BOLETIM DO LEITE

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BOLETIM DO LEITE Uma publicação do CEPEA - ESALQ/USP Ano 27 nº 315 | SETEMBRO - 2021 Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada - ESALQ/USP SETEMBRO 2021

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BOLETIM DO

LEITEUma publicação do CEPEA - ESALQ/USPAno 27 nº 315 | SETEMBRO - 2021Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada - ESALQ/USP SETEMBRO

2021

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BOLETIM DO LEITE | SETEMBRO DE 2021 - ANO 27 - Nº 315

CEPEA - CENTRO DE ESTUDOS AVANÇADOS EM ECONOMIA APLICADA - ESALQ/USP

Pesquisas do Cepea mostram que o preço do leite cap-tado em julho e pago aos produtores em agosto su-biu 1,23% na “Média Brasil” líquida, chegando a R$

2,3595/litro. Com isso, as cotações no campo acumulam aumento de 5% desde janeiro, apresentando média de R$ 2,1618/litro na parcial deste ano – valor 28% acima da mé-dia de janeiro a agosto de 2020, em termos reais (dados de-flacionados pelo IPCA de agosto/21). Agentes consultados pelo Cepea têm expectativa de que o movimento de valo-rização siga firme em setembro, fundamentados na menor qualidade das pastagens e, especialmente, nos elevados custos de produção, os quais têm limitado a oferta. Por isso, é importante ressaltar que a valorização do leite no campo se deve à alta dos custos de produ-ção – fator, inclusive, que impede um ajustamento rápi-do da oferta à demanda. Mesmo com os preços do leite em elevados patamares, os investimentos na atividade seguem limitados, já que as margens dos pecuaristas estão mais apertadas neste ano. Pesquisas do Cepea mostram que os insumos da atividade leiteira estiveram mais caros e, no acumulado do ano, subiram mais que o preço do leite. O custo operacional efetivo da ativida-de registra expressivo avanço de 14% desde o início deste ano (ver seção Custos de produção, na página 7). Nesse contexto, a oferta de leite no campo cres-ce de forma lenta. O Índice de Captação Leiteira (ICAP-L) do Cepea registrou aumento de apenas 1,7% no volume adquirido pelas indústrias entre junho e julho. Em Minas Gerais e em São Paulo, a captação esteve praticamente es-tável, de modo que a alta foi puxada pelos estados do Sul – que, na média, tiveram aumento de 2,9%. Em 2020, vale lembrar, a captação em julho subiu quase 6%, com incre-mentos de 9% no Sul e de 4% em Minas Gerais e São Paulo. Em agosto, a competição dos laticínios pela compra de matéria-prima seguiu acirrada, já que agen-tes querem evitar capacidade ociosa não programada – e

isso deve influenciar na manutenção do movimento altis-ta ao produtor em setembro. O preço do leite negociado no mercado spot em Minas Gerais apresenta média de R$ 2,54/litro em agosto, alta de 0,8% sobre a de julho. No entanto, a demanda por derivados lácte-os não reagiu como esperado pelos agentes, impedin-do aumentos proporcionais nos preços negociados pela indústria junto aos canais de distribuição (ver seção Derivados, na página 5). Buscando preços mais compe-titivos, a indústria elevou o volume de importações de lácteos, sobretudo de leite em pó e de queijos – ape-sar do aumento dos preços externos e do patamar do câmbio (ver seção Mercado Internacional, na página 6). Diante disso, as negociações do leite spot em Mi-nas Gerais perderam força em setembro, e os preços caí-ram de R$ 2,58/litro, na primeira quinzena, para R$ 2,50/litro na segunda, recuo de 3%. Assim, os atuais fundamen-tos apontam possível estabilidade nos valores do leite cap-tado em setembro e a ser pago ao produtor em outubro. No entanto, tudo irá depender das condições climáticas e do volume de chuvas no período.

Com custos de produção elevados, oferta de leite segue limitada

Equipe Leite: Natália Salaro Grigol, Juliana Cristina dos Santos, Munira Nasrrallah, Beatriz Pina Batista e André Carvalho.

