Boletim D. António Barroso n.º 14

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P1 Fundador: Pe. António F . Cardoso Design: Filipa Craveiro | Alberto Craveiro Impressão: Escola Ti pográca das Missões - Cucujães - tel. 256 899 340 | Depósito legal n.º 92978/95 | Tiragem 2.600 exs. | Registo ICS n.º 11 6.839 Director: Amadeu Gomes de Araújo, Vice-Postulador Propriedade: Associaçã o "Grupo dos Amigos de D. António Barroso". NIPC 508 401 852 Administração e Redacção: Rua Luís de Camões, n.º 632, Arneiro | 2775-518 Carcavelos  Tlm.: 934 2 85 048 – E-ma il: vicepos tulador.antonioba rroso@gmail. com Publicação trimestral | Assinatura anual: 5,00  Por  A. G. A. Quando, no passado mês de Março, o Senhor Bispo do Porto, D. António Fran- cisco, procedeu ao encerramento o- cial do processo relativo ao presumível milagre atribuído a D. António Barroso, deslocámo-nos ao Vaticano, para a entre- ga da respectiva documentação na Con- gregação das Causas dos Santos. Contá- mos sempre com a companhia amiga de Monsenhor Cónego Ângelo Alves e com D. António José de Sousa Barroso presidiu à Comissão de Fundadores. Era, então, Bispo de Meliapor Palácio Senni/Alberini, 1ª sede do Colégio Por- tuguês em Roma (1900-1974) o acolhimento fraterno do Reitor e do Vice-Reitor do Colégio Português onde cámos hospedados. Logo desde a en- trada, chamaram-nos a atenção algumas referências a D. António Barroso, Servo de Deus cuja Causa de Beaticação nos conduzira àquela Casa. Foi o Papa Leão XIII que em 20 de Outubro de 1900 criou o Pontifício Colégio Português em Roma . No centenário da fundação, o historiador Ar- naldo Pinto Cardoso evocou a data com uma breve e interessante pu- blicação, onde informa que o estabelecimento de ensino superior se destinava a aco- lher alunos provenientes das dioceses da Metrópole e do Ultramar. As Ordens Religiosas dis- punham de residências pró- prias em Roma, embora tam- bém tenham passado pelo Colégio algumas dezenas de estudantes dependentes de Congregaç ões e de Institutos diversos. Até ao a no 2000 era o seguinte o quadro dos alu- nos, por diocese, que haviam frequentado o Colégio Por- tuguês: Algarve - 13; Angra do Heroísmo - 55; Aveiro - 10; Beja - 12; Braga - 67; Bragan - ça - 20; Coimbra - 3 5; Évora - 15; Funchal - 27; Guarda - 28; Lamego - 19; Leiria/Fátima - 37; Lisboa - 48; Portalegre/ Castelo Branco - 18; Por - to - 47; Santarém - 0; Setúbal - 3; Viana do Castelo - 4; Vila Real - 23; Viseu - 18; Macau - 15; Sociedade Missionária Por- tuguesa, actual Sociedade Missionária da Boa Nova - 10. Destes alunos, três haviam recebido a púrpura cardinalícia e 67 haviam sido nomeados Bispos. Ao longo de 115 anos, a insigne ins- tiuição romana, mantida pela Conferên- cia Episcopal Portuguesa, tem facilitado a realização de estudos de especialização e pós-graduação a alunos de várias dioce- ses portuguesas e não só. Boletim de D. António Barroso III Série . Ano V . N.º 14 . Abril / Setembro de 2015 D. ANTÓNIO BARROSO, "FUNDADOR" DO PONTIFÍCIO COLÉGIO PORTUGUÊS EM ROMA

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D. ANTÓNIO BARROSO, "fundador "do pontifício colégio português em Roma

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    Fundador: Pe. Antnio F. CardosoDesign: Filipa Craveiro | Alberto CraveiroImpresso: Escola Tipogrfica das Misses - Cucujes - tel. 256 899 340 | Depsito legal n. 92978/95 | Tiragem 2.600 exs. | Registo ICS n. 116.839

    Director: Amadeu Gomes de Arajo, Vice-PostuladorPropriedade: Associao "Grupo dos Amigos de D. Antnio Barroso". NIPC 508 401 852Administrao e Redaco: Rua Lus de Cames, n. 632, Arneiro | 2775-518 CarcavelosTlm.: 934 285 048 E-mail: [email protected] trimestral | Assinatura anual: 5,00

    Por A. G. A.

    Quando, no passado ms de Maro, o Senhor Bispo do Porto, D. Antnio Fran-cisco, procedeu ao encerramento ofi-cial do processo relativo ao presumvel milagre atribudo a D. Antnio Barroso, deslocmo-nos ao Vaticano, para a entre-ga da respectiva documentao na Con-gregao das Causas dos Santos. Cont-mos sempre com a companhia amiga de Monsenhor Cnego ngelo Alves e com

    D. Antnio Jos de Sousa Barroso presidiu Comisso de Fundadores.

    Era, ento, Bispo de Meliapor

    Palcio Senni/Alberini, 1 sede do Colgio Por-tugus em Roma (1900-1974)

    o acolhimento fraterno do Reitor e do Vice-Reitor do Colgio Portugus onde ficmos hospedados. Logo desde a en-trada, chamaram-nos a ateno algumas referncias a D. Antnio Barroso, Servo de Deus cuja Causa de Beatificao nos conduzira quela Casa.

    Foi o Papa Leo XIII que em 20 de Outubro de 1900 criou o Pontifcio Colgio Portugus em Roma. No centenrio da fundao, o historiador Ar-naldo Pinto Cardoso evocou a data com

    uma breve e interessante pu-blicao, onde informa que o estabelecimento de ensino superior se destinava a aco-lher alunos provenientes das dioceses da Metrpole e do Ultramar.

