Boa, bonita e sustentável

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64 | invista | setembro outubro | 2010 estilo de vida ||||||||||||||||||||||||||| [ Com soCiedade Cada vez mais preoCupada Com os impaCtos ambientais, a sustentabilidade Chega à deCoração por Tabata Pitol boa,bonita e Não basTa aPeNas mobiliar, é Preciso decorar. Contratar arquitetos e designers de interior se tornou item de desejo de quem já realizou o sonho da casa própria. Mas em uma sociedade cada vez mais preocupada com os impactos ambientais e o futuro do planeta, a decoração não pode ser apenas boa e bonita. É preciso ser sustentável! A sustentabilidade - definida pelo Relatório Brundtland (elaborado pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, em 1987) como o desenvolvimento que satisfaz às necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades - tem ganhado cada vez mais espaço na sociedade moderna. Após esse conceito ser utilizado em produtos de limpeza, embalagens de cosméticos e construções, che- gou a hora de a decoração se tornar sustentável. O mercado não perdeu tempo. Já há diversos produtos para decoração que têm a sustentabi- lidade como uma de suas principais qualidades. São madeiras certificadas (para pisos, paredes e móveis), porcelanato e cerâmica reciclada, fi- bra natural, couro ecológico, bambu, ladrilhos hidráulicos, pastilhas de coco, fibras obtidas em SUSTENTÁVEL Fique atento Madeira certificada Só compre produtos de ma- deira com certificado FSC de procedência. A certificação flo- restal garante que determinada empresa ou comunidade obtém seus produtos manejando sua área florestal segundo deter- minados princípios e critérios. Existem dois tipos de certifica- ção. Uma diz respeito ao mane- jo florestal e certifica que a flo- resta foi utilizada de acordo com os princípios e critérios do FSC. A outra é certificação de cadeia de custódia, voltada às indús- trias que processam e vendem produtos florestais, rastreando a matéria-prima desde a flo- resta até o consumidor. Eletroeletrônicos Na hora de equipar sua casa com eletrodomésticos e apare- lhos eletrônicos, prefira sem- pre aqueles com selo do Procel (Programa Nacional de Con- servação de Energia Elétrica). O selo foi criado para ajudar o consumidor a escolher os pro- dutos que apresentam alta efi- ciência energética e menores impactos ambientais. Tintas Opte por tintas ecológicas, ela- boradas com matérias-primas naturais, sem componentes sintéticos ou insumos deriva- dos de petróleo. Ao contrário das tintas com COVs (com- postos orgânicos voláteis), que liberam hidrocarbonetos aro- máticos, as tintas à base de água não agridem a camada de ozônio nem prejudicam a saúde de quem as manipula e o am- biente em que são aplicadas. Também evite usar tintas em spray e adote rolos e pinceis. O spray dispersa parte da tinta no ar, o que pode causa proble- mas respiratórios e alergias. Conheça ambientes sustentáveis de arquitetos renomados Neste ambiente, chamado de espaço para a Nova era, os arquitetos Ugo di Pace, raul di Pace e maria di Pace utilizaram recursos como o muro ecológico e materiais sustentáveis como piso drenante, telhas de fibra vegetal, pintura de parede feita com terra, pastilhas de vidro reciclado e lona de caminhão para os estofados. Todo o revestimento da construção deste loft, feito por Fernanda mar- ques, foi executado em madeira reciclada. além disso, o mobiliário conta com o selo verde da Fsc (Fo- rest stewardship council). Troncos de árvores vindas da bahia foram transformados em pilares de sus- tentação, além de servir de apoio para uma mesa criada pela profis- sional. Neste terraço gourmet, o arquiteto Fabio Galeazzo utilizou tecidos natu- rais nos estofamentos, palhas vindas de buriti (ma), um futton em palha com couro feito em tear manual e móveis em madeira de demolição. Para homenagear o cineasta e arqui- teto de formação Fernando meirelles, a designer marília brunetti de cam- pos Veiga criou este loft utilizando no piso madeira de demolição. sustentabilidade também para crian- ças. Neste projeto de camila Dias Domingues foram utilizados tijolos de demolição e piso vinílico ecologi- camente correto. o mezanino ao fun- do do quarto foi feito com madeira de reflorestamento. adriana Helú, carolina oliveira e ma- rina Torre utilizaram neste ambiente madeira de demolição, cimento quei- mado nas paredes e iluminação feita com leD. o mapa-múndi tridimen- sional é feito com retalhos de madei- ra reciclados estilo de Capital aberto até mesmo a Fibria (empresa resultante da união, em 2009, da aracruz celulose e da Votorantim celulose e Papel), que negocia suas ações na bm &Fbovespa sob a sigla de Fibr 3, contribui com a sustentabilidade na hora de decorar. a artista plástica ana Paula castro criou, com sobras de madeira lyptus - desenvolvida pela companhia com o cruzamento de duas espécies de eucalipto - uma nova tendência para revestimentos que consiste em reaproveitar partes de madeira para formar um mosaico com desenhos diversos. garrafas PET, aço inoxidável, borracha recicla- da, entre tantos outros. ”Na hora de decorar pensando na susten- tabilidade, pequenas escolhas fazem grande diferença, como tintas à base de água, uso de madeira certificada ou bambu, que, além de ser uma matéria-prima renovável, possui ciclo (tempo de crescimento) mais curto que um eu- calipto. O reúso é uma boa opção, renovando a utilização de móveis e peças já existentes, além de peças de material reciclado (alumínio, papel, tecido), que estão em alta no momento”, afir- ma a arquiteta pós-graduanda em design para a sustentabilidade Marcia Isey. A arquiteta desmistifica ainda a ideia de que levar a sustentabilidade em conta na hora de decorar eleva os gastos. “Isso não é necessa- riamente verdade. Se o objetivo é fazer uma de- coração altamente tecnológica, será cara. Mas podemos utilizar técnicas mais simples, reali- zando um bom projeto com materiais adequa- dos”. Ainda segundo Marcia, mesmo produtos que custam mais caro em um primeiro momen- to podem ser vantajosos, como a iluminação de LED, que reduz o gasto de energia e se paga em alguns meses. FOTOS DIVULgAçãO/CASA COR SP TABATA PITOL 65 2010 | setembro outubro | invista |

