Boletim do - CVV...(PSV) de novos plantonistas aos postos e há sempre um clima de alegria,...

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1 Boletim do editorial Órgão informativo do CVV - programa de valorização da vida - Mar. 2013 - Ano 47 - nº 455 Uma entidade que consegue manter-se viva funcionando e em crescimento por mais de 50 anos, pode se considerar forte, saudável e contemporânea. Este mais de meio século de jornada, só foi possível pela ação de milhares de voluntários que doaram parte do seu tempo, de sua experiência e habilidades para o CVV. Hoje somos mais de 2200 plantonistas atuando, mas temos um numero incalculável de vo- luntários que passaram por nos- sos postos fazendo plantões, ou não, mas sempre colaborando com o desenvolvimento e cons- trução da entidade. Ser voluntário é doar seu tem- po, trabalho e talento para causas de interesse social e comunitário e com isso melhorar a qualidade de vida da comunidade. Neste contexto somos pioneiros e rele- vantes na historia do voluntaria- do no Brasil, pois a estrutura e os valores que construímos permi- tem que tenhamos poucos fun- cionários e muitos voluntários. A proposta de vida do CVV faz com que a disponibilidade e comprometimento dos volun- tários seja fundamental. O vo- luntário vai doar alem do seu tempo (para plantões, reuniões, treinamentos), sua capacidade de compartilhar solidariedade; vai ser incentivado a buscar o auto- conhecimento e a participação e colaboração com uma enti- dade que apesar de ter 51 anos de vida, ainda esta em desenvolvi- mento, aperfei- çoamento cons- tante para estar sempre próximo, conectada ás mudanças e ne- cessidades do ser humano. E quem são estes milhares de voluntários? Não podemos res- ponder especificamente pelo CVV, mas uma pesquisa foi reali- zada pelo Ibope para a Rede Bra- sil Voluntário em junho de 2011 no Brasil, (pesquisa na integra disponível em http://www.brasil- voluntario.org.br) entrevistou-se duas mil pessoas para conhecer a participação da população em ações voluntárias. A pesquisa apontou que para 67% dos entrevistados, o que motiva é “ser solidário e ajudar os outros”. Outros 32% dizem querer “fazer a diferença e me- lhorar o mundo”, empatados com 32% que seguem motivações re- ligiosas. Dos entrevistados, 87% declararam que estão totalmente motivados em continuar a exer- cer o trabalho voluntário. Inseridos neste contexto es- tão todos os voluntários do CVV, atuantes no momento ou não, deixando pelo tempo que contri- buem ou contribuíram sua cola- boração, sua doação e tentando fazer com quem buscou o traba- lho que oferecemos se sentisse melhor, mais compreendido, res- peitado e valorizado. Comissão Redatora do Boletim [email protected] expediente O Boletim do CVV é um orgão de comuni- cação de Centro de Valorização da Vida e dos seus programas de franquia social e filantropia: Programa CVV, CVV Comunidade, CVV-Web e Hospital Francisca Júlia. Publicação conforme o artigo 220(parágrafo 6º), capítulo V da Constituição Federal, sob responsábilidade do Conselho Diretor do CVV e Comissão Redatora do Boletim. Central de Comunicação R. Abolição, 411 - Bela Vista CEP: 01319-010 - SP - SP Fone: (11) 3107-2152 Fax: (11) 3101-2329 e-mail: [email protected] Centro de Valorização da Vida Estr.Dr. Bezerra de Menezes, 703 Parque Interlagos São José dos Campos - SP CEP: 12229-380 Impressão: São Francisco Gráfica e Editora Ltda http://www.saofranciscograf.com.br 51 anos repletos de boas intenções editorial 51 anos repletos de boas intenções........1 matérias painel livre Uma espressão de fraternidade e solida- rieade....................................................2 Doação..................................................3 Quando um voluntário se vai.................4 Feeback e vida plena.............................5 Todos somos céticos (2/2).......................6 Sutilezas do saber ouvir .........................7 de olho na noticia O Centro de Voluntariado de São Paulo..8 Avalição psicosocial de idosos que come- teram suicídio (1/2)................................9 Mais de 35 milhões de brasileiros doam para causas sociais...............................10 Valores do CVV ....................................11 por dentro do CVV CVV Abolição - São Paulo e Regional Rio - Vitótia.........................................11 somando esforços Encontro regional é oportunidade de cres- cimento......................................... 12

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Boletim doeditorial

Órgão informativo do CVV - programa de valorização da vida - Mar. 2013 - Ano 47 - nº 455

Uma entidade que consegue manter-se viva funcionando e em crescimento por mais de 50 anos, pode se considerar forte, saudável e contemporânea.

Este mais de meio século de jornada, só foi possível pela ação de milhares de voluntários que doaram parte do seu tempo, de sua experiência e habilidades para o CVV.

Hoje somos mais de 2200 plantonistas atuando, mas temos um numero incalculável de vo-luntários que passaram por nos-sos postos fazendo plantões, ou não, mas sempre colaborando com o desenvolvimento e cons-trução da entidade.

Ser voluntário é doar seu tem-po, trabalho e talento para causas de interesse social e comunitário e com isso melhorar a qualidade de vida da comunidade. Neste contexto somos pioneiros e rele-vantes na historia do voluntaria-do no Brasil, pois a estrutura e os valores que construímos permi-tem que tenhamos poucos fun-cionários e muitos voluntários.

A proposta de vida do CVV faz com que a disponibilidade e comprometimento dos volun-tários seja fundamental. O vo-luntário vai doar alem do seu tempo (para plantões, reuniões, treinamentos), sua capacidade de compartilhar solidariedade; vai ser incentivado a buscar o auto-conhecimento e a participação

e colaboração com uma enti-dade que apesar de ter 51 anos de vida, ainda esta em desenvolvi-mento, aperfei-çoamento cons-tante para estar sempre próximo, conectada ás

mudanças e ne-cessidades do ser humano.

E quem são estes milhares de voluntários? Não podemos res-ponder especificamente pelo CVV, mas uma pesquisa foi reali-zada pelo Ibope para a Rede Bra-sil Voluntário em junho de 2011 no Brasil, (pesquisa na integra disponível em http://www.brasil-voluntario.org.br) entrevistou-se duas mil pessoas para conhecer a participação da população em ações voluntárias.