    As Ordens Religiosas dis-punham de residncias pr-prias em Roma, embora tam-bm tenham passado pelo Colgio algumas dezenas de estudantes dependentes de Congregaes e de Institutos diversos. At ao ano 2000 era o seguinte o quadro dos alu-nos, por diocese, que haviam frequentado o Colgio Por-tugus: Algarve - 13; Angra do Herosmo - 55; Aveiro - 10; Beja - 12; Braga - 67; Bragan-a - 20; Coimbra - 35; vora - 15; Funchal - 27; Guarda - 28; Lamego - 19; Leiria/Ftima - 37; Lisboa - 48; Portalegre/Castelo Branco - 18; Por-

    to - 47; Santarm - 0; Setbal - 3; Viana do Castelo - 4; Vila Real - 23; Viseu - 18; Macau - 15; Sociedade Missionria Por-tuguesa, actual Sociedade Missionria da Boa Nova - 10.

    Destes alunos, trs haviam recebido a prpura cardinalcia e 67 haviam sido nomeados Bispos.

    Ao longo de 115 anos, a insigne ins-tiuio romana, mantida pela Confern-cia Episcopal Portuguesa, tem facilitado a realizao de estudos de especializao e ps-graduao a alunos de vrias dioce-ses portuguesas e no s.

    Boletim de D. Antnio Barroso

    III Srie . Ano V . N. 14 . Abril / Setembro de 2015

    D. ANTNIO BARROSO, "FuNDADOR"DO PONTIFCIO COlgIO PORTuguS EM ROMA

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    Os Fundadores do Colgio. Quadro da sala de visitas

    Quem foram os fundadores deste nobre Colgio Pontifcio que to rele-vantes servios tem prestado Igreja? A ideia comeou a tomar corpo na Pri-mavera de 1898, numa altura em que D. Antnio Barroso passou por Roma, a caminho de Meliapor. A reunio de-cisiva para a criao do Colgio, reali-zou-se no apartamento dos Viscondes de S. Joo da Pesqueira, no Hotel de Roma, Via do Corso, no dia 28 de Abril de de 1898 e intervieram nela, alm dos Viscondes, o mencionado Bispo D. Antnio Barroso, o Reitor de Santo Antnio, Pe. Jos de Oliveira Machado, o Cavaleiro Antnio Braz, o Reitor de S. Nicolau dos Prefeitos, Pe. Ricardo Ta-barelli e o Pe. Pio Gurisatti, Superior da Congregao dos Estigmatianos.

    A passagem por Roma de D. An-tnio Barroso quando ia a caminho da diocese de Meliapor, na ndia, foi providencial, escreve Mons. Arnaldo. Aproveitando a sua estadia na Cidade, criou-se uma Comisso de circunstn-cia, autonomeada, sem qualquer dele-gao cannica, mas que contava com o prestgio do Bispo Missionrio que a ela presidia.

    A autoridade e a credibilidade desta Comisso advinha da fama de que go-zava D. Antnio, como patriota, como missionrio intemerato e como bispo fidelssimo. A sua presena ocasional (providencial) em Roma veio dar for-a ideia de associar a fundao de um Colgio Portugus celebrao centenria do "descobrimento" do caminho martimo para a ndia. ndia para onde D. Antnio ento se diri-gia em servio missionrio. A dedi-cao Igreja e o orgulho patritico que animava este punhado de portu-

    gueses residentes na "Roma Eterna", impulsionava-os a levarem por diante a ideia da fundao de um Colgio Portugus, mas faltava-lhes um inter-locutor junto do Papa, algum que fosse capaz de credibilizar to grande projecto, que carecia naturalmente de autorizao papal e de apoios finan-ceiros avultados, a comear por umas instalaes amplas e condignas. Esse foi o papel desempenhado a rigor por D. Antnio Barroso. Na audincia que o Papa Leo XIII lhe concedeu, para tratar de problemas que havia a re-solver na diocese de Meliapor, o Papa aceitou abordar o assunto do Colgio. E foi com base nesse encontro que se realizou a tal reunio da fundao. A participao de D. Antnio foi decisiva. O primeiro gesto oficial da Santa S a favor do Colgio foi uma carta do Cardeal Rampolla, Secretrio de Esta-do, Comisso Promotora, em 22 de

    Janeiro de 1899, a confirmar o bom acolhimento que a ideia tivera por ocasio da audincia do Santo Padre a D. Antnio Barroso, em 12 de Maio de 1898. A deciso carismtica de Leo XIII foi acompanhada da doao de um palcio, indispensvel para o fun-cionamento da sonhada instituio. Pouco depois, com a carta apostlica Rei Catholicae Apud Lusitanos, de 20 de Outubro de 1900, o mesmo Papa eri-gia o Colgio Portugus em Roma. Na mente do Sumo Pontfice, este acto vinha coroar a Concordata de 1886, regulando o exerccio do Padroado Portugus no Oriente. Havia neces-sidade de retomar com novo vigor e empenho a formao do clero. Esta era, desde h muitos anos, uma das preocupaes prementes de D. Ant-nio Barroso, que recebera formao no Colgio das Misses Ultramarinas de Cernache do Bonjardim.

