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BOLETIM DO LEITE Uma publicação do CEPEA - ESALQ/USP Ano 24 nº 272 | Janeiro - 2018 Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada - ESALQ/USP JANEIRO 2018

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BOLETIM DO

LEITEUma publicação do CEPEA - ESALQ/USPAno 24 nº 272 | Janeiro - 2018Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada - ESALQ/USP JANEIRO

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BOLETIM DO LEITE | JANEIRO DE 2018 - ANO 24 - Nº 272

CEPEA - CENTRO DE ESTUDOS AVANÇADOS EM ECONOMIA APLICADA - ESALQ/USP

2018 sinaliza a diminuição do desequilíbrio entre demanda e oferta, o grande “vilão” de 2017. Do lado da demanda, as pers-

pectivas de recuperação da atividade econômi-ca devem melhorar as vendas. Já a oferta deve se reduzir em comparação com 2017, possibi-litando patamares mais elevados de preços. Pesquisadores do Cepea apontam que a demanda por lácteos, especialmente iogurtes e queijos (com exceção do leite longa-vida), é elástica à renda – ou seja, o consumo aumen-ta à medida que o poder de compra se eleva. De acordo com o último Boletim Focus, a taxa de juros e a inflação devem continuar em que-da e o PIB deve crescer entre 2% e 3%, o que indica a possível continuidade da melho-ra da taxa de emprego e do consumo interno. Por outro lado, a difícil crise enfrentada pelo setor em 2017 pode ser fator de grande de-sestímulo à produção leiteira. As margens limita-das influenciaram a saída da atividade de parte dos produtores mais vulneráveis, assim como também forçaram a diminuição de investimentos de outros – o que pode resultar em perda de volume e qualidade da produção em 2018. Além disso, o custo do concentrado, principal insumo da atividade, pode ser um pouco mais elevado por conta dos preços do milho – cereal que deve se valorizar ligeiramente em 2018. Ainda assim,

o alto estoque de passagem deve manter ele-vada a disponibilidade interna do cereal, impe-dindo grandes oscilações de preços. Todos esses fatores indicam que a expansão da capacidade produtiva de leite deve ser limitada em 2018, o que pode refletir em preços mais elevados tanto para o produtor quanto para a indústria. Ainda que esses fatores despontem como possibilidades para 2018, não é possí-vel ignorar as instabilidades e incertezas rela-cionadas à próxima eleição presidencial. Além disso, o La Niña pode ocorrer neste início do ano, podendo reduzir as chuvas, principal-mente no Sul/Sudeste, impactando na quali-dade das pastagens e na produção de grãos. Os preços do leite no campo são sazonais e a volatilidade das cotações é uma característica da dinâmica do setor, que deve continuar em 2018. Desse modo, os produtores devem focar sua gestão em margem e não em preços. Isso envolve ser eficiente. Produtores que trabalham constantemente com o intuito de obter indica-dores, como taxa de mortalidade pré-desma-ma abaixo de 3%, intervalo entre partos de 12 a 14 meses e 80% de vacas do rebanho em lactação, são mais eficientes em relação à média nacional. Certamente, eles vão obter re-sultados financeiros melhores e estão menos propensos a abandonar a atividade leiteira.

Retomada da demanda e menor oferta podem elevar preços em 2018

Equipe Leite: Natália Salaro Grigol - Pesquisadora do Projeto Leite

Equipe de Apoio | Lucas Henrique Ribeiro, Caio Monteiro, Aline Pires, Bianca Ferraz Teixeira e Frederico Delle Vedove Ilenburg

Equipe Grãos: Lucilio Alves - Pesquisador Projeto GrãosEquipe de Apoio | André Sanches, Débora Kelen Pereira da Silva, Isabela Rossi, Carolina Sales, Raphaela Spolidoro, Beatriz Massola e Márcia Ferreira

EXPEDIENTE Editora Executivo: Natália Salaro GrigolPesquisadora do Projeto Leite

Jornalista Responsável: Alessandra da Paz - Mtb: 49.148

Editores Científicos: Prof. Geraldo Sant’Ana de Camargo Barros e Prof. Sergio De Zen

Revisão:Bruna Sampaio - Mtb: 79.466Nádia Zanirato - Mtb: 81.086Flávia Gutierrez - Mtb: 53.681

Contato:(19) 3429-8834 | [email protected]

Endereço para correspondência:Av. Centenário, 1080 | Cep: 13416-000 | Piracicaba/SP

O Boletim do Leite pertence ao CEPEA - Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada - ESALQ/USPA reprodução de conteúdos publicados neste informativo é permitida desde que citados os nomes dos autores, a fonte Boletim do Leite/Cepea e a devida data de publicação.

