Boa Bibliografia China
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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDESCAMPUS NOVA FRIBURGO
BACHARELADO EM ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS
CHINA, SUPERPOTÊNCIA ECONÔMICA MUNDIAL
CHINA, WOLRD-WIDE ECONOMIC SUPERPOWER
WANDERSON DAFLON VIEIRA JUNIOR
Monografia apresentada àUniversidade Cândido Mendescomo requisito a obtenção do
Bacharelado em
Administração de Empresas
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Nova Friburgo, RJ2007
INTRODUÇÃO
Um dos mais evidentes fatores que tem influenciado o Comércio Internacional1 os últimos
anos é o crescimento da China enquanto superpotência econômica. A concorrência sino-asiática é
absurdamente desleal no que diz respeito a preços e custos. Por ter uma mão-de-obra quase
escrava e um preço de custo de todos os produtos baixíssimo (quase zero em muitos casos), seus
produtos são comprados em uma escala muito maior que os produtos nacionais (sapatos, roupas,
fechaduras, cadeados, relógios e muitos outros).
Paralelamente, à estratégia de barateamento de mão-de-obra e custos, a China adota uma
conduta de compra em proporções gigantes de suas matérias-primas, abaixando os estoques
mundiais para poder ditar seus preços, aumentando os custos dos produtos das nações
concorrentes.
Por isso, o Brasil e as outras nações da OMC devem investir em seus produtos,
valorizando a produção interna com suas próprias matérias-primas, barateando ao máximo a
produção nacional e diminuindo custos sem perder qualidade.
Esse contexto apresenta como desafio a conquista de níveis mais competitivos noscampos de custo e qualificação de mão-de-obra visto que, devido a esta falta na mão-de-obra
chinesa, é, praticamente, impossível, chegar a patamares tão baixos de custo e,
consequentemente, de preços de mercado. Um país que produza com um mínimo de qualidade
entende que os custos de mão-de-obra qualificada e matérias-primas influenciam diretamente no
preço final dos produtos e, por isso, seus preços/custos de mercado serão sempre maiores que os
dos produtos chineses.
O público internacional está cada dia mais consciente de que as baixas nos custos e preçosda China estão fazendo-a uma superpotência econômica nas próximas duas décadas. Isso é
decorrente do fato de que este país está acumulando riquezas e dominando grande fatia do
mercado que está priorizando preços mais baratos.
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Outro fator de foco, mas não menos importante é o fato de que a China é dona da maior
concentração populacional, e é exatamente isso que permite o barateamento de sua produção,
visto que num país que abriga mais de dois bilhões de habitantes é impossível que a maior parte
da população seja a mais qualificada. Não basta à nação produzir, é preciso adotar planoseconômicos para conseguir competitividade com a nação mais populosa.
A concorrência chinesa é algo que está exercendo grande impacto sobre o mercado
mundial. O baixo custo de produção e a mão-de-obra quase escrava (muito mais barata por isso)
são fatores que geram uma competitividade absurda nos preços. Assim, a influência da
concorrência chinesa é muito expressiva visto que ninguém tem condições de concorrer com
preços tão baixos e, por isso, a China vem ganhando espaço nos últimos anos. Deve-se valorizar
o comércio exterior das nações da ONU e suas relações com o mercado internacional, principalmente em relação às exportações mostrando que a qualidade deve ser compatível a um
preço justo. Assim, valorizam-se os produtos a um preço compatível à qualidade e não estarão em
más condições por um preço próximo à zero. Portanto, a presente pesquisa tem como objetivo
mostrar a influência da concorrência chinesa sobre o mercado internacional. Assim, serão
abordados temas como a expansão comercial da China, sua influência sobre o mercado interno e
externo brasileiro e de outras nações, o governo Mao Tse-Tung, algumas breves considerações
sobre as relações comerciais internas e externas do Brasil e da China, as ameaças que a potência
sino-asiática traz para os blocos econômicos ocidentais e outros tópicos de relevância para o
assunto.
Assim, serão abordados aspectos como a consolidação do socialismo chinês dentro do
contexto contemporâneo do país. Neste ponto, serão abordados pontos como as perspectivas
geohistóricas da China, a organização da população chinesa, a vida política e o Partido
Comunista Chinês e sua doutrinação e propaganda. Enfim, serão vistos tópicos concernentes ao
momento que a China vive hoje, sempre com o foco para sua situação social e política.
Também passaremos pela trajetória da Revolução Socialista. Será discutida a repercussãointernacional do Exército Popular de Libertação da China, a reconstrução do país sob o partido, a
Revolução Cultural ocorrida entre 1966 e 1976 e o governo de Mão Tse-Tung e o movimento de
massa e as forças populares. Sob este prisma falaremos a respeito dos reflexos da Revolução
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Socialista na China que perduram até os dias de hoje e como o mundo reage a estas
conseqüências, uma vez que foi uma revolução que mudou o rumo da ásia.
Também não deixaremos de lado as tendências modernizadoras do século XXI que estão
tomando a China em sua economia e no estilo de vida da população, pois hoje temos que ainfluência do Ocidente sobre o Oriente é muito grande. A modernização e o processo de
desmaoização trouxeram e ainda trazem novas influências e mantêm a China conectada ao que
ocorre no pólo ocidental a todo o momento. Hoje é possível ver um enfraquecimento do
comunismo e abertura da economia através de privatizações que diminuem as tendências
socialistas no país.
Entretanto, apesar de toda a influência recebida do Ocidente, as relações internacionais da
China merecem maior destaque. Haja vista para a situação de seu consumo absurdo, as condiçõesde trabalho que diminuem seus preços e sua resistência à questão do aquecimento global junto
com os Estados Unidos. Estas duas nações são responsáveis por grande parte da poluição
responsável pelo aquecimento global. Uma com seu desenvolvimento e tecnologias dominantes e
a outra com uma população asiática que supera os 1,5 bilhão de habitantes responsáveis por uma
densidade demográfica de 131hab/Km2.
É neste contexto que faremos estas considerações sócio-econômicas a respeito desta
superpotência que emergiu no contexto global no decorrer dos últimos anos. É preciso considerar
que muito de sua atual situação se relaciona com seu sistema de saúde, com o trabalho escravo e
com a política do filho único. Entretanto, além desta relação, temos que considerar o turismo e os
clubes privês. Assim, teremos um panorama mais real da China e poderemos tecer alguns
comentários importantes ao final deste trabalho monográfico.
Em um último, mas não menos importante momento, falaremos sobre a relação entre a
economia chinesa e o Brasil. Sabendo que a concorrência chinesa influencia todo o cercado
mundial, não poderíamos deixar de citar sua relação com a economia brasileira. Sabe-se que
situações como o consumo desenfreado da China influencia diretamente a precificação de produtos de muitos segmentos. Ao aumentar seus estoques, o governo chinês diminui a
disponibilidade de matérias-primas e produtos em setores econômicos estratégicos do mundo.
Um bom exemplo disso é a compra desenfreada do zamac, matéria-prima de fechaduras. Ao
comprar grandes lotes deste minério, a China diminui os estoques mundiais causando uma alta
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que, em alguns momentos chegou a girar em 35%, uma vez que passou a ser fornecedor quse
exclusivo deste metal. Ainda na concorrência é possível observar semelhanças entre as duas
nações em questão e não deixaremos de abordar isso, bem como o foco da economia chinesa na
concorrência e seus processos de aprendizado e cópia com outros países, incluindo o Brasil.Dissertaremos, também, sobre a cultura chinesa e a antropologia empresarial. Tentaremos
entender o universo empresarial chinês e sua cultura organizacional. Qual o motivo real de seu
sucesso econômico? Como a China chegou ao nível de superpotência? Qual a contribuição de sua
cultura empresarial e sua metodologia nos negócios?
Enfim, é preciso entender qual o incentivo dado aos profissionais chineses em um país
competitivo e misterioso em sua cultura. É sabido que, hoje, a China tem fortes perspectivas de
dominar não apenas um, mas vários segmentos econômicos na escala mundial. O país quemantiver boas relações com a China terá as melhores chances de ser vencedor na economia
global.
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CAPÍUTLO I
A CHINA CONTEMPORÂNEA E A CONSOLIDAÇÃO DO SOCIALISMO
1.1 – Perspectivas geohistóricas da China
Ao olharmos para este país distante, de proporções enormes e dono de uma população
que ultrapassa a casa de 1,3 bilhões de habitantes, temos a sensação de observamos um outro
mundo, principalmente por ser adepto de uma cultura e de um regime político-social totalmente
diferente do que é conhecido no Ocidente. Por isso a China parece ser um mundo intrigante e
totalmente situado no desconhecido. Mergulhar nesta cultura pode ser algo fascinante, excitante e
apaixonante. Observando o mapa da Ásia, vemos a importância da China para o continente. Além
de ser o maior país, é o que tem divisas com o maior número de países asiáticos, dos quais a
Rússia, em sua porção oriental, é o que tem a mais extensa fronteira coma China. Seu território é
consideravelmente maior que o brasileiro, afinal, somos donos de 8.200.000 Km2 contra
9.700.000 Km2 da maior nação asiática.
Vale à pena ressaltar que cerca de 75% da população chinesa vive nos campos e se dedica
à produção agrária e, mesmo muito populosas, as cidades abrigam cerca de 25,6% da mesma
população. É importante frizar esta relação porque é a partir dela que foram estabelecidas as
formas de produção, distribuição de riquezas e os regimes políticos que fizeram parte da históriada China ao longo dos tempos visto que, o peso do mundo agrário foi relevante para a
consolidação da atual situação chinesa, principalmente quando da análise das lutas políticas que
objetivaram a solução dos problemas sócio-econômicos deste país. Outro aspecto que vale
destacar é a milenar cultura chinesa. Sua filosofia teve grandes expoentes como Confúcio, Buda,
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Lao-Tsé, Mêncio e outros, além de muitas invenções como a pólvora e a bússola, por exemplo.
Enfim, a China marcou o avanço da humanidade em diversas áreas. Pode-se dizer que esta
cultura, mesmo criada sob o ambiente da classe dominante, construiu seu alicerce no seio da
população em geral, originando a proverbial “sabedoria chinesa” tão conhecida em qualquer cotidiano sob qualquer regime político-social.
“O respeito à tradição, ao passado e suas lições constituem,
por isso, uma peça de grande peso na história chinesa. E foi um
elemento utilizado com muita habilidade pelas forças que sempre
procuraram subjugar esta população, apoiados em sua herança
religiosa, e por vezes submissa. O confucionismo é uma destas heranças
contra a qual foi necessário lutar para a implantação do socialismo na
China. Pois, pregando a submissão, a obediência cega, regras nas quais
o casamento de pessoas era definido de acordo com as conveniências
econômicas do país, esta religião tinha por função facilitar a ação
quase sempre despótica dos poderosos.” (Discutindo a história, A
Revolução Chinesa. Holien Gonçalves Bezerra, 1986;7)
Apesar da forte tradição cultural, a China não é homogênea. Esta nação conta com
cinqüenta e cinco minorias étnicas com línguas, tradições e costumes próprios. São cerca de
sessenta e sete milhões de habitantes organizados de maneira quase independente sob os aspectos
políticos, econômicos e sociais. A tribo Han é a base da população chinesa e foi a mais forte
conseguindo hegemonia sobre as demais tribos.
Mesmo apesar de toda a pobreza e da variação que houve durante toda a transição para o
atual regime político-social de hoje, os chineses desfrutam de uma expressiva expectativa de
vida. Ao fim da década de 40, em 1949, mais precisamente, a média chinesa de vida era de 32
anos e em 1980 subiu para 68,2 anos e em 2005 subiu para 71,9 anos. Ainda em 2005, a China
contou com um PIB de $8.859 trilhões USD, alcançando o segundo lugar, atrás, apenas dosEstados Unidos e de toda a União Européia, renda per capita de $7,204 USD, alcançando a 84ª
posição e IDH de 0,755 passando para a 85ª colocação. Outras estatísticas mostram que houve,
inclusive um aumento na estatura da população que circula os cinco centímetros. Entretanto os
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fatores do aumento populacional contínuo da China, que preocupa todo o mundo, são o aumento
da expectativa de vida e diminuição da taxa de mortalidade.
Para chegar aos níveis populacionais atuais sanando as necessidades básicas como
alimentação e moradia, os chineses precisaram de esforços absurdos para direcionar sua força detrabalho para tais necessidades passando para um plano secundário todas as aspirações
individuais, tanto que não há definição no vocabulário chinês para verbetes relacionados ao
individualismo.
A China conseguiu distribuir suas riquezas para toda a população eliminando a
contradição entre a minoria rica e a esmagadora maioria que não detém riqueza alguma ou de
situação econômica não muito confortável como observamos no Brasil. Este foi o caminho para
lutar contra a miséria chinesa. Foram feitas reformas no sistema de moradia e nos planos deremuneração. Assim foram eliminados os latifúndios e grandes propriedades fabris e as
disparidades salariais foram reduzidas. Portanto, mesmo com a pobreza existente no país, não há
má distribuição de terras e as classes sociais foram aproximadas, dando condições mínimas de
sobrevivência a toda a população. O exemplo da escala de salários é esclarecedor. No ambiente
fabril a variação entre os operários vai de 39 yuan (22,2 dólares) a 50 yuan (28,5 dólares) por
mês. Já entre diretores e engenheiros, a variação vai de 90 yuan (51,4 dólares) a 240 yuan (137
dólares). Para efeitos de comparação basta analisar as disparidades gigantescas entre os salários
dos brasileiros que nem precisam ser mencionados, ainda deve-se levar em conta que não existem
participações de lucro na China.
Nas grandes cidades chinesas não há muita diferença. Não são comuns residências
luxuosas. A forma mais comum de moradia são construções mais antigas e conjuntos residenciais
construídos pelo Estado e, em geral, são moradias menores que as casas da população
camponesa. Pode-se citar que em alguns casos, há instalações e cômodos que são comuns a mais
de uma família, como banheiros, cozinhas e fontes de água. Pode-se observar que o padrão de
moradia chinês é diferente do estabelecido pela classe média brasileira. No campo, por exemplo,as casas são baixas, com média de um quarto ou dois quartos, cozinha e quintal, além de mobília
rústica. Não há colchão nas camas, apenas esteiras e todas as casas têm retratos dos principais
líderes socialistas pendurados em suas paredes (Marx, Engel, Stalin, Lênin, Mao e outros). Além
da falta de espaço para convivência dentro das residências, há enorme movimentação nas ruas.
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Realiza-se desde brincadeiras de crianças até jogos de carta e rodas de conversação. Portanto, as
residências servem apenas para repouso e refeições leves, a limentação, em geral é feita em
ambiente de trabalho.
Ainda houve mais um problema a ser resolvido: Como vestir a população? A solução foi padronizar os tecidos. Nas décadas de 60 e 70 foram adotadas vestes largas e de cor neutra, para
toda a população de tecidos resistentes.
Entretanto, nos últimos anos podem-se observar grandes variações no modo de se vestir e
no comportamento da população, pois uma vez resolvidas às necessidades básicas da população o
poder aquisitivo se tornou mais variado. As cores aparecem com mais intensidade e variedades,
principalmente na juventude e no que diz respeito à concepção político-social implantada pela
revolução, o mais importante foi eliminar a miséria que predominava na China a tantos séculosvisto que a China já foi considerada um dos países mais pobres.
De forma bastante persistente, foi transmitido ao povo que não seriam tolerados privilégio
de nenhuma natureza, portanto, nenhum chinês poderia estar vestido de forma pomposa, com
quimonos coloridos e quaisquer vestes que ostentassem riqueza. Assim, foi preciso vestir toda a
população de forma cômoda, modesta e limpa e, ao fim da década de 70, o governo já havia
vestido decentemente cerca de um bilhão de habitantes. O ressurgir da moda que houve na última
década não é visto como a volta de padrões burgueses de consumo e sim como uma reflexo do
avanço da economia e do domínio da produção. De toda forma, ainda existe pobreza no país, e
esta é tolerada, mas miséria, jamais. A padronização de vestimentas ocorrida na década de 70 não
passou de um reflexo dos índices de pobreza da época. Portanto, podemos concluir que os níveis
de pobreza diminuíram no decorrer destes anos.
Tais condutas com relação às padronizações de moradia, vestimentas e comportamentos e
lazer só foram possíveis devido à ausência de propagandas tão comerciais como as existentes no
Ocidente, e que criam necessidades tão intensas que superam os padrões consumistas. Todos
querem mais e se esquecem do coletivo que se relaciona à população e, com isso, são causadastodas as disparidades que provocam a miséria e, consequentemente, violência e corrupção.
A locomoção não fugiu à regra na China pós revolução. Ainda hoje vemos a maioria dos
chineses com sua própria bicicleta. Mesmo com o aumento da frota de automóveis, é mais
comum a utilização de meios ferroviários. Para resolver a questão de falta transportes públicos
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para toda a população, os chineses moram perto de seus locais de trabalho e caso mudem de
emprego, também mudam de residência, mesmo que passem a arcar com aluguéis que é baixo
para toda a população. Assim, o governo pode economizar divisas com combustíveis
contribuindo para o aceleramento de sua economia sem dívidas internacionais. Neste cenário temos uma população “imóvel” em suas cidades. Os chineses não viajam
muito e, consequentemente, não mudam muito entre cidades e nem do campo para a cidade e
vice-versa. Ninguém pode sair de seu domicílio, seja para uma viagem de lazer ou para mudança,
sem que planejamento para tal e é preciso que o governo tenha controle sobre esta situação a todo
custo, pois o caos na produção e o inchaço das cidades é um perigo a ser evitado de qualquer
maneira. Toda migração pode ser feita, desde que em escala pequena e planificada.
Com a situação da população e de suas migrações resolvidas foi necessário, então resolver o problema da saúde pública. A China não conta com recursos sofisticados como países
desenvolvidos. Foi necessário, portanto, valorizar a medicina tradicional aprofundando o uso de
ervas, raízes e acupuntura. Como a medicina chinesa já tem caráter preventivo e não espera
diagnósticos para então cuidar do paciente, a sistema público de saúde teve sua melhoria na
prevenção de doenças. Mesmo que haja precariedade em diversos segmentos de setor público de
saúde, a China alcançou significativa melhora no respectivo setor.
Um bom exemplo deste salto qualitativo está no combate à esquistossomose. Esta doença
era uma das que mais consumia a população, tanto no campo como nas cidades. Nesta campanha
de combate à esquistossomose, ficou conhecido o caso da comunidade de Ma Lou que desviou e
tratou e retomou a trajetória original o leito do rio que lhe abastecia. Toda a população erradicou
o caramujo transmissor da doença. Em pouco tempo a comunidade combateu vitoriosamente a
doença e se tornou objeto de propaganda contra a doença.