    Boletim de D. Antnio Barroso

    FuNDAO E CONSOlIDAO DO COlgIO

    PORTuguS EM ROMA

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    Quando, em 13 de Maio de 1967, Paulo VI se deslocou a Ftima, para celebrar as Aparies, falava-se em Roma na necessidade de se construir um novo edifcio para o Colgio Portugus. Corroborando esta ideia, no final da missa daquele dia 13 de Maio de 1967, o Santo Padre benzeu a primeira pedra para o novo Colgio, que viria a ser como um padro comemorativo daquela histrica viagem. Assim se tornou pblica a construo do actual Colgio, ficando o nome de Paulo VI ligado iniciativa. D. Antnio Barroso deve ter sorrido com a aluso ao padro comemorativo...

    Em cima, esquerda, Paulo VI benzendo a primeira pedra da nova residncia. Quadro de Joo de Sousa Arajo (1967/1968), que se en-contra na Sala de visitas. direita, a nova sede do Colgio Portugus, na Via Nicol V.

    Na foto do lado, o Papa Joo Paulo II de visita ao Colgio, no dia 12 de Janeiro de 1985, acompanhado pelo ento Cardeal Patriarca D. Antnio Ribeiro.

    O Colgio, pertena da Conferncia Episcopal Portuguesa, uma comunidade de presbteros que se encontram ao servi-o das suas igrejas de origem, completando e aprofundando em diferentes instituies romanas a sua formao teolgica anterior.

    Dois sacerdotes jovens, distintos e pres-timosos dirigem esta nobre instituio ecle-sistica em Roma: Monsenhor Jos Fernan-do Caldas Esteves, da Diocese de Viana da Castelo ( direita, Reitor) e Padre Lus Mi-randa, da Diocese de Coimbra ( esquerda, Vice-Reitor).

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    Por Antnio Jlio Limpo Trigueiros, SJ

    Iniciaremos a publicao de algumas cartas e escritos inditos ligados vida de D. Antnio Barroso que nos tm chegado s mos, e que se acham na posse de particulares. Esperamos com estes pequenos contributos ir aprofundando cada vez mais a fascinante biografia de D. Antnio Barroso.

    As primeiras so duas cartas de que nos facultou cpia o saudoso barcelense, Dr. Antnio Vasco Machado Maciel Barreto de Alves Faria (1931/2011), que foi Juiz Desembargador e presidente do Tribunal da Relao do Porto, presidente da Cmara Municipal de Barcelos e Governador Civil de Viana do Castelo e era um fervoroso devoto de D. Antnio Barroso. Seu filho o Arquitecto Joo Miguel Duarte Barreto de Faria, a quem muito agrade-cemos, gentilmente autorizou a publicao e facultou fotografia das duas cartas manuscritas. Julgamos que estas cartas teriam sido pertena de seu pai, o farmacutico barcelense, Anthero Jos Barreto de Faria (1889/1979), um grande interessado na histria de Barcelos e um dos fundadores da Associao de Amigos do Castelo de Faria e da Franqueira. Embora destas cartas, a primeira tenha sido j publicada1 num estudo sobre Manuel Abndio da Silva e a segunda apenas citada, em estudos sobre D. Antnio Barroso, parecem-nos que merecem especial ateno, por se tratarem de dois documentos histricos, que assinalam a estreita ligao de D. Antnio Barroso com os ltimos soberanos portugueses.

    A primeira uma carta escrita pela Rainha D. Amlia, do Palcio da Pena, a D. Antnio Barroso e que tem uma data deveras significativa. Foi escrita a 1 de Outubro de 1910, precisamente quatro dias antes da implantao da Republica. Trata-se provavelmente de uma das ltimas cartas que a Rainha viva escreveu antes de partir para o exlio. Pode-se talvez conjectu-rar que D. Antnio a possa ter recebido nas vsperas da revoluo, se no mesmo no dia 5 de Outubro. Transcrevemos de seguida:

    Palcio da Pena, 1 de Outubro de 1910 //Meu caro Bispo do Porto / /Approveito a occasio de lhe agradecer os objectos da sua S e que acabei de desenhar para lhe dizer quanto me sensibilizou o artigo de fundo do Correio do Norte do dia 28 de Septembro. O artigo do Abundio da Silva que conheo, e cujo talento tenho muita vez occa-sio de appreciar mas sei que meu caro Bispo do Porto protege o jornal que to sensatamente, com tanta justia e desassombro tem levantado a voz, e por isto queria que

    soubesse que fiquei muito penhorada com o Correio do Norte. E muito gostaria de particularmente o Abundio da Silva podesse saber dos meus agradecimentos. // Tenho os objectos encaixotados e peo ao Reverendissimo Bispo me diga se os quer mandar buscar ou se quer o que to fcil que eu os mande. //Peo-lhe me creia sempre a com o maior respeito. //Sua muito affeioada //Amelia.

    Nesta carta merece destaque antes de mais o tom afectuoso e familiar com que a ltima rainha de Portugal se dirige a D. Antnio. Fica clara a proximidade e in-formalidade com que a soberana agradece os objectos da S que lhe foram emprestados para os desenhar. Sabemos que a soberana por diversas vezes pediu a bis-pos portugueses objectos preciosos para os desenhar. Tal o caso do Bispo de Coimbra, D. Manuel de Bastos Pina, que como se pode inferir da correspondncia tro-cada com a soberana, respondendo aos pedidos insistentes da monarca, providenciou durante anos o fornecimento de um sem nmero de objectos de arte para servirem de modelo a desenhos que Dona Amlia realizava instalada, ora na Pena, ora nas Necessidades. Ao londo dessa cor-respondencia procurava avidamente informar-se sobre as peas que desenha qual a poca o estilo, a provenincia e foram-lhe emprestados objectos medievais do tesouro da Rainha Santa, e logo que terminados os desenhos, os objectos eram cuidadosamente devolvidos procedncia atravs de portadores da mxima confiana.

