Boletim de História

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1 Espinho Ano XVIII Nº 2 Junho 2009

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Espinho Ano XVIII Nº 2 Junho 2009

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Espinho Ano XVIII Nº 2 Junho 2009

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A Caça na Idade Média

A caça era uma actividade muito desejada pelos homens dasvárias classes sociais na Idade Média, nomeadamente a nobreza e oclero. Esta actividade era encarada como prazer, diversão ou para suaprópria glorificação. Em termos económicos e sociais era de granderelevância na sociedade medieval. Durante muitos anos foi entendidacomo arte dos nobres e guerreiros. Os animais caçados constituíamuma alegria para o estômago dos camponeses; os reis, cavaleiros epríncipes satisfaziam-se a correr pelos montes à procura de caça. Nofinal do século XIII, D. Sancho I foi criticado por obrigar os clérigosa sustentar cães e aves para a caça. Nesta época caçava-se: javali,lobo, cervo ... Os burgueses também se dedicavam à caça do coelho,da perdiz, do gamo e do cervo.

Joana Filipa Ferreira - 5ºD

MESTEIRAIS NAS CIDADES MEDIEVAIS

Os mesteirais eram artesãos encarregados da produçaõ artesanal, ou seja, uma classede trabalhadores profissionais.

Nas cidades e vilas importantes, os mestres estavam arruados, ou seja reunidos porprofissões numa mesma rua.Persistiram até hoje nomes de ruas que mostram bem esseprincípio de "arrumação": Rua dos Sapateiros, Rua dos Correeiros, Rua dos Ourives do Ouro,

Rua dos Ourives da Prata, em Lisboa; Rua da Ferraria, Rua dos Sapateiros, Rua das Tendas, no Porto; Rua dasPadeiras, Rua das Olarias, Rua dos Esteireiros, Rua das Tanoarias, em Coimbra; Rua Peliteira, em Guimarães.

Assim, nas ruas principais de Lisboa ou do Porto, as tendas dos vários mestres alinhavam-se lado a ladoexibindo à porta os mesmos produtos e disputando a clientela.

Não existiam fábricas à maneira moderna, onde centenas ou milhares de operários trabalham sob as ordensde um patrão. Por exemplo, uma oficina de ferreiro era ocupada por cinco pessoas.O mestre cuja função eratrabalhar o ferro, dois sargentes, malhavam o ferro, o foleiro, certamente ainda aprendiz, "tangia" ao fole e por fimum moço - chamado ganha-dinheiros - acarretava o ferro, a lenha e o carvão para a forja, a água para arrefecero metal e por último empilhava as ferraduras ou os cravos.

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Se uma só loja não era suficiente para o aumento do consumo, o remédio estava na abertura de uma nova lojae não no alargamento da primeira.

Ivo Cruz e José Caetano - 5ºG

ALFAIATES NA IDADE MÉDIA

Os alfaiates da Idade Média, responsáveis pela confecção do vestuário, eram mestresespecializados e tidos em grande consideração. A habilidade exigida a estes homens sujeitava--os a um rigoroso exame, sem o qual não lhes era passada a carteira profissional. Tinham desaber talhar, cortar e executar qualquer peça de vestuário.

Desde talhar veludo cinzelado ao veludo lavrado à navalha. Os cetins constituíam outrodos tecidos com que teriam que saber trabalhar, tal como respeitar as regulamentações em usopara o corte de seda. Ainda a estes oficiais era exigido que soubessem as quantidades de panonecessárias para cada peça.

Os alfaiates, em geral, executavam pelotes de qualquer feitio, capas de capelo, gibõesenchumaçados, capas e mantos. Para as senhoras, talhavam e cortavam tecidos de qualquerfeição.

Aos alfaiates era proibido tingir os tecidos cinzentos ou brancos com tintas azuis e pretas. Não se podiamvender ou voltar a costurar peças de vestuário velho, ou cortar, bordar ou vincar qualquer tecido antes de servendido. Na segunda metade do século XVI, um alfaiate ganhava o salário de vinte e cinco reais por dia, com aobrigação de confeccionar, por exemplo, sete gibões em quatro dias.

Eduarda Guimarães - 5ºF

ESCOLAS PALATINAS

Durante o reinado de Carlos Magno (768-814), a Europa experimentou um notável desenvolvimento culturalque se tornou conhecido sob o nome de Renascimento Carolíngio.

Incrementando o número de escolas nos mosteiros, conventos e abadias, Carlos Magno criou uma quaseobrigatoriedade de fornecer instrução aos leigos por parte de uma Igreja. Estas escolas deveriam ser presididas

por um eclesiástico - scholasticus - dependente directamente dobispo, daí o nome de escolástica dado à doutrina e à prática de ensinoassim veiculada.

Carlos Magno funda ainda, junto da sua corte e no seu própriopalácio, a assim chamada Escola Palatina que servirá de modelo aoutras escolas que vão surgir, especialmente em França.

Para apoio do seu plano de desenvolvimento escolar, CarlosMagno chamou o monge inglês Alcuíno. É sob a sua inspiração que,a partir do ano 787, foram emanados os decretos capitulares para aorganização das escolas o organizados os respectivos programas.Estes incluíam as sete artes liberais, repartidas no trivium e noquadrivium. O trivium abraçava as disciplinas formais: gramática,

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retórica, dialéctica, esta última desenvolvendo-se, mais tarde, na filosofia; o quadrivium abraçava as disciplinasreais: aritmética, geometria, astronomia, música, e, mais tarde, a medicina.

Para cada matéria existiam determinadas obras fundamentais: o estudo da gramática é feito pelos manuaisde Donato e Prisciano; o da retórica, tinha por base fundamentalmente Cícero complementado pela leitura de algunspoetas antigos, como Virgílio ou Ovídio; Aristóteles é o autor fundamental para a lógica (através do que da sua obrahavia sido traduzido por Boécio). O programa incluía ainda a leitura da Bíblia acompanhada dos comentários dospadres, particularmente de Gregório Magno.

Além de Alcuíno, vão trabalhar na corte imperial, Paulo Diacre, um italiano que trabalhou na corte daLombardia; Teodulfo que traz de Espanha a riqueza da cultura moçárabe, Scoto Eriúgena, o teólogo irlandês e porfim, o germano Eginardo. Frequentavam esta escola o próprio imperador, os príncipes e os jovens da nobreza.

Joaquim Correia - 5ºC

OS CAVALEIROS MEDIEVAIS

Cavaleiro era um homem de nascimento nobre quepraticava a luta a cavalo. A lealdade e a coragem física eramas principais virtudes de um cavaleiro.

No início, para ser cavaleiro bastava possuir um cavalo euma espada. Em troca de serviço militar, o cavaleiro recebia oseu feudo, onde erguia uma fortaleza bastante primitiva. Poucoa pouco, porém, todo o cavaleiro ficou obrigado a defender atéà morte o seu senhor feudal, a sua fé em Deus e a honra de suadama. Com isso, as condições para alguém chegar a cavaleiropassaram a ser mais rigorosas. O jovem nobre iniciava aaprendizagem aos sete anos, servindo como pajem em casa deum senhor, onde aprendia equitação e o manejo das armas. Aos

quatorze anos esses jovens exerciam junto ao seu protector a função de criado doméstico e auxiliar de armasservindo à mesa, acompanhando-o à caça, participando dos seus divertimentos, aprendendo as virtudes do homemdo mundo. Ocupando-se dos seus cavalos, limpando as armas e, mais tarde, seguindo-o nos torneios e nos camposde batalha, adquirindo os conhecimentos do homem de guerra. A partir do dia em que passam a exercer estas últimasfunções até ao momento da ordenação como cavaleiro, possuem o título de escudeiro. Aqueles que, por falta desorte, mérito ou ocasião não conseguem alcançar ordenação, guardarão este título por toda a vida, pois é apenasapós a ordenação e a entrega do equipamento que se pode ostentar o título de cavaleiro. Para ficar forte, tomavaparte em corridas, em lutas livres e praticava esgrima. Para se preparar para torneios e combates, aprendia a "correra quintana": tratava-se de galopar em grande velocidade em direção a um boneco de madeira e cravar-lhe a lançaentre os olhos. O boneco estava munido de um pau e montado sobre um parafuso.Quem não o atingia bem com a lança apanhava com o pau nas costas.

Depois do tempo de aprendizagem, se o jovem fosse considerado preparadoe digno, estava pronto para ser armado cavaleiro. Regra geral, a cerimónia emque o jovem "cingia a espada" era celebrada pelo senhor junto de quem o novocavaleiro tinha passado os seus anos de aprendizagem.

Observa-se particularmente uma grande diferença entre as ordenações queocorreram em tempos de guerra e as realizadas em época de paz. As primeirassucedem num campo de batalha, antes do combate ou após a vitória; são as maisgloriosas, embora os gestos e as fórmulas estejam reduzidos à sua expressão maissimples: em geral a entrega da espada e a palmada no ombro. As segundascoincidem com a celebração de uma grande festa religiosa (Páscoa, Pentecostes,

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Ascensão) ou civil (nascimento ou casamento de um príncipe, reconciliação de dois soberanos). São espectáculosquase litúrgicos, tendo por cenário o pátio de um castelo, o pórtico de uma igreja, uma praça pública ou a relva deum prado. Após um banho ritual destinado a purificar-se de todo o pecado, o postulante colocava a sua espada ea sua armadura novas no altar da capela do castelo. Passava toda a noite de joelhos, em oração. Na manhã seguinte,depois da missa, era vestido com um traje de veludo bordado e entregavam-lhe oficialmente as esporas e a espada,o seu cinturão de cavaleiro, a cota de malha, o elmo e por fim a lança e o escudo. Prostando-se aos pés do seu senhor,repetia os votos de cavaleiro - ser bom e generoso para com os amigos, vencer os traidores, renunciar ao mal,proteger a viúva e o órfão, servir o seu senhor e cumprir os seus deveres religiosos.

O senhor dava-lhe então a pescoçada (também chamada palmada) com a mão ou a lâmina da espada noombro ou no pescoço dizendo: "Em nome de Deus, de São Miguel e de São Jorge, eu te declaro cavaleiro". Entãoo jovem levantava-se: era cavaleiro e podia ter o seu cavalo próprio e as suas armas pessoais. O resto do dia erapassado em festas e distracções.

Samuel Rocha - 5ºD

FEIRAS MEDIEVAIS

Nas feiras medievais havia actividade comercial etambém entretenimento. Saltimbancos animavam os visitantes,artesãos trocavam informações, as pessoas viam as novastecnologias de produção, capazes de criar produtos novos.

As feiras eram os locais de compra e venda de produtosdos negociantes. Até o século XIV, as feiras mais importanteseram na região de Champanhe, França.

Esse comércio possibilitou o retorno das transacçõesfinanceiras, o reaparecimento da moeda, ou seja, deu vida àsactividades bancárias.