Equipe Grãos: Lucilio Alves - Pesquisador Projeto GrãosEquipe de Apoio | André Sanches, Débora Kelen Pereira da Silva, Carolina Sales, Thaís Bragion Bertoloti, Kaline Lacerda, Natália Guimarães Ribeiro, Maria Clara de Faveri, Sânida Santos de Carvalho e Thayla Rosada Bruno.Editora Executiva e Pesquisadora: Natália Salaro Grigol

EXPEDIENTEEditor Científico: Prof. Geraldo Sant’Ana de Camargo Barros

Jornalista Responsável: Alessandra da Paz - Mtb: 49.148

Revisão:Flávia Gutierrez - Mtb: 53.681Nádia Zanirato - Mtb: 81.086

Contato:(19) 3429-8834 | [email protected]

Endereço para correspondência:Av. Centenário, 1080 | Cep: 13416-000 | Piracicaba/SP

O Boletim do Leite pertence ao CEPEA - Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada - ESALQ/USPA reprodução de conteúdos publicados neste informativo é permitida desde que citados os nomes dos autores, a fonte Boletim do Leite/Cepea e a devida data de publicação.

LEIT

E AO

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DUTO

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Por Natália Grigol

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3CEPEA - CENTRO DE ESTUDOS AVANÇADOS EM ECONOMIA APLICADA - ESALQ/USP

BOLETIM DO LEITE | SETEMBRO DE 2021 - ANO 27 - Nº 315

Fonte: Cepea-Esalq/USP.

Tabela 1 - Índice de Captação do Leite do Cepea (ICAP-L)

Fonte: Cepea-Esalq/USP.

Gráfico 1 - Série de preços médios recebidos pelo produtor (líquidos), em valores reais

VARIAÇÃO MENSAL NA CAPTAÇÃO

jul-20 5,94%

ago-20 3,88%

set-20 3,08%

out-20 -0,58%

nov-20 1,54%

dez-20 1,26%

jan-21 -4,46%

fev-21 -4,55%

mar-21 -3,68%

abr-21 -1,09%

mai-21 -1,67%

jun-21 2,12%

jul-21 1,68%

Acumulado 2,88%

2016

2017

2018

2019

2020

Ago/21R$ 2,3595

0,90

1,10

1,30

1,50

1,70

1,90

2,10

2,30

2,50

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

R$/L

itro

MÉDIA BRASIL PONDERADA LÍQUIDA (BA, GO, MG, SP, PR, SC, RS)VALORES REAIS - R$/LITRO (Deflacionados pelo último IPCA disponível)

2016 2017 2018 2019 2020 2021

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CEPEA - CENTRO DE ESTUDOS AVANÇADOS EM ECONOMIA APLICADA - ESALQ/USP

LEITE AO PRO

DUTOR

Tabela 2 - Preços recebidos pelos produtores (líquido) em AGOSTO/21 referentes ao leite entregue em JULHO/21 - valo-res nominais

Tabela 3 - Preços em estados que não estão incluídos na “média Brasil” – RJ, MS, ES, CE e PE - valores nominais

Fonte: Cepea-Esalq/USP.

Mesorregião"Preço líquido médio do

menor estrato de produção (< 200 l/dia)"

Preço líquido médio"Preço líquido médio do maior

estrato de produção (> 2000 l/dia)"

Variação mensal do preço líquido médio

RS Média Rio Grande do Sul 2,0002 2,2503 2,4540 0,93%

SC Média Santa Catarina 2,0891 2,2564 2,2886 0,22%

PRCentro Oriental Paranaense 1,8954 2,4216 2,4961 4,01%

Oeste Paranaense 2,0331 2,3322 2,4899 0,64%

Média Paraná 2,0633 2,3168 2,4659 0,30%

SPSão José do Rio Preto 2,1198 2,3503 2,5389 1,79%

Campinas 2,1788 2,4039 * 4,31%

Média São Paulo 2,1543 2,3658 2,5355 2,66%

MG

Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba 2,1490 2,4654 2,5662 2,15%