    Uma obra relativa a um precioso e antiquissimo busto relicrio de S. Pantaleo, padroeiro da cidade do Porto, que juntamente com os restos moratais que se acha na S, pertencia ao tesouro da S do Porto e hoje se acha no Museu Nacional Soares dos Reis, lana luz sobre os objectos emprestados por D. Antnio Barroso2. Trata-se da volumosa obra Esta a cabea de So Pantaleo publicada aquando da exposio temporria que assinalou em 2011 a reabertura do Museu Nacional Soares dos Reis, que permite no s identificar de que peas fala a soberana na ultima missiva para D. Antnio Barroso, mas vem mostrar como esta mesma missiva de 1 de Outubro de 1910 fundamenta bem a hiptese ali apresentada. Antes de mais ficamos a saber que as reliquias de S. Pantaleo que se acham numa urna no altar mr da S do Porto foi alvo da ateno de D. Antnio Barroso que em 1909 tomando conhecimento que as reliquias tinham sido recolocadas no relicrio original e colocadas numa caixa de madeira ter decidido certificar-se que no houvera qualquer alterao ou extravio, mandando em seguida soldar a caixa e ractificar o facto, provavelmente pela aposio do lacre laranja com as suas armas que a caixa apresenta sobre a parte superior. Depois num ensaio da autoria de Ana Paula Machado, procura a sua autora traar o historial do referido relicrio, e refere-se que quando em 1911 se concretizam os arrolamentos levados a cabo no contexto da chamada separao da Igreja do Estado, a cabea relicrio j no arrolada entre os bens da S3 como acontecia ainda no inventrio da Mitra de 1862. E continua dizendo que entre 1907 e 1936 a cabea relicrio sai da S do Porto, no se sabe para onde, como ou porqu. Durante cerca de 29 anos no se conhece nenhuma meno que possa constituir registo da sua localizao ou das razes que levaram sada da S e da Cidade. Excepo feita porm, para um desenho detalhado assinado pela Rainha D. Amlia e datado de 1910, publica-

    do mais tarde em Inglaterra, que nos indica que por essa data o relicrio estaria j muitpo provavelmente na Caixa Forte do Palcio das Necessidades. E precisamente este desenho que poder ser a pista para a explicao do sbito e silencioso desaparecimento do nosso relicrio da S e do hiato de tempo e informao que lhe sucede, pois integra um conjunto vasto de desenhos de peas, maioritariamente de ouriversaria realizados pela Rainha4. E continua mais adiante afirmando que a data de 1910 inscrita no dese-nho permite especular, e apenas isso, que tenha o relicrio sido levado, por exemplo, aquando de alguma das visitas de D. Manuel ao Porto em 1909 (uma em Junho e logo outra em Dezembro) a fim de ser desenhado por sua me e que no tumulto do ano seguinte tenha ficado esquecido nos cofres do Palcio das Necessidades, dissociado de qualquer informao sobre a sua provenincia, o que teria contribudo para inviabilizar definitivamente a sua devoluo S do Porto.

    Parece-nos que a leitura desta carta de que nos ocupamos permite afirmar categricamente que o bus-to relicrio estaria na posse da Rainha e que a soberana nos derradeiros cinco dias da monarquia achando-se no Palcio da Pena ainda tentou devolv-lo ao bispo D. Antnio Barroso, talvez por suspeitar j que a revoluo republicana estaria eminente. Vinda precipitadamente para o Palcio das Necessidades no dia 2 de Outubro, ter trazido consigo a preciosa cabea relicrio, que no tumulto da revoluo ali ter ficado no cofre forte. S em 1916 quando se instala o Ministrio dos Negcios Estrangeiros no Palcio das Necessidades, o Dr. Jos de Figueiredo, consegue transferir para o Museu Nacional de Arte Antiga, que dirigia, peas de mobilirio e outros objectos artisticos. S em 1936 quando se procede avaliao do recheio do Palcio da Ajuda e da casa forte anexa ao Palcio das Necessidades, que comeam as negociaes para que a cabea relicrio seja depositada no Museu Nacional de Arte Antiga, o que apenas acon-tecer por auto de deposito de 11 de Julho de 1938. Em 1914por interveno do Dr. Vasco Valente, e aps mais de trinta anos, a pea regressa cidade do Porto, sendo depositada a ttulo precrio no Museu Nacional Soares dos Reis (onde hoje se encontra) invocando-se que a mesma tem para a Cidade um interesse muito especial visto ser S. Pantaleo o seu patrono5.

    Numa comunicao que o ento Bispo do Porto, D. Manuel Clemente, fez no dia 3 de Setembro de 2011, data em que foi acolhido como scio honorrio do Instituto Jos de Figueiredo e publicada na revista MVSEV de 2012, intitulada Os olhos grande de So Pantaleo afirma o ilustre historiador quanto ca-bea relicrio, pouco antes da repblica foi para Lisboa, para ser desenhada por Dona Amlia, como de facto aconteceu. Sobrevinda a revoluo, ficou no palcio das Necessidades, donde passou para o Museu de Arte Antiga e depois para o Soares dos Reis...6.