Junto ao sistema de saúde houve uma reviravolta nos hábitos de segurança individual. A
criminalidade convivia com a miséria e era difícil separá-las. Mas com as mudanças nas relações
trabalhistas e com o combate ao desemprego, foi empregada uma política ideológica diuturna ehoje a China tem uma taxa de criminalidade muito baixa. Além deste combate ideológico, a
população também pressiona de maneira violenta a parcela criminosa de sua população e o
governo não hesita em aplicar penas de morte por fuzilamento. Ainda com todo este combate,
quando as taxas de criminalidade atingem níveis preocupantes, o governo empreende campanhas
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divulgando o número de execuções efetuadas e com julgamentos públicos de criminosos notórios.
E ao par de todo este embate, tem-se a rígida moralidade imposta ao povo chinês.
1.2 – A organização da produção chinesa
Ao analisarmos a forma como a produção chinesa é organizada sob a ótica socialista
observamos que os chineses sempre pagaram impostos muito altos e não recebiam o suficiente
para seu sustento. Com a vitória da revolução em 1949 foram regularizados e instituídos os
minifúndios e, em seguida, as cooperativas agrícolas e, a partir de 1958, passaram a existir as
comunas1 agrícolas divulgando e difundindo para toda a população chinesa do campo um
coletivizado.
A unidade básica de uma comuna são as equipes de produção incumbidas de cuidar de uma porção de terra definida pelo governo. Estas equipes são detentoras de ferramentas leves, animais
de tração e instrumentos individuais. Estas equipes são espalhadas em aldeias espalhadas pelas
comunas que o governo nomeou como brigadas de produção. Estas brigadas mantêm uma
organização que cuida das diversas necessidades dos agricultores, como saúde, alimentação,
habitação e educação. Portanto, a comuna passa a ser a maior unidade de produção, congregando
várias brigadas de produção. Um exemplo pode ser citado através da Comuna de Ta Li, no
distrito de Nan Hai, próxima a Cantão. É igualmente grande como as outras comunas com cerca
de 3.800 hectares e 70 mil habitantes espalhados por cerca de 120 brigadas de produção.
As produções mais comuns são de arroz, trigo, porcos, aves, mel, soja, verduras e hortaliças
com búfalos como animais de tração. O Estado compra a maior parte da produção aplicando a
política do preço mínimo ao produtor fixando-o no campo e incentivando o nível de produção.
Logo, é possível manter uma política de alimentação subsiada pelo Estado sem a figura de
atravessadores e atacadistas alimentando tanto a população camponesa como a população urbana
com baixo custo e boa qualidade.
A agricultura ainda não é muito mecanizada e o principal instrumento de trabalho são as mãodos operários. Também são usados tratores e caminhões, todos de propriedade da comuna e
controlados pelas brigadas de produção. O problema desta situação está na conseqüência de que a
1 Comunas Agrícolas são grandes fazendas onde predomina o estilo de vida coletivizada e não há propriedade privada de terra. A terra é de todos os comuneiros e também não é propriedade do Estado. In: Discutindo a história:A Revolução Chinesa. Holien Gonçalves Bezerra. 1986; p. 14
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rentabilidade por produção de hectare está muito abaixo dos padrões capitalistas dos países
desenvolvidos, sendo esta rentabilidade de hectare por pessoa. Entretanto, a rentabilidade de
produção do solo foi melhorada através de irrigação e abertura de canais com adubação da terra
racional da terra.Hoje, já é permitida pelo governo uma pequena percentagem de propriedade particular de
terra que não chega a 10% do território nacional. Todas as outras propriedades agrícolas são
coletivizadas e comunadas e as fábricas são controladas pelo Estado e com controlada
participação dos operários em suas direções.
Tanto a indústria quanto à agricultura não são muito sofisticados, mas conseguem gerar
empregos para a PEA2 chinesa sem causar insegurança aos trabalhadores e o trabalho agrícola
consegue gerar alimentação para toda a população do país através de incentivos às comunasagrícolas.
A China não tem na indústria um ponto forte para sua economia. A industrialização do país
foi estruturalmente emparreirada pela penetração imperialista, principalmente britânica. Assim, a
nação chinesa optou pela agroindústria e agricultura como fonte primordial de alavancamento
interno da economia. Mesmo assim, a partir de 1977 e com aceleramento no decorrer dos últimos
anos da década de 90 o incentivo ao aceleramento nacional de industrialização passou a ocupar as
primeiras preocupações dos dirigentes chineses e do próprio governo a fim de alavancar o quadro
econômico sino asiático dentro do mercado global. Entretanto, a pequena indústria e o artesanato
ainda predominam e a indústria chinesa não tem condições de competir no contexto mundial.
É neste processo de produção com respeito ao estágio econômico e social que se situa a
população chinesa. Há, claramente, difundida, uma orientação para o envolvimento extremo dos
trabalhadores para seu trabalho com comprometimento no resultado final dele. É muito difícil
separar a atividade produtiva da atividade política e da doutrinação neste país em que a ideologia
tem um peso prático extraordinariamente grande maciço sobre a população.
Esta influência sobre o comprometimento do trabalhador é causa de parte do aceleramento daeconomia chinesa nos últimos anos. Hoje o mercado ocidental tem de lidar com altas nas
produções de cereais, soja, frangos, hortaliças e outros produtos agrícolas que a China produz,
2 A PEA é a População Economicamente Ativa de um país. Em outras palavras a PEA é toda a mão-de-obra com que pode contar o setor produtivo da nação. In http://www.ibge.gov.br/home/estati. shtm. (Acesso em 15/11/2007).
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apesar de pouca mecanização, em escalas muito competitivas a preços tão competitivos quanto a
quantidade de produzida. Um bom exemplo é a alta a produção de cereais que alcançou a marca
de 497,46 milhões de toneladas em 2006 apresentando uma taxa de crescimento de 2,8%
enquanto a produção brasileira, por exemplo, está estimada para 133,3 milhões de toneladas parao ano de 2007.
“A produção de cereais da China aumentou 2,8% (...) para
atingir 497,46 milhões de toneladas em 2006 (...) Pela primeira vez a
produção de cereais do país cresceu durante três anos consecutivos
desde 1985. A produção de cereais subiu 9% para chegar a 469,47
milhões de toneladas em 2004 e aumentou 3,1% para 484,02 milhões de
toneladas em 2005. No entanto, a oferta doméstica de cereais ainda não satisfaz a demanda do país, disseram analistas. A China enfrentará uma
possível escassez de cereais de 4,8 milhões de toneladas em 2010, quase
9% do consumo nacional de cereais, segundo o Study Times, jornal da
Escola do Partido do Comitê Central do Partido Comunista da China.
(...)” In: http://www.camarabrasilchina.com.b. php, acesso em
18/11/2007)
Ainda que muito organizada internamente, a produção agrícola chinesa se torna cada vez
mais competitiva em função da abundância de mão-de-obra e dos baixa custos de produção
estando mais organizada para o Comércio Internacional a cada momento. Isso traz grande
preocupação para as nações que comercializam os mesmos produtos, pois, assim como a alta de
preços de matérias-primas do segmento metal mecânico como o ZAMAC, utilizado em
fabricação de fechaduras, pode ocorrer o mesmo em outros setores. Esta alta de preços provocada
pela China se dá em função de níveis de consumos extraordinários que diminuem o estoque
mundial da matéria consumida. Logo, a China passa a ser um fornecedor quase exclusivo e impõe
seus preços.
1.3 – A vida Política e o Partido Comunista chinês
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A China, em seu aspecto político-administrativo, é comandada pelo Partido Comunista
Chinês (o PCC) e, mesmo com a existência de alguns partidos menores, como o Kuomintang
(cuja sigla internacional é KMG), por exemplo, não há oposição expressiva ao regime
político. O número de filiados ao partido não é grande se comparado à população do país. Sãomais de 30 milhões de filiados com oscilação para aumento dos números quando são feitas
campanhas de filiação. Existe um empenho grande na formação de militantes que devem
estar, após uma rigorosa seleção para a entrada nas fileiras do partido, seguros no domínio da
doutrina marxista e nos ensinamentos de Mao.
“The Kuomintang (KMT) is a political party with a long history
and a wholesome ideal. This ideal is the establishment of the Republic of China (ROC) as a free, democratic, prosperous and dignified modern
nation. The KMT¡¦s long history is a glorious record of its committed struggle to the realization of this ideal. (...)This event also marked the
start of China¡¦s drive for modernization. It has been 106 years since
this remarkable process of change and development began. Today, the
KMT still stands towering like a giant as it enters the 21st Century.” In:http://www.kmt.org.tw/EN_category/eng_category1.html. (Acesso em28/11/2007)
“O Kuomintang (KMT) é um partido político com umahistória longa e um ideal de um homem. Este ideal é oestabelecimento da República Popular da China (RPC) comouma nação moderna livre, democrática, próspera e desenvolvida.
A história longa de KMT é um registro glorioso de seu esforço
cometido à realização deste ideal. (...) Este evento marcou também o começo da movimentação da China para amodernização. Foi a cerca de 106 que este processo notável demudança e desenvolvimento começou. Hoje, o KMT está aindaelevado como um gigante já no início do século XXI.” Tradução:http://www.kmt.org.tw/EN_category/eng_category1.html. (Acessoem 28/11/2007)
Desde a fundação do PCC, em 1922, o partido está engajado na luta revolucionária,
empenhando-se na transformação socialista da China. Esta luta foi levada com muitas
dificuldades tanto em relação aos inimigos externos quanto internamente, devido às divergênciasentre as tendências que disputam a liderança do partido.
Além do PCC, outra instituição de não menos importante destaque no processo de
construção do socialismo é o Exército Popular de Libertação. Desde a época das guerrilhas
camponesas contra os japoneses e o Kuomitang tornou-se muito popular e ainda é visto com
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empatia da população. Em contrário ao PCC, que se propõe a ser a vanguarda do povo com
quadros rígidos e ferrenhas disputas internas, o EPL atua pelo lado da ação entre o povo e, por
isso, não se ocupa apenas com as situações referentes à segurança do povo, mas, também, quando
necessário, ajuda nas construções de diques e barragens, colheitas, mutirões de construção decasas, etc. É importante frizar que o EPL, no período da Revolução Cultural (1965-1976),
exerceu maior influência que o PCC, destacando-se na direção geral da construção revolucionária
da sociedade.
Os soldados do EPL não são alijados da política e, por isso, votam nas assembléias, têm
seus representantes e são muito atuantes na atividade política. Na Revolução Cultural, eram
organizadas equipes de propaganda que espalhávamos ensinamentos de Mao percorrendo todo o
território chinês. Por sua vez, as Milícias Populares tornaram-se receptivas às aspirações do povoem geral. Desde 1965, a supressão da hierarquia no Exército vem aproximando mais os
comandantes dos comandos e, atualmente, há uma tendência que pode trazer a volta da
hierarquização do tipo funcional.
Falando do segmento político-administrativo do comando, busca-se a participação em
todos os níveis da vida da comunidade e, consequentemente, sua descentralização através dos
Comitês Revolucionários (responsáveis pela administração). Nas grandes cidades, como no
exemplo de Pequim, há o Comitê Revolucionário de Pequim, composto por representantes dos
Comitês Revolucionários dos Distritos. Seus membros são eleitos nos comitês Revolucionários
de Bairros que são originados nas Comissões/Comitês de Moradores. Pode-se concluir, portanto,
que os Comitês Revolucionários de Bairros são a base do poder.
Da mesma forma é organizado o campo. Distritos, Comunas, Brigadas, Equipes de
Produção mantêm uma bem estruturada rede de representações que garante o esforço da
descentralização e, ao mesmo tempo, possibilita uma direção geral homogênea. Isto ocorre
porque além da função administrativa, esta organização propicia a manutenção de uma constante
propaganda e doutrinação dos líderes em seus diversos escalões. Quando o socialismo chinêsafirma que a tríade operários-camponeses-soldados é residência da sede do poder, refere-se,
justamente, à forma de controle que estes três segmentos têm na vida da China. Pode-se dizer até
que os chineses aceitam de forma passiva as modificações na cúpula que dirige o Partido,
entretanto, não aceitariam, sem relutar, as modificações políticas que colocassem em risco as
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conquistas do povo. A simplicidade desta organização e a intensa formação doutrinária tê,
permitido o funcionamento desta forma de viver de maneira tranqüila.
O Partido permite que seus representantes mais qualificados exerçam a liderança do país
com uma dinâmica própria dos organismos políticos de alta direção, o PCC tem crises periódicassejam elas por tendências centralizadoras ou descentralizadoras, burocratização ou combate à
tecnoburocracia3 ou quaisquer outras divergências, o Partido convive e sobrevive a crises
freqüentes. São comuns os expurgos do Partido sinalizando que um grupo tenha voltado a ter a
hegemonia do PCC em seu interior. Assim, as lutas internas pelo poder no Partido demonstram a
dinâmica muito peculiar da disputa pelo poder na China.
Esta organização tem repercutido nas relações internacionais chinesas, mesmo com alguns
organismos descentralizadores. Ao seguir uma política centralizadora sobre si mesma, a Chinaadotou um slogan que incentivava o “andar com suas próprias pernas” e não depender de
ninguém. Tentou reconstruir a nação vivendo penosamente e caminhando com suas próprias
forças. A bandeira de alto alcance da doutrinação política do país era combater qualquer tipo de
imperialismo, fosse norte-americano, soviético ou qualquer outro.
Neste contexto político-social, a China começou a se abrir, comercialmente, para os países
ocidentais apenas na década de 70, e, mesmo assim, muito receosamente. Em 1972, Richard
Nixon, presidente dos Estados Unidos da América na época, visitou a China buscando relações
entre ambas nações. No ano de 1974 a República Popular da China passou a estabelecer relações
diplomáticas com o Brasil. A partir do sétimo ano da década de 70, as aberturas comerciais e
diplomáticas se intensificaram mesmo com o grau de desconfiança e cuidados elevados para que
não fossem importados os costumes elitizados e burgueses com suas idéias contrárias ao
socialismo.
Graças ao esforço para o desenvolvimento com suas próprias forças, a China não tem
dívida externa que alcance números significativos conseguindo, inclusive, superávits em sua
balança de pagamentos. Esta nação é um exemplo vivo de que não dependendo das inconstânciasdo mercado internacional é possível ter maior autonomia em políticas de controle de precificação
de produtos.
3 Tecnoburocraica é a realidade econômica para a qual tende o capitalismo e na qual se desvirtuaram as tentativas desocialismo. In: Gérard Lebrun (1982) Passeios ao Léu. São Paulo: Brasiliense, 1983: p. 90
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Desenvolvendo-se com suas próprias forças, a China quis perder suas realizações nos
campos político, econômico e social, conseguidas a duríssimas penas no processo revolucionário
que consagrou o modelo para outros países de uma experiência socialista destinada a este
propósito assim como ocorrido em relação ao imperialismo estrangeiro que, por quase um século,escravizou o país. Em função desta experiência, a China cultivou repúdio e horror a qualquer
espécie de dominação estrangeira, seja cultural, social, política, econômica ou qualquer outra.
Hoje, a República Popular de China é um país com muito senso de patriotismo e
nacionalismo, visto que, com as experiências anteriores, aprendeu a valorizar as questões
referentes à pátria e ao povo e ao Partido que está no governo atualmente. Assim, todas as
mudanças políticas que ocorreram no país foram aderidas pela população a fim de conseguir
igualdade e justiça contra todo tipo de discriminação e segregação de classes que gerou tamanhamiséria por tanto tempo.
É com orgulho que a China está na frente de países como o Brasil em quesitos como
acúmulo de dívidas externas e controle de miséria e corrupção no governo.
1.4 – Doutrinação e Propaganda
Foi, principalmente, a partir da Revolução Cultural que a doutrinação caracterizou-se como
uma cruzada doutrinária. O estudo da filosofia marxista através de figuras como Marx, Engels,
Lênin, Stalin e Mao passaram a fazer parte do cotidiano das pessoas, tanto no lar como no
trabalho. Assim, foi criado um legítimo culto à personalidade de Mao Tse-Tung e sua imagem e
escritos eram leis.
Pode-se dizer que o fim da Revolução Socialista é a provocação de intensas modificações no
seio da sociedade, modificações estas que não poderiam ser sustentadas apenas pelas
transformações jurídicas e institucionais de estatutos. Verdadeiramente, trata-se de subverter toda
a escala de valores anteriormente exposta e implantada, e que servia às divisões sociais quemantinham o poder sempre se baseando na exploração da maioria do povo chinês. Obviamente,
trata-se, também, de alcançar o estabelecimento de novos sistemas de condicionamentos sociais
insistindo em novas referências psicológicas. Este alcance dar-se-á através dos costumes
atingidos e, secularmente, enraizados na mais profunda vivência do povo chinês. Entretanto,
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concomitantemente, jamais foi possível esquecer e deixar de lado os valores adquiridos e
construídos pela, tão rica em ensinamentos e sabedoria, cultura chinesa. As fotografias dos
revolucionários históricos são postas em evidência em todos os lugares. São edifícios públicos,
paredes das salas de qualquer residência, fábricas e outras construções públicas ou não. Alémdisso, as máximas marxistas são constantemente repetidas em alto-falantes, aldeias, casas e
campos de arroz. Estas máximas contam a história do povo e como era a vida das pessoas antes
da Revolução de 1949. Enfim, desde a creche até a Universidade estes princípios e aspectos
políticos e doutrinários estão presentes e em constante evidência.
Tanto nas grandes metrópoles como nas Comunas Agrícolas, todas as crianças, não
importando a idade, podem contar com creches e escolas organizadas pela comunidade. Constata-
se a grande propensão oriental para as atividades teatrais. Tal propensão é direcionada para peçasque referenciam assuntos políticos, enaltecendo as virtudes dos grandes líderes revolucionários e
zombando dos que caíram em desgraça.
Privilegiando o aprendizado prático em contraponto ao aos estudos apenas didáticos, a
Universidade, no período da Revolução Cultural, passou a se abrir para a comunidade em um
ambiente de pobreza e miséria dentro de uma realidade agrária. Com a prática da agricultura e a
colaboração, com sua parte, os estudantes universitários foram chamados ao aprendizado prático.
Criou-se, portanto, a imagem da Universidade aberta aos camponeses, operários e soldados. E
assim, de fato, foi feito. A entrada para a Universidade não dependia da teoria apreendida por
cada indivíduo ao longo de seu passado. Esta entrada dependia, na realidade, de indicações das
comunidades locais. Todas estas indicações levavam em conta a saúde física e mental e o grau de
doutrinação política de cada candidato. Tal forma de admissão em Universidades vem
enfraquecendo e perdendo espaço na China.
