

Horário fixo (4:20):Só pensa na erva, mais conhecida como maconha.

Dorflex: Alivia as dores do companheiro.

BOA:Quer curtir o momento e ter inspirações.

Bob Esponja: Simplesmente suga a bebida.

Devassa: Aparenta ser quieta, mas quando bebe lança olhares fatais para todos os lados.

Disney: Quando bebe tudo fica lindo.

Clima tempo:Faz previsões do futuro, lamenta o passado e nunca está no presente.

Mãe:Cuida de todo mundo.

Iê-iê:O palhaço da roda, não economiza nas piadas e graças.

Megafone:Fala alto e sem parar.

Adormecido:Dorme no meio da festa.

EVENTOS

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Redação

Editor: Guilherme Barreto

Redatores: Fernanda Peixoto, Hayla Tinôco, Lucas Godinho e Marcela Fernandes

Arte

Ilustradores: Fernanda Peixoto, Guilherme Barreto, Hayla Tinôco e José Mário Gomes

Diagramadores: Bárbara Martins e Guilherme Barreto

Produção Fotográfica

Guilherme Barreto, José Mário Gomes

Colaboradores

Arthur D’Araújo, Cláudio Gil Gabrielle Souza, Kako, Soraya Hossain

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