Sul/Sudoeste de Minas 2,2206 2,4110 2,4814 3,01%

Vale do Rio Doce 2,1007 2,2372 2,4464 4,75%

Metropolitana de Belo Horizonte 2,0451 2,3101 2,4642 1,17%

Zona da Mata 2,0848 2,2674 2,4877 5,75%

Média Minas Gerais 2,1353 2,3944 2,5147 2,49%

GOSul Goiano 1,9615 2,3100 2,4998 1,73%

Média Goiás 1,9746 2,3672 2,5060 1,95%

BA Média Bahia 1,9683 2,0678 2,4128 3,55%

MÉDIA BRASIL 2,0913 2,3595 2,5043 2,11%

DERI

VADO

S

Mesorregião"Preço líquido médio do menor

estrato de produção (< 200 l/dia)"

Preço líquido médio"Preço líquido médio do

maior estrato de produção (> 2000 l/dia)"

Variação mensal do preço líquido médio

RJ Média Rio de Janeiro 2,2912 2,4113 * 6,49%

ES Média Espírito Santo 2,0530 2,1470 * 2,46%

MS Média Mato Grosso do Sul 2,0751 2,1646 - 3,06%

CE Média Ceará - - - -

PE Média Pernambuco * * * -

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LEITE AO PRO

DUTOR

Apesar do preço do leite no campo seguir firme em agosto, laticínios relataram dificuldades em fazer o re-passe da valorização da matéria-prima aos canais de

distribuição, que intensificaram a pressão por valores mais acessíveis diante do baixo consumo na ponta final da cadeia. Agentes consultados pelo Cepea reportaram vendas desaquecidas e aumento pontual de estoques, sobretudo dos produtos com maior valor agregado – uma vez que os pre-ços em elevados patamares vêm desestimulando a deman-da, já fragilizada pelo menor poder de compra da população. Pesquisa realizada pelo Cepea com apoio da OCB (Or-ganização das Cooperativas Brasileiras) mostra que, em média, os preços do queijo muçarela e do leite em pó (400g) recebidos pelas indústrias no estado de São Paulo recuaram 0,2% e 3,2%, respectivamente, em relação a julho/21, para R$ 27,79/kg e R$ 23,95/kg em agosto. Já para o leite longa vida, os laticínios conse-guiram elevar os preços pedidos. Em agosto, a média do produto foi de R$ 3,62/litro, aumento de 2,4% frente à do mês anterior. Neste ano, os preços do leite cru estão superiores aos do ano passado, enquanto os valores de venda de produtos lác-teos estão inferiores. Entre ago/21 e ago/20, as médias do leite UHT, do queijo muçarela e do leite em pó (400g) recuaram 5,9%,

10,3% e 6%, em termos reais (deflacionados pelo IPCA de ago/21), confirmando a perda de margem da indústria em 2021. SETEMBRO – As cotações dos produtos lácteos osci-laram bastante na primeira quinzena de setembro, refletindo o baixo consumo. Na média parcial do período (1º a 15), o quei-jo muçarela se desvalorizou 0,8% frente à média de agosto, fechando a R$ 27,56/kg. Para o leite UHT, apesar da ligeira alta de 0,7% no acumulado da quinzena – evidenciando mais momentos de alta do que de queda –, a média parcial fechou a R$ 3,61/litro, 0,5% inferior ao registrado em agosto. No caso do leite em pó (400g), os preços permaneceram em queda até o dia 11 e só se recuperaram na terceira semana do mês. Com isso, na média parcial, o produto chegou a R$ 24,02/kg, leve aumento de 0,3% frente a agosto. Agentes consultados pelo Cepea demonstram preocupação com o atual contexto, visto que a demanda não tem reagido com a força que esperavam.

Demanda enfraquecida mantém preços dos derivados em queda

DERI

VADO

S

Por André Carvalho e Beatriz Pina

Fonte: Cepea-Esalq/USP e OCB.Nota: Médias mensais obtidas de cotações diárias.