Existe apenas uma imprensa oficial, e esta veicula apenas os comentários, notícias e
quaisquer tipos de notas que forem previamente aprovadas pelo governo. Esta censura se dá pela
aprovação ou desaprovação das notícias pelos líderes do Partido e a opinião do Partido éinterpretada como sendo o interesse da população ou, pelo menos, de sua maioria.
Os chamados “Dazibaos” são grandes cartazes, também muito utilizados nas propagandas
permitidas na China. Neles, qualquer um pode fazer as críticas que achar necessárias e/ou
oportunas, enfocando seus pontos de vista. Os “Dazibaos” constituem uma grande força de
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politização e sua existência foi muito defendida pela própria Constituição da China que os
reconhecia como uma arma eficaz e grande força. Se analisarmos como arma, veremos a eficácia
deste meio de politização contra os desvios dos dirigentes. Observando sob o prisma da força,
veremos o apoio ao exército da moral social. Estes cartazes são frequentemente, condenadores doegoísmo, da desonestidade, do revisionismo, do individualismo, da preguiça, do desperdício e de
todos os vícios considerados burgueses.
A formação doutrinária, alem da formação da opinião pública exercida através destas formas
mais massificadas, também conta com as Escolas para a formação dos Quadros. Conhecidas
apenas como Escolas de Quadros, elas foram criadas para a educação dos membros do PCC e,
também, para impedir a ascensão de uma parcela privilegiada que vise a perpetuação no poder.
Isso evita a queda na acomodação e no burocratismo, fazendo com que militantes antigos e jovens sejam educados, ou reeducados, em contato constante com as obras dos teóricos marxistas
e com os trabalhos do campo, criando uma dinâmica político-social saudável e mais segura que o
comumente visto pelo Ocidente.
Após anos de esforços, o modo de receber os visitantes na China, sejam chineses ou não, está
pautado pelo discurso decorado e pelas preleções formais. Pode-se constatar um certo nível de
homogeneidade no modo de pensar, agir e sentir do povo chinês. Tal nível só possível ser
alcançado através de todas estas propagandas e mecanismos de doutrinação. Hoje, portanto,
podemos dizer que a China caminha só, com as próprias forças. Uma nação constituída por
camponeses que sofreram desde a opressão imperialista até o domínio de uma nação que nasceu
de sua cultura e migração. A China construiu uma história de vitórias e desafios com muitas lutas
e tribulações. Pode ser dito que este mesmo povo quer a reconstrução de sua pátria, tanto material
quanto moral e escolheu o socialismo como via a conduzir a este destino.
Há muitas dúvidas, desde os primeiros momentos da Constituição da República Popular da
China, no tocante às prioridades e ritmos de desenvolvimento. A bipolaridade existente (campo-
cidade) é intrínseca às definições de estratégias de luta pelas forças existentes no interior do PCC.Qual classe revolucionária representaria a vanguarda do movimento socialista? Camponeses ou
trabalhadores urbanos? O que fazer para conciliar os trabalhos intelectual e manual? Como ter
certeza de que os atuais dirigentes não se transformarão em nova classe dominante? Como
equacionar satisfatoriamente o centralismo político-administrativo com a democracia? Seria
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conveniente importar “know-how” para abrir as portas para o capital estrangeiro acelerando a
modernização? Após sociabilizar a pobreza, como e quando sociabilizar a riqueza? Como
considerar as relações entre liberdade individual com as responsabilidades e prioridades sociais?
Todas estas perguntas permanecerão nas mentes daqueles que estudarem e tentaremcompreender e explicar a especificidade da história da revolução socialista chinesa.
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CAPÍTULO II
A TRAJETÓRIA HISTÓRICA DA REVOLUÇÃO SOCIALISTA NA CHINA
2.1 – Repercussão Internacional do Exército Popular de Libertação
“ Ao final da guerra contra o imperialismo nipônico e da
vitoriosa campanha interna contra os representantes do
conservadorismo das classes dominantes chinesas, coordenadas por
Chiang Kai-shek e pelo Kuomitang, a vitória do Exército Popular de
Libertação e do Partido Comunista Chinês, à frente de entusiasmada
população, especialmente camponesa, foi uma façanha quase
inesperada no contexto internacional.” In: Discutindo a história, A
Revolução Chinesa. Holien Gonçalves Bezerra, 1986;60.
O início da história do Exército Popular de Libertação está no fim da II Guerra Mundial.
Os aliados que haviam saído vitoriosos, com destaque para os EUA e Rússia, tinham muitointeresse na China. Para todos, a esperança para a solução do conflito pelo qual passava a China,
às vésperas da Revolução Socialista, era de um acordo pacífico gerando uma aliança
governamental entre o Kuomitang e o PCC. A Rússia visava o aceleramento industrial e
tecnológico e os EUA tinham, por objetivo, garantir sua presença no extremo Oriente e o único
caminho viável para ambos eram as boas relações com a burguesia em um regime democrático-
burguês.
Com muita relutância, o Ocidente não-comunista reconhece diplomaticamente a nova
China (República Popular da China). Até 1950 foram recebidos o reconhecimento da Birmânia,
da Índia, do Paquistão, do Ceilão, da Noruega, da Grã-Bretanha, da Dinamarca, de Israel, da
Finlândia, do Afeganistão e da Suécia. O Brasil reconheceu, diplomaticamente, a China Popular
em 1974. Percebe-se, portanto, que a situação internacional não era favorável ao novo regime.
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Pouco antes ao reconhecimento diplomático da República Popular da China, os Estados
ocidentais estabeleceram uma frente comum para que não acontecesse. Não era interesse de
nenhum país Ocidental reconhecer a China Popular.
Passaram, então, a existir duas Chinas. A China Nacionalista, cuja capital localizava-se naIlha de Formosa, recebeu o reconhecimento da maioria dos Estados capitalistas ocidentais, bem
como ajuda econômica, política e financeira. Quanto aos Estados socialistas, em sua diplomacia,
reconheceram a China Popular com sua capital sediada em Pequim. Rússia, Bulgária, Romênia,
Hungria, Tchecoslováquia, Polônia e Iugoslávia foram os primeiros países a apoiar, apenas
diplomaticamente, a China Popular sem o comprometimento com maiores esforços
suplementares de maior monta.
Entretanto, o trabalho de reconstrução da China não encontrou muito respaldo no cenáriointernacional. A União Soviética, através de seu líder, Stalin, concedeu empréstimos e deu ajuda
para a instalação de novas indústrias em território chinês, entretanto, a má vontade e a
desconfiança foram latentes e evidentes neste processo. Mao Tse-Tung viajou para Moscou em
dezembro de 1949 e não obteve muita receptividade. Tal apreensão e desconfiança são frutos de
demonstrações de independência por parte do governo chinês, desde 1934, em relação às
orientações de Moscou. A maior expectativa na época da viagem de Mao a Moscou era com
relação ao fortalecimento interno da China transformando-se em uma potência do extremo
Oriente e, vemos agora, que tal fato se concretizou. Hoje a China é, não apenas uma potência,
mas sim, uma superpotência.
Os dirigentes chineses compreenderam que não tinham nada a esperar do mundo e
passaram a ter certeza de que deveriam reerguer a apoiada em suas próprias forças. Todas as
conquistas do povo chinês contra inimigos e opressões do Kuomitang foram marcadas por
sofrimento e astúcia, características que consagraram camponeses e soldados. Também houve,
nos movimentos contra o capitalismo e a burguesia estrangeira, a adesão do operariado e parte da
burguesia nacional e intelectuais urbanos. Os detentores do poder iniciaram um novo caminho para a reconstrução da China logo após 1949. Camponeses, soldados e operários encontraram
imprevistos, contradições e decepções, mas também tiveram muitas vitórias.
A situação do povo era difícil e sua maior aspiração era por uma paz duradoura tão logo
fosse dado fim à guerra civil e a desestruturada economia do campo e das cidades fosse
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restaurada. Assim, um governo de direção comunista não encontrou grandes barreiras por parte
da população e foi rapidamente aceito. Muitos refugiados abandonaram os campos e migraram
para as cidades tão logo a Revolução teve seu término e o flagelo da ocupação estrangeira
perpetuou por anos os problemas e disparidades sociais residentes nas cidades.A indústria, sempre inexpressiva na China, havia sido reduzida a nada e o fortalecimento
do governo central foi encarado como um dos principais meios e instrumentos para uma
retomada econômica saudável e inadiável. Os comunistas tinham, como principal tarefa enquanto
na direção do país, o compromisso de satisfazer as aspirações generalizadas nas cidades e,
principalmente, na região dos campos onde estavam as Comunas Agrícolas. Neste contexto, a
fome e a miséria que habitavam as cidades se tornaram problemas crônicos e a bandidagem se
proliferava com rapidez e intensidade inimagináveis.Respeitando a direção política instaurada na ocasião, é preciso dizer que havia problemas
e contradições que afloravam no dia-a-dia da máquina administrativa. Apesar de nem todos se
esforçarem nas idéias socialistas e, tão pouco, pretenderem um governo que alterasse as
estruturas, a República Popular só foi possível com os esforços de forças políticas e sociais como
estudantes, pequena burguesia, classe média, comunistas e liberais.
A economia de subsistência não podia se manter devido à destruição de obras hidráulicas
importantes, como barragens e açudes e o armazenamento apenas de cereais e sementes tornava
tal tarefa quase impossível. Houve o alastro do banditismo rural e, como uma verdadeira praga,
se propagou impune ao lado da exploração dos proprietários, dos notáveis e das potências
estrangeiras. Assim, com exceção de algumas regiões onde houve um trabalho e produção de
subsistência comunitária intensos das bases vermelhas, foi criada uma situação desesperadora nos
campos.
A devastação que as subseqüentes guerras provocaram pôs, aliada às árduas situações
climáticas, toda a zona rural na fatal impossibilidades de satisfazer a fome da população. Não
havia comunicação com cidades ou, caso houvesse, era precária e o intercâmbio entre cidade ecampo foi muito reduzido. Assim foi se formando uma complicada estrutura de alianças, desde a
guerra civil, alcançando, tão complicada quanto, representação nas cúpulas de poder da nova
República.
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De um lado, no Conselho Consultivo do Povo, maior órgão administrativo onde se
estrutura o poder, estavam representados os comunistas e outras tendências que precisavam ser
levadas em conta, especialmente intelectuais urbanos, com pouca vivência na vida de
organização social nas áreas libertadas pelo Exército Vermelho e de guerrilhas. Estes intelectuaisnão foram colaboradores simpáticos das propostas radicais dos novos líderes políticos. Em outro
lado, as contradições dentro do grupo que dirigia a revolução socialista não eram poucas e nem
pequenas.
Foram percebidas duas correntes no PCC que decidiriam pelo rumo da máquina
governamental pós Revolução. Uma falava sobre a autenticidade da nação chinesa e sua forma
peculiar de valorizar seus próprios caminhos e a realidade chinesa. Outra pensava a respeito do
caminho trilhado pelos sovietes russos que traçaram um modelo a ser seguido por todo o mundo,inclusive pela China. Estas linhas estiveram presentes durante os primeiros anos da República
Popular da China, até o ano de 1960, com seu definitivo rompimento com a União Soviética.
Uma outra contradição, talvez mais profunda, construiu-se entre o Exército Popular de
Libertação e o PCC. A tendência à burocratização política encontrou no compromisso do EPL
com o povo uma energia crítica constante. Esta polarização de duas instituições importantes no
socialismo chinês tornou-se latente e mais evidenciada durante a Revolução Cultural (1965-
1976). Ainda sobre tais contradições, outras dificuldades advindas da inexperiência da sociedade
chinesa com a organização socialista foram encontradas. A experiência socialista do governo
chinês estava restrita à áreas não muito vastas e ainda não tinha criado forças para atingir as
grandes áreas controladas pelo Kuomitang.
Nas grandes cidades, a prática do socialismo ainda não havia criado raízes e, na grande
maioria dos centros urbanos, sequer havia se tentado qualquer conduta socialista. E é frente a esse
quadro de inúmeras dificuldades e contradições que é possível compreender que os primeiros
anos da República Popular da China foram muito marcados por cautelosa e profunda rotina de
adaptação. Grande parte da população, apesar de ter dado apoio ao movimento liderado por MaoTse-Tung, sequer havia se engajado em mudar o modo de pensar a produção que a China
conhecia até então.
Talvez por comodidade e falta de conhecimentos aprofundados da questão, o governo
conseguiu grande repercussão de seu movimento e seu Exército Popular de Libertação mas a
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adesão popular não foi intensa, logo, a Revolução Socialista da China não foi um movimento de
massas e sim, um movimento militar aderido, aos poucos, após a vitória do exército
revolucionário.
2.2 – A reconstrução do país sob o Partido Comunista Chinês
A) Inícios de Reconstrução (1950-1953)
Nos limites do respeito à justiça, à harmonia e à democracia, o governo se propôs a trazer
para o país o maior progresso material possível, indo de encontro às aspirações da imensa
população chinesa na época (cerca de 600 milhões de habitantes). Dentre as primeiras providências estavam a Lei da Organização Sindical Urbana, a Lei de Reforma Agrária e a Lei do
Casamento.
A classe operária conseguiu garantir uma série de conquistas através da Lei da
Organização Sindical e Urbana. Conquistou, dentre outras coisas, o seguro-desemprego, a
participação da gestão das empresas e a melhoria das condições de vida. Mesmo tendo
conseguido outras vantagens ao longo dos anos seguintes à Revolução Socialista, tais condições
conquistadas ainda são uma forma de ligação aos moldes burgueses de produção uma vez que a
indústria chinesa era de pífio desenvolvimento.
Com a providência da reforma agrária foram expropriadas as terras dos grandes
latifundiários sem que fossem afetadas as médias propriedades. Todos aqueles que resistiram às
expropriações foram eliminados ou presos, entretanto, o maior problema foi convencer os donos
de terras sobre a utilidade das expropriações de terras. Foram doados cerca de 46 milhões de
hectares a cerca de 300 milhões de camponeses que ficaram isentos do imposto sobre renda que
correspondia a faixa de 50% a 70% da colheita. Tal tributação foi reduzida para 17% sobre a
renda. Conclui-se que esta medida não é, inicialmente, drástica. Ao fim do ano de 1951, o programa geral de reforma agrária já estava quase terminado. Foram dividas as grandes
propriedades em pequenos lotes, portanto, não houve eliminação da unidade proprietária, apenas
sua justa distribuição.
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Apesar da intenção e dos esforços para que as terras fossem distribuídas à população, os
níveis de produção não eram satisfatórios. Então foi iniciada a experiência da propriedade
coletiva de terra, originando as comunas. Desde 1950 a reforma agrária acabou com a classe
responsável pela ordem nos velhos campos, ou seja, foram extintos os grandes proprietários ecomo a desapropriação é precedida, em seu processo, e seguida de muitas discussões entre os
pequenos produtores/camponeses, ela também serviu para entender e aprofundar todo o
significado político-social das mudanças que estavam ocorrendo naquele momento.
Quanto à Lei do Casamento, o matrimônio se tornou livre e de responsabilidade dos
jovens, única e exclusivamente. Além dos casamentos não serem mais ditados pelos pais, foi
concedida igualdade de direitos à mulher e introduziu-se a monogamia e possibilidade de
separação na China.Após a criação destas leis, notou-se, até mesmo, certo aumento na produtividade visto que
foram medidas benéficas e apoiadas pela própria população. Entretanto devem ser comentadas
algumas campanhas realizadas. Em março de 1952 foi feito o Movimento dos Cinco Anti. Este
movimento foi contra as condutas que imperavam no país em um âmbito político e eram elas: o
suborno, o desvio de bens do Estado, a fraude fiscal, a espionagem econômica e a fraude
comercial.
Anteriormente ao Movimento dos Cinco Anti, foi realizado, em dezembro de 1951, o
Movimento dos Três Anti e, como definido pela população, era uma reforma anticorrupção,
antidesperdício e antiburocratismo. Por último, e mais drástico foi realizado o Movimento pela
Eliminação dos Contra-revolucionários. Esta limpeza e eliminação consistiram em eliminar tanto
os bandidos rurais e urbanos quanto os agentes do Kuomitang (burguesia).
A necessidade de reformas era tão grande que tão somente a persuasão não adiantaria de
nada. Foi preciso que o governo lançasse campanhas a fim de mostrar ao povo suas metas, idéias
e ações, conquistando, então, a adesão do povo. Os donos de terras e propriedades industriais não
as expropriariam e entregariam ao governo simplesmente por bondade e compaixão aos chinesesdesfavorecidos. Ninguém estava disposto a entregar suas terras e empresas para resolver os
problemas da coletividade, então houve uma severa repressão. Os números oficias chegam a
registrar mais de 800 mil execuções e estima-se que, na realidade, os números devem chegar aos
2 milhões de executados. Assim, com extremismo nas medidas, o socialismo conseguiu subjugar
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as estruturas antigas de dominação e a dominação burguesa assentada na grande propriedade e na
aliança entre a burguesia e o governo antigo se extinguiu. Assim, em 1953, foi vislumbrado um
novo caminho tomando o lugar do terror nas zonas urbanas e rurais através de uma elevação nos
índices de produtividade.
B) Tentativas de Planificação (1953-1957)
O primeiro Plano Qüinqüenal foi lançado em 1952 e a Rússia foi, novamente, o modelo
para a elaboração, talvez bem sucedida ou não, do plano. Tal planejamento governamental
priorizava a indústria pesada incentivando as altas taxas de acumulação de maneira político-
administrativa centralizada necessitando de um ritmo acelerado de crescimento. Foi, obviamente,necessário encontrar formas de aceleramento econômico-social a fim de atingir o socialismo.
O ponto culminante desta planificação econômica contrariou, indicando algumas opções,
o caminho trilhado nas zonas libertadas. O PCC assumiu o controle central do poder outrora
exercido pelo EPL, prioritariamente, e intensificou sua aliança com a Rússia dando lugar de
destaque às indústrias e cidades. Desde 1949, o princípio estabelecido, e hoje mais próximo, é o
de transformar o país agrícola em potência industrializada. A grande questão, portanto é
responder como caminhar rumo ao socialismo em um país que anda não havia resolvido seus
problemas básicos de desenvolvimento, industrialização e acúmulo de riquezas.
