Boletim ef.org a-profissionalidade-docente-em-questao

16

Click here to load reader

Transcript of Boletim ef.org a-profissionalidade-docente-em-questao

Page 1: Boletim ef.org a-profissionalidade-docente-em-questao

A PROFISSIONALIDADE DOCENTE EM QUESTAtildeO1

Samuel de Souza NETO2

Ana Maria PELLEGRINI3

Adriana Regina GONCcedilALVES4

Bruno Nascimento ALLEONI5

Larissa Cerignoni BENITES6

Adriana Ijano MOTTA7

Alessandra Daniele PASCOTTO8

Resumo Tendo como objetivos identificar os componentes motores que afetam o processo de alfabetizaccedilatildeo identificar formas de intervenccedilatildeo no processo de escolarizaccedilatildeo que at endam agrave s d iferenccedilas i ndividuais de c omportamento m otor e o desenvolvimento de procedimentos para avaliaccedilatildeo acompanhamento e orientaccedilatildeo docente r eferente ao des envolvimento m otor de c rianccedilas desenvolveu-se es te projeto O tr abalho consistiu em (a) selecionar avaliar e reavaliar quatro classes numa escola municipal da cidade de Li meira ndash SP utilizando a E scala Motora de Rosa Neto ( 2002) ( b) implementar u m p rograma de at ividades m otoras para a sala de aula e aul as de educ accedilatildeo f iacutesica c om base no des envolvimento m otor diagnosticado para s er desenvolvido e m t recircs m eses ( c) r eunir e aux iliar o s professores envolvidos na (re)descoberta do co rpo e ( d) t rabalhar a profissionalidade docente Considerando a amplitude do estudo desenvolvido esta parte do t rabalho abarcaraacute apenas os dados relativos agrave capacitaccedilatildeo docente Os resultados desse trabalho apontaram para a realizaccedilatildeo de reuniotildees pedagoacutegicas relatoacuterio do t rabalho de i ntervenccedilatildeo s eminaacuterio c ientiacutefico e par ticipaccedilatildeo e m Congresso de E ducaccedilatildeo O s dados obtidos demonstraram o c omprometimento das docentes envolvidas co m a q uestatildeo da c orporeidade e profissionalidade docente O exerciacutecio da profissionalidade compreendido como o modo de resgatar o que de positivo tem a ideacuteia de profissional no contexto das funccedilotildees inerentes ao trabalho docente foi evidenciado na pr eocupaccedilatildeo com o bem estar dos alunos e com a eacutet ica no c ompromisso ent re a s p rofessoras e c om a c omunidade acentuando a i nteraccedilatildeo ent re a obr igaccedilatildeo m oral na pr estaccedilatildeo de s erviccedilo e a perspectiva de ser educador

Palavras-chave educaccedilatildeo baacutes ica p rofissionalidade doc ente E ducaccedilatildeo F iacutesica autonomia pedagoacutegica

1 - Trabalho desenvolvido com auxiacutelio do Nuacutecleo de Ensino PROGRADFUNDUNESP 2 - Professor do Departamento de Educaccedilatildeo do Instituto de Biociecircncias ndash Campus de Rio Claro 3 - Professora do Departamento de Educaccedilatildeo Fiacutesica do Instituto de Biociecircncias ndash Campus de Rio Claro 4 - Discente do curso de Educaccedilatildeo Fiacutesica do Instituto de Biociecircncias ndash Campus de Rio Claro 5 - Discente do curso de Educaccedilatildeo Fiacutesica do Instituto de Biociecircncias ndash Campus de Rio Claro 6 - Discente do curso de Educaccedilatildeo Fiacutesica do Instituto de Biociecircncias ndash Campus de Rio Claro 7 - Diretora da EMEIEF ldquoProfa Maria Apparecida de Luca Moorerdquo Limeira ndash SP 8 - Professora da EMEIEF ldquoProfa Maria Apparecida de Luca Moorerdquo Limeira ndash SP

45

O PROFESSOR E A EDUCACcedilAtildeO BAacuteSICA INTRODUCcedilAtildeO AO PROBLEMA DE ESTUDO ldquoNo que s e refere ao t rabalho com os docentes e outros profissionais da escola dois tipos de r esistecircncias f icam e videnciados N um p rimeiro m omento a r esistecircncia er a relativa agrave v alorizaccedilatildeo do c orpo no pr ocesso de e scolarizaccedilatildeo c om a t radicional valorizaccedilatildeo das atividades cognitivas em detrimento das atividades fiacutesicas Ao final do processo de i ntervenccedilatildeo quando os dados f oram apresentados socializados com a equipe da e scola houve um impacto muito grande quanto agrave nec essidade de resolver os problemas no contexto da escola com uma mudanccedila de atividade quanto agrave relaccedilatildeo entre o pr oblema c ognitivo e o dom iacutenio do c orpo E ste s egundo m omento l evou o corpo docente agrave consciecircncia de que embora considere importante a atividade fiacutesica na escola ele natildeo s abe como empreendecirc-la Os professores reconheceram deficiecircncias em sua formaccedilatildeo profissional e natildeo tecircm ideacuteia de como solucionaacute-lardquo (PELLEGRINI et al 2003 p282)

A t ranscriccedilatildeo ac ima c orresponde ao t rabalho desenvolvido no pr imeiro ano do

Projeto ldquo O C omportamento M otor no P rocesso de E scolarizaccedilatildeo de C rianccedilas no E nsino de

Educaccedilatildeo Infantil e no E nsino Fundamentalrdquo Esta proposta teve o s eu iniacutecio no ano de 2002

na c idade de Li meira Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo numa escola de educ accedilatildeo infantil e

primeiras seacuteries do ens ino fundamental por solicitaccedilatildeo de al gumas professoras que es tavam

preocupadas co m a s d ificuldades de apr endizagem de s uas cr ianccedilas r elacionadas aos

problemas de coordenaccedilatildeo motora agressividade falta de atenccedilatildeo ordenaccedilatildeo

Nesta pr imeira f ase do pr ojeto f oi c onfirmado o di agnoacutestico apr esentado m as

tambeacutem foram identificados alguns limites da accedilatildeo docente nos levando a t rabalhar em duas

frentes na s egunda f ase no ano de 2003 A p rimeira f icou c oncentrada no t rabalho de

intervenccedilatildeo do c omportamento motor no processo de e scolarizaccedilatildeo e a out ra foi d irecionada

para se trabalhar com a capacitaccedilatildeo docente em serviccedilo atraveacutes de reuniotildees pedagoacutegicas e de

um seminaacuterio de desenvolvimento motor com a presenccedila de alguns especialistas

O tr abalho q ue or a s eraacute apr esentado di z r espeito a es ta s egunda f ase

denominado por noacutes de ldquo profissionalidade docenterdquo em que se busca trabalhar o exerciacutecio da

profissatildeo docente e os limites encontrados na accedilatildeo dos professores Portanto trata-se mais de

uma reflexatildeo com base e m alguns dados encontrados no t rabalho de c ampo bem como de

uma mediaccedilatildeo com as concepccedilotildees de ensino que subsidiam as propostas de sala de aula

Profissionalidade eacute o termo utilizado para designar ldquoo modo de resgatar o que de

positivo t em a i deacuteia de pr ofissional no c ontexto da s f unccedilotildees i nerentes ao t rabalho doc enterdquo

abarcando trecircs dimensotildees

- obrigaccedilatildeo moral ndash tendo como componentes a preocupaccedilatildeo com o bem estar dos a lunos e c om a eacutet ica perpassando a s r elaccedilotildees de af etividade e motividade

- compromisso c om a c omunidade ndash estabelecendo i nicialmente c om o s professores e a s eguir c om a s ociedade c omo u m t odo i ntervenccedilatildeo no s problemas sociais e pol iacuteticos e compreendendo a e scola como um local de

46

preparaccedilatildeo par a a vida f utura c omo ag ente r egulador da s ociedade (liberdade igualdade justiccedila)

- competecircncia profissional ndash transcende o domiacutenio de hab ilidades e teacutecnicas e emerge a partir da interaccedilatildeo entre a obrigaccedilatildeo moral e o compromisso com a comunidade (CONTRERAS 2002 p 73)

Poreacutem para q ue e sse di mensionamento oc orra haacute a ex igecircncia de q ue s e

enfrente o des afio da m udanccedila e m t recircs n iacuteveis o da s m entalidades das p raacuteticas e do s

compromissos

ldquoPor mentalidade quero significar a maneira de pensar julgar e agir ()

O desafio das praacuteticas significa tornar as vivecircncias e experiecircncias objetos de anaacutelise e reflexatildeo E m geral natildeo haacute pr eocupaccedilatildeo c om o c ontexto e m que s atildeo c onstruiacutedas e consolidadas as nossas p raacuteticas em outras palavras natildeo reconstruiacutemos a t rajetoacuteria histoacuterica da nossa praacutetica

Finalmente o des afio do c ompromisso s ignifica t ransitar do di scurso par a a accedil atildeo articular o r eal possiacutevel e o i deal destruir a s f antasias que c ercam o m undo do s planejamentos e pr ogramas gestar e ge rir p ropostas c apazes de di alogar c om a s praacuteticas e as realidades resgatar o sentido do planejar para a accedilatildeo () rdquo(MACHADO 1996 p 103-104)

Caso contraacuterio poderemos cair no velho reducionismo em que o lsquonovorsquo eacute sempre

melhor do que o lsquovelhorsquo e natildeo se respeita as experiecircncias bem sucedidas

Entretanto o que faz um professor

Em que universo habita

Como eacute formado

Em que contexto se daacute a socializaccedilatildeo da profissatildeo

Quais satildeo os nossos paradigmas

Um p rofessor ensina det erminados c onteuacutedos j ulgados significativos para s e

viver no grupo social orienta o processo ensino-aprendizagem dos alunos na sala de aula cria

ldquomundosrdquo estabelece uma mediaccedilatildeo entre a pessoa a realidade e a cultura tendo na docecircncia

a especificidade de s ua profissatildeo Profissatildeo esta que eacute c onstituiacuteda de det erminados saberes

(TARDIF 2002 PIMENTA 1997 SCHON 1992) que datildeo l egitimidade agrave accedil atildeo docente sendo

apreendidos num p rocesso f ormal de educ accedilatildeo q ue dev eraacute c ontinuar posteriormente na

forma de uma educaccedilatildeo permanente e de formaccedilatildeo continuada

Todavia natildeo haacute docecircncia sem discecircncia e da mesma forma natildeo haacute ensino sem

uma concepccedilatildeo de homem mundo e sociedade que se modifica de eacutepoca em eacutepoca segundo

os valores e necessidades de cada tempo emergindo desta constataccedilatildeo diferentes desenhos

para a sala de aula Dessa forma tendo a sala de aula como objeto de estudo o nosso objetivo

seraacute apont ar a lguns a spectos da pr ofissionalidade doc ente buscando av eriguar nas

47

perspectivas de ensino (concepccedilotildees ou dimensotildees) bem como no trabalho de campo com as

professoras desta escola alguns indicativos desta realidade

A S ALA D E A ULA O M ITO D A C AVERNA E A S C ONCEPCcedilOtildeES D E EN SINO9 ndash A PROFISSIONALIDADE DOCENTE VAI A ldquoJULGAMENTOrdquo

Pensar a s ala de aul a e o pape l do pr ofessor eacute c omo f azer u m e xerciacutecio de

reflexatildeo sobre ldquoO Mito da Cavernardquo narrado por Platatildeo (428-347) no livro VII de A Repuacuteblica

em que o f iloacutesofo-educador busca descrever a situaccedilatildeo geral da humanidade E o que ele vecirc

Que t odos noacutes e stamos c ondenados a v er s ombras agrave no ssa f rente e t omaacute-las co mo

verdadeiras N este c ontexto a ldquo cavernardquo c om s uas p inturas e es pectro s ombrio pode

representar a s nossas limitaccedilotildees m itos e f antasmas s ubjacentes agrave s ala de aul a q ue par a

serem superados precisam da ldquoluz ldquo De fato

ldquoHaacute doi s mundos O v isiacutevel eacute aquel e e m que a m aioria da hum anidade es taacute pr esa condicionada pel o lusco-fusco da c averna c rendo iludida que a s so mbras s atildeo a realidade O outro m undo o i nteligiacutevel eacute apanaacutegi o de alguns poucos O s que conseguem superar a ignoracircncia em que nasceram e rompendo com os ferros que os prendiam ao subterracircneo ergueram-se para a es fera da l uz em busca das essecircncias maiores do bem e do belordquo (SHILLING 2001)

Todavia o no sso g rande des afio es taria e m s uperar e stas i magens e spectro

que satildeo t omadas co mo v erdadeiras f ruto da i gnoracircncia e de no ssa i neacutercia D entro des te

contexto encontramos a sala de aul a com o seu repertoacuterio de m itos e fantasmas trazidos ora

pela s ituaccedilatildeo l ocal de des equiliacutebrio s ocial e or a pel os dogmatismos pedagoacutegicos q ue no s

fecham dentro de um profundo subterracircneo

Na s uperaccedilatildeo de no ssos m itos encontramos na l eitura de al guns paradigmas

relacionados ao pape l do pr ofessor t entativas e m d iferentes eacutepocas de s uperaccedilatildeo de ssa

situaccedilatildeo de ldquoignoracircnciardquo e ao mesmo tempo de constituiccedilatildeo dos saberes da profissatildeo docente

No pecircndul o da s ala de aul a em erge um a pr imeira abor dagem q ue v em do

paradigma do ldquomagisterrdquo10 nos remetendo a uma imagem de competecircncia do professor que eacute

portador de u m s aber s istematizado c onsagrando i nteiramente a s ua ex istecircncia par a um a

atividade de pr oduccedilatildeo e t ransmissatildeo de c onhecimentos na q ual constitui a f inalidade da s ua

atividade educativa Neste enfoque o valor central estaacute no saber que vale ldquoem si proacuteprio e por si

proacutepriordquo D e m odo q ue o pape l do pr ofessor c onsistiria e m desbloquear o ac esso ao s aber

mediante a observacircncia de uma exigecircncia rigorosa para consigo e para com os alunos em que

9O toacutepico ora apresentado teve como fonte de referecircncia os estudos desenvolvidos por SOUZA NETO (2003) no texto ldquoA formaccedilatildeo inicial e c ontinuada o s s aberes docentesrdquo apresentado e m o ficina pedagoacutegi ca no C ongresso de E ducaccedilatildeo E ducaccedilatildeo par a fraternidade um caminho possiacutevel realizado em Vargem Grande Paulista no periacuteodo de 20 a 21 de setembro de 2003 10Esta t erminologia f oi r etirada do es tudo de H eacutelegravene H irschhorn ( 1993) s obre o s paradigmas de c omportamento pr ofissional (magister pedagogo e ani mador) que foram apresentados no trabalho de Rogeacuterio Fernandes (1998) sobre ldquoOfiacutecio de professor o fim e o comeccedilo dos paradigmasrdquo

48

a competecircncia profissional estaria na capacidade para dominar o que se ensina (FERNANDES

1998)

Do questionamento ao s limites desta pr oposta s urgiu o paradigma do ldquo pedagogordquo que se entendido em toda a s ua extensatildeo estaacute relacionado aos meacutetodos ativos

de ens ino em que o al uno se t orna o su jeito da educ accedilatildeo e o pr ofessor o or ientador deste

processo E mbora p ossa par ecer s imples natildeo eacute m uito pel o c ontraacuterio pois s e ex ige q ue o

mesmo domine o conteuacutedo especiacutefico conheccedila a faixa etaacuteria de desenvolvimento dos alunos e

tenha uma grande fluecircncia com a metodologia de ensino

Cabe ressaltar que essa abordagem eacute consecutiva do reconhecimento de que o

aluno eacute o sujeito do conhecimento de que o pr ocesso de t ransmissatildeo do s aber eacute ao mesmo

tempo o da s ua aq uisiccedilatildeo N esta per spectiva a aprendizagem c onfere ao al uno u m

protagonismo central O a lvo da educ accedilatildeo jaacute natildeo eacute o s aber mas o proacuteprio aluno Neste novo

paradigma a instruccedilatildeo estaacute subordinada agrave educaccedilatildeo e o domiacutenio do saber natildeo eacute uma exigecircncia

predominante pois o essencial eacute a capacidade do professor de levar em conta as necessidades

do aluno prescindindo de um a formaccedilatildeo psicoloacutegica psicossocioloacutegica ou pedag oacutegica Muda-

se portanto a definiccedilatildeo da competecircncia profissional (FERNANDES 1998)

Uma terceira abordagem deste processo buscou superar a questatildeo do conteuacutedo

e do m eacutetodo propondo uma combinaccedilatildeo das duas propostas naquilo que denominou-se de o

paradigma do ldquo teacutecnicordquo Em tese o que se buscou foi uma melhor performance da eficaacutecia e

da eficiecircncia no processo de ensino tendo por meta gerar uma tecnologia educacional

Neste r eferencial o pont o de par tida f oram o s i nsucessos de um a pedag ogia

pautada apenas na t ransmissatildeo dos conteuacutedos ( transmissatildeo cultural) ou no es tabelecimento

de m eacutetodos ( forma) apresentando como opccedilatildeo a or ganizaccedilatildeo i nstrucional do conteuacutedo e da

forma numa uacutenica proposta de ensino

No pa radigma do t eacutecnico o pr ofessor s e t orna o executor dos objetivos

instrucionais das e strateacutegias de ens ino e da avaliaccedilatildeo es tabelecidas por u ma c omissatildeo de

especialistas r elacionados a um a dada aacuter ea de c onhecimento A ecircnfase r ecai no f ormalismo

didaacutetico dos planos elaborados segundo normas preacute-fixadas e no distanciamento entre teoria e

praacutetica N este enf oque o s c onteuacutedos c entram-se na or ganizaccedilatildeo r acional do pr ocesso de

ensino considerando-se o planejamento didaacutetico formal a elaboraccedilatildeo de materiais instrucionais

e a ut ilizaccedilatildeo de livros d idaacuteticos Portanto eacute o pr ocesso q ue det ermina o q ue pr ofessores e

alunos deveratildeo fazer e quando ndash e como o faratildeo

Nesta referecircncia em que predomina a teacutecnica de ensino a sua base de instruccedilatildeo

tem c omo pr essupostos a p sicologia c omportamental a i nstruccedilatildeo pr ogramada a t eoria da

49

comunicaccedilatildeo o pl anejamento f ormal ( previamente el aborado) e o s livros d idaacuteticos

(descartaacuteveis) D e f orma q ue o ens ino f ica c ondicionado agrave s ua di mensatildeo t eacutecnico-praacutetica da

praacutetica escolar sofrendo como nas outras abordagens questionamentos em virtude de seus

limites (VEIGA 1988)

Das criacuteticas efetuadas a esta proposta emergiu uma nova concepccedilatildeo centrada no

paradigma ldquo soacutecio-poliacuteticordquo da educaccedilatildeo Este questiona as outras referecircncias propondo que

o foco da educaccedilatildeo natildeo estaacute centrado no professor no aluno ou na teacutecnica de ensino ldquomas na

questatildeo central da formaccedilatildeo do homemrdquo (VEIGA 1988)

Neste contexto vai se reivindicar uma escola puacuteb lica do t ipo uacutenica para todos

pois eacute um a educ accedilatildeo q ue s e pr eocupa e s e c ompromete c om os i nteresses do hom em das

camadas mais desfavorecidas economicamente Caberia ao professor trabalhar no sentido de ir

aleacutem dos meacutetodos e teacutecnicas procurando associar escola-sociedade teoria-praacutetica conteuacutedo-

forma teacutecnico-poliacutetico ensino-pesquisa

O pensamento pedag oacutegico s ocialista f ormou-se no s eio do m ovimento popul ar

pela democratizaccedilatildeo do ens ino opondo-se agrave c oncepccedilatildeo burguesa de educaccedilatildeo com vistas agrave

transformaccedilatildeo social Na realidade trata-se de um a Pedagogia Criacutetica de inspiraccedilatildeo marxista

na proposta de que a educaccedilatildeo eacute o que se pode fazer do homem amanhatilde (GADOTTI 1995)

Embora al gumas de s uas cr iacuteticas se jam re levantes e m re laccedilatildeo ao t ecnicismo

neutralidade de meios e teacutecnicas didaacuteticas separaccedilatildeo conteuacutedosmeacutetodos fixaccedilatildeo de objetivos

educacionais ( pelos oacute rgatildeos da bur ocracia of icial) e a didaacutetica enquanto ldquoreceituaacuteriordquo s ustenta

uma ldquo visatildeo par cializada da educ accedilatildeo ao r eduzi-la agrave sua dimensatildeo soacutecio-poliacutetica negando a

especificidade do pedagoacutegicordquo (LIBAcircNEO 1986)

Entretanto no bojo destas diferentes abordagens emergiu tambeacutem uma outra

perspectiva q ue per passa a s demais c oncepccedilotildees m as q ue t em u ma es pecificidade pr oacutepria

naquilo que denominou-se paradigma do ldquo educadorrdquo constituindo-se no enfoque atual

O te rmo ldquo educadorrdquo s urgiu c om a t entativa c onstrutivista de r etomada do s er

professor na sua essecircncia buscando fazer uma mediaccedilatildeo entre o passado e o presente Neste

novo de lineamento o ldquo educadorrdquo eacute aq uele q ue educ a ( desenvolve a s f aculdades f iacutesicas

intelectuais e morais ndash instrui) ou ajuda no pr ocesso g lobal de desenvolvimento da c rianccedila e

faz do ato pedagoacutegico um ato poliacutetico no sentido de formaccedilatildeo da cidadania

O professor natildeo eacute nec essariamente um educador e este por seu turno natildeo eacute

necessariamente u m p rofessor ou pe ssoa c ulta ou l etrada m as q ue i mbuiacutedo de sse i deal

50

primeiro ensina a si mesmo e soacute depois se propotildee a ensinar os outros na perspectiva de que o

exemplo e a coerecircncia falam mais altos que os grandes discursos

Neste itineraacuterio eacute fundamental observar que a palavra ldquoeducaccedilatildeordquo proveacutem de dois

verbos de origem latina educere e educare A primeira etimologia a mais tradicional vincula-se

a compreensatildeo de que educar seria tirar de dentro extrair desvelar aquilo que estaacute no interior

da crianccedila do jovem do adulto Na segunda a raiz etimoloacutegica relaciona-se ao significado de

nutrir a mamentar c uidar a mar D o v erbo educare derivaram o s s ubstantivos educator