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Por Natália Grigol, Caio Monteiro e Lucas Henrique Ribeiro

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3CEPEA - CENTRO DE ESTUDOS AVANÇADOS EM ECONOMIA APLICADA - ESALQ/USP

BOLETIM DO LEITE | JANEIRO DE 2017 - ANO 24 - Nº 272

Fonte: Cepea-Esalq/USP

Gráfico 1 - ICAP-L/Cepea - Índice de Captação de Leite – NOVEMBRO/17 (Base 100=Junho/2004)

Fonte: Cepea-Esalq/USP

Gráfico 2 - Série de preços médios recebidos pelo produtor (líquido), em valores reais (deflacionados pelo IPCA de dezembro/17)

206,23

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ICAP-L/CEPEA-Esalq/USP - Estadual PTL-IBGE

Patamar de novembro de 2016 (188,73)

0,90

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JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

R$/L

itro

MÉDIA BRASIL PONDERADA LÍQUIDA (BA, GO, MG, SP, PR, RS)VALORES REAIS - R$/LITRO (Deflacionados Base "Dezembro/17")

Média2005 a 2016

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20162013

2017

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BOLETIM DO LEITE | JANEIRO DE 2018 - ANO 24 - Nº 272

CEPEA - CENTRO DE ESTUDOS AVANÇADOS EM ECONOMIA APLICADA - ESALQ/USP

LEITE AO PRO

DUTOR

Tabela 1 - Preços pagos pelos laticínios (brutos) e recebidos pelos produtores (líquido) em DEZEMBRO/17 referentes ao leite entregue em NOVEMBRO/17

Tabela 2 - Preços em estados que não estão incluídos na “média Brasil” – RJ, MS, ES e CE

Fonte: Cepea-Esalq/USP

Preço BrutoInclusos frete e CESSR (ex-Funrural)

Preço LíquidoVar%Bruto

Var%Líquido

Mesorregião Máximo Mínimo Médio Máximo Mínimo Médio % %

RSNoroeste 1,2293 0,9124 1,0920 1,1029 0,8869 0,9733 0,58% 0,74%

Centro-Oriental 1,1741 0,8946 1,0831 1,0622 0,8080 0,9915 0,13% 0,14%

Média Estadual - RS 1,2073 0,8801 1,0589 1,0929 0,8418 0,9530 0,27% 0,38%

SC

Oeste Catarinense 1,1834 0,9093 1,0399 1,0834 0,8154 0,9431 1,21% 1,54%

Norte Catarinense/Vale do Itajaí 1,2051 0,8072 1,0149 1,0911 0,7006 0,9032 3,26% 4,38%

Média Estadual - SC 1,1896 0,9011 1,0386 1,0877 0,8055 0,9398 1,37% 1,76%

PR

Centro Oriental Paranaense 1,2011 0,9947 1,1306 1,1699 0,9734 1,1091 -0,40% 0,13%

Oeste Paranaense 1,1744 1,0173 1,1057 1,0775 0,9236 1,0099 0,02% 0,06%

Norte Central Paranaense 1,1193 1,0086 1,1057 0,9829 0,8636 0,9691 4,15% 5,47%

Sudoeste Paranaense 1,1784 0,9222 1,0194 1,0610 0,8101 0,9051 1,19% 1,18%

Média Estadual - PR 1,1709 0,9883 1,0819 1,0748 0,8963 0,9890 0,54% 0,70%

SP

São José do Rio Preto 1,3585 0,9203 1,2329 1,2442 0,8159 1,1215 -1,83% -1,99%

Campinas 1,3535 1,2157 1,2903 1,2932 1,1284 1,1495 -0,05% -0,06%

Vale do Paraíba Paulista 1,3293 1,1936 1,2555 1,2763 1,1312 1,1807 -1,80% -1,80%

Média Estadual - SP 1,2702 0,9954 1,1821 1,1909 0,9165 1,0915 -1,12% -1,86%

MG

Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba 1,2867 0,9763 1,1393 1,1683 0,8661 1,0348 -1,17% -0,05%