O Plano Qüinqüenal conseguiu, não apenas atingir, mas sim, ultrapassar as metas
elaboradas. As produções de aço, eletricidade e carvão ultrapassaram a marca de crescimento dos
100%. O resultado geral foi assombroso na época. As produções de motores elétricos, geradores e
a fabricação de artigos de algodão aumentaram em 1,6; 7,7; e 50%, respectivamente. Houve um
crescimento de 18% no decorrer do primeiro qüinqüênio mesmo com o envolvimento da China
na guerra da Coréia.
Mesmo com grandes conquistas, os problemas sociais também eram grandes na China.Tanto o campo quanto a cidade passaram a questionar a excessiva concentração de poder nas
mãos do Partido e os esforços e sacrifícios impostos para acelerar a produção nacional.
Passando a indústria urbana a ser priorizada, a produtividade agrícola foi posta de lado.
Iniciou-se, então, uma série de distorções das reformas inicialmente propostas e passou a haver
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compra de lotes por homens ricos que passaram a explorar a mão-de-obra mais pobre. Contatou-
se que o sistema de produção acelerada na agricultura não era condizente com a divisão da terra
em pequenos lotes e novas condições propícias à exploração do homem começaram a surgir
dentro dos moldes capitalistas de produção, trazendo certa incoerência a um regime totalmentefechado ao mio ocidental de enxergar as relações de produção.
Era necessário impedir esta ameaça da infiltração de mecanismos capitalistas na máquina
socialista e, a partir da década de 50, passaram a se organizar cooperativas agrícolas também
conhecidas como Grupos de Ajuda Mútua em seus primórdios. Ao fim dos anos 50chegaram às
formas mais elevadas de trabalho coletivo. O maior precedente chinês ao avanço das forças
produtivas foi esta coeltivização do trabalho e das terras, típicas do socialismo. Entretanto, a
dominação burguesa ainda era latente e muitos trabalhadores se revoltaram contra os métodos daorganização do trabalho e contra esta dominação privada.
A prática de coletividade na economia do campo contrariou todas as aspirações do Plano
qüinqüenal que previa o aceleramento do desenvolvimento econômico, tecnológico, científico e
mecânico através do aprimoramento das relações sociais de produção. Assim, com este
movimento, o cooperativismo se implanta no setor industrial, no artesanato urbano e comércio
acabando com a propriedade burguesa.
Assim, quando o oitavo congresso do PCC foi realizado, por volta de 1956, as Três
Transformações Socialistas conquistadas pela China se tornaram muito claras. Foram conquistas
como Movimento Cooperativo nos campos, Expropriação da Burguesia Urbana, Controle da
produção industrial e artesanal pelos operários. A questão passou a se a seguinte: Numa
sociedade socialista, na qual as relações de produção estão adiantadas, o que fazer para que a
economia e as forças produtivas em geral saíssem de seu profundo atraso?
Uma das alternativas para solucionar a questão, e esta foi a oficial e liderada por Liu
Shiao-shi, seguia as orientações do marxismo classicamente seguido na União Soviética. Foi
proposto que se desse a máxima importância à produção industrial pondo, nos elementos doPlano Qüinqüenal, sua tônica. A outra alternativa, liderada por Mao Tse-Tung, incentivava a
agricultura e o movimento social camponês priorizando-os em relação à indústria em relação à
base do desenvolvimento do país. Mao dizia que era possível atingir o nível do socialis antes
mesmo que a nação fosse industrializada e sua justificativa residia no fato de que a população
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revolucionária da China era o campesinato. Foram duas alternativas bem alicerçadas na teoria
socialista embora a de Liu Shiao-shi tivesse um enfoque clássico da teoria de Marx e a de Mao
fosse interpretada e contextualizada à realidade do povo chinês. Nenhuma destas soluções se
apresentou de maneira totalmente clara, mas estão presentes teoricamente e na prática quandoobservamos as condutas e discursos dos grupos dirigentes da República Popular da China.
C) Propostas Alternativas (1957-1959)
“Deixai que as flores desabrochem e floresçam as discussões”. Esta expressão, de autoria
de Mao Tse-Tung e baseada em uma máxima de Confúcio, é um convite para canalizar os
descontentamentos criados pelo Plano Qüinqüenal. Foram apontados abusos dos funcionários doPCC e do Estado através de críticas violentas, a partir de 1957. Foram denunciados os crimes de
Stalin e a apropriação de propriedades do povo por parte do PCC, uma contradição absurda a um
governo que pregava distribuição igualitária de terras e renda em um país onde as terras das
Comunas Agrícolas não eram do governo, mas sim de seus habitantes. Este foi o contexto da
“Campanha das Cem Flores”, uma das medidas apresentadas pelo governo a fim de acalmar as
duras críticas.
Enquanto as tentativas de solução de esclareceram e definiram-se as contradições internas.
A China procurou novas alianças no Mercado Internacional. A liderança de Chou En-lai,
primeiro ministro chinês em meados da década de 50, lançou a China no roteiro das nações afro-
asiáticas exatamente no momento em que foram lançadas as bases das campanhas de
solidariedade entre os povos de cor. Estabeleceu-se, então, uma alternativa para a aliança com a
União Soviética na conferência de Bandung, Indonésia (1955), onde estavam reunidos países
“não-alinhados” da Ásia e da África, entre os quais está posicionada a China.
Ainda diante das críticas, o governo resolveu coagir as manifestações enviando os líderes
mais importantes para os campos de reeducação. Entretanto, buscando uma unidade internaforçada, o Partido, ao mesmo tempo, preparou o rompimento com os Planos Qüinqüenais através
do “Movimento do Grande Salto para Frente” quem assim como a “Campanha das Cem Flores”
visou acalmar as críticas violentas e combater esta situação dentro do governo.
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O PCC resolveu acelerar decisivamente seus êxitos baseando-se nos resultados
econômicos do primeiro Plano Qüinqüenal. O objetivo, aparentemente impossível, era o de
atingir o nível alcançado pela Rússia/União Soviética em um ou, no máximo, dois anos com
medidas bem alicerçadas e propostas que se identifiquem como conseqüência de uma concepçãoglobal diferente da anterior.
A autonomia em relação ao centro de poder do governo, seja no âmbito político ou no
econômico, tende, naturalmente, a incentivar a auto-suficiência de cada comuna. Por isso, além
da produção agrícola, os comuneiros devem se prover de formas de abastecimento, defesa militar
e indústrias locais. A ênfase foi dada ao campo, iniciado dom trabalhos de tamanhos
consideráveis, estradas de rolagem e trabalhos de irrigação. Além disso, foi viabilizada a
viabilização e incremento da produção agrícola através do cooperativismo orientado às ComunasPopulares, nas quais a propriedade coletiva da terra comanda o estilo de vida dos camponeses.
Assim foram criadas as milícias populares.
As empresas industriais que buscavam equilibrar as relações de poder, através da
participação na direção da empresa e diminuição de diferenças salariais altas, eram controladas
pelos poderes locais. Estas empresas atribuíam valor aos estímulos morais e coletivos em troca de
recompensas materiais e individuais.
O Salto para Frente foi aderido pela população do campo e das cidades e empreendeu uma
luta contra o saber institucionalizado e formal, desvinculado e sem ligação alguma com as
necessidades reais e problemas da população. Foi tentado um rompimento com a separação e
oposição entre trabalho intelectual e trabalho manual. Mesmo que ambos sejam igualmente
nobres a gente dá vê se dá um pulo.
D) As contradições Internas se aguçam (1959-1965)
Não foi tarefa fácil resolver as contradições que o socialismo trouxa à China, entre acidade e o campo e suas vanguardas. As medidas experimentais do governo – Medidas
Socializantes, Grande Salto para Frente, Campanha das Cem Flores, Plano Qüinqüenal – deviam
coadunar o socialismo e o subdesenvolvimento supondo certo grau de desenvolvimento
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econômico. Seria preciso, naquele momento, equilibrar o trabalho manual e o trabalho
intelectual.
Após o fracasso do Grande Salto, a China entra em retrocesso econômico e Mao fica
recolhi à sua cidade natal. Mesmo assim, passando a presidência do país a Liu Shao-ch’i, Maocontinua na figura de presidente do Partido. Novo presidente da China, Liu foi amigo de Mao
desde a mocidade. Ao notar os defeitos das comunas e das relações entre operários e empresas
fabris das cidades, Liu Shao-ch’i foi prudente e, em lugar da autonomia setorial do Grande Salto
para Frente, foi retomada a centralização de poder nas mãos de presidente. Isso destacou os
quadros centrais do Partido e atraiu para a figura presidencial os núcleos das decisões mais
fundamentais.
As Comunas Populares tiveram, mais uma vez, a iniciativa e propriedade privadaestimuladas juntamente com os mercados livres no governo Shao-ch’i. Esta foi uma medida para
diminuir a socialização acelerada implantada nas Comunas Agrícolas. O ensino foi, novamente,
teorizado e, portanto, separado das práticas agrícolas e foram pregadas formas de estímulo
individuais e materiais em detrimento à moralidade e coletividade. Não é difícil, com este
contexto, deduzir que a autonomia das equipes de trabalho nas fábricas voltou a níveis reduzidos,
direcionando-se, em grande parte, à centralização de poder nas mãos de diretores.
Foi feita, neste momento, uma reviravolta chamada “Política de Reajustamento”. Optou-
se por planos anuais, facilmente controlados em relação aos planos que ultrapassassem dois anos
(longo prazo). A indústria pesada permaneceu como setor dominante, entretanto, ocupou um
segundo plano dando lugar ao incremento de bens de consumo, principalmente os alimentares. O
desenvolvimento agrícola era, obviamente, prioridade.
Através do “Movimento de Educação Socialista”, foram enquadrados camponeses na
forma de ver as orientações do aparelho político do PCC. Neste momento, a maior preocupação
do governo era retomar os níveis de produção anteriores a 1958. Foi necessário um grupo honesto
e com escrúpulos para tal tarefa. Assim cresceu a influência de camponeses médios e ricos, bemcomo dos funcionários de alto escalão do Partido e foram lançadas campanhas na imprensa e no
rádio. Foram percorridos os campos em busca da substituição das Associações Camponesas que,
até o momento eram a força política dos campos.
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Apesar de seu caráter progressista, este Movimento de Educação Socialista tinha por
função a explicação, às massas rurais, dos princípios gerados pela cúpula. É óbvio que a face
elitista desta política de reajustes estava nos organismos que iam se formando e na insistência
centralizadora sobre o Partido. Dentre os organismos governamentais, os Grupos de Trabalho seincumbiram de levar aos campos a discussão dos textos elaborados pelo Comitê Central.
O grupo oponente não poderia nunca ficar parado apenas observando os acontecimentos.
Rapidamente houve manifestações da oposição e viu-se sua organização nos últimos momentos,
às vésperas, da Revolução Cultural. As acusações de ambos os grupos ficam cada vez mais
violentas saindo do discurso verbal para a violência física, configurando o início de nova guerra
civil que não chegou a acontecer visto que as discussões ficaram apenas no plenário. Estas
oposições e suas discussões e “guerras verbais” foram a base para o início da Revolução Cultural.Logo no início da Revolução Cultural foi percebida uma contradição em relação aos
reajustamentos políticos propostos no próprio governo de Liu Shao-ch’i. Foram muito
estimuladas a defesa das Associações dos Camponeses, a defesa da economia coletiva, a
necessidade do trabalho manual para os quadros político-administrativos e a desconfiança em
relação aos abusos cometidos pelo PCC. Era necessário um movimento de mudanças para
limpeza destas situações.
Neste momento, em 1964, a Ópera de Pequim começa algo que se tornou, a partir
de então, comum na China: o uso de peças teatrais para fazer críticas políticas. As primeiras
críticas foram a respeito do Movimento dos Cinco Anti e sua atuação sobre o governo,
condenando, claramente, os vícios presentes nos quadros do Partido.
Na mesma época, no decorres da Revolução Cultural, duas instituições basilares da
Revolução Chinesa entraram em contradição novamente: o Partido Comunista Chinês e o
Exército Popular de Libertação.
O EPL liderado por Lin Piao lançou-se, originalmente, na defesa das obras e idéias de
MaoTse-Tung propondo a construção de um socialismo que se opunha às diretrizes quenorteavam o PCC naquela situação. As idéias pregadas pó Mao vinham desde a década de 20 e
seu “Livro Vermelho” já era editado aos milhões e passou a ser o principal alicerce da inspiração
das mentes revolucionárias. Foram formadas equipes de divulgação por todo o território chinês a
fim de defender os ideais do EPL em clara oposição ao PCC. O slogan da campanha era
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“Inspirar-se no Exército Popular de Libertação” e a idéia ganhou adesão de parte considerável do
povo. Algo interessante nesta campanha foi a supressão da hierarquia do exército e abolição das
diferenças de uniforme. Tal medida visava pregar a união dos soldados, oficiais, camponeses
ricos e pobres e operários e diretores. O PCC lançou em luta contra o EPL o slogan: “Inspirar-sena Vanguarda Política” e seus expoentes eram, o então presidente, Liu Shao-ch’i e o diretor do
partido Chu En-lai. Esta campanha de oposição ganhou força e predominou até 1965.
Mao Tse-tung sempre esteve acompanhando os acontecimentos nacionais e
internacionais, mesmo que estivesse momentaneamente como aliado do poder. As contradições
que rondavam as relações com a Rússia chegaram ao seu ápice em 1960 e, neste ano, houve uma
definitiva ruptura entre os dois países. Mao passou a pregar o alicerce do movimento socialista
nas forças do campesinato lideradas pela China e se opôs à idéia de que o futuro do movimentosocialista oriental teria sucesso apenas às sombras o movimento soviético.
“No decorrer de 1965, a hegemonia da orientação prace estar
decididamente pendente para o grupo de Mao. A ênfase na luta contra o
burocratismo, conta o autoritarismo das autoridades, a favor de uma
educação das massas, tornam-se bandeiras que se sobrepõem
nitidamente à linha mais conservadora.” (Discutindo a história, A
Revolução Chinesa. Holien Gonçalves Bezerra, 1986;72)
Para que o socialismo chinês fosse liderado pelas forças camponesas era preciso
restabelecer seu crédito dentro do país, muito abalado pelos acontecimentos nos anos
antecedentes. Então, Mao se preparou para retomar o poder apoiado pela força estratégica do
EPL e por seu comandante Lin Piao e, contando com sua enorme influência pessoal, de fato
chegou ao poder novamente ainda no decorrer da Revolução Cultural.
2.3 – A Revolução Cultural (1966-1976) e Mao Tse-tung
A Revolução Cultural foi, sem dúvidas, um dos acontecimentos chineses que tiveram
maior repercussão no Ocidente. Dentro de sua complexidade, muitos estudos foram feitos de
forma polêmica dividindo opiniões. Mas, de qualquer forma, é impossível negar que foram
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deixados traços sócio-culturais profundos na China, principalmente até a década de 70, quando
estes traços eram óbvios e evidentes. Hoje, restam apenas as conseqüências da Revolução.
Esta complexidade do processo era claramente notada. Tratou-se do avanço das forças
construtivas do socialismo desdobrando contradições fundamentais. É possível perceber ummomento considerado uma verdadeira revolução de massas (1965-1969) e é a Revolução Cultural
propriamente dita; e outro momento caracterizado pelo enquadramento das forças populares pelo
Partido que, revigorado, lutava pela reconquista da hegemonia na direção do país (1969-1976).
Foi uma Revolução que, apesar de ter sido um movimento de massas, foi imposta ao povo
e muitos foram obrigados a deixar casa, escola e faculdade para engajarem no movimento. Além
da obrigação, a repressão foi violenta e a própria nação não gosta de lembrar deste passado e dos
milhões de mortos, não só na Revolução Cultural, como nos outros movimentos do governo nosustento do socialismo.
A Revolução Cultural foi, segundo muitos estudiosos e grande parte da própria população
chinesa, um dos maiores equívocos de Mao como estadista. Escolas e universidades ficaram
fechadas por dez anos, todo o ensino técnico foi suspenso, fábricas paralisadas vezes sem fim,
enquanto a lavoura foi abandonada à ação das pragas. Enfim, para muitos, esta revolução foi um
mal feito à população e retornou o país à situação de miséria descontrolada antes da Revolução
que, nunca foi totalmente eliminada, mas sim, controlada por certo momento.
A revolução liderada por Mao foi, na realidade, um lançamento do fundador de um
regime, chefe do partido no poder, contra os quadros desse partido e contra o erro no qual esse
regime estava a cair .
Em 16 de Maio de 1966, com uma circular do Comitê Central do PCC, escrita por Mao,
estava proclamada que a luta proletária devia se estender do domínio literário e artístico para o
domínio político contra os representantes do revisionismo burguês existentes no partido, na
universidade e no exército. Logo a seguir, em 25 de Maio, surge na Universidade de Peita/Beida
o primeiro jornal de parede ( ta-tzu-pao ) marxista-leninista nacional, também diretamenteinspirado por Mao. Entretanto, Mao, durante os meses de Junho e Julho de 1966 chega mesmo a
retirar-se de Pequim voluntariamente e regressa à capital.
A essa altura o Diário do Povo já falava na Grande Revolução Cultural Proletária
enquanto em 26 de Julho de 1966 foram fechadas todas as universidades por quatro anos.
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Novamente Mao retorna ao poder no XI Plenário do VIII Comitê Central em 8 de Agosto de
1966 derrotando Liu Shao Ch'i. Foi então que surgiu a Declaração dos Dezesseis Pontos acerca
da Grande Revolução Cultural Proletária , onde é pregado o início do novo estágio da Revolução
Socialista para despertar a ousadia e despertar audaciosamente as massas, as quais deveriameducar-se seguindo o pensamento de Mao Tsetung nesta ação da Grande Revolução Cultural
proletária.
Ao mesmo tempo, o ministro da Defesa Lin Piao é nomeado vice-presidente do PCC e
Liu Shao Ch'i é, de fato, destituído do poder e passa para último plano na hierarquia. Em 18 de
Agosto de 1966 oficializam-se slogans como “O Leste é Vermelho” e “Esmagar o Velho Mundo
e Criar um Mundo Novo” , iniciando-se a revolta dos guardas vermelhos.
Como dizia uma decisão do Comitê Central do PCC, o que importa é transformar afisionomia moral de toda a sociedade com o pensamento, a cultura, os usos e os costumes novos
que são próprios do proletariado. A partir de Setembro de 1967, o Exército de Libertação Popular
passou a tentar controlar os acontecimentos enquanto Chu En-lai começa a crescer no governo
com forte apoio de Mao.
O que ocorreu de fato é que certo pensamento de Mao Tse-tung , literalmente interpretado,
transformou num timoneiro dos acontecimentos. Em outras palavras, o pensamento libertou-se do
pensador e se transformou num ponto abstrato suscetível de ser ocupado pela efetiva força que
dominasse o centro do poder.