Com isso a terra deixava de ser a única fonte de riquezae um novo grupo social surge, os mercadores ou comerciantes.

Nas feiras vendiam pão de grano duro, o vinho segundo a tradição grego-romana fica um alimento difundidoaté nas classes mais pobres: é nutriente, da alegria, pode ser utilizado como anestésico, todos bons motivos para

o favorecimento do consumo por parte dos ricos. Além das verdurase legumes como couve, abóbora, cebolas, espinafres, grão de bico,favas, lentilhas. Comercializavam também frangos, galinhas, algunscoelhos, que representavam a única variante mais substancial paraos trabalhadores da agricultura. Incluiam-se as ervas aromáticas, jábastante conhecidas, como o timo, o alecrim, manjericão e o azeitede oliva.

Além desses produtos de primeira necessidade, havia umintenso trabalho de artesãos. Como já mencionámos, a região deChampagne, localizada a nordeste da actual França, era umimportante ponto de feira nacional e internacional: aí realizavam-sefeiras onde eram comercializados tanto os produtos europeus comoos produtos orientais, diariamente. Mas nos meados da IdadeMédia, as feiras eram feitas na parte externa dos palácios. Com opassar dos tempos, Champangne tornou-se um grande ponto

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comercial de referência, na Europa.Após a decadência do Império Romano, as feiras

medievais representaram o momento no qual ressurge ocomércio na Europa, no final do século XI. A Europa saíado feudalismo, no qual as pessoas viviam em territórioslimitados, no qual produziam tudo o que precisavam, sendoque quando algo faltava, conseguiam-no através de trocas.

No entanto, as Cruzadas reabriram o caminho pelomar Mediterrâneo e possibilitaram aos europeus um maiorcontacto com o Oriente, de onde traziam mercadoriasraras e exóticas (cravo, canela, pimenta, seda, porcelana),muito cobiçadas no Velho Continente. Neste momento,podemos falar no renascimento comercial, uma vez queessas mercadorias eram trazidas e fizeram com que o dinheiro, até então entesourado, voltasse a circular.

Estes produtos começaram a ser vendidos nas feiras que surgiam nas cidades que renasciam. Como essasnovas cidades foram chamadas burgos, em virtudes dos seus muros fortificados, os habitantes das cidadestornaram-se os burgueses, termo que posteriormente se aplicou somente aos comerciantes enriquecidos com suaprática.

A partir do século XIII, os reis portugueses deram uma maior importância às feiras, o que se comprova pelaconcessão de um maior número de Cartas de Feira. Estes documentos criavam as feiras e estabeleciam os direitose as obrigações dos mercadores e procuravam garantir a segurança de pessoas e bens. Por vezes, para incentivaro comércio de uma região, criavam-se as Feiras Francas, assim designadas por isentarem os feirantes de algunsimpostos.

Os reis D. Afonso III e D. Dinis foram aqueles que se destacaram neste campo por criarem mais feiras. Esteinteresse dos reis no desenvolvimento do comércio justificava-se também pelos rendimentos que as feiras lhesproporcionavam, através dos impostos cobrados sobre as mercadorias negociadas.

As feiras realizavam-se, normalmente, em cidades e vilas, com uma periodicidade de quinze dias a um anoe, em geral, duravam vários dias. Às feiras deslocavam-se mercadores de todo o país e até mesmo do estrangeiro,o que fazia com que a variedade de produtos fosse muito grande. Elas foram um poderoso factor de crescimentoeconómico para as populações das regiões onde se realizavam, porque contribuíam para o desenvolvimento doartesanato e do comércio local.

Além de local de comércio a feira tinha, quase sempre, uma dimensão religiosa, de convívio e de diversão,coincidindo muitas vezes com uma peregrinação, uma romaria ou outra festa de carácter religioso.

João Pedro Lourenço - 5ºH

A PESTE NEGRA

Durante a segunda metade do século XIV, principalmente durante os reinadosde D. Afonso IV e de D. Pedro I, a população portuguesa viveu tempos difíceis.

A instabilidade do clima, com períodos de chuvas contínuas, originou mausanos agrícolas que causaram falta de cereais, fome e a morte de muita gente.

A falta de higiene nas cidades, provocava graves doenças contagiosas -epidemias e pestes.

A maior das calamidades foi a peste negra.Os médicos não sabiam qual a causa da peste negra e, por essa razão, não

encontravam nem a defesa nem a cura para a mesma. Houve, no entanto, quemse aproximasse da solução sem saber. Muitos acreditavam que o ar transportava

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a doença e que a sua causa era uma conjugação de planetas.Foram criados vestuários protectores para a doença, que eram utilizados para tratar os doentes com peste.

Usavam uma máscara em forma de bico de pássaro, usavam luvas e uma túnica.A peste originou a morte de mais de um terço da população.

Filipa Tavares - 5ºH

A HABITAÇÃO NO SÉCULO XVI

Antigamente, na Idade Média, os nobres edificavam castelos fortificados para seprotegerem dos inimigos e, por detrás das grossas paredes, amos e servos moravam emconjunto. No entanto, nos finais do séc. XV, essa forma de viver começou a alterar-se, pois,como os canhões podiam derrubar os muros mais espessos, os nobres decidiram que, já queas suas residências haviam deixado de ser seguras, podiam, ao menos, tornar-se elegantese confortáveis. Assim, a principiar pela Itália, espalhou-se por toda a Europa a moda de

possuir novos tipos de habitação, e os ricos mercadores, os grandesproprietários foram possuidos por uma febre construtora. Começarama usar-se novos materiais: madeira, gesso e tijolos, assim assim comovidro, que embaratecera bastante e surgia em grandes quantidades nomercado, permitindo que as janelas das novas casas aumentassem detamanho e de número. Muitas das edificações passaram também adispor de chaminés ornamentais para eliminar os fumos.

Os recursos dos pobres apenas chegavam para suprir asnecessidades mais elementares do quotidiano. Assim, o mobiliário eraum luxo e quando alguém morria fazia-se um inventário dos seus

haveres. Os inventários que chegaram até aos nossos dias mostram que os pobres tinham muito poucos móveis:talvez apenas uma mesa, bancos e alguns sacos de palha para servirem de camas. Quanto a objectos de decoraçãointerior, é melhor sequer não falar nisso!

Contudo, os interiores das casas dos ricos eram muito luxuosos, demonstrando bem a sua posição na escalasocial. As habitações dispunham de amplas janelas, as paredes eram forradas com painéis de madeira esculpidae os tectos ornamentados com desenhos feitos de gesso. Por outro lado, o chão era revestido de espessos tapetese carpetes, sobre os quais se colocavam móveis que eram, simultaneamente, bonitos e úteis. A sala de estar era,regra geral, a divisão decorada com mais requinte. Em comparação com as actuais, as residências não eram,apesar de tudo, muito confortáveis. Não havia cadeiras com braços nem com estofos, e as casa de banho e asbanheiras eram totalmente desconhecidas. Assim, mesmo as habitações mais luxuosas eram frias e mal cheirosas,mas para os ricos importavam mais as aparências, e isso era válido tanto para o mobiliário como para o vestuário.

A nível da decoração e do vestuário, os próprios valores estéticos dos padrões europeus sofreram algumaevolução com a adopção dos tecidos, porcelanas, móveis e adornos orientais.

Filipe Simões, Tiago Coelho e Vicente Iglésias - 5º J

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COMIDAS E DOENÇAS A BORDO DAS NAUS

No século XV, na época das navegações, a bordo dos navios aimagem da alimentação não era a que hoje temos: escravos, marinheiros,soldados e oficiais tinham uma dieta alimentar muito pobre, às vezescausavam doenças que traziam até a morte.

Era uma dieta rica em proteínas, mas, pobre em vitaminas.A ração diária dos tripulantes das naus, não tinha vegetais e nem

alimentos frescos; só iam às caravelas alimentos que resistiam a um longotempo sem apodrecer.

Às vezes, quando a comida acabava, os tripulantes chegavam aalimentar-se de animais que transmitiam doenças, como ratos, baratas epiolhos. Os mesmos também conviviam com todos os tripulantes no dia adia.

A ração que os tripulantes recebiam, era mensal e os alimentos eramtodos crus. Em consequência havia sempre pequenos fogos acesos noconvés (representavam um perigo constante). A ração era constituída de15kg de carne salgada e mais cebola, vinagre e azeite (os capitães podiam trazer galinhas e ovelhas para melhorarsua alimentação).

Os marinheiros tinham o direito a 400g diárias de um biscoito duro e salgado. Tais biscoitos eram fabricadospor eles mesmos. Estes biscoitos ficavam com bolor e eram comidos também por baratas e ratos.

Cada marinheiro tinha direito a uma canada diária (1,4 litro) de vinho armazenado em cerca de 200 pipaspor navio. A água era também de uma canada diária. A mesma água era usada também para beber e cozinhar.

A água a bordo era escassa e de má qualidade. Depois de um certo período, a água ficava com mau gostoe mau cheiro (pelos factores químicos e também lugares não apropriados de armazenamento). Esta água causavamuitas infecções e doenças.

Além da carne salgada, comiam muito pão, grãos, ervilha seca, semente de mostarda, sal, açúcar, sebo,manteiga, farinha de trigo, frutas secas, água, vinagre e muita bebida alcoólica, como vinho, cerveja e sidra.

Com um pouco de sorte e ajuda de Deus, a pesca era possível.A falta de vitamina C nos alimentos, levava a uma das mais temidas doenças entre os marinheiros: o

escorbuto.O escorbuto era uma doença que primeiro provocava um sangramento nas gengivas, depois um sangramento

generalizado podendo levar à morte.A peste negra, uma doença também muito temida, era a principal causa de morte no século XV.A falta de limpeza era a principal causa de doença e morte.

Tiago Lemos Silva - 5º J

MONSTROS MARINHOS

Um monstro marinho é uma criatura imaginária, geralmente de grandes proporções, bastante comum noimaginário dos navegantes europeus da Idade Moderna. Há referências, contudo, ao longo de toda a História, sendoum caso recente o do Monstro de Lago Ness.

Desde as primeiras navegações, se fala em Monstros Marinhos, os quais atacavam navios, e protagonizavamestranhas aparições. Mas, monstros marinhos realmente existem/existiram/existirão?

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Se existem ou não, não sabemos ao certo. O que sabemos, é que umdos principais casos de aparição de um monstro marítimo, ganhou uma nova,simples, e bizarra hipótese: costa oeste da Gronelândia, Julho de 1734. Ostripulantes de um barco dinamarquês avistam um animal marinho assustador,descrito mais tarde como "o mais pavoroso dos monstros". Ele logo passou afigurar na galeria das lendárias criaturas aquáticas de identidade misteriosa.

Ao tentar explicar essa aparição haviam proposto que se podia tratarde um polvo, uma foca ou lontra gigante.