A pesquisa apontou que para 67% dos entrevistados, o que motiva é “ser solidário e ajudar os outros”. Outros 32% dizem querer “fazer a diferença e me-lhorar o mundo”, empatados com 32% que seguem motivações re-ligiosas. Dos entrevistados, 87% declararam que estão totalmente motivados em continuar a exer-cer o trabalho voluntário.

Inseridos neste contexto es-tão todos os voluntários do CVV, atuantes no momento ou não, deixando pelo tempo que contri-buem ou contribuíram sua cola-boração, sua doação e tentando fazer com quem buscou o traba-lho que oferecemos se sentisse melhor, mais compreendido, res-peitado e valorizado.

Comissão Redatora do Boletim [email protected]

expediente

O Boletim do CVV é um orgão de comuni-cação de Centro de Valorização da Vida e dos seus programas de franquia social e filantropia: Programa CVV, CVV Comunidade, CVV-Web e Hospital Francisca Júlia.Publicação conforme o artigo 220(parágrafo 6º), capítulo V da Constituição Federal, sob responsábilidade do Conselho Diretor do CVV e Comissão Redatora do Boletim.

Central de ComunicaçãoR. Abolição, 411 - Bela Vista CEP: 01319-010 - SP - SPFone: (11) 3107-2152Fax: (11) 3101-2329e-mail: [email protected]

Centro de Valorização da VidaEstr.Dr. Bezerra de Menezes, 703Parque InterlagosSão José dos Campos - SPCEP: 12229-380

Impressão: São Francisco Gráfica e Editora Ltdahttp://www.saofranciscograf.com.br

51 anos repletos de boas intenções

editorial51 anos repletos de boas intenções........1

matérias painel livre

Uma espressão de fraternidade e solida-

rieade....................................................2

Doação..................................................3

Quando um voluntário se vai.................4

Feeback e vida plena.............................5

Todos somos céticos (2/2).......................6

Sutilezas do saber ouvir.........................7

de olho na noticiaO Centro de Voluntariado de São Paulo..8

Avalição psicosocial de idosos que come-

teram suicídio (1/2)................................9

Mais de 35 milhões de brasileiros doam

para causas sociais...............................10

Valores do CVV....................................11

por dentro do CVVCVV Abolição - São Paulo e Regional

Rio - Vitótia.........................................11

somando esforçosEncontro regional é oportunidade de cres-

cimento.........................................12

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Uma expressão de fraternidade e solidariedade

Na Central do Voluntariado de Minas Gerais, Demóstenes Romano Filho afirma que “é pou-co provável que alguém faça um trabalho por obrigação e respon-sabilidade melhor do que o faria espontanea e voluntariamente durante anos, por oportunidade, por civismo, por solidariedade”, lembrando que “este é um dos fatores de qualidade ética e de generosidade cidadã do trabalho voluntário”.

Os conceitos de trabalho vo-luntário em definições éticas e operacionais, explica Demóste-nes, abordam várias questões tais como:

a) O voluntário, como agente de transformação social, é aque-le que presta serviços não remu-nerados em benefício de algo e que, ao aplicar tempo e conhe-cimento, realiza um trabalho ge-rado pelo seu impulso solidário, atendendo tanto as necessidades do próximo ou aos imperativos à causa, como as suas próprias motivações pessoais, sejam elas de caráter religioso, cultural, filo-sófico, político, emocional;

b) Tanto é relevante o valor

social do trabalho voluntário, en-quanto expressão de uma ética de solidariedade, como seu valor para quem o executa, enquanto fator de crescimento pessoal;

c) O voluntário é motivado pelo desejo de melhorar a comu-nidade ou auxiliar pessoas que às vezes, nem conhece e se esforça no sentimento de autorrealização que preenche suas necessidades interiores de transcendência do interesse meramente pessoal;

d) O trabalho voluntário será tão mais naturalmente valorizado quanto mais se caracterizar pela espontaneidade da aplicação do tempo e conhecimento pela re-levância dos benefícios gerados e pela oportunidade da ação, nunca podendo ser confundi-do como estratégia para reduzir custos ou como expediente de recrutamento de mão de obra gratuita;

e) O trabalho voluntário não deve, nunca, substituir ações de políticas públicas ou desobrigar instituições governamentais, para não se descaracterizar como ex-pressão genuína da criatividade e da generosidade do voluntário,

motivadas pelos valores éticos de solidariedade e de participação espontânea;

f) O trabalho voluntário deve ser utilizado menos para amenizar situações de carência e mais valorizado no sentido de aprofundar e avançar mudan-ças positivas em direção a uma maior qualidade de oportunida-des, assegurando condições de autonomia, liberação, autoges-tão e autossustentabilidade;

g) O trabalho voluntário é in-trinsecamente uma expressão de fraternidade e solidariedade, mas voluntariar sempre será também um exercício de evolução cida-dã, espiritual, cívica, emocional e social de quem voluntaria. E isto será tão mais evidente quanto mais este voluntário estiver cui-dando da evolução de outra pes-soa, “ensinando pisicultura” ao invés de “dar o peixe”.

h) O trabalho voluntário que é por natureza uma ação com-plementar será mais eficaz, mais agregador e mais transformador quanto mais tiver o voluntário como novo autor em novo filme e não na mesmice de iniciativa paternalistas que costumam vi-ciar quem doa e quem recebe.

É importante que o voluntá-rio:

• saiba o que se espera dele e que ele pode corresponder à ex-pectativa;

• sinta que pertence à rede de voluntariado;

• possa participar de trabalho com autonomia em clima de li-berdade;

• saiba que o que faz é tam-bém feito por outros mesmos propósitos e pelas mesmas ra-zões;

• acompanhe os resultados de seu trabalho isoladamente e no conjunto do trabalho de toda a rede de voluntariado;

• seja considerado capaz e responsável no limite de suas ha-bilidades e de sua possibilidade na rede de voluntariado;

• dimensione adequadamente o tempo e as condições de pres-

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Doação

Aqueles que se comprome-tem com determinado serviço sem fins lucrativos, e o fazem com decisão, com convicção, é porque se identificam com o mesmo. Talvez até porque ne-cessitam desse tipo de atividade para se sentirem bem. A renún-cia deve constar da nossa rotina como Voluntário, às vezes com o sacrifício do próprio lazer pesso-al.