    Mas a outra razo da carta da Rainha para D. Antnio era a de fazer chegar a sua admirao ao fervoroso catlico militante, Manuel Isaas Abndio da Silva, que em sucessivos artigos do jornal O Correio do Norte, que dirigia, escrevia em defesa da monarquia e dos valores do catolicismo. O particular editorial da pena de Abndio da Silva, publicado a 28 de Setembro de 1910, intitulava-se A Rainha e certamente por se

    Boletim de D. Antnio Barroso

    INDITOS SOBRE D. ANTNIO BARROSO - IDuas cartas histricas para D. Antnio Barroso

    dos ltimos reis de Portugal

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    ver alvo de uma importante defesa do seu papel, que D. Amlia deseja fazer chegar atravs do bispo do Porto, a manifestao do seu regogizo ao autor. O Correio do Norte era um dirio catlico matutino, dirigido por Manuel Abndio da Silva, cujo primeiro nmero sau a 3 de Julho de 1910. Manuel Abndio da Silva era um antigo monrquico legitimista e aderente em 1903 ao Partido Nacionalista, que propagandeou, nos meados de 1910, a reforma democrtica da Monarquia liberal. Os artigos publicados no Correio do Norte tinham reproduo frequente nos peridicos lisboetas, pelo que se explica facilmente o facto de terem chegado ao conhecimento da soberana, nos derradeiros e turbulentos dias que

    passou em Portugal. Mas suspeitamos que a relao de D. Antnio Barroso com Manuel Isaas Abndio da Silva tivesse ainda outra origem.

    Manuel Isaas Abndio da Silva (1874/1914), nasceu em Viana do Castelo. Cedo ficou rfo de pai e de me. Frequentou a escola e o liceu da sua terra natal. Em seguida, matriculou-se na Universidade de Coimbra onde se formou em Teologia e Direito. A par dos estudos, ainda jovem, empenhou-se na imprensa e na escrita. Estudou tambm Geografia e Histria. Deu estampa trabalhos de poesia e estudos na rea do Direito e da Histria. Foi professor, primeiro em Coimbra e depois em Lisboa. Foi tambm advogado, jornalista e poltico. Militou num partido, mas depois distanciou-se dele e tornou-se um defensor da liberdade de conscincia dos catlicos nas eleies. Fundou e colaborou em vrias publicaes de teor catlico. Em 1905, impulsionou a realizao do congresso de jorna-listas catlicos. Empenhou-se na difuso da primeira encclica social catlica, a Rerum Novarum, publicada pelo Papa Leo XIII em 1890. A partir da encclica, trabalhou na resoluo da questo social mediante um programa reformador da sociedade. Na ltima fase da sua vida, estabeleceu-se na cidade do Porto, onde se ocupou no desenvolvimento do movimento catlico, procurando afirmar a presena da inspirao crist na

    vida social. Em 1909, foi condecorado pelo Papa Pio IX com a cruz de ouro Pro Ecclesia et Pontifice. As suas obras principais onde explicita as suas ideias sociais e polticas inspiradas na sua conscincia crist e na doutrina social da Igreja foram: A Igreja e a poltica (1911) e Cartas a um Abade: sobre alguns aspectos da questo poltico-religiosa em Portugal (1913). Depois de uma vida intensamente apostlica no mbito social, morreu em Viana do Castelo, em 1914, aos 40 anos, vtima de tuberculose. Trabalhou por um catolicismo social, desejando uma Igreja livre num Estado livre (Montalembert). Segundo Antnio Matos Ferreira, que fez um estudo sobre a vida e obra de Abndio da Silva, este defendeu uma constante afirmao do primado da sua condio de catlico, acima da sua posio de cidado, pugnado pela liberdade de imbuir de esprito cristo a sociedade do seu tempo. Defendeu a liberdade, o parlamentarismo e a democracia. No livro A Igreja e a Poltica, de 1911, escreve: No pedimos Repblica o privilgio, mas o direito comum, a liberdade de cons-cincia, de culto, de imprensa, de proselitismo e de associao. No queremos para ns, catlicos, um nico direito que no reclamemos tambm para os outros; mas no queremos nos outros uma nica liberdade que ns no fruamos tambm. E com a liberdade, estamos certo de que ser mais fcil converter uma Repblica que nasceu mpia, do que cristianizar uma monarquia constitucional que viveu hipcrita. Na sua obra Cartas a um Abade, exorta: Catlicos, seremos ns a grande reserva de que o pas dispe para o colossal trabalho da sua regenerao; essa a obra que nos est destinada se dela nos tornarmos merecedores. [] No um regresso ao antigo estado [monrquico], antiga ordem de coisas, que far reflorir a Igreja e restaurar o pas: a nossa poca condiciona uma situao nova, na qual a grande obreira ser a liberdade civil e religiosa. A inspirao da sua aco buscou-a na f crist e bebeu--a na espiritualidade inaciana e franciscana. De igual modo, a devoo mariana marcou de modo significativo a sua vida. Uma peregrinao ao santurio de Lurdes, em 1903, tornou-o, segundo as suas prprias palavras, mais crente. Nas Cartas a um Abade defende a grande potencialidade da devoo mariana: esta ainda faz vibrar a alma nacional de um modo estranho e quem souber dirigir e encaminhar essa devoo, que uma das caractersticas da nossa raa, pode recristianizar o pas inteiro.7

    Abndio da Silva tinha banca de advogado em Viana do Castelo e durante algum tempo em Barcelos, onde vinha em certos dias da semana. Em 1910 tinha escri-trio de advogado na Rua de S. Miguel, no Porto, vindo a ser nomeado director da Escola Industrial Infante D. Henrique, na mesma cidade, a 14 de Setembro de 1910. O jornal O Correio do Norte que dirigiu, iniciou a sua publicao como dissemos a 3 de Julho de 1910 (n. I) e terminou a 10 de Fevereiro de 1911 (n. 189). No primeiro nmero aparece uma carta dirigida a D. Antnio Barroso, onde Abndio da Silva expe as razes da publicao deste jornal. Neste objectivos afirmava tratar-se de uma publicao sem preocupaes ou compromissos partidrios de qualquer natureza ou espcie para fazer uma grande obra de unio de todos os esforos, dentro do campo da Igreja, suficientemente grande para abranger todos os combatentes, e todos sero poucos, se como mister, escolherem o terreno da aco social e popular, onde h tanto e tanto que fazer na recolha de Jesus Cristo para a f e para a moral de Jesus Cristo, nosso Senhor e Redentor8.