Quem nunca imaginou criaturas marinhas capazes de destruirembarcações, como as gigantescas serpentes marinhas que assombram osmarinheiros em certas partes do mundo? Ou de pessoas que alegam ter vistoenormes criaturas de longo pescoços para fora d’água, como o mostro do lagoNess?

Super predadores:

Há milhões de anos atrás no nosso planeta, criaturas ainda maisterríveis dominavam os oceanos. Umas delas, com mais de 15 metros!O terrível Liupleurodon Ferox, nem mesmoos grandes tubarões brancos tinhamhipótese com seu crânio de quase 3metros!

Nem mesmo o maior predadorterrestre, o Giganotosaurus, teria tidoalguma oportunidade.

Mas fiquem despreocupados,para nossa sorte e das baleias, essaespécie desapareceu há 150 milhõesde anos atrás...

Nos mares do período Jurássico,havia uma espécie bastante bizarra de répteis, os ictiossauros, ou “lagartos peixes”. O maior ictiossauro foi oShonisaurus, um verdadeiro gigante com 15 metros de comprimento e pesando 40 toneladas.

E também o Ophtalmosaurus, chamado assim por ter grandes órbitas oculares, viveu no Jurássico, e viviasempre fugindo de grandes predadores como os tubarões e também os Liupleurodons.

Beatriz Morais, Francisca Albuquerque e Sofia Castro - 5º J

RIQUEZAS DO ORIENTE

Cravinho

O craveiro-da-índia ou cravo-da-índia (Syzygium aromaticum) é uma árvore nativa das ilhas Molucas, naIndonésia. Actualmente é cultivado noutras regiões do mundo, como as ilhas de Madagáscar e de Granada.

O botão da sua flor, seco, é utilizado como especiaria desde a antiguidade, empregado na culinária e nafabrico de medicamentos.

O seu óleo tem propriedades antissépticas, sendo bastante utilizado em odontologia.Uma das especiarias mais valorizadas, no mercado do início do século XVI - um quilo de cravo equivalia

a sete gramas de ouro.

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Pimenta

A pimenta-preta, também conhecida como pimenta-redonda, é uma das mais antigas especiarias conhecidas.As pequenas frutas provêm das drupas da planta trepadeira Piper nigrum L. da família Piperaceae, que se

desenvolvem nas florestas equatoriais da Ásia.

Vários tipos de pimenta:

- pimenta-do-reino tipo verde;- pimenta branca;- pimenta-negra- pimenta-vermelha

Noz-moscada

Noz-moscada é uma especiaria da espécie - Myristica Fragans - a sua árvore édenominada de moscadeira da família das Myristicaceae, uma planta de porte alto, atingindocerca de 10 a 15 metros de altura, com várias ramos dispostas ao longo do tronco principal, amadeira é muito boa para confecção de móveis. Quando consumida em quantidades elevadasé um alucinógenio subtil, podendo mesmo ser perigosa.

Beatriz Silva - 5º M

IMPERADOR CONSTANTINO

Nascido em Naissus, na Mésia (actual Nis na Sérvia), filho de Constâncio Cloro (ou Constâncio I Cloro)e da filha de um casal de donos de uma albergaria na Bitínia, Helena de Constantinopla, Constantino teve uma boaeducação - especialmente por ser filho de uma mulher de língua grega e haver vivido no Oriente grego, o que lhefacilitou o acesso à cultura bilingue própria da elite romana - e serviu no tribunal de Diocleciano depois do seu paiter sido nomeado um dos dois Césares, na altura um imperador júnior, na Tetrarquia em 293. Muito embora a suacondição junto a Diocleciano fosse em parte a de um refém, Constantino serviu nas campanhas do César Galérioe de Diocleciano contra os Sassânidas e os Sármatas. Quando da abdicação conjunta de Diocleciano e Maximiano

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em 305, Constâncio seria proclamado Augusto (imperador sénior), mas Constantinoseria descartado como César em proveito de Flávio Severo.

Pouco antes da morte de seu pai, em 25 de Julho de 306, Constantinoconseguiu a permissão de Galério para se reunir a ele no Ocidente, chegando a fazeruma campanha juntamente com Constâncio Cloro contra os Pictos, estando juntodo leito de morte do seu pai em Eburacum na Britânia (actual York), o que lhepermitiu impor o princípio da hereditariedade em seu proveito, proclamando-seCésar e sendo reconhecido como tal por Galério. Desde o início de seu reinado,assim, Constantino tinha o controlo da Britânia,Gália, Germânia e Hispânia, com asua capital em Trier, cidade que fez embelezar e fortificar.

Nos dezoito anos seguintes combateu uma série de batalhas e guerras que ofizeram o governador supremo do Império Romano. Como Maximiano desejava retomar sua posição de Augusto,da qual se havia afastado a contragosto junto com Diocleciano. Constantino recebeu-o na sua corte e aliou-se aele por um casamento em 307 com a filha de 7 anos de Maximiano, Fausta, o que lhe permitiu ser reconhecidotacitamente como Augusto em 308 por Galério, numa conferência dos tetrarcas em Carnuntum (actual Petronell-Carnuntum na Áustria).

Guerras civis constantes e prolongadas fizeram de Constantino, antesde mais nada, um reformador militar, que, para aumentar o número de tropasa sua disposição imediata, constituiu o cortejo militar do imperador (comitatus)num corpo de tropas de elite autosuficiente - um verdadeiro exército decampanha - principalmente pelo recrutamento de grande número de germanosque se apresentavam ao exército romano nos termos de diversos tratados depaz, a começar pelo chefe dos Alamanos, Chrocus, que teve um papeldecisivo na aclamação de Constantino como Augusto.

O facto de Constantino ser um imperador de legitimidade duvidosa foialgo que sempre influênciou as suas preocupações religiosas e ideológicas:enquanto esteve diretamente ligado a Maximiano, apresentou-se como oprotegido de Hércules, deus que havia sido apresentado como padroeiro deMaximiano na primeira Tetrarquia; ao romper com seu sogro e eliminá-lo,Constantino passou a colocar-se sob a protecção da divindade padroeira dosimperadores-soldados do século anterior, Deus Sol Invicto, ao mesmo tempoque fez circular uma ficção genealógica pela qual ele seria o descendente do

imperador Cláudio II - ou Cláudio Gótico - conhecido pelas suas grandes vitórias militares, por haver restabelecidoa disciplina no exército romano, e por ter estimulado o culto ao Sol.

Constantino acabou, no entanto, por entrar na História como primeiro imperador romano a professar ocristianismo, na sequência da sua vitória sobre Maxêncio na Batalha da Ponte Mílvio, em 28 de Outubro de 312,perto de Roma, que ele mais tarde atribuiu ao Deus cristão. Segundo a tradição, na noite anterior à batalha sonhoucom uma cruz, e nela estava escrito em latim:

In hoc signo vinces "Sob este símbolo vencerás"

De manhã, um pouco antes da batalha, mandou que pintassem uma cruz nos escudos dos soldados econseguiu um vitória esmagadora sobre o inimigo.

Só após 317 é que ele passou a adoptar clara e principalmente lemas e símbolos cristãos, como o "chi-rô",emblema que combinava as duas primeiras letras gregas do nome de Cristo ("X" e "P" superpostos).

Diogo Cabral - 5ºL

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D. SANCHO I

Quarto filho do monarca Afonso Henriques, após a morte do pai, torna-se o segundorei de Portugal.

Foi o primeiro rei-poeta de Portugal, foi um dos nossos primeiros trovadores.É lembrado pelo seu gosto pelas artes e literatura, tendo deixado ele próprio vários

volumes com poemas.No "Cancioneiro da Ajuda" encontra-se a famosa "cantiga de amor", "A Ribeirinha",

de Paio Soares Taveirós, composta em 1189. É uma cantiga dedicada à favorita de D. SanchoI, D. Maria Pais Ribeiro, mais conhecida como "a Ribeirinha".

Lucas Stein - 5ºE

D. DINIS

D. Dinis foi o sexto rei de Portugal. Filho de D. Afonso III e dainfanta Beatriz de Castela, neto de Afonso X de Castela, foi aclamadoem Lisboa em 1279.

Foi cognominado O Lavrador ou O Rei-Agricultor, pelo impulsoque deu no seu reino àquela actividade, e ainda o Rei-Poeta ou O Rei--Trovador, pelas Cantigas de Amigo e de Amor que compôs, e pelodesenvolvimento da poesia trovadoresca a que se assistiu no seureinado.

Foi o primeiro rei português a assinar os seus documentos com onome completo. Presume-se que tenha sido o primeiro rei português nãoanalfabeto.

Quanto à sua obra poética, o que dela nos restou é suficiente parao tornar o mais fecundo trovador português.

Aos nossos dias chegaram 137 cantigas da sua autoria, distribuídaspor todos os géneros (73 cantigas de amor, 51 cantigas de Amigo e 10cantigas de escárnio e maldizer), bem como a música original de 7dessas cantigas (descobertas casualmente em 1990 pelo Prof. HarveyL. Sharrer, no Arquivo da Torre do Tombo, num pergaminho que serviade capa a um livro de registos notariais do século XVI, e que ficouconhecido como Pergaminho Sharrer).

Durante o seu reinado, Lisboa foi, pois, um dos centros europeus de cultura. A Universidade de Coimbra,a primeira universidade em Portugal, foi fundada pelo seu decreto Magna Charta Priveligiorum.

Pelo novo alento que deu às letras hispânicas numa época de decadência, pela importância da sua obrapoética, o nome de D. Dinis deve ocupar lugar privilegiado na literatura medieval portuguesa.

D. Dinis morreu em 1325.

Gustavo Baldaia, Nuno Rio e Pedro Prieto - 5º E

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A VIDA DE D. NUNO ÁLVARES PEREIRA COMO SANTO

Após a morte de sua esposa, tornou-se carmelita ( entrou na ordemem 1423, no Convento do Carmo, que fundara como cumprimento de umvoto). Tomou o nome de irmão Nuno de Santa Maria, tal era a sua fé naVirgem. Aí permaneceu até à sua morte, com 71 anos. Nos anos quepassou no convento, sua pureza imaculada, seu o Sacramento, a durezacom que mortificava o seu corpo inocente, e sobretudo a sua caridade,empenhada em servir aos pobres com a mesma dedicação com que antescombatia os inimigos, tornaram-no querido de toda a população de Lisboa.

Durante o seu último ano de vida, o rei D. João I fez-lhe uma visitaao Convento do Carmo. D. João sempre considerou D. Nuno ÁlvaresPereira como o seu mais próximo amigo, que o colocou no trono e salvoua independência de Portugal.

Há uma história apócrifa, em que D. João de Castela teria ido aoConvento do Carmo encontrar-se com D. Nuno, e ter-lhe-á perguntadoqual seria a sua posição se Castela voltasse a invadir Portugal. O irmão Nuno terá levantado o seu hábito, emostrado, por baixo deste, a sua cota de malha, indicando a sua disponibilidade para servir o seu país sempre quenecessário.