Nessa Caminhada para o auto aperfeiçoamento, nos depara-mos com o julgamento, a indi-ferença, o preconceito, a ingrati-dão que são uma particularidade,

de nós, seres humanos. E, se qui-sermos perseverar, nesse tipo de trabalho, devemos lutar na busca de nos desprendermos da nossa vaidade, melindre, personalismo. Ou sabermos conviver com essas nossas dificuldades.

E lembrarmos que cada pes-soa é única, com vícios, defeitos, virtudes e escolhas de qual es-trada ela quer trilhar, durante sua estadia nesse planeta.

A nossa auto aceitação, e a do outro, são barreiras a serem transpostas no nosso trato cons-tante com o nosso “Eu” e com o do outro ser humano.

O Desapego do nosso ponto de vista é de vital importância para compreendermos a manei-ra da outra pessoa “ver a Vida”. Também é essencial sabermos o máximo possível sobre ela; como se avalia, se percebe, seu posicionamento perante os temas polêmicos, e vistos como “miste-riosos”, na relação humana. Se é que ela se interessa por essas proposições.

Acreditamos que no “desape-go repousa a Verdadeira Liberda-de“ .

Fernando l Araraquara - SP

tação do serviço voluntário, sem sacrifício e sem heroísmo;

• seja sempre um “beija-flor polinizador” e não um “beija-flor apagador de incêndio”;

• tenha mais foco em poten-cialidades do que em necessida-des;

• seja complementar, evitando superposições.

O voluntário do CVV sabe como é importante adequar-se a todas estas recomendações. Sem disciplina, organização, amor ao próximo os postos cevevianos não oferecerão a quem os busca

o clima adequado para uma re-lação de ajuda que traga benefí-cios a ambas as partes: plantonis-ta x outra pessoa.

Helio | Ribeirão Preto - SP

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Uma vez ou outra lemos maté-rias nos boletins cevevianos que envolvem a chegada, após o Pro-grama de Seleção de Voluntários (PSV) de novos plantonistas aos postos e há sempre um clima de alegria, satisfação, anseios, dese-jos de descobertas e de adapta-ção por parte dos que aportam o seu “barco” nestas águas profun-das, fascinantes e vastas.

E por perto, para qualquer eventualidade, há sempre a pre-sença de voluntários antigos, orientando, apoiando, condu-zindo, oferecendo-lhes a mão receptiva e a palavra amiga que os ajudam a começar a sentir-se em casa.

Mas quando um voluntário, pelos mais diversos motivos, de-cide ou precisa deixar as ativida-des cevevianas, o que ocorre aos que ficam? Será que se detêm para refletir acerca da tristeza e da saudade que, por acaso car-

regue no coração aquele que se vai?

O escritor Marcos Vinicios Vilaça, membro da Academia Brasileira de Letras (ABL), www.academia.org.br, indaga: “sauda-de mata?” E ele próprio se encar-rega da resposta: “Mata. Mata a alegria da vida”. Parafraseando--o, podemos afirmar que deixar o CVV possibilita ao voluntário morrer um pouco (ou muito) do que ele é, enquanto carrega na sua bagagem, além de tantos sentimentos gratificantes, a sau-dade de ter integrado uma insti-tuição séria, humanitária, que só o fez crescer como voluntário e como pessoa. E esta sua sauda-de talvez lhe reacenda profundas lembranças e inesquecíveis mo-mentos que lhe proporcionaram os cursos, reciclagens, reuniões de grupo, reuniões gerais de vo-luntários (RGVs) e, sobretudo, a emoção da inextinguível chama

da alegria de ter tido a oportuni-dade de ajudar o outro e de con-viver com tantos colegas. Tudo é um convite à sua permanência no trabalho.

Porém, as imposições das cir-cunstâncias o conduzem à por-ta de saída e já não será um fio telefônico que o prenderá ao seu ofício da escuta. Mas, quem sabe? Fios de lágrimas que, com ternura, o aprisionarão às suas re-cordações.

Na manifestação da saudade o coração sempre fala pouco quando há muito a dizer. E o vo-luntário bem entende esta busca da palavra estrangulada na gar-ganta, porque reconhece que o exercício de Vida Plena foi um excelente aliado no processo de desbravar a sua interioridade. Assim, parte geralmente em si-lêncio levando na alma a profe-cia do escritor Francisco Pereira da Nóbrega, quando assegurou:

Quando um voluntário se vai

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Não é de se estranhar que não raros sentimentos de crítica, jul-gamento, impaciência possam aflorar em nós de forma subrep-tícia ou declarada, no momento em que necessitamos oferecer um feedback a alguém, provo-cando-lhe mágoas, sensação de desconforto e tristeza. No entanto, tudo poderá ser evitado se dermos ouvidos aos sinais de alerta que os exercícios de Vida Plena nos induzem em relação a estes sentimentos ne-gativos que conduzimos muitas vezes inconsciente-mente.

Em terras espanholas existe um Mosteiro à mar-gem do rio Piedra, e exata-mente nas suas cercanias o pequeno rio alarga suas águas numa ampla corren-te que se divide em várias cachoeiras.

Quem por ali passeia usufruindo dos requintes da natureza, dispondo-se a escutar a melodia das águas, descobrirá uma gru-ta sob uma das cascatas. Um olhar atento para as pedras gastas pelo tempo, as formas que a natureza moldou com paciência, verá escrito numa placa os versos do poeta indiano Ra-bindranath Tagore - uma inicia-tiva inteligente dos homens que ali afixaram aquela mensagem: “Não foi o martelo que deixou perfeitas estas pedras, / mas a água, com sua doçura, sua dan-ça, sua canção”.

Como não analisar a profundi-dade desta lição do poeta e das águas? Somente com paciência

seremos capazes de esculpir o nosso interior, na busca da sere-nidade com o objetivo de encon-trarmos a forma de sermos com-passivos conosco mesmos e com os outros.

Um feedback oferecido com carinho, compreensão e cuidado

levará o outro a uma reflexão e entendimento da situação que levou o colega àquela atitude. E não será motivo de espanto se ambos após o feedback se tor-narem mais amigos e confiantes um no outro, porque a verdade dita com delicadeza conquista. Samuel Goldwyn, produtor de filmes, já afirmava que “quem se entusiasma com o próprio tra-

balho não tem nada a temer na vida”. O que tem a fazer é cor-rigir falhas e a iniciativa de um colega em apontá-las é fator de suma importância.

