Boletim - Diversidade Brasileira

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Heranças de Portugal – Influências na Identidade Brasileira DIVERSIDADE BRASILEIRA JUNHO DE 2013 construção da identidade nacional do povo brasileiro baseia-se num cenário inimaginável a membros influenciados por culturas milenares como a europeia. Isso porque nosso princípio é heterogêneo, completamente subversivo diante das raízes do Velho Continente. Podemos dizer que nossa realidade cultural é a resultante da somatória de fatores políticos, como a colonização europeia, o tráfico negreiro e as grandes imigrações daquelas que buscaram em terras tupiniquins um novo mundo. Isso é um fato irrefutável: somos um arremedo cultural. Cabe deixar claro que não abordo o assunto de nenhuma maneira pejorativa, pois acredito na riqueza da diversidade. Mas, será mesmo que a resultante cultural dos dias de hoje é fruto tão somente da somatória de culturas que um dia desembarcaram em nossos portos? Acredito que não. O colonialismo ainda é realidade crescente, com toda a influência musical e cinematográfica de além-fronteira, estilos de vida que não nos pertencem, ideologias que nos são estranhas a ganhar espaço continuamente. Somos colônia do estilo norte-americano, fonte de riquezas do futebol europeu, consumidores ávidos do mercado oriental. E tudo isso nos modifica, modifica nossa cultura e é fator relevante aos resultados que A PANGEIA CULTURAL Algumas linhas sobre o colonialismo na cultura amanhã teremos em termos sociais, inclusive. A cultura brasileira é ainda uma conta em aberto, sobre a qual se soma diariamente uma quantidade inimaginável de números, que logo se multiplicam, elevam-se à potência, e se perdem de vista, ao ponto de parecerem-se, sutilmente, resultado de uma genuína e tão pura criação nacional. Talvez seja uma visão pessimista demais. Provavelmente é. Entretanto, aí está algo que nem de longe é exclusividade do verde e amarelo. Não. A globalização, com seus tentáculos que abraçam economia, cultura e política, tem efeitos comuns em todo o mundo. Lá fora, também há quem se alimente do nosso mixtão cultural em alguma escala, de alguma forma. Nos dias de hoje, as nações caminham para uma unificação sem precedentes, sob o efeito de novidades cada vez mais revolucionárias como a internet. Um dia, quem sabe, chamarão de Pangeia Cultural o resultado da revolução que vivemos nesse início de século. Estamos, certamente, vivendo um momento único na história da humanidade: somos metrópole que, num interminável ciclo vicioso, conseguiu colonizar-se a si mesmo. Emanoel Ferreira - Colonialismo Cultural A De 1560 a 1850, o tráfico negreiro existiu no Brasil. Principal fonte de abastecimento de mão de obra escrava, o tráfico introduziu cerca de 3.600.000 africanos no país. Estes, além de realizar trabalho escravo, eram forçados a viver uma cultura diferente e, antes de embarcarem no navio negreiro, eram batizados nas igrejas, recebendo um novo nome da cultura local e sendo obrigados a deixar toda a herança africana para trás. Isso é o que pensavam seus colonizadores. A introdução de africanos no Brasil tornou a nossa cultura, uma mistura de conhecimentos, tanto nas áreas artísticas e religiosas, como nas linguísticas e culinárias. Na cozinha, a influência trazida por eles, era mesclada com as comidas regionais. Na falta de um ingrediente, improvisavam. Por exemplo, a mandioca, que era posta quando não havia inhame, tubérculo de origem africana. E então, um misto português, indígena e africano, tornou-se um só: a CULTURA BRASILEIRA. Que tal comer uma bola de fogo? O famoso Acarajé da Bahia, na verdade, tem origem africana. Lá é chamado de àkàrà, “bola de fogo”. No Brasil, o nome tem a junção do je, que significa “comer”. É um bolinho de feijão-fradinho sem casca e moído, frito no azeite de dendê. Normalmente é servido com Vatapá, outro prato com influência africana. Gabriela Fernandes - Herança do negro/Cultura Afro-Brasileira. Cultura Afro-Brasileira Culinária Ponto de cultura - O Brasil de baixo para cima. Célio Turino O senso comum considera o ballet uma arte importada, sem nada a ver com a nossa tradição cultural, enquanto o carnaval seria a nossa manifestação popular mais