Sul/Sudoeste de Minas 1,2712 0,8600 1,1344 1,1722 0,7648 1,0417 -3,08% -3,12%

Vale do Rio Doce 1,3017 0,9380 1,1283 1,1872 0,8184 1,0177 -0,30% 0,15%

Metropolitana de Belo Horizonte 1,5080 0,8056 1,2019 1,3859 0,6994 1,0868 -0,37% -0,32%

Zona da Mata 1,1483 0,8892 1,0089 1,0802 0,8053 0,9198 -1,24% -1,09%

Média Estadual - MG 1,3035 0,9209 1,1408 1,1952 0,8171 1,0366 -0,59% -0,25%

GOCentro Goiano 1,2040 0,9607 1,0400 1,0896 0,8380 0,9200 0,99% 1,30%

Sul Goiano 1,2052 0,8487 1,0210 1,0932 0,7461 0,9173 -0,20% -0,26%

Média Estadual - GO 1,2191 0,8887 1,0484 1,1000 0,7715 0,9313 0,16% 0,20%

BACentro Sul Baiano 1,1751 0,8896 1,0784 1,0509 0,7718 0,9564 -1,13% -1,24%

Sul Baiano 1,3920 0,7972 1,1551 1,2715 0,6899 1,0395 -0,01% -0,01%

Média Estadual - BA 1,3414 0,9349 1,1887 1,2028 0,8053 1,0534 -1,43% -1,27%

MÉDIA NACIONAL - Ponderada 1,2442 0,9267 1,1035 1,1390 0,8372 1,0006 -0,04% 0,03%

RJSul Fluminense 1,3598 1,0284 1,1430 1,2871 0,9487 1,0621 -0,89% -0,94%

Centro 1,1321 1,0761 1,1184 1,0773 0,8797 0,8902 0,00% 0,75%

Média Estadual - RJ 1,1909 0,9816 1,0825 1,1290 0,8923 0,9854 -1,89% -1,91%

MSLeste 1,1436 0,7969 1,0305 0,9804 0,6415 0,8743 -5,28% -3,57%

Sudoeste 1,1821 0,9086 1,0353 1,0150 0,7462 0,8715 0,06% 0,05%

Média Estadual - MS 1,1397 0,8504 1,0077 0,9808 0,6974 0,8532 -1,15% -0,49%

ESSul Espírito-santense 1,1559 1,0468 1,0987 1,1500 1,0412 1,0929 0,39% 0,48%

Média Estadual - ES 1,2366 0,9897 1,1515 1,1879 0,9047 1,0628 -2,40% -2,38%

CE

Sertões Cearenses 1,3481 1,0987 1,2428 1,3024 1,0616 1,2023 -0,79% -0,76%

Metropolitana de Fortaleza 1,3885 1,1582 1,3444 1,3005 1,0755 1,2575 -0,43% 0,11%

Centro Sul Cearense 1,2745 1,0717 1,1509 1,2452 1,0471 1,1244 -0,29% -0,37%

Média Estadual - CE 1,2784 1,0748 1,1821 1,2343 1,0294 1,1347 -0,34% -0,28%

MÉDIA GERAL 1,2422 0,9296 1,1036 1,1388 0,8399 1,0010 -0,14% -0,07%

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5CEPEA - CENTRO DE ESTUDOS AVANÇADOS EM ECONOMIA APLICADA - ESALQ/USP