Reportando-nos aos versos do poeta indiano, se por acaso tives se sido o martelo a ser usado nas

rochas por onde corre o rio Piedra, certamente só have-ria destruição e a natureza ferida nos exibiria um cená-rio tristemente desolador. Na questão humana, o martelo está na nossa impulsivida-de, na falta de autocontrole nas palavras ferinas que por vezes proferimos, nos gestos agressivos que tantas vezes manifestamos.

Quem recebe um feed-back, seja qual for a razão, também merece de quem o oferece estímulo, elogio, compreensão e ouvidos re-ceptivos. Merece que quem o oferta busque em si mes-mo a doçura da água de um rio de planície que com na-turalidade, sem pressa flui para o mar. Isso terá a cono-tação do amor fraterno que devemos sentir uns pelos ou-tros na nossa caminhada de seres em busca do autoco-nhecimento. Seres à procura de atitudes que nos elevem

a patamares que expressem sem-pre a grandeza da dignidade hu-mana.

Helio | Ribeirao Preto - SPBartyra | Recife - PE

Feeback e vida plena

Marchar é preciso. O presente é agônico. Em cada minuto, morre um minuto. Então, a sobrevivên-cia depende do próximo passo. E cada passo é a busca de um fu-turo...

Um futuro que tantas vezes conduzirá os passos do plantonis-

ta que se auto-excluiu para longe do CVV e dos seus companhei-ros de ideal. Mas ele entende que o ato de ir e vir é o natural processo da caminhada humana. Assim, vale relembrar a frase de Vinicius de Morais que, sem es-panto ou lamentações, simples-

mente afirmou: A vida é a arte do encontro embora haja tanto de-sencontro pela vida.

Bartyra | Recife - PE

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Jornalista não é cientista, mas quando cobre os assuntos da ci-ência precisa entender minima-mente os procedimentos e valo-res que regem esta comunidade. O que segue abaixo - em tópi-cos - é um resumo daquilo que me parece importante destacar sobre a cobertura dos assuntos ligados às mudanças climáticas.

Teoria da conspiraçãoSoa leviano - quase irres-

ponsável - resumir o endosso à tese do aquecimento global de numerosos contingentes de cientistas e pesquisadores de al-gumas das mais importantes e prestigiadas instituições do mun-do a uma conspiração que teria por fim “impedir o crescimento econômico dos países pobres ou emergentes no momento em que eles poderiam queimar mui-to mais combustíveis fósseis” ou “privilegiar setores da indústria, especialmente europeias, que desenvolveram patentes de no-vas tecnologias para a produção de energia mais limpa e renová-vel”. É incrível ver como declara-

ções nesse sentido são repetidas à exaustão por pessoas que, em alguns casos, se dizem cientistas.

Com toda franqueza: como imaginar que a maioria absolu-ta dos países (ricos, emergentes e pobres) com suas muitas di-ferenças políticas, ideológicas, econômicas e sociais, sejam ma-nipulados de forma tão grossei-ra em favor de uma gigantesca farsa que teria o poder de burlar a vigilância de suas respectivas comunidades científicas? Essa absurda teoria conspiratória rele-ga a um segundo plano a idonei-dade, a honestidade intelectual e a autonomia de pessoas físicas e jurídicas do mais alto gabarito, em quase 200 países, que ava-lizam publicamente a hipótese do aquecimento global, e com influência humana. Em se tra-tando apenas de personalidades brasileiras, deve-se mais respeito a figuras como José Goldemberg, Paulo Artaxo, Carlos Nobre, Luis Pinguelli Rosa, Roberto Schae-ffer, Suzana Kahn, Gylvan Meira, entre tantos outros que são reco-

nhecidos dentro e fora do país, inclusive pela produção acadê-mica que lhes afere enorme cre-dibilidade.

Como imaginar que esse su-posto “movimento orquestrado em favor do aquecimento global” seja ainda mais poderoso do que o lobby dos combustíveis fósseis (ou mesmo das empresas do setor automobilístico), a quem a hipó-tese da elevação da temperatura do planeta pela queima de óleo, carvão e gás tanto incomoda por razões óbvias? É inegável o poder que as companhias de petróleo ainda possuem recursos para fi-nanciar campanhas, definir polí-ticas públicas e os resultados de Conferências da ONU, como foi o caso, recentemente, da Rio+20, onde não se conseguiu reduzir em um único centavo aproxima-damente 1 trilhão de dólares anu-ais em subsídios governamentais para os combustíveis fósseis no mundo inteiro.

A Justiça é cega?Merecem registro decisões

históricas da Justiça americana - baseadas única e exclusivamen-te no conhecimento científico já construído sobre o aquecimento global - de que o dióxido de car-bono (CO2) é um “gás poluente” (Suprema Corte, abril de 2007) e que o Governo Federal tem com-petência para regular as emissões de gases-estufa (Tribunal de Ape-lações, há um bom tempo, por unanimidade). Como os juízes não são especialistas no assunto, foram buscar a informação mais confiável e balizada possível na literatura, junto a peritos e ins-tituições renomadas acima de quaisquer suspeitas. Neste caso, o trabalho dos juízes se confunde com o dos jornalistas na busca pela informação mais confiável.

O risco?Se não há 100% de certeza

se os gases-estufa emitidos pela Humanidade - especialmente pela queima progressiva de óleo, carvão e gás - contribuem efe-tivamente para o aquecimento global, por que se deveria apres-sar investimentos em mitigação

Todos somos céticos (2/2)

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Saber ouvir é o primeiro e maior requisito para o traba-lho voluntário de plantonista do CVV. Ouvir com atenção, mas sobretudo com carinho, com pa-ciência, com empatia.

Ouvir de forma em-pática é fácil, quando os sentimentos que ouvi-mos são ecos de outros que já sentimos. Ouvir de um amor perdido, nós, que já perdemos um grande amor? Fácil! Ouvir sobre uma tristeza profunda e inexplicável, nós, que já nos vimos aprisionados nas gar-ras de uma depressão? Tranquilo. Mas como ouvir sentimentos que nunca experimentamos e sequer suspeitávamos que existissem? Como ouvir de forma empática sentimentos baseados na intolerância, no ego-ísmo, no desprezo por valores que prezamos, na falta de amor ao próximo?

