BODIN. Montagem de Fotos Panorâmicas

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7/21/2019 BODIN. Montagem de Fotos Panorâmicas http://slidepdf.com/reader/full/bodin-montagem-de-fotos-panoramicas 1/10 Minha afeição pela fotografia de natureza, em geral, e de paisagem, em especial, é muito grande. Atendendo a uma solicitação do Conseil général des Hautes-Alpes para a elaboração de um livro, decidi ilustrar a inacreditável diversidade de paisagens dessa região. A fotografia panorâmica foi uma escolha natural e  optei pela técnica de montagem para reproduzir o que o olho humano percebe e adivinha à margem de seu campo de visão, o que chamo de “fotografia perceptiva”. Essa técnica de montagem com Photoshop possibilita a utilização de ângulos de visão horizontais que ultrapassam 180  o , permanecendo, no entanto, dentro das proporções aceitáveis de imagem: relação altura/comprimento de 1/3, a mesma encontrada numa máquina panorâmica 6 x 17 cm, Fuji ou Linhof, por exemplo (mas que tem, por sua vez, um ângulo de enquadramento limitado a 105  o na horizontal).

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7/21/2019 BODIN. Montagem de Fotos Panorâmicas

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Minha afeição pela fotografia de natureza, em geral, e de paisagem, em

especial, é muito grande.Atendendo a uma solicitação do Conseil général des Hautes-Alpes para a elaboração de um livro, decidi

ilustrar a inacreditável diversidade de paisagens dessa região. A fotografia 

panorâmica foi uma escolha natural e 

 optei pela técnica de montagem para reproduzir o que o olho humano percebe e adivinha à margem de seu 

campo de visão, o que chamo de “fotografia perceptiva”.

Essa técnica de montagem comPhotoshop possibilita a utilização de 

ângulos de visão horizontais que ultrapassam 180 o , permanecendo, no entanto, dentro das proporções aceitáveis de imagem: relação 

altura/comprimento de 1/3, a mesma encontrada numa máquina 

panorâmica 6 x 17 cm, Fuji ou Linhof,

por exemplo (mas que tem, por sua vez, um ângulo de enquadramento limitado a 105  o na horizontal).

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01B E R T R AND B O D I N

Esse local foi escolhido com o intuito de ilustrar um valealpino de Hautes-Alpes que acolhe, no período mais

frio do inverno, um encontro internacional de glaciaristas– o Ice Climbing Écrins. Para mim, era primordial represen-tar um universo glacial com cascatas de gelo integradas àpaisagem. O local da fotografia foi estudado meticulosa-mente, pois era preciso identificar a paisagem com umamontanha conhecida; escolhi a Cabeça de Gramuzat dovale de Fressinière, no Parc national des Écrins, que apare-ce entre duas cascatas de gelo.

Aproveitei o fato de que esse vale não recebe raios so-lares no mês de janeiro para reforçar a sensação de frio pe-

la oposição do azulado das cascatas ao branco e cinza damontanha.

Material utilizado

■ Máquina digital 24 x 36 Canon EOS 1DS■ Objetiva 14 mm – Zoom 70-200 mm

■ Tripé Benbo com cabeça panorâmica Manfrotto 302■ PC Pentium 4 – 3,06 GHz■ 1 GB de RAM

■ Monitor liyama 19 polegadas

Software  utilizado

■ Photoshop CS

Uma das 2 fotos do centro 

Cascatas de Gelo 

Foto da direita 

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Foto da esquerda 

a t e l i ê

É o reflexo do azul do(céu no gelo

que resulta nessa cor tão particular e feérica das cascatas.

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M O N T A G E M D E F O T O S P A N O R Â M I C A S

 Antes de fotografarO frio intenso (-15º) obriga a tomar um cuidado especial com omaterial. As duas baterias da Canon estavam carregadas e eu ti-nha uma bateria reserva conservada cuidadosamente sob calorpara evitar qualquer pane de alimentação.A segurança do deslocamento na montanha exige grampos pa-ra se chegar ao local desejado e para qualquer outro movimen-to atrás das cascatas. Depois de umameia hora de caminhada, lá estão ascascatas... O espaço entre a parede darocha e a cortina de gelo é relativamen-te pequeno (1,5 m). A super grande-an-gular de 14 mm diante do captador de24 x 36 Cmos da Canon é a única pos-sível devido à impossibilidade de recuoe à necessidade de apreender a monta-nha pela janela de gelo.

A grande vantagem da câmera Canon EOS 1DS é o seu forma-to 24 x 36, pois possibilita a utilização da totalidade do ângulo

de enquadramento da objetiva, isto é, 114º. Vou usá-lo na ver-tical, ângulo já superior ao ângulo de visão horizontal de umaparelho 6 x 17 (105º máximo).A cobertura horizontal será determinada pelo número de foto-grafias necessárias para varrer o meu campo de visão, ou seja,quatro fotografias para aproximadamente 200º.