No entanto, em pooco tempo, Mao perdeu o controle do movimento. Seguiram-se anos de
crises e turbulências que paralisaram o país e golpearam a economia. Os excessos cometidos
levaram o exército a intervir logo em 1969 com o apoio do próprio Mao. Era, na prática, o fim da
Revolução Cultural, que deixou um saldo de pelo menos 34 mil mortos em números oficiais,
entertanto há estimativas que falam em milhões de vítimas.
Possesso pelo poder, Mao eliminou 12 dos 23 membros incômodos governo. A Revolução
Cultural pareceu um golpe de Estado e, no fim, o próprio Mao viu-se obrigado a acabar com omovimento, ordenando a dissolução das Guardas Vermelhas. A decisão de extingui-las foi
aprovada no nono Congresso do Partido Comunista em 27 de abril de 1969 marcando
formalmente o fim da Revolução Cultural. O país, porém, só voltou à normalidade em 1976, com
a morte de Mao.
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Hoje, o governo comunista se refere à Grande Revolução Cultural e Proletária como "dez
anos perdidos. A principal preocupação de Mao não era salvar a ideologia do proletariado. O
movimento foi arquitetado para a consolidação de seu poder e fazê-lo livre de inimigos políticos.
Seus maiores rivais eram dirigentes da ala moderada do PCC, como Deng Xiaoping, que defendiaa liberalização da economia.
Superados os tormentos, é a vez dos novos eleitos, os nove dragões (que na mitologia
chinesa são benignos), pragmáticos de cabeça fria que receberam o Mandato do Céu para
conduzir a nação chinesa frente aos imensos desafios dos anos que se seguiram.
Hoje, a China passa por uma nova Revolução Cultural de maneira correta sem repressões.
Serão construídos, até 2015, mil novos museus de modo que toda grande e média cidade do país
tenha pelo menos um museu funcionando. Uma geração de artistas, engenheiros, cientistas eoutros profissionais educados no exterior podem voltar para casa levando valores ocidentais.
Muitos dos artistas marginalizados nos anos 1980 ocupam hoje espaços privilegiados no mercado
de trabalho da China. Há poucos anos, os artistas que tinham a oportunidade de estudar no
exterior raramente voltavam ao país.
Já a geração atual de engenheiros e cientistas, que teve a educação interrompida pela
Revolução Cultural, em uma ou duas décadas provavelmente será sucedida por uma geração
educada nos Estados Unidos, Europa e Austrália. Para os otimistas, essas pessoas vão conduzir o
país a uma nova China Democrática.
2.4 – O Movimento de Massas e as Forças Populares
Este impulso revolucionário nasceu das críticas à política de reajustamento e é de cunho
urbano tanto em sua origem quanto na condução do movimento nos anos que se seguiram a ele.
Foi um movimento sustentado no EPL e se voltou para a massificação da revolução.
Combateram com fúria os “Quatro Velhos”, os velhos hábitos, a velha cultura, as velhasidéias e os velhos costumes. Nesta luta se propôs a discussão das superestruturas remanescentes
do poder burguês. Tais discussões se deram nos ambientes universitários e da mídia, além das
fábricas. Foram abrangidos muitos assuntos tais como a literatura, o ensino que estava se
voltando ao sou formalismo inócuo, a arte, os hábitos cotidianos que não podiam ser perdidos na
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alienação e no conformismo, o teatro que devia ser fonte de politização das massas e mostrar a
realidade social e outros assuntos relevantes ao futuro da população naquele momento.
Em 1966 o movimento encontrou seu respaldo e foi intensificado nas lutas pela direção do
governo entre as maiorias que disputavam o poder. Mao, apoiado pelo EPL e seu chefe, Lin Piao,também ocupante do Ministério do Exército, se impuseram sobre o adversário Liu Shiao-ch’i.
Foram criadas Escolas de Reeducação de Quadros do PCC nomeadas Escolas 7 de Maio. A
Revolução Cultural teve seu impulso na ala do Partido que rodeava a figura de Mao. Vale dizer
que a situação não se tratava de discutir o Partido, mas sim, reeducar seus quadros que são
recuperáveis e, para isso, era necessário identificar e desmascarar os agentes burgueses
escondidos e infiltrados no Partido.
Foram aprovados em agosto de 1966, os “16 Pontos” pelo Comitê Central do Partido.Estes pontos foram tomados como os verdadeiros princípios da Revolução Cultural, dentre ao
quais podemos ressaltar: combate aos desvios dos quadros pela recuperação, crítica e autocrítica,
combate aos quadros revisionistas do Partido, movimentação das massas, reforma do ensino e da
cultura combinando trabalho manual e intelectual, não esquecer da produtividade fazendo a
Revolução e promovendo-a, busca de novas estruturas políticas além do PCC, reconhecimento da
relevância do papel de Mao e do EPL enfatizando a importância do Partido para a Revolução.
O movimento se radicalizou muito e, mesmo com a proclamação de novas Comunas, o
povo chinês não conseguiu se sustentar por muito tempo. Foi necessária a intervenção de Mao e
dos principais dirigentes do Estado para que a exaltação e o descontentamento do povo não se
tornassem incontroláveis em virtude dos muitos excessos e crueldade de sua Guarda Vermelha
por todo o território da China.
Fazendo frente ao Partido, além dos Guardas Vermelhos, foram criadas outras
organizações Populares como os Comitês Revolucionários da Tríplice Aliança. Os Guardas
Vermelhos eram formados por jovens carregados de ideais revolucionários que se espalharam
pela China a pregar os ideais de Mao. Os Comitês Revolucionários se formaram por representantes das Novas Organizações Populares, membros do EPL e por elementos confiáveis
dos quadros do PCC. A proposta de um igualitarismo social e da democracia direta é muito cara à
juventude revolucionária.
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Também foram realizados milhares de expurgos e, em 1968, o Partido retomou o ritmo da
produção estabilizando as lutas sociais e canalizando as críticas a alguns dirigentes internos do
Partido. Muitas conquistas se incorporaram à política e administração na China, bons exemplos
são as próprias Escolas 7 de Maio e os Comitês Revolucionários da Tríplice Aliança. Isso semcitar as Universidades abertas a soldados, camponeses e trabalhadores, além da ida ao campo
para o aprendizado com as massas e a prática das discussões políticas através dos “dazibaos”.
A grande contradição entre revolução popular, de massa e a burucratização político-
partidária está na tendência de que se resolva m favor desta última, contendo o movimento até
então descontrolado e desorganizado. Em 1969, quando o PCC se reuniu em seu nono congresso,
foi dado o passo crucial para o atrelamento da Revolução Cultural. O PCC foi reestruturado com
grande força.Este nono Congresso do PCC estabeleceu um compromisso entre as duas correntes
vigentes no Partido. De um lado foram aprovadas as bandeiras desfraldadas pela Revolução
Cultural e de outro lado foi estabelecido que as organizações revolucionárias de massa, as
organizações operárias e camponesas, os órgãos de poder do Estado e o EPL ficariam subjugados
à autoridade do Partido. O PCC ganhou, neste momento, a hegemonia política na direção do
governo em sua revolução política.
Este fato marcou o início dos anos que sucederam a Revolução Cultural propriamente
dita. Tal momento caracterizou-se pelo misto entre a tentativa de encaminhar a Revolução
Chinesa para novos rumos e a institucionalização de mecanismos de governo, organização social
e produtiva que se encorparam nos anos anteriores.
Na primeira metade dos anos 70 foi decidido o processo de vida político-partidária do
governo. Mao continuou sendo a figura proeminente e, juntamente com seu grupo, conduziu os
negócios políticos, entretanto, deu poder começa a declinar. Em 1971 já não contava mais com
seu amigo Lin Piao que caiu juntamente com o declínio do EPL. Foram estabelecidos os quadros
anteriores e caídos os principais agentes da Revolução Cultural. O culto à figura de Mao sofreurestrições e o PCC burocrático afirmou sua supremacia restringindo os exageros esquerdistas de
Lin Piao e seus seguidores.
No décimo congresso do PCC foi enfatizada a reconstrução material da China em seu
aspecto econômico. O país precisava caminhar aceleradamente e aprimorando os setores agrícola
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e industrial, sem deixar de modernizar a cultura e a educação. O centralismo foi retomado sem
deixar de lado os pontos positivos da Revolução Cultural e a preocupação com a rentabilidade e
com o lucro das empresas passaram para a prioridade novamente.
Pode-se dizer que a morte de Mao, em 1976, foi um dos momentos mais espertados pelosinimigos da Revolução Cultural e o foco da luta passou a girar em torno do ataque ao “Bando dos
Quatro” a quem foi atribuída a culpa pelos males feitos à sociedade chinesa.. O “Bando dos
Quatro” era composto Jiang Qing (viúva de Mao), Lin Piao, Chen Boda e Kang Sheng e era tido
como o grupo de aoio direto de Mao. Este grupo chefiava a Comuna de Shangai que foi
distinguida pela prática dos princípios da Revolução Cultural sobre o que tinha de mais
importante: a crítica ao Partido e a condução do processo revolucionário pela massa ativa e
desesperada.A política que o grupo governante após a morte de Mao seguiu não é totalmente estranha
ao PCC e, tão pouco, deferente estabelecido com a política de reajustamento nos períodos de
1953-1957 e 1959-1965.
Mesmo que seja difícil aos ocidentais conhecer o sucedido após este período e durante ele,
é possível obter dados reais e palpáveis que nos levam a estas observações e deduções
quantificando os males e/ou benefícios gerados ao povo chinês durante o governo Mao e o
sucessor governo de Deng Xiaoping.
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CAPÍTULO III
A CHINA E AS TENDÊNCIAS MODERNIZADORAS DO SÉCULO XXI
3.1 – A Modernização e o Processo da Desmaoização
Ao término do governo de Mao Tse-tung, foi estabelecida, em 1977, uma nova orientação
que é seguida ininterruptamente até hoje. Esta orientação abrange todos os setores da vida do país
e é uma estratégia de longo prazo para a participação política, a organização social e a produção
econômica. Suas características podem ser percebidas nas Quatro Modernizações: agricultura,
indústria, cultura e defesa. Estes foram os quatro setores do país abragidos por esta orientação.
A agricultura como principal segmento produtivo da China precisava se modernizar. As
novas metas era atingir um sistema mais eficiente de remuneração, maior controle do trabalho
individual e do trabalho coletivo e aquisição de novas tecnologias.A propriedade coletiva
continuou inalterada, entretanto, foi dada maior importância à família e à equipe de trabalho
colocando-os no foco da produção que foi incrementada através da centralização do controle e a
montagem de grandes campanhas de produção também foram aderidas a fim de incrementar a
produção.
O sistema educacional da Universidade aberta a toda a população e o caráter
complementar do trabalho manual e intelectual forma duramente criticados gerando
questionamentos sociais, políticos e econômicos mostrando a fraqueza de quadros altamentequalificados para o exercício de funções mais especializadas. A modernização cultural veio como
conseqüência desta e outras modernizações.
Colégios modernizados e especializados para os jovens multiplicam-se nas
cidades. O critério de entrosamento entre soldados, camponeses e operários foi deixado de lado
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voltando o sistema educacional para a população em geral. Pode-se dizer que visando recuperar
os quadros de qualificação cultural de tarefas de desenvolvimento sociais, o sistema de ensino
procedeu uma volta ao elitismo. Entretanto, a educação tornou-se apenas mais competitiva e não
elitista em sua realidade. Constata-se esta afirmação observando que a seleção passa pelamedição da capacidade intelectual através das boas notas. Obviamente que esta competitividade
exclui jovens menos favorecidos e caminha, naturalmente, para uma tendência elitista, pois os
menos favorecidos não tinham oportunidade de freqüentar escolas em função dos trabalhos nas
zonas de campo.
Outra espécie de modernização importante a se ressaltar é inerente à defesa. O perigo de
dominação estrangeira não podia ser descartado e a busca pela modernização das forças armadas
e seus equipamentos bem como sua reorganização tornou-se uma das prioridades. A hierarquiaabolida em 1965 voltou a fazer parte da vida militar e militares profissionais passaram a ser mais
importantes.
É óbvio que a luta de classes perdeu seu destaque e, após a morte de Mao, o enfoque
social passou a ser o desenvolvimento sócio-econômico. Toda a política de modernização pôs em
cheque todas as propostas da Revolução Cultural.
Apesar de todos os esforços pela modernização da China, o maior problema a se enfrentar
é a enorme força política e psicológica que gira na figura de Mao Tse-tung. Desde 1980 há uma
grande luta contra este culto ao líder conhecido como “Grande Timoneiro” e durante muitos anos
a revolução chinesa foi alicerçada em sua liderança popular e inconsistente. O período da
Revolução Cultural contra o qual o grupo atual lutou bravamente criou unidade e grande
sustentação na figura de Mao. Basta dizer que, entre 1976 e 1980, a luta contra o “Bando dos
Quatro”, do qual a viúva do “Grande Líder” fazia parte e a implantação da política econômica das
quatro Modernizações não atacaram consideravelmente a figura de Mao.
Também foram reabilitados politicamente e postos no poder aqueles agentes que foram
perseguidos durante a Revolução Cultural e muitos ocuparam oficialmente altos cargos nogoverno após o período de reabilitações. Podem ser citados como exemplo os integrantes da
cúpula governamental de 1984: Hua Kuofeng (Presidente do PCC), Ye Xianying, Deng
Xiaoping, Li Xiannian e Chen Yun (Vice-presidentes), Hu Yaobang (Secretário-geral do PCC) e
Zhao Ziyang (Primeiro-ministro).
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A reabilitação destes líderes e a orientação de sua política puseram em ordem de destaque
o declínio dos seguidores de Mao e a força do grupo que venceu a Revolução Cultural em 1976.
Hoje (2007) não há mais perigo de outra Revolução Socialista e a minoria defensora dos
pensamentos de Mao não tem expressão no governo. A meta atual da China é o desenvolvimentoeconômico e social. A disputa política chinesa não está mais em torno destes dois grupos, os
lados são compostos, atualmente, por idéias distintas de progresso internacional.
O maior impulso à desmaoização foi por volta de 1980 e inseriu-se na disputa inicial nos
primeiros anos após a morte de Mao. Foram tomadas medidas aparentemente absurdas como a
diminuição do culto á personalidade de sua figura, continuadas citações de Mao e publicações de
suas obras e a restrição de exposição de fotografias dos líderes da Revolução Socialista. Era dito
que Mao não era Deus e o regime devia se humanizar.É importante dizer que a desmaoização não foi radical e Mao continua considerado “o
Grande Timoneiro” e herói da Revolução de 1949 e o comandante da Grande Marcha e fundador
da República Popular da China. O que efetivamente estava no centro da questão não era a
desmaoização. O contexto girava em torno da luta de Deng Xiaoping e seu grupo contra a
corrente minoritária do Partido que discordava com os rumos que a China tomava. Esta afirmação
pode ser comprovada pela afirmação do Comitê Central desde os anos 80 de que é preciso
divulgar mais a superioridade do socialismo marxista defendido Lênin e Mao Tse-tung visto que
sua contribuição não pode ser negada pela sociedade, mesmo que seus erros não possam ser
encobertos.
Ao fim de 1982, no 12º Congresso do PCC foi atribuída a função maior ao Secretário-
geral e eliminada a figura da Presidência, pois esta se ligava à figura de Mao, que foi o ocupante
do cargo presidencial desde 1945 até 1976. Na verdade, a questão era eliminar o grupo maoísta
reorganizando e consolidando o poderio do Partido, inclusive, com a exclusão deste grupo das
cadeiras do congresso.
Este expurgo (reorganização e consolidação) fez perceber que o prestígio dos partidáriosmaoístas (extremistas de esquerda) ainda era grande. Tanto é verdade que a medida apregoada
pelo Comitê era de que o expurgo deveria ser praticado tanto contra as tendências de
liberalização burguesas quanto em contraposição à ideologia ultra-esquerdista. O PCC
determinou o início do expurgo pela oposição à corrupção oficial e pela busca de privilégios
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particulares, além da influência ocidental. A maior propaganda se concentrou, oficialmente, na
“poluição espiritual”, exatamente contra esta influência ocidental tão subversiva.
A corrente predominante no governo dizia que os expurgos deveriam ser praticados com
cautela a fim de evitar os mesmos exageros cometidos durante a Revolução Cultural. Os númerosoficiais falam em cerca de 40 milhões de membros inscritos no Partido, dos quais mais ou menos
3 milhões foram expurgados.
3.2 – Privatização da Economia e Tendências Consumistas
A partir de 1959, as Comunas Agrícolas deram sinais de rentabilidade onde a noção de
propriedade não pertencia ao Estado. Isso caracterizou a organização produtiva da China nestaépoca. A propriedade era coletiva e os comuneiros produziam coletivamente. A mesma noção de
coletividade se estendeu para as cidades em seus conglomerados produtivos urbanos e em suas
fábricas. A socialização chinesa trouxe a participação efetiva dos trabalhadores como uma
conquista.
O ritmo da produção chinesa não era satisfatório se comparássemos com o volume
produzido na ocasião. Portanto, A nova conduta dizia que o novo regime social tinha seus
entraves. Assim, foi permitida maior abertura à busca do lucro e da organização do trabalho,
baseando-se, não mais nas brigadas de trabalho, mas em menores unidades de trabalho. Esta
abertura atingiu os setores comercial, industrial e agrícola. As propriedades particulares já não
eram mais combatidas e agentes geradores de riqueza se multiplicaram: donos de restaurantes,
lojistas, vendedores e donos de lotes de terra para produção.
Entretanto, ficou muito claro, em uma visita do ex-presidente estadunidense Ronald
Reagan, à China, que, tratando-se de propriedade privada dos meios de produção, o mais natural
é sua condenação enquanto visto sob o aspecto de regime econômico-social. Na época, foi
censurado um trecho de um de seus discursos que se referia às vantagens da propriedade privadasobre a propriedade coletiva e, neste momento, ficou muito clara a rigidez do controle estatal
sobre algumas concepções na China.
Junto com este senso de privatizações, uma constatação freqüente entre os costumes
chineses é o fato de que bens duráveis e de consumo tiveram alta em suas demandas,
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principalmente em se falando sobre hábitos de vestimentas. Era latente o incremento do setor
comercial.