Como entender que há pes-soas que não conseguem amar, que não entendem o que é ser solidário? Justo nós, que fazemos do amor ao próximo e da soli-

dariedade o combustível para o nosso trabalho no CVV, a força que nos motiva a sair de casa a cada plantão?

Precisamos compreender que são justamente os sentimentos

inconfessáveis, aqueles que mais precisamos saber ouvir. Precisa-mos estar preparados para, no CVV, acolher o que na nossa vida social nos deixaria choca-dos, desconfortáveis. Sim, pois é esta reação, de ultraje, cho-

que e condenação, que a pessoa que nos procura encontra por aí quando se atreve a expor seus sentimentos. É justamente a rea-ção que ela não precisa receber de nós.

Lembremos que os sen-timentos mais difíceis de expressar são exatamen-te aqueles inaceitáveis do ponto de vista ético, reli-gioso, moral ou legal. São estes os que corroem a alma, ainda mais se não expostos. E a única forma de possibilitar que o outro se sinta livre para expres-sar esses sentimentos tão rechaçados socialmente é oferecermos o nosso aco-lhimento sincero, a nossa compreensão - embora não necessariamente a nossa concordância.

Como? Simplesmente, vendo no outro o que ele é: um ser humano com de-feitos e qualidades, pontos

fracos e pontos fortes. Um ser humano imperfeito, mas com potencial para crescer. Igualzi-nho a nós.

Karina | Recife - PE

Sutilezas do saber ouvir

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(redução das emissões) e adap-tação (prevenir riscos de morte e importantes perdas materiais em função dos eventos extremos, elevação do nível do mar etc)? A resposta é simples e leva em conta a mesma lógica que deter-mina a opção por um seguro de vida, da casa ou do carro. Em to-das essas modalidades de segu-ro, a probabilidade de acontecer algo indesejado é muito menor do que aquela que os cientis-tas apontam em relação ao cli-ma. Ainda assim, muitos de nós consideramos sensato recorrer a companhias de seguro para nos precaver de eventuais riscos, por mais remotos que sejam.

Há outra questão importan-te: todas as recomendações do Painel Intergovernamental de

Mudanças Climáticas (IPCC) para que evitemos os piores cenários contribuiriam para um modelo de desenvolvimento mais inteligente e saudável. Reduzir as emissões de gases poluentes, combater os desmatamentos, tratar o lixo e o esgoto, promover a eficiência energética, priorizar investimen-tos em transportes públicos de massa, entre outras medidas, ge-ram mais qualidade de vida, saú-de e bem-estar. São as chamadas “políticas de não arrependimen-to”. Se em algum momento for proposta outra hipótese robus-ta para as variações do clima, o que se preconiza agora como “o certo a fazer” não deixará de ser “o certo a fazer”. Mudaria apenas o senso de urgência para que os mesmos objetivos sejam alcança-

dos.Qual é a prioridade?Num mundo onde ainda há

tanta pobreza, fome e miséria, pode-se defender como priori-dade a canalização de recursos para a solução imediata destes problemas. É um pensamento le-gítimo. Mas o caminho do desen-volvimento pode ser sustentável e inclusivo. Uma agenda não exclui a outra. Uma questão dada como certa por boa parte dos cientistas é que o não enfrentamento das mudanças climáticas tornará a situação dos pobres e miseráveis ainda mais angustiante e aflitiva. Melhor agir, e logo.

Site: G1 – 03 de julho de 2012

André Trigueiro

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O Centro de Voluntariado de São Paulo (CVSP) (www.volun-tariado.org.br) chama a atenção dos leitores numa matéria assina-da por Flávia Mantovani, intitula-da Maratona Para Fazer O Bem, a qual ressalta a importância da Busca de Voluntários Mais Pre-parados, cujas Organização Não Governamental (ONG) Profissio-nalizam Selecionam e treinam Candidatos.

Para Sílvia Naccache, coorde-nadora do CVSP trata-se de uma tendência, principalmente nas ONGs de São Paulo. “As pessoas vinham cheias de boa vontade, mas queriam fazer do jeito delas, a qualquer hora. Elas precisam incluir aquilo na rotina”. E acres-centou: “O perfil dos voluntários vem mudando, antes era coisa de mulher, mais velha, aposentada. Hoje vemos muitos homens, jo-vens, pessoas que estão no mer-cado de trabalho”. O CVSP orga-niza palestras para candidatos a voluntários. Oferece, ainda, um curso de gestão de programas de voluntariado para ONGs.

O recrutamento de voluntá-rios, promovendo seleções e cur-sos de capacitação que podem durar quase um ano varia de acordo com a ONG. O processo pode envolver entrevistas, dinâ-micas de grupo, cursos e quem falta pode ser eliminado.

A necessidade de preparar o voluntário para lidar com a me-todologia da ONG, com o públi-co atendido e com o ambiente de atuação é importante. Outras

razões são as tentativas de tornar o candidato mais comprometido - “um voluntário descompromis-sado e despreparado mais atra-palha do que ajuda”, diz Sílvia. Hoje, a maioria das ONGs orga-niza pelo menos uma palestra ou entrevista inicial.

Tantas exigências não devem desanimar pessoas que podem estar fazendo a diferença. “Po-dem assustar um pouco, mas tudo é acertado antes, com cla-reza. O voluntário sente até se-gurança por saber que há um processo sério”, diz Sílvia Nac-cache. Montar seleções como essas também pressupõe gastos, mas ela acredita que vale a pena porque a organização ganha vo-luntários mais fiéis.

Para Naccache, por mais que as ONGs venham profissiona-lizando a gestão, a essência do voluntariado não muda. “Isso não tira a emoção, o coração, a vontade de fazer a diferença”. E diz:

- pense no que quer fazer: há quem prefira tarefas relacionadas à sua profissão ou algo diferente. O importante é ter prazer;

- leve em conta suas habili-dades. De nada adianta ajudar numa oficina de artes se você não tem nenhum talento para a área;

- pense no público com o qual quer atuar. Se não se sentir pre-parado para interagir com crian-ças doentes ou moradores de rua, por exemplo, proponha um trabalho administrativo;

- calcule de quanto tempo dispõe. Algumas ONGs exigem uma periodicidade fixa, enquan-to outras têm ações mais pontu-ais;

- se não puder ir até o local, tente um trabalho à distância. Muitas organizações oferecem essa possibilidade;

Se você já é voluntário:- seja constante. Se precisar

faltar, avise com antecedência;- não abandone o trabalho

sem avisar aos responsáveis pela ONG. Se tiver algum problema, converse com eles antes de de-sistir;

- se a ONG oferecer cursos de reciclagem para voluntários, ten-te comparecer.