BOLETIM DO LEITE | JANEIRO DE 2017 - ANO 24 - Nº 272

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Custo cai em 2017, mas queda na receita limita

melhora na margemPor Caio Monteiro

Os custos de produção da pecuária leiteira caíram em 2017 frente ao ano anterior. Esse resultado foi influenciado especial-

mente pela desvalorização no grupo dos con-centrados. Para o COE (Custo Operacional Efeti-vo), que considera os desembolsos correntes da propriedade, a queda foi de 4% e, para o COT (Custo Operacional Total), que engloba também depreciação e pró-labore, de 3,31% – ambos na “média Brasil” (BA, MG, GO, SP, PR, RS e SC). Mesmo com os custos menores, a forte queda no preço do leite (receita) no correr de 2017 limitou uma possível melhora na margem da atividade. O preço médio líquido do leite pago ao produtor nacional, de R$ 1,1769/litro em 2017, esteve 8,77% inferior ao do ano anterior, em termos reais (deflacionados pelo IPCA de dez/17). Em novembro, especificamente, a mé-dia do Cepea foi a menor dos últimos sete anos. A safra de milho recorde no País em 2017 foi o fator preponderante para a queda dos custos de produção. Segundo a Conab, a produção nacional de milho somou 97,84 milhões de toneladas, 47% acima da sa-fra anterior, em que a oferta restrita levou os valores aos máximos históricos. O aumento significativo na oferta fez com que as rações concentradas se desvalorizassem 10,28% no acumulado do ano, considerando-se a “mé-dia Brasil”. O estado que registrou a maior

queda do insumo, de 15%, foi Minas Gerais. O grupo das sementes de pasta-gens também teve queda considerável nas cotações em 2017. No acumulado do ano, para a “média Brasil”, a redução foi de 6,39%, reduzindo os custos com a forma-ção e a reforma das pastagens. O movimen-to de baixa nos preços do insumo também esteve atrelado à maior safra de sementes. Para 2018, as expectativas indicam possível aumento nos custos de produção, fundamen-tadas na redução da área de milho na safra 2017/18. Outro fator que pode elevar os custos é uma possível valorização do dólar, devido ao ano eleitoral no Brasil. Como parte dos adu-bos e defensivos utilizados na formação das áreas de pastagens e da produção de silagem é importada, a alta da moeda norte-america-na acaba elevando os preços destes insumos. DEZEMBRO/17 – O COE teve leve alta de 0,22% e o COT, de 0,18%, de nov/17 para dez/17, na “média Brasil”. Foi o terceiro mês seguido de alta dos custos de produção, como reflexo das valorizações do milho e do farelo de soja, que compõem o grupo “concentrado”. Esses dados fazem parte de levantamento reali-zado pelo Cepea, em parceria com a CNA (Con-federação da Agricultura e Pecuária do Brasil).

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BOLETIM DO LEITE | JANEIRO DE 2018 - ANO 24 - Nº 272

CEPEA - CENTRO DE ESTUDOS AVANÇADOS EM ECONOMIA APLICADA - ESALQ/USP

MERCADO

INTERN

ACION

AL

Déficit da balança comercial de lácteos recua 30,7% em 2017 Por Lucas H. Ribeiro e Natália Grigol

As exportações de lácteos recuaram 46,8% em dezembro/17, enquanto as importações aumentaram 16,9% frente ao mês anterior. Com isso, a balança comercial de lácteos fe-

chou o ano com saldo negativo de 1,14 bilhão de litros em equi-valente leite. O déficit, no entanto, é 30,7% menor que o do ano anterior (de 1,64 bilhões de litros), conforme dados da Secex. O déficit recuou devido à diminuição de 31,8% do volume importado pelo Brasil durante o ano, que totalizou 1,282 bilhão de litros em equivalente leite em 2017. O menor volume importado, por sua vez, esteve atrelado a quatro fatores principais: maior captação nacional; baixos preços no mercado doméstico; demanda enfraque-cida do mercado interno; e a alta dos preços dos lácteos importa-dos, que estiveram, em média, 16,6% acima do registrado em 2016. A valorização dos lácteos no mercado externo ocorreu por conta da menor produção mundial. Argentina e Uruguai continuam sendo os principais fornecedores de lácteos ao Brasil, com respectivas participações de 47% e de 42% na quantidade total importada no ano passado. O preço dos leites em pó argentinos importados pelo Brasil em 2017 teve média de US$ 3,09/kg em 2017, valor 12% maior do que a média de 2016. No caso dos leites em pó uruguaios, a média dos preços foi de US$ 3,24/kg, 18% acima da registrada no ano anterior. Para os queijos, a média dos produtos argentinos foi de US$ 4,53/kg,

