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BOLETIM DO LEITE Uma publicação do CEPEA - ESALQ/USP Ano 27 nº 316 | OUTUBRO - 2021 Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada - ESALQ/USP OUTUBRO 2021

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BOLETIM DO

LEITEUma publicação do CEPEA - ESALQ/USPAno 27 nº 316 | OUTUBRO - 2021Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada - ESALQ/USP OUTUBRO

2021

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BOLETIM DO LEITE | OUTUBRO DE 2021 - ANO 27 - Nº 316

CEPEA - CENTRO DE ESTUDOS AVANÇADOS EM ECONOMIA APLICADA - ESALQ/USP

O preço do leite captado em agosto e pago aos produtores em setembro atingiu R$ 2,3827/li-tro na “Média Brasil” líquida do Cepea, alta de

quase 1% sobre o do mês anterior, em termos nomi-nais. Contudo, para este mês de outubro, a expectati-va dos agentes de mercado consultados pelo Cepea é de que o valor do leite captado em setembro se enfra-queça, mesmo diante dos elevados custos de produção. Por conta da sazonalidade da produção, é tí-pico que se observe queda de preços no campo entre setembro e outubro – meses em que a produção leitei-ra geralmente é favorecida pelo retorno das chuvas da primavera e pela consequente melhoria da qualidade das pastagens. Com o aumento da oferta, os preços ten-dem a cair. Contudo, neste ano, a recuperação da pro-dução tem acontecido de forma mais lenta, tendo em vista a intensa estiagem e insumos da atividade bem mais caros (ver seção Custos de Produção, na página 7). Uma vez que o incremento na oferta ain-da deve ocorrer de forma limitada, a possível queda no preço do leite ao produtor em outubro também se ex-plica pela maior dificuldade das indústrias em repassar a alta do preço da matéria-prima para o consumidor. A demanda por derivados lácteos não reagiu como esperado pelos agentes – que previam que a retomada de atividades presenciais pudesse sustentar as cotações dos lácteos em elevados patamares. Entretanto, a crescente perda no poder de compra do consumidor tem desace-lerado as vendas de derivados desde meados de agosto. Com demanda enfraquecida e pressão dos canais de dis-tribuição, os estoques se elevaram, forçando as indústrias a reduzirem os preços (ver seção Derivados, na página 5). Diante disso, as negociações do leite spot em Mi-nas Gerais perderam força em setembro, e os preços caíram de R$ 2,58/litro, na primeira quinzena, para R$ 2,50/litro na segunda, recuo de 3%. O movimento de desvaloriza-ção continuou em outubro, e a média recuou mais 6,5%,

chegando a R$ 2,34/litro na primeira quinzena deste mês. O aumento dos preços no campo e os elevados valores dos derivados também estimularam as importa-ções de lácteos. Dados da Comex mostram que o volume importado de lácteos cresceu 23,5% do segundo para o terceiro trimestre deste ano. Ainda assim, a quantida-de adquirida é 44% menor do que a do mesmo perío-do de 2020, devido ao dólar e aos preços internacionais elevados (ver seção Mercado Internacional, na página 6).

Mesmo com custo alto, preço no campo pode cair em outubro

Equipe Leite: Natália Salaro Grigol, Juliana Cristina dos Santos, Munira Nasrrallah, Beatriz Pina Batista e André Carvalho.

Equipe Grãos: Lucilio Alves - Pesquisador Projeto GrãosEquipe de Apoio | André Sanches, Débora Kelen Pereira da Silva, Carolina Sales, Thaís Bragion Bertoloti, Kaline Lacerda, Natália Guimarães Ribeiro, Maria Clara de Faveri, Sânida Santos de Carvalho e Thayla Rosada Bruno.Editora Executiva e Pesquisadora: Natália Salaro Grigol

EXPEDIENTEEditor Científico: Prof. Geraldo Sant’Ana de Camargo Barros

Jornalista Responsável: Alessandra da Paz - Mtb: 49.148

Revisão:Flávia Gutierrez - Mtb: 53.681Nádia Zanirato - Mtb: 81.086

Contato:(19) 3429-8834 | [email protected]

Endereço para correspondência:Av. Centenário, 1080 | Cep: 13416-000 | Piracicaba/SP

O Boletim do Leite pertence ao CEPEA - Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada - ESALQ/USPA reprodução de conteúdos publicados neste informativo é permitida desde que citados os nomes dos autores, a fonte Boletim do Leite/Cepea e a devida data de publicação.