significativa. Com base nessa crença, pretende-se mostrar que esses dois gêneros culturais, assim como algumas danças folclóricas brasileiras, partilham da mesma origem. Observamos como as composições coreográficas dos ballets podem apresentar elementos ditos populares, assim como, no carnaval, a sistematização coreográfica é cada vez mais praticada nas escolas de samba, campo no qual profissionais oriundos das artes chamadas de eruditas imprimem princípios acadêmicos à arte popular. Assim, tomamos como ponto de partida o conceito da “tradição inventada”, como se dá a convivência entre a dança erudita e a dança popular nos dias de hoje. Ramon Serakides Popular e erudito nos dias de hoje DICA DE LEITURA: entre os diversos povos europeus que formaram o Brasil, foram os de origem portuguesa que exerceram maior influência na formação da identidade brasileira. Durante anos o território foi colonizado por Portugal, e tivemos a migração da Corte portuguesa junto com toda a sua cultura. A chegada de portugueses não parou com a Independência do Brasil, e Portugal continuou sendo uma das fontes mais importantes de imigrantes até meados do século XX. De maneira geral, a cultura portuguesa foi responsável por grandes movimentos, a mais evidente herança foi à língua portuguesa, atualmente falada por todos do país. Destacamos também a religião católica com festas e procissões, Celebrações como carnaval, festas juninas e algumas figuras do folclore como bumba –meu –boi, bicho papão e lobisomem. Ana Flávia Vieira – Herança Portuguesa (Brasil Colônia I / História 2011/ Livro 1808). Apesar de várias influencias boas dos portugueses, herdamos atitudes muito ruins que vigora até os dias atuais, como a Corrupção, a mentira, bajulação, descaso, ineficiência, egoísmo, e péssimos critérios de justiça e mérito. No período em que a corte portuguesa estava no Brasil, D. João recebia assessoria e delegava os poderes a outros que governava em seu lugar e com essa ajuda ele inaugurou um sistema chamado “troca de favores”, que são trocas de interesses cujo havia financiamentos em troca de benefícios e títulos de nobreza. Esse sistema causou inúmeras corrupções e muita desordem nos negócios públicos e privados. É importante ressaltar as opções econômicas portuguesas cujo objetivo era de converter as necessidades em lucros, assim como o trabalho escravo que se mostrou muito lucrativo. Criou também uma mentalidade racista, cujos traços ainda se mantêm vivos no Brasil. D É obvio que associar ideias passadas com o que acontece no mundo é meio sem lógica, mas pense bem: No mundo atual é comum que grande parte da população mundial se prender a ideias aplicadas por forças maiores, antigos costumes culturais ou pensamentos preconceituosos. De fato, o que vivemos hoje é o apego às ideias sem fundamentos. O caso de Dreyfuss se associava a isso, um soldado julgado por traição e condenado pelo povo que clamava justiça sem ao menos perceber que tudo não passava de uma falsa acusação. Não deixe seu Dreyfuss trancado, abra sua mente e experimente o que é ter um pensamento diferente do que nos obrigam a pensar. Rafael Oliveira – Origens e sentido moderno do termo intelectual POVO ALIENADO, DREYFUSS TRANCADO A construção da cidadania dos povos indígenas A educação escolar faz parte das lutas dos povos indígenas. A legislação educacional brasileira e a Convenção 169 sobre Povos Indígenas e Tribais, prevê a participação dos povos indígenas no planejamento da gestão da educação escolar indígena. Mas, ainda são insuficientes os espaços públicos institucionalizados de interlocução com representantes dos povos indígenas para formulação, acompanhamento e avaliação das políticas, programas e ações referentes à Educação Escolar Indígena. Klevson Santos - Herança indígena DIVERSIDADE BRASILEIRA – Página 1 de 1

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Heranças de Portugal – Influências na Identidade Brasileira

DIVERSIDADE BRASILEIRA JUNHO DE 2013

construção da identidade nacional do povo brasileiro baseia-se num cenário inimaginável a membros influenciados por culturas milenares como a europeia. Isso porque nosso princípio é heterogêneo, completamente subversivo diante das raízes do Velho Continente.