e a dos uruguaios, de US$ 3,60/kg, respectivas altas de 22% e de 7%. Já quanto às exportações de lácteos, o volume em-barcado também diminuiu. Em 2017, o Brasil exportou 141,8 milhões de litros em equivalente leite, quantidade 39,9% me-nor que a registrada em 2016. Essa queda esteve atrelada à re-dução de 81% dos embarques de leites em pó para a Venezuela, que já foi o principal comprador dos lácteos brasileiros. Assim, o leite em pó, que foi o lácteo mais importante na pauta de expor-tações, representou 14% dos embarques em 2017, enquanto o leite condensado passou a representar 47% do total exportado. A valorização do Real frente ao dólar também teve influên-cia no recuo das exportações brasileiras em 2017. No ano passado, o dólar teve média de R$ 3,19, queda de 8,3% frente à média de 2016 (R$ 3,48). Por outro lado, os preços negociados pelo Brasil no merca-do externo subiram, em média, 7% de 2016 para 2017, em função da valorização mundial dos lácteos. Nesse cenário, os derivados que tive-ram as maiores altas foram o leite condensado, o creme de leite, quei-jos e o leite modificado, que, juntos, responderam por 71% do volume total embarcado. Apenas os leites em pó se desvalorizaram, passan-do de US$ 5,57/kg para US$ 4,40/kg, em média, queda de 21,1%. Dessa forma, o déficit da balança comercial de lácteos em dó-lar em 2017 foi de US$ 454,5 milhões, recuou de 7,4% frente a 2016.

Notas: (2). Consideram-se os produtos do Capítulo 4 da NCM mais leite modificado e doce de leite. Fonte: Secex / Elaboração: Cepea.

Notas: (1). Consideram-se os produtos do Capítulo 4 da NCM mais leite modificado e doce de leite; (2) O soro de leite é medido em quilos, não sendo convertido em litros.Fonte: Secex / Elaboração: Cepea.

1 A categoria “leites em pó” considera os seguintes NCM definidos pela Secex: 4021010; 4022110; 4021090. ² A categoria “queijos” considera os seguintes NCM definidos pela Secex: 04061010; 04061090; 04062000; 04063000; 04064000; 04069010; 04069020; 04069030; 04069090.

Tabela 1 - Volume importado de lácteos (em equivalente leite)¹

Produto Volume 2017

(mil litros)% sobre o total

Variação volume 2017/16

Doce de Leite 2.080,30 0,2% 17,8%

Iogurtes 0,87 0,0% -83,3%

Leite em Pó 933.940,87 72,8% -34,4%

Leite Fluido 1.083,09 0,1% -55,8%

Leite Modificado 21.447,95 1,7% 58,7%

Manteiga 8.863,42 0,7% -27,3%

Queijos 312.512,43 24,4% -27,0%

Total Geral 1.282.134,88 100,0% -31,8%

Tabela 2 - Volume exportado de lácteos (em equivalente leite)²

Produto Volume 2017

(mil litros)% sobre o total

Variação volume 2017/16

Leite em Pó 44.939,99 31,7% -64,4%

Leite Condensado 42.473,58 29,9% -28,9%

Queijos 29.104,29 20,5% 15,1%

Leite Modificado 17.010,24 12,0% 3,6%

Leite Fluido 7.207,33 5,1% -7,3%

Manteiga 573,38 0,4% 334,5%

Doce de Leite 368,61 0,3% -3,1%

Total Geral 141.821,28 100,0% -39,9%

DERI

VADO

S

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7CEPEA - CENTRO DE ESTUDOS AVANÇADOS EM ECONOMIA APLICADA - ESALQ/USP