Com a privatização da economia e as novas tendências consumistas que vinham do
Ocidente, as grandes cidades começaram a ter um movimento nunca visto antes. O padrão devida começou a se elevar e os salários e remunerações foram pelo mesmo caminho junto com as
relações sociais e a dinâmica do cotidiano da população. A quantidade e a qualidade dos produtos
dos produtos consumidos foi decisivamente influenciada trazendo a criação de modismos e
modas que forçaram os responsáveis pelo equilíbrio mercadológico a planejar os estoques de
acordo com a demanda que era crescente.
A procura por padrões de vida mais dinâmicos, como os ocidentais, era inerente ao
momento vivido pela nação e, ainda hoje, vemos seus reflexos. A economia chinesa cresce a umamédia superior à incrível taxa de 11% a.a. a alguns anos. São metrópoles construídas a cada ano e
a cultura capitalista vem ganhando força com seu modo competitivo de encarar o dia-a-dia. Para
a China se tornar agressiva no mercado internacional é preciso agir como os líderes da corrida de
desenvolvimento global (E.U.A., Japão, Alemanha, Inglaterra, os Tigres Asiáticos e outros).
Neste processo de modernização, o PCC incentivou a indústria leve e a produção de bens
de consumo para a exportação a fim de obter divisas. Secundariamente, iniciou-se a procura de
artigos importados, principalmente os japoneses e os estadunidenses. Neste momento a fama de
“capital da pirataria” começou a fazer sentido para os ouvidos do Ocidente. A China iniciou um
procedimento de engenharia reversa para tudo o que importava e, aprendendo como montá-los,
fazia milhões de cópias e as lançava no mercado internacional.
É óbvio que, com o processo de modernização contínua e sua crescente competitividade, a
China aprendeu e apreendeu os procedimentos e, atualmente, lança produtos de qualidade
superior no mercado. Um bom exemplo é a questão de calçados e outros bens de consumo não-
duráveis. Não são mais vistas as cópias com nomes parecidos claramente distinguidas dos
originais. Camisas de marcas como Nike e calçado como os da marca Mizuno têm cópias tão fiéisque muitos consumidores chegam a comprar os “piratas” em lugar das originais. Enfim, após a
Revolução Cultural, com a liberação da moda, o consumo de produtos de maior qualidade só
aumenta.
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Este aumento vertiginoso do consumo encoraja muitos analistas a verem, neste fenômeno,
o fracasso do socialismo em sua política de austeridade e os faz constatar uma enorme
necessidade da busca pelo consumo realizando sua existência.
Muitos diziam que esta fase era apenas uma etapa necessária, entretanto, ao longo destesvinte e sete anos, desde 1980, não há nada que o sistema político-econômico do socialismo tenha
previsto neste avanço dos modos capitalistas de vida.
O aumento do poder aquisitivo é visto como um dado positivo dentre as conquistas do
regime socialista e que trará maior demanda de bens de consumo. Mas não se pode negar que as
influências capitalistas são o que está por trás deste aumento. Sem esta competição dinâmica não
há estímulo para a demanda e o consumo certamente cairá. A tentativa do grupo de Deng
Xiaoping de modernizar a China evitando o consumismo desenfreado do Capitalismo Ocidentalteve de ser posta de lado e o país precisou ceder para entrar na corrida internacional da
globalização.
3.3 – Relações com o Mundo
Desde os idos de 1980, com a consolidação do fim de toda a influência da Revolução
Cultural de Mao e com o fim da luta contra o “Bando dos Quatro” pela mesma época, é que se
percebe que a abertura da China ao mundo é algo que se tornava inevitável. Pode-se, até mesmo,
dizer que esta constatação é latente desde os primeiros anos da década de 70.
Com o fim do período de construção/reconstrução da nação chinesa, quando foi feita a
opção pela confiança em suas próprias forças, a China começou a se abrir para o Ocidente.
Todavia, os dirigentes da nação não podiam esquecer sua sofrida história sob a força de nações
estrangeiras. Logo, é de deduzir que esta abertura não foi sem relutâncias nem contou com o
esquecimento dos perigos de ver a grande massa dominada pelos grupos opressores internos.
Foram mais de trinta anos para que a China chegasse ao atual estado de aberturaeconômica e é possível afirmar, sem qualquer dúvida, que parte desta situação internacional
chinesa é fruto da necessidade de se relacionar com outros países a fim de puro crescimento
sócio-econômico e político.
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Seus contatos foram, cautelosamente, feitos com os EUA recebendo a visita do presidente
Nixon em 1971 e, depois, em 1979, reatando relações diplomáticas. Outras aberturas foram mais
tênues e desconfiadas nesta época, o que comprova a afirmação de a abertura econômica da
China foi, em parte devida à necessidade de crescimento frente à globalização que se firmava jánaquela época. Se não fosse, em parte por isso, porque começar a se abrir à mercadologia global
pelos Estados Unidos (que desde a Primeira Guerra Mundial vinha se destacando no cenário
mundial em crescimento constante de sua economia)?
A partir dos anos 80, a China se abriu mais agressivamente a outros países capitalistas
como Japão e Alemanha e, na década de 90, foi a vez da abertura aos países como Brasil e
Argentina. Hoje, as visitas de chefes de governo à China são numerosas e o capitalismo está
totalmente ciente do significado que mais de 1,5 bilhões de habitantes representa à simplesrelação população + consumo = crescimento capitalista, principalmente hoje, que o poder
aquisitivo dos habitantes do país está aumentando. Aquele que conseguir este mercado estará,
certamente, um passo à frente da concorrência.
Um exemplo, apesar de antigo, mas, ainda, muito atual de que a concorrência global
supera as diferenças entre regimes e, o mercado potencial da China é mais importante, é a visita,
em abril de 1984, do presidente Reagan dos Estados Unidos à China. É sabido e notório que
Reagan foi um anticomunista ferrenho e defensor categorizado do capitalismo. Enfrentando os
humores do conservadorismo estadunidense o então presidente dos EUA buscou cooperação
pacífica e desenvolvimento econômico e, sem perder a oportunidade, o presidente brasileiro
viajou em setembro de 1984, em encontro à liderança chinesa, visando a ampliação de suas
relações comerciais.
Quanto à URSS, suas tensões coma China ainda permaneciam. Sabe-se que as relações
entre comunistas chineses e soviéticos não se estreitaram. Os desentendimentos cresceram ainda
mais no período em que a URSS foi considerada, por Mao, o principal inimigo do socialismo em
função de seu crescimento e expansionismo imperialistas. Os pontos de atrito continuaram e seampliaram: mísseis SS-20 apontados para a China. Tropas soviéticas na fronteira, a ocupação
soviética do Afeganistão, o apoio da URSS à intervenção vietnamita no Camboja e outras
situações de enfrentamento.
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Neste quadro mantinha-se um equilíbrio instável na ordem internacional onde três
mundos se embatiam: EUA, URSS e a República Popular da China. Contudo, a extinção da
União das Repúblicas Socialistas Soviéticas mudou este jogo tornando-o mais estável pois com a
abertura econômica da China e o enfraquecimento do socialismo em seu interior e a extinção dosocialismo soviético, há um largo caminho livre para o capitalismo norte-americano vencer este
jogo, ou melhor, aumentar seu domínio sobre o que já está ganho.
As influências capitalistas são tão evidentes que em certos aspectos não apenas a China
como todo o Oriente está de certa forma, aculturado. A cultura ocidental já faz parte da vida do
dos povos sino-orientais e está de tal forma absorvida que o que se vê hoje é uma outra expressão
cultural que incorpora influências milenares e mais recentes de dois hemisférios distintos. Basta
olhar de qualquer janela para ver uma loja McDonald’s ou uma peça de alguma grife de bolsas ou jóias e, até mesmo influências musicais.
Mesmo assim, é óbvio que o povo chinês merece a simpatia e a admiração e respeito de
todo o mundo. Com uma história de humilhações e imposições de toda sorte, viu seus filhos
morrerem de fome e serem consumidos pelo inimigo ideológico do imperialismo ocidental. Foi
nesta situação que insurgiu uma nação forte em espírito e que se revoltou e não sucumbiu às
derrotas. Finalmente, após mais de vinte anos de guerra em uma ditadura forte e violenta de
quase trinta anos mais a China se impôs e venceu a opressão externa nas figuras imperialistas e
exploração interna alcançando posição de destaque no mercado internacional.
Com a globalização e internacionalização de negócios, as migrações são outro ponto
crucial para a mescla das culturas orientais e ocidentais. Os imigrantes chineses carregam sua
cultura para além de suas fronteiras e, da mesma forma os povos ocidentais levam sua bagagem
cultural para o Oriente. A medicina chinesa e os milênios de sabedoria de sua cultura fazem parte
da vida de muitos cidadãos do Brasil, Canadá, França, Portugal e outros países. Em contrapartida,
o dinamismo e o consumismo norte-americanos alcançaram a China, o Japão, Cingapura, Coréia
do Sul, Taiwan e praticamente toda Ásia.O mundo caminha para além de aberturas econômicas. Este foi apenas mais um passo
neste processo de “encolhimento do mundo” aqui representado pelo fenômeno da globalização,
onde a China tem uma posição privilegiada e de destaque. A tendência é que a integração entre
países seja o alvo do sucesso das relações internacionais e, novamente faz necessário citar que, a
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importância da população chinesa de mais 1,5 bilhões de pessoas será crucial para decidir o
futuro do Comércio Internacional. Também é óbvio que a China já tem seu lugar garantido neste
cenário.
É fato que crises sempre virão, mas são situações cíclicas. Sempre se extinguem e surgemnovas crises, só é preciso saber administrá-las como fez a Ásia desde o fim do regime maoísta,
demonstrando ser a região de maior crescimento. Após dez anos da crise financeira que assolou a
economia asiática em 1997, o maior continente é, novamente, a região que mais cresce e a que
mais suscita temores de uma nova crise econômica, mas desta vez, seria uma crise de proporções
globais.
Estudiosos que observam a região vêem riscos no excesso de dinheiro que inunda os
mercados internacionais e, ao mesmo tempo, vêem semelhanças entre o otimismo com o SudesteAsiático dos anos 90 e a atual China neste início de século. A grande questão não é a
possibilidade de uma crise pela qual a China passe. O ponto é quando isso ocorrerá e qual será o
real impacto sobre a economia global. De certa forma a China se tornou sócia de do capitalismo
globalizado visto que, hoje, a economia internacional depende muito mais da Ásia que em 1997.
As relações com Sudeste Asiático, em especial com a China, são mais que indispensáveis nas
cadeias produtivas da indústria e dos serviços em todo o mundo.
Percebe-se que, na atual conjuntura, a China continuará desempenhando o papel, segundo
vários economistas, de motor da economia mundial enfrentando pequenas perspectivas de um
desaquecimento econômico radical e, portanto, livrando-se de futuros depressões político-
econômicas. As reformas da economia, as privatizações, a abertura para o capital estrangeiro e os
investimentos em educação e tecnologia têm condição de manter o país aquecido por muitos
anos. O respaldo para estas afirmações são as estatísticas que comprovam o crescimento chinês
nos últimos anos, saindo de 9,3% em 1997, atingindo sua mais considerável baixa em 1999 com
o índice de 7,6% e superando-se em 2006 alcançando a marca dos 10,7%, enquanto os Tigres
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Asiáticos4 tiveram sua maior marca alcançada em 1999 pela Coréia do Sul com o percentual de
9,5%.
Percebe-se que a China foi a única economia a passar incólume pela crise de financeira de
1997 e, após o colapso cambial de seus vizinhos, foi ela quem ajudou a levantar a Ásia com suamáquina exportadora de insumos que usa insumos e componentes eletrônicos produzidos no
continente asiático.
Na crise da década passada, o continente asiático era o lugar onde existiam todas as
possibilidades e falava-se que o século XXI seria o século do Pacífico e daria o fim da era da
hegemonia econômica dos EUA e da Europa. Apesar de não ser totalmente verdade, tem-se uma
possibilidade de que isso realmente ocorra, mas não neste início de século. Em 1997, a crise foi
apenas financeira, gerada por apostas arriscadas e incontroladas de investidores e por má gestãode dívidas empresariais.
Era inesperada a recuperação ocorrida no auge da crise. Foram ataques especulativos tão
intensos e contagiantes que a história teve marcado seu primeiro abalo da fase mais intensa da
globalização no momento em que quase todas as barreiras aos fluxos de capital haviam sido
quebradas e as crises alcançaram uma velocidade incomparável.
Neste momento, os “Tigres Asiáticos” (Hong Kong, Taiwan, Coréia do Sul e Cingapura)
e os pequenos tigres (Malásia, Tailândia e outros) foram muito prejudicados pelos investidores
que, nos anos de 1997 e 1998, sacaram mais de duzentos bilhões de dólares da região, o que
alarmou e agravou a crise intensificando seus reflexos. As moedas perderam cerca de 50% de seu
valor atingindo até o Brasil, quando o real, em 1999 despencou na mesma crise.
Desde então, os países da região sudeste asiática vêm mostrando que aprenderam com o
ocorrido. Estão montando seus fundos de reserva, independentemente de qualquer custo, pois a
4 Os “Tigres Asiáticos” são pequenos países, em relação à economia mundial, que possuem uma
população inexpressiva e cresceram e continuam se expandindo de maneira rápida. Os primeiros “Tigres Asiáticos” foram Coréia do Sul, Taiwan, Hong Kong e Cingapura e começaram a se desenvolverna década de 80. Hoje temos um novo grupo de países composto por Tailândia, Malásia e Indonésia,apresentando características semelhantes aos Tigres dos anos 80 e, ao que tudo indica, novos Tigressurgirão pelos próximos anos.
In: http://www.juliobattisti.com.br/tutoriais/arlindojunior/geografia025.asp (Acesso em 22/11/2007)
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lição foi amarga. A combinação de déficit externo e câmbio controlado formam um convite à
especulação.
Entretanto, apesar da dependência do mundo em relação à China, seu crescimento, que
supera a fantástica taxa dos 10% anuais é instável. Isto se explica pelo fato de que no limite nãohá condição para obtenção de recursos para sustentar uma população de mais de 1,5 bilhões de
habitantes. Estimativas dizem que em, no máximo, dez ou quinze anos, a economia asiática
passará por outra crise, de proporções razoáveis. Muitos chegam a dizer que os ataques
especulativos de 1997 foram um teste para o capitalismo Oriental.
Falando mais especificamente do processo de abertura da economia chinesa, em 1994 foi
dado início a uma nova fase do intercâmbio comercial entre a China e o continente latino
americano, mais especificamente com o Brasil. As exportações Brasil-china superaram os 1,4 bilhões de dólares, ou seja, 34,6% a mais que o ano de 1993 e um terço superior que o
intercâmbio entre América Latina e China. A América Latina é vista como uma grande parceira
estratégica para o século XXI e é esperado pela China que este intercâmbio aumente em 6,67
vezes nos próximos anos passando de 0,6% para 4% do conjunto de Comércio Internacional da
China.
Ao se abrir para a economia mundial, a China aumentou sues US$ 4 bilhões exortados aos
EUA para US$ 154 bilhões em 2003 enquanto o Brasil, por exemplo, passou de US$ 6,8 bilhões
para US$ 17 bilhões no mesmo período.
Pode-se dizer que é contraditório que, apesar de suas características comunistas, as
exportações são realizadas por empresas transnacionais instaladas no país e representam 50% das
vendas, subindo para entre 70% e 90% ao tratar de bens de bens de capital e produtos eletrônicos.
Hoje, grande parte da pauta de exportações da China refere-se à produtos tecnológicos e bens de
consumo que, “piratas” ou não, com a mão-de-obra chinesa barata, levantam somas invejáveis
aos outros países que estão competindo no mercado internacional.
3.4 – A China e o Aquecimento Global
Hoje temos o perigo iminente pelo qual a Terra passa de um cataclismo ambiental. Se
parte das mudanças no âmbito do Comércio Internacional se devem à China, parte dos problemas
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ambientais também podem ser atribuídos a este país. Alguns especialistas de algumas
universidades dos EUA publicaram um alerta dizendo que a civilização é ameaçada pelo
aquecimento global. Não são palavras de eco terroristas, são importantes cientistas divulgando
estudos sérios sobre o futuro que afetará toda a população. Estes mesmos cientistas tambémcriticam o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas da ONU por subestimar o grau de
elevação do nível do mar neste século em decorrência do derretimento das geleiras e das
coberturas de gelos dos pólos.
As recentes emissões de gases do efeito estufa põem o planeta em risco de uma dramática
mudança climática que pode se descontrolar pondo em risco não apenas a humanidade, mas todo
o ecossistema planetário. São necessários esforços intensos para reduzir as emissões de CO2 e
outros gases do efeito estufa. É um fato que o clima de todo o mundo está passando por mudanças que podem mudar para sempre o rumo da humanidade.
Pois se falamos de diminuir as taxas de poluentes que causam mudanças climáticas
devemos falar sobre aqueles que mais emitem poluição na Terra. Levando-se em consideração o
tamanho de sua população e sua indústria relativamente atrasada em relação aos países
desenvolvidos, porém em modernização, a China é um dos países que mais contribuem para o
aquecimento global, junto com os EUA e os outros países desenvolvidos. Não é difícil imaginar a
poluição gerada pela frota do país mais populoso. É necessário entender que o aquecimento
global não é um fato isolado. Tudo que envolve o meio ambiente é parte de uma complicada rede
ode um fato exerce influência sobre outro um pouco maior até chegarmos a um problema maior
que afeta toda uma comunidade.
O aquecimento global contribui para o derretimento das geleiras polares e,
consequentemente, eleva o nível dos mares e afeta todo o clima dos países. Para combater este
mal estão sendo tomadas importantes medidas a nível nacional e internacional. Um exemplo a
citar seria o Tratado de Kyoto, assinado em 1992, que entraria em vigor alguns anos mais tarde. É
composto por países de todos os continentes e que visa a diminuição da emissão de poluentes naatmosfera evitando o aumento do aquecimento global.
Entretanto, a China, juntamente com os EUA vem se recusando a assinar o tratado desde
sua criação e, juntos, vem aumento seu lançamento de gases respondendo, atualmente por mais
de 36% de toda a emissão mundial ignorando, claramente, esta situação. Alguns estudiosos dizem
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que a humanidade teria apenas cerca de mais dez anos para tomar as devidas providências a fim
de promover o regresso do aquecimento global.
Segundo os cientistas, a China, juntamente com os outros países emissores de gases na
atmosfera promovem a pressão, nada natural exercida sobre o clima através das atividadeshumanas que exercem ameaçando, até mesmo, uma alteração climática tão drástica que poderia
gerar um cataclismo5. Com o derretimento das geleiras polares e o aumento do nível domar países
inteiros poderiam sumir do mapa e outros, como a própria República Popular da China, poderiam
perder territórios e ter suas atividades econômicas influenciadas ou totalmente modificadas.
