Boletim da Mulher Metalúrgica

2
Trabalhadoras se organizam contra desrespeito e violência As mulheres metalúrgicas já de- ram muitas provas de que são de luta. Nas campanhas salariais e de PLR, por exemplo, as fábricas onde as mulheres são maioria, os patrões não têm vez. O Sindicato sempre organizou atividades específicas para as mu- lheres, e conta com uma Secretaria da Mulher Trabalhadora. Agora, essa secretaria vai ser re- formulada. A composição deixa de ser exclusivamente de dirigentes sin- dicais e passa a abrir espaço para as próprias trabalhadoras. Queremos que as metalúrgicas participem ativamente das ativida- des da Secretaria, tomando decisões e ajudando a diretoria a elaborar po- líticas em defesa dos direitos”, afir- ma a diretora do Sindicato Rosân- gela Calzavara. Vamos dar continuidade às tare- fas que já vinham sendo desenvolvi- das pela Secretaria, como palestras, encontros e mobilizações, e avançar na luta por direitos. As trabalhadoras que quiserem fazer parte da secretaria Região não oferece atendimento e segurança para vítimas de agressão Órgão Informativo do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, Caçapava, Jacareí, Santa Branca e Igaratá www.sindmetalsjc.org.br 20 a 26 de novembro de 2012 METALÚRGICA BOLETIM DA MULHER As mulheres vítimas de violência em nossa região contam com pouco ou nenhum tipo de suporte para pro- tegê-las de seus agressores. Em todo o Vale do Paraíba, Ser- ra da Mantiqueira e Litoral Norte, ou seja, 39 cidades, existem apenas 10 Delegacias de Defesa da Mulher (DDM) e nenhuma Casa Abrigo. E o que não faltam são mulheres agredidas. Segundo o Departamen- to de Polícia Judiciária do Interior 1, em 2011, foram registradas 16.227 ocorrências nas DDM da região. Des- devem entrar em contato com a diretora Rosângela, pelo telefone 9176-3888. Dia contra a violência Esta nova etapa da Se- cretaria da Mulher Traba- lhadora vai ser oficialmente lançada nesta sexta-feira, dia 23, às 19h, na sede do Sindicato. Todas as traba- lhadoras e trabalhadores estão convidados. Junto com o lançamen- to da secretaria, acontecerá a palestra “Mulheres na luta contra a violência e a retira- da de direitos”. O evento marcará o Dia Internacio- nal da Não Violência con- tra a Mulher, celebrado em 25 de novembro. A data relembra o assassinato de três irmãs ativistas, da República Dominicana: Pátria, Minerva e Ma- ria Teresa Mirabal. Elas foram mor- tas em 1961, por lutarem contra a ditadura de Leonidas Trujillo. Compareça! Mulheres na luta contra a violência e a retirada de direitos PALESTRA: Dia 23, às 19h, na sede do Sindicato se total, 4.822 referem-se a casos de estupro ou lesão corporal. A cidade recordista de registros é Taubaté, com 3.938 boletins em 2011. Em segundo lugar, vem São José, com 2.962 casos. Portanto, temos de cobrar dos go- vernos federal, estadual e municipal, inclusive dos prefeitos recém-eleitos, medidas urgentes de proteção e apoio à mulher. Delegacias especializadas, Casas Abrigo e creches de qualidade são necessidades imediatas, que não podem mais ser adiadas. Este ano, dois casos tiveram grande repercussão na mídia da região. Um deles aconteceu no Fórum de São José dos Campos, onde um homem atirou contra a ex-mulher. Ela foi atingida no braço, mas o advogado que a defendia morreu. Em setembro, um garçom enciu- mado jogou o carro contra a ex-mulher, que estava num bar da cidade. Apesar de ter sido detido em flagrante, o agressor foi liberado no mesmo dia. AGRESSÕES POR EX-COMPANHEIROS Sindicato reformula Secretaria da Mulher para avançar na luta pelo direito das metalúrgicas. Sexta tem palestra no Sindicato Mulheres 2.indd 1 13/11/2012 14:16:08

description

Informativo de mulheres

Transcript of Boletim da Mulher Metalúrgica

Page 1: Boletim da Mulher Metalúrgica

Trabalhadoras se organizam contra desrespeito e violência

As mulheres metalúrgicas já de-ram muitas provas de que são de luta. Nas campanhas salariais e de PLR, por exemplo, as fábricas onde as mulheres são maioria, os patrões não têm vez.

O Sindicato sempre organizou atividades específicas para as mu-lheres, e conta com uma Secretaria da Mulher Trabalhadora.