Tabela 1 - Variações em termos reais (deflacionados pelo IPCA de agosto/2021) Cotação diária - atacado do estado de São Paulo

Média de preço em AGOSTO/21

Variação real (%) em relação a AGOSTO/20

Variação real (%) em relação a JULHO/21

Leite UHT R$ 3,6235/litro -5,88% 2,44%

Queijo Muçarela R$ 27,7870/kg -10,25% -0,18%

Leite em pó R$ 23,9467/kg -6% -3,2%

Fonte: Cepea-Esalq/USP. Nota: Valores reais, deflacionados pelo IPCA de agosto/2021.

Tabela 2 - Preços médios (R$/litro ou R$/kg) praticados no mercado atacadista e as variações no mês de agosto/21 em relação a julho/21

ProdutoGO MG PR RS SP Média Brasil

jul ago % jul ago % jul ago % jul ago % jul ago % jul ago %

Leite pasteurizado 3,30 3,28 -0,79% 2,96 2,97 0,42% 3,10 3,18 2,53% - - - 3,22 3,24 0,50% 3,15 3,16 0,26%

Leite UHT 3,74 3,85 2,84% 3,39 3,50 3,21% 3,61 3,81 5,63% 3,68 3,68 -0,05% 3,54 3,64 2,96% 3,62 3,74 3,38%

Queijo prato 28,31 28,49 0,65% 30,93 31,58 2,11% 29,67 29,59 -0,28% 30,49 29,37 -3,66% 29,81 30,15 1,13% 29,97 30,02 0,16%

Leite em pó int. (400 g)

24,11 23,94 -0,74% - - - 24,61 24,36 -1,00% 25,90 26,35 1,72% 24,74 24,17 -2,29% 24,73 24,69 -0,16%

Manteiga (200 g) 33,49 33,19 -0,91% 31,23 30,98 -0,79% 31,78 31,26 -1,64% 35,20 34,76 -1,25% 31,55 31,45 -0,31% 32,30 32,04 -0,78%

Queijo muçarela 28,40 29,10 2,49% 29,57 30,03 1,56% 28,81 28,89 0,29% 28,55 27,77 -2,72% 27,84 27,85 0,05% 28,54 28,59 0,15%

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MERCADO

INTERN

ACION

AL

Com baixa oferta interna, importação cresce e déficit da balança aumenta

Por Munira Nasrrallah e Juliana Santos

A oferta limitada de leite no campo elevou as im-portações de lácteos em agosto pelo quarto mês consecutivo. Foram adquiridas externamente

10,1 mil toneladas, avanço de 4,7% sobre o volume de julho, mas 44% abaixo das importações de agosto de 2020, o que, por sua vez, se deve ao alto patamar do dólar. De acordo com os dados da Secex, as compras de leite em pó representaram metade do volume total importado pelo Brasil, somando 5 mil toneladas, 3,5% acima do adquirido em julho/21. Porém, em um ano, observa-se forte queda de 60% nas importações desse produto, o que pode estar atrelado ao preço, que subiu 25,4% entre agosto/20 e agosto/21, indo para US$ 3,42/kg. Também em um ano, as compras brasileiras de leite em pó no Uruguai caíram 65% e na Argentina, 55%. Com participação de quase 30% do to-tal importado, as aquisições de queijos somaram 2,7 mil toneladas em agosto/21, volume 2,6% su-perior ao de julho/21, mas 0,4% inferior ao de agosto/20. A Argentina e o Uruguai – que, juntos, forneceram 98% de queijos – comercializaram o pro-duto na média de US$ 5,21/kg em agosto/21, valor 27% acima do verificado no mesmo mês de 2020. Já quanto às exportações, foram 3,2 mil to-neladas de lácteos embarcadas pelo Brasil em agos-to, queda de 13,6% em relação ao mês anterior, mas aumento de 8,2% sobre o de agosto de 2020. A baixa oferta interna resultou em queda nas ven-das externas de derivados, com exceção do leite pó. Inclusive, o leite em pó foi o principal lácteo exportado em agosto, totalizando 825 toneladas, vo-lume 61% superior ao de julho/21 e bem acima do escoado em agosto de 2020. O principal destino do lácteo foi a Argélia, que recebeu 91% da quanti-dade exportada pelo Brasil. O valor médio de co-mercialização do leite em pó foi de US$ 3,29/kg. BALANÇA COMERCIAL – Com alta nas im-portações e queda nas exportações, o déficit na balança comercial cresceu em agosto pelo quar-to mês seguido, totalizando US$ 29,5 milhões, alta de 9% sobre o de julho. Em volume, o déficit foi de 6,9 mil toneladas, 16,1% acima do de julho.