LEIT

E AO

PRO

DUTO

R

Por Natália Grigol

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3CEPEA - CENTRO DE ESTUDOS AVANÇADOS EM ECONOMIA APLICADA - ESALQ/USP

BOLETIM DO LEITE | OUTUBRO DE 2021 - ANO 27 - Nº 316

Fonte: Cepea-Esalq/USP.

Tabela 1 - Índice de Captação do Leite do Cepea (ICAP-L)

Fonte: Cepea-Esalq/USP.

Gráfico 1 - Série de preços médios recebidos pelo produtor (líquidos), em valores reais

VARIAÇÃO MENSAL NA CAPTAÇÃO

ago-20 3,88%

set-20 3,08%

out-20 -0,58%

nov-20 1,54%

dez-20 1,26%

jan-21 -4,46%

fev-21 -4,55%

mar-21 -3,68%

abr-21 -1,09%

mai-21 -1,67%

jun-21 2,12%

jul-21 1,68%

ago-21 0,89%

Acumulado -2,02%

2016

2017

2018

2019

2020

Set/21R$ 2,3827

0,90

1,10

1,30

1,50

1,70

1,90

2,10

2,30

2,50

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

R$/L

itro

MÉDIA BRASIL PONDERADA LÍQUIDA (BA, GO, MG, SP, PR, SC, RS)VALORES REAIS - R$/LITRO (Deflacionados pelo último IPCA disponível)

2016 2017 2018 2019 2020 2021

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LEITE AO PRO

DUTOR

Tabela 2 - Preços recebidos pelos produtores (líquido) em SETEMBRO/21 referentes ao leite entregue em AGOSTO/21 - valores nominais

Tabela 3 - Preços em estados que não estão incluídos na “média Brasil” – RJ, MS, ES, CE e PE - valores nominais

Fonte: Cepea-Esalq/USP.

Mesorregião"Preço líquido médio do

menor estrato de produção (< 200 l/dia)"

Preço líquido médio"Preço líquido médio do maior

estrato de produção (> 2000 l/dia)"

Variação mensal do preço líquido médio

RS Média Rio Grande do Sul 1,9820 2,2554 2,4695 0,23%

SC Média Santa Catarina 2,1284 2,2838 2,3100 1,21%

PRCentro Oriental Paranaense 1,8796 2,4213 2,4870 -0,02%

Oeste Paranaense 2,0603 2,3515 2,4958 0,83%

Média Paraná 2,0923 2,3335 2,4648 0,72%

SPSão José do Rio Preto 2,1460 2,3494 2,5278 -0,04%

Campinas 2,2045 2,4035 * -0,02%

Média São Paulo 2,1795 2,3848 2,5611 0,80%

MG

Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba 2,1588 2,4688 2,5668 0,14%

Sul/Sudoeste de Minas 2,2292 2,4372 2,5102 1,09%

Vale do Rio Doce 2,1124 2,2650 2,4598 1,24%

Metropolitana de Belo Horizonte 2,0847 2,3680 2,5273 2,51%

Zona da Mata 2,0874 2,2665 2,4614 -0,04%

Média Minas Gerais 2,1461 2,4119 2,5330 0,73%

GOSul Goiano 2,0787 2,3742 2,5143 2,78%

Média Goiás 2,0854 2,4130 2,5159 1,93%

BA Média Bahia 2,0415 2,1534 2,4377 4,14%

MÉDIA BRASIL 2,1218 2,3827 2,5212 0,98%

DERI

VADO

S

Mesorregião"Preço líquido médio do menor

estrato de produção (< 200 l/dia)"

Preço líquido médio"Preço líquido médio do

maior estrato de produção (> 2000 l/dia)"

Variação mensal do preço líquido médio

RJ Média Rio de Janeiro 2,1663 2,2917 * -4,96%

ES Média Espírito Santo 2,1118 2,2017 * 2,55%

MS Média Mato Grosso do Sul 2,0979 2,2129 - 2,23%

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LEITE AO PRO

DUTOR

Pesquisas realizadas pelo Cepea com o apoio da OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras) apontam que, em setembro, os preços médios do queijo mu-