Agora, essa secretaria vai ser re-formulada. A composição deixa de ser exclusivamente de dirigentes sin-dicais e passa a abrir espaço para as próprias trabalhadoras.

“Queremos que as metalúrgicas participem ativamente das ativida-des da Secretaria, tomando decisões e ajudando a diretoria a elaborar po-líticas em defesa dos direitos”, afir-ma a diretora do Sindicato Rosân-gela Calzavara.

Vamos dar continuidade às tare-fas que já vinham sendo desenvolvi-das pela Secretaria, como palestras, encontros e mobilizações, e avançar na luta por direitos. As trabalhadoras que quiserem fazer parte da secretaria

Região não oferece atendimento esegurança para vítimas de agressão

Órgão Informativo do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, Caçapava, Jacareí, Santa Branca e Igaratá

www.sindmetalsjc.org.br20 a 26 de novembro de 2012METALÚRGICA

BOLETIM DA MULHER

As mulheres vítimas de violência em nossa região contam com pouco ou nenhum tipo de suporte para pro-tegê-las de seus agressores.

Em todo o Vale do Paraíba, Ser-ra da Mantiqueira e Litoral Norte, ou seja, 39 cidades, existem apenas 10 Delegacias de Defesa da Mulher (DDM) e nenhuma Casa Abrigo.

E o que não faltam são mulheres agredidas. Segundo o Departamen-to de Polícia Judiciária do Interior 1, em 2011, foram registradas 16.227 ocorrências nas DDM da região. Des-

devem entrar em contato com a diretora Rosângela, pelo telefone 9176-3888.

Dia contra a violênciaEsta nova etapa da Se-

cretaria da Mulher Traba-lhadora vai ser oficialmente lançada nesta sexta-feira, dia 23, às 19h, na sede do Sindicato. Todas as traba-lhadoras e trabalhadores estão convidados.

Junto com o lançamen-to da secretaria, acontecerá a palestra “Mulheres na luta contra a violência e a retira-da de direitos”. O evento marcará o Dia Internacio-nal da Não Violência con-tra a Mulher, celebrado em 25 de novembro.

A data relembra o assassinato de três irmãs ativistas, da República Dominicana: Pátria, Minerva e Ma-ria Teresa Mirabal. Elas foram mor-tas em 1961, por lutarem contra a ditadura de Leonidas Trujillo.

Compareça!

Mulheres na luta contra a violência e a retirada de direitos PALESTRA:

Dia 23, às 19h, na sede do Sindicato

se total, 4.822 referem-se a casos de estupro ou lesão corporal.

A cidade recordista de registros é Taubaté, com 3.938 boletins em 2011. Em segundo lugar, vem São José, com 2.962 casos.

Portanto, temos de cobrar dos go-vernos federal, estadual e municipal, inclusive dos prefeitos recém-eleitos, medidas urgentes de proteção e apoio à mulher. Delegacias especializadas, Casas Abrigo e creches de qualidade são necessidades imediatas, que não podem mais ser adiadas.

Este ano, dois casos tiveram grande repercussão na mídia da região. Um deles aconteceu no Fórum de São José dos Campos, onde um homem atirou contra a ex-mulher. Ela foi atingida no braço, mas o advogado que a defendia morreu. Em setembro, um garçom enciu-mado jogou o carro contra a ex-mulher, que estava num bar da cidade. Apesar de ter sido detido em flagrante, o agressor foi liberado no mesmo dia.

Agressões por ex-CoMpANHeIros

Sindicato reformula Secretaria da Mulher para avançar na luta pelo direito das metalúrgicas. Sexta tem palestra no Sindicato

Mulheres 2.indd 1 13/11/2012 14:16:08

Page 2: Boletim da Mulher Metalúrgica

Nas fábricas, assédio moral e sexual é realidade. Se este é seu caso, denuncie!

ACE pode acabar com importantes conquistas das mulheres trabalhadoras

Como se não bastassem os ataques patro-nais que os trabalhadores enfrentam todos os dias nas fábricas, agora tem gente querendo oficializar a redução de direitos. É isso que vai acontecer se o famigerado Acordo Coletivo Especial (ACE), proposto pela CUT, for aprova-do pelo Congresso Nacional.

Embora o projeto atinja todos os trabalhado-res, as mulheres têm uma preocupação a mais. Afinal, estão em jogo direitos básicos como, por exemplo, período para amamentação, licença-maternidade e proibição de revistas íntimas.