(educador) e educatrix (educadora) pois e ram a queles q ue a limentavam nutriam c riavam

amavam significando posteriormente ou tomando este sentido preparar iniciar-se no m undo

do conhecimento desenvolvimento

Educere tambeacutem conteacutem o verbo latino ducere que significa conduzir levar guiar

e o substantivo dux ndash aquele que conduz o chefe ou o g eneral Portanto a educaccedilatildeo torna-se

um processo criador e condutor em virtude de hav er algueacutem que ama e nut re na j ornada De

forma que o proacuteprio sentido de educaccedilatildeo conteacutem o significado de educador

Subjacente a es te processo e complementar ao sentido das palavras educaccedilatildeo

e educ ador e staacute o t ermo pr ofessor designando aq uele q ue ens ina ou ministra aul as N o

entanto etimologicamente a palavra ldquoprofessorrdquo origina-se do verbo latino profiteri que significa

declarar-se fazer uma declaraccedilatildeo confessar ou dar a conhecer mas que tambeacutem conteacutem em

sua raiz a palavra professio ndash profissatildeo ato de professar os votos religiosos no ingresso a uma

ordem ou congregaccedilatildeo religiosa Entre outras palavras significava adotar um estilo um modo

de v ida pois a pr ofissatildeo do s v otos e stava r elacionada ao c ompromisso de pr ofessar u ma

religiatildeo dentro das normas e regras desta ordem ou congregaccedilatildeo

Destas referecircncias infere-se que ser professor em sua origem era uma profissatildeo

que ex igia na m aior parte da s v ezes p rofessar c onfessar declarar u ma e scolha ldquoreligiosardquo

cujo papel exigia uma dedicaccedilatildeo integral agrave ldquodeterminada tarefa ou forma de v idardquo (ROSSATO

2002 p 89)

ldquoNo comeccedilo portanto professor era aquele que s e identificava por um modo de v ida proacuteprio e que t inha u m e stilo pr oacuteprio de v iver H avia pois u ma i dentidade ent re profissatildeo e vida e professor era aquele que tinha uma doutrina proacutepria e oferecia algo de novo aos seus alunos formando disciacutepulos e seguidores () Somente mais tarde passou-se a ac eitar e des ignar c omo pr ofessor t odo aquel e que s e dedi cava ao ensinordquo (ROSSATO 2002 p 90)

Para o autor embora os pedagogos gregos ou Impeacuterio Romano de certa forma

jaacute exercessem e ste papel ldquopode-se di zer q ue s omente c om o s urgimento das universidades

medievais eacute q ue s e c onsolidou a i magem do pr ofessor c omo f igura c entral do pr ocesso

educativordquo pois a ldquo proacutepria or igem do t ermo eacute bas eada e m a lgo ex tremamente c orrente no

51

mundo medieval a profissatildeo religiosardquo (p 88) Daiacute a expressatildeo comum que foi utilizada durante

muito t empo po r pessoas puacuteblicas c omo o s poliacuteticos m as no s entido pej orativo de q ue o

ldquomagisteacuterio eacute um sacerdoacuteciordquo ou seja uma profissatildeo de feacute de abnegaccedilatildeo de altruiacutesmo Poreacutem

o pr oacuteprio aut or nos pergunta t ambeacutem s e natildeo s eria m ais a dequado des ignar c omo pr ofessor

aquele que constroacutei uma visatildeo proacutepria de mundo e diz sua palavra sobre o mundo

Neste contexto haacute muito tempo atraacutes Rubens Alves (1984) jaacute havia assinalado

que o ldquo educadorrdquo pelo m enos no i deal de s ua i maginaccedilatildeo habita um m undo e m q ue a

interioridade faz uma diferenccedila em virtude das pessoas se definirem por suas visotildees paixotildees

esperanccedilas e horizontes utoacutepicos

Assim embora este paradigma tenha ganhado a sua ecircnfase na segunda metade

do seacuteculo XX [Escola Nova Humanismo Cristatildeo Poliacuteticas Puacuteblicas (LDB 402461) Psicologia

Humanista Filosofia Claacutessica Moderna etc] cabe assinalar que o mesmo teve a sua tradiccedilatildeo no

mundo ant igo g anhando a s ua em ancipaccedilatildeo c om o m undo m edieval e na at ualidade f oi

retomado de f orma mais a mpla c omo c riacutetica ao pr ocesso de formaccedilatildeo pr ofissional e de

atuaccedilatildeo docente

Tendo como referecircncia este contexto procuramos trabalhar com os professores

envolvidos com o projeto ldquoO Comportamento Motor no Processo de Escolarizaccedilatildeo de Crianccedilas

no Ensino de E ducaccedilatildeo I nfantil e no E nsino Fundamentalrdquo considerando a realidade escolar

(projeto pedagoacutegico e reuniotildees pedagoacutegicas) mas tambeacutem o ser professor

A E MEIF ldquoPROFESSORA M ARIA A PPARECIDA D E L UCA M OORErdquo U M ESTUDO D E CASO ndash O TRABALHO DE CAMPO E SEUS RESULTADOS

Como f oi c olocado ant eriormente o objetivo des te es tudo es teve v inculado ao

trabalho com as professoras ldquoa profissionalidade docenterdquo [e auxiliaacute-las na (re)descoberta do

corpo priorizando o desenvolvimento motor] Poreacutem cabe registrar que para a coleta e anaacutelise

destes dados utilizamos uma abordagem qualitativa do t ipo estudo de caso com as teacutecnicas

documental r elatoacuterio da s p rofessoras s obre o t rabalho q ue f oi desenvolvido r elatoacuterio de u m

seminaacuterio c ientiacutefico e par ticipaccedilatildeo de um a parte das p rofessoras ( oito) num C ongresso de

Educaccedilatildeo O nuacutemero total de professoras envolvidas foi 25

52

Com relaccedilatildeo aos resultados obtidos cabe destacar

1 Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico da EMEIEF ldquoMaria Apparecida de Luca Moorerdquo

Nesta e scola a proposta pedag oacutegica or ganiza-se po r e ixos t emaacuteticos ( por

bimestre) colocando no centro deste processo a questatildeo do amor (em virtude de problemas de

violecircncia f iacutesica m aterial e s imboacutelica) s em apresentar a s istematizaccedilatildeo de um a c oncepccedilatildeo

pedagoacutegica T rata-se m uito m ais de u m slogan prepositivo o rganizado na f orma de q uatro

eixos temaacuteticos (apresentando estreita relaccedilatildeo com os PCNs)

- Quem ama conheci a si mesmo e exerce a cidadania

- Quem ama respeito o seu espaccedilo

- Quem ama valoriza o meio ambiente e a cultura

- Quem ama sonha e realiza

No geral embora estes eixos sejam interessantiacutessimos visando a transformaccedilatildeo

os m esmos natildeo m ereceram u ma at enccedilatildeo m aior c om re laccedilatildeo ao s eu pape l ldquo ocultordquo de

articulador do c urriacuteculo no P rojeto P oliacutetico P edagoacutegico (2002) e m v irtude de t erem s ido

construiacutedos num momento posterior a esse processo de el aboraccedilatildeo da pr oposta pedagoacutegica

Portanto c abe r essaltar q ue o pl anejamento c urricular e o pl anejamento de ens ino g ravitam

nesta oacuterbita devendo todo e q ualquer t rabalho desenvolvido na r eferida instituiccedilatildeo considerar

esta premissa

Com relaccedilatildeo ao Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico este apresenta uma proposta soacutecio-

poliacutetica visando situar a pessoa num processo de transformaccedilatildeo pessoal e coletiva no exerciacutecio

da cidadania tendo em vista sempre um processo construtivo e participativo da realidade que o

cerca

No q ue s e r efere agrave E ducaccedilatildeo F iacutesica es ta f icou v inculada agrave s a tividades de

movimento na educaccedilatildeo i nfantil t endo c omo m eta ldquo atraveacutes do m ovimento p ropiciar q ue a

crianccedila expresse emoccedilotildees e pensamentos ampliando as possibilidades do uso significativo de

gestos e pos turas co rporaisrdquo (L IMEIRA 2002 p 38) Neste contexto a pr oposta apr esentou

como habilidades e conteuacutedos a serem explorados conhecimento e controle corporal imagem

corporal expressatildeo corporal gestos e r itmos corporais miacutemicas dramatizaccedilatildeo e musicas de

rotina pantomimas j ogos e br inquedos g incanas j ogos co m re gras b rincadeiras de r oda

capacidades fiacutesicas (ou qualidades fiacutesicas) enfim vivenciar o movimento corporal Em relaccedilatildeo

agraves primeiras seacuter ies do e nsino f undamental a E ducaccedilatildeo F iacutesica s ugere ldquo proporcionar aos

alunos condiccedilotildees para a c onstruccedilatildeo de u m repertoacuterio de at ividades em que ela possa usar e

ampliar o s m ovimentos co rporais t anto e m s ituaccedilatildeo de expressatildeo q uanto e m a tividades

53

esportivasrdquo (p 38) A ecircnfase desta compreensatildeo iraacute propor atividades e conteuacutedo quais sejam

o conhecimento sobre o corpo movimentos corporais livres e dirigidos lateralidade jogos com

regras l ateralidade e sportes l utas g inaacutestica a tividades r iacutetmicas e ex pressivas e quiliacutebrio

coordenaccedilatildeo viso-motora

Poreacutem cabe ressaltar que embora haja este planejamento o corpo docente tem

consciecircncia de que natildeo sabe como empreender a atividade fiacutesica na escola pois reconhece as

deficiecircncias em sua formaccedilatildeo profissional e natildeo tem ideacuteia de como solucionaacute-la (PELLEGRINI

et al 2003)

2 Relatoacuterios d as p rofessoras E MEIEF ldquoMaria A pparecida d e Luca M oorerdquo sobre o trabalho desenvolvido

No trabalho de intervenccedilatildeo realizado foi diagnosticado pelas docentes que

ldquoOs p lanos e laborados pela UNESP embora natildeo t enham s ido s eguidos agrave r isca auxiliaram bastante as professores fornecendo ideacuteias muito interessante e di ferentes no trabalho com a educaccedilatildeo motora11

Os alunos demonstraram muito interesse em participar das atividades e muitas vezes pediam que as brincadeiras mais interessantes fossem repetidas como por exemplo o alongamento dos bichos As a tividades p ropostas necessitaram de adapt accedilatildeo no dec orrer do ano l etivo principalmente em r elaccedilatildeo ao tempo de dur accedilatildeo da s mesmas (muitas a tividades inclusive necessitaram ser trabalhadas por mais de uma aula) pois a classe atendida no primeiro ano de e scolaridade possuiacutea bas tante di ficuldade de ent endimento de regras e i nstruccedilotildees (comandos e t arefas f orma a s a tividades m ais d ifiacuteceis principalmente nos grupos com maiores dificuldades)rdquo Podemos observar que algumas crianccedilas melhoraram no desenvolvimento motor e na atenccedilatildeo e percepccedilatildeordquo (LIMEIRA 2003a p1-2 ndash o grifo eacute nosso)

Em outro relatoacuterio a s p rofessoras das t erceiras e q uartas seacute ries apresentaram

uma apreciaccedilatildeo dos pontos positivos e negativos deste trabalho apontando tambeacutem subjacente

a este processo as reflexotildees que faziam no exerciacutecio da docecircncia

ldquominus Aspectos que influenciaram o desenvolvimento das aulas

1 Pontos positivos

bull Elaboraccedilatildeo dos planos de aula pela equipe da UNESP conteuacutedo objetivo material e des envolvimento de c ada at ividade f iacutesica s uprimindo um a nec essidade do s professores (por falta de formaccedilatildeo especiacutefica nessa aacuterea)

bull Os planos de aula nos fizeram perceber que mesmo sem o conhecimento especiacutefico dessa aacuterea jaacute desenvolviacuteamos algumas atividades contemplando esses conteuacutedos

bull Esses p lanos de aul a no s l evaram a r efletir s obre no ssa pr aacutetica r eavaliando-as e tornando-as mais especiacuteficas e natildeo mais tatildeo recreativas somente

bull Durante o desenvolvimento da s aulas noacutes p rofessores nos deparamos co m a s nossas proacuteprias dificuldades em relaccedilatildeo agraves habilidades necessaacuterias para desenvolvecirc-las obrigando-nos a superaacute-las

11 - O grifo eacute nosso

54

bull Maior envolvimento e participaccedilatildeo dos alunos

bull Foi descoberto atraveacutes dessas aulas que a nossa instituiccedilatildeo jaacute possuiacutea um grande acesso a m ateriais que poder iam s er u tilizados e m nossa pr aacutetica e que noacute s desconheciacuteamos

bull Trabalhando c om v aacuterios grupos pudemos perceber e r espeitar d iferentes habilidades e limites de cada aluno

2 Pontos negativos

bull Apesar de a escola ser grande os espaccedilos onde as aulas foram desenvolvidas natildeo satildeo adequados Exemplo a quadra natildeo eacute coberta portanto exposta agraves maacutes condiccedilotildees climaacuteticas o paacutet io que eacute coberto estaacute disponiacutevel em poucas horas do dia por ter um tracircnsito fluente de alunos ou natildeo diariamente

bull O envolvimento da equipe natildeo foi total

bull Os m ateriais u tilizados nas aulas natildeo es tavam organizados p rejudicando assim o desenvolvimento das aulas

bull Por a tendermos m uitos g rupos alguns horaacuterios f oram p rejudicados em v irtude de serem proacuteximos aos horaacuterios de entrada recreio e outras atividades da escola

()

minus Consideraccedilotildees finais

Foi de extrema importacircncia termos esses planos de aula em matildeo pois a partir deles pudemos exercitar a nossa criatividade fazendo algumas modificaccedilotildees adaptando-os agraves reais necessidades de cada grupo

Pudemos perceber pela troca de experiecircncias entre os profissionais envolvidos que a discussatildeo e es tabelecimento de regras p reacutevias f acilitou o des envolvimento do trabalho bem como a aceitaccedilatildeo e envolvimento dos alunos

()

Houve ta mbeacutem r elatos de mudanccedilas de c omportamento por parte de m uitos professores em relaccedilatildeo ao pr oacuteprio corpo na aceitaccedilatildeo de s eus limites e valorizaccedilatildeo de suas proacuteprias habilidades

Sugestotildees ndash

()

bull Que a e scola reorganize os materiais que seratildeo utilizados no desenvolvimento das aulas s endo ac omodados e m l ocal adequado e de f aacutecil a cesso ao s p rofessoresrdquo (LIMEIRA 2003b p1-4 ndash o grifo eacute nosso)

Acreditamos q ue o t rabalho pr incipal c onsistiu e m l evar e stas p rofessoras a

acreditarem q ue poder iam f azer o q ue hav ia s ido pr oposto i r a leacutem dos limites c onhecidos

acreditar que poderiam fazer ldquoalgo a maisrdquo do que jaacute faziam superar a ineacutercia que ronda toda e

qualquer profissatildeo com o passar dos anos enfim que as mesmas tinham capacidade mas que

seria fundamental que primeiro saiacutessem de suas couraccedilas enfrentassem o desafio do ldquo novordquo

em relaccedilatildeo aos conteuacutedos de Educaccedilatildeo Fiacutesica e r efletissem sobre o exerciacutecio da doc ecircncia na

sala de aul a buscando s uperar o m ito da al egoria da c averna F oi o q ue ac onteceu na s

entrelinhas do relato apresentado quando se colocou que esses ldquoplanos de aula nos levaram a

refletir sobre no ssa pr aacutetica reavaliando-as e t ornando-as m ais e speciacuteficasrdquo q ue ldquo noacutes

professores nos deparamos co m a s nossas p roacuteprias d ificuldades e m re laccedilatildeo agrave s habilidades

55

necessaacuterias para des envolvecirc-las obrigando-nos a s uperaacute-lasrdquo q ue o s ldquo planos de aul a no s

fizeram perceber que mesmo sem o conhecimento especiacutefico dessa aacuterea jaacute desenvolviacuteamos

algumas a tividades c ontemplando e sses c onteuacutedosrdquo E m re sumo houve ldquomudanccedilas de

comportamento por parte de m uitos professores em relaccedilatildeo ao proacuteprio corpo na aceitaccedilatildeo de

seus limites e valorizaccedilatildeo de s uas proacuteprias habilidadesrdquo e ldquomaior envolvimento e participaccedilatildeo

dos a lunosrdquo ndash em v irtude de q ue as p rofessoras ldquo trabalhando com vaacuterios g rupos pudemos

perceber e respeitar diferentes habilidades e limites de cada alunordquo

3 Relatoacuterio do I Seminaacuterio de Desenvolvimento M otor ldquoO COMPORTAMENTO MOTOR NA EDUCACcedilAtildeO BAacuteSICArdquo

No s egundo s emestre e m outubro f oi desenvolvido o ldquo I S eminaacuterio de

Desenvolvimento M otor o C omportamento M otor na E ducaccedilatildeo B aacutesicardquo p romovido pel a

UNESPRio Claro N uacutecleo de E nsino ndash Campus Rio Claro D epartamento de E ducaccedilatildeo

LABORDAM ndash Departamento de E ducaccedilatildeo Fiacutesica e E MEIEF Profa Maria Apparecida de

Luca Moore de LimeiraSP

O objetivo do seminaacuterio foi reunir professores e estudantes da aacuterea da Educaccedilatildeo

Baacutesica e da E ducaccedilatildeo F iacutesica t endo c omo f oco de di scussatildeo o des envolvimento m otor o

processo de alfabetizaccedilatildeo e a profissionalidade docente

O seminaacuterio ocorreu no A nfiteatro da B iblioteca da UNESP com a par ticipaccedilatildeo

de 75 pe ssoas entre pr ofessores e es tudantes q ue ac ompanharam u ma pr ogramaccedilatildeo q ue

durou o di a i nteiro abrangendo entrega do m aterial do s eminaacuterio s essatildeo de aber tura

apresentaccedilatildeo dos participantes conferecircncia (Prof Dr Osvaldo L Ferraz - USP) mesa-redonda

ndash ldquoO desenvolvimento motor no processo de alfabetizaccedilatildeordquo (Profa Adriana Ijano Motta e Profa

Vera L A Pinheiro - EMEIEF MALM Profa Dra Ana Maria Pellegrini UNESPDEF-RC Profa

Dra Maria Ceciacutelia de O Micotti UNESPDE-RC Prof Dr Francisco Rosa Neto ndash UESC e Prof

Dr Osvaldo Luis Ferraz - USP) almoccedilo debate sobre ldquo O desenvolvimento motor no processo

de alfabetizaccedilatildeordquo intervalo para cafeacute relato de experiecircncias e sessatildeo de encerramento Cabe

ressaltar que na v eacutespera do s eminaacuterio houve tambeacutem uma of icina com o Prof Dr Francisco

Rosa N eto ndash UESC s obre av aliaccedilatildeo m otora par a pr ofessores e stagiaacuterios e c olaboradores

ligados ao Projeto de Limeira

Ao t eacutermino da pr ogramaccedilatildeo f oram entregues o s ce rtificados e r ecolhidos o s

questionaacuterios de avaliaccedilatildeo entregues com o material do seminaacuterio no periacuteodo da manhatilde tendo

entre os participantes as 25 professoras da escola envolvidas no projeto Este se constitui num

momento oportuno de integraccedilatildeo na relaccedilatildeo universidade-comunidade promoccedilatildeo humana e de

resgate da auto-estima de um grupo de professoras que se sentiram valorizadas e respeitadas

56

4 Participaccedilatildeo no C ongresso d e E ducaccedilatildeo ndash EDUCACcedilAtildeO Agrave F RATERNIDADE U M CAMINHO P OSSIacuteVELrdquo p romovido pe lo M ovimento H umanidade nos d ias 20 e 21 d e setembro de 2003 em Vargem Grande Paulista-SP

Na participaccedilatildeo a es te evento que teve como tema central a proposta da Profa

Dra Chiara Lubich (2001) as reflexotildees realizadas aparecem no relatoacuterio que seraacute apresentado

a seguir em que novamente se encontram os valores da profissionalidade docente e parte dos

valores de um curriacuteculo oculto eou do proacuteprio projeto pedagoacutegico presente na descriccedilatildeo

ldquo- O primeiro ponto importante a ser descrito retrata a recepccedilatildeo Havia uma recepccedilatildeo por parte dos organizadores que em muito diferia das recepccedilotildees de capacitaccedilotildees que jaacute par ticipamos O s encarregados da recepccedilatildeo a f izeram de t al f orma que no s sentimos muito bem vindas

- Outro as pecto i mportante f oi o formato o t empo do C ongresso O s encontros e relatos e ram i ntercalados por periacuteodos l ongos de i ntervalo Essa es trutura no s possibilitou uma r eflexatildeo m ais p rofunda c alma e detalhada s obre aqu ilo que estaacutevamos ouvindo vivendo O proacuteprio local incitava paz tranquumlilidade

Em relaccedilatildeo agraves ideacuteias d iscutidas acerca do pens amento da pedagoga i taliana Chiara Lubich a fraternidade o amor a importacircncia dos aspectos afetivos e mesmo espiritual na r elaccedilatildeo ens ino-aprendizagem P udemos observar algumas se melhanccedilas com o trabalho que jaacute realizamos em nossa Unidade Escolar

- O tratamento ecumecircnico das questotildees espirituais

- Jaacute t emos uma pr aacutetica de bu sca i ncessante e m c ativar e env olver o s a lunos para trazecirc-los mais proacuteximos da escola e tambeacutem de nosso Projeto Quem ama cuida

- A t entativa de par ticipar da construccedilatildeo do c onhecimento da s cr ianccedilas de m aneira afetuosa e prazerosa

- Desenvolvemos u m c onjunto de accedilotildees que v isam desenvolver a aut o-estima do s alunos

- Nossa insistecircncia de levar os alunos a refletirem sobre ser cidadatildeos solidaacuterios

- A reflexatildeo sobre a U nidade a busca constante de identificar quais aspectos da vida escolar nos aproxima como profissionais e como pessoas

- Como profissionais avaliamos que o C ongresso como um todo tinha uma forma e uma di scussatildeo s obre o am or m uito nov a par a noacutes Im portante per ceber que haacute intelectuais p reocupados e m sistematizar e xperiecircncias e c onhecimento num a aacuter ea onde t radicionalmente s e t em mu ito pr econceito o am or a af etividade T ambeacutem pudemos perceber quais aspectos precisariacuteamos repensar em nossa praacutetica e mesmo em nossa vida