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64 | invista | setembro outubro | 2010 652010 | setembro outubro | invista |

estilo de vida |||||||||||||||||||||||||||[

Com soCiedade Cada vez mais preoCupada Com os impaCtos ambientais, a sustentabilidade Chega à deCoração

por Tabata Pitol

boa, bonita e

Não basTa aPeNas mobiliar, é Preciso decorar. Contratar arquitetos e designers de interior se tornou item de desejo de quem já realizou o sonho da casa própria. Mas em uma sociedade cada vez mais preocupada com os impactos ambientais e o futuro do planeta, a decoração não pode ser apenas boa e bonita. É preciso ser sustentável!

A sustentabilidade - definida pelo Relatório Brundtland (elaborado pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, em 1987) como o desenvolvimento que satisfaz às necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades - tem ganhado cada vez mais espaço na sociedade moderna. Após esse conceito ser utilizado em produtos de limpeza, embalagens de cosméticos e construções, che-gou a hora de a decoração se tornar sustentável.

O mercado não perdeu tempo. Já há diversos produtos para decoração que têm a sustentabi-lidade como uma de suas principais qualidades. São madeiras certificadas (para pisos, paredes e móveis), porcelanato e cerâmica reciclada, fi-bra natural, couro ecológico, bambu, ladrilhos hidráulicos, pastilhas de coco, fibras obtidas em

SUSTENTÁVEL

Fique atentoMadeira certificadaSó compre produtos de ma-deira com certificado FSC de procedência. A certificação flo-restal garante que determinada empresa ou comunidade obtém seus produtos manejando sua área florestal segundo deter-minados princípios e critérios. Existem dois tipos de certifica-ção. Uma diz respeito ao mane-jo florestal e certifica que a flo-resta foi utilizada de acordo com os princípios e critérios do FSC. A outra é certificação de cadeia de custódia, voltada às indús-trias que processam e vendem produtos florestais, rastreando a matéria-prima desde a flo-resta até o consumidor.