O túmulo de D. Nuno Álvares Pereira foi destruído no terramoto de 1755.A 23 de Janeiro de 1918 foi beatificado pleo Papa Bento XV, que consagrou o dia 6 de Novembro ao, então,

beato.O processo de canonização foi iniciado em 1940 e após ter sido interrompido foi reiniciado em 2004.D. Nuno Álvares Pereira foi canonizado como S. Nuno de Santa Maria pelo Papa Bento XVI, no dia 26 de

Abril de 2009, nove horas e trinta e três minutos, isto depois do seu processo estar concluído desde a Primaverade 2008, noventa anos após a sua beatificação.

Sara Maria Gonçalves - 5ºC(trabalho realizado no âmbito da disciplina de Educação Moral e Religiosa Católica)

CANONIZAÇÃO - SIGNIFICADO E PASSOS

A canonização é a confirmação, por parte da Igreja, que um fiel católico é digno de culto público universal(no caso dos beatos, o culto é diocesano) e de ser dado aos fiéis como intercessor e modelo de santidade.

Este é um acto reservado ao Papa, desde o século XII, a quem compete inscrever o novo Santo no cânone.A Igreja sempre reconheceu os Santos, mas nem sempre o modo de proceder nas causas de Canonização foi igual.

As canonizações tornaram-se exclusividade do Pontífice por decisão de Gregório IX em 1234. No decorrerdo século XVI começou-se a distinguir entre “beatificação”, isto é, o reconhecimento da santidade de uma pessoacom culto em âmbito local e “canonização”, o reconhecimento da santidade com a prática do culto universal, paratoda a Igreja.

Também a beatificação se tornou uma prerrogativa da Santa Sé, e o primeiro acto deste tipo refere-se aopapa Alexandre VII em 1662 na beatificação de Francisco de Sales.

Hoje em dia todas estas normas se encontram na constituição apostólica “Divinus Perfectionis Magister”(25 de Janeiro de 1983) de João Paulo II e nas normas traçadas pela Congregação para as Causas dos Santos.

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Nelas foi operada a reforma mais radical dos processosde Canonização desde os decretos de Urbano VIII, como objectivo de obter simplicidade, rapidez, colegialidadee eficácia.

O processo para a canonização tem uma primeiraetapa na Diocese em que faleceu o Servo de Deus. Asegunda etapa tem lugar em Roma, onde se examinatoda a documentação enviada pelo Bispo diocesano.

Após exame profundo da documentaçãoefectuada pelos teólogos e especialistas, compete aoPapa declarar a heroicidade das virtudes, a autenticidadedos milagres, a beatificação e a canonização.

A tramitação do processo de santidade de umcatólico morto com fama de santo passa por etapas bemdistintas. Cinco anos após a sua morte, qualquer católicoou grupo de fiéis pode iniciar o processo, através de um postulador, constituído mediante mandato de procuraçãoe aprovado pelo bispo local.

Juntam-se os testemunhos e pede-se a permissão à Santa Sé. Quando se consegue esta permissão, procede--se ao exame detalhado dos relatos das testemunhas, a fim de apurar de que forma a pessoa em questão exercitoua heroicidade das virtudes cristãs.

Aos bispos diocesanos compete o direito de investigar acerca da vida, virtudes ou martírio e fama desantidade ou de martírio, milagres aduzidos, e ainda, se for o caso, do culto antigo do Servo de Deus, cujacanonização se pede.

Este levantamento de informações é enviado à Santa Sé. Se o exame dos documentos é positivo, o “servode Deus” é proclamado “venerável”.

A segunda etapa do processo consiste no exame dos milagres atribuídos à intercessão do “venerável”. Seum destes milagres é considerado autêntico, o “venerável” é considerado “beato”. Quando após a beatificaçãose verifica um outro milagre devidamente reconhecido, como poderá ser o caso dos Pastorinhos, então o beatoé proclamado “santo”.

Mariana Casalta - 5º F(trabalho realizado no âmbito da disciplina de Educação Moral e Religiosa Católica)

SANTA BEATRIZ DA SILVA

Beatriz (1427 - 1492) era a oitava filha de Rui Gomes da Silva, alcaide da vila fronteiriça de Campo Maior,e de Isabel de Menezes, filha de D. Pedro de Menezes, conde de Vila Real; assim, por via materna, descendianão só dessa casa senhorial, como também das dos condes de Ourém e Barcelos, linhagens antiquíssimas quetinham em D. Sancho I o seu remoto antepassado. D. Pedro de Menezes teria dado a mão da sua filha Isabel aocavaleiro Rui Gomes da Silva, após este participar com bravura na tomada de Ceuta, tendo aí permanecido acumprir o serviço militar.

Beatriz faleceu em Toledo. Cedo ganhou foros de santa, sendo cultuada pelo povo mesmo antes ainda dea Santa Sé a santificar. De facto, a Igreja Católica só a elevou aos altares já no século XX, quando o Papa PioXI, em 28 de Julho de 1926, lhe reconhece o título de beata e aprova enfim o culto que já lhe era devido, desdehá muito, pelos leigos. Por fim, em 3 de Outubro de 1976, o Papa Paulo VI canonizou-a, declarando-a santa.

Ana Francisca Pinto - 5ºA(trabalho realizado no âmbito da disciplina de Educação Moral e Religiosa Católica)

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LUÍS GOMES CARVALHO

O engenheiro Luís Gomes de Carvalho foi um ilustre aveirense que nasceu em 1771 e faleceu em 1826.A ele se deveu o plano de intervenção no percurso e na embocadura do Rio Vouga, assim como o Plano

de Fortificações para a nova Barra projectada. Foi Sargento-mor; Tenente-coronel do Real Corpo de Engenheiros;Membro da Real Sociedade Marítima; Director e Inspector das Obras da Barra.

De carácter austero, este notável foi director das obras da Barra até 1823, onde se destacou pela aberturae fixação da Barra, em 1808 e pela construção do molhe que viria a designar-se de Molhe Sul, no período de 1802a 1808.

Este engenheiro enfrentou as invasões francesas de Soult e de Massena, desempenhando funções como deQuartel Mestre-General e Comandante da Engenharia do Exército de operações, até à restauração de Lisboa, edepois o cargo de Comandante dos Engenheiros do Exército Norte. Foi no entanto, na concretização dos projectosdo coronel Reinaldo Oudinot, para a abertura da Barra, entre o Forte Novo e a Nª Sª das Areias, em S. Jacintoque Luís Gomes se destacou, com intervenções no Rio Vouga, nos diques, na rede de estradas envolventes e nocais da cidade.

Mariana Casalta - 5º F

BERNARDINO MACHADO

Bernardino Luís Machado Guimarães era em tudo (menos no ideáriorepublicano) o oposto de Teófilo Braga: bonito, aprumado, rico, pai de família,vaidoso, cavalheiro, ambicioso. Tratava os seus piores inimigos por "meuqueridíssimo amigo".

Nasceu no Rio de Janeiro em 28 de Março de 1851, filho de pai portuguêsAntónio Luís Machado Guimarães e de mãe brasileira, Praxedes de SousaRibeiro Guimarães. A família regressou a Portugal em 1860 e vai viver para umapovoação do concelho de Vila Nova de Famalicão chamada Joane. O paireceberá o título de 1º Barão de Joane. Bernardino Machado tinha uma figuraaprumada, sempre com o farto bigode e barba bem aparada, que no fim da vida,já muito velhinho, deixava crescer como uma "trepadeira selvagem."

Ao atingir a maioridade, em 1872, Bernardino Machado optou pelanacionalidade portuguesa. Casou, em 1882, com Elzira Dantas, filha do ConselheiroMiguel Dantas Gonçalves Pereira, e teve dela 18 filhos. A mulher de BernardinoMachado viria a ser uma grande colaboradora em tudo e também na sua vida de estadista. Passou com ele asagruras de dois exílios e, durante a 1ª Grande Guerra, foi presidente da Cruzada da Mulheres Portuguesas, queapoiou activamente o Corpo Expedicionário Português em França. Duas filhas suas também participaram. Ela viriaa escrever para os netos, em 1934, um livro de Contos.

Bernardino Machado foi sempre um lutador, sem deixar de ser galante, tirava o chapéu a toda a gente queo cumprimentava.

Em 1866 Bernardino Machado matriculou-se na faculdade de Matemática, em Coimbra, e no ano seguinteem Filosofia, tendo-se doutorado com apenas vinte e oito anos nessas duas especialidades. Foi, pois, um alunobrilhante e depois professor.

Deputado do Partido Regenerador entre 1882 e 1886 e Par do Reino em 1890, Ministro das Obras Públicas,Comércio e Indústria, desde Fevereiro a Dezembro de 1893, teve uma acção muito positiva na reformulação doensino profissional e inovou os sectores da agricultura, comércio e indústria (escreveu mesmo "A Agricultura", em1899). Desiludido com a Monarquia aderiu ao Partido Republicano Português, em 1903. É a partir desta fase que

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no seu Partido luta para que este "seja um partido republicanoprofundamente socialista". No ano seguinte chega ao Directório.

Implantada a República, na qual não participa directamente, seráno Governo Provisório Ministro dos Negócios Estrangeiros, por sugestãode Afonso Costa, onde teve uma acção importante no reconhecimentoda nova república por parte dos países estrangeiros. Renovou a aliançacom a Inglaterra e organizou o primeiro Congresso de Turismo. Amigodo Presidente do Brasil levou a cabo acordos e elevou as Legações noRio de Janeiro e Lisboa à categoria de Embaixadas, tendo sido o primeiroembaixador de Portugal no Brasil, em 1de Novembro de 1913.

Bernardino Machado, que aderira à Maçonaria, era já Grão-mestre em Julho de 1895. Primeiro Ministro em 1913, num período delutas partidárias, vem a ser eleito Presidente da República em 6 de Agostode 1915.

Durante a 1ª Grande Guerra defende a participação de Portugal noconflito. A Alemanha declarou guerra a Portugal em 9 de Março de 1916.Bernardino Machado tentou um acordo de tréguas (uma "União Sagrada")entre os três partidos perante o tão grave período da Guerra, mas semtotal sucesso. Foi o general Norton de Matos quem organizou o Corpo

Expedicionário cujos contingentes embarcaram para França em Janeiro de 1917.O período em que Bernardino Machado foi Presidente da República foi de grande agitação social. Desde

o início da Guerra, em 1914, que começaram a escassear produtos de primeira necessidade. Quase não haviafarinha, nem carvão. Lisboa ficou sem eléctricos, sem luz e sem polícia nas ruas depois da 11 horas da noite.