Outros pontos que julgamos importantes e diferentes das capacitaccedilotildees que em geral participamos

- Palestrantes que di scutiam s eu c onhecimento e s uas i deacuteias partindo daqu ilo que realmente somos das nossas limitaccedilotildees como humanos e profissionais

- A possibilidade de perceber que muitas pessoas estatildeo preocupadas em buscar uma compreensatildeo maior do mundo e da s relaccedilotildees que estabelecemos com ele e c om as pessoasrdquo [LIMEIRA 2003c p1-2 ndash o grifo eacute nosso]

O q ue s e pode obs ervar na q uestatildeo da f ormaccedilatildeo pr ofissional docente

continuada o pr ofessor p recisa de t empo par a r efletir e natildeo daacute par a di ssociar o ex erciacutecio

profissional de s ua v ida pr ivada e mbora es te natildeo s eja o obj etivo m as eacute f undamental u m

57

trabalho que envolva esta totalidade Neste contexto registra-se por parte destas professoras e

da escola a preocupaccedilatildeo com as crianccedilas (obrigaccedilatildeo moral) o envolvimento das professoras

com a e scola e co m a c omunidade ( compromisso c om a c omunidade) e o f ato de s erem

educadoras

No g eral o q ue s e obs ervou e m re laccedilatildeo agraves p rofessoras dessa escola no q ue

tange a profissionalidade docente ndash quer seja pela convivecircncia das reuniotildees pedagoacutegicas quer

seja por ocasiatildeo da reuniatildeo cientiacutefica ou congresso quer seja durante o t rabalho desenvolvido

na escola ou mesmo pelos relatos apresentados ndash que estas professoras estatildeo preocupadas

com os escolares tambeacutem possuem uma determinada cumplicidade com a escola e com a sua

direccedilatildeo E sta r elaccedilatildeo f ica c lara na e scola p rincipalmente ent re a s docentes q ue natildeo s atildeo

passageiras na i nstituiccedilatildeo de u m ano par a o out ro H aacute t ambeacutem o c ompromisso ent re a s

docentes em particular por parte da direccedilatildeo com a proacutepria capacitaccedilatildeo do coletivo E ainda na

resoluccedilatildeo dos problemas que afligem a populaccedilatildeo frequumlentadora da escola no que diz respeito

a violecircncia domeacutestica excesso de agressividade entre os alunos orientaccedilatildeo e conscientizaccedilatildeo

dos pais entre out ros P ode-se di zer q ue haacute c ultivo v irtuoso de um a m oral dos ldquo bons

costumesrdquo do exerciacutecio da cidadania na dimensatildeo de ldquofaccedila aos outros aquilo que vocecirc gostaria

que fizesse a vocecircrsquo e ldquonatildeo faccedila aos outros aquilo que vocecirc gostaria que natildeo fizesse com vocecircrdquo

constituindo-se num grande preluacutedio de uma educaccedilatildeo para a paz

CONCLUSAtildeO E M B USCA D A PR OFISSIONALIDADE D OCENTE O U CO MO ldquo CULTIVARldquo JEQUITIBAacuteS NO LUGAR DE EUCALIPTOS

ldquoNatildeo s ei c omo pr eparar o educ ador T alvez i sto natildeo s eja ne m necessaacuterio nem possiacutevel Eacute necessaacuterio ac ordaacute-lo E a iacute aprenderemos que educ adores natildeo s e extinguiram c omo t ropeiros e c aixeiros P orque ta lvez nem t ropeiros e c aixeiros tenham desaparecidos m as permaneccedilam como m emoacuterias de um passado que es taacute mais proacuteximo do no sso futuro que ont em Basta que o c hamemos do seu sono por um ato de amor e coragem E talvez acordados repetiratildeo o milagre da instauraccedilatildeo de novos mundosrdquo (ALVES 1984 p 26)

A reflexatildeo ora apresentada buscou evidenciar os paradigmas que tecircm norteado

a at uaccedilatildeo doc ente c olocando e m q uestatildeo o s s aberes q ue datildeo l egitimidade agrave pr aacutetica

pedagoacutegica Vive-se u m mo mento de m udanccedilas e a f ormaccedilatildeo de pr ofessores natildeo pa ssa

desapercebida havendo um a g rande pr eocupaccedilatildeo e m delimitar me lhor o per fil desse

profissional

Natildeo se pode i gnorar a ldquo cavernardquo que acabou se tornando a no ssa sala de aul a

em virtude das sombras que foram projetadas sobre ela decorrentes da onda de v iolecircncia de

todos o s t ipos q ue s e abat eu s obre a s ociedade e do m odelo de e scola-fabril q ue natildeo s e

justifica mais

58

No v eacutertice de ssa di scussatildeo es taacute a e scola m as co mo c entro de f ormaccedilatildeo

humana e xigindo um a nov a c onfiguraccedilatildeo de r elaccedilotildees so ciais i nterpessoais m as t ambeacutem

curricular e pedagoacutegica Propotildee-se que no centro deste novo processo estejam o professor e o

aluno m as q ue t ambeacutem f accedilam parte da r ealidade e scolar a c omunidade l ocal e a s f orccedilas

produtivas da s ociedade O p rojeto pol iacutetico pedag oacutegico a s er e laborado bem c omo o s

diferentes projetos temaacuteticos prescinde deste conjunto orgacircnico

A escola e as demais instituiccedilotildees natildeo podem mais ser vistas apenas como uma

linha de m ontagem do hom em do s istema Embora possa haver a r eproduccedilatildeo haacute t ambeacutem a

contra-reproduccedilatildeo cada vez que superamos a nossa ineacutercia e mudamos o contexto de nossas

aulas dos relacionamentos enfim por causa daquilo que a escola eacute e natildeo do que tem sido

A f ormaccedilatildeo i nicial e c ontinuada s atildeo dua s r ealidades d istintas e ao m esmo

tempo inseparaacuteveis Pensar a formaccedilatildeo do professor significa ter bem claro que tipo de homem

queremos f ormar q ue t ipo de m undo q ueremos habitar q ue t ipo de s ociedade q ueremos

construir Esta exige uma reflexatildeo constante daquilo que fazemos de nossa histoacuteria de nossas

contradiccedilotildees de no ssas descobertas e p rincipalmente de no ssa s ocializaccedilatildeo enq uanto

professores (educadores)

Somos u ma ldquo profissatildeordquo e m c onstruccedilatildeo e o s nossos cu rriacuteculos e spelham e sta

realidade ao apr esentarem um conjunto de c onhecimentos disciplinares fragmentados Natildeo se

justifica m ais t rabalhar por c ompartimentos pois necessitamos t rabalhar e m r ede e m e ixos

temaacuteticos que visem a perspectiva da unidade na diversidade dos conhecimentos

Neste contexto se poder ia perguntar a inda quem eacute o pr ofessor na ordem das

coisas Para noacutes eacute um ldquoeducador profissionalrdquo que passa por um sistema de formaccedilatildeo formal e

que continua nesse processo ao longo de sua vida Poreacutem imbuiacutedo de uma perspectiva utoacutepica

natildeo deixa que ldquoo mito da cavernardquo o asfixie pois compartilha o seu sonho com outras pessoas

transformando-o e m r ealidade E sta eacute a pr oposta da ESCOLA D E L IMEIRA buscando na s

etapas da profissionalidade docente e num trabalho coletivo e de par ceria natildeo se tornar uma

faacutebrica de eucaliptos mas uma plantaccedilatildeo de jequitibaacutes

Agradecimentos ao corpo docente e discente da EMEIEF ldquoProfa Maria Apparecida de Luca Moorerdquo pela participaccedilatildeo

59

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ALVES R Conversas com quem gosta de ens inar 10 ed Satildeo Paulo Cortez EditoraAutores Associados 1984

CAMBI F Histoacuteria da pedagogia Satildeo Paulo Editora UNESP 1999 701p

CONTRERAS J A autonomia de professores Satildeo Paulo Cortez 2002

FERNANDES R Of iacutecio de pr ofessor o f im e o c omeccedilo do s paradigmas In C ONGRESSO LUSO-BRASILEIRO DE HISTOacuteRIA DA EDUCACcedilAtildeO Praacuteticas Educativas Culturas Escolares e Profissatildeo Docente 2 1998 Satildeo Paulo Anais p 1-20

GADOTTI M Histoacuteria das ideacuteias pedagoacutegicas 3ordf ed Satildeo Paulo Aacutetica 1995

LIMEIRA ( EMEIEF P rofa M aria A pparecida de Luc a M oore) R elatoacuterio da pr ofessoras das primeiras seacuteries (manuscrito) Limeira UNESPRC - Projeto Nuacutecleo de Ensino 2003a 1p

LIMEIRA ( EMEIEF P rofa M aria A pparecida de Luc a M oore) R elatoacuterio da pr ofessoras das terceiras e quartas seacuteries (manuscrito) Limeira UNESPRC - Projeto Nuacutecleo de Ensino 2003b 4p

LIMEIRA ( EMEIEF P rofa M aria A pparecida de Luc a M oore) R elatoacuterio de P articipaccedilatildeo no Congresso de Educaccedilatildeo ndash EDUCACcedilAtildeO A F RATERNIDADE U M C AMINHO P OSSIacuteVEL (manuscrito) Limeira UNESPRC - Projeto Nuacutecleo de Ensino 2003c 2p

LIMEIRA ( EMEIEF P rofa M aria A pparecida de Luc a M oore) P rojeto P oliacutetico P edagoacutegico (manuscrito) Limeira EMEIEF Profordf M aria Apparecida de Luca Moore 2002 132p

LUBICH C Aula magna para o doutorado honoris causa em Pedagogia Universidade Catoacutelica de Washington EUA 2001

MACHADO L M M ercado g lobal a es finge do pr esente In S ILVA J r C A ( Org) O profissional formado por seu curso estaacute preparado para as exigecircncias da nova ordem mundial Satildeo Paulo Pro-Reitoria de Graduaccedilatildeo da UNESP 1996 p 91-106 (VI Circuito PROGRAD)

PELLEGRINI A M S OUZA N ETO S BENITES L C VEIGA M e M OTTA A I O Comportamento Motor no processo de e scolarizaccedilatildeo buscando soluccedilotildees no contexto escolar para a al fabetizaccedilatildeo In Wilson Galego e Aacutelvaro Guedes Cadernos do Nuacutecleo de Ensino Satildeo Paulo SP UNESP ndash PROGRAD 2003 p271-284

PIMENTA S G F ormaccedilatildeo de pr ofessores ndash saberes da docecircncia e i dentidade do pr ofessor Nuances Presidente Prudente vol III setembro pp 5-13 1997

ROSSETO R Etimologias e saberes Espaccedilo Pedagoacutegico v 9 n 2 p86-89 dez2002

SAVIANE D Os saberes implicados na formaccedilatildeo do educador IV Congresso Estadual Paulista sobre formaccedilatildeo de Educadores Aacuteguas de Satildeo Pedro SP UNESP 1996

SCHOumlN D A Formar p rofessores co mo pr ofissionais r eflexivos In N OacuteVOA A ( Org) Os professores e a sua formaccedilatildeo Lisboa Don Quixote 1992 pp 77-92

SOUZA N ETO S A f ormaccedilatildeo i nicial e c ontinuada o s s aberes docentes In C ongresso de Educaccedilatildeo E ducaccedilatildeo a f raternidade u m c aminho po ssiacutevel C entro Mariaacutepolis Ginetta promovido pel o M ovimento H umanidade N ova de 20 a 21 de s etembro de 2003 V argem Grande Paulista Movimento Humanidade Nova 2003 12p

TARDIF M Saberes docentes e formaccedilatildeo profissional Petroacutepolis RJ Vozes 2002

60

Page 2: Boletim ef.org a-profissionalidade-docente-em-questao

O PROFESSOR E A EDUCACcedilAtildeO BAacuteSICA INTRODUCcedilAtildeO AO PROBLEMA DE ESTUDO ldquoNo que s e refere ao t rabalho com os docentes e outros profissionais da escola dois tipos de r esistecircncias f icam e videnciados N um p rimeiro m omento a r esistecircncia er a relativa agrave v alorizaccedilatildeo do c orpo no pr ocesso de e scolarizaccedilatildeo c om a t radicional valorizaccedilatildeo das atividades cognitivas em detrimento das atividades fiacutesicas Ao final do processo de i ntervenccedilatildeo quando os dados f oram apresentados socializados com a equipe da e scola houve um impacto muito grande quanto agrave nec essidade de resolver os problemas no contexto da escola com uma mudanccedila de atividade quanto agrave relaccedilatildeo entre o pr oblema c ognitivo e o dom iacutenio do c orpo E ste s egundo m omento l evou o corpo docente agrave consciecircncia de que embora considere importante a atividade fiacutesica na escola ele natildeo s abe como empreendecirc-la Os professores reconheceram deficiecircncias em sua formaccedilatildeo profissional e natildeo tecircm ideacuteia de como solucionaacute-lardquo (PELLEGRINI et al 2003 p282)

A t ranscriccedilatildeo ac ima c orresponde ao t rabalho desenvolvido no pr imeiro ano do

Projeto ldquo O C omportamento M otor no P rocesso de E scolarizaccedilatildeo de C rianccedilas no E nsino de

Educaccedilatildeo Infantil e no E nsino Fundamentalrdquo Esta proposta teve o s eu iniacutecio no ano de 2002

na c idade de Li meira Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo numa escola de educ accedilatildeo infantil e

primeiras seacuteries do ens ino fundamental por solicitaccedilatildeo de al gumas professoras que es tavam

preocupadas co m a s d ificuldades de apr endizagem de s uas cr ianccedilas r elacionadas aos

problemas de coordenaccedilatildeo motora agressividade falta de atenccedilatildeo ordenaccedilatildeo

Nesta pr imeira f ase do pr ojeto f oi c onfirmado o di agnoacutestico apr esentado m as

tambeacutem foram identificados alguns limites da accedilatildeo docente nos levando a t rabalhar em duas

frentes na s egunda f ase no ano de 2003 A p rimeira f icou c oncentrada no t rabalho de

intervenccedilatildeo do c omportamento motor no processo de e scolarizaccedilatildeo e a out ra foi d irecionada

para se trabalhar com a capacitaccedilatildeo docente em serviccedilo atraveacutes de reuniotildees pedagoacutegicas e de

um seminaacuterio de desenvolvimento motor com a presenccedila de alguns especialistas

O tr abalho q ue or a s eraacute apr esentado di z r espeito a es ta s egunda f ase

denominado por noacutes de ldquo profissionalidade docenterdquo em que se busca trabalhar o exerciacutecio da

profissatildeo docente e os limites encontrados na accedilatildeo dos professores Portanto trata-se mais de

uma reflexatildeo com base e m alguns dados encontrados no t rabalho de c ampo bem como de

uma mediaccedilatildeo com as concepccedilotildees de ensino que subsidiam as propostas de sala de aula

Profissionalidade eacute o termo utilizado para designar ldquoo modo de resgatar o que de

positivo t em a i deacuteia de pr ofissional no c ontexto da s f unccedilotildees i nerentes ao t rabalho doc enterdquo

abarcando trecircs dimensotildees

- obrigaccedilatildeo moral ndash tendo como componentes a preocupaccedilatildeo com o bem estar dos a lunos e c om a eacutet ica perpassando a s r elaccedilotildees de af etividade e motividade

- compromisso c om a c omunidade ndash estabelecendo i nicialmente c om o s professores e a s eguir c om a s ociedade c omo u m t odo i ntervenccedilatildeo no s problemas sociais e pol iacuteticos e compreendendo a e scola como um local de

46

preparaccedilatildeo par a a vida f utura c omo ag ente r egulador da s ociedade (liberdade igualdade justiccedila)

- competecircncia profissional ndash transcende o domiacutenio de hab ilidades e teacutecnicas e emerge a partir da interaccedilatildeo entre a obrigaccedilatildeo moral e o compromisso com a comunidade (CONTRERAS 2002 p 73)

Poreacutem para q ue e sse di mensionamento oc orra haacute a ex igecircncia de q ue s e

enfrente o des afio da m udanccedila e m t recircs n iacuteveis o da s m entalidades das p raacuteticas e do s

compromissos

ldquoPor mentalidade quero significar a maneira de pensar julgar e agir ()

O desafio das praacuteticas significa tornar as vivecircncias e experiecircncias objetos de anaacutelise e reflexatildeo E m geral natildeo haacute pr eocupaccedilatildeo c om o c ontexto e m que s atildeo c onstruiacutedas e consolidadas as nossas p raacuteticas em outras palavras natildeo reconstruiacutemos a t rajetoacuteria histoacuterica da nossa praacutetica

Finalmente o des afio do c ompromisso s ignifica t ransitar do di scurso par a a accedil atildeo articular o r eal possiacutevel e o i deal destruir a s f antasias que c ercam o m undo do s planejamentos e pr ogramas gestar e ge rir p ropostas c apazes de di alogar c om a s praacuteticas e as realidades resgatar o sentido do planejar para a accedilatildeo () rdquo(MACHADO 1996 p 103-104)

Caso contraacuterio poderemos cair no velho reducionismo em que o lsquonovorsquo eacute sempre

melhor do que o lsquovelhorsquo e natildeo se respeita as experiecircncias bem sucedidas

Entretanto o que faz um professor

Em que universo habita

Como eacute formado

Em que contexto se daacute a socializaccedilatildeo da profissatildeo

Quais satildeo os nossos paradigmas

Um p rofessor ensina det erminados c onteuacutedos j ulgados significativos para s e

viver no grupo social orienta o processo ensino-aprendizagem dos alunos na sala de aula cria

ldquomundosrdquo estabelece uma mediaccedilatildeo entre a pessoa a realidade e a cultura tendo na docecircncia

a especificidade de s ua profissatildeo Profissatildeo esta que eacute c onstituiacuteda de det erminados saberes

(TARDIF 2002 PIMENTA 1997 SCHON 1992) que datildeo l egitimidade agrave accedil atildeo docente sendo

apreendidos num p rocesso f ormal de educ accedilatildeo q ue dev eraacute c ontinuar posteriormente na

forma de uma educaccedilatildeo permanente e de formaccedilatildeo continuada

Todavia natildeo haacute docecircncia sem discecircncia e da mesma forma natildeo haacute ensino sem

uma concepccedilatildeo de homem mundo e sociedade que se modifica de eacutepoca em eacutepoca segundo

os valores e necessidades de cada tempo emergindo desta constataccedilatildeo diferentes desenhos

para a sala de aula Dessa forma tendo a sala de aula como objeto de estudo o nosso objetivo

seraacute apont ar a lguns a spectos da pr ofissionalidade doc ente buscando av eriguar nas

47

perspectivas de ensino (concepccedilotildees ou dimensotildees) bem como no trabalho de campo com as

professoras desta escola alguns indicativos desta realidade

A S ALA D E A ULA O M ITO D A C AVERNA E A S C ONCEPCcedilOtildeES D E EN SINO9 ndash A PROFISSIONALIDADE DOCENTE VAI A ldquoJULGAMENTOrdquo

Pensar a s ala de aul a e o pape l do pr ofessor eacute c omo f azer u m e xerciacutecio de

reflexatildeo sobre ldquoO Mito da Cavernardquo narrado por Platatildeo (428-347) no livro VII de A Repuacuteblica

em que o f iloacutesofo-educador busca descrever a situaccedilatildeo geral da humanidade E o que ele vecirc

Que t odos noacutes e stamos c ondenados a v er s ombras agrave no ssa f rente e t omaacute-las co mo

verdadeiras N este c ontexto a ldquo cavernardquo c om s uas p inturas e es pectro s ombrio pode

representar a s nossas limitaccedilotildees m itos e f antasmas s ubjacentes agrave s ala de aul a q ue par a

serem superados precisam da ldquoluz ldquo De fato

ldquoHaacute doi s mundos O v isiacutevel eacute aquel e e m que a m aioria da hum anidade es taacute pr esa condicionada pel o lusco-fusco da c averna c rendo iludida que a s so mbras s atildeo a realidade O outro m undo o i nteligiacutevel eacute apanaacutegi o de alguns poucos O s que conseguem superar a ignoracircncia em que nasceram e rompendo com os ferros que os prendiam ao subterracircneo ergueram-se para a es fera da l uz em busca das essecircncias maiores do bem e do belordquo (SHILLING 2001)

Todavia o no sso g rande des afio es taria e m s uperar e stas i magens e spectro

que satildeo t omadas co mo v erdadeiras f ruto da i gnoracircncia e de no ssa i neacutercia D entro des te

contexto encontramos a sala de aul a com o seu repertoacuterio de m itos e fantasmas trazidos ora

pela s ituaccedilatildeo l ocal de des equiliacutebrio s ocial e or a pel os dogmatismos pedagoacutegicos q ue no s

fecham dentro de um profundo subterracircneo

Na s uperaccedilatildeo de no ssos m itos encontramos na l eitura de al guns paradigmas

relacionados ao pape l do pr ofessor t entativas e m d iferentes eacutepocas de s uperaccedilatildeo de ssa

situaccedilatildeo de ldquoignoracircnciardquo e ao mesmo tempo de constituiccedilatildeo dos saberes da profissatildeo docente

No pecircndul o da s ala de aul a em erge um a pr imeira abor dagem q ue v em do

paradigma do ldquomagisterrdquo10 nos remetendo a uma imagem de competecircncia do professor que eacute

portador de u m s aber s istematizado c onsagrando i nteiramente a s ua ex istecircncia par a um a

atividade de pr oduccedilatildeo e t ransmissatildeo de c onhecimentos na q ual constitui a f inalidade da s ua

atividade educativa Neste enfoque o valor central estaacute no saber que vale ldquoem si proacuteprio e por si

proacutepriordquo D e m odo q ue o pape l do pr ofessor c onsistiria e m desbloquear o ac esso ao s aber

mediante a observacircncia de uma exigecircncia rigorosa para consigo e para com os alunos em que

9O toacutepico ora apresentado teve como fonte de referecircncia os estudos desenvolvidos por SOUZA NETO (2003) no texto ldquoA formaccedilatildeo inicial e c ontinuada o s s aberes docentesrdquo apresentado e m o ficina pedagoacutegi ca no C ongresso de E ducaccedilatildeo E ducaccedilatildeo par a fraternidade um caminho possiacutevel realizado em Vargem Grande Paulista no periacuteodo de 20 a 21 de setembro de 2003 10Esta t erminologia f oi r etirada do es tudo de H eacutelegravene H irschhorn ( 1993) s obre o s paradigmas de c omportamento pr ofissional (magister pedagogo e ani mador) que foram apresentados no trabalho de Rogeacuterio Fernandes (1998) sobre ldquoOfiacutecio de professor o fim e o comeccedilo dos paradigmasrdquo