O tripé Benbo é bastante adequado para instalações em diver-sas situações na natureza. Aqui a regulagem do tripé e da ob- jetiva é condicionada pela montanha que aparece na janela. Oaparelho é instalado em posição vertical. Após o ajuste do pon-

to nodal da objetiva sobre o eixo de rota-ção da cabeça panorâmica Manfrotto, o ní-vel é verificado na vertical e na horizontalatravés de duas bolhas perpendiculares.Com essa regulagem, e apesar dos 114º deângulo de visão vertical, não é possível en-quadrar o topo da montanha. A câmera de-ve ser então ajustada levemente para cimapara a fotografia nº 3 (e unicamente paraessa); as deformações de perspectiva serão

corrigidas depois, no Photoshop. ■

1E t a p a

O momento de fotografar é a 

etapa mais importante para  o sucesso da montagem da  foto panorâmica.

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01 – Cascatas de Gelo 

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Fotografia e captura digitalA máquina fotográfica é regulada com uma qualidade de regis-tro máxima e uma pequena compressão JPEG. O balanço dosbrancos é posicionado manualmente a 5500 K, ou seja, a umatemperatura de cor correspondente a um filme analógico do ti-po Velvia, da Fuji. A regulagem da sensibilidade é de 100 ISO eo modo de exposição é ajustado manualmente.

A escolha do balanço do(branco é determinante

para a obtenção de uma boa qualidade do azul do gelo.

O diafragma é fechado a f:14,0 para a obtenção de uma boaprofundidade de campo. Um diafragma menor teria trazidomais problemas de difração, resultando em uma menor nitidez

da foto.A medição da luz é feita sobre a neve branca, ao pé da monta-nha, com o zoom 70-200 mm em modo Spot aumentado emdois valores, ou seja, em 1/13 segundo. As quatro imagens fo-ram feitas com os mesmos parâmetros sem considerar os valo-res muito claros no centro da primeira foto e muito escuros à di-reita da quarta.As quatro fotos foram batidas sucessivamente com uma junçãoparcial de 10 a 20% entre cada uma. O enquadramento foi cui-

dadosamente escolhi-do com o objetivo depermitir uma junçãonas partes da cortinade gelo e não na mon-tanha, levando-se emconta as dificuldadesde junção relativas à es-colha da distância focalde 14 mm.

Três horas fotogrando e 98 fotos foram necessárias para a rea-lização de diferentes enquadramentos a fim de poder selecionaras quatro fotos mais adequadas.  ■

De volta a meu carro, verifico os dados transferidos dos cartões compact-flash para

 o disco rígido do laptop. Eu me certifico de que  o frio intenso não alterou os dados.

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O zoom 70-200 mmé usado para se obter uma fotometragem

pontual mais precisa.

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M O N T A G E M D E F O T O S P A N O R Â M I C A S

Início da montagemA montagem das quatro imagens vai iniciar pela direita. Abro,assim, a imagem número 4 no Photoshop. Repare que as ferra-mentas do Photoshop foram colocadas do lado externo da jane-la de trabalho para não se sobreporem à imagem, mantendo-sea totalidade dos menus permanentemente abertos.

O tamanho de cadafoto da Canon EOS1DS é de 22,89 x34,41 cm em 300 dpi. Abro a imagem 4; mudo o tamanho daárea de trabalho no menu Imagem>Tamanho da tela de pintu-ra; defino uma largura de 92 cm (quatro vezes maior do que a

da foto) e uma altura de 40 cm; então coloco o ícone na meta-de da altura e à direita.

Abro a imagem seguinte (3), selecionando-a através deCtrl+A, depois a arrasto com a ferramenta Mover, colocando-a sobre a imagem 4. Dessa forma, uma nova camada é criada(camada 1). Em seguida, repito essas mesmas operações comas imagens 2 e 1.

Seleciono a camada 1 (que contém a imagem 3). Nota-se a defor-mação de perspectiva devido ao movimento de báscula da máqui-na para cima. Endireito então as duas cortinas de gelo que cercama montanha para que fiquem perfeitamente na vertical, como nasdemais fotos. Seleciono assim o quadro da imagem (Ctrl+T), de-pois, mantendo o Ctrl pressionado, clico com o mouse nos cantossuperiores para alterar a imagem e ajustar a perspectiva. Paracompensar seu achatamento, alongo-a verticalmente.

3E t a p a

1   2    3   4

As ferramentas do Photoshop  foram posicionadas do lado 

externo da janela de trabalho.

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01 – Cascatas de Gelo 

Para uma(foto bem realista,

o segredo está na sutileza da dosagem...

Seleciono o modo de fusão Superposição na ca-mada 1 ajusto o recobrimento da foto 3 no planode fundo.Uma vez acertada a justaposição, fixo a posição dacamada 1 e insiro uma máscara de camada. Com aferramenta Lápis regulada em 394 com uma aresta

progressiva e uma intensidade de 100%, apago aparte direita da camada tomando cuidado para quea junção das duas primeiras imagens não seja per-cebida. Passo novamente a camada para o modode fusão Normal e crio uma máscara em seguidapara o plano de fundo a fim de observar o degradêem sua borda; continuo aumentando o degradêatravés do ajuste da ferramenta Lápis com um diâ-metro de 100 e uma opacidade de 20% até que a junção das duas imagens não seja notada de forma

alguma, mesmo com um zoom de 100%.  ■

Repito em seguida todas essas operações com as duas últimas imagens.