BOLETIM DO LEITE | JANEIRO DE 2017 - ANO 24 - Nº 272

MERCADO

INTERN

ACION

AL

Após uma ligeira alta em novembro, o preço leite UHT nego-ciado no mercado atacadista do estado de São Paulo caiu em dezembro, tendo média de R$ 1,93/litro, a menor, em termos

reais, da série histórica do Cepea, iniciada em março de 2010. O re-cuo no preço foi de 8,2% em relação a novembro e de 17% frente a dezembro/16 (os valores foram deflacionados pelo IPCA de dez/17). Essa desvalorização está atrelada à baixa demanda, que já estava enfraquecida no correr de 2017, mas caiu ainda mais por conta do período de final de ano e das férias escolares. Enquanto no início de dezembro o UHT era negociado a R$ 2,03/litro, chegou a R$ 1,88/litro no encerramento do mês, com queda acumulada de 7,4%. Já o queijo muçarela teve média de R$ 14,28/kg em dezembro, alta de 0,51% frente a novembro, mas baixa de 6,23% em relação a dezembro/16. Tipicamente, o preço da mu-

çarela responde mais lentamente às mudanças de mercado em comparação com o leite UHT, uma vez que este último é o principal lácteo consumido. Em dezembro, especificamente, o preço médio da muçarela acumulou queda de 0,5%. A pes-quisa diária de preços é realizada pelo Cepea e tem apoio fi-nanceiro da OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras). De acordo com a pesquisa de derivados quinzenais, o leite em pó foi o derivado que apresentou a alta mais expressiva no preço, devido principalmente aos embargos de importação do produto em outubro e novembro, diminuindo a oferta em dezem-bro. Na média Brasil, o leite em pó integral se valorizou 4,52% de novembro para dezembro, com a média a R$ 16,42/kg. Para os demais derivados lácteos, os valores se mantiveram pratica-mente estáveis, com baixos volumes de vendas sendo reportados.

Com queda em dezembro, preço do UHT é o menor da série histórica

DERI

VADO

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Por Aline Pires e Frederico Delle Vedove Ilenburg

Fonte: Cepea-Esalq/USP e OCB.Nota: Médias mensais obtidas de cotações diárias.

Fonte: Cepea-Esalq/USP Nota: Valores reais, deflacionados pelo IPCA de dezembro/2017.

Variações em termos reais (deflacionados pelo IPCA de dezembro/2017) Cotação diária - atacado do Estado de São Paulo

Média de preços em dezembro/17

Variação (%) em relação adezembro/16

Variação (%) em relação a novembro/17

Leite UHT R$ 1,93/litro -16,78 % -8,2 %

Queijo muçarela R$ 14,28/kg -6,23% 0,51 %

Preços médios (R$/litro ou R$/kg) praticados no mercado atacadista e as variações no mês de novembro em relação a novembro de 2017

ProdutoGO MG PR RS SP Média Brasil

Nov Dez % Nov Dez % Nov Dez % Nov Dez % Nov Dez % Nov Dez %

Leite pasteurizado 2,17 2,20 1,50% 2,12 2,07 -2,29% 2,09 2,01 -4,18% 2,66 2,88 8,02% 2,16 2,21 2,12% 2,24 2,27 1,39%

Leite UHT 2,19 2,03 -7,55% 2,01 1,89 -5,83% 2,04 1,98 -2,94% 2,15 1,90 -11,41% 2,02 1,87 -7,35% 2,08 1,93 -7,07%

Queijo prato 15,32 15,21 -0,73% 19,01 18,74 -1,42% 14,78 15,05 1,79% 15,49 15,99 3,26% 16,60 16,60 0,01% 16,24 16,32 0,48%

Leite em pó int.(400g) 14,61 14,49 -0,78% 16,94 16,42 -3,07% 15,50 16,82 8,51% 16,81 17,10 1,69% 14,48 14,83 2,42% 15,67 15,93 1,68%

Manteiga (200g) 26,27 26,01 -0,99% 24,29 23,58 -2,94% 21,79 22,43 2,94% 24,14 23,96 -0,76% 23,46 23,63 0,74% 23,99 23,92 -0,29%

Queijo muçarela 15,18 14,69 -3,17% 16,86 16,66 -1,20% 14,32 13,92 -2,80% 14,85 14,59 -1,72% 14,47 14,13 -2,31% 15,14 14,80 -2,21%