    A 25 de Junho desse ano, D. Antnio Barroso exarou um despacho onde louvou o surgimento da publicao O Correio do Norte, por ser constante desejo animar o desenvolvimento da aco social catlica [...] que encontra na imprensa o seu principal elemento de propa- (Cont. na pg. seguinte)

    O rei D. Manuel II e sua me a rainha viva, D. Amlia, na varanda do Palcio dos Carrancas, o Palcio Real do Porto, hoje Museu Soares dos Reis, na visita rgia ao Norte do Pas em Novem-bro de 1908, e que foi um verdadeiro triunfo! Por toda a parte, D. Manuel II foi recebido em apote-ose por multides que o aclamavam! - Tambm em Barcelos seria recebido com muito entusiasmo.

    ganda [...] que se prope instruir e educar o povo segundo os ensinamentos da Santa Igreja e louvando a vontade de subordinao aos ensinos da Santa S Apostlica e aos da autoridade eclesistica diocesana, conclua reiterando a confiana na f e sos principios de que o Director do novo jornal sempre tem dado garantindo que ns mesmo tencionamos ler o Correio do Norte pelo que no nomea-mos assistente eclesistico por o reputarmos dispensvel9.

    As suas relaes com D. Antnio Barroso talvez se expliquem ainda de outro modo. O Dr. Manuel Isaas Abndio da Silva tinha uma ligao estreita freguesia das Carvalhas, pois a 19 de Setembro de 1896 casou com D. Lcia de Souza Pereira, filha de Domingos Gomes Pereira Rosa, tipgrafo, natural de Barcelos e sobrinha do P. Joo Rosa, Reitor das Carvalhas. O Padre Joo Pereira Gomes Rosa, (1838/1901), natural de Barcelos, fra coadjutor de seu tio, o famoso Abade do Louro, Domingos Joaquim Pereira10, e desde 1864, foi vigrio de S. Martinho das Carvalhas, onde faleceu a 17 de Janeiro de 1901, aps ter paroquiado a freguesia por 37 anos. Foi autor de uma extensa obra histrica ainda indita.

    O herdeiro dos papeis do velho reitor das Carvalhas, foi outro ilustre barcelense, o historiador local, Teotnio da Fonseca, que deixou testemunho das visitas que o Dr. Abndio da Silva fazia s Carvalhas acompanhado de sua esposa D. Lcia. Assim ano de 1900, um ms antes da morte do Reitor seu tio, ali passou o Natal, em companhia de sua mulher D. Lcia de Sousa Pereira e de seu sogro, Domingos Pereira Gomes Rosa, com este seu tio por afinidade. Em plena noite de consoada na residncia da Carvalhas, o tio Padre Joo Gomes Rosa, achava-se com o irmo, a sobrinha e seu marido, e foi chamado para confessar

    uma paroquiana em perigo de vida e logo largou tudo para o fazer. Inspirado neste episdio que o impres-sionou, pela abnegao apostlica do velho reitor das Carvalhas, no Natal de 1901, o Dr. Abndio, evocou numa poesia, em oito quadras, dedicada memria de seu tio, e que aqui reproduzimos, essa memorvel noite de consoada. Ao meu Rev.do Tio, o Pe Joo Rosa // [1] Dia Sagrado que o do Natal ! / Na residncia do sr abade / Reina a alegria, fraternidade / Que neste mundo nada mais val! // [2] Eis vem de longe, l de to longe / para abraar o bom reitor / (Que no presbitrio, quasi qual monge/ Vive sozinho), o sr doutor // [3] Jovem sobrinha,

    Desenho do busto relicrio da cabea de S. Pantaleo desenhado em 1910, pela Rainha D. Amlia e cuja pea lhe fora emprestada por D. Antnio Barroso a que alude a carta que a soberana lhe dirige a 1 de Outubro de 1910

    Boletim de D. Antnio Barroso

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    Original da Carta da RainhaD. Amlia para D. Antnio Barroso

    datada de 1/10/1910, do Palcio da Pena

    Original da Carta de el

    rei D. Manuel II para D.

    Antnio Barroso datada de

    5/3/1914, de Fulwell Park,

    Twickenham

    mais um irmo! / Doce folguedo que aviva a alma/ Que d ao esprito mono e calma / que alegra a todos o corao// [4] Senhor abade! Senhor abade! / Festa de todos, dos pobrezinhos / E dos que vivem entre os arminhos;/ Festa de todos... e da Saudade! // [5] Vamos seguindo da vida a via / Cantando sempre, louvores a Deus, / Aquele brado de um novo dia: Gloria in excelsis! Glria aos Cus! //[5] Mas l no vale... pobre tugrio / Duma velhina recolhe os ais! / Senhor abade, nesse murmrio / Da vossa vida vos pede mais.// [6] Que umas palavras de doce uno! / Pede que agora do Deus nascido, / Abade corras, estremecido, / Para lhe dar santo perdo ! // [7] Senhor abade, senhor reitor, / Vai caminhando vereda alm.../ deixou parentes, anjo do Bem / S uma pobre viu em redor. // [8] Nessa noite deixou os seus / E caminhando pelos matagais / Foi dessa pobre colher os ais / Em boas festas abrir-lhe os cus!//11

    Esta proximidade geogrfica e a relao de ami-zade que D. Antnio Barroso teria com o reitor das Carvalhas, muito prximo da terra natal, Remelhe, ajuda a perceber a proximidade do bispo do Porto com este catlico militante, protegendo a publicao do seu jornal, que foi o ltimo peridico de militncia catlica do final da monarquia, e que a Rainha D. Amlia tanto elogia na ltima carta que escreve a D. Antnio Barroso, de que aqui nos ocupamos.