EletroeletrônicosNa hora de equipar sua casa com eletrodomésticos e apare-lhos eletrônicos, prefira sem-pre aqueles com selo do Procel (Programa Nacional de Con-servação de Energia Elétrica). O selo foi criado para ajudar o consumidor a escolher os pro-dutos que apresentam alta efi-ciência energética e menores impactos ambientais.

TintasOpte por tintas ecológicas, ela-boradas com matérias-primas naturais, sem componentes sintéticos ou insumos deriva-dos de petróleo. Ao contrário das tintas com COVs (com-postos orgânicos voláteis), que liberam hidrocarbonetos aro-máticos, as tintas à base de água não agridem a camada de ozônio nem prejudicam a saúde de quem as manipula e o am-biente em que são aplicadas. Também evite usar tintas em spray e adote rolos e pinceis. O spray dispersa parte da tinta no ar, o que pode causa proble-mas respiratórios e alergias.

Conheça ambientes sustentáveis de arquitetos renomados

Neste ambiente, chamado de espaço para a Nova era, os arquitetos Ugo di Pace, raul di Pace e maria di Pace utilizaram recursos como o muro ecológico e materiais sustentáveis como piso drenante, telhas de fibra vegetal, pintura de parede feita com terra, pastilhas de vidro reciclado e lona de caminhão para os estofados.

Todo o revestimento da construção deste loft, feito por Fernanda mar-ques, foi executado em madeira reciclada. além disso, o mobiliário conta com o selo verde da Fsc (Fo-rest stewardship council). Troncos de árvores vindas da bahia foram transformados em pilares de sus-tentação, além de servir de apoio para uma mesa criada pela profis-sional.

Neste terraço gourmet, o arquiteto Fabio Galeazzo utilizou tecidos natu-rais nos estofamentos, palhas vindas de buriti (ma), um futton em palha com couro feito em tear manual e móveis em madeira de demolição.

Para homenagear o cineasta e arqui-teto de formação Fernando meirelles, a designer marília brunetti de cam-pos Veiga criou este loft utilizando no piso madeira de demolição.

sustentabilidade também para crian-ças. Neste projeto de camila Dias Domingues foram utilizados tijolos de demolição e piso vinílico ecologi-camente correto. o mezanino ao fun-do do quarto foi feito com madeira de reflorestamento.

adriana Helú, carolina oliveira e ma-rina Torre utilizaram neste ambiente madeira de demolição, cimento quei-mado nas paredes e iluminação feita com leD. o mapa-múndi tridimen-sional é feito com retalhos de madei-ra reciclados

estilo de Capital abertoaté mesmo a Fibria (empresa resultante da união, em 2009, da aracruz celulose e da Votorantim celulose e Papel), que negocia suas ações na bm &Fbovespa sob a sigla de Fibr 3, contribui com a sustentabilidade na hora de decorar. a artista plástica ana Paula castro criou, com sobras de madeira lyptus - desenvolvida pela companhia com o cruzamento de duas espécies de eucalipto - uma nova tendência para revestimentos que consiste em reaproveitar partes de madeira para formar um mosaico com desenhos diversos.

garrafas PET, aço inoxidável, borracha recicla-da, entre tantos outros.

”Na hora de decorar pensando na susten-tabilidade, pequenas escolhas fazem grande diferença, como tintas à base de água, uso de madeira certificada ou bambu, que, além de ser uma matéria-prima renovável, possui ciclo (tempo de crescimento) mais curto que um eu-calipto. O reúso é uma boa opção, renovando a utilização de móveis e peças já existentes, além de peças de material reciclado (alumínio, papel, tecido), que estão em alta no momento”, afir-ma a arquiteta pós-graduanda em design para a sustentabilidade Marcia Isey.

A arquiteta desmistifica ainda a ideia de que levar a sustentabilidade em conta na hora de decorar eleva os gastos. “Isso não é necessa-riamente verdade. Se o objetivo é fazer uma de-coração altamente tecnológica, será cara. Mas podemos utilizar técnicas mais simples, reali-zando um bom projeto com materiais adequa-dos”. Ainda segundo Marcia, mesmo produtos que custam mais caro em um primeiro momen-to podem ser vantajosos, como a iluminação de LED, que reduz o gasto de energia e se paga em alguns meses.

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