E vêm a citação de várias ONGs como A Anima, o Canto Cidadão, o VER, a Viva e Deixe Viver, Greenpeace, e o trabalho on-line que também já faz parte de uma organização tradicional: o Centro de Valorização da Vida (CVV), que ouve pessoas em so-frimento. A ONG já planeja for-mar os voluntários com ensino à distância, mas, por enquanto, to-dos os candidatos vão a um en-contro de um fim de semana e a oito reuniões de três horas, com treino prático.

Alguns desistem antes do final porque não gostam da metodo-logia. “Eles imaginam que vão aconselhar as pessoas, e nossa postura não é essa”, diz um vo-luntário do CVV que há 32 anos faz parte da instituição e coorde-na atualmente o setor on-line.

Para os já voluntários, a disci-plina também é grande: “Há um curso de reciclagem mensal, e só é permitido ter 25% de faltas por ano. É a única maneira de ajudar a quem procura o CVV com segurança. Os momentos de depressão e de aflição não es-peram. Estamos lidando com um assunto muito sério”, justifica o voluntário.

Comissão Redatora do [email protected]

O Centro de Voluntariado de São Paulo

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Avaliação Psicosocial de Idosos que cometeram suicídio (1/2)

Este estudo qualitativo, publi-cado na edição especial da Re-vista Ciência & Saúde Coletiva, em agosto de 2012, baseou-se na utilização da técnica de autóp-sias psicológicas e psicossociais por meio de entrevistas com fa-miliares de idosos que morreram por suicídio em 10 municípios brasileiros (Manaus, Fortaleza, Teresina, Tauá, Campo Grande, Dourados, Candelária, São Lou-renço, Venâncio Aires e Campos de Goytacazes) onde as taxas são elevadas, buscando-se compre-ender as circunstâncias em que ocorreram as mortes voluntárias.

Foram estudados casos de pessoas que cometeram o sui-cídio na faixa dos sessenta anos ou mais, sendo 40 homens e 11 mulheres.

Entrevistas foram realizadas com 84 pessoas, 62 mulheres e 22 homens, com idades entre 18 e 76 anos. Em 40% das entrevis-tas foi possível conversar com in-tegrantes das famílias e a maioria deles era cuidador direto ou indi-reto da pessoa idosa e mantinha com ela um convívio cotidiano.

Em relação à distribuição de faixa etária e sexo por região, constata-se que as regiões Nor-

te e Nordeste concentraram as histórias de suicídio de homens mais jovens, entre 60 e 69 anos (80% de casos no Norte e 78,6% no Nordeste). No Sudeste foram estudados casos de pessoas mais velhas, entre 75 e 84 anos. Já o Centro-Oeste e o Sul tiveram uma distribuição entre homens e mulheres de diferentes faixas etárias, abrangendo as idades a partir dos 60 até os 84. Em am-bas as regiões, houve o caso de uma pessoa acima dos 85 anos e do sexo masculino entre os casos estudados.

O meio mais utilizado para a morte, tanto por homens (65%), quanto por mulheres (72,7%) foi o enforcamento, seguido de ar-mas de fogo (20%) e o envene-namento (10%) em homens. En-tre as causas menos frequentes houve uma morte de homem por facada no peito e outra por afo-gamento; e dois casos de mulhe-res por chamas e um por queda de altura.

Os resultados convergem com os estudos epidemiológicos mais recentes sobre o suicídio de ido-sos no país. Chama atenção a diversidade de formas de per-petração utilizadas por homens idosos mais jovens, na faixa etá-ria de 60 e 64 anos (dez casos), e entre 65 e 79 (quatro casos), nos municípios de Teresina, Fortaleza

e Tauá no Nordeste. Esta região apresenta o maior percentual de uso de armas de fogo (62,5%, se comparado aos demais), e de en-venenamento (75% do total de envenenamentos).

O local predominante de ocorrência do suicídio foi o do-micílio, 72,4% entre homens e 63,6% entre mulheres. A quase totalidade dos casos em área ex-terna ocorreu nos municípios do Sul, em Venâncio Aires, Candelá-ria e São Lourenço, onde utiliza-ram-se o local de armazenagem dos produtos e instrumentos de trabalho rural para o ato.

Sobre o perfil socioeconômi-co observa-se que a maioria dos homens já havia contraído matri-mônio e uma minoria era de vi-úvos, divorciados ou separados (32,5%), enquanto a quase tota-lidade das mulheres encontrava--se sem companheiro (90,9%). No Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste predominaram homens casados ou em situação de união estável; ao passo que no Norte eram homens separados ou vi-úvos e, no Sul, uma metade era casada e a outra viúva.

Embora a metade dos homens tivesse o ensino fundamental completo ou incompleto e, al-guns nível técnico (50%), uma parcela só havia completado o ensino primário (7,5%), era anal-fabeta ou semianalfabeta (22,5%) ou não havia informação sobre escolaridade (12,5%). A maior parte das mulheres (63,6%) tinha baixa escolaridade e uma minoria havia concluído o curso primário (18,2%). Apenas um idoso e uma idosa tinham nível superior.

Observa-se o predomínio da religião católica entre homens e mulheres (53%), seguida da re-ligião evangélica (15,7%) e uma minoria, especialmente de ho-mens, não tinha religião (12,5%).

As idosas que faleceram por suicídio eram na sua grande maioria donas de casa ou agri-cultoras. Apenas duas construí-ram carreira profissional de nível técnico e superior. Quanto aos

I Seminário Nacional Sobre Prevenção de Suicídio de Pessoas Idosas

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No ranking de países mais ge-nerosos do mundo, o Brasil é o 83° que mais faz doações para causas sociais, segundo o estudo “World Giving Index 2012 – A global view of giving trends“, da organização britânica Charities Aid Foundation (CAF) feito em 146 paises, publicado pelos prin-cipais jornais do Brasil em janeiro de 2013.