5 Um cataclismo é definido como uma grande inundação ou, até mesmo um dilúvio e, em
proporções mais abrangentes, poderia ser descrito como uma transformação geológica de
proporções gigantescas. In: http://www.priberam.pt/dlpo/definir_resultados.aspx_dicionariovirt
(Acesso em 24/11/2007)
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CAPÍTULO IV
CONSIDERAÇÕES SÓCIO-ECONÔMICAS SOBRE A CHINA
4.1 – China, a nova Superpotência
O acelerado desenvolvimento dos setores não-estatais tem dinamizado muito a economia
chinesa. Fora do olhar do monopólio estatal, o país tem mais condições de competir no mercado
internacional e, de fato, vem ganhando força e já reconhecida como superpotência. Ainda há
grande intervenção do Estado na economia, mas as privatizações vem ganhando seu terreno
rapidamente. Basta observar que, em 1994 a produção industrial estatal chinesa chegava a 48%
do total, a indústria coletiva atingia os 38,2% e as indústrias privadas de capital nacional e
estrangeiro estavam em 13,5%. Deve-se mencionar que este quadro é de um país que, na década
de 80 tinha índices que não a metade destes números de 1994 e em 2005 está caminhando para o
dobro. Hoje, seguramente, mais da metade dos preços dos produtos agrícolas industrializados são
determinados pelas regras vigentes no Comércio Internacional Capitalista.
Nos últimos quinze anos, a China estabeleceu um sistema de administração do comércio
exterior que respeita as normas internacionais, abolindo todos os subsídios à exportação. Na
década de 90, Pequim reformou o sistema de divisas e eliminou a dupla taxa de câmbio adotando
o sistema de taxa flutuante. N primeiro trimestre de 2007 foram, mais uma vez, reduzidas às
tarifas de transações internacionais de centenas de variedades de mercadorias. Consequentementea tudo isto, a economia chinesa se atrela cada vez mais à economia global e se fortifica com o
passar do tempo. Em 2006, o volume global das importações da China atingiu 236,7 bilhões de
dólares, representando 45% do PNB chinês, levando-o à décima primeira posição.
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Este desenvolvimento econômico também trouxe bons resultados para o meio rural. A
produção chinesa de cereais aumentos de 300 milhões para quase 500 milhões de toneladas entre
1968 e 2000. Em tese, com apenas 7% das terras cultiváveis do planeta a China alimenta cerca de
22% da população mundial com a marca de vinte e três milhões de empresas nos camposempregando mais de cento e vinte milhões de pessoas entre o final de 2006 e o início de 2007. O
cenário atual da China é de uma pequena queda de competitividade, o que mostra a reação das
nações concorrentes, entretanto, não é nada que abale o crescimento chinês. O poderio
econômico da China é alcançou níveis tão grandes que mesmo reconhecendo que um quinto dos
produtos que estão fora do padrão sua balança comercial continua a níveis satisfatórios e suas
relações comerciais continuam a crescer.
O PIB de 2006 da China foi revisado 11% e suas reservas aumentaram cerca de 40%.Hoje a nação chinesa está situada como a quarta maior economia do mundo e com esta revisão de
seu PIB se aproximas mais da terceira e estima-se esta posição seja roubada da Alemanha ainda
este ano. Se for assim, a China ficará atrás, apenas, dos Estados Unidos e do Japão. Esta revisão
faz notória a estatística que mostra que o crescimento de 2005 havia sido de 10,4% contra 10,1%
e 10% em 2004 e 2003, respectivamente.
As reservas cambiais da China são as maiores do mundo e subiram ao recorde de US$
1,33 trilhão no final de junho deste ano. Com isso, foram intensificadas as pressões para que o
governo valorize o iuane6 mais rapidamente. O volume de reservas cresceu 41,6% em função do
aumento das exportações para o segundo trimestre de 2007 superando os 37% registrados para o
primeiro trimestre de 2007.
As reservas cambiais chinesas são muito grandes e diminuir a liquidez que alimenta a
inflação e as bolhas formadas nos ativos são um grande problema. A inflação do país já atinge
países ocidentais ricos. Percebe-se esta influência sobre o mercado quando observamos, por
exemplo, o mercado imobiliário. Os imóveis residenciais chineses não estão sendo fechados em
contratos de aluguel que se prolonguem até agosto de 2008 pois a tendência é de fechamento comestrangeiros por um valor mais alto em função da alta inflacionária que atingiu o país.
Preços de alimentos e bebidas não param de subir desde junho de 2006 atingindo
aumentos de 15% para bebidas e 30% para alimentos. Para não perder margem de lucro, os
6 Iuane é a moeda chinesa. In: Gazeta Mercantil, Caderno Internacional , 12/07/2007 A-15
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comerciantes estão tendo de aumentar seus preços com altas de até 15% dependendo do produto
ou serviço.
A aproximação das Olimpíadas marcadas para agosto de 2008 está encarecendo o custo de
tudo na China, principalmente aos arredores de Pequim, onde será sediada. Neste período acapital da China será uma cidade muito mais cara para estrangeiros e para a classe média e alta da
nação. Tendo em vista que o maior peso está sobre os índices de preços ao consumidor, em
produtos como alimento e de limpeza, o Escritório Nacional de Estatísticas, equivalente ao IBGE
na China, ainda não detectou o fenômeno. Ainda assim, as maiores altas estão no setor
imobiliário, com altas de até 100%. Entretanto, outros setores seguem as altas absurdas.
Ainda que não seja percebida pelos chineses de menor renda, a alta de alguns preços está
na mira do governo, que não quer pressão de alta enquanto a inflação acelera. Em 2006, o Índicede Preços ao Consumidor acumulou uma alta de 1,5% com a trajetória de alta dos preços e a
inflação do trimestre ficou em 2,7%.
A situação é confortável e, até mesmo, com o surto de Síndrome Respiratória e
Reprodutiva Porcina (doença conhecida como “orelha azul”) a oferta de carne suína (a mais
consumida na China) foi reduzida e, com isso, seus preços foram elevado ao maior patamar da
última década.
Parece não importar aos olhos de leigos, mas estes fatos estão provocando, segundo a
mídia chinesa, os aumentos dos preços da carne dede vaca e outros alimentos como ovos, frango
e peixe. Estão sendo feitas campanhas internas a favor da contensão das doenças que atingem os
rebanhos chineses, garantindo a exportação saudável de carnes e alimentos para a região.
Fazendeiros estão aderindo à campanhas de vacinação e cuidando para que seus rebanhos não
prejudiquem a economia local. Com isto o governo da China tem procurado conter esta pequena
desestruturação no setor alimentício e, com certeza, tem tomado providências quanto aos outros
setores da economia.
Este é apenas um de muitos exemplos de influência da China sobre a região geográfica emque se situa. Contudo, também há um lado, talvez mais comentado, que diz respeito às
influências sobre os países com os quais não faz fronteira. Um exemplo a ser citado é a crise
chinesa que explodiu no mundo, afetando bolsas de valores por todos os países. Com isto, o
Banco Central do Brasil já tomou sua posição de alerta.
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O mercado esperava que o Copom promovesse um corte de 0,5 ponto percentual na
semana próxima à crise, em março de 2007. Entretanto, a turbulência que atingiu a China deixou
o BACEN em clima de pânico. Os economistas se assustaram com as sugestões prudentes do
órgão monetário e não realizar a redução da taxa básica de juros. É notável como a crise pela quala China passou deixou os economistas brasileiros apreensivos a ponto de mudar uma reunião do
Copom.
4.2 – O Sistema de Saúde Chinês, o Trabalho Escravo e a política do Filho Único
Em mais algumas breves considerações sócio-econômicas, vale à pena falar sobre o
sistema de saúde, políticas como a do filho único e condições de trabalho na China. Écontraditório como uma das economias que mais crescem no mundo ainda seja acusada de
trabalho escravo e de manter um sistema de saúde que, precariamente oferecido pelo governo,
não apresenta melhoras significativas para a população.
Os chineses sofrem com o sistema de saúde, aos olhos do mundo, ineficaz. Em muito se
notam semelhanças com o sistema de países em desenvolvimento no Ocidente, como o Brasil,
por exemplo. São muito comuns senhas por demais demoradas, filas de espera e pagamento de
consultas.
Pacientes frequentemente, precisam se deslocar horas de viagem até a capital por acharem
seus hospitais melhores que os do interior e, por vezes são orientados chegar de madrugada para
entrarem na fila de espera e comprarem suas senhas. As falhas do sistema público de saúde
chinês são claras e se contrapõem ao sistema antes da década de 80, que se pretendia universal,
gratuito e padronizado para todos os hospitais do país. Por conta das falhas detectadas, o governo
decidiu anunciar a segunda etapa da reforma urbana do sistema de saúde. Foi criado um plano
subsidiado para que uma faixa da população tenha acesso a hospitais por um baixo custo.
Todavia, o problema vem de anos atrás. Não é devido a proposta universal e gratuita deassistência médica que o sistema anterior pudesse ser superior. No regime maoísta, só os doentes
terminais iam ao médico e os hospitais eram defasados tecnologicamente. A maioria da
população morria em casa e sem atendimento especializado ou usando técnicas da medicina
chinesa, na tentativa de cura. O sistema era gratuito, mas poucos tinham acesso.
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Atualmente, é oferecido um plano de saúde compartilhado, pago por cidadão e empresas
que buscam serviços médicos com descontos, mas muitos ainda não têm acesso à saúde pública.
Estima-se que cerca de 120 milhões de chineses estejam cobertos pelo plano e, para tornar mais
complexa a situação, o plano de saúde é restrito às cidades da costa lesta do país.O fato é que, mesmo com a oferta de plano de saúde do governo (que é muito restrita),
mais da metade da população tem de pagar seus tratamentos com recursos próprios e este número
chega a 650 milhões de pessoas. Infelizmente não há hospitais gratuitos e as despesas de saúde
são caras, principalmente nos campos, aonde as despesas médicas chegam a consumir cerca de
40% da renda mensal dos chineses com doença na família.
As estatísticas mostram que aproximadamente 60% dos camponeses morrem em casa por
falta de atendimento ou pela própria lentidão do sistema. O governo admite, inclusive que oscamponeses são os mais desamparados pelo sistema de saúde, segundo o professor Tang Jun7.
Mesmo com a denúncia do vice-ministro da saúde da China a respeito do encarecimento dos
tratamentos de saúde, o sistema continua inalterado. A solução encontrada pela população foi a
economia ou os empréstimos para financiamento dos tratamentos médicos.
Esta denúncia do vice-ministro só criou mais respaldos para a sustentação do parecer da
OMS de que o sistema de saúde chinês tem falhas. Em primeiro lugar, alguns médicos se deixam
corromper por laboratórios farmacêuticos através de propinas para indicação de seus remédios
nas receitas, mesmo que sejam mais caros. Além, disso, com a determinação do governo de que
os hospitais estatais visem ao lucro, muitos médicos estão pedindo exames desnecessários aos
pacientes.
As novas regras determinam que o paciente deve usar o sistema de saúde de seu local de
nascimento, com isso o governo passou a desestimular o êxodo rural a fim de facilitar o
atendimento médico nas cidades, onde está a maior densidade populacional. O cidadão não apena
não pode contribuir com um plano de saúde como, desta forma, precisará pagar pelos serviços
médicos das cidades. No início de 2007, foi comunicado que o governo chinês está estudando o oferecimento
de seguros de saúde pelo setor privado. Isso seria uma opção para desafogar o sistema. O
7 Tang Jun é professor da Academia de Ciências Sociais da China e consultor do governo para a reforma do sistemade saúde. In: O Globo, O Mundo, 05/08/2007.
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ministro da Saúde, Gao Qiang, cogitou a possibilidade de permissão de hospitais 100%
estrangeiros como forma de baixar o custo do sistema. Entertanto, dos treze mil hospitais
existentes na China, 10,8% são voltados para estrangeiros e chineses ricos. Consultórios médicos
particulares ainda são proibidos.Quanto à questão de condições de trabalho, a China é reconhecida pelo baixo custo de
mão-de-obra que incide diretamente sobre o preço final do produto barateando-o. Com a maior
população do planeta, a China convive com a questão do trabalho escravo em escala que nenhum
país imagina.
O governo está adotando uma política de tolerância zero com uso de pena de morte e
prisão perpétua contra escândalos de corrupção e grandes crimes. Em 17 de junho de 2007, um
tribunal chinês condenou vinte e oito pessoas à prisão perpétua e uma pessoa à pena de morte por utilização de mão-de-obra escrava em uma fábrica de tijolos. Além destes, outros vinte e sete réus
indiretos receberam condenações por envolvimento no maior escândalo trabalhista da China.
A acusação foi pelo mantimento de cerca de mil operários em condições de escravidão,
dos quais muitos eram crianças, idosos e deficientes mentais. Este escândalo levou à seqüelas
irreversíveis tanto mentais quanto físicas aos trabalhadores e violou seus direitos fundamentais e
trouxe grande negativismo à reputação da China nas Relações Internacionais. A mídia estatal
vem pedindo punições cada vez mais severas recomendando como exemplo para que outros não
cometam as mesmas condutas.
Em relação à questão populacional, a China vem adotando a chamada política do filho
único, além de outras medidas, com muito afinco e buscando resultados. A questão da densidade
demográfica é um problema que preocupa o governo chinês e de todos os países pela possível
falta de recursos que o planeta, possivelmente, enfrentará em algumas décadas. Com esta política
o governo tenta controlar a taxa de natalidade e mantê-la baixa.
A China manterá esta política nos próximos cinco anos segundo publicações e
divulgações do próprio governo. Continuará sendo permitido apenas um filho por casal econtinuarão sendo cobradas multas cada vez mais severas, de até R$ 150 mil, por cada criança
que ultrapasse a cota estabelecida pelo governo. Entretanto, muitos não seguem esta política.
Autoridades da China levantaram acusações sobre dois mil funcionários públicos que
violaram a política do filho único e serão aplicadas multas que podem chegar aos R$ 150 mil
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reais por criança dependendo da província ou região em que ocorra o processo. As taxas são
fixadas no Programa Nacional de População e Planejamento e as multas já foram anunciadas para
o começo do ano de 2009 e serão aumentadas para todos os que não respeitarem as restrições.
4.3 – O Turismo, a Economia Chinesa e os Clubes Privês
O Turismo é uma crescente na China moderna. O número de turistas chegou a 49,6
milhões em 2006 e o segmento já responde por 6% da economia chinesa. O país está aprendendo
a aproveitar sua história milenar para gerar receitas nacionais através da indústria do turismo e do
lazer. Milhões de pessoas estão dispostas a gastar e gerar lucros pelo lazer.
A abertura do setor turístico do país está aumentando no decorrer dos últimos anos.Muitos procedimentos para entrada de estrangeiros e concessão de vistos foram facilitados e
simplificados seguindo orientações da Organização Mundial do Comércio (OMC). O que vem
comprovar que a China está buscando gerar riquezas através das influências ocidentais e
mantendo relações diplomáticas abrindo-se ao capitalismo.
Alguns anos atrás eram necessárias autorizações formais do governo, além de um gasto
de US$ 573 mil para poder ter um registro oficial, operar pacotes dentro da China e ter uma
parceira autorizada a montar pacotes para o exterior. Os chineses tinham suas saídas do país
restringidas e os turistas embarreirados na entrada. Hoje estes procedimentos são facilitados
justamente para que o turista chinês tenha a oportunidade de regressar ao país de destino sem
problemas e o turista estrangeiro possa retornar à China e gerar mais riquezas.
A lista de países considerados destinos turísticos autorizados está sendo ampliada pelo
governo. Hoje, 132 países podem ser visitados pelos chineses sem que se pague uma autorização
do próprio governo chinês e o Brasil está na lista. Segundo estatísticas, 34,5 milhões de turistas
chineses viajaram para o exterior e em 2020 a estimativa é de que sejam 100 milhões.
Ao mesmo tempo em que turistas ocidentais geram riquezas à China, os turistas chinesesestão aumentando em número e quantidade. É um mercado recíproco enquanto o governo chinês
se abre ao turismo, incentiva seus habitantes a visitarem os países com os quais mantém relações
diplomáticas. Sem sombra de dúvidas os países de sua carteira de relações comerciais terão as
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visitas de turistas chineses facilitada a fim de gerar receita mútua para a China e seu parceiro no
Comércio Internacional.
Junto com a indústria do turismo, outros segmentos se agregam e formam um bloco de
setores produtores de riqueza. Um deles é o segmento de alimentos. Um exemplo interessanteseria a comida chinesa cujo conhecimento e know-how foi exportado para países como o Brasil.
A rede China in Box do empresário Robinson Shiba é fruto da globalização e indústria do
turismo na qual a China, indiretamente, influenciou em sua carreira empreendedora. Quando em
viagem a outro país conheceu a comida chinesa, o empresário trouxe a idéia para o Brasil e
montou sua empresa. Hoje é dono de um faturamento de aproximadamente R$ 40 milhões.
Da mesma forma que exportando seus costumes para o mundo, é possível agregar este
conhecimento e usá-lo a favor da indústria do turismo. O governo chinês está investindo em planos de turismo e incrementando sua mão-de-obra do setor. São milhares de guias turísticos e
ambientes atrativos nas cidades tornando o país convidativo e próximo ao Ocidente para que o
turista sinta-se à vontade e voltar a visitar a China.
Com as facilidades de entrada e saída de turistas e investimentos no segmento, uma nova
fonte de renda surge para a China aproximando-a ainda mais do Ocidente. Com o uso de idiomas
universais como o inglês as relações ficam ainda mais estreitas e o uso do dólar como moeda
internacional de troca reafirmam isso.´
Não há um restaurante nas cidades que não tenha ambientes VIP onde seja possível gastar
muito dinheiro e consumir demasiadamente os produtos vindos dos países ocidentais. E não se
estende só às boates, até hospitais, têm carteiras VIP para quem quer pagar por mais conforto até
casas de massagem lançam carteiras VIP para quem procura algo além de uma simples
massagem.
Entretanto, a indústria turística traz uma vida noturna mais intensa ao país por conta das
procuras dos turistas. Isto só causa intensificação das influências ocidentais e, de certa forma,
enfraquecem a cultura do povo. Os clubes privês são prova disso, de que a cultura VIP está sendoimplantada no país. Estes clubes são as maiores atrações turísticas da vida noturna chinesa e
rendem altos valores devido aos gastos altos dos turistas. Seus títulos podem chegar a custar US$
15 mil, os individuais, e US$ 40 mil, os corporativos, além de mensalidades de US$ 180.