O chefe do Governo era Afonso Costa. E é contra este político que se vão avolumando críticas e ódios. Nasua ausência (de Bernardino Machado), em Londres, um movimento revolucionário liderado por Sidónio Pais,acampou literalmente na Rotunda (hoje Rotunda do Marquês de Pombal) em 5 de Dezembro de 1917 para derrubaro Governo. A população esfomeada aproveitou para assaltar as lojas. Sidónio toma então conta do poder. Demiteo Presidente e, quando Afonso Costa regressa do estrangeiro, é preso no Porto. Em Lisboa, a casa de Afonso Costaé saqueada e os móveis lançados à rua. Afonso Costa parte, com familiares, para um exílio de onde nunca maisvoltou.

Sidónio Pais faz-se eleger Presidente da República, por sufrágio universal, em Abril de 1918 e à revelia daConstituição de 1911. Bernardino Machado recusou resignar à Presidência, mas foi detido no Palácio de Belémdurante uns dias. Depois é-lhe imposto o exílio. Parte para França no Natal de 1917, acompanhado de parte dafamília, onde irá perder uma filha e onde não desiste de lutar pelo retorno à legitimidade da vida política Portuguesa.Regressará em 1919.

Ricardo Ramos - 6ºB

JOSÉ RELVAS

José de Mascarenhas Relvas foi um político português.Era filho de Carlos Relvas, abastado lavrador e proprietário, e de sua mulher, D. Margarida Amália de

Azevedo Relvas.Matriculou-se na Universidade de Coimbra na faculdade de Direito, que só frequentou até ao segundo ano,

abandonando-o então para seguir o Curso Superior de Letras, o qual concluiu em 1880.Proclamou, a 5 de Outubro de 1910, a instauração da República Portuguesa da varanda da Câmara

Municipal de Lisboa, tendo sido ministro das finanças do respectivo Governo Provisório de 12 de Outubro de 1910

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até à auto-dissolução deste, a 4 de Setembro de 1911, tendo depois exercido ocargo de embaixador de Portugal em Espanha até 1914. Esteve em seguidabastantes anos afastado da actividade política, até ser nomeado primeiroministro, a 27 de Janeiro de 1919, tendo exercido aquele cargo até 30 de Marçodo mesmo ano.

Morreu a 31 de Outubro de 1929, na Casa dos Patudos, em Alpiarça. AAssembleia da República prestou-lhe homenagem em 2008 com a exposiçãoJosé Relvas, o conspirador contemplativo, que ilustrou as diferentes facetas deJosé Relvas e do seu percurso político até 1914.

Bruna Natário e Raquel Soares – 6ºB

AMÍLCAR CABRAL

Amílcar Cabral, de seu nome completo, Amílcar Lopes Cabral, político guineense, nasceu a 12 de Setembrode 1924, em Bafatá e faleceu a 20 de Janeiro de 1973, em Conacri. Cérebro da luta cabo-verdiana e guineensecontra o colonialismo português, foi internacionalmenet reconhecido como uma das principais figuras da libertação

deÁfrica.Viveu a partir de 1932, em Cabo Verde. Ali, mais concretamente no

Mindelo, completou, 11 anos mais tarde, o curso liceal.Em 1945, conseguiu uma bolsa de estudo que lhe permitiu vir para Lisboa

e ingressou no Instituto Superior de Agronomia, onde concluiu o curso em 1950,tendo depois trabalhado na Educação Agrónoma de Santarém.

Em 1952, foi contratado pelos Serviços Agrícolas e Florestais da Guiné,regressou a Bissau, onde se insurgiu contra a repressão imposta à populaçãoindígena pelas forças coloniais portuguesas. Bastaram três anos de actividadepolítica para o governador o expulsar da colónia. Passou, então, a exercer aprofissão em Angola.

A ligação estreita a fundadores do MPLA empurrou-o para um papelpolítico mais activo. A 19 de Setembro de 1959, numa as passagens por Bissau,fundou o Partido Africano da Independência /União dos Povos da Guiné e CaboVerde (PAIGC) e liderou o movimento de luta armada constituído em 1963.

Primeiro na candestinidade e depois a partir de Conacri, capital da República da Guiné, organizou a luta contraa ocupação portuguesa da Guiné e Cabo Verde.

O PAIGC, bem equipado e fortemente motivado, causou pesadas perdas às Forças Armadas Portuguesas,que foram obrigadas a abandonar uma parcela substancial do território. Foi nessas áreas libertadas que Amilcarproclamou a independência da Guiné.

Quando estava perto de realizar o seu sonho, na madrugada do dia 20 de Janeiro de 1973, numa acção queficou conhecida como "a noite das facas longas", sucumbiu, em Conacri, a rajadas de metralhadora.

Daniel Bóia Santos - 6ºN

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AS CAUSAS DA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL

Um conflito desta dimensão não começa semimportantes causas ou motivos. Podemos dizer quevários factores influenciaram o início deste conflitoque se iniciou na Europa e rapidamente se espalhoupela África e pela Ásia.

Um dos mais importantes motivos foi osurgimento na década de 1930, na Europa, de governostotalitários com fortes objectivos militaristas eexpansionistas. Na Alemanha surgiu o Nazismo,liderado por Hitler e que pretendia expandir o territórioalemão, desrespeitando o Tratado de Versalhes,inclusive reconquistando territórios perdidos na 1ªGuerra. Na Itália estava a crescer o Partido Fascista,

liderado por Benito Mussolini, que se tornou o Duce de Itália, com poderes sem limites. Tanto a Itália quanto a Alemanha passavam por uma grave crise económica no início da década de 1930,

com milhões de cidadãos sem emprego. Um das soluções tomadas por estes países foi a industrialização,principalmente na criação da indústrias de armamentos e equipamentos bélicos (aviões de guerra, navios,tanques…).

Na Ásia, o Japão também possuía fortes desejos de expandir o s seus domínios para territórios vizinhos eilhas da região. Estes três países com objectivos expansionistas, uniram-se e formaram o Eixo. Um acordo comfortes características militares e com planos de conquistas elaborados de comum acordo.

O marco inicial ocorreu no ano de 1939, quando o exército alemão invadiu a Polónia. De imediato, a Françae a Inglaterra declararam guerra à Alemanha. De acordo com a política de alianças militares existentes na época,formaram dois grupos: Aliados (liderados pela Inglaterra URSS, França e Estados Unidos e Eixo (Alemanha, Itáliae Japão).

Miguel Castro – 6ºH

CONSEQUÊNCIAS DA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL

Desenvolvimento Tecnológico

Algumas das principais tecnologias foram usadas pela primeira vez, como as bombas nucleares, o radar, ofuzil mais rápido, os mísseis balísticos e os processadores analógicos de dados (computadores primitivos).

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Enormes avanços foram feitos em aeronaves, navios, submarinose tanques. Muitos dos modelos usados no início da guerra tornaram-seobsoletos quando a guerra acabou. Um novo tipo de navio foi adicionadoaos avanços: navio de desembarque anfíbio usado no Dia D).

Mortes

As estimativas para o total de vítimas da guerra variam, mas amaioria sugerem que cerca de 60 milhões de pessoas morreram durantea guerra, incluindo cerca de 20 milhões de soldados e 40 milhões decivis.

Muitos civis morreram devido a doenças, fome, massacres,bombardeios e genocídio. Um estimativa é que 12 milhões de civis morreram nos campos de concentração nazis,1,5 milhões por bombas, 7 milhões na Europa e 7,5 milhões na China devido a outros factores.

Os dados sobre o total de vítimas variam, porque a maioria das mortes não foi documentada.

Danos Materiais

No fim da guerra cerca de 70% das infra - estruturas europeias estavam destruídas. Os países membrosdo Eixo tiveram que indemnizar os países Aliados em mais de 2 biliões de dólares.

Tiago Filipe Silva - 6ºL

O PUTCH DA CERVEJARIA

O Putsch da Cervejaria foi uma malfadada tentativa de golpe de Adolfo Hitler e do Partido Nazi contra oo governo da região alemã da Baviera, ocorrida em 9 de Novembro de 1923. O objectivo de Hitler era tomar opoder do governo bávaro para, em seguida, tentar tomar o poder em todo o país. Mas a tresloucada acção foirapidamente controlada pela polícia bávara, sendo que Hitler e vários correligionários – entre eles Rudof Hess –acabaram presos.

A expressão “ Putsch (Golpe, em alemão) da Cervejaria” deve-se ao facto de Hitler ter incentivado os seuspartidários à acção na cervejaria BurgerbrauKeller, uma das mais famosa de Munique. Tendo reunido um grupode seguidores, ele sinalizou o início da “revolução” com um tiro no tecto. Na refrega com as forças da ordem, 16nazis foram mortos. A propaganda nazi transformou esses mortos em heróis da causa nacional-socialista.

Hitler, em 1923 tentou tomar o poder em Munique, capital da Baviera. O seu objectivo era imitar a famosaMarcha sobre Roma de Benito Mussolini, com uma marcha sobre Berlim, mas o golpe, falhado, tornar-se - iaconhecido como Putsch da Cervejaria.

Hitler foi preso por alta traição e, temendo que alguns membros do seu partido pudessem apoderar-se dasua liderança, durante a sua prisão, nomeou Alfred Rosenberg e, depois, Gregor Strasser como líderes temporáriosdo partido. Ao contrário do que podia prever, encontrou-se durante a sua prisão, num ambiente receptivo às suasideias.

Durante o julgamento foi-lhe concedida a possibilidade de se defender quase sem restrição de tempo, peranteo tribunal e um vasto público que rapidamente se exaltou perante o seu discurso, baseado num forte sentimentonacionalista. Foi condenado a cinco anos de prisão em Lansberg. Na prisão, além de tratamento preferencial, tevea oportunidade de verificar a sua popularidade pelas cartas que recebia de diversos apoiantes.

Filipa Barbosa - 6ºH

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O OPERARIADO

Na segunda metade do século XIX, o desenvolvimentodo nosso país levou ao aparecimento de um novo grupo social:o operariado.

Homens, mulheres e crianças trabalhavam nas fábricasem muito más condições. Sujeitos a um horário de trabalhomuito pesado, que podia ir até às 16 horas diárias, recebiamsalários miseráveis, viviam pobremente e recorriam ao trabalhodas mulheres e dos filhos. Devido ao êxodo rural, muitasfamílias chegaram às cidades do litoral, para nas fábricas aílocalizadas encontrarem trabalho.

A população operária cresceu e passou a viver embairros próprios, muitas vezes mandados construir pelosindustriais, junto às fábricas, as chamadas “vilas operárias”.

Os mais pobres habitavam em bairros pobres e superlotados, sem esgotos nem água potável, sem higienenem segurança. Eram as chamadas “ilhas”, no Porto e os “pátios”, em Lisboa.

Carolina Augusto, Luana Cunha e Tatiana Augusto – 6º L

O TRABALHO INFANTIL

Em Portugal predominou a produção artesanaldurante grande parte do século XIX. De Inglaterracomeçaram a chegar alguns inventos técnicos. Amáquina a vapor, introduzida na indústria antes de1835, veio trazer grandes mudanças no processo detransformação das matérias-primas. A granderevolução deu-se com a utilização das máquinas avapor. Com a aplicação desta à indústria portuguesanas fábricas de algodão, lã e ferro, operou-se umarevolução.