    A segunda carta que foi endereada a D. Antnio do prprio punho de D. Manuel II, ltimo rei portugus e data de 1914, j do periodo do seu exlio britnico. De Fulwell Park, em Twickenham, em Inglaterra, D. Manuel II sabendo que D. Antnio regressara sua diocese do Porto, da qual se vira afastado desde 1911, e vira confis-cado o pao episcopal pelas leis da separao da Igreja do Estado, oferece-lhe o seu palcio das Carrancas, actual museu Soares dos Reis. O tom da carta afec-tuoso e muito cordial. Revela uma nota de ironia, pois d a entender que correra o boato de que o soberano no exilio iria oferecer o seu palcio ao Bispo do Porto. Ora sabedor desse boato o prprio D. Manuel que se antecipa e oferece o palcio se "em vista das leis vigentes

    que pesam sobre as minhas propriedades, ignoro se dellas posso dispr". Aqui fica o documento na ntegra.

    Para o Reverendissimo D. Antnio, Bispo do Porto //Fulwell Park, Twickenham, Middlesex // 5-III-1914 //Meu querido Bispo do Porto //Chegou-me aos ouvidos rumores de uma noticia que antecipava os meus desejos: a de eu lhe ter offerecido o Palcio das Carrancas para sua residncia. Nada me pode ser mais agradvel e do corao desejo que isso se possa realizar. J escrevi ao meu administrador geral Fernando de Serpa Pimentel para estudar o caso com o meu Mordomo Mr Conde de Sabugosa, pois em vista das leis vigentes que pesam sobre as minhas propriedades, ignoro se dllas posso dispr. Felicito-o a si e ainda mais a diocese do Porto pelo seu regresso onde finalmente vae retomar o logar que sempre honrou com tanta coragem e dignidade. //Creia-me sempre meu querido Bispo um seu muito amigo que, com o maior respeito beija o seu sagrado annel // Manuel R.

    Esta carta que nunca foi publicada na ntegra, embora o seu contedo aparea citado por Bertino

    Daciano Guimares, quando refere que por algum moti-vo pretendeu oferecer-lhe D. Manuel II, um dia, o seu Palcio dos Carrancas, no Porto, para que nele se instalasse, o que o venerando bispo, fundamentalmente modesto no acei-tou12. E em nota acrescenta consta este oferecimento de uma carta escrita pelo monarca em 5/3/1914. Servindo-se desta referncia D. Carlos Azevedo, na sua biografia conjunta com Amadeu Gomes de Arajo, intitulada Ru da Repblica, refere igualmente este oferecimento do rei D. Manuel II ao bispo do Porto13.

    A carta data uns escassos 15 dias aps ter sido decretada uma aministia pelo governo que autorizava o regresso do bispo sua diocese. O projecto de se instalar no antigo palacio real do Porto, nunca se veio a realizar. Uma comisso de senhoras tinha encontrado na Quinta de Sacais, na rua do Herosmo, uma casa que pertencia aos banqueiros Antnio Nunes Borges14 e seu irmo Francisco Antnio Borges, que aps algumas alteraes serviu de pao episcopal a D. Antnio, at sua morte, ali ocorrida a 31 de Agosto de 1918.

    (Continuao da pg. 5)

    1 Antnio Matos Ferreira, Um Catlico Militante diante da crise nacional: Manuel Abndio da Silva (1874/1914), Centro de Estudos de Histria Religiosa da UCP, 2007, p. 198 e 504.

    2 Agradecemos ao nosso muito prezado amigo Prof. Doutor Pedro de Villas Boas Tavares esta preciosa informao que ajudou a uma melhor compreenso da carta de D. Amlia para D. Antnio Barroso.

    3 Esta a cabea de So Pantaleo, Museu Nacional Soares dos Reis, Porto, 2011 p. 218.4 Ibid, p. 219.5 Ibid, p. 223.6 D. Manuel Clemente, Os olhos grandes de So Pantaleo, in revista MVSEV, n 19, 2011/2012, p. 1797 Cf. Antnio Matos Ferreira, Um Catlico Militante diante da crise nacional: Manuel Abndio da Silva (1874/1914), Centro

    de Estudos de Histria Religiosa da UCP, 2007.Este texto biogrfico, de Abundio da Silva que aqu reproduzimos foi publicado no blog http://padrejorgeguarda.

    cancaonova.pt/?p=4078 Ibid., p. 284.9 Ibid.10 Historiador e poeta, autor da Memria Histrica Da Villa De Barcellos, Barcellinhos E Villa Nova De Famalico, publicada

    em Viana, em 1867.11 Teotnio da Fonseca, Divagando, Barcelos, 1981, pp. 132-13412 Bertino Daciano Guimares, D. Antnio Barroso, homem de aco, portugus de lei, pessoa de bem, 1956, p. 19.13 Amadeu Gomes de Arajo e Carlos A. Moreira Azevedo, Ru da Repblica O missionario Antnio Barroso, bispo

    do Porto, Ed. Aletheia, Lisboa, 2009, p. 268, nota 172.14 Em 1920, a filha de Antnio Nunes Borges, D. Lcia Brenha Borges, casar com um barcelense, Delfim Lopes

    Fernandes Vinagre, cunhado do Visconde da Fervena, grande amigo de D. Antnio.