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A condição VIP dá acesso ao conforto mais caro oferecido ao turista, que passa a dispor
de salões, salas de jantar, festas, bares, eventos de degustação, campeonatos de golfe, restaurantes
e auditórios, além de uma rede de relacionamentos que inclui os maiores e principais executivos
de multinacionais e principais funcionários do governo chinês, embaixadores e governadores. É ocaso do Capital Club.
Fundado em 1994, é o clube prive mais antigo de Pequim e o preferido de executivos e
altos políticos. Conta com oitocentos membros e é o mais procurado pelos estrangeiros, além de
ser o mais aberto em suas rede de relacionamentos, recebendo mais de 90% dos diretores-
executivos das grandes empresas chinesas. Para ser sócio é preciso ser convidado e/ou indicado
por algum membro, o que inicia um processo de apadrinhamentos onde o padrinho é responsável
pelo novo sócio. O sucesso dos clubes privês é devido ao regime comunista da China.Socialmente, após anos de opressão, os ricos chineses sentem a necessidade de ter um espaço
social onde não haja repressão e opressão de nenhuma espécie.
Entretanto, os clubes privês são boas fontes empresariais para a China. Tanto chineses
quanto estrangeiros têm negócios no país e os clubes fazem questão de manter 505 de sócios
chineses e 50% estrangeiros para promover s contatos profissionais com empresários do exterior.
Isso abre portas para que empresários levem suas empresas para a China e gerem riqueza no país
agregando valor aos seus produtos.
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CAÍTULO V
BRASIL E A ECONOMIA CHINESA
5.1 – Brasil e sua Relação com a China
A relação entre Brasil e China vai além de boas relações diplomáticas. A República
Popular da China é um concorrente voraz no mercado. Ainda que estejam se mantendo relações
comerciais benéficas para o governo brasileiro, a cúpula chinesa tem sido dura ao concorrer e
criticar as decisões comerciais brasileiras. O Brasil, portanto, encontra-se em desvantagem contra
a China.
Das empresas nacionais, 25% sofrem com concorrência chinesa e 12% das mais
expressivas produzem na China. Detalhando um pouco mais, observa-se, segundo a
Confederação Nacional da Indústria, que uma em cada quatro empresas enfrenta a concorrência
dos produtos chineses. No grupo de empresas que decidiu usar a China como plataforma de
produção, 7% têm fabricação própria e 5% terceirizam parcialmente as atividades.
Isso ocorre porque muitos produtos entram no Brasil subfaturados ou contrabandeados.
Até setembro de 2006, entraram de três a quatro milhões de pares de tênis declarados por menos
de US$ 1,00. No mercado internacional, 54% das empresas exportadoras sofrem muito com aconcorrência chinesa e com o dólar enfraquecido e os juros e a carga tributária brasileira elevados
temos um cenário bastante desfavorável para a economia brasileira e sua concorrência contra a
economia sino-asiática.
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As empresas também têm tentado enfrentar esta concorrência reduzindo custos e
aumentando qualidade diferenciando marcas e reduzindo margens de lucro, principalmente. Além
disso, há os empregos que estão em jogo nesta luta contra o governo chinês. O Brasil tem gerado
mais vagas do que perde no comércio com chineses, mas mesmo assim, a ameaça é crescente.Mesmo com a invasão de produtos chineses em lojas, supermercados e, principalmente, nos
insumos usados pela indústria nacional, o Brasil ainda está na frente neste quesito.
Pesquisas constatam que as exportações brasileiras para a China geraram cerca de 560 mil
empregos em 2005. Esse número esconde uma pauta de exportações extremamente concentrada
em produtos de baixo valor agregado como commodities agrícolas e minério de ferro, intensivos
em mão-de-obra pouco qualificada. Entretanto, o câmbio deixou de ser um elemento de
compensação para a alta carga tributária e o pesado ônus trabalhista brasileiro.Em contrapartida, a China tem melhorado seu parque industrial e suas exportações tem
sido de produtos mais sofisticados. Nos quatro primeiros meses de 2007, o Brasil aumentou em
119,5% suas importações de máquinas e equipamentos da China frente ao mesmo período de
2005. Alcançando a marca US$ 330,07 milhões, o governo chinês saltou para a posição de quinto
maior vendedor desses produtos para o Brasil, segundo dados da Associação Brasileira da
Indústria de Máquinas (Abimaq).
Hoje, o Brasil não compra apenas brinquedos chineses. Em nossa pauta de importações
contam máquinas e aparelhos eletrônicos. É evidente que, para acompanhar os chineses, o Brasil
precisa sofisticar sua pauta de exportações e investir em produtos mais elaborados que
commodities agrícolas. Dessa forma, a China vem tirando espaço de bens/produtos brasileiros no
mercado geral. Um exemplo é o fato de que a participação de aparelhos de TV brasileiros nas
importações argentinas diminuiu de 88% para 35% contra um aumento de 1% para 35%na
participação da China no mesmo segmento.
Isso é um problema para o Brasil porque alem de enfrentar a concorrência chinesa em
praticamente todos os mercados, o Comércio Internacional do brasileiro vem perdendo espaço para a China na pauta de importações da Argentina (sua vizinha e parceira no Mercosul) e de
outros países que sempre mantiveram relações comerciais estreitas com a nação brasileira.
Apesar de toda esta concorrência e das promessas do governo chinês de reduzir o ritmo
das exportações. Nosso concorrente asiático vendeu US$ 16,88 milhões a mais do que comprou
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e, portanto, o superávit chinês voltou a crescer em abril de 2007. Isso se deve ao fato de que o
principal parceiro comercial da China (a União Européia) negociou US$ 103,6 bilhões
constatando um aumento de 29,5% em relação ao mesmo período de 2006. Este superávit asiático
não influencia apenas o Brasil. Os Estados Unidos apontam a China como principal responsável pelo recente déficit estadunidense visto que o país asiático tem registrado superávits consecutivos
nas relações comerciais com os Estados Unidos.
Uma das principais reclamações dos norte-americanos é em relação à moeda chinesa
(yuan). Segundo a administração de Washington, ela é mantida subvalorizada, favorecendo as
exportações asiáticas e prejudicando as exportações dos Estados Unidos. Esta é uma situação que
a China vem mantendo a algum tempo e os dados mostram que a desaceleração abrupta de março
foi resultado de alguns fatores temporários e a tendência geral de rápido crescimento do superávitchinês não se alterou em nada nos últimos meses.
5.2 – Brasil x China: Diferenças na Semelhança
A China é um país que em tudo se difere e aproxima do Brasil. O terceiro maior mercado
das exportações brasileiras é reflexo da necessidade voraz de levar milhões de pobres ao mercado
de trabalho e consumo. Assim como o Brasil, os chineses absorvem a modernidade de maneira
rápida e criam um quadro em que a população plugada à internet cresce a ponto de ameaçar
supremacia estadunidense em quantidade de internautas on-line.
Contudo, é a mesma população que apresenta algumas contradições como motoristas de
táxi que encontram dificuldades para levar seus passageiros ao destino por dificuldades em ler os
letreiros em mandarim. Como o Brasil, o consumo de veículos cresceu muito entre 2002 e 2003,
e, mesmo assim, as bicicletas continuam a ser o maior meio de transporte pelas ruas das cidades
chinesas e isso aumenta em muito o risco de acidentes no trânsito.
Os chineses são simpáticos, assim como os brasileiros, entretanto, o esforço para secontrolar uma população como esta exige grande esforço e controle social e político. Enquanto o
Brasil luta para acelerar seu crescimento através da mídia e a China luta para não deixar seu
desenvolvimento acelerar demais. Lá, a inflação anual não é problema (6%) e aqui também não é
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problema (3,8). Entretanto, o investimento direto estrangeiro é incomparável: US$ 53,5 milhões
na China em 2003 e US$ 10 milhões no Brasil frente ao mesmo período.
Percebe-se que as reservas internacionais da China chegaram a US$ 403 bilhões em
dezembro de 2003. A China é a maior esponja do mundo e um comprador de aço, cimento eminério de ferro. Atualmente, o Brasil está em uma de suas mais importantes missões no
Comércio Internacional. São quase 500 pessoas que vão aproveitar esta prosperidade, entre eles
temos ministros, assessores, governadores e empresários. E estes funcionários não devem perder
esta oportunidade, pois em entrevista, o primeiro ministro chinês Wen Jibao disse que a China vai
reduzir sua taxa de crescimento de 9% para 7%.
Atualmente Brasil e China negociam um acordo para a abertura do mercado chinêspara
produtos agroindustriais, em especial, para as carnes. Mas, ao contrário do que se esperava, ogoverno chinês não está propenso a assinar um tratado sanitário. Outras negociações estão seno
feitas a fim de concordar com a abertura das exportações brasileiras de frutas cítricas para a
China em troca de importação de outras frutas chinesas.
Quanto aos investimentos bilaterais, estão sendo negociadas aplicações maciças de
recursos da China em ferrovias e portos em troca de minérios e soja. Enquanto isso a Embraer
está entrando no mercado de aviação regional por meio de joint-venture com a chinesa Avic II,
enquanto a Petrobrás conclui uma aliança estratégica com a Sincopec ara a prospecção de
petróleo no Brasil, na China e em outros mercados.
Brasil e China são dois países emergentes que não têm interesses hegemônicos como as
grandes potências. É óbvio que ambos são de regiões promissoras e podem ser ótimos parceiros
nas áreas econômicas, política ou comercial. A delegação de empresários brasileiros já
demonstrou o interesse do setor privado brasileiro nas negociações com a China. Desde 2003 que
o governo chinês é o terceiro maior mercado para as exportações brasileiras. Além desta situação
do setor privado brasileiro, temos a participação do Brasil e da China na OMC e no Conselho de
Segurança das Nações Unidas.
5.3 – A Economia Chinesa e o Foco na Concorrência
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A China não deixa de tirar seus olhos da concorrência. É um país atento às mudanças do
Comércio Internacional. O governo da China, em suas relações com o Brasil, está atento ao fato
de que uma em cada quatro empresas brasileiras enfrenta sua concorrência. E sabendo disso, a
China, ataca impiedosamente, pois tem a certeza de que seus números são melhores.A Confederação Nacional das Indústrias mostra que 52% das empresas que disputam o
mercado com a China já registraram queda nas vendas e no exterior este percentual sobe para
58%. Além disso, grandes empresas já têm sua produção feita, em grande parte, na China. O
processo de competição com a China está se intensificando e o governo chinês está atento a isso.
O grupo de empresas que decidiu usar a China como plataforma de produção, 7% têm
fábrica própria no país asiático e 5% terceirizam parte das atividades. Entre os setores que fazem
parte deste quadro, temos o setor automotivo, o de materiais elétricos, o de máquinas e outros.Segundo alguns economistas, a internacionalização das indústrias brasileiras é positiva e só se
tornará prejudicial caso afete a indústria nacional.
Em mercados como o doméstico, os setores mais prejudicados são o têxtil, de vestuário, e
de equipamentos hospitalares e calçados. De cada três empresas têxteis, duas sãovíti,as da
concorrência chinesa. É uma concorrência forte e difícil. Muitos dizem que o setor está
massacrado, aja vista a importação de quatro milhões de calçados da China para o Brasil em 2004
que aumentou para 14,7 milhões em 20066.
Muitos produtos entram no Brasil subfaturados ou contrabandeados. No mercado
internacional, das exportadoras 54% das empresas exportadoras sofrem com a ameaça chinesa.
Nesse grupo, 6% deixaram de atuar no exterior e 88% das exportadoras de móveis e de madeira
perderam clientes. O dólar enfraquecido e juros elevados são as principais causas disso.
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CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
Neste trabalho monográfico, analisamos as questões que estabeleceram e consolidaram as
bases da China como potência emergente e seu processo de transformação sócio-econômica que a
levaram ao atual status de superpotência. Observamos que através da história a República
Popular da China alicerçou suas bases e, atualmente, a economia global depende da economia
chinesa e tem seu futuro atrelado à ela.
Não é possível entender o atual momento pelo qual passa a China sem antes analisarmos
sua história e seu passado enquanto nação dominada pelo imperialismo ocidental e sua Revolução
Socialista liderada por Mão Tse-tung em 1949. Foram mostradas e observadas em uma análise
histórica as bases do socialismo chinês e sua relação com o mundo capitalista. Tais circunstâncias
foram importantes para marcarem a nação chinesa e dar a conscientização de coletividade e
produção para o todo e não para o individual.
Foi de suma importância que se passasse pelas reformas em que foram desapropriados
bens e terras e passado à propriedade coletiva das Comunas Agrícolas. A China soube dividir sua
riqueza ou, pelo menos, o que havia para ser distribuído. Apesar da miséria, o país reduziu a
criminalidade e a pobreza a níveis aceitáveis para seus padrões internos com uma proposta deuniversalização e coletividade de serviços públicos como a saúde, por exemplo. A República
Popular da China, governada por Mao teve seus pontos favoráveis no tocante à distribuição de
terras e produtividade coletiva.
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Entretanto, mesmo que a proposta socialista conduzida pelos grupos maoístas até o
governo fosse, teoricamente, boa, houve momentos negos na história da China sob a mão do
Partido Comunista Chinês. A própria Revolução foi prova disso. Escolas e Universidades foram
fechadas por cerca de quatro anos e a censura política e cultural foi tão opressiva que os númerosoficiais de mortos são desconhecidos mas as estimativas dizem que giram na casa dos milhões. É
fatídico que a Revolução chinesa trouxe o fim da divisão de classes, mas por outro lado, a nação
inteira conheceu o lado negro que um regime político extremista pode assumir se chegar ao
poder, independentemente do apoio ou da reprovação da população. Todavia, mesmo com os
excessos do regime, a figura do governante maoísta permaneceu cultuada até hoje.
Pode-se dizer que o Socialismo, enquanto repressor das condutas capitalistas, ao mesmo
tempo, estimulou a abertura da China ao Capitalismo Ocidental. O governo e o PCC queriammais competitividade para a China no Mercado Internacional e a única saída seria sua abertura ao
capital estrangeiro e, após a morte de ao Tse-tung, em 1976, com o fim da Revolução Cultural,
começou o processo de abertura da China.
Hoje, as influências ocidentais são tão grandes que a própria população incorporou parte
do estila capitalista de vida. Talvez esteja incorporando totalmente o estilo capitalista. O
consumismo tomou lugar na vida Oriental e a China é a locomotiva que está puxando toda a
Ásia. Basta observar que a pauta de exportações chinesas só aumenta e os produtos e bens de
consumo estão mais quantitativos e competitivos, influenciando inclusive, o Brasil e preocupando
as maiores potências do planeta, como os EUA e o Japão. Afinal, a população de mais 1,5 bilhões
de habitantes é o mercado mais visado para os exportadores e o mais preocupantes para o cenário
internacional.
Pelo exposto nesta monografia, a posição ocupada pela China foi conquistada através de
muitas lutas e conflitos internos e, atualmente, seu estado é de uma nação vitoriosa pois além de
eliminada a diferença de classes, o país, apesar das atuais dificuldades, está em constante
crescimento, aja vista a taxa de crescimento anual que supera os 10% anuais.Enquanto superpotência pode-se dizer que a China está mudando os rumos da
globalização e tudo o que se pensa a respeito de Comércio Internacional deve levar em conta os
rumos da nação mais populosa. O poderio chinês chega a níveis que influenciam toda a economia
mundial com sua pauta de exportações. Qualquer mudança é sentida pela concorrência global.
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O PIB chinês já está entre os dez maiores PIB’s do mundo e suas reservas internas são tão
altas quanto a de países como Alemanha e Japão. Um PIB que se aproxime do terceiro lugar,
ficando atrás apenas dos EUA e do Japão, como é o caso da China, deve ser levando muito em
consideração quando revistas as pautas de importação e exportação de um país. Uma soma comoesta é consideravelmente influenciadora de mercados.
As exportações e importações de minérios, por exemplo, foram muito sentidas pelo
Brasil, basta observar a situação da compra de metais em escala tão grande que os estoques
mundiais ficam baixos. Com isso, a venda é feita de maneira monopolizada, pois os estoques
ficam concentrados em grande parte sob domínio da China.
Dentro desta ótica buscou-se esclarecer como e porque a China ocupa tão alto prestígio no
Mercado Global. Através de políticas de abertura econômica e com políticas de exportação, semassumir dividendos internacionais. Foi assim que o país mais populoso de todos conseguiu se
desenvolver sem arcar com dívidas internacionais como as do Brasil.
Com suas próprias forças o país se reergueu do imperialismo e iniciou uma jornada
penosa e de muito sofrimento para o povo. Entretanto, mesmo que contra a vontade de seu
principal expoente, o regime socialista foi apenas uma fase de transição, como deveria ser na
teoria para se chegar ao estado comunista. Contudo, o caminho da China,que passou pelo
socialismo, não segue para o Comunismo.
Este destino ainda é incerto, mas uma certeza já está sobre o mundo, o Comunismo não
será o destino final da economia chinesa. Sua abertura tende para o Capitalismo e, com a extinção
do maior expoente socialista, a União Soviética, a ideologia comunista se enfraqueceu muito na
China. Mesmo que ostente o status de último bastião socialista/comunista do mundo, a China não
tem intenção de levar seu regime político até o fim, pelos menos é o que parece. Tudo indica que
ainda será visto um misto entre socialismo e capitalismo que, talvez, se perpetue por muitas
décadas ainda.
Por fim, basta dizer que o regime chinês deve ser respeitado e, mesmo que hajacontradições internas, o país tem total interesse em combatê-las. O próprio trabalho escravo é
exemplo atual disso. Está sendo lançadas condenações como a própria pena de morte contra maus
tratos e trabalho escravo para que a imagem da China não fique manchada perante a OMC e a
ONU logo agora que o país está se engajando nas organizações que controlam a economia global.
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Qualquer regime político tem suas dificuldades, o que se pode esperar é que todos lutem
para elimina-las e extingui-las. Assim caminharemos para uma sociedade mais justa, se socialista
ou capitalista, isso só o futuro nos dirá uma vez que as relações econômicas tem um peso crucial
para estas decisões. A unia coisa que se pode afirmar é que o capitalismo ainda perdurará por muitas décadas e seu fim, mesmo que querido e previsto, não pode ser precisado.
Nova Friburgo, 28 de novembro de 2007,
Wanderson Daflon Vieira Junior
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http://www.foreignaffairs.org/20050901faessay84503/david-zweig-bi-jianhai/china-s-global-hunt-for-energy.html. Acesso em 1806/2007 às 20Horas.
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Tel: (22) 2522-4260(22) 9222-0497(22) 9968-8317(22) 9981-1760
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