48

a competecircncia profissional estaria na capacidade para dominar o que se ensina (FERNANDES

1998)

Do questionamento ao s limites desta pr oposta s urgiu o paradigma do ldquo pedagogordquo que se entendido em toda a s ua extensatildeo estaacute relacionado aos meacutetodos ativos

de ens ino em que o al uno se t orna o su jeito da educ accedilatildeo e o pr ofessor o or ientador deste

processo E mbora p ossa par ecer s imples natildeo eacute m uito pel o c ontraacuterio pois s e ex ige q ue o

mesmo domine o conteuacutedo especiacutefico conheccedila a faixa etaacuteria de desenvolvimento dos alunos e

tenha uma grande fluecircncia com a metodologia de ensino

Cabe ressaltar que essa abordagem eacute consecutiva do reconhecimento de que o

aluno eacute o sujeito do conhecimento de que o pr ocesso de t ransmissatildeo do s aber eacute ao mesmo

tempo o da s ua aq uisiccedilatildeo N esta per spectiva a aprendizagem c onfere ao al uno u m

protagonismo central O a lvo da educ accedilatildeo jaacute natildeo eacute o s aber mas o proacuteprio aluno Neste novo

paradigma a instruccedilatildeo estaacute subordinada agrave educaccedilatildeo e o domiacutenio do saber natildeo eacute uma exigecircncia

predominante pois o essencial eacute a capacidade do professor de levar em conta as necessidades

do aluno prescindindo de um a formaccedilatildeo psicoloacutegica psicossocioloacutegica ou pedag oacutegica Muda-

se portanto a definiccedilatildeo da competecircncia profissional (FERNANDES 1998)

Uma terceira abordagem deste processo buscou superar a questatildeo do conteuacutedo

e do m eacutetodo propondo uma combinaccedilatildeo das duas propostas naquilo que denominou-se de o

paradigma do ldquo teacutecnicordquo Em tese o que se buscou foi uma melhor performance da eficaacutecia e

da eficiecircncia no processo de ensino tendo por meta gerar uma tecnologia educacional

Neste r eferencial o pont o de par tida f oram o s i nsucessos de um a pedag ogia

pautada apenas na t ransmissatildeo dos conteuacutedos ( transmissatildeo cultural) ou no es tabelecimento

de m eacutetodos ( forma) apresentando como opccedilatildeo a or ganizaccedilatildeo i nstrucional do conteuacutedo e da

forma numa uacutenica proposta de ensino

No pa radigma do t eacutecnico o pr ofessor s e t orna o executor dos objetivos

instrucionais das e strateacutegias de ens ino e da avaliaccedilatildeo es tabelecidas por u ma c omissatildeo de

especialistas r elacionados a um a dada aacuter ea de c onhecimento A ecircnfase r ecai no f ormalismo

didaacutetico dos planos elaborados segundo normas preacute-fixadas e no distanciamento entre teoria e

praacutetica N este enf oque o s c onteuacutedos c entram-se na or ganizaccedilatildeo r acional do pr ocesso de

ensino considerando-se o planejamento didaacutetico formal a elaboraccedilatildeo de materiais instrucionais

e a ut ilizaccedilatildeo de livros d idaacuteticos Portanto eacute o pr ocesso q ue det ermina o q ue pr ofessores e

alunos deveratildeo fazer e quando ndash e como o faratildeo

Nesta referecircncia em que predomina a teacutecnica de ensino a sua base de instruccedilatildeo

tem c omo pr essupostos a p sicologia c omportamental a i nstruccedilatildeo pr ogramada a t eoria da

49

comunicaccedilatildeo o pl anejamento f ormal ( previamente el aborado) e o s livros d idaacuteticos

(descartaacuteveis) D e f orma q ue o ens ino f ica c ondicionado agrave s ua di mensatildeo t eacutecnico-praacutetica da

praacutetica escolar sofrendo como nas outras abordagens questionamentos em virtude de seus

limites (VEIGA 1988)

Das criacuteticas efetuadas a esta proposta emergiu uma nova concepccedilatildeo centrada no

paradigma ldquo soacutecio-poliacuteticordquo da educaccedilatildeo Este questiona as outras referecircncias propondo que

o foco da educaccedilatildeo natildeo estaacute centrado no professor no aluno ou na teacutecnica de ensino ldquomas na

questatildeo central da formaccedilatildeo do homemrdquo (VEIGA 1988)

Neste contexto vai se reivindicar uma escola puacuteb lica do t ipo uacutenica para todos

pois eacute um a educ accedilatildeo q ue s e pr eocupa e s e c ompromete c om os i nteresses do hom em das

camadas mais desfavorecidas economicamente Caberia ao professor trabalhar no sentido de ir

aleacutem dos meacutetodos e teacutecnicas procurando associar escola-sociedade teoria-praacutetica conteuacutedo-

forma teacutecnico-poliacutetico ensino-pesquisa

O pensamento pedag oacutegico s ocialista f ormou-se no s eio do m ovimento popul ar

pela democratizaccedilatildeo do ens ino opondo-se agrave c oncepccedilatildeo burguesa de educaccedilatildeo com vistas agrave

transformaccedilatildeo social Na realidade trata-se de um a Pedagogia Criacutetica de inspiraccedilatildeo marxista

na proposta de que a educaccedilatildeo eacute o que se pode fazer do homem amanhatilde (GADOTTI 1995)

Embora al gumas de s uas cr iacuteticas se jam re levantes e m re laccedilatildeo ao t ecnicismo

neutralidade de meios e teacutecnicas didaacuteticas separaccedilatildeo conteuacutedosmeacutetodos fixaccedilatildeo de objetivos

educacionais ( pelos oacute rgatildeos da bur ocracia of icial) e a didaacutetica enquanto ldquoreceituaacuteriordquo s ustenta

uma ldquo visatildeo par cializada da educ accedilatildeo ao r eduzi-la agrave sua dimensatildeo soacutecio-poliacutetica negando a

especificidade do pedagoacutegicordquo (LIBAcircNEO 1986)

Entretanto no bojo destas diferentes abordagens emergiu tambeacutem uma outra

perspectiva q ue per passa a s demais c oncepccedilotildees m as q ue t em u ma es pecificidade pr oacutepria

naquilo que denominou-se paradigma do ldquo educadorrdquo constituindo-se no enfoque atual

O te rmo ldquo educadorrdquo s urgiu c om a t entativa c onstrutivista de r etomada do s er

professor na sua essecircncia buscando fazer uma mediaccedilatildeo entre o passado e o presente Neste

novo de lineamento o ldquo educadorrdquo eacute aq uele q ue educ a ( desenvolve a s f aculdades f iacutesicas

intelectuais e morais ndash instrui) ou ajuda no pr ocesso g lobal de desenvolvimento da c rianccedila e

faz do ato pedagoacutegico um ato poliacutetico no sentido de formaccedilatildeo da cidadania

O professor natildeo eacute nec essariamente um educador e este por seu turno natildeo eacute

necessariamente u m p rofessor ou pe ssoa c ulta ou l etrada m as q ue i mbuiacutedo de sse i deal

50

primeiro ensina a si mesmo e soacute depois se propotildee a ensinar os outros na perspectiva de que o

exemplo e a coerecircncia falam mais altos que os grandes discursos

Neste itineraacuterio eacute fundamental observar que a palavra ldquoeducaccedilatildeordquo proveacutem de dois

verbos de origem latina educere e educare A primeira etimologia a mais tradicional vincula-se

a compreensatildeo de que educar seria tirar de dentro extrair desvelar aquilo que estaacute no interior

da crianccedila do jovem do adulto Na segunda a raiz etimoloacutegica relaciona-se ao significado de

nutrir a mamentar c uidar a mar D o v erbo educare derivaram o s s ubstantivos educator

(educador) e educatrix (educadora) pois e ram a queles q ue a limentavam nutriam c riavam

amavam significando posteriormente ou tomando este sentido preparar iniciar-se no m undo

do conhecimento desenvolvimento

Educere tambeacutem conteacutem o verbo latino ducere que significa conduzir levar guiar

e o substantivo dux ndash aquele que conduz o chefe ou o g eneral Portanto a educaccedilatildeo torna-se

um processo criador e condutor em virtude de hav er algueacutem que ama e nut re na j ornada De

forma que o proacuteprio sentido de educaccedilatildeo conteacutem o significado de educador

Subjacente a es te processo e complementar ao sentido das palavras educaccedilatildeo

e educ ador e staacute o t ermo pr ofessor designando aq uele q ue ens ina ou ministra aul as N o

entanto etimologicamente a palavra ldquoprofessorrdquo origina-se do verbo latino profiteri que significa

declarar-se fazer uma declaraccedilatildeo confessar ou dar a conhecer mas que tambeacutem conteacutem em

sua raiz a palavra professio ndash profissatildeo ato de professar os votos religiosos no ingresso a uma

ordem ou congregaccedilatildeo religiosa Entre outras palavras significava adotar um estilo um modo

de v ida pois a pr ofissatildeo do s v otos e stava r elacionada ao c ompromisso de pr ofessar u ma

religiatildeo dentro das normas e regras desta ordem ou congregaccedilatildeo

Destas referecircncias infere-se que ser professor em sua origem era uma profissatildeo

que ex igia na m aior parte da s v ezes p rofessar c onfessar declarar u ma e scolha ldquoreligiosardquo

cujo papel exigia uma dedicaccedilatildeo integral agrave ldquodeterminada tarefa ou forma de v idardquo (ROSSATO

2002 p 89)

ldquoNo comeccedilo portanto professor era aquele que s e identificava por um modo de v ida proacuteprio e que t inha u m e stilo pr oacuteprio de v iver H avia pois u ma i dentidade ent re profissatildeo e vida e professor era aquele que tinha uma doutrina proacutepria e oferecia algo de novo aos seus alunos formando disciacutepulos e seguidores () Somente mais tarde passou-se a ac eitar e des ignar c omo pr ofessor t odo aquel e que s e dedi cava ao ensinordquo (ROSSATO 2002 p 90)

Para o autor embora os pedagogos gregos ou Impeacuterio Romano de certa forma

jaacute exercessem e ste papel ldquopode-se di zer q ue s omente c om o s urgimento das universidades

medievais eacute q ue s e c onsolidou a i magem do pr ofessor c omo f igura c entral do pr ocesso

educativordquo pois a ldquo proacutepria or igem do t ermo eacute bas eada e m a lgo ex tremamente c orrente no

51

mundo medieval a profissatildeo religiosardquo (p 88) Daiacute a expressatildeo comum que foi utilizada durante

muito t empo po r pessoas puacuteblicas c omo o s poliacuteticos m as no s entido pej orativo de q ue o

ldquomagisteacuterio eacute um sacerdoacuteciordquo ou seja uma profissatildeo de feacute de abnegaccedilatildeo de altruiacutesmo Poreacutem

o pr oacuteprio aut or nos pergunta t ambeacutem s e natildeo s eria m ais a dequado des ignar c omo pr ofessor

aquele que constroacutei uma visatildeo proacutepria de mundo e diz sua palavra sobre o mundo

Neste contexto haacute muito tempo atraacutes Rubens Alves (1984) jaacute havia assinalado

que o ldquo educadorrdquo pelo m enos no i deal de s ua i maginaccedilatildeo habita um m undo e m q ue a

interioridade faz uma diferenccedila em virtude das pessoas se definirem por suas visotildees paixotildees

esperanccedilas e horizontes utoacutepicos

Assim embora este paradigma tenha ganhado a sua ecircnfase na segunda metade

do seacuteculo XX [Escola Nova Humanismo Cristatildeo Poliacuteticas Puacuteblicas (LDB 402461) Psicologia

Humanista Filosofia Claacutessica Moderna etc] cabe assinalar que o mesmo teve a sua tradiccedilatildeo no

mundo ant igo g anhando a s ua em ancipaccedilatildeo c om o m undo m edieval e na at ualidade f oi

retomado de f orma mais a mpla c omo c riacutetica ao pr ocesso de formaccedilatildeo pr ofissional e de

atuaccedilatildeo docente

Tendo como referecircncia este contexto procuramos trabalhar com os professores

envolvidos com o projeto ldquoO Comportamento Motor no Processo de Escolarizaccedilatildeo de Crianccedilas

no Ensino de E ducaccedilatildeo I nfantil e no E nsino Fundamentalrdquo considerando a realidade escolar

(projeto pedagoacutegico e reuniotildees pedagoacutegicas) mas tambeacutem o ser professor

A E MEIF ldquoPROFESSORA M ARIA A PPARECIDA D E L UCA M OORErdquo U M ESTUDO D E CASO ndash O TRABALHO DE CAMPO E SEUS RESULTADOS

Como f oi c olocado ant eriormente o objetivo des te es tudo es teve v inculado ao

trabalho com as professoras ldquoa profissionalidade docenterdquo [e auxiliaacute-las na (re)descoberta do

corpo priorizando o desenvolvimento motor] Poreacutem cabe registrar que para a coleta e anaacutelise

destes dados utilizamos uma abordagem qualitativa do t ipo estudo de caso com as teacutecnicas

documental r elatoacuterio da s p rofessoras s obre o t rabalho q ue f oi desenvolvido r elatoacuterio de u m

seminaacuterio c ientiacutefico e par ticipaccedilatildeo de um a parte das p rofessoras ( oito) num C ongresso de

Educaccedilatildeo O nuacutemero total de professoras envolvidas foi 25

52

Com relaccedilatildeo aos resultados obtidos cabe destacar

1 Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico da EMEIEF ldquoMaria Apparecida de Luca Moorerdquo

Nesta e scola a proposta pedag oacutegica or ganiza-se po r e ixos t emaacuteticos ( por

bimestre) colocando no centro deste processo a questatildeo do amor (em virtude de problemas de

violecircncia f iacutesica m aterial e s imboacutelica) s em apresentar a s istematizaccedilatildeo de um a c oncepccedilatildeo

pedagoacutegica T rata-se m uito m ais de u m slogan prepositivo o rganizado na f orma de q uatro

eixos temaacuteticos (apresentando estreita relaccedilatildeo com os PCNs)

- Quem ama conheci a si mesmo e exerce a cidadania

- Quem ama respeito o seu espaccedilo

- Quem ama valoriza o meio ambiente e a cultura

- Quem ama sonha e realiza

No geral embora estes eixos sejam interessantiacutessimos visando a transformaccedilatildeo

os m esmos natildeo m ereceram u ma at enccedilatildeo m aior c om re laccedilatildeo ao s eu pape l ldquo ocultordquo de

articulador do c urriacuteculo no P rojeto P oliacutetico P edagoacutegico (2002) e m v irtude de t erem s ido

construiacutedos num momento posterior a esse processo de el aboraccedilatildeo da pr oposta pedagoacutegica

Portanto c abe r essaltar q ue o pl anejamento c urricular e o pl anejamento de ens ino g ravitam

nesta oacuterbita devendo todo e q ualquer t rabalho desenvolvido na r eferida instituiccedilatildeo considerar

esta premissa

Com relaccedilatildeo ao Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico este apresenta uma proposta soacutecio-

poliacutetica visando situar a pessoa num processo de transformaccedilatildeo pessoal e coletiva no exerciacutecio

da cidadania tendo em vista sempre um processo construtivo e participativo da realidade que o

cerca

No q ue s e r efere agrave E ducaccedilatildeo F iacutesica es ta f icou v inculada agrave s a tividades de

movimento na educaccedilatildeo i nfantil t endo c omo m eta ldquo atraveacutes do m ovimento p ropiciar q ue a

crianccedila expresse emoccedilotildees e pensamentos ampliando as possibilidades do uso significativo de

gestos e pos turas co rporaisrdquo (L IMEIRA 2002 p 38) Neste contexto a pr oposta apr esentou

como habilidades e conteuacutedos a serem explorados conhecimento e controle corporal imagem

corporal expressatildeo corporal gestos e r itmos corporais miacutemicas dramatizaccedilatildeo e musicas de

rotina pantomimas j ogos e br inquedos g incanas j ogos co m re gras b rincadeiras de r oda

capacidades fiacutesicas (ou qualidades fiacutesicas) enfim vivenciar o movimento corporal Em relaccedilatildeo

agraves primeiras seacuter ies do e nsino f undamental a E ducaccedilatildeo F iacutesica s ugere ldquo proporcionar aos

alunos condiccedilotildees para a c onstruccedilatildeo de u m repertoacuterio de at ividades em que ela possa usar e

ampliar o s m ovimentos co rporais t anto e m s ituaccedilatildeo de expressatildeo q uanto e m a tividades

53

esportivasrdquo (p 38) A ecircnfase desta compreensatildeo iraacute propor atividades e conteuacutedo quais sejam

o conhecimento sobre o corpo movimentos corporais livres e dirigidos lateralidade jogos com

regras l ateralidade e sportes l utas g inaacutestica a tividades r iacutetmicas e ex pressivas e quiliacutebrio

coordenaccedilatildeo viso-motora

Poreacutem cabe ressaltar que embora haja este planejamento o corpo docente tem

consciecircncia de que natildeo sabe como empreender a atividade fiacutesica na escola pois reconhece as

deficiecircncias em sua formaccedilatildeo profissional e natildeo tem ideacuteia de como solucionaacute-la (PELLEGRINI

et al 2003)

2 Relatoacuterios d as p rofessoras E MEIEF ldquoMaria A pparecida d e Luca M oorerdquo sobre o trabalho desenvolvido

No trabalho de intervenccedilatildeo realizado foi diagnosticado pelas docentes que

ldquoOs p lanos e laborados pela UNESP embora natildeo t enham s ido s eguidos agrave r isca auxiliaram bastante as professores fornecendo ideacuteias muito interessante e di ferentes no trabalho com a educaccedilatildeo motora11

Os alunos demonstraram muito interesse em participar das atividades e muitas vezes pediam que as brincadeiras mais interessantes fossem repetidas como por exemplo o alongamento dos bichos As a tividades p ropostas necessitaram de adapt accedilatildeo no dec orrer do ano l etivo principalmente em r elaccedilatildeo ao tempo de dur accedilatildeo da s mesmas (muitas a tividades inclusive necessitaram ser trabalhadas por mais de uma aula) pois a classe atendida no primeiro ano de e scolaridade possuiacutea bas tante di ficuldade de ent endimento de regras e i nstruccedilotildees (comandos e t arefas f orma a s a tividades m ais d ifiacuteceis principalmente nos grupos com maiores dificuldades)rdquo Podemos observar que algumas crianccedilas melhoraram no desenvolvimento motor e na atenccedilatildeo e percepccedilatildeordquo (LIMEIRA 2003a p1-2 ndash o grifo eacute nosso)

Em outro relatoacuterio a s p rofessoras das t erceiras e q uartas seacute ries apresentaram

uma apreciaccedilatildeo dos pontos positivos e negativos deste trabalho apontando tambeacutem subjacente

a este processo as reflexotildees que faziam no exerciacutecio da docecircncia

ldquominus Aspectos que influenciaram o desenvolvimento das aulas

1 Pontos positivos

bull Elaboraccedilatildeo dos planos de aula pela equipe da UNESP conteuacutedo objetivo material e des envolvimento de c ada at ividade f iacutesica s uprimindo um a nec essidade do s professores (por falta de formaccedilatildeo especiacutefica nessa aacuterea)

bull Os planos de aula nos fizeram perceber que mesmo sem o conhecimento especiacutefico dessa aacuterea jaacute desenvolviacuteamos algumas atividades contemplando esses conteuacutedos

bull Esses p lanos de aul a no s l evaram a r efletir s obre no ssa pr aacutetica r eavaliando-as e tornando-as mais especiacuteficas e natildeo mais tatildeo recreativas somente

bull Durante o desenvolvimento da s aulas noacutes p rofessores nos deparamos co m a s nossas proacuteprias dificuldades em relaccedilatildeo agraves habilidades necessaacuterias para desenvolvecirc-las obrigando-nos a superaacute-las

11 - O grifo eacute nosso

54

bull Maior envolvimento e participaccedilatildeo dos alunos

bull Foi descoberto atraveacutes dessas aulas que a nossa instituiccedilatildeo jaacute possuiacutea um grande acesso a m ateriais que poder iam s er u tilizados e m nossa pr aacutetica e que noacute s desconheciacuteamos

bull Trabalhando c om v aacuterios grupos pudemos perceber e r espeitar d iferentes habilidades e limites de cada aluno

2 Pontos negativos

bull Apesar de a escola ser grande os espaccedilos onde as aulas foram desenvolvidas natildeo satildeo adequados Exemplo a quadra natildeo eacute coberta portanto exposta agraves maacutes condiccedilotildees climaacuteticas o paacutet io que eacute coberto estaacute disponiacutevel em poucas horas do dia por ter um tracircnsito fluente de alunos ou natildeo diariamente

bull O envolvimento da equipe natildeo foi total

bull Os m ateriais u tilizados nas aulas natildeo es tavam organizados p rejudicando assim o desenvolvimento das aulas

bull Por a tendermos m uitos g rupos alguns horaacuterios f oram p rejudicados em v irtude de serem proacuteximos aos horaacuterios de entrada recreio e outras atividades da escola

()

minus Consideraccedilotildees finais

Foi de extrema importacircncia termos esses planos de aula em matildeo pois a partir deles pudemos exercitar a nossa criatividade fazendo algumas modificaccedilotildees adaptando-os agraves reais necessidades de cada grupo

Pudemos perceber pela troca de experiecircncias entre os profissionais envolvidos que a discussatildeo e es tabelecimento de regras p reacutevias f acilitou o des envolvimento do trabalho bem como a aceitaccedilatildeo e envolvimento dos alunos

()

Houve ta mbeacutem r elatos de mudanccedilas de c omportamento por parte de m uitos professores em relaccedilatildeo ao pr oacuteprio corpo na aceitaccedilatildeo de s eus limites e valorizaccedilatildeo de suas proacuteprias habilidades

Sugestotildees ndash

()

bull Que a e scola reorganize os materiais que seratildeo utilizados no desenvolvimento das aulas s endo ac omodados e m l ocal adequado e de f aacutecil a cesso ao s p rofessoresrdquo (LIMEIRA 2003b p1-4 ndash o grifo eacute nosso)