çarela, do leite UHT e em pó (400g) negociados entre in-dústrias e canais de distribuição em São Paulo recuaram 1,70%, 2,37% e 0,62%, respectivamente, frente a agos-to/21. Na comparação com o mesmo período de 2020, as quedas foram de 14,75%, 8,85% e 11% na mesma ordem, em termos reais (dados deflacionados pelo IPCA de set/21). Segundo agentes consultados pelo Cepea, a comercia-lização de produtos lácteos seguiu dificultosa durante setembro devido à baixa demanda. A queda no poder de compra dos con-sumidores tem elevado os estoques das indústrias e dos canais de distribuição, aumentando a pressão por cotações mais baixas. Nesse sentido, a competição para a ven-da dos derivados também se intensificou em setem-bro, e realizar promoções foi a estratégia adotada pela maioria das indústrias para assegurar liquidez no mês. Esse cenário de piora do mercado de lácte-os em setembro, com a impossibilidade de repassar cus-tos ao consumidor e a depressão dos rendimentos da in-dústria, deve impactar negativamente os preços do leite

captado em setembro e pago ao produtor em outubro. OUTUBRO – A demanda por lácteos seguiu fragilizada durante a primeira quinzena de outubro. Segundo a pesquisa do Cepea, na média parcial do período (de 1º a 15), o queijo muçarela e o leite UHT se desvalorizaram 9,17% e 0,69%, res-pectivamente, em relação à média de setembro, com médias de R$ 26,65/ kg e R$ 3,42/litro. A média parcial do leite em pó (400g), por sua vez, de R$ 24,09/kg, ficou praticamente estável (+0,07%).

Preços de derivados recuam em setembro

DERI

VADO

S

Por André Carvalho e Beatriz Pina

Fonte: Cepea-Esalq/USP e OCB.Nota: Médias mensais obtidas de cotações diárias.

Tabela 1 - Variações em termos reais (deflacionados pelo IPCA de setembro/2021) Cotação diária - atacado do estado de São Paulo

Média de preço em SETEMBRO/21

Variação real (%) em relação a SETEMBRO/20

Variação real (%) em relação a AGOSTO/21

Leite UHT R$ 3,5377/litro -8,85% -2,37%

Queijo Muçarela R$ 27,3138/Kg -14,75% -1,70%

Leite em pó R$ 24,0750/kg 11% -0,62%

Fonte: Cepea-Esalq/USP. Nota: Valores reais, deflacionados pelo IPCA de setembro/2021.

Tabela 2 - Preços médios (R$/litro ou R$/kg) praticados no mercado atacadista e as variações no mês de setembro/21 em relação a agosto/21

ProdutoGO MG PR RS SP Média Brasil

ago set % ago set % ago set % ago set % ago set % ago set %

Leite pasteurizado 3,31 3,65 10,17% 3,00 2,97 -1,05% 3,21 3,24 0,88% - - - 3,27 3,25 -0,83% 3,20 2,32

Leite UHT 3,89 3,86 -0,80% 3,54 3,48 -1,54% 3,85 3,68 -4,58% 3,72 3,68 -1,15% 3,68 3,55 -3,52% 3,78 3,17

Queijo prato 28,82 30,16 4,64% 31,94 31,45 -1,55% 29,93 30,58 2,17% 29,71 29,43 -0,93% 30,50 29,40 -3,58% 30,37 30,18 -0,62%

Leite em pó int. (400 g)

24,21 24,26 0,20% - - - 24,64 24,36 -1,15% 26,66 26,35 -1,15% 24,45 24,21 -0,98% 24,98 24,77 -0,83%

Manteiga (200 g) 33,57 32,14 -4,26% 31,34 31,68 1,09% 31,62 28,17 -10,91% 35,16 34,25 -2,60% 31,81 31,08 -2,29% 32,41 31,53 -2,74%

Queijo muçarela 29,44 29,26 -0,60% 30,38 28,22 -7,10% 29,23 28,84 -1,33% 28,09 27,12 -3,47% 28,17 27,70 -1,69% 28,92 28,08 -2,91%

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MERCADO

INTERN

ACION

AL

Importações sobem no terceiro trimestre de 2021Por Munira Nasrrallah e Juliana Santos

As importações de produtos lácteos somaram 30,4 mil toneladas no 3º trimestre de 2021, 23,5% acima do volume registrado no 2º tri-