Podemos dizer que nossa realidade cultural é a resultante da somatória de fatores políticos, como a colonização europeia, o tráfico negreiro e as grandes imigrações daquelas que buscaram em terras tupiniquins um novo mundo. Isso é um fato irrefutável: somos um arremedo cultural. Cabe deixar claro que não abordo o assunto de nenhuma maneira pejorativa, pois acredito na riqueza da diversidade.

Mas, será mesmo que a resultante cultural dos dias de hoje é fruto tão somente da somatória de culturas que um dia desembarcaram em nossos portos? Acredito que não. O colonialismo ainda é realidade crescente, com toda a influência musical e cinematográfica de além-fronteira, estilos de vida que não nos pertencem, ideologias que nos são estranhas a ganhar espaço continuamente.

Somos colônia do estilo norte-americano, fonte de riquezas do futebol europeu, consumidores ávidos do mercado oriental. E tudo isso nos modifica, modifica nossa cultura e é fator relevante aos resultados que

A PANGEIA CULTURAL Algumas linhas sobre o colonialismo na cultura

amanhã teremos em termos sociais, inclusive.

A cultura brasileira é ainda uma conta em aberto, sobre a qual se soma diariamente uma quantidade inimaginável de números, que logo se multiplicam, elevam-se à potência, e se perdem de vista, ao ponto de parecerem-se, sutilmente, resultado de uma genuína e tão pura criação nacional.

Talvez seja uma visão pessimista demais. Provavelmente é. Entretanto, aí está algo que nem de longe é exclusividade do verde e amarelo. Não. A globalização, com seus tentáculos que abraçam economia, cultura e política, tem efeitos comuns em todo o mundo. Lá fora, também há quem se alimente do nosso mixtão cultural em alguma escala, de alguma forma. Nos dias de hoje, as nações caminham para uma unificação sem precedentes, sob o efeito de novidades cada vez mais revolucionárias como a internet.

Um dia, quem sabe, chamarão de Pangeia Cultural o resultado da revolução que vivemos nesse início de século. Estamos, certamente, vivendo um momento único na história da humanidade: somos metrópole que, num interminável ciclo vicioso, conseguiu colonizar-se a si mesmo.

Emanoel Ferreira - Colonialismo Cultural

A

De 1560 a 1850, o tráfico negreiro existiu no Brasil. Principal fonte de abastecimento de mão de obra escrava, o tráfico introduziu cerca de 3.600.000 africanos no país. Estes, além de realizar trabalho escravo, eram forçados a viver uma cultura diferente e, antes de embarcarem no navio negreiro, eram batizados nas igrejas, recebendo um novo nome da cultura local e sendo obrigados a deixar toda a herança africana para trás.

Isso é o que pensavam seus colonizadores. A introdução de africanos no Brasil tornou a nossa cultura, uma mistura de conhecimentos, tanto nas áreas artísticas e religiosas, como nas linguísticas e culinárias.

Na cozinha, a influência trazida por eles, era mesclada com as comidas regionais. Na falta de um ingrediente, improvisavam. Por exemplo, a mandioca, que era posta quando não havia inhame, tubérculo de origem africana. E então, um misto português, indígena e africano, tornou-se um só: a CULTURA BRASILEIRA.

Que tal comer uma bola de fogo? O famoso Acarajé da Bahia, na verdade, tem origem africana. Lá é chamado de àkàrà, “bola de fogo”. No Brasil, o nome tem a junção do je, que significa “comer”.

É um bolinho de feijão-fradinho sem casca e moído, frito no azeite de dendê. Normalmente é servido com Vatapá, outro prato com influência africana.

Gabriela Fernandes - Herança do negro/Cultura Afro-Brasileira.