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BOLETIM DO LEITE | JANEIRO DE 2018 - ANO 24 - Nº 272

CEPEA - CENTRO DE ESTUDOS AVANÇADOS EM ECONOMIA APLICADA - ESALQ/USP

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MILHO: Oferta recorde pressiona valores em 2017

OAs cotações de milho recuaram com força no mercado interno na maior par-te de 2017. A pressão veio sobretudo da maior oferta doméstica, decorren-te da produção recorde no Brasil. No entanto, vendedores/produtores bra-

sileiros se afastaram das negociações em alguns momentos, insatisfeitos com as cotações do cereal. Nesse cenário, a média do Indicador ESALQ/BM&FBovespa (Campinas – SP) caiu 31,5% de 2016 para 2017, fechando a R$ 30,47/sc de 60 kg no ano passado. Especificamente em dezembro, a procura esteve mais aquecida nas pri-meiras semanas, quando compradores interessados em formar estoques para o fi-nal do ano estiveram mais ativos no mercado. Com isso, o Indicador teve média de R$ 32,38/sc de 60 kg no último mês do ano, alta de 2% frente à média de novembro. A maior oferta em 2017 pressionou o valor pago ao produtor em algumas regiões para patamares abaixo do mínimo governamental. Assim, o Governo Fede-ral acabou intervindo, com o objetivo de sustentar o preço pago ao produtor e favore-cer o escoamento da produção, principalmente do milho produzido no Centro-Oeste. No mercado de balcão (preço pago ao produtor), os valores recuaram 21% de 2016 para 2017, enquanto no disponível (negociação entre empresas) a queda foi de 18,7% na mes-ma comparação. Para 2018, apesar da expectativa de menor área semeada na safra de ve-rão, os altos estoques nacionais devem manter as cotações em patamares mais baixos.

FARELO DE SOJA: Volume embarcado em 2017 é o menor em três anos

Em 2017, a demanda externa por farelo de soja brasileiro esteve enfraquecida, cenário que resultou no menor embarque anual desde 2014. Além disso, ao longo do ano, avicultores e suinocultores domésticos não mostraram grande interesse em formar grandes lotes. Com

isso, as vendas registradas até meados de novembro foram praticamente “da mão para boca”. Em dezembro, por outro lado, a procura por maiores lotes aumentou, porém em ocasiões pontuais. As exportações brasileiras em 2017 somaram 14,17 milhões de toneladas, 1,8% abaixo do volume embarcado em 2016. Os principais compradores de farelo do Brasil fo-ram os países baixos da Holanda, seguido pela Tailândia. A receita obtida com o farelo de soja foi de R$ 1.119,78/tonelada, queda de 10,5% frente a 2016 (R$ 1.251,45/tonelada). Na média das regiões acompanhadas pelo Cepea em 2017, os preços do farelo de soja caíram 16,6% em comparação à média de 2016. As regiões paulistas, catarinenses, paranaenses, goianas e mineiras registraram no ano passado as menores médias anuais desde 2011, em termos nominais. Para 2018, o desafio das indústrias brasileiras pode ser o de vender o farelo de soja, visto a possibilidade de maior processamento da oleaginosa, visando a maior oferta de óleo bruto.

Por Carolina Camargo Nogueira Sales

MIL

HO E

FAR

ELO

DE

SOJA

jan/17 35,92

fev/17 36,21

mar/17 33,77

abr/17 28,32

mai/17 27,76

jun/17 26,75

jul/17 26,33

ago/17 26,67

set/17 29,17

out/17 31,30

nov/17 31,75

dez/17 32,38

(R$/sc de 60 kg)

jan/17 1.014,14

fev/17 1.011,71

mar/17 975,62

abr/17 918,78

mai/17 987,29

jun/17 969,40

jul/17 970,20

ago/17 927,14

set/17 945,00

out/17 992,72

nov/17 998,97

dez/17 1.051,81

(R$/tonelada)

Fonte: Cepea-Esalq/USP

Fonte: Cepea-Esalq/USP

Por Débora Kelen Pereira da Silva