Acreditamos q ue o t rabalho pr incipal c onsistiu e m l evar e stas p rofessoras a

acreditarem q ue poder iam f azer o q ue hav ia s ido pr oposto i r a leacutem dos limites c onhecidos

acreditar que poderiam fazer ldquoalgo a maisrdquo do que jaacute faziam superar a ineacutercia que ronda toda e

qualquer profissatildeo com o passar dos anos enfim que as mesmas tinham capacidade mas que

seria fundamental que primeiro saiacutessem de suas couraccedilas enfrentassem o desafio do ldquo novordquo

em relaccedilatildeo aos conteuacutedos de Educaccedilatildeo Fiacutesica e r efletissem sobre o exerciacutecio da doc ecircncia na

sala de aul a buscando s uperar o m ito da al egoria da c averna F oi o q ue ac onteceu na s

entrelinhas do relato apresentado quando se colocou que esses ldquoplanos de aula nos levaram a

refletir sobre no ssa pr aacutetica reavaliando-as e t ornando-as m ais e speciacuteficasrdquo q ue ldquo noacutes

professores nos deparamos co m a s nossas p roacuteprias d ificuldades e m re laccedilatildeo agrave s habilidades

55

necessaacuterias para des envolvecirc-las obrigando-nos a s uperaacute-lasrdquo q ue o s ldquo planos de aul a no s

fizeram perceber que mesmo sem o conhecimento especiacutefico dessa aacuterea jaacute desenvolviacuteamos

algumas a tividades c ontemplando e sses c onteuacutedosrdquo E m re sumo houve ldquomudanccedilas de

comportamento por parte de m uitos professores em relaccedilatildeo ao proacuteprio corpo na aceitaccedilatildeo de

seus limites e valorizaccedilatildeo de s uas proacuteprias habilidadesrdquo e ldquomaior envolvimento e participaccedilatildeo

dos a lunosrdquo ndash em v irtude de q ue as p rofessoras ldquo trabalhando com vaacuterios g rupos pudemos

perceber e respeitar diferentes habilidades e limites de cada alunordquo

3 Relatoacuterio do I Seminaacuterio de Desenvolvimento M otor ldquoO COMPORTAMENTO MOTOR NA EDUCACcedilAtildeO BAacuteSICArdquo

No s egundo s emestre e m outubro f oi desenvolvido o ldquo I S eminaacuterio de

Desenvolvimento M otor o C omportamento M otor na E ducaccedilatildeo B aacutesicardquo p romovido pel a

UNESPRio Claro N uacutecleo de E nsino ndash Campus Rio Claro D epartamento de E ducaccedilatildeo

LABORDAM ndash Departamento de E ducaccedilatildeo Fiacutesica e E MEIEF Profa Maria Apparecida de

Luca Moore de LimeiraSP

O objetivo do seminaacuterio foi reunir professores e estudantes da aacuterea da Educaccedilatildeo

Baacutesica e da E ducaccedilatildeo F iacutesica t endo c omo f oco de di scussatildeo o des envolvimento m otor o

processo de alfabetizaccedilatildeo e a profissionalidade docente

O seminaacuterio ocorreu no A nfiteatro da B iblioteca da UNESP com a par ticipaccedilatildeo

de 75 pe ssoas entre pr ofessores e es tudantes q ue ac ompanharam u ma pr ogramaccedilatildeo q ue

durou o di a i nteiro abrangendo entrega do m aterial do s eminaacuterio s essatildeo de aber tura

apresentaccedilatildeo dos participantes conferecircncia (Prof Dr Osvaldo L Ferraz - USP) mesa-redonda

ndash ldquoO desenvolvimento motor no processo de alfabetizaccedilatildeordquo (Profa Adriana Ijano Motta e Profa

Vera L A Pinheiro - EMEIEF MALM Profa Dra Ana Maria Pellegrini UNESPDEF-RC Profa

Dra Maria Ceciacutelia de O Micotti UNESPDE-RC Prof Dr Francisco Rosa Neto ndash UESC e Prof

Dr Osvaldo Luis Ferraz - USP) almoccedilo debate sobre ldquo O desenvolvimento motor no processo

de alfabetizaccedilatildeordquo intervalo para cafeacute relato de experiecircncias e sessatildeo de encerramento Cabe

ressaltar que na v eacutespera do s eminaacuterio houve tambeacutem uma of icina com o Prof Dr Francisco

Rosa N eto ndash UESC s obre av aliaccedilatildeo m otora par a pr ofessores e stagiaacuterios e c olaboradores

ligados ao Projeto de Limeira

Ao t eacutermino da pr ogramaccedilatildeo f oram entregues o s ce rtificados e r ecolhidos o s

questionaacuterios de avaliaccedilatildeo entregues com o material do seminaacuterio no periacuteodo da manhatilde tendo

entre os participantes as 25 professoras da escola envolvidas no projeto Este se constitui num

momento oportuno de integraccedilatildeo na relaccedilatildeo universidade-comunidade promoccedilatildeo humana e de

resgate da auto-estima de um grupo de professoras que se sentiram valorizadas e respeitadas

56

4 Participaccedilatildeo no C ongresso d e E ducaccedilatildeo ndash EDUCACcedilAtildeO Agrave F RATERNIDADE U M CAMINHO P OSSIacuteVELrdquo p romovido pe lo M ovimento H umanidade nos d ias 20 e 21 d e setembro de 2003 em Vargem Grande Paulista-SP

Na participaccedilatildeo a es te evento que teve como tema central a proposta da Profa

Dra Chiara Lubich (2001) as reflexotildees realizadas aparecem no relatoacuterio que seraacute apresentado

a seguir em que novamente se encontram os valores da profissionalidade docente e parte dos

valores de um curriacuteculo oculto eou do proacuteprio projeto pedagoacutegico presente na descriccedilatildeo

ldquo- O primeiro ponto importante a ser descrito retrata a recepccedilatildeo Havia uma recepccedilatildeo por parte dos organizadores que em muito diferia das recepccedilotildees de capacitaccedilotildees que jaacute par ticipamos O s encarregados da recepccedilatildeo a f izeram de t al f orma que no s sentimos muito bem vindas

- Outro as pecto i mportante f oi o formato o t empo do C ongresso O s encontros e relatos e ram i ntercalados por periacuteodos l ongos de i ntervalo Essa es trutura no s possibilitou uma r eflexatildeo m ais p rofunda c alma e detalhada s obre aqu ilo que estaacutevamos ouvindo vivendo O proacuteprio local incitava paz tranquumlilidade

Em relaccedilatildeo agraves ideacuteias d iscutidas acerca do pens amento da pedagoga i taliana Chiara Lubich a fraternidade o amor a importacircncia dos aspectos afetivos e mesmo espiritual na r elaccedilatildeo ens ino-aprendizagem P udemos observar algumas se melhanccedilas com o trabalho que jaacute realizamos em nossa Unidade Escolar

- O tratamento ecumecircnico das questotildees espirituais

- Jaacute t emos uma pr aacutetica de bu sca i ncessante e m c ativar e env olver o s a lunos para trazecirc-los mais proacuteximos da escola e tambeacutem de nosso Projeto Quem ama cuida

- A t entativa de par ticipar da construccedilatildeo do c onhecimento da s cr ianccedilas de m aneira afetuosa e prazerosa

- Desenvolvemos u m c onjunto de accedilotildees que v isam desenvolver a aut o-estima do s alunos

- Nossa insistecircncia de levar os alunos a refletirem sobre ser cidadatildeos solidaacuterios

- A reflexatildeo sobre a U nidade a busca constante de identificar quais aspectos da vida escolar nos aproxima como profissionais e como pessoas

- Como profissionais avaliamos que o C ongresso como um todo tinha uma forma e uma di scussatildeo s obre o am or m uito nov a par a noacutes Im portante per ceber que haacute intelectuais p reocupados e m sistematizar e xperiecircncias e c onhecimento num a aacuter ea onde t radicionalmente s e t em mu ito pr econceito o am or a af etividade T ambeacutem pudemos perceber quais aspectos precisariacuteamos repensar em nossa praacutetica e mesmo em nossa vida

Outros pontos que julgamos importantes e diferentes das capacitaccedilotildees que em geral participamos

- Palestrantes que di scutiam s eu c onhecimento e s uas i deacuteias partindo daqu ilo que realmente somos das nossas limitaccedilotildees como humanos e profissionais

- A possibilidade de perceber que muitas pessoas estatildeo preocupadas em buscar uma compreensatildeo maior do mundo e da s relaccedilotildees que estabelecemos com ele e c om as pessoasrdquo [LIMEIRA 2003c p1-2 ndash o grifo eacute nosso]

O q ue s e pode obs ervar na q uestatildeo da f ormaccedilatildeo pr ofissional docente

continuada o pr ofessor p recisa de t empo par a r efletir e natildeo daacute par a di ssociar o ex erciacutecio

profissional de s ua v ida pr ivada e mbora es te natildeo s eja o obj etivo m as eacute f undamental u m

57

trabalho que envolva esta totalidade Neste contexto registra-se por parte destas professoras e

da escola a preocupaccedilatildeo com as crianccedilas (obrigaccedilatildeo moral) o envolvimento das professoras

com a e scola e co m a c omunidade ( compromisso c om a c omunidade) e o f ato de s erem

educadoras

No g eral o q ue s e obs ervou e m re laccedilatildeo agraves p rofessoras dessa escola no q ue

tange a profissionalidade docente ndash quer seja pela convivecircncia das reuniotildees pedagoacutegicas quer

seja por ocasiatildeo da reuniatildeo cientiacutefica ou congresso quer seja durante o t rabalho desenvolvido

na escola ou mesmo pelos relatos apresentados ndash que estas professoras estatildeo preocupadas

com os escolares tambeacutem possuem uma determinada cumplicidade com a escola e com a sua

direccedilatildeo E sta r elaccedilatildeo f ica c lara na e scola p rincipalmente ent re a s docentes q ue natildeo s atildeo

passageiras na i nstituiccedilatildeo de u m ano par a o out ro H aacute t ambeacutem o c ompromisso ent re a s

docentes em particular por parte da direccedilatildeo com a proacutepria capacitaccedilatildeo do coletivo E ainda na

resoluccedilatildeo dos problemas que afligem a populaccedilatildeo frequumlentadora da escola no que diz respeito

a violecircncia domeacutestica excesso de agressividade entre os alunos orientaccedilatildeo e conscientizaccedilatildeo

dos pais entre out ros P ode-se di zer q ue haacute c ultivo v irtuoso de um a m oral dos ldquo bons

costumesrdquo do exerciacutecio da cidadania na dimensatildeo de ldquofaccedila aos outros aquilo que vocecirc gostaria

que fizesse a vocecircrsquo e ldquonatildeo faccedila aos outros aquilo que vocecirc gostaria que natildeo fizesse com vocecircrdquo

constituindo-se num grande preluacutedio de uma educaccedilatildeo para a paz

CONCLUSAtildeO E M B USCA D A PR OFISSIONALIDADE D OCENTE O U CO MO ldquo CULTIVARldquo JEQUITIBAacuteS NO LUGAR DE EUCALIPTOS

ldquoNatildeo s ei c omo pr eparar o educ ador T alvez i sto natildeo s eja ne m necessaacuterio nem possiacutevel Eacute necessaacuterio ac ordaacute-lo E a iacute aprenderemos que educ adores natildeo s e extinguiram c omo t ropeiros e c aixeiros P orque ta lvez nem t ropeiros e c aixeiros tenham desaparecidos m as permaneccedilam como m emoacuterias de um passado que es taacute mais proacuteximo do no sso futuro que ont em Basta que o c hamemos do seu sono por um ato de amor e coragem E talvez acordados repetiratildeo o milagre da instauraccedilatildeo de novos mundosrdquo (ALVES 1984 p 26)

A reflexatildeo ora apresentada buscou evidenciar os paradigmas que tecircm norteado

a at uaccedilatildeo doc ente c olocando e m q uestatildeo o s s aberes q ue datildeo l egitimidade agrave pr aacutetica

pedagoacutegica Vive-se u m mo mento de m udanccedilas e a f ormaccedilatildeo de pr ofessores natildeo pa ssa

desapercebida havendo um a g rande pr eocupaccedilatildeo e m delimitar me lhor o per fil desse

profissional

Natildeo se pode i gnorar a ldquo cavernardquo que acabou se tornando a no ssa sala de aul a

em virtude das sombras que foram projetadas sobre ela decorrentes da onda de v iolecircncia de

todos o s t ipos q ue s e abat eu s obre a s ociedade e do m odelo de e scola-fabril q ue natildeo s e

justifica mais

58

No v eacutertice de ssa di scussatildeo es taacute a e scola m as co mo c entro de f ormaccedilatildeo

humana e xigindo um a nov a c onfiguraccedilatildeo de r elaccedilotildees so ciais i nterpessoais m as t ambeacutem

curricular e pedagoacutegica Propotildee-se que no centro deste novo processo estejam o professor e o

aluno m as q ue t ambeacutem f accedilam parte da r ealidade e scolar a c omunidade l ocal e a s f orccedilas

produtivas da s ociedade O p rojeto pol iacutetico pedag oacutegico a s er e laborado bem c omo o s

diferentes projetos temaacuteticos prescinde deste conjunto orgacircnico

A escola e as demais instituiccedilotildees natildeo podem mais ser vistas apenas como uma

linha de m ontagem do hom em do s istema Embora possa haver a r eproduccedilatildeo haacute t ambeacutem a

contra-reproduccedilatildeo cada vez que superamos a nossa ineacutercia e mudamos o contexto de nossas

aulas dos relacionamentos enfim por causa daquilo que a escola eacute e natildeo do que tem sido

A f ormaccedilatildeo i nicial e c ontinuada s atildeo dua s r ealidades d istintas e ao m esmo

tempo inseparaacuteveis Pensar a formaccedilatildeo do professor significa ter bem claro que tipo de homem

queremos f ormar q ue t ipo de m undo q ueremos habitar q ue t ipo de s ociedade q ueremos

construir Esta exige uma reflexatildeo constante daquilo que fazemos de nossa histoacuteria de nossas

contradiccedilotildees de no ssas descobertas e p rincipalmente de no ssa s ocializaccedilatildeo enq uanto

professores (educadores)

Somos u ma ldquo profissatildeordquo e m c onstruccedilatildeo e o s nossos cu rriacuteculos e spelham e sta

realidade ao apr esentarem um conjunto de c onhecimentos disciplinares fragmentados Natildeo se

justifica m ais t rabalhar por c ompartimentos pois necessitamos t rabalhar e m r ede e m e ixos

temaacuteticos que visem a perspectiva da unidade na diversidade dos conhecimentos

Neste contexto se poder ia perguntar a inda quem eacute o pr ofessor na ordem das

coisas Para noacutes eacute um ldquoeducador profissionalrdquo que passa por um sistema de formaccedilatildeo formal e

que continua nesse processo ao longo de sua vida Poreacutem imbuiacutedo de uma perspectiva utoacutepica

natildeo deixa que ldquoo mito da cavernardquo o asfixie pois compartilha o seu sonho com outras pessoas

transformando-o e m r ealidade E sta eacute a pr oposta da ESCOLA D E L IMEIRA buscando na s

etapas da profissionalidade docente e num trabalho coletivo e de par ceria natildeo se tornar uma

faacutebrica de eucaliptos mas uma plantaccedilatildeo de jequitibaacutes

Agradecimentos ao corpo docente e discente da EMEIEF ldquoProfa Maria Apparecida de Luca Moorerdquo pela participaccedilatildeo

59

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ALVES R Conversas com quem gosta de ens inar 10 ed Satildeo Paulo Cortez EditoraAutores Associados 1984

CAMBI F Histoacuteria da pedagogia Satildeo Paulo Editora UNESP 1999 701p

CONTRERAS J A autonomia de professores Satildeo Paulo Cortez 2002

FERNANDES R Of iacutecio de pr ofessor o f im e o c omeccedilo do s paradigmas In C ONGRESSO LUSO-BRASILEIRO DE HISTOacuteRIA DA EDUCACcedilAtildeO Praacuteticas Educativas Culturas Escolares e Profissatildeo Docente 2 1998 Satildeo Paulo Anais p 1-20

GADOTTI M Histoacuteria das ideacuteias pedagoacutegicas 3ordf ed Satildeo Paulo Aacutetica 1995

LIMEIRA ( EMEIEF P rofa M aria A pparecida de Luc a M oore) R elatoacuterio da pr ofessoras das primeiras seacuteries (manuscrito) Limeira UNESPRC - Projeto Nuacutecleo de Ensino 2003a 1p

LIMEIRA ( EMEIEF P rofa M aria A pparecida de Luc a M oore) R elatoacuterio da pr ofessoras das terceiras e quartas seacuteries (manuscrito) Limeira UNESPRC - Projeto Nuacutecleo de Ensino 2003b 4p

LIMEIRA ( EMEIEF P rofa M aria A pparecida de Luc a M oore) R elatoacuterio de P articipaccedilatildeo no Congresso de Educaccedilatildeo ndash EDUCACcedilAtildeO A F RATERNIDADE U M C AMINHO P OSSIacuteVEL (manuscrito) Limeira UNESPRC - Projeto Nuacutecleo de Ensino 2003c 2p

LIMEIRA ( EMEIEF P rofa M aria A pparecida de Luc a M oore) P rojeto P oliacutetico P edagoacutegico (manuscrito) Limeira EMEIEF Profordf M aria Apparecida de Luca Moore 2002 132p

LUBICH C Aula magna para o doutorado honoris causa em Pedagogia Universidade Catoacutelica de Washington EUA 2001

MACHADO L M M ercado g lobal a es finge do pr esente In S ILVA J r C A ( Org) O profissional formado por seu curso estaacute preparado para as exigecircncias da nova ordem mundial Satildeo Paulo Pro-Reitoria de Graduaccedilatildeo da UNESP 1996 p 91-106 (VI Circuito PROGRAD)

PELLEGRINI A M S OUZA N ETO S BENITES L C VEIGA M e M OTTA A I O Comportamento Motor no processo de e scolarizaccedilatildeo buscando soluccedilotildees no contexto escolar para a al fabetizaccedilatildeo In Wilson Galego e Aacutelvaro Guedes Cadernos do Nuacutecleo de Ensino Satildeo Paulo SP UNESP ndash PROGRAD 2003 p271-284

PIMENTA S G F ormaccedilatildeo de pr ofessores ndash saberes da docecircncia e i dentidade do pr ofessor Nuances Presidente Prudente vol III setembro pp 5-13 1997

ROSSETO R Etimologias e saberes Espaccedilo Pedagoacutegico v 9 n 2 p86-89 dez2002

SAVIANE D Os saberes implicados na formaccedilatildeo do educador IV Congresso Estadual Paulista sobre formaccedilatildeo de Educadores Aacuteguas de Satildeo Pedro SP UNESP 1996

SCHOumlN D A Formar p rofessores co mo pr ofissionais r eflexivos In N OacuteVOA A ( Org) Os professores e a sua formaccedilatildeo Lisboa Don Quixote 1992 pp 77-92

SOUZA N ETO S A f ormaccedilatildeo i nicial e c ontinuada o s s aberes docentes In C ongresso de Educaccedilatildeo E ducaccedilatildeo a f raternidade u m c aminho po ssiacutevel C entro Mariaacutepolis Ginetta promovido pel o M ovimento H umanidade N ova de 20 a 21 de s etembro de 2003 V argem Grande Paulista Movimento Humanidade Nova 2003 12p

TARDIF M Saberes docentes e formaccedilatildeo profissional Petroacutepolis RJ Vozes 2002

60

Page 3: Boletim ef.org a-profissionalidade-docente-em-questao

preparaccedilatildeo par a a vida f utura c omo ag ente r egulador da s ociedade (liberdade igualdade justiccedila)

- competecircncia profissional ndash transcende o domiacutenio de hab ilidades e teacutecnicas e emerge a partir da interaccedilatildeo entre a obrigaccedilatildeo moral e o compromisso com a comunidade (CONTRERAS 2002 p 73)

Poreacutem para q ue e sse di mensionamento oc orra haacute a ex igecircncia de q ue s e

enfrente o des afio da m udanccedila e m t recircs n iacuteveis o da s m entalidades das p raacuteticas e do s

compromissos

ldquoPor mentalidade quero significar a maneira de pensar julgar e agir ()

O desafio das praacuteticas significa tornar as vivecircncias e experiecircncias objetos de anaacutelise e reflexatildeo E m geral natildeo haacute pr eocupaccedilatildeo c om o c ontexto e m que s atildeo c onstruiacutedas e consolidadas as nossas p raacuteticas em outras palavras natildeo reconstruiacutemos a t rajetoacuteria histoacuterica da nossa praacutetica

Finalmente o des afio do c ompromisso s ignifica t ransitar do di scurso par a a accedil atildeo articular o r eal possiacutevel e o i deal destruir a s f antasias que c ercam o m undo do s planejamentos e pr ogramas gestar e ge rir p ropostas c apazes de di alogar c om a s praacuteticas e as realidades resgatar o sentido do planejar para a accedilatildeo () rdquo(MACHADO 1996 p 103-104)

Caso contraacuterio poderemos cair no velho reducionismo em que o lsquonovorsquo eacute sempre

melhor do que o lsquovelhorsquo e natildeo se respeita as experiecircncias bem sucedidas

Entretanto o que faz um professor

Em que universo habita

Como eacute formado

Em que contexto se daacute a socializaccedilatildeo da profissatildeo

Quais satildeo os nossos paradigmas

Um p rofessor ensina det erminados c onteuacutedos j ulgados significativos para s e

viver no grupo social orienta o processo ensino-aprendizagem dos alunos na sala de aula cria

ldquomundosrdquo estabelece uma mediaccedilatildeo entre a pessoa a realidade e a cultura tendo na docecircncia

a especificidade de s ua profissatildeo Profissatildeo esta que eacute c onstituiacuteda de det erminados saberes

(TARDIF 2002 PIMENTA 1997 SCHON 1992) que datildeo l egitimidade agrave accedil atildeo docente sendo

apreendidos num p rocesso f ormal de educ accedilatildeo q ue dev eraacute c ontinuar posteriormente na

forma de uma educaccedilatildeo permanente e de formaccedilatildeo continuada

Todavia natildeo haacute docecircncia sem discecircncia e da mesma forma natildeo haacute ensino sem

uma concepccedilatildeo de homem mundo e sociedade que se modifica de eacutepoca em eacutepoca segundo

os valores e necessidades de cada tempo emergindo desta constataccedilatildeo diferentes desenhos

para a sala de aula Dessa forma tendo a sala de aula como objeto de estudo o nosso objetivo

seraacute apont ar a lguns a spectos da pr ofissionalidade doc ente buscando av eriguar nas