Habituadas à vida dura dos trabalhos do campodesde tenra idade, as crianças eram sujeitas a trabalhospesados durante muitas horas, sendo frequentementevítimas de acidentes, pois eram frágeis, ignorantes etinham péssimas condições de trabalho. Seguros para

acidentes de trabalho era coisa que não existia no vocabulário dos patrões . Da leitura textos de Émile Zola, contemporâneo de Eça de Queirós, verificamos que as crianças também

faziam parte do agregado familiar que contribuía para o sustento da casa, que fosse rapaz ou rapariga. Os patrões preferiam muitas vezes a mão-de-obra infantil e feminina que, além de ser mais barata, não

reclamava tanto pelos seus direitos.O sofrimento das crianças com o trabalho que faziam nas fábricas era muito. Devido à dureza do trabalho,

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à má alimentação e ao próprio local ser sujo, barulhento e cansativo, facilmente as crianças adoeciam e seespalhavam as doenças entre elas.

Trabalhavam entre 12 e 16 horas por dia, tal como os adultos, alimentavam-se mal, andavam frequentementedoentes e eram agredidas a chicote pelos patrões quando davam sinais de cansaço.

Catarina Gonçalves, Maria João Garcia e Mariana Mendes – 6º J

JORNAIS OPERÁRIOS

A Imprensa operária do nosso país já ultrapassou umséculo e meio de existência. Durante estes 150 anos viram aluz do dia centenas e centenas de publicações do movimentooperário e sindical.

Através desses jornais, revistas, boletins e folhas, unsde longa duração, outros de vida breve, palpita a vida e luta dostrabalhadores portugueses durante a monarquia, a primeirarepública e o fascismo.

A imprensa operária surge numa altura em que ainda seempregava indistintamente o termo “artista” e o termo“operário” para designar operariado. Contudo, a partir dasegunda metade do século XIX, à medida que avança aindustrialização e cresce a consciência de classe, o segundo

termo vai tornar-se predominante. E não obstante a elevadíssima taxa de analfabetismo então reinante entre apopulação, em geral e, entre os trabalhadores, em particular, ela acompanha a par e passo o percurso trilhado pelomovimento operário e o movimento sindical desde o seu alvorecer, contribuindo, decisivamente, para o seudesenvolvimento e consolidação.

Quando os conflitos se agudizam e a repressão governamental aumenta, os operários recorrem a todos osexpedientes para manter a informação sindical. Por exemplo, os operários da construção civil, no ano de 1913,durante o 1º governo de Afonso Costa que reprimiu duramente o movimento operário, publicaram vários jornais.Assim que um jornal era apreendido ou proibido lançavam outro. Deste modo, publicaram “ A Construção Civil",“ Os Construtores, “ O Tabique”, “ O Frontal”, “O Cabouco” ou “O Operário Construtor”.

Por outro lado, os jornais começam a ter também um carácter informativo e comemorativo. Assim passama noticiar o quotidiano das fábricas e oficinas, dos sindicatos, notícias sobre os sócios, sobretudo os que sedestacavam na defesa dos trabalhadores.

Em Fevereiro de 1919, correspondendo a uma ascensão do movimento sindical, aparece o diário “ABatalha”, “porta-voz das organização operária” que, em Setembro desse mesmo ano, no II Congresso NacionalOperário em Coimbra, funda a CGT (Confederação Geral dos Trabalhadores).

Com a implantação da Ditadura, saída do golpe militar de 28 de Maio de 1926, abate-se a repressão sobreo movimento sindical. “A Batalha”, que chegou a ser o terceiro diário nacional, depois do “Século” e do “ Diáriode Notícias”. É proibido em 1927.

A partir de 1969, surge uma imprensa sindical nova, assente em comunicados, folhas informativas e boletinssindicais.

João Reis e Mário Silva – 6º D

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HISTÓRIA DO JORNAL OPERÁRIO "A BATALHA"

O número um do “Batalha”, o mais importante jornal operário esindical da 1ª República, apesar da sua natureza anarquista, viu a luz do diaem 23 de Fevereiro de 1919. E o último saiu a 26 de Maio de 1927,exactamente um ano após a o golpe militar e a implantação da DitaduraMilitar que caminhava aceleradamente para a fascização do regime políticoem Portugal.

No dia 27 de manhã um conjunto de malfeitores e de polícias àpaisana, protegidos por cordões de polícias de espingarda em punho,chefiados pessoalmente pelo comandante da PSP, coronel Ferreira doAmaral, destruiu a golpes de picareta as instalações e o equipamento dodiário matutino operário que coabitava na mesma sede com a CGT, aJuventude Sindicalista; a União dos Sindicatos de Lisboa e a Federação dosSindicatos da Construção Civil, na Calçada do Combro. Mário Castelhano,(secretário-geral da CGT que viria a ser preso pouco tempo depois edeportado para África com mais 400 activistas sindicais e políticos, de onderegressou após 4 anos, voltando à prisão a seguir a uma greve geral em 18de Fevereiro de 1934 e desta vez enviado para o campo de concentraçãodo Tarrafal, onde veio a morrer) era, então, o seu director e assistiu comoutros activistas que estavam na sede indignado, mas impotente ao assalto.

O "Batalha" foi o cume de uma época de ouro do jornalismo sindical, época que se iniciou com a fundaçãodo “A Greve”, continuou com ” O Sindicalista” entre 1910 e 1916 e o “O Trabalhador Rural”.

“A Batalha” chegou a ser o segundo diário português com uma tiragem média de 20.000 exemplares, tiragemque atingia os 40.000 quando das lutas sindicais.

Cátia Vieira – 6º D

HISTÓRIAS DOS SINDICATOS

O termo “sindicato” deriva do latim syndicus, proveniente, porsua vez do grego “sundikós” que designavaum advogado, bem como o funcionário que costumava auxiliar nos julgamentos.

O sindicalismo tem origem nas corporações de ofício na Europa medieval. No século XVIII, durante aRevolução industrial, na Inglaterra, os trabalhadores das indústrias têxteis, doentes e desempregados juntavam-se nas sociedades de socorros mútuos.

Durante a Revolução Francesa surgiram ideias liberais que estimulavam a aprovação de leis proibitivas Àactividade sindical, a exemplo da Lei Chapellier que, em nome da liberdade dos Direitos do Homem, considerouilegais as associações de trabalhadores e patrões. As organizações sindicais, contido, reergueram-seclandestinamente no século XIX.

No Reino Unido, em 1871 e na França, em 1884,foi reconhecida a legalidade dos sindicatos e associações.Nos Estados Unidos, o sindicalismo nasceu por volta de 1827 e, em 1886, foi constituída a Federação

Americana do Trabalho, contrária À reforma ou mudança da sociedade.

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Os Sindicatos em Portugal

As primeiras associações operárias de socorros mútuos ou de ensino popular foram constituídas emPortugal, após a revolução liberal de 1820. A mais importante destas associações, o Centro Promotor doMelhoramento da Classe Laboriosa, foi criada em Lisboa, em 1853.

As organizações operárias multiplicaram-se até aos finais do século XIX: em 1889 o seu número total jáera de 392, agrupando mais de 130.000 trabalhadores. A maior parte das associações tinha a sua sede em Lisboaou no Porto.

No final de 1910, a instauração da República permitiu que as por organizações de trabalhadores seafirmassem e tivessem mais força. Após um período de lutas e de agitações sociais intensas, sindicalistas,reformista e anarquistas criaram, em 1914, a União Operária Nacional, a qual constituiu a primeira organizaçãosindical confederal a nível nacional.

Em 1918, com o objectivo de protestar contra o aumento dos preços e o agravamento das condições detrabalho a UON organizou uma greve revolucionária geral, a primeira na história do país.

No ano seguinte, após o assassinato de Sidónio Pais, o governo republicano, com o objectivo de contrariaras tentativas de restabelecimento da monarquia, satisfez muitas das reivindicações da UON: oito horas diárias detrabalho para a indústria e comércio, seguros sociais obrigatórios; etc, para que os trabalhadores ficassem maiscontentes.

Nos anos 50 e 60, salvo casos raros, a esmagadora maioria dos sindicatos não teve qualquer possibilidadeou vontade para organizar os trabalhadores. Até 1969, passou-se um longo período durante o qual não existiumovimento sindical organizado em Portugal.

Em Outubro de 1970, começaram a organizar-se reuniões sindicais, tendo sido criada a Intersindical queagrupava cerca de 30 sindicatos.

Após a revolução do 25 de Abril, os trabalhadores ocuparam as sedes dos antigos sindicatos corporativos.Outros sindicatos que não estavam integrados na Intersindical decidiram constituir uma nova central sindical – AUnião Geral dos Trabalhadores – UGT.

Rute Alves – 6º J

A PIDE

A Polícia Internacional e Defesa do Estado foi criada em 1945, para defender o regime contra todos aquelesque discordavam dele. Dos diversos modos que a PIDE dispunha para alcançar os seus objectivos destacam-sea vasta rede de informadores por todo o país e a intercepçãode correspondência e de telefonemas. Milhares de opositoresforam mandados para as prisões (Caxias, Peniche, Tarrafal…),muitas vezes sem julgamento, onde eram sujeitos a maustratos e torturas. A PIDE criou um clima de horror, onde atéera proibido pronunciar a palavra PIDE, que foi criada peloDecreto-Lei nº 35046 de 22 de Outubro de 1945, substituindoa Polícia de Vigilância e Defesa do Estado.

A PIDE foi realmente uma polícia política cuja principalfunção consistia em reprimir qualquer forma de oposição aoEstado Novo de Oliveira Salazar. A função da PIDE ia alémda polícia política, sendo igualmente responsável pelo controlode estrangeiros e fronteiras, pela informação e contra-

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espionagem e pela investigação de crimes contra a segurança do Estado. A PIDE exercia actividade em todo oterritório português, usando métodos baseados nas técnicas alemãs aplicadas na Gestapo.

Pelo Decreto-lei 49.401 de 24 de Novembro de 1969, o Governo presidido por Marcelo Caetano substituiua PIDE pela DGS (Direcção Geral de Segurança) que foi extinta na sequência da Revolução de 25 de Abril de1974.

A PIDE era temida pela utilização de tortura e foi responsável por alguns crimes sangrentos, como oassassinato do militante do Partido Comunista Português, José Dias Coelho e do General Humberto Delgado.

Durante as guerras coloniais, assumiu nos três teatros de operações a função de serviço de informaçõese, constituindo e dirigindo milícias próprias, compostas por africanos, por vários desertores das guerrilhas,colaborou com as forças militares no terreno.