mestre, segundo dados da Comex. Contudo, na com-paração com o mesmo período de 2020, quando as importações alcançaram 54,2 mil toneladas, houve queda de 44%. O resultado do 3º trimestre deste ano reflete a baixa oferta de leite no período – que levou à necessidade de importação para suprir a de-manda doméstica. Entretanto, a desvalorização do Real frente ao dólar e o enfraquecido poder de compra dos brasileiros foram fatores que limitaram as aquisi-ções de lácteos na comparação com o 3º tri de 2020. Os leites em pó, cujas aquisições no 3º tri de 2021 representaram 50,3% do total, foram negocia-dos na média de US$ 3,41/kg, 24% acima da do mes-mo período de 2020, de US$ 2,75/kg. Os queijos repre-sentaram 30% do total, com preço médio de US$ 8,10/kg no 3º tri de 2021, contra US$ 7,39/kg em 2020. Quanto às exportações, o volume total em-barcado no 3º tri de 2021 cresceu 10% frente ao do mesmo período de 2020, somando 9,6 mil to-neladas. O leite em pó e o soro de leite impulsio-naram esse avanço, representando, juntos, 25% do total exportado. Contudo, frente ao 2º tri de 2021, o volume de lácteos exportados recuou 26%. SETEMBRO – O volume importado de lácteos aumentou 4,8% de agosto para setembro, mas caiu 54% na comparação com set/20, somando 10,6 mil t. O leite em pó, que teve participação de 50% no total importado no mês, registrou alta de 3,7% na mesma comparação, somando 5,2 mil t. Em contrapartida, quando comparado a set/20, houve queda de 67,6%. As exportações, por sua vez, caíram 17,3% no compa-rativo mensal, totalizando 2,6 mil t em set/21. Deste vo-lume, 50,2% referem-se a leite condensado e creme de leite, somando 781 e 549 toneladas, respectivamente – aumentos de 29,5% e de 5,3% frente ao mês anterior, na mesma ordem. Diante deste cenário, o déficit na ba-lança comercial cresceu 8% de agosto para setembro, totalizando US$ 31,8 milhões. Em volume, o déficit foi de 9 mil toneladas, 15,1% acima do de ago/21.

Gráfico 1 - Volume trimestral de exportação e importação de lácteos (em mil toneladas)

Tabela 1 - Volume importado de lácteos¹ - SETEMBRO/21

Produto VOLUME

(tonelada)SET/21 - AGO/21

Participação no total importado

em SET/21

SET/20 - SET/21

Total 10.612 4,8% - -54,2%

Leite em pó (integral e desnatado)

5.279 3,7% 49,7% -67,6%

Queijos 3.181 13,8% 30% -18%

Soro de leite 1.664 16,9% 15,7% -33,6%

Manteiga 320 -44,2% 3% 184,8%

Tabela 2 - Volume exportado de lácteos¹ - SETEMBRO/21

Produto VOLUME

(tonelada)SET/21 - AGO/21

Participação no total exportado

em SET/21

SET/20 - SET/21

Total 2.648 -17,3% - -5,5%

Leite condensado 781 29,5% 29,5% 2,9%

Creme de leite 549 5,3% 20,7% -36%

Queijos 364 0,7% 13,8% -10%

Leite fluido 255 -30,7% 9,6% 1,4%

Leite em pó (integral e desnatado)

57 -93,1% 2,1% 469,1%

Notas: (1). Consideram-se os produtos do Capítulo 4 da NCM mais leite modificado e doce de leite. Fonte: Comex / Elaboração: Cepea.

Elaboração: Cepea-Esalq/USP.

CUST

OS

DE P

RODU

ÇÃO

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MERCADO

INTERN

ACION

AL CUST

OS

DE P

RODU

ÇÃO

Em setembro, custos registram alta de 0,99% Por Caio Monteiro

O COE (Custo Operacional Efetivo) da pecuá-ria leiteira subiu 0,99% entre agosto e se-tembro na “Média Brasil” (BA, GO, MG, PR,

RS, SC e SP). De janeiro a setembro, o COE avançou 15,75%. Os aumentos nos custos de produção se-guem influenciados pelas altas dos adubos e corre-tivos, dos combustíveis e de rações e concentrados. Quanto aos adubos e corretivos, a maior de-manda devido ao início do plantio da safra 2021/22 e a escassez de matéria-prima para a fabricação desses insumos elevaram as cotações por mais um mês. O cenário tem sido agravado pela crise ener-gética na China e na Europa, que vem dificultando a produção de fertilizantes, reduzindo a oferta glo-bal. Além disso, o dólar forte e os custos logísticos impulsionam ainda mais as cotações internas. De agosto para setembro, os adubos e corretivos se va-lorizaram 3,71%, sendo o nono mês consecutivo de alta. No acumulado do ano, esse grupo acumula ex-pressiva valorização de 47,85% na “Média Brasil”. Os combustíveis registraram avanço de 2,79% em setembro na “Média Brasil” e, no ano, de 38,54%. Os aumentos, que encarecem o custo das operações

mecânicas nas propriedades, estão atrelados especial-mente à valorização do petróleo no mercado interna-cional, que é a mais significativa desde 2018. As altas nos grupos dos combustíveis e dos fertilizantes já ele-vam os custos das silagens produzidas no próximo ano. O grupo das rações e concentrados, por sua vez, registrou aumentos de 1,21% e de 15,09% nas comparações mensal e anual – “Média Brasil”. Os es-tados de Santa Catarina, Minas Gerais e São Paulo registraram os avanços mais expressivos em setem-bro, de 5,27%, 1,55% e 0,31%, na mesma ordem. Quanto à relação de troca entre o leite e o milho, foram necessários 38,80 litros de leite para a aquisição de uma saca de 60 kg do cereal (Indica-dor do milho ESALQ/BM&FBovespa, Campinas/SP) em setembro, contra 41,81 litros no mês anterior. Essa relação de troca esteve ainda mais favorável ao produtor de leite comparando-se à média dos últi-mos 12 meses, de 40,78 litros por saca. Esse cená-rio está atrelado ao ligeiro aumento no preço médio do leite pago ao produtor, e principalmente à des-valorização de 6,3% do milho em setembro.