Gráfico 1 - Balança comercial (US$)

Tabela 1 - Volume importado de lácteos¹ - AGOSTO/21

Produto VOLUME

(tonelada)AGO/21 -

JUL/21

Participação no total importado

em AGO/21

AGO/20 - AGO/21

Total 10.124 4,7% - -44,1%

Leite em pó (integral e desnatado)

5.091 3,5% 50,3% -60%

Queijos 2.795 2,6% 27,6% -0,4%

Soro de leite 1.423 1,9% 14,1% -37,4%

Manteiga 574 27,9% 5,7% 252%

Tabela 2 - Volume exportado de lácteos¹ - AGOSTO/21

Produto VOLUME

(tonelada)AGO/21 -

JUL/21

Participação no total exportado

em AGO/21

AGO/20 - AGO/21

Total 3.202 -13,6% - 8,2%

Leite em pó (integral e desnatado)

825 60,9% 25,8% 8719%

Leite condensado 603 -10,2% 18,8% -24,9%

Creme de leite 522 -23,7% 16,3% -51,5%

Leite fluido 367 -48,3% 11,5% 112%

Queijos 362 -3,1% 11,3% -26,8%

Notas: (1). Consideram-se os produtos do Capítulo 4 da NCM mais leite modificado e doce de leite. Fonte: Comex / Elaboração: Cepea.

Elaboração: Cepea-Esalq/USP.

CUST

OS

DE P

RODU

ÇÃO

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MERCADO

INTERN

ACION

AL CUST

OS

DE P

RODU

ÇÃO

Custos avançam 1% no mês e 14% no anoPor Caio Monteiro

O COE (Custo Operacional Efetivo) da pecuá-ria leiteira subiu 1,02% de julho para agosto na “Média Brasil” (BA, GO, MG, PR, RS, S C

e SP). De janeiro a agosto deste ano, o COE acu-mula alta de 14,05% - no mesmo período do ano passado, a elevação era de 7,57%. Em agosto, o aumento no custo de produção seguiu influenciado principalmente pela valorização dos suplementos minerais, dos adubos e das rações concentradas. Os preços dos suplementos minerais subiram 3,06% de julho para agosto, mais uma vez motivados pela demanda firme, devido a condições climáticas adversas e à baixa qualidade das forragens no campo. Além disso, entraves logísticos elevaram os custos de frete, encarecendo esses insumos. No acumulado de 2021, esse grupo de custo acumula alta de 23,70% na “média Brasil”. Os estados que apresentaram avanços mais significativos em 2021 são Minas Ge-rais (36,44%), Bahia (33,20%) e Paraná (27,09%). Com a proximidade do início da safra 2021/22 de grãos, a demanda por adubos e corretivos também segue elevada. Além disso, a falta de matéria-prima, a

valorização do dólar frente ao Real e o encarecimen-to dos fretes influenciaram no aumento dos preços. Em agosto, adubos e corretivos se valorizaram 1,62% em relação a julho na “média Brasil”. No acumulado do ano (de janeiro a agosto), o avanço é de fortes 39,96%. Dentre os estados acompanhados pelo Ce-pea, os que apresentaram elevações mais expressi-vas foram MG (2,64%), SP (2,57%) e SC (1,37%). Os preços dos concentrados subiram 1,19% em agosto, influenciados pelas contínuas altas nos preços dos grãos. De janeiro a agosto, as rações se valorizaram 13,03% na “média Brasil”. Dentre os estados pesquisados, os que registraram aumentos mais significativos em agosto foram GO (3,24%), SC (2,35%) e PR (1,74%). No atual cenário, os altos custos com a alimentação têm sido o principal fator de pressão nas margens dos produtores, visto que esses gastos podem representar até 45% do total.