Ana Almeida -6º I

25 DE ABRIL DE 1974

Revolução dos Cravos é o nome dado ao golpe militarque derrubou, num só dia, sem grande resistência das forçasleais ao governo – que cederam perante a revolta das ForçasArmadas - o regime político que vigorava em Portugal desde1926. O levantamento militar foi conduzido pelos oficiaisintermédios da hierarquia militar (o MFA), ma sua maior partecapitães que tinham participado na Guerra Colonial.

Considera-se que , em termos gerais, este regimetrouxe a liberdade ao povo português.

Sob o governo do Estado Novo, Portugal foi sempreconsiderado uma ditadura, quer pela oposição, quer pelosobservadores estrangeiros. Formalmente existiam eleições,mas estas foram sempre contestadas pela oposição quesempre acusaram o governo de fraude eleitoral.

Apesar da contestação nos fóruns mundiais como naONU, Portugal manteve sempre uma política de força nas suas colónias, tendo sido obrigado, a partir do início dosanos 60, a defender militarmente as colónias contra os grupos independentistas em Angola, Moçambique e Guiné.

Ricardo Lima – 6º M

PARTIDO REPUBLICANO PORTUGUÊS

Já existia um Directório Republicano Democrático em 1876, mas o Partido Republicano só teve verdadeirodesenvolvimento na década de 1890. Capitalizando com o descontentamento generalizado que mereceu a débilreacção da monarquia ao Ultimato inglês, passou a contar com a adesão aos seus ideais de camadas da populaçãocada vez mais significativas e organizou-se a nível nacional. Ao mesmo tempo, ia fazendo a sua propaganda nosórgãos da imprensa que lhe eram afectos (e que, a certa altura, se contavam por algumas dezenas) e desenvolviatrabalho de real valor social, sobretudo no campo da instrução popular.

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Os primeiros deputados republicanos foram eleitos para oParlamento em 1879. Ainda na vigência do regime monárquico,entre os deputados republicanos encontravam-se personalidadescomo Manuel de Arriaga, Teófilo Braga, José Elias Garcia, JoséJoaquim Rodrigues de Freitas, José Maria Latino Coelho, AfonsoCosta, António José de Almeida, Manuel de Brito Camacho eBernardino Machado. Todos eles viriam a ocupar os mais altoscargos da nação.

Outros nomes destacados do partido foram Basílio Teles,José Relvas, Anselmo Braamcamp Freire e João Pinheiro Chagas.

Em 1910, o Partido Republicano, aliado à Maçonaria e àCarbonária, foi uma das organizações responsáveis pela revoluçãovitoriosa.

Depois, a sua história ficou marcada por incompatibilidadespessoais entre os mais altos dirigentes e dissidências várias.

Aquando da implantação da República, em 5 de Outubro de1910, deixou de se utilizar a bandeira azul e branca da Monarquiae passou a usar-se a actual, verde e vermelha, cores associadasao Partido Republicano Português.

O Partido Republicano Português foi o partido que propôse conduziu a substituição da Monarquia Constitucional por umaRepública Liberal Parlamentar, em Portugal.

Ana Patrícia Alves – 6º C

A CENSURA DO ESTADO NOVO

António de Oliveira Salazar tornou-se Presidente do Conselho em 1932, tendo no ano seguinte apresentadouma nova Constituição, que pôs fim à Ditadura Militar einstaurando o regime a que a propaganda oficial chamou EstadoNovo.

Estado Novo é o nome do regime político autoritário ecorporativista.

E se o corporativismo estabelecia um maior controlo doEstado sobre as actividades económicas, a censura constituiuuma peça central da estrutura do Estado Novo.

A intervenção da censura ultrapassou, em muito, oscortes, as suspensões e proibições a nível da imprensa e do livro.

A censura abrangia, igualmente, a rádio, a televisão, ocinema, os espectáculos, as artes plásticas, o desporto, amúsica, o ensino.

O lápis azul, utilizado pelos censores para riscar, apagar, eliminar tudo aquilo que pudesse incomodar oregime, velando sempre pela moral e os bons costumes que Salazar defendia ... foi, sem dúvida, o símbolo de umaépoca.

E assim sendo, havia uma lista de palavras que não "passavam" à censura do lápis azul, entre muitas há adestacar algumas: guerra colonial, presos políticos, greve, reivindicação, associação de estudantes, plenárioestudantil, PIDE, poluição, mendigo e mendicidade, droga, prostituição, relações sexuais, cólera ...

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O ditador pretendia dar uma certa leveza ao regime e simultaneamwente glotificá-lo, ele que defendia que,"Politicamente, só existe aquilo que o público sabe que existe", sempre pela máxima "Estamos orgulhosamente sós".

Maria Beatriz Malheiro e Maria João Malheiro – 6º G

PENA DE MORTE

A pena de morte, também chamada pena capital, é um sentença aplicada pelo poder judicial e que consistena execução de um indivíduo condenado pelo Estado,

Os criminosos condenados à pena capital geralmente praticam assassino premeditado. Mas a pena de mortetambém é utilizada actualmente para reprimir espionagem, estupro, adultério e corrupção.

Em quase todos os países da Europa e da Oceania, a pena de morte foi abolida e em alguns estados dosEstados Unidos da América, no Canadá e no México. Na América do Sul, vários países como o Brasil, aindamantêm a pena de morte para alguns crimes como, por exemplo,para traição em tempo de guerra. Trinta e seisestados dos EUA, a Guatemala, a maior parte das Caraíbas, na Ásia e na África ainda têm pena de morte paracrimes comuns.

O caso da Rússia é bastante peculiar, porque mantém a pena de morte na lei, mas já não executa ninguémhá um longo tempo.

Bruna Filipa Camarinha - 5º J

HIDROVIÕES

Durante as Primeira e Segunda Guerras mundiais, as Marinhasde Guerra utilizaram hidroaviões para reconhecimento marítimo eluta anti-submarina. Muitos dos navios de guerra mais poderosos,especialmente couraçados e cruzadores foram equipados comcatapultas para lançamento de hidroaviões. Estes aparelhosembarcados eram utilizados pelos navios para a detecção e

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observação de alvos para além do horizonte, sobre os quais podiam disparar graças ao alcance das suas peças deartilharia.

Na Segunda Guerra Mundial, o uso de hidroaviões deu-se a uma maior escala, sobretudo para missões dereconhecimento, salvamento e ataque. O Japão foi o país que mais uso fez dos hidroaviões, os I-400, capazes deatacar o território americano. Um dos hidroaviões japoneses de maior dimensão era o Kawasaki H8k2, utilizadoem missões de longo alcance até 7.700 km. Na batalha de Midway, um dos hidroaviões do Almirante Nagumo,comandante da força japonesa, falhou no reconhecimento antecipado do inimigo, pesando essa falha no desenlacefinal da batalha.

Durante a Segunda Guerra Mundial também os hidroaviões britânicos e norte-americanos tiveram um papelimportante na Batalha do Atlântico, sobretudo na escolta de comboios e na patrulha anti-submarina.

Alexandra Bessa e Leonor Peralta – 6º I

A ARTE DE TRABALHAR O FERRO

A arte de trabalhar o ferro remonta à época em que os homensdescobriram o metal e, compreendendo todas as suas potencialidades,foram aperfeiçoando a técnica de o trabalhar e moldar, fazendo dele umelemento imprescindível na vida quotidiana.

De facto, e, embora se afirme que arte de forjar lusitana não seequipara à da França, Espanha ou Itália, a verdade é que se olharmosatentamente depressa descobrimos marcas que atestam a criatividade,imaginação, perícia e habilidade dos nossos mestres que com objectos desimplicidade ou luxo, produziram admiráveis obras de arte.

Foi através da Ordem de Cister que a arte do ferro se começaexpandir na Europa. Estes foram enviados por S. Bernardo, de Bolonhapara Portugal, nomeadamente para aos mosteiros de Alcobaça e S. Joãode Tarouca, onde aperfeiçoaram esta arte que rapidamente se estende acidades como Guimarães, Porto, Coimbra, Lisboa, Évora e Beja, ondepodemos encontrar notáveis famílias de ferreiros, como caso dos Anes deGuimarães -1337 a 1513- ou os Fernandes de Lisboa, cujo fundadormorreu em 1848.

No século XVIII, após o terramoto que destruiu por completo acidade de Lisboa, os ferreiros desempenharam um papel activo dereconstrução de grades que acabaram por embelezar as varandas esacadas dos edifícios.

André Correia e Bruno Vieira -6º N

O DESATRE DA PONTE DAS BARCAS

A travessia do rio Douro, rio de forte corrente, profundo e alcantilado, era feito desde tempos imemoriaispelo recurso a jangadas e barcaças. Uma solução mais rápida para o escoamento de produtos e exércitos era a

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justaposição de barcos, constituindoum passadiço de madeira apoiado embarcos que podia ser atravessado a pé.Recebia a designação de “ponte dasbarcas “ e existiram várias ao longodos tempos.

Em 1806, foi projectada porCarlos Amarante uma ponte comcarácter mais permanente, constituídapor 20 barcas ligadas por cabos de açoe que podia abrir em duas partes paradar passagem ao tráfego fluvial. Aponte foi inaugurada a 15 de Agosto de 1806.

A chegada das tropas francesas comandadas por Soult causaram o pânico na cidade do Porto e a populaçãofugiu apavorada pelo exército invasor, em direcção á ponte das barcas para passar à margem sul. As barcas nãoresistiram ao peso e cederam, levando consigo milhares de pessoas. Este episódio é tristemente designado porDesastre da Ponte das Barcas.

O memorial existente na Ribeira onde ainda ardem velas pelas vítimas, recordam a tragédia de um povo emfuga e os horrores de qualquer guerra. A ponte foi reconstruída depois da catástrofe, mas foi substituída, em 1843,por uma ponte Pênsil, com pilares de pedra e tabuleiro suspenso por fortes tirantes de aço.

Ana Cláudia Pereira – 5º I

AS INVASÕES FRANCESAS NO CONCELHO DE SANTAMARIA DA FEIRA

Na madrugada de 17 de Abril de 1809, o exército francês cerca e toma de assalto a pacata povoação deArrifana. Quem oferece resistência ou ensaia a fuga é morto a tiro ou à coronhada ou trespassado pelos sabresou baionetas dos soldados de Napoleão. Grande parte da população procura refúgio no interior da igreja que, noentanto, acaba por se revelar uma verdadeira ratoeira: os franceses obrigarão todo os homens válidos a saíremdo templo, seleccionando, em seguida, um em cada cinco. Os “quintados” (ficarão assim conhecidos) são deseguida fuzilados pelos invasores.

Quando estes partem, deixam atrás de si a povoação em chamas e, empilhados, no local do massacre,dispersos por campos e caminhos de tentativa de fuga e pendurados de cabeça para baixo em várias árvores, cercade 70 mortos.