Foto: Bento Viana/Senar.Foto: Bento Viana/Senar.

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MIL

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FAR

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MILHO: Comprador afastado mantém preço em queda

Os preços internos e externos do milho caíram na primeira quinzena de outu-bro. No Brasil, consumidores mantêm

baixo o interesse de aquisição de novos lo-tes, de olho na melhora do clima, que tem favorecido a temporada de verão brasileira, e nas exportações desaquecidas. Nos Esta-dos Unidos, a pressão vem do bom anda-mento da colheita naquele país e da expec-tativa de melhora nos estoques mundiais. Diante disso, entre as médias de setembro e da primeira quinzena de outubro, houve queda de 1,5% no mercado de balcão (valor recebido pelo produtor) e de 1,8% no de lotes (negociações entre empresas). Já no acumulado da parcial de outubro, os re-cuos são de 2,4% e 2,1%, respectivamente. Quanto ao Indicador ESALQ/BM&FBovespa, referente à região de Cam-

pinas (SP), a média da parcial de outu-bro (até o dia 15) é de R$ 91,19/saca de 60 kg, 1,4% inferior à de setembro. No acumulado do mês, o recuo é de 3,1%. No mercado internacional, as es-timativas de estoques passando de 297,62 milhões em setembro para 301,74 milhões de toneladas em outubro e a colheita em bom ritmo pressionaram as cotações. Na CME Group (Bolsa de Chicago), o venci-mento Dez/21 se desvalorizou 2,05% en-tre 30 de setembro e 15 de outubro, indo para US$ 5,2575/bushel (US$ 206,98/t).

FARELO DE SOJA: Menor demanda e queda externa pressionam cotações no BR

Por Carolina Camargo Nogueira Sales

MIL

HO E

FAR

ELO

DE

SOJA

Indicador - Campinas-SP, em R$/sc de 60 kg

Campinas - SP, em R$/tonelada

Por Débora Kelen Pereira da Silva

O enfraquecimento da demanda domésti-ca, a queda no preço da matéria-prima e a desvalorização externa pressiona-

ram as cotações do farelo de soja no mercado brasileiro na primeira quinzena de outubro. Grande parte dos consumidores ainda tem lotes de contratos para receber e, por isso, não está ativa nas comercializa-ções de curto prazo. Além disso, o aumento na demanda por óleo de soja incentiva as in-dústrias a aumentar o processamento, resul-tando em maior excedente de farelo de soja. Com isso, na média das regiões pesquisadas pelo Cepea, os preços do fa-relo de soja caíram 1,2% entre a média de setembro e a da primeira quinzena de ou-tubro. No comparativo anual, as cotações

deste subproduto estão 8,2% menores. Na CME Group (Bolsa de Chica-go), o contrato de primeiro vencimento do farelo de soja cedeu 5,8% entre a média de setembro e a da parcial de outubro, fe-chando a US$ 318,31/tonelada curta (US$ 350,87/t), a menor média mensal desde agosto/20, quando o derivado foi negociado a US$ 290,11/tonelada curta (US$ 319,79/t). Para a safra 2021/22, as indústrias devem seguir com o desafio de comercializar farelo de soja. Segundo o USDA, o consumo mundial do derivado deve crescer apenas 3,18% entre as safras 2020/21 e 2021/22, enquanto o consumo de óleo pode aumen-tar 1,27% na área alimentícia e significati-vos 9,9% no segmento industrial.

Fonte: Cepea-Esalq/USP.

janeiro 83,65

fevereiro 83,89

março 91,51

abril 97,15

maio 100,72

junho 92,09

julho 97,48

agosto 98,64

setembro 92,44

1ª quinzena de outubro

91,19

janeiro 2.774,78

fevereiro 2.868,72

março 2.631,09

abril 2.495,25

maio 2.499,21

junho 2.368,88

julho 2.286,15

agosto 2.333,98

setembro 2.399,90

1ª quinzena de outubro

2.395,03

Fonte: Cepea-Esalq/USP.