A pesquisa revela que 35 mi-lhões de brasileiros ajudam fi-nanceiramente entidades sociais, um crescimento de 30% em re-lação aos últimos cinco anos. A Austrália lidera o ranking de ge-nerosidade, enquanto Grécia e Montenegro aparecem na última colocação.

A pesquisa foi feita pelo insti-tuto Gallup, e os participantes pu-deram escolher entre as seguintes opções de respostas: a) contribui-ção financeira para instituições fi-lantrópicas; b) doou tempo como voluntário para uma organização; c) ajudou um desconhecido (ou alguém que você não conhecia e que precisava de ajuda).

Apesar da 83ª posição no ranking, o Brasil figura entre os dez países com o maior número de voluntários (18 milhões) e de pessoas que ajudaram um des-conhecido no último mês (65 mi-lhões).

Nas primeiras colocações es-tão Austrália, Irlanda e Canadá, países com alto Índice de Desen-volvimento Humano (IDH), mas esta correlação não se mostra verdadeira em muitos casos.

A Libéria, por exemplo, apesar de estar na 182ª colocação no IDH, é o 11º país mais solidário, segundo a pesquisa, e o primei-ro colocado entre os países que mais ajudaram desconhecidos em 2011 (81% da população).

É no Turcomenistão, (13º no ranking CAF e 102º no IDH) onde mais acontece o trabalho voluntário.

Para Marcos Kisil, presidente do Idis (Instituto para o Desen-volvimento do Investimento Sus-tentável), que representa a CAF no Brasil, a posição brasileira deve-se tanto ao baixo IDH do país quanto a uma política gover-namental que não incentiva doa-ções de pessoas físicas.

Marcos pondera que a posi-ção brasileira não é compatível com uma economia que briga para ser a sexta do mundo. Há um grande fosso entre o nosso desenvolvimento econômico e o social. Ressalta também que em países em que o nível de pobreza é considerável, a solidariedade tende a ser alta. Vimos em outras pesquisas que a classe média au-mentou suas doações, enquanto a alta, diminuiu. Se melhorar a distribuição de renda, mais pes-soas passarão a doar. É um fator da nossa cultura que temos que valorizar.

Outro ponto positivo a ressal-tar é o surgimento dos negócios sociais, que estão no contraponto

da crise econômica. Os filantro-pos que enxergarem o papel de investidores sociais trarão cada vez mais benefícios permanentes para a sociedade.

A pesquisa concluiu que a fi-lantropia vem diminuindo desde 2007 mundialmente, quando foi feita a primeira pesquisa, prova-velmente, segundo o relatório, devido à crise financeira.

O número de pessoas que doam dinheiro caiu de 29,8%, em 2007, para 28%, em 2011. O mesmo aconteceu com o tra-balho voluntário (de 21,4% para 18,4%) e com a ajuda a estranhos (de 47% para 45,1%).

Marcos explica que o perfil da filantropia é diferente de país para país. Em lugares menos de-senvolvidos, são comuns doa-ções voltadas a provisões básicas, como comida. Já em países onde os governos proveem o básico, a filantropia se volta mais para o desenvolvimento de ações que possam mais tarde inspirar políti-cas públicas, como iniciativas de capacitação.

Comissão Redatora do [email protected]

Mais de 35 milhões de brasileiros doam para causas sociais

homens destacam-se idosos que tinham exercido três funções: agricultura (34%), prestação de serviços (31,8%) e administrador do próprio negócio (20,5%).

A quase totalidade das mulhe-res estava aposentada ou recebia pensão do cônjuge. Mais da me-

tade dos homens era de aposen-tados (55%) e 32,5% tinham vín-culos funcionais ativos, uma vez que eram idosos jovens (60-69 anos). Alguns aposentados ainda exerciam atividades profissio-nais, outros não conseguiram ter acesso à aposentadoria e uma

minoria estava em atividades in-formais ou sem emprego.

Resenha da revista Ciência & Saúde Coletiva, volume 17, nº 8, agosto de 2012.

Adriana l Araraquara - SP

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Vem de muito longe a forma-ção dos primeiros grupos sociais de que se tem conhecimento. Desde então, os homens se dis-põem à incessante procura de se relacionar uns com os outros na busca pelo bem-estar e felicida-de pessoal. Na realidade, grupos sociais e familiares existem desde os primeiros passos da humani-dade na Terra. E o homem sente--se bem em pertencer a grupos de amigos, de clubes, de escolas, de trabalho, de família, de comu-nidade, de igreja. É bom o senti-mento de pertencer a um grupo social.

Isolamento e sentimento de solidão, por outro lado, podem trazer danos à saúde psicossomá-tica e baixa-estima. Valores mo-rais, éticos, religiosos e culturais regem as relações interpessoais dos grupos sociais e familiares e das instituições que os acolhem.

Em interessante artigo intitula-do Disciplina, publicado no Bole-tim n° 415, de setembro de 2009, o autor destaca este atributo hu-mano como importante pilar de sustentação do CVV, responsável pela existência e evolução da Ins-tituição ao longo dessas cinco dé-cadas de atuação. Outros valores de igual relevância também são responsáveis pela sua existência e pelo reconhecimento e respeito que o programa CVV conquistou junto à sociedade.

É natural que o voluntário do CVV sinta orgulho de pertencer a uma instituição cujo programa se presta a um serviço de grande alcance social e que tem como pilares um conjunto de valores de irretocável grandeza.

Sigilo, aceitação incondicio-nal, respeito ao outro, tolerância, empatia, humildade, são valores que guiam a atuação do voluntá-

rio no apoio dispensado às pes-soas que procuram ajuda. Princí-pios que norteiam o ideal de uma sociedade mais justa, fraterna e solidária e que valorizam a cons-ciência humana.

Antes de criticar, compreen-der; antes de falar, ouvir; antes de recusar o outro, ser solidário e aceitar as diferenças, assumindo uma atitude empática, tolerante e humilde diante das fragilidades humanas. Condutas que o volun-tário CVV deve incorporar, tam-bém, ao cotidiano de sua convi-vência com pessoas dentro e fora do Posto, num contínuo proces-so de aprendizado e enriqueci-mento moral e ético, capazes de servir de guia para os eventuais conflitos interpessoais, inerentes à condição do ser humano.