Tudo começou poucos dias antes quando o tenente-coronel Lameth, ajudante de campo do general Soult,que comandava esta invasão e que desde 29 de Março ocupava o Porto, parte desta cidade, acompanhado poroutros cavaleiros franceses, levando consigo ordens de Soult para as tropas estacionadas junto ao Vouga.

Não obstante a sua reconhecida competência, em Riba-Ul, Oliveira de Azeméis, este oficial francês e osseus companheiros caíram numa emboscada de paisanos encabeçada pelo chefe da guerrilha de Arrifana,Bernardo António Barbosa da Cunha, um dos mais importantes morgados da região que, na sequência da segundainvasão francesa, havia juntado os seus criados e mancebos vizinhos, dera-lhes a instrução militar e organizaraassim um grupo de guerrilheiros que repetidamente emboscava as tropas inimigas que aqui passavam para a frentedo rio Vouga ou regressavam ao Porto. Face à resistência oferecida por Lameth é o próprio Barbosa da Cunhaque o mata a tiro de espingarda. Dois outros franceses morrem também na sequência deste embate, mas osrestantes conseguem escapar e, com eles a denúncia dos autores da emboscada.

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A vingança do General Soult não se fará esperar. E, assim, na madrugada de 12 de Abril, as tropasnapoleónicas, comandas pelo general Thomiers, escreverão mais uma página negra da história das invasõesfrancesas. Cercada e tomada de assalto a pacata povoação de Arrifana, local da maioria da guerrilha de Barbosada Cunha, assistir-se á em seguida a uma bárbara carnificina.

A freguesia de Mozelos possui também uma relíquia única no género no nosso país: o pinheiro que é hojepropriedade nacional, embora existente numa quinta particular, que foi testemunha ocular da tragédia do Picoto.Assistiu à matança de sete portugueses, praticada pelos franceses aquando da 2ª invasão francesa, em 1809. Aliforam fuzilados sete portugueses inocentes, entre eles os Sás de Anta: padre João de Sá Rocha e seu irmão Manuelde Sá Rocha, mortos na presença da mãe. Nos ramos deste histórico pinheiro foram pendurados os cadáveres dasvítimas, ficando durante algum tempo ali expostos ao público a atestar a sanha dos invasores franceses.

Inês Ferreira – 5º I

ROTEIRO ARQUEOLÓGICO DE VIANA DO CASTELO

O concelho de Viana do Castelo foi desde cedo palco de intensa ocupação humana que, ao longo de miléniosfoi moldando a sua paisagem.

Na Pré-História foi frequentada por grupos de nómadascaçadores-recolectores e depois assistiu À progressivasedentarização das primeiras comunidades agro-pastoris do neolíticoe à hierarquzação social que acompanhou a descoberta dametalurgia.

Na Idade do Ferro viu os seus montes polvilharem-se depovoados fortificados e sentiu as profundas alterações produzidaspelo processo de romanização da Península. Foi testemunha activado declínio do Império romano e da progressiva barbarização daEuropa que marcou o início da Idade Média. Acolheu Suevos eVisigodos, resistiu às contrariedades das incursões árabes edesempenhou um papel fundamental durante a Reconquista

Cristã.. Depois da independência, esteve sempre presente nos grandes momentos da nossa História, tendo

participado sempre activamente nessa verdadeira aventura colectiva dos portugueses que foi a Expansão. Dessestempos e dessas gentes foi ficando um vastíssimo património histórico - arqueológico, cuja protecção é umaobrigação colectiva.

Carla Santos – Curso Assistente Administrativo

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CARAMURU

Diogo Álvares Correia foi um náufragoportuguês que passou a vida entre os índios do Brasile facilitou o contacto com os primeiros administradorese missionários.

Originário de Viana do Castelo, nascido porvolta de 1475, arribou a Espírito Santo entre 1500 e1510 como náufrago de uma embarcação francesa.

A versão mais conhecida para o significado dapalavra Caramuru, seria “pau que cospe fogo”, quetem como base a lenda sobre Diogo Álvares CorreiaCabral da Silva Sousa que recebeu o apelido aoafugentar os índios que o queriam devorar, matandoum pássaro com um tiro.

Correia foi bem acolhido pelos Tupinambá, cujochefe lhe deu uma das filhas, Paraguaçu. Ao longo de40 anos, Correia manteve contactos com navios europeus que aportavam à Baía. As relações comerciais com osNormandos levaram-no a, entre 1526 e 1528, visitar a França, onde a mulher foi baptizada em Saint-Malo,passando a chamar-se Catarina, em homenagem a Catherine des Branches, esposa de Jacques Cartier, que foisua madrinha.

Na mesma ocasião foi baptizada outra índia tupinambá, Perrine, o que fundamenta a lenda de que váriasíndias, por ciúme, se atiraram ao mar para acompanhar Caramuru quando este partia para França com Paraguaçu.

Conhecedor dos costumes nativos, Correia contribuiu para facilitar o contacto entre estes e os missionáriose os administradores. Em 1548, tendo D. João III a intenção de instituir o Governo-geral, recomendou-lhe quecriasse condições para que a expedição inicial fosse bem recebida, facto revelador da importância que tinhaalcançado.

Três dos seu filhos (Gaspar, Gabriel e Jorge) e um dos seus genros ( João de Figueiredo) foram armadoscavaleiros por Tomé de Sousa pelos serviços prestados à Coroa portuguesa.

Alunos do Clube do Património

MUSEU DO OURO

Travassos é uma aldeia – oficina com tradições imemoriais. E nãoé nenhum exagero se se disser que todas as famílias estavam ligadas àourivesaria, a tal ponto de se afirmar que foi aqui que nasceu a ourivesariaem Portugal. O único Museu do ouro que existe em Portugal encontra--se precisamente em Travassos ( Póvoa do Lanhoso).

O edifício ou Casa de Alfena tem amplas janelas projectadas apensar no aproveitamento da luz imprescindível à arte de trabalhar o ouroe especificamente a filigrana. É uma construção granítica, casa senhorialoitocentista e o seu dono, o Senhor Francisco, ourives local foi reunindo

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objectos em ouro e o mobiliário necessário para a transformação da antiga oficina em museu. Na realidade trata--se de uma ex-oficina que faz parte de um conjunto de quatro, datando a mais recente de 1742.

Tânia Santos – 5º L

INFANTE D. HENRIQUE

Há 615 anos, na cidade do Porto, nasceu uma das figuras mais ilustres da História de Portugal, devido ao seuprotagonismo nas Descobertas Portuguesas.

Filho de D. João I e de D. Filipa de Lencastre, o Infante D. Henrique terá nascido na cidade do Porto, a 4de Março de 1394. Com os irmãos, formou uma das mais esclarecidas proles da História portuguesa, conhecidacomo a "Ínclita Geração".

A primeira grande empresa do Infante foi a participação na conquista de Ceuta, em 1415, onde foi armadocavaleiro. Feito duque de Viseu nesse mesmo ano, a casa senhorial de D. Henrique tornou-se, em poucos anos,uma das mais significativas da sua época, consolidada, em 1418, com a administração da Ordem de Cristo. Foi uminegável desafogo económico que levou o Infante a organizar uma armada de corso, primeiro, e, mais tarde, aexploração do Atlântico: de facto, navios ao seu serviço chegaram pela primeira vez à Madeira (1419), aos Açores(1427) e às costas norte-africanas, dobrando, em 1434, o Cabo Bojador, e vencendo deste modo os medos ancestraisrelacionados com aquelas paragens longínquas.

O Infante D. Henrique buscava também o alargamento da sua riqueza e novos mercados, uma estratégiaque tanto agradava à pequena nobreza senhorial como à burguesia emergente. Os seus interesses científicos, muitodiscutidos, não foram meramente instrumentais, tendo mesmo patrocinado a introdução de uma cátedra deAstronomia na Universidade de Lisboa e diversa produção cartográfica de apoio às navegações. Em Sagres, ondese recolhia regularmente e onde foi escrito o seu derradeiro testamento, veio a morrer a 13 de Novembro de 1460.

ZECA AFONSO - 80 ANOS DO SEU NASCIMENTO

José Manuel Cerqueira Afonso dos Santos nasceu a 2 de Agosto de 1929, em Aveiro, filho de JoséNepomuceno Afonso, juiz, e de Maria das Dores Dantas Cerqueira, professora primária.

Com a ida dos pais para Angola e mais tarde Moçambique anda entre cá e lá.Vai para Coimbra em 1940 para prosseguir os estudos.Em 1945 começa a cantar serenatas como «bicho», designação da praxe de Coimbra

para os estudantes liceais (José Afonso andava no 5.º ano do liceu). Era conhecido como

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«bicho-cantor», o que lhe permitia não ser «rapado» pelas «trupes».De 1946 a 1948 completa o curso dos liceus.Em 1949, dispensado do exame de aptidão à Universidade, inscreve-se no primeiro ano do curso de Ciências

Histórico-Filosóficas da Faculdade de Letras. Vai a Angola e Moçambique integrado numa comitiva do OrfeãoAcadémico da Universidade de Coimbra.

Em 1964, parte para Moçambique, onde foi professor de Liceu, desenvolvendo uma intensa actividadeanticolonialista o que lhe começa a causar problemas com a polícia política pela qual será, mais tarde, detido váriasvezes.

Entre 1967 e 1970, Zeca Afonso torna-se um símbolo da resistência democráticaEm 1971, edita "Cantigas do Maio", no qual surge "Grândola Vila Morena", que será mais tarde imortalizada

como um dos símbolos da revolução de Abril.José Afonso morreu no dia 23 de Fevereiro de 1987, no Hospital de Setúbal, vítima de esclerose lateral

amiotrófica. Será certamente recordado como um resistente que conseguiu trazer a palavra de protesto antifascistapara a música popular portuguesa e também pelas suas outras músicas, de que são exemplo as suas baladas.

O Boletim de História completou agora 18 anos de publicação contínua. Nestes temposdifíceis que atravessamos convém lembrar o que de bom várias gerações de alunos daEscola Sá Couto fizeram e continuam a fazer graças à persistência e colaboração activa dosnossos Professores de História.

Continuamos a acreditar que projectos como este enriquecem os nossos alunos, massão também um contributo cultural e, portanto, uma mais-valia acrescida para a comunidadeem que a Escola se insere.

Bem-hajam os nossos alunos (todos os que se empenharam em fazer pesquisas ealargar os seus horizontes e não só os que foram publicados) e os Professores que nuncanegaram o seu contributo, apesar de isso representar horas nunca contabilizadas detrabalho!

Propriedade: EB 2/3 Sá Couto 4500 EspinhoProfessores coordenadores/dinamizadores: Augusta Barbosa e Carminda BatistaColaboração directa: Departamento de Ciências Sociais e HumanasComposição e Processamento de Texto: Professoras Augusta Barbosa e CarmindaBatistaOffset: Sr. Hugo CastroTiragem deste número:750 ex.