47

perspectivas de ensino (concepccedilotildees ou dimensotildees) bem como no trabalho de campo com as

professoras desta escola alguns indicativos desta realidade

A S ALA D E A ULA O M ITO D A C AVERNA E A S C ONCEPCcedilOtildeES D E EN SINO9 ndash A PROFISSIONALIDADE DOCENTE VAI A ldquoJULGAMENTOrdquo

Pensar a s ala de aul a e o pape l do pr ofessor eacute c omo f azer u m e xerciacutecio de

reflexatildeo sobre ldquoO Mito da Cavernardquo narrado por Platatildeo (428-347) no livro VII de A Repuacuteblica

em que o f iloacutesofo-educador busca descrever a situaccedilatildeo geral da humanidade E o que ele vecirc

Que t odos noacutes e stamos c ondenados a v er s ombras agrave no ssa f rente e t omaacute-las co mo

verdadeiras N este c ontexto a ldquo cavernardquo c om s uas p inturas e es pectro s ombrio pode

representar a s nossas limitaccedilotildees m itos e f antasmas s ubjacentes agrave s ala de aul a q ue par a

serem superados precisam da ldquoluz ldquo De fato

ldquoHaacute doi s mundos O v isiacutevel eacute aquel e e m que a m aioria da hum anidade es taacute pr esa condicionada pel o lusco-fusco da c averna c rendo iludida que a s so mbras s atildeo a realidade O outro m undo o i nteligiacutevel eacute apanaacutegi o de alguns poucos O s que conseguem superar a ignoracircncia em que nasceram e rompendo com os ferros que os prendiam ao subterracircneo ergueram-se para a es fera da l uz em busca das essecircncias maiores do bem e do belordquo (SHILLING 2001)

Todavia o no sso g rande des afio es taria e m s uperar e stas i magens e spectro

que satildeo t omadas co mo v erdadeiras f ruto da i gnoracircncia e de no ssa i neacutercia D entro des te

contexto encontramos a sala de aul a com o seu repertoacuterio de m itos e fantasmas trazidos ora

pela s ituaccedilatildeo l ocal de des equiliacutebrio s ocial e or a pel os dogmatismos pedagoacutegicos q ue no s

fecham dentro de um profundo subterracircneo

Na s uperaccedilatildeo de no ssos m itos encontramos na l eitura de al guns paradigmas

relacionados ao pape l do pr ofessor t entativas e m d iferentes eacutepocas de s uperaccedilatildeo de ssa

situaccedilatildeo de ldquoignoracircnciardquo e ao mesmo tempo de constituiccedilatildeo dos saberes da profissatildeo docente

No pecircndul o da s ala de aul a em erge um a pr imeira abor dagem q ue v em do

paradigma do ldquomagisterrdquo10 nos remetendo a uma imagem de competecircncia do professor que eacute

portador de u m s aber s istematizado c onsagrando i nteiramente a s ua ex istecircncia par a um a

atividade de pr oduccedilatildeo e t ransmissatildeo de c onhecimentos na q ual constitui a f inalidade da s ua

atividade educativa Neste enfoque o valor central estaacute no saber que vale ldquoem si proacuteprio e por si

proacutepriordquo D e m odo q ue o pape l do pr ofessor c onsistiria e m desbloquear o ac esso ao s aber

mediante a observacircncia de uma exigecircncia rigorosa para consigo e para com os alunos em que

9O toacutepico ora apresentado teve como fonte de referecircncia os estudos desenvolvidos por SOUZA NETO (2003) no texto ldquoA formaccedilatildeo inicial e c ontinuada o s s aberes docentesrdquo apresentado e m o ficina pedagoacutegi ca no C ongresso de E ducaccedilatildeo E ducaccedilatildeo par a fraternidade um caminho possiacutevel realizado em Vargem Grande Paulista no periacuteodo de 20 a 21 de setembro de 2003 10Esta t erminologia f oi r etirada do es tudo de H eacutelegravene H irschhorn ( 1993) s obre o s paradigmas de c omportamento pr ofissional (magister pedagogo e ani mador) que foram apresentados no trabalho de Rogeacuterio Fernandes (1998) sobre ldquoOfiacutecio de professor o fim e o comeccedilo dos paradigmasrdquo

48

a competecircncia profissional estaria na capacidade para dominar o que se ensina (FERNANDES

1998)

Do questionamento ao s limites desta pr oposta s urgiu o paradigma do ldquo pedagogordquo que se entendido em toda a s ua extensatildeo estaacute relacionado aos meacutetodos ativos

de ens ino em que o al uno se t orna o su jeito da educ accedilatildeo e o pr ofessor o or ientador deste

processo E mbora p ossa par ecer s imples natildeo eacute m uito pel o c ontraacuterio pois s e ex ige q ue o

mesmo domine o conteuacutedo especiacutefico conheccedila a faixa etaacuteria de desenvolvimento dos alunos e

tenha uma grande fluecircncia com a metodologia de ensino

Cabe ressaltar que essa abordagem eacute consecutiva do reconhecimento de que o

aluno eacute o sujeito do conhecimento de que o pr ocesso de t ransmissatildeo do s aber eacute ao mesmo

tempo o da s ua aq uisiccedilatildeo N esta per spectiva a aprendizagem c onfere ao al uno u m

protagonismo central O a lvo da educ accedilatildeo jaacute natildeo eacute o s aber mas o proacuteprio aluno Neste novo

paradigma a instruccedilatildeo estaacute subordinada agrave educaccedilatildeo e o domiacutenio do saber natildeo eacute uma exigecircncia

predominante pois o essencial eacute a capacidade do professor de levar em conta as necessidades

do aluno prescindindo de um a formaccedilatildeo psicoloacutegica psicossocioloacutegica ou pedag oacutegica Muda-

se portanto a definiccedilatildeo da competecircncia profissional (FERNANDES 1998)

Uma terceira abordagem deste processo buscou superar a questatildeo do conteuacutedo

e do m eacutetodo propondo uma combinaccedilatildeo das duas propostas naquilo que denominou-se de o

paradigma do ldquo teacutecnicordquo Em tese o que se buscou foi uma melhor performance da eficaacutecia e

da eficiecircncia no processo de ensino tendo por meta gerar uma tecnologia educacional

Neste r eferencial o pont o de par tida f oram o s i nsucessos de um a pedag ogia

pautada apenas na t ransmissatildeo dos conteuacutedos ( transmissatildeo cultural) ou no es tabelecimento

de m eacutetodos ( forma) apresentando como opccedilatildeo a or ganizaccedilatildeo i nstrucional do conteuacutedo e da

forma numa uacutenica proposta de ensino

No pa radigma do t eacutecnico o pr ofessor s e t orna o executor dos objetivos

instrucionais das e strateacutegias de ens ino e da avaliaccedilatildeo es tabelecidas por u ma c omissatildeo de

especialistas r elacionados a um a dada aacuter ea de c onhecimento A ecircnfase r ecai no f ormalismo

didaacutetico dos planos elaborados segundo normas preacute-fixadas e no distanciamento entre teoria e

praacutetica N este enf oque o s c onteuacutedos c entram-se na or ganizaccedilatildeo r acional do pr ocesso de

ensino considerando-se o planejamento didaacutetico formal a elaboraccedilatildeo de materiais instrucionais

e a ut ilizaccedilatildeo de livros d idaacuteticos Portanto eacute o pr ocesso q ue det ermina o q ue pr ofessores e

alunos deveratildeo fazer e quando ndash e como o faratildeo

Nesta referecircncia em que predomina a teacutecnica de ensino a sua base de instruccedilatildeo

tem c omo pr essupostos a p sicologia c omportamental a i nstruccedilatildeo pr ogramada a t eoria da

49

comunicaccedilatildeo o pl anejamento f ormal ( previamente el aborado) e o s livros d idaacuteticos

(descartaacuteveis) D e f orma q ue o ens ino f ica c ondicionado agrave s ua di mensatildeo t eacutecnico-praacutetica da

praacutetica escolar sofrendo como nas outras abordagens questionamentos em virtude de seus

limites (VEIGA 1988)

Das criacuteticas efetuadas a esta proposta emergiu uma nova concepccedilatildeo centrada no

paradigma ldquo soacutecio-poliacuteticordquo da educaccedilatildeo Este questiona as outras referecircncias propondo que

o foco da educaccedilatildeo natildeo estaacute centrado no professor no aluno ou na teacutecnica de ensino ldquomas na

questatildeo central da formaccedilatildeo do homemrdquo (VEIGA 1988)

Neste contexto vai se reivindicar uma escola puacuteb lica do t ipo uacutenica para todos

pois eacute um a educ accedilatildeo q ue s e pr eocupa e s e c ompromete c om os i nteresses do hom em das

camadas mais desfavorecidas economicamente Caberia ao professor trabalhar no sentido de ir

aleacutem dos meacutetodos e teacutecnicas procurando associar escola-sociedade teoria-praacutetica conteuacutedo-

forma teacutecnico-poliacutetico ensino-pesquisa

O pensamento pedag oacutegico s ocialista f ormou-se no s eio do m ovimento popul ar

pela democratizaccedilatildeo do ens ino opondo-se agrave c oncepccedilatildeo burguesa de educaccedilatildeo com vistas agrave

transformaccedilatildeo social Na realidade trata-se de um a Pedagogia Criacutetica de inspiraccedilatildeo marxista

na proposta de que a educaccedilatildeo eacute o que se pode fazer do homem amanhatilde (GADOTTI 1995)

Embora al gumas de s uas cr iacuteticas se jam re levantes e m re laccedilatildeo ao t ecnicismo

neutralidade de meios e teacutecnicas didaacuteticas separaccedilatildeo conteuacutedosmeacutetodos fixaccedilatildeo de objetivos

educacionais ( pelos oacute rgatildeos da bur ocracia of icial) e a didaacutetica enquanto ldquoreceituaacuteriordquo s ustenta

uma ldquo visatildeo par cializada da educ accedilatildeo ao r eduzi-la agrave sua dimensatildeo soacutecio-poliacutetica negando a

especificidade do pedagoacutegicordquo (LIBAcircNEO 1986)

Entretanto no bojo destas diferentes abordagens emergiu tambeacutem uma outra

perspectiva q ue per passa a s demais c oncepccedilotildees m as q ue t em u ma es pecificidade pr oacutepria

naquilo que denominou-se paradigma do ldquo educadorrdquo constituindo-se no enfoque atual

O te rmo ldquo educadorrdquo s urgiu c om a t entativa c onstrutivista de r etomada do s er

professor na sua essecircncia buscando fazer uma mediaccedilatildeo entre o passado e o presente Neste

novo de lineamento o ldquo educadorrdquo eacute aq uele q ue educ a ( desenvolve a s f aculdades f iacutesicas

intelectuais e morais ndash instrui) ou ajuda no pr ocesso g lobal de desenvolvimento da c rianccedila e

faz do ato pedagoacutegico um ato poliacutetico no sentido de formaccedilatildeo da cidadania

O professor natildeo eacute nec essariamente um educador e este por seu turno natildeo eacute

necessariamente u m p rofessor ou pe ssoa c ulta ou l etrada m as q ue i mbuiacutedo de sse i deal

50

primeiro ensina a si mesmo e soacute depois se propotildee a ensinar os outros na perspectiva de que o

exemplo e a coerecircncia falam mais altos que os grandes discursos

Neste itineraacuterio eacute fundamental observar que a palavra ldquoeducaccedilatildeordquo proveacutem de dois

verbos de origem latina educere e educare A primeira etimologia a mais tradicional vincula-se

a compreensatildeo de que educar seria tirar de dentro extrair desvelar aquilo que estaacute no interior

da crianccedila do jovem do adulto Na segunda a raiz etimoloacutegica relaciona-se ao significado de

nutrir a mamentar c uidar a mar D o v erbo educare derivaram o s s ubstantivos educator

(educador) e educatrix (educadora) pois e ram a queles q ue a limentavam nutriam c riavam

amavam significando posteriormente ou tomando este sentido preparar iniciar-se no m undo

do conhecimento desenvolvimento

Educere tambeacutem conteacutem o verbo latino ducere que significa conduzir levar guiar

e o substantivo dux ndash aquele que conduz o chefe ou o g eneral Portanto a educaccedilatildeo torna-se

um processo criador e condutor em virtude de hav er algueacutem que ama e nut re na j ornada De

forma que o proacuteprio sentido de educaccedilatildeo conteacutem o significado de educador

Subjacente a es te processo e complementar ao sentido das palavras educaccedilatildeo

e educ ador e staacute o t ermo pr ofessor designando aq uele q ue ens ina ou ministra aul as N o

entanto etimologicamente a palavra ldquoprofessorrdquo origina-se do verbo latino profiteri que significa

declarar-se fazer uma declaraccedilatildeo confessar ou dar a conhecer mas que tambeacutem conteacutem em

sua raiz a palavra professio ndash profissatildeo ato de professar os votos religiosos no ingresso a uma

ordem ou congregaccedilatildeo religiosa Entre outras palavras significava adotar um estilo um modo

de v ida pois a pr ofissatildeo do s v otos e stava r elacionada ao c ompromisso de pr ofessar u ma

religiatildeo dentro das normas e regras desta ordem ou congregaccedilatildeo

Destas referecircncias infere-se que ser professor em sua origem era uma profissatildeo

que ex igia na m aior parte da s v ezes p rofessar c onfessar declarar u ma e scolha ldquoreligiosardquo

cujo papel exigia uma dedicaccedilatildeo integral agrave ldquodeterminada tarefa ou forma de v idardquo (ROSSATO

2002 p 89)

ldquoNo comeccedilo portanto professor era aquele que s e identificava por um modo de v ida proacuteprio e que t inha u m e stilo pr oacuteprio de v iver H avia pois u ma i dentidade ent re profissatildeo e vida e professor era aquele que tinha uma doutrina proacutepria e oferecia algo de novo aos seus alunos formando disciacutepulos e seguidores () Somente mais tarde passou-se a ac eitar e des ignar c omo pr ofessor t odo aquel e que s e dedi cava ao ensinordquo (ROSSATO 2002 p 90)

Para o autor embora os pedagogos gregos ou Impeacuterio Romano de certa forma

jaacute exercessem e ste papel ldquopode-se di zer q ue s omente c om o s urgimento das universidades

medievais eacute q ue s e c onsolidou a i magem do pr ofessor c omo f igura c entral do pr ocesso

educativordquo pois a ldquo proacutepria or igem do t ermo eacute bas eada e m a lgo ex tremamente c orrente no

51

mundo medieval a profissatildeo religiosardquo (p 88) Daiacute a expressatildeo comum que foi utilizada durante

muito t empo po r pessoas puacuteblicas c omo o s poliacuteticos m as no s entido pej orativo de q ue o

ldquomagisteacuterio eacute um sacerdoacuteciordquo ou seja uma profissatildeo de feacute de abnegaccedilatildeo de altruiacutesmo Poreacutem

o pr oacuteprio aut or nos pergunta t ambeacutem s e natildeo s eria m ais a dequado des ignar c omo pr ofessor

aquele que constroacutei uma visatildeo proacutepria de mundo e diz sua palavra sobre o mundo

Neste contexto haacute muito tempo atraacutes Rubens Alves (1984) jaacute havia assinalado

que o ldquo educadorrdquo pelo m enos no i deal de s ua i maginaccedilatildeo habita um m undo e m q ue a

interioridade faz uma diferenccedila em virtude das pessoas se definirem por suas visotildees paixotildees

esperanccedilas e horizontes utoacutepicos

Assim embora este paradigma tenha ganhado a sua ecircnfase na segunda metade

do seacuteculo XX [Escola Nova Humanismo Cristatildeo Poliacuteticas Puacuteblicas (LDB 402461) Psicologia

Humanista Filosofia Claacutessica Moderna etc] cabe assinalar que o mesmo teve a sua tradiccedilatildeo no

mundo ant igo g anhando a s ua em ancipaccedilatildeo c om o m undo m edieval e na at ualidade f oi

retomado de f orma mais a mpla c omo c riacutetica ao pr ocesso de formaccedilatildeo pr ofissional e de

atuaccedilatildeo docente

Tendo como referecircncia este contexto procuramos trabalhar com os professores

envolvidos com o projeto ldquoO Comportamento Motor no Processo de Escolarizaccedilatildeo de Crianccedilas

no Ensino de E ducaccedilatildeo I nfantil e no E nsino Fundamentalrdquo considerando a realidade escolar

(projeto pedagoacutegico e reuniotildees pedagoacutegicas) mas tambeacutem o ser professor

A E MEIF ldquoPROFESSORA M ARIA A PPARECIDA D E L UCA M OORErdquo U M ESTUDO D E CASO ndash O TRABALHO DE CAMPO E SEUS RESULTADOS

Como f oi c olocado ant eriormente o objetivo des te es tudo es teve v inculado ao

trabalho com as professoras ldquoa profissionalidade docenterdquo [e auxiliaacute-las na (re)descoberta do

corpo priorizando o desenvolvimento motor] Poreacutem cabe registrar que para a coleta e anaacutelise

destes dados utilizamos uma abordagem qualitativa do t ipo estudo de caso com as teacutecnicas

documental r elatoacuterio da s p rofessoras s obre o t rabalho q ue f oi desenvolvido r elatoacuterio de u m

seminaacuterio c ientiacutefico e par ticipaccedilatildeo de um a parte das p rofessoras ( oito) num C ongresso de

Educaccedilatildeo O nuacutemero total de professoras envolvidas foi 25

52

Com relaccedilatildeo aos resultados obtidos cabe destacar

1 Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico da EMEIEF ldquoMaria Apparecida de Luca Moorerdquo

Nesta e scola a proposta pedag oacutegica or ganiza-se po r e ixos t emaacuteticos ( por

bimestre) colocando no centro deste processo a questatildeo do amor (em virtude de problemas de

violecircncia f iacutesica m aterial e s imboacutelica) s em apresentar a s istematizaccedilatildeo de um a c oncepccedilatildeo

pedagoacutegica T rata-se m uito m ais de u m slogan prepositivo o rganizado na f orma de q uatro

eixos temaacuteticos (apresentando estreita relaccedilatildeo com os PCNs)

- Quem ama conheci a si mesmo e exerce a cidadania

- Quem ama respeito o seu espaccedilo

- Quem ama valoriza o meio ambiente e a cultura

- Quem ama sonha e realiza

No geral embora estes eixos sejam interessantiacutessimos visando a transformaccedilatildeo

os m esmos natildeo m ereceram u ma at enccedilatildeo m aior c om re laccedilatildeo ao s eu pape l ldquo ocultordquo de

articulador do c urriacuteculo no P rojeto P oliacutetico P edagoacutegico (2002) e m v irtude de t erem s ido

construiacutedos num momento posterior a esse processo de el aboraccedilatildeo da pr oposta pedagoacutegica

Portanto c abe r essaltar q ue o pl anejamento c urricular e o pl anejamento de ens ino g ravitam

nesta oacuterbita devendo todo e q ualquer t rabalho desenvolvido na r eferida instituiccedilatildeo considerar

esta premissa

Com relaccedilatildeo ao Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico este apresenta uma proposta soacutecio-

poliacutetica visando situar a pessoa num processo de transformaccedilatildeo pessoal e coletiva no exerciacutecio

da cidadania tendo em vista sempre um processo construtivo e participativo da realidade que o

cerca

No q ue s e r efere agrave E ducaccedilatildeo F iacutesica es ta f icou v inculada agrave s a tividades de

movimento na educaccedilatildeo i nfantil t endo c omo m eta ldquo atraveacutes do m ovimento p ropiciar q ue a

crianccedila expresse emoccedilotildees e pensamentos ampliando as possibilidades do uso significativo de

gestos e pos turas co rporaisrdquo (L IMEIRA 2002 p 38) Neste contexto a pr oposta apr esentou

como habilidades e conteuacutedos a serem explorados conhecimento e controle corporal imagem

corporal expressatildeo corporal gestos e r itmos corporais miacutemicas dramatizaccedilatildeo e musicas de

rotina pantomimas j ogos e br inquedos g incanas j ogos co m re gras b rincadeiras de r oda

capacidades fiacutesicas (ou qualidades fiacutesicas) enfim vivenciar o movimento corporal Em relaccedilatildeo

agraves primeiras seacuter ies do e nsino f undamental a E ducaccedilatildeo F iacutesica s ugere ldquo proporcionar aos

alunos condiccedilotildees para a c onstruccedilatildeo de u m repertoacuterio de at ividades em que ela possa usar e

ampliar o s m ovimentos co rporais t anto e m s ituaccedilatildeo de expressatildeo q uanto e m a tividades

53

esportivasrdquo (p 38) A ecircnfase desta compreensatildeo iraacute propor atividades e conteuacutedo quais sejam

o conhecimento sobre o corpo movimentos corporais livres e dirigidos lateralidade jogos com

regras l ateralidade e sportes l utas g inaacutestica a tividades r iacutetmicas e ex pressivas e quiliacutebrio

coordenaccedilatildeo viso-motora

Poreacutem cabe ressaltar que embora haja este planejamento o corpo docente tem

consciecircncia de que natildeo sabe como empreender a atividade fiacutesica na escola pois reconhece as

deficiecircncias em sua formaccedilatildeo profissional e natildeo tem ideacuteia de como solucionaacute-la (PELLEGRINI

et al 2003)

2 Relatoacuterios d as p rofessoras E MEIEF ldquoMaria A pparecida d e Luca M oorerdquo sobre o trabalho desenvolvido

No trabalho de intervenccedilatildeo realizado foi diagnosticado pelas docentes que

ldquoOs p lanos e laborados pela UNESP embora natildeo t enham s ido s eguidos agrave r isca auxiliaram bastante as professores fornecendo ideacuteias muito interessante e di ferentes no trabalho com a educaccedilatildeo motora11

Os alunos demonstraram muito interesse em participar das atividades e muitas vezes pediam que as brincadeiras mais interessantes fossem repetidas como por exemplo o alongamento dos bichos As a tividades p ropostas necessitaram de adapt accedilatildeo no dec orrer do ano l etivo principalmente em r elaccedilatildeo ao tempo de dur accedilatildeo da s mesmas (muitas a tividades inclusive necessitaram ser trabalhadas por mais de uma aula) pois a classe atendida no primeiro ano de e scolaridade possuiacutea bas tante di ficuldade de ent endimento de regras e i nstruccedilotildees (comandos e t arefas f orma a s a tividades m ais d ifiacuteceis principalmente nos grupos com maiores dificuldades)rdquo Podemos observar que algumas crianccedilas melhoraram no desenvolvimento motor e na atenccedilatildeo e percepccedilatildeordquo (LIMEIRA 2003a p1-2 ndash o grifo eacute nosso)