    Boletim de D. Antnio Barroso

  • P7

    Boletim de D. Antnio Barroso

    O MElHOR SEPulCRO DOS MORTOS O CORAO AgRADECIDO DOS VIVOSFaleceram recentemente trs empenhados colaboradores da Causa de D. Antnio Barroso. Da esquerda para a direita: Senhor Joo Maciel de Brito limpoTrigueiros, casado com D. Otlia Barroso Castelo-Grande LimpoTrigueiros, sobrinha-neta do Bispo Antnio Barroso; Padre Manuel dos Santos Neves, Missionrio da Boa Nova, que colaborou nos dois ltimos nmeros deste Boletim, escrevendo sobre A realizao de um sonho de D. Antnio Barroso em terras brasileiras; Senhor Emlio Faria da Costa, casado com D. Maria de Lurdes Costa Miranda, era o Presidente do N-cleo de Barcelos da Associao dos Amigos de D. Antnio Barroso. O seu Caf Emlio, junto estao de Barcelos era a sede local da Associao. Para os trs Amigos de D. Antnio Barroso que nos deixaram, uma lembrana saudosa e uma prece. Para os familiares enlutados, um abrao de solidariedade na imensa dor que sentem.

    Como informmos no ltimo n. do Boletim, o Senhor Bispo do Porto, D. Antnio Francisco dos Santos, procedeu ao encerramento do processo de um presumvel milagre atribudo a D. Antnio Barroso, e a respectiva documentao foi j entregue em Roma na Congregao da Causa dos Santos. Foram muitos os que trabalharam empenhadamente para que o processo tivesse pernas para chegar distante Cidade Eterna. Mesmo correndo o risco de alguma injustia, h instituies e pessoas que no podemos ignorar, como o TRIBuNAl EClESISTICO DO PORTO, nomeadamente o Senhor Dr. Justiniano Ferreira dos Santos e o Senhor Dicono Permanente Agostinho Nogueira Pereira. Precioso foi tambm o apoio que recebemos da VOZ PORTuCAlENSE, nomeadamente do seu Director, Padre Manuel Correia Fernandes e do seu colaborador Joo Alves Dias. Por D. Antnio Barroso, bem-hajam! Flores para todos os que, de um modo ou de outro, cola-boraram, voluntria e generosamente, neste longo processo!

    FLORES PARA OS AMIGOS DE

    D. ANTNIO BARROSO

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    Boletim de D. Antnio Barroso

    Sendo muito reduzida a contribuio dos Amigos de D. Antnio Barroso, dos assinantes e dos leitores, e porque tempo de frias, o presente Boletim, a exemplo dos anos anteriores, cobre os trimestres de Abril/Junho e Julho/Setembro. Contamos com a vossa compreenso e desejamos a todos umas excelentes frias.

    CONTAS EM DIA

    A ltima relao de contas (at 31 de Maro de 2015) est disponvel no Boletim n. 13, III Srie. Desde aquela data, at 30 de Junho de 2015, foram efectuadas as seguintes despesas: Escola Tipogrfica das Misses. Execuo e expedio do Boletim n. 13, III Srie: 672.54 ; Consumveis, expediente, correio, comunicaes: 49.00 . TOTAl: 721.54 .

    No mesmo perodo, foram recebidos os seguintes donativos para apoio Causa da Canonizao de D. Antnio Barroso e para as despesas deste Boletim: Eng. Frederico Alberto Monteiro da Silva: 15.00 ; Padre Jos Vitorino Veloso 20,00 ; Senhor Antnio Moutinha Rodrigues 20,00 ; Dra. Maria A. Meireles 50,00 ; Amadeu Gomes de Arajo: 30,00 ; Senhor Manuel Ribeiro Fernandes: 100,00 ; Senhor Alberto Severino dos Santos Craveiro: 100,00 ; Senhor Carlos Alberto Alves: 20,00 ; Annimo: 25,00 ; D. Maria Jos Neves Silva Torres: 10,00 . TOTAl: 390,00 .

    Para transferncias bancrias que tenham a bondade de fazer para apoio Causa da Canonizao de D. Antnio Barroso e para as despesas deste Boletim, informamos que a conta em nome do Grupo de Amigos de D. Antnio Barroso, na Caixa Geral de Depsitos, Oeiras, tem as seguintes referncias:

    NIB: 003505420001108153073. IBAN: PT50003505420001108153073. BIC: CgDIPTPl

    Devotos, AMIGos e ADMIrADores vIsItAM D. ANtNIoVISITAS CAPElA-JAZIgO. Nos ltimos trs meses, de 1 de Abril a 30 de Junho de 2015, dos muitos visitantes de D. Antnio Barroso, 112 deixaram o seu nome registado em livro, confessando-se devotos e agradecendo ou pedindo graas. Na maioria so naturais de Remelhe (32), mas outros vieram de Barcelos (20), Porto (1), Vila do Conde (2), Barcelinhos (2), V. N. Famalico (2), S. Tirso (1), Pereira (3), Rio Mau (3), Bastuo (4), Pousa (1), Barqueiros (1), Gamil (5), Alvares (1), Silva (1), Tamel S. Verssimo (5), Galegos Sta. Maria (2), Roriz (2), Arcozelo (4), Alvelos (3), Rio Covo Sta. Eugnia (4), Pedra Furada (3), Carvalhal (3), Macieira (1), Lama (1), Balazar (1), Milhazes (2), Areias de Vilar (1), Brasil (1).

    Se algum entender que recebeu graas por intermdio do Servo de Deus D. ANTNIO BARROSO,agradecemos que as comunique por carta para AMADEU GOMES DE ARAJO, RUA LUS DE CAMES,

    N. 632, ARNEIRO / 2775-518 CARCAVELOS, ou por e-mail para [email protected]

    Por Marco Casquilho, no prximo n. deste Boletim

    A socIeDADe MIssIoNrIA DA boA NovA, No jApo