Cultura Afro-Brasileira

Culinária

Ponto de cultura - O Brasil de baixo para cima. Célio Turino O senso comum considera o ballet uma arte importada, sem nada a ver com a nossa tradição cultural, enquanto o carnaval seria a nossa manifestação popular mais significativa. Com base nessa crença, pretende-se mostrar que esses dois gêneros culturais, assim como algumas danças folclóricas brasileiras, partilham da mesma origem. Observamos como as composições coreográficas dos ballets podem apresentar elementos ditos populares, assim como, no carnaval, a sistematização coreográfica é cada vez mais praticada nas escolas de samba, campo no qual profissionais oriundos das artes chamadas de eruditas imprimem princípios acadêmicos à arte popular. Assim, tomamos como ponto de partida o conceito da “tradição inventada”, como se dá a convivência entre a dança erudita e a dança popular nos dias de hoje.

Ramon Serakides – Popular e erudito nos dias de hoje

DICA DE LEITURA:

entre os diversos povos europeus que formaram o Brasil, foram os de origem portuguesa que exerceram maior influência na formação da identidade brasileira. Durante anos o território foi colonizado por Portugal, e tivemos a migração da Corte portuguesa junto com toda a sua cultura. A chegada de portugueses não parou com a Independência do Brasil, e Portugal continuou sendo uma das fontes mais importantes de imigrantes até meados do século XX. De maneira geral, a cultura portuguesa foi responsável por grandes movimentos, a mais evidente herança foi à língua portuguesa, atualmente falada por todos do país. Destacamos também a religião católica com festas e procissões, Celebrações como carnaval, festas juninas e algumas figuras do folclore como bumba –meu –boi, bicho papão e lobisomem.

Ana Flávia Vieira – Herança Portuguesa (Brasil Colônia I / História 2011/ Livro 1808).

Apesar de várias influencias boas dos portugueses, herdamos atitudes muito ruins que vigora até os dias atuais, como a Corrupção, a mentira, bajulação, descaso, ineficiência, egoísmo, e péssimos critérios de justiça e mérito. No período em que a corte portuguesa estava no Brasil, D. João recebia assessoria e delegava os poderes a outros que governava em seu lugar e com essa ajuda ele inaugurou um sistema chamado “troca de favores”, que são trocas de interesses cujo havia financiamentos em troca de benefícios e títulos de nobreza. Esse sistema causou inúmeras corrupções e muita desordem nos negócios públicos e privados. É importante ressaltar as opções econômicas portuguesas cujo objetivo era de converter as necessidades em lucros, assim como o trabalho escravo que se mostrou muito lucrativo. Criou também uma mentalidade racista, cujos traços ainda se mantêm vivos no Brasil.

D É obvio que associar ideias passadas com o que acontece no mundo é meio sem lógica, mas pense bem: No mundo atual é comum que grande parte da população mundial se prender a ideias aplicadas por forças maiores, antigos costumes culturais ou pensamentos preconceituosos. De fato, o que vivemos hoje é o apego às ideias sem fundamentos. O caso de Dreyfuss se associava a isso, um soldado julgado por traição e condenado pelo povo que clamava justiça sem ao menos perceber que tudo não passava de uma falsa acusação. Não deixe seu Dreyfuss trancado, abra sua mente e experimente o que é ter um pensamento diferente do que nos obrigam a pensar.

Rafael Oliveira – Origens e sentido moderno do termo intelectual

POVO ALIENADO, DREYFUSS TRANCADO

A construção da cidadania dos povos indígenas

A educação escolar faz parte das lutas dos povos indígenas. A legislação educacional brasileira e a Convenção 169 sobre Povos Indígenas e Tribais, prevê a participação dos povos indígenas no planejamento da gestão da educação escolar indígena. Mas, ainda são insuficientes os espaços públicos institucionalizados de interlocução com representantes dos povos indígenas para formulação, acompanhamento e avaliação das políticas, programas e ações referentes à Educação Escolar Indígena. Klevson Santos - Herança indígena

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