Foto: Bento Viana/Senar.Foto: Bento Viana/Senar.

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MIL

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SOJA

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MILHO: Compradores se afastam dos negócios; preços recuam

A falta de interesse dos consumidores de milho manteve a liquidez baixa e os preços em queda no mercado brasileiro

na primeira quinzena de setembro. Compra-dores estiveram fundamentados na expecta-tiva de aumento de oferta com o avanço da colheita da segunda safra e seguiram aten-tos ao baixo ritmo das exportações na atual temporada. No entanto, as baixas nos preços foram limitadas por preocupações com a ofer-ta, devido às quedas consideráveis na produ-tividade, já confirmadas por dados oficiais. Assim, na média das regiões pesquisadas pelo Cepea, as cotações rece-bidas pelo produtor (mercado de balcão) caíram 4,5% entre 31 de agosto e 15 de setembro. No mercado de lotes (negocia-ções entre empresas), as cotações regis-traram queda de 3,2% na mesma compa-

ração. O Indicador ESALQ/BM&FBovespa, referente à região de Campinas (SP), recuou 1,4% no acumulado de setembro, fechan-do a R$ 93,43/saca de 60 kg no dia 15. Nos portos brasileiros, a falta de interesse de exportadores mantém a liquidez reduzida. No acumulado de setembro, o milho posto no porto de Paranaguá (PR) caiu 1,6% e, em Santos (SP), 2,9%. Quanto aos embar-ques, considerando-se os primeiros sete dias úteis de setembro, apenas 1,25 milhão de to-neladas foram exportadas, praticamente a me-tade do volume observado nas duas primeiras semanas de setembro/20.

FARELO DE SOJA: Preço recua no BR, mas prêmio de exportação limita baixa

Por Carolina Camargo Nogueira Sales

MIL

HO E

FAR

ELO

DE

SOJA

Indicador - Campinas-SP, em R$/sc de 60 kg

Campinas - SP, em R$/tonelada

Por Débora Kelen Pereira da Silva

As quedas externas e a ligeira des-valorização do dólar frente ao Real – a moeda norte-americana recuou

0,2% entre a média de agosto e a parcial de setembro (até o dia 15) – pressionaram as cotações do farelo de soja na primei-ra quinzena de setembro na maior parte das regiões acompanhadas pelo Cepea. Entretanto, a queda interna foi limi-tada pela valorização dos prêmios de expor-tação de farelo de soja no Brasil. Com base no porto de Paranaguá (PR), a oferta de venda para o contrato Outubro/21 passou de US$ 30,00/tonelada curta em 1º de setembro para US$ 48,00/tonelada curta no dia 15 – o maior valor nominal desde 2013, quando conside-rado este mesmo período de anos anterio-

res. Diante disso, houve elevação no “crush margin” do Brasil, que chegou a operar em US$ 23,29/tonelada no dia 14 de setembro. Esse cenário se deve às expec-tativas de maior demanda externa por farelo de soja, visto que agentes estão fundamentados nas dificuldades das ex-portações na Argentina, devido aos baixos níveis do rio Paraná. Porém, vale ressaltar que o governo argentino já tem tomado decisões para normalizar os embarques. Na média das regiões pesqui-sadas pelo Cepea, os preços cederam 1% na primeira quinzena de setembro. No es-tado de São Paulo, por outro lado, os va-lores subiram. Em Campinas (SP), a alta foi de 2,6%, e em Mogiana, de 1,5%.

Fonte: Cepea-Esalq/USP.

janeiro 83,65

fevereiro 83,89

março 91,51

abril 97,15

maio 100,72

junho 92,09

julho 97,48

agosto 98,64

1ª quinzena de setembro

93,02

janeiro 2.774,78

fevereiro 2.868,72

março 2.631,09

abril 2.495,25

maio 2.499,21

junho 2.368,88

julho 2.286,15

agosto 2.333,98

1ª quinzena de setembro

2.395,77

Fonte: Cepea-Esalq/USP.