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M O N T A G E M D E F O T O S P A N O R Â M I C A S

Enquadramento e correção das falhasReenquadro novamente o conjunto da fotomontagem a fim deeliminar todas as partes indesejáveis e então achato a imagemfinal.

O tamanho da imagem obtida mede, por fim, 75 x 35 cm em300 dpi. Para as exigências deste ateliê, preciso reenquadrá-laem uma relação de 1/3. Procedo então a um reenquadramentode 75 x 25 cm. O tamanho do arquivo final permitirá realizar

uma impressão digital de formato muito grande (7,5 x 2,5 m)para as necessidades de uma exposição em área externa.Duplico o plano de fundo em uma nova camada e então utilizoa ferramenta Borracha para eliminar a poeira que aparece nosensor do Cmos. Elimino também as marcas de gotas d’águaprovenientes da gruta, que caíram sobre o elemento frontalmuito proeminente da lente de 14mm – apesar de todos meuscuidados para protegê-la...

Uso toda a potência da novaferramenta do PhotoshopCS, Sombra/Realce, que mepermite corrigir facilmenteas zonas subexpostas e su-perexpostas. ■

A fotografia obtida começa a ficar então comoeu desejava. Falta apenas aperfeiçoar a cor. ■

4E t a p a

Atenção! Quando a imagem é achatada, não é mais possível 

voltar atrás. Aconselha-se, portanto, a salvar previamente a imagem com as camadas, em formato psd.

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Ajustes da ferramenta Sombra/Realce 

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01 – Cascatas de Gelo 

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Clarear Eliminar a dominante 

ciano 

Correções  gotas d’água 

Eliminar a 

dominante ciano 

Clarear 

Clarear 

Poeira 

Gotas d’água 

Poeira 

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M O N T A G E M D E F O T O S P A N O R Â M I C A S

Otimização e colorimetriaPara refinar os diferentes níveis de densidade e cor da ima-gem, seleciono o céu com a Varinha Mágica, depois, alternan-do com o Laço e o Laço Magnético, seleciono a totalidade das janelas em que se vê a paisagem no plano de fundo. Aplicoum contorno progressivo de 3 pixels e salvo a seleção com onome de “Janelas”.

Crio uma máscara de ajuste com aferramenta Curva e ajusto o pon-to branco sobre a neve ao pé damontanha para poder eliminar adominante ciano na paisagem dofundo. Aprofundo um pouco acurva para aumentar levementesua densidade.

Recupero a seleção, inverto-a e crio uma máscara de ajuste,sempre com a ferramenta Curva, para clarear as cortinas de ge-lo. Seleciono então o azul e o intensifico muito levemente.

Duplico a camada “cópia doplano de fundo”; com a ferra-menta Subexposição definidapara os valores claros com

uma intensidade de 8%, cla-reio as estalactites e a relvacoberta de gelo à esquerda,certas partes mais claras dacortina de gelo e algumas pe-quenas áreas na plataformada direita, como um pintor,com pequenos retoques.  ■

A camada “plano de  fundo cópia 2” é 

minimizada e aberta alternadamente para 

 observar a modificação dos ajustes.

5E t a p a

Efetuar cada novo ajuste em uma camada ou em uma máscara de camada diferente permite-me,

anexando ou não a camada, visualizar a evolução do ajuste de densidade e de cor da minha imagem.

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01 – Cascatas de Gelo 

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Finalização da panorâmicaSalvo a imagem no Photoshop a fim de conservar todas as ca-madas e depois a achato. Aplico o filtro Máscara de Nitidez comparâmetros em função do destino e do formato da publicação.Por fim, salvo a imagem em formato TIFF.

Obtenho assim exatamente o que eu havia imaginado e espe-rado antes de fotografar: o contraste de cores e de matériasentre o primeiro e o segundo plano da montanha, o que memotivou a escolher esse lugar. Porém, a dificuldade desse pro- jeto foi imaginar uma representação virtual de uma imagem

composta por quatrofotos que cobrissem

200º de ângulo de vi-são horizontal.

Para testar a qualidade final dessa fotografia, mando fazer – co-mo de costume – uma cópia em papel fotográfico do meu ar-quivo, produzindo uma pequena maquete de apresentação emformato de pôster padrão, com medidas de 33 x 95cm. O resul-tado em padrão fotográfico da cópia em papel brilhante é espe-tacular! ■

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Não esqueçamos que o arquivo obtido é de 75 x

25 cm em 300 dpi,pesando, portanto, emum formato TIFF não comprimido, 74,8MB!

Vale de Fressinières, Hautes-Alpes, Bertrand Bodin