O Sindicato já está fazendo campanha con-tra o ACE, mas é importante que todas as tra-balhadoras também se mobilizem.

Veja no quadro ao lado os direitos previstos na CLT e que podem ser reduzidos, ou até reti-rados, caso o ACE seja aprovado.

A trabalhadora Maria do Socorro passou por uma experiência que, infelizmente, faz parte da vida de muitas mulheres.

Maria foi assediada sexualmente por seu chefe, dentro da fábrica em que trabalha, com convites ofensivos e até tentativas de tocá-la.

O nome que usamos aqui, Maria do Socorro, é falso, para preser-var a companheira, mas a história é verdadeira.

CONQUISTAS SOCIAIS DA CAMPANHA SALARIAL 2O12Na Campanha salarial deste ano, em diversas fábricas da região, fechamos acordos com am-pliação das cláusulas sociais. Confira algumas:

Blue Tech - redução da jornada de 42h30 para 42h, auxílio-cre-che de 30% sobre o piso.

eltek - auxílio-creche para filhos de até 3 anos, licença-materni-dade de 180 dias e licença-paternidade de 6 dias

emerson - jornada de 40h, delegado sindical, creche para filhos de até 3 anos, licença-maternidade de 180 dias, redução da jor-nada de 44h para 40h.

ericsson - jornada de 40h, auxílio-creche de 25% do piso, licen-ça-maternidade de 180 dias

J. A. Matilde - auxílio-creche para filhos de até 3 anos.

Katrol - auxílio-creche para filhos de até 3 anos, licença-materni-dade 180 dias e licença-paternidade de 6 dias.

L. Vieira - auxílio-creche para filhos de até 3 anos, licença-mater-

É proibido exigir atestado ou exame para comprovação de esterilidade ou gravidez, na admissão ou permanência no emprego.

É proibido proceder revistas íntimas nas em-pregadas ou funcionárias.

As empresas com mais de 30 funcionárias tem de ter local apropriado para que as mães possam deixar seus filhos no período da amamentação. A exigência pode ser su-prida por meio de creches.

Não constitui justo motivo para demissão o fato de a funcionária se casar ou estar grávida.

Licença-maternidade de 120 dias.

Os períodos de repouso, antes e depois do parto, poderão ser aumentados de duas se-manas cada um, mediante atestado médico.

É garantido durante a gravidez:

I - transferência de função, quando as condi-ções de saúde o exigirem;

II - dispensa do horário de trabalho para, no mínimo, seis consultas médicas e exames.

Para amamentar o filho, até que este com-plete seis meses, a mulher tem direito a dois descansos especiais, de meia hora cada um.

Direitos que estão na CLT e podem ser reduzidos

O assédio começou um mês depois de Maria ser admitida, numa fábrica em São José dos Campos. O chefe a convidava para sair, di-zia que iria se separar e chegou a pedir que ela o abraçasse.

A situação foi piorando a cada dia, até que Maria não aguen-tou mais e pediu ajuda ao proprietário da empresa. Entretanto, nada foi feito. O caso foi parar na Justiça. A trabalhadora decidiu processar a empresa e foi indenizada.

HumilhaçãoUm outro caso envolve uma ex-funcionária de outra fábrica de

São José. Durante quatro anos, Luiza (nome fictício) foi humilhada por seus colegas de trabalho. Todos os dias, ela ouvia comentários do tipo “que ela deveria ficar em casa fazendo bolo” ou que “não tinha o perfil da empresa”. Diante de tanto assédio, Luiza acabou so-frendo depressão. Mas ela não se calou. Entrou com uma ação por danos morais e a empresa foi condenada a pagar uma indenização.

Lutar e denunciar: este é o caminhoAlém de lutar por direitos, as trabalhadoras também devem de-

nunciar qualquer tentativa de ataque ocorrido nas fábricas. O De-partamento Jurídico do Sindicato dispõe de meios para denunciar os patrões e não colocar em risco o emprego da trabalhadora.

Portanto, todo trabalhador ou trabalhadora que se sentir asse-diado, pode procurar o Sindicato e denunciar quem merece!

nidade de 180 dias e licença-paternidade de 6 dias.

schrader - auxílio-creche para filhos de até 3 anos, delegados sin-dicais e licença-maternidade de 180 dias, redução da jornada de 44h para 42h.

Volex - discussão sobre Delegado Sindical, regulamentação da licença-maternidade de 180 dias, jornada de 40 horas.

rexam - auxílio-creche até os 4 anos de idade.

Mulheres 2.indd 2 13/11/2012 14:16:11