Airton | Recife - PE

Valores do CVV

Abolição – SP No dia 30 de outubro de 2012,

junto às entidades que compõem a Rede Social Zona Norte, o Pos-to Abolição participou do projeto Nas Estantes da Zona Norte, que realizou a distribuição gratuita de aproximadamente 5000 livros nas estações do metrô Tucuruvi, Parada Inglesa, Santana e Caran-diru, possibilitando a aproxima-ção da leitura de forma prazero-sa. Além dos livros foi oferecida uma programação cultural diver-sificada e voltada ao incentivo à leitura, que trará às estações Sa-raus, Mediações de leitura, Con-tação de histórias, Dança, Esque-tes de teatro, Leitura dramática e outros. Para saber mais sobre esse projeto, escreva para ([email protected]) com Joeli / Biblioteca Municipal ou nas páginas do blog (http://www.redesocialzonanorte.blogspot.com.br).

Regional Rio – Vitória Em comemoração ao Dia In-

ternacional de Prevenção do Sui-cídio, no dia 10 de setembro de 2012, comemorando os 50 anos do Centro de Valorização da vida (CVV), os postos da Regional Rio - Vitória, organizaram uma caminhada de valorização da vida na véspera e no dia 09 de setembro de 2012 (domingo) na orla da “princesinha do mar” Co-pacabana, num domingo de sol, mar e praia lotados, os voluntá-rios dos postos não perderam a oportunidade de divulgar o tra-balho no calçadão da praia para aproximadamente mil pessoas que transitavam por um dos mais belos cartões postais da cidade do Rio de Janeiro. O evento foi realizado e divulgado pelos vo-luntários nas suas redes sociais, para parentes e entre amigos. A atividade contou com o envolvi-mento de aproximadamente cem

voluntários participando direta-mente da caminhada. O evento chamou a atenção da mídia que além de cobrir a caminhada, no dia seguinte, gravou um vídeo nas dependências do Posto Cen-tro o que possibilitou, mais uma vez, divulgar o serviço prestado pelo Programa CVV e que foi ao ar na primeira edição do progra-ma RJTV da Rede Globo exibido no dia seguinte, ou seja, no dia internacional de prevenção do suicídio.

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Por dentro do CVV

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O voluntariado do Programa CVV é diferenciado e oferece uma vasta oportunidade a seus membros de obterem conheci-mento de muitas questões, tanto em nível pessoal, quanto familiar e nas atividades dos grupos em seus postos de atuação, dessa forma, melhorando a convivên-cia, levando cada voluntário a aprimorar-se na vida.

Quando foi instituída a reali-zação dos encontros regionais, certamente foi com esta inten-ção: facilitar e melhorar a vida dos voluntários, oportunizando uma compreensão melhor de si e a partir daí facilitar a compre-ensão da outra pessoa, quando esta está buscando no CVV uma palavra amiga e um ombro para sentir-se aceita, acolhida, respei-tada e ouvida.

Dentro desta visão, o Posto CVV de Itajaí, ao aceitar a orga-nização do VII Encontro Regio-nal Catarina (ERCA), realizado em Itajaí (SC), nos dias 14, 15 e 16 de setembro de 2012, num local privilegiado, com vista para o Atlântico azul e calmo. Desde

as primeiras reuniões houve a preocupação em preparar uma grade de palestras na qual os vo-luntários tivessem condições de melhor conhecer os passos que o Centro de Valorização da Vida (C.V.V.) trilhou nos seus 50 anos de relevantes serviços prestados à valorização da vida e à preven-ção do suicídio no Brasil e no mundo.

Na reunião da regional, no mês de março de 2012, foi apre-sentado para o Grupo Executivo Regional (GER) o pré-programa, que conjuntamente aprovou e assumiu a organização compar-tilhada entre os postos.

Em Itajaí, a comissão organi-zadora contou com a participa-ção dos voluntários da regional, do posto e a indispensável par-ceria da comunidade Itajaiense, para que o ERCA tivesse condi-ções de proporcionar aos parti-cipantes as seguintes apresenta-ções: a) O C.V.V. e os fatos das comemorações dos 50 anos; b) A trajetória do C.V.V., suas difi-culdades e conquistas; c) O CVV Comunidade; d) Amigos do Zi-

ppy; e) Clinica Francisca Júlia; f) CVVWEB; g) Escutatória; h) Ten-dência Construtiva da Natureza Humana e i) Palestra aberta ao público, focando o Voluntariado e sua Legalização.

A equipe organizadora preten-deu oferecer aos participantes do Encontro, um clima de harmo-nia, de entusiasmo e confiança, como uma fonte de energia, na qual cada um tivesse condições de se recarregar e, ao voltar para os postos, suas ações fossem fei-tas com o empenho amoroso a fim de que os temas facilitados servissem de ferramentas para um conhecimento melhor e mais claro do que é o C.V.V..

A proposta foi que cada vo-luntário ampliasse sua consciên-cia sobre a importância do pa-pel que cada um representa nos seus grupos, mas, principalmen-te, para que na hora dos apoios possa sentir-se mais seguro e confiante ao oferecer uma escuta adequada a quem nos procura.

A participação dos voluntários nos encontros regionais faz uma grande diferença na vida de cada um, percebendo e vivenciando os colegas de outros postos, des-conhecidos, mas não estranhos; o lema: remar e navegar... ouvir para melhor sentir, pareceu estar presente em todos, no mesmo barco, remando e equilibrando as diferenças pessoais no intuito de construir uma sociedade mais humana e fraterna.

Finalmente, percebeu-se a im-portância da veracidade da frase de um dos cartazes do encontro: “Amar não é somente um olhar para o outro, mas todos para o mesmo objetivo”.

Régis | Itajaí - SC

somando esforços

Encontro Regional é oportunidade de crescimento

Participantes do VII Encontro Regional Catarina (ERCA) - Itajaí - SC - 14, 15 e 16 de setembro de 2012

Missão: Valorizar a vida, contribuindo para que as pessoas tenham uma vida plena e, consequentemente, prevenindo o suicídio.Visão: Uma sociedade compreensiva, fraterna e solidária. (As pessoas Vivendo Plenamente, tendo o CVV contribuído para isso)Valores: Confiança na Tendência Construtiva da Natureza Humana. Trabalho Voluntário motivado pelo espírito samaritano, de acordo com a proposta de vida. Direção Centrada no Grupo / Aperfeiçoamento Contínuo / Comprometimento e Disciplina.