Em outro relatoacuterio a s p rofessoras das t erceiras e q uartas seacute ries apresentaram

uma apreciaccedilatildeo dos pontos positivos e negativos deste trabalho apontando tambeacutem subjacente

a este processo as reflexotildees que faziam no exerciacutecio da docecircncia

ldquominus Aspectos que influenciaram o desenvolvimento das aulas

1 Pontos positivos

bull Elaboraccedilatildeo dos planos de aula pela equipe da UNESP conteuacutedo objetivo material e des envolvimento de c ada at ividade f iacutesica s uprimindo um a nec essidade do s professores (por falta de formaccedilatildeo especiacutefica nessa aacuterea)

bull Os planos de aula nos fizeram perceber que mesmo sem o conhecimento especiacutefico dessa aacuterea jaacute desenvolviacuteamos algumas atividades contemplando esses conteuacutedos

bull Esses p lanos de aul a no s l evaram a r efletir s obre no ssa pr aacutetica r eavaliando-as e tornando-as mais especiacuteficas e natildeo mais tatildeo recreativas somente

bull Durante o desenvolvimento da s aulas noacutes p rofessores nos deparamos co m a s nossas proacuteprias dificuldades em relaccedilatildeo agraves habilidades necessaacuterias para desenvolvecirc-las obrigando-nos a superaacute-las

11 - O grifo eacute nosso

54

bull Maior envolvimento e participaccedilatildeo dos alunos

bull Foi descoberto atraveacutes dessas aulas que a nossa instituiccedilatildeo jaacute possuiacutea um grande acesso a m ateriais que poder iam s er u tilizados e m nossa pr aacutetica e que noacute s desconheciacuteamos

bull Trabalhando c om v aacuterios grupos pudemos perceber e r espeitar d iferentes habilidades e limites de cada aluno

2 Pontos negativos

bull Apesar de a escola ser grande os espaccedilos onde as aulas foram desenvolvidas natildeo satildeo adequados Exemplo a quadra natildeo eacute coberta portanto exposta agraves maacutes condiccedilotildees climaacuteticas o paacutet io que eacute coberto estaacute disponiacutevel em poucas horas do dia por ter um tracircnsito fluente de alunos ou natildeo diariamente

bull O envolvimento da equipe natildeo foi total

bull Os m ateriais u tilizados nas aulas natildeo es tavam organizados p rejudicando assim o desenvolvimento das aulas

bull Por a tendermos m uitos g rupos alguns horaacuterios f oram p rejudicados em v irtude de serem proacuteximos aos horaacuterios de entrada recreio e outras atividades da escola

()

minus Consideraccedilotildees finais

Foi de extrema importacircncia termos esses planos de aula em matildeo pois a partir deles pudemos exercitar a nossa criatividade fazendo algumas modificaccedilotildees adaptando-os agraves reais necessidades de cada grupo

Pudemos perceber pela troca de experiecircncias entre os profissionais envolvidos que a discussatildeo e es tabelecimento de regras p reacutevias f acilitou o des envolvimento do trabalho bem como a aceitaccedilatildeo e envolvimento dos alunos

()

Houve ta mbeacutem r elatos de mudanccedilas de c omportamento por parte de m uitos professores em relaccedilatildeo ao pr oacuteprio corpo na aceitaccedilatildeo de s eus limites e valorizaccedilatildeo de suas proacuteprias habilidades

Sugestotildees ndash

()

bull Que a e scola reorganize os materiais que seratildeo utilizados no desenvolvimento das aulas s endo ac omodados e m l ocal adequado e de f aacutecil a cesso ao s p rofessoresrdquo (LIMEIRA 2003b p1-4 ndash o grifo eacute nosso)

Acreditamos q ue o t rabalho pr incipal c onsistiu e m l evar e stas p rofessoras a

acreditarem q ue poder iam f azer o q ue hav ia s ido pr oposto i r a leacutem dos limites c onhecidos

acreditar que poderiam fazer ldquoalgo a maisrdquo do que jaacute faziam superar a ineacutercia que ronda toda e

qualquer profissatildeo com o passar dos anos enfim que as mesmas tinham capacidade mas que

seria fundamental que primeiro saiacutessem de suas couraccedilas enfrentassem o desafio do ldquo novordquo

em relaccedilatildeo aos conteuacutedos de Educaccedilatildeo Fiacutesica e r efletissem sobre o exerciacutecio da doc ecircncia na

sala de aul a buscando s uperar o m ito da al egoria da c averna F oi o q ue ac onteceu na s

entrelinhas do relato apresentado quando se colocou que esses ldquoplanos de aula nos levaram a

refletir sobre no ssa pr aacutetica reavaliando-as e t ornando-as m ais e speciacuteficasrdquo q ue ldquo noacutes

professores nos deparamos co m a s nossas p roacuteprias d ificuldades e m re laccedilatildeo agrave s habilidades

55

necessaacuterias para des envolvecirc-las obrigando-nos a s uperaacute-lasrdquo q ue o s ldquo planos de aul a no s

fizeram perceber que mesmo sem o conhecimento especiacutefico dessa aacuterea jaacute desenvolviacuteamos

algumas a tividades c ontemplando e sses c onteuacutedosrdquo E m re sumo houve ldquomudanccedilas de

comportamento por parte de m uitos professores em relaccedilatildeo ao proacuteprio corpo na aceitaccedilatildeo de

seus limites e valorizaccedilatildeo de s uas proacuteprias habilidadesrdquo e ldquomaior envolvimento e participaccedilatildeo

dos a lunosrdquo ndash em v irtude de q ue as p rofessoras ldquo trabalhando com vaacuterios g rupos pudemos

perceber e respeitar diferentes habilidades e limites de cada alunordquo

3 Relatoacuterio do I Seminaacuterio de Desenvolvimento M otor ldquoO COMPORTAMENTO MOTOR NA EDUCACcedilAtildeO BAacuteSICArdquo

No s egundo s emestre e m outubro f oi desenvolvido o ldquo I S eminaacuterio de

Desenvolvimento M otor o C omportamento M otor na E ducaccedilatildeo B aacutesicardquo p romovido pel a

UNESPRio Claro N uacutecleo de E nsino ndash Campus Rio Claro D epartamento de E ducaccedilatildeo

LABORDAM ndash Departamento de E ducaccedilatildeo Fiacutesica e E MEIEF Profa Maria Apparecida de

Luca Moore de LimeiraSP

O objetivo do seminaacuterio foi reunir professores e estudantes da aacuterea da Educaccedilatildeo

Baacutesica e da E ducaccedilatildeo F iacutesica t endo c omo f oco de di scussatildeo o des envolvimento m otor o

processo de alfabetizaccedilatildeo e a profissionalidade docente

O seminaacuterio ocorreu no A nfiteatro da B iblioteca da UNESP com a par ticipaccedilatildeo

de 75 pe ssoas entre pr ofessores e es tudantes q ue ac ompanharam u ma pr ogramaccedilatildeo q ue

durou o di a i nteiro abrangendo entrega do m aterial do s eminaacuterio s essatildeo de aber tura

apresentaccedilatildeo dos participantes conferecircncia (Prof Dr Osvaldo L Ferraz - USP) mesa-redonda

ndash ldquoO desenvolvimento motor no processo de alfabetizaccedilatildeordquo (Profa Adriana Ijano Motta e Profa

Vera L A Pinheiro - EMEIEF MALM Profa Dra Ana Maria Pellegrini UNESPDEF-RC Profa

Dra Maria Ceciacutelia de O Micotti UNESPDE-RC Prof Dr Francisco Rosa Neto ndash UESC e Prof

Dr Osvaldo Luis Ferraz - USP) almoccedilo debate sobre ldquo O desenvolvimento motor no processo

de alfabetizaccedilatildeordquo intervalo para cafeacute relato de experiecircncias e sessatildeo de encerramento Cabe

ressaltar que na v eacutespera do s eminaacuterio houve tambeacutem uma of icina com o Prof Dr Francisco

Rosa N eto ndash UESC s obre av aliaccedilatildeo m otora par a pr ofessores e stagiaacuterios e c olaboradores

ligados ao Projeto de Limeira

Ao t eacutermino da pr ogramaccedilatildeo f oram entregues o s ce rtificados e r ecolhidos o s

questionaacuterios de avaliaccedilatildeo entregues com o material do seminaacuterio no periacuteodo da manhatilde tendo

entre os participantes as 25 professoras da escola envolvidas no projeto Este se constitui num

momento oportuno de integraccedilatildeo na relaccedilatildeo universidade-comunidade promoccedilatildeo humana e de

resgate da auto-estima de um grupo de professoras que se sentiram valorizadas e respeitadas

56

4 Participaccedilatildeo no C ongresso d e E ducaccedilatildeo ndash EDUCACcedilAtildeO Agrave F RATERNIDADE U M CAMINHO P OSSIacuteVELrdquo p romovido pe lo M ovimento H umanidade nos d ias 20 e 21 d e setembro de 2003 em Vargem Grande Paulista-SP

Na participaccedilatildeo a es te evento que teve como tema central a proposta da Profa

Dra Chiara Lubich (2001) as reflexotildees realizadas aparecem no relatoacuterio que seraacute apresentado

a seguir em que novamente se encontram os valores da profissionalidade docente e parte dos

valores de um curriacuteculo oculto eou do proacuteprio projeto pedagoacutegico presente na descriccedilatildeo

ldquo- O primeiro ponto importante a ser descrito retrata a recepccedilatildeo Havia uma recepccedilatildeo por parte dos organizadores que em muito diferia das recepccedilotildees de capacitaccedilotildees que jaacute par ticipamos O s encarregados da recepccedilatildeo a f izeram de t al f orma que no s sentimos muito bem vindas

- Outro as pecto i mportante f oi o formato o t empo do C ongresso O s encontros e relatos e ram i ntercalados por periacuteodos l ongos de i ntervalo Essa es trutura no s possibilitou uma r eflexatildeo m ais p rofunda c alma e detalhada s obre aqu ilo que estaacutevamos ouvindo vivendo O proacuteprio local incitava paz tranquumlilidade

Em relaccedilatildeo agraves ideacuteias d iscutidas acerca do pens amento da pedagoga i taliana Chiara Lubich a fraternidade o amor a importacircncia dos aspectos afetivos e mesmo espiritual na r elaccedilatildeo ens ino-aprendizagem P udemos observar algumas se melhanccedilas com o trabalho que jaacute realizamos em nossa Unidade Escolar

- O tratamento ecumecircnico das questotildees espirituais

- Jaacute t emos uma pr aacutetica de bu sca i ncessante e m c ativar e env olver o s a lunos para trazecirc-los mais proacuteximos da escola e tambeacutem de nosso Projeto Quem ama cuida

- A t entativa de par ticipar da construccedilatildeo do c onhecimento da s cr ianccedilas de m aneira afetuosa e prazerosa

- Desenvolvemos u m c onjunto de accedilotildees que v isam desenvolver a aut o-estima do s alunos

- Nossa insistecircncia de levar os alunos a refletirem sobre ser cidadatildeos solidaacuterios

- A reflexatildeo sobre a U nidade a busca constante de identificar quais aspectos da vida escolar nos aproxima como profissionais e como pessoas

- Como profissionais avaliamos que o C ongresso como um todo tinha uma forma e uma di scussatildeo s obre o am or m uito nov a par a noacutes Im portante per ceber que haacute intelectuais p reocupados e m sistematizar e xperiecircncias e c onhecimento num a aacuter ea onde t radicionalmente s e t em mu ito pr econceito o am or a af etividade T ambeacutem pudemos perceber quais aspectos precisariacuteamos repensar em nossa praacutetica e mesmo em nossa vida

Outros pontos que julgamos importantes e diferentes das capacitaccedilotildees que em geral participamos

- Palestrantes que di scutiam s eu c onhecimento e s uas i deacuteias partindo daqu ilo que realmente somos das nossas limitaccedilotildees como humanos e profissionais

- A possibilidade de perceber que muitas pessoas estatildeo preocupadas em buscar uma compreensatildeo maior do mundo e da s relaccedilotildees que estabelecemos com ele e c om as pessoasrdquo [LIMEIRA 2003c p1-2 ndash o grifo eacute nosso]

O q ue s e pode obs ervar na q uestatildeo da f ormaccedilatildeo pr ofissional docente

continuada o pr ofessor p recisa de t empo par a r efletir e natildeo daacute par a di ssociar o ex erciacutecio

profissional de s ua v ida pr ivada e mbora es te natildeo s eja o obj etivo m as eacute f undamental u m

57

trabalho que envolva esta totalidade Neste contexto registra-se por parte destas professoras e

da escola a preocupaccedilatildeo com as crianccedilas (obrigaccedilatildeo moral) o envolvimento das professoras

com a e scola e co m a c omunidade ( compromisso c om a c omunidade) e o f ato de s erem

educadoras

No g eral o q ue s e obs ervou e m re laccedilatildeo agraves p rofessoras dessa escola no q ue

tange a profissionalidade docente ndash quer seja pela convivecircncia das reuniotildees pedagoacutegicas quer

seja por ocasiatildeo da reuniatildeo cientiacutefica ou congresso quer seja durante o t rabalho desenvolvido

na escola ou mesmo pelos relatos apresentados ndash que estas professoras estatildeo preocupadas

com os escolares tambeacutem possuem uma determinada cumplicidade com a escola e com a sua

direccedilatildeo E sta r elaccedilatildeo f ica c lara na e scola p rincipalmente ent re a s docentes q ue natildeo s atildeo

passageiras na i nstituiccedilatildeo de u m ano par a o out ro H aacute t ambeacutem o c ompromisso ent re a s

docentes em particular por parte da direccedilatildeo com a proacutepria capacitaccedilatildeo do coletivo E ainda na

resoluccedilatildeo dos problemas que afligem a populaccedilatildeo frequumlentadora da escola no que diz respeito

a violecircncia domeacutestica excesso de agressividade entre os alunos orientaccedilatildeo e conscientizaccedilatildeo

dos pais entre out ros P ode-se di zer q ue haacute c ultivo v irtuoso de um a m oral dos ldquo bons

costumesrdquo do exerciacutecio da cidadania na dimensatildeo de ldquofaccedila aos outros aquilo que vocecirc gostaria

que fizesse a vocecircrsquo e ldquonatildeo faccedila aos outros aquilo que vocecirc gostaria que natildeo fizesse com vocecircrdquo

constituindo-se num grande preluacutedio de uma educaccedilatildeo para a paz

CONCLUSAtildeO E M B USCA D A PR OFISSIONALIDADE D OCENTE O U CO MO ldquo CULTIVARldquo JEQUITIBAacuteS NO LUGAR DE EUCALIPTOS

ldquoNatildeo s ei c omo pr eparar o educ ador T alvez i sto natildeo s eja ne m necessaacuterio nem possiacutevel Eacute necessaacuterio ac ordaacute-lo E a iacute aprenderemos que educ adores natildeo s e extinguiram c omo t ropeiros e c aixeiros P orque ta lvez nem t ropeiros e c aixeiros tenham desaparecidos m as permaneccedilam como m emoacuterias de um passado que es taacute mais proacuteximo do no sso futuro que ont em Basta que o c hamemos do seu sono por um ato de amor e coragem E talvez acordados repetiratildeo o milagre da instauraccedilatildeo de novos mundosrdquo (ALVES 1984 p 26)

A reflexatildeo ora apresentada buscou evidenciar os paradigmas que tecircm norteado

a at uaccedilatildeo doc ente c olocando e m q uestatildeo o s s aberes q ue datildeo l egitimidade agrave pr aacutetica

pedagoacutegica Vive-se u m mo mento de m udanccedilas e a f ormaccedilatildeo de pr ofessores natildeo pa ssa

desapercebida havendo um a g rande pr eocupaccedilatildeo e m delimitar me lhor o per fil desse

profissional

Natildeo se pode i gnorar a ldquo cavernardquo que acabou se tornando a no ssa sala de aul a

em virtude das sombras que foram projetadas sobre ela decorrentes da onda de v iolecircncia de

todos o s t ipos q ue s e abat eu s obre a s ociedade e do m odelo de e scola-fabril q ue natildeo s e

justifica mais

58

No v eacutertice de ssa di scussatildeo es taacute a e scola m as co mo c entro de f ormaccedilatildeo

humana e xigindo um a nov a c onfiguraccedilatildeo de r elaccedilotildees so ciais i nterpessoais m as t ambeacutem

curricular e pedagoacutegica Propotildee-se que no centro deste novo processo estejam o professor e o

aluno m as q ue t ambeacutem f accedilam parte da r ealidade e scolar a c omunidade l ocal e a s f orccedilas

produtivas da s ociedade O p rojeto pol iacutetico pedag oacutegico a s er e laborado bem c omo o s

diferentes projetos temaacuteticos prescinde deste conjunto orgacircnico

A escola e as demais instituiccedilotildees natildeo podem mais ser vistas apenas como uma

linha de m ontagem do hom em do s istema Embora possa haver a r eproduccedilatildeo haacute t ambeacutem a

contra-reproduccedilatildeo cada vez que superamos a nossa ineacutercia e mudamos o contexto de nossas

aulas dos relacionamentos enfim por causa daquilo que a escola eacute e natildeo do que tem sido

A f ormaccedilatildeo i nicial e c ontinuada s atildeo dua s r ealidades d istintas e ao m esmo

tempo inseparaacuteveis Pensar a formaccedilatildeo do professor significa ter bem claro que tipo de homem

queremos f ormar q ue t ipo de m undo q ueremos habitar q ue t ipo de s ociedade q ueremos

construir Esta exige uma reflexatildeo constante daquilo que fazemos de nossa histoacuteria de nossas

contradiccedilotildees de no ssas descobertas e p rincipalmente de no ssa s ocializaccedilatildeo enq uanto

professores (educadores)

Somos u ma ldquo profissatildeordquo e m c onstruccedilatildeo e o s nossos cu rriacuteculos e spelham e sta

realidade ao apr esentarem um conjunto de c onhecimentos disciplinares fragmentados Natildeo se

justifica m ais t rabalhar por c ompartimentos pois necessitamos t rabalhar e m r ede e m e ixos

temaacuteticos que visem a perspectiva da unidade na diversidade dos conhecimentos

Neste contexto se poder ia perguntar a inda quem eacute o pr ofessor na ordem das

coisas Para noacutes eacute um ldquoeducador profissionalrdquo que passa por um sistema de formaccedilatildeo formal e

que continua nesse processo ao longo de sua vida Poreacutem imbuiacutedo de uma perspectiva utoacutepica

natildeo deixa que ldquoo mito da cavernardquo o asfixie pois compartilha o seu sonho com outras pessoas

transformando-o e m r ealidade E sta eacute a pr oposta da ESCOLA D E L IMEIRA buscando na s

etapas da profissionalidade docente e num trabalho coletivo e de par ceria natildeo se tornar uma

faacutebrica de eucaliptos mas uma plantaccedilatildeo de jequitibaacutes

Agradecimentos ao corpo docente e discente da EMEIEF ldquoProfa Maria Apparecida de Luca Moorerdquo pela participaccedilatildeo

59

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ALVES R Conversas com quem gosta de ens inar 10 ed Satildeo Paulo Cortez EditoraAutores Associados 1984

CAMBI F Histoacuteria da pedagogia Satildeo Paulo Editora UNESP 1999 701p

CONTRERAS J A autonomia de professores Satildeo Paulo Cortez 2002

FERNANDES R Of iacutecio de pr ofessor o f im e o c omeccedilo do s paradigmas In C ONGRESSO LUSO-BRASILEIRO DE HISTOacuteRIA DA EDUCACcedilAtildeO Praacuteticas Educativas Culturas Escolares e Profissatildeo Docente 2 1998 Satildeo Paulo Anais p 1-20

GADOTTI M Histoacuteria das ideacuteias pedagoacutegicas 3ordf ed Satildeo Paulo Aacutetica 1995

LIMEIRA ( EMEIEF P rofa M aria A pparecida de Luc a M oore) R elatoacuterio da pr ofessoras das primeiras seacuteries (manuscrito) Limeira UNESPRC - Projeto Nuacutecleo de Ensino 2003a 1p

LIMEIRA ( EMEIEF P rofa M aria A pparecida de Luc a M oore) R elatoacuterio da pr ofessoras das terceiras e quartas seacuteries (manuscrito) Limeira UNESPRC - Projeto Nuacutecleo de Ensino 2003b 4p

LIMEIRA ( EMEIEF P rofa M aria A pparecida de Luc a M oore) R elatoacuterio de P articipaccedilatildeo no Congresso de Educaccedilatildeo ndash EDUCACcedilAtildeO A F RATERNIDADE U M C AMINHO P OSSIacuteVEL (manuscrito) Limeira UNESPRC - Projeto Nuacutecleo de Ensino 2003c 2p

LIMEIRA ( EMEIEF P rofa M aria A pparecida de Luc a M oore) P rojeto P oliacutetico P edagoacutegico (manuscrito) Limeira EMEIEF Profordf M aria Apparecida de Luca Moore 2002 132p

LUBICH C Aula magna para o doutorado honoris causa em Pedagogia Universidade Catoacutelica de Washington EUA 2001

MACHADO L M M ercado g lobal a es finge do pr esente In S ILVA J r C A ( Org) O profissional formado por seu curso estaacute preparado para as exigecircncias da nova ordem mundial Satildeo Paulo Pro-Reitoria de Graduaccedilatildeo da UNESP 1996 p 91-106 (VI Circuito PROGRAD)

PELLEGRINI A M S OUZA N ETO S BENITES L C VEIGA M e M OTTA A I O Comportamento Motor no processo de e scolarizaccedilatildeo buscando soluccedilotildees no contexto escolar para a al fabetizaccedilatildeo In Wilson Galego e Aacutelvaro Guedes Cadernos do Nuacutecleo de Ensino Satildeo Paulo SP UNESP ndash PROGRAD 2003 p271-284

PIMENTA S G F ormaccedilatildeo de pr ofessores ndash saberes da docecircncia e i dentidade do pr ofessor Nuances Presidente Prudente vol III setembro pp 5-13 1997

ROSSETO R Etimologias e saberes Espaccedilo Pedagoacutegico v 9 n 2 p86-89 dez2002

SAVIANE D Os saberes implicados na formaccedilatildeo do educador IV Congresso Estadual Paulista sobre formaccedilatildeo de Educadores Aacuteguas de Satildeo Pedro SP UNESP 1996

SCHOumlN D A Formar p rofessores co mo pr ofissionais r eflexivos In N OacuteVOA A ( Org) Os professores e a sua formaccedilatildeo Lisboa Don Quixote 1992 pp 77-92

SOUZA N ETO S A f ormaccedilatildeo i nicial e c ontinuada o s s aberes docentes In C ongresso de Educaccedilatildeo E ducaccedilatildeo a f raternidade u m c aminho po ssiacutevel C entro Mariaacutepolis Ginetta promovido pel o M ovimento H umanidade N ova de 20 a 21 de s etembro de 2003 V argem Grande Paulista Movimento Humanidade Nova 2003 12p

TARDIF M Saberes docentes e formaccedilatildeo profissional Petroacutepolis RJ Vozes 2002

60

Page 4: Boletim ef.org a-profissionalidade-docente-em-questao

perspectivas de ensino (concepccedilotildees ou dimensotildees) bem como no trabalho de campo com as

professoras desta escola alguns indicativos desta realidade

A S ALA D E A ULA O M ITO D A C AVERNA E A S C ONCEPCcedilOtildeES D E EN SINO9 ndash A PROFISSIONALIDADE DOCENTE VAI A ldquoJULGAMENTOrdquo

Pensar a s ala de aul a e o pape l do pr ofessor eacute c omo f azer u m e xerciacutecio de

reflexatildeo sobre ldquoO Mito da Cavernardquo narrado por Platatildeo (428-347) no livro VII de A Repuacuteblica

em que o f iloacutesofo-educador busca descrever a situaccedilatildeo geral da humanidade E o que ele vecirc

Que t odos noacutes e stamos c ondenados a v er s ombras agrave no ssa f rente e t omaacute-las co mo

verdadeiras N este c ontexto a ldquo cavernardquo c om s uas p inturas e es pectro s ombrio pode

representar a s nossas limitaccedilotildees m itos e f antasmas s ubjacentes agrave s ala de aul a q ue par a

serem superados precisam da ldquoluz ldquo De fato

ldquoHaacute doi s mundos O v isiacutevel eacute aquel e e m que a m aioria da hum anidade es taacute pr esa condicionada pel o lusco-fusco da c averna c rendo iludida que a s so mbras s atildeo a realidade O outro m undo o i nteligiacutevel eacute apanaacutegi o de alguns poucos O s que conseguem superar a ignoracircncia em que nasceram e rompendo com os ferros que os prendiam ao subterracircneo ergueram-se para a es fera da l uz em busca das essecircncias maiores do bem e do belordquo (SHILLING 2001)

Todavia o no sso g rande des afio es taria e m s uperar e stas i magens e spectro

que satildeo t omadas co mo v erdadeiras f ruto da i gnoracircncia e de no ssa i neacutercia D entro des te

contexto encontramos a sala de aul a com o seu repertoacuterio de m itos e fantasmas trazidos ora

pela s ituaccedilatildeo l ocal de des equiliacutebrio s ocial e or a pel os dogmatismos pedagoacutegicos q ue no s

fecham dentro de um profundo subterracircneo

Na s uperaccedilatildeo de no ssos m itos encontramos na l eitura de al guns paradigmas

relacionados ao pape l do pr ofessor t entativas e m d iferentes eacutepocas de s uperaccedilatildeo de ssa

situaccedilatildeo de ldquoignoracircnciardquo e ao mesmo tempo de constituiccedilatildeo dos saberes da profissatildeo docente

No pecircndul o da s ala de aul a em erge um a pr imeira abor dagem q ue v em do

paradigma do ldquomagisterrdquo10 nos remetendo a uma imagem de competecircncia do professor que eacute

portador de u m s aber s istematizado c onsagrando i nteiramente a s ua ex istecircncia par a um a

atividade de pr oduccedilatildeo e t ransmissatildeo de c onhecimentos na q ual constitui a f inalidade da s ua

atividade educativa Neste enfoque o valor central estaacute no saber que vale ldquoem si proacuteprio e por si

proacutepriordquo D e m odo q ue o pape l do pr ofessor c onsistiria e m desbloquear o ac esso ao s aber

mediante a observacircncia de uma exigecircncia rigorosa para consigo e para com os alunos em que

9O toacutepico ora apresentado teve como fonte de referecircncia os estudos desenvolvidos por SOUZA NETO (2003) no texto ldquoA formaccedilatildeo inicial e c ontinuada o s s aberes docentesrdquo apresentado e m o ficina pedagoacutegi ca no C ongresso de E ducaccedilatildeo E ducaccedilatildeo par a fraternidade um caminho possiacutevel realizado em Vargem Grande Paulista no periacuteodo de 20 a 21 de setembro de 2003 10Esta t erminologia f oi r etirada do es tudo de H eacutelegravene H irschhorn ( 1993) s obre o s paradigmas de c omportamento pr ofissional (magister pedagogo e ani mador) que foram apresentados no trabalho de Rogeacuterio Fernandes (1998) sobre ldquoOfiacutecio de professor o fim e o comeccedilo dos paradigmasrdquo

48

a competecircncia profissional estaria na capacidade para dominar o que se ensina (FERNANDES

1998)

Do questionamento ao s limites desta pr oposta s urgiu o paradigma do ldquo pedagogordquo que se entendido em toda a s ua extensatildeo estaacute relacionado aos meacutetodos ativos

de ens ino em que o al uno se t orna o su jeito da educ accedilatildeo e o pr ofessor o or ientador deste

processo E mbora p ossa par ecer s imples natildeo eacute m uito pel o c ontraacuterio pois s e ex ige q ue o

mesmo domine o conteuacutedo especiacutefico conheccedila a faixa etaacuteria de desenvolvimento dos alunos e

tenha uma grande fluecircncia com a metodologia de ensino

Cabe ressaltar que essa abordagem eacute consecutiva do reconhecimento de que o

aluno eacute o sujeito do conhecimento de que o pr ocesso de t ransmissatildeo do s aber eacute ao mesmo

tempo o da s ua aq uisiccedilatildeo N esta per spectiva a aprendizagem c onfere ao al uno u m

protagonismo central O a lvo da educ accedilatildeo jaacute natildeo eacute o s aber mas o proacuteprio aluno Neste novo

paradigma a instruccedilatildeo estaacute subordinada agrave educaccedilatildeo e o domiacutenio do saber natildeo eacute uma exigecircncia

predominante pois o essencial eacute a capacidade do professor de levar em conta as necessidades

do aluno prescindindo de um a formaccedilatildeo psicoloacutegica psicossocioloacutegica ou pedag oacutegica Muda-

se portanto a definiccedilatildeo da competecircncia profissional (FERNANDES 1998)

Uma terceira abordagem deste processo buscou superar a questatildeo do conteuacutedo

e do m eacutetodo propondo uma combinaccedilatildeo das duas propostas naquilo que denominou-se de o

paradigma do ldquo teacutecnicordquo Em tese o que se buscou foi uma melhor performance da eficaacutecia e

da eficiecircncia no processo de ensino tendo por meta gerar uma tecnologia educacional

Neste r eferencial o pont o de par tida f oram o s i nsucessos de um a pedag ogia

pautada apenas na t ransmissatildeo dos conteuacutedos ( transmissatildeo cultural) ou no es tabelecimento

de m eacutetodos ( forma) apresentando como opccedilatildeo a or ganizaccedilatildeo i nstrucional do conteuacutedo e da

forma numa uacutenica proposta de ensino

No pa radigma do t eacutecnico o pr ofessor s e t orna o executor dos objetivos

instrucionais das e strateacutegias de ens ino e da avaliaccedilatildeo es tabelecidas por u ma c omissatildeo de

especialistas r elacionados a um a dada aacuter ea de c onhecimento A ecircnfase r ecai no f ormalismo

didaacutetico dos planos elaborados segundo normas preacute-fixadas e no distanciamento entre teoria e

praacutetica N este enf oque o s c onteuacutedos c entram-se na or ganizaccedilatildeo r acional do pr ocesso de

ensino considerando-se o planejamento didaacutetico formal a elaboraccedilatildeo de materiais instrucionais

e a ut ilizaccedilatildeo de livros d idaacuteticos Portanto eacute o pr ocesso q ue det ermina o q ue pr ofessores e

alunos deveratildeo fazer e quando ndash e como o faratildeo

Nesta referecircncia em que predomina a teacutecnica de ensino a sua base de instruccedilatildeo

tem c omo pr essupostos a p sicologia c omportamental a i nstruccedilatildeo pr ogramada a t eoria da

49

comunicaccedilatildeo o pl anejamento f ormal ( previamente el aborado) e o s livros d idaacuteticos

(descartaacuteveis) D e f orma q ue o ens ino f ica c ondicionado agrave s ua di mensatildeo t eacutecnico-praacutetica da

praacutetica escolar sofrendo como nas outras abordagens questionamentos em virtude de seus

limites (VEIGA 1988)

Das criacuteticas efetuadas a esta proposta emergiu uma nova concepccedilatildeo centrada no

paradigma ldquo soacutecio-poliacuteticordquo da educaccedilatildeo Este questiona as outras referecircncias propondo que

o foco da educaccedilatildeo natildeo estaacute centrado no professor no aluno ou na teacutecnica de ensino ldquomas na

questatildeo central da formaccedilatildeo do homemrdquo (VEIGA 1988)

Neste contexto vai se reivindicar uma escola puacuteb lica do t ipo uacutenica para todos

pois eacute um a educ accedilatildeo q ue s e pr eocupa e s e c ompromete c om os i nteresses do hom em das

camadas mais desfavorecidas economicamente Caberia ao professor trabalhar no sentido de ir

aleacutem dos meacutetodos e teacutecnicas procurando associar escola-sociedade teoria-praacutetica conteuacutedo-

forma teacutecnico-poliacutetico ensino-pesquisa

O pensamento pedag oacutegico s ocialista f ormou-se no s eio do m ovimento popul ar

pela democratizaccedilatildeo do ens ino opondo-se agrave c oncepccedilatildeo burguesa de educaccedilatildeo com vistas agrave

transformaccedilatildeo social Na realidade trata-se de um a Pedagogia Criacutetica de inspiraccedilatildeo marxista

na proposta de que a educaccedilatildeo eacute o que se pode fazer do homem amanhatilde (GADOTTI 1995)

Embora al gumas de s uas cr iacuteticas se jam re levantes e m re laccedilatildeo ao t ecnicismo

neutralidade de meios e teacutecnicas didaacuteticas separaccedilatildeo conteuacutedosmeacutetodos fixaccedilatildeo de objetivos

educacionais ( pelos oacute rgatildeos da bur ocracia of icial) e a didaacutetica enquanto ldquoreceituaacuteriordquo s ustenta

uma ldquo visatildeo par cializada da educ accedilatildeo ao r eduzi-la agrave sua dimensatildeo soacutecio-poliacutetica negando a

especificidade do pedagoacutegicordquo (LIBAcircNEO 1986)

Entretanto no bojo destas diferentes abordagens emergiu tambeacutem uma outra

perspectiva q ue per passa a s demais c oncepccedilotildees m as q ue t em u ma es pecificidade pr oacutepria

naquilo que denominou-se paradigma do ldquo educadorrdquo constituindo-se no enfoque atual

O te rmo ldquo educadorrdquo s urgiu c om a t entativa c onstrutivista de r etomada do s er

professor na sua essecircncia buscando fazer uma mediaccedilatildeo entre o passado e o presente Neste

novo de lineamento o ldquo educadorrdquo eacute aq uele q ue educ a ( desenvolve a s f aculdades f iacutesicas

intelectuais e morais ndash instrui) ou ajuda no pr ocesso g lobal de desenvolvimento da c rianccedila e

faz do ato pedagoacutegico um ato poliacutetico no sentido de formaccedilatildeo da cidadania

O professor natildeo eacute nec essariamente um educador e este por seu turno natildeo eacute

necessariamente u m p rofessor ou pe ssoa c ulta ou l etrada m as q ue i mbuiacutedo de sse i deal

50

primeiro ensina a si mesmo e soacute depois se propotildee a ensinar os outros na perspectiva de que o

exemplo e a coerecircncia falam mais altos que os grandes discursos

Neste itineraacuterio eacute fundamental observar que a palavra ldquoeducaccedilatildeordquo proveacutem de dois

verbos de origem latina educere e educare A primeira etimologia a mais tradicional vincula-se

a compreensatildeo de que educar seria tirar de dentro extrair desvelar aquilo que estaacute no interior

da crianccedila do jovem do adulto Na segunda a raiz etimoloacutegica relaciona-se ao significado de

nutrir a mamentar c uidar a mar D o v erbo educare derivaram o s s ubstantivos educator

(educador) e educatrix (educadora) pois e ram a queles q ue a limentavam nutriam c riavam

amavam significando posteriormente ou tomando este sentido preparar iniciar-se no m undo

do conhecimento desenvolvimento

Educere tambeacutem conteacutem o verbo latino ducere que significa conduzir levar guiar

e o substantivo dux ndash aquele que conduz o chefe ou o g eneral Portanto a educaccedilatildeo torna-se

um processo criador e condutor em virtude de hav er algueacutem que ama e nut re na j ornada De

forma que o proacuteprio sentido de educaccedilatildeo conteacutem o significado de educador

Subjacente a es te processo e complementar ao sentido das palavras educaccedilatildeo

e educ ador e staacute o t ermo pr ofessor designando aq uele q ue ens ina ou ministra aul as N o

entanto etimologicamente a palavra ldquoprofessorrdquo origina-se do verbo latino profiteri que significa

declarar-se fazer uma declaraccedilatildeo confessar ou dar a conhecer mas que tambeacutem conteacutem em

sua raiz a palavra professio ndash profissatildeo ato de professar os votos religiosos no ingresso a uma

ordem ou congregaccedilatildeo religiosa Entre outras palavras significava adotar um estilo um modo

de v ida pois a pr ofissatildeo do s v otos e stava r elacionada ao c ompromisso de pr ofessar u ma

religiatildeo dentro das normas e regras desta ordem ou congregaccedilatildeo

Destas referecircncias infere-se que ser professor em sua origem era uma profissatildeo

que ex igia na m aior parte da s v ezes p rofessar c onfessar declarar u ma e scolha ldquoreligiosardquo

cujo papel exigia uma dedicaccedilatildeo integral agrave ldquodeterminada tarefa ou forma de v idardquo (ROSSATO

2002 p 89)

ldquoNo comeccedilo portanto professor era aquele que s e identificava por um modo de v ida proacuteprio e que t inha u m e stilo pr oacuteprio de v iver H avia pois u ma i dentidade ent re profissatildeo e vida e professor era aquele que tinha uma doutrina proacutepria e oferecia algo de novo aos seus alunos formando disciacutepulos e seguidores () Somente mais tarde passou-se a ac eitar e des ignar c omo pr ofessor t odo aquel e que s e dedi cava ao ensinordquo (ROSSATO 2002 p 90)

Para o autor embora os pedagogos gregos ou Impeacuterio Romano de certa forma

jaacute exercessem e ste papel ldquopode-se di zer q ue s omente c om o s urgimento das universidades

medievais eacute q ue s e c onsolidou a i magem do pr ofessor c omo f igura c entral do pr ocesso

educativordquo pois a ldquo proacutepria or igem do t ermo eacute bas eada e m a lgo ex tremamente c orrente no

51

mundo medieval a profissatildeo religiosardquo (p 88) Daiacute a expressatildeo comum que foi utilizada durante

muito t empo po r pessoas puacuteblicas c omo o s poliacuteticos m as no s entido pej orativo de q ue o

ldquomagisteacuterio eacute um sacerdoacuteciordquo ou seja uma profissatildeo de feacute de abnegaccedilatildeo de altruiacutesmo Poreacutem

o pr oacuteprio aut or nos pergunta t ambeacutem s e natildeo s eria m ais a dequado des ignar c omo pr ofessor

aquele que constroacutei uma visatildeo proacutepria de mundo e diz sua palavra sobre o mundo

Neste contexto haacute muito tempo atraacutes Rubens Alves (1984) jaacute havia assinalado

que o ldquo educadorrdquo pelo m enos no i deal de s ua i maginaccedilatildeo habita um m undo e m q ue a

interioridade faz uma diferenccedila em virtude das pessoas se definirem por suas visotildees paixotildees

esperanccedilas e horizontes utoacutepicos

Assim embora este paradigma tenha ganhado a sua ecircnfase na segunda metade

do seacuteculo XX [Escola Nova Humanismo Cristatildeo Poliacuteticas Puacuteblicas (LDB 402461) Psicologia

Humanista Filosofia Claacutessica Moderna etc] cabe assinalar que o mesmo teve a sua tradiccedilatildeo no

mundo ant igo g anhando a s ua em ancipaccedilatildeo c om o m undo m edieval e na at ualidade f oi

retomado de f orma mais a mpla c omo c riacutetica ao pr ocesso de formaccedilatildeo pr ofissional e de

atuaccedilatildeo docente

Tendo como referecircncia este contexto procuramos trabalhar com os professores

envolvidos com o projeto ldquoO Comportamento Motor no Processo de Escolarizaccedilatildeo de Crianccedilas

no Ensino de E ducaccedilatildeo I nfantil e no E nsino Fundamentalrdquo considerando a realidade escolar

(projeto pedagoacutegico e reuniotildees pedagoacutegicas) mas tambeacutem o ser professor

A E MEIF ldquoPROFESSORA M ARIA A PPARECIDA D E L UCA M OORErdquo U M ESTUDO D E CASO ndash O TRABALHO DE CAMPO E SEUS RESULTADOS

Como f oi c olocado ant eriormente o objetivo des te es tudo es teve v inculado ao

trabalho com as professoras ldquoa profissionalidade docenterdquo [e auxiliaacute-las na (re)descoberta do

corpo priorizando o desenvolvimento motor] Poreacutem cabe registrar que para a coleta e anaacutelise

destes dados utilizamos uma abordagem qualitativa do t ipo estudo de caso com as teacutecnicas

documental r elatoacuterio da s p rofessoras s obre o t rabalho q ue f oi desenvolvido r elatoacuterio de u m

seminaacuterio c ientiacutefico e par ticipaccedilatildeo de um a parte das p rofessoras ( oito) num C ongresso de

Educaccedilatildeo O nuacutemero total de professoras envolvidas foi 25

52

Com relaccedilatildeo aos resultados obtidos cabe destacar

1 Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico da EMEIEF ldquoMaria Apparecida de Luca Moorerdquo

Nesta e scola a proposta pedag oacutegica or ganiza-se po r e ixos t emaacuteticos ( por

bimestre) colocando no centro deste processo a questatildeo do amor (em virtude de problemas de

violecircncia f iacutesica m aterial e s imboacutelica) s em apresentar a s istematizaccedilatildeo de um a c oncepccedilatildeo

pedagoacutegica T rata-se m uito m ais de u m slogan prepositivo o rganizado na f orma de q uatro

eixos temaacuteticos (apresentando estreita relaccedilatildeo com os PCNs)

- Quem ama conheci a si mesmo e exerce a cidadania

- Quem ama respeito o seu espaccedilo

- Quem ama valoriza o meio ambiente e a cultura

- Quem ama sonha e realiza

No geral embora estes eixos sejam interessantiacutessimos visando a transformaccedilatildeo

os m esmos natildeo m ereceram u ma at enccedilatildeo m aior c om re laccedilatildeo ao s eu pape l ldquo ocultordquo de

articulador do c urriacuteculo no P rojeto P oliacutetico P edagoacutegico (2002) e m v irtude de t erem s ido

construiacutedos num momento posterior a esse processo de el aboraccedilatildeo da pr oposta pedagoacutegica

Portanto c abe r essaltar q ue o pl anejamento c urricular e o pl anejamento de ens ino g ravitam

nesta oacuterbita devendo todo e q ualquer t rabalho desenvolvido na r eferida instituiccedilatildeo considerar

esta premissa

Com relaccedilatildeo ao Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico este apresenta uma proposta soacutecio-

poliacutetica visando situar a pessoa num processo de transformaccedilatildeo pessoal e coletiva no exerciacutecio

da cidadania tendo em vista sempre um processo construtivo e participativo da realidade que o

cerca

No q ue s e r efere agrave E ducaccedilatildeo F iacutesica es ta f icou v inculada agrave s a tividades de

movimento na educaccedilatildeo i nfantil t endo c omo m eta ldquo atraveacutes do m ovimento p ropiciar q ue a

crianccedila expresse emoccedilotildees e pensamentos ampliando as possibilidades do uso significativo de

gestos e pos turas co rporaisrdquo (L IMEIRA 2002 p 38) Neste contexto a pr oposta apr esentou

como habilidades e conteuacutedos a serem explorados conhecimento e controle corporal imagem

corporal expressatildeo corporal gestos e r itmos corporais miacutemicas dramatizaccedilatildeo e musicas de

rotina pantomimas j ogos e br inquedos g incanas j ogos co m re gras b rincadeiras de r oda

capacidades fiacutesicas (ou qualidades fiacutesicas) enfim vivenciar o movimento corporal Em relaccedilatildeo

agraves primeiras seacuter ies do e nsino f undamental a E ducaccedilatildeo F iacutesica s ugere ldquo proporcionar aos

alunos condiccedilotildees para a c onstruccedilatildeo de u m repertoacuterio de at ividades em que ela possa usar e

ampliar o s m ovimentos co rporais t anto e m s ituaccedilatildeo de expressatildeo q uanto e m a tividades

53

esportivasrdquo (p 38) A ecircnfase desta compreensatildeo iraacute propor atividades e conteuacutedo quais sejam

o conhecimento sobre o corpo movimentos corporais livres e dirigidos lateralidade jogos com

regras l ateralidade e sportes l utas g inaacutestica a tividades r iacutetmicas e ex pressivas e quiliacutebrio

coordenaccedilatildeo viso-motora

Poreacutem cabe ressaltar que embora haja este planejamento o corpo docente tem

consciecircncia de que natildeo sabe como empreender a atividade fiacutesica na escola pois reconhece as

deficiecircncias em sua formaccedilatildeo profissional e natildeo tem ideacuteia de como solucionaacute-la (PELLEGRINI

et al 2003)

2 Relatoacuterios d as p rofessoras E MEIEF ldquoMaria A pparecida d e Luca M oorerdquo sobre o trabalho desenvolvido

No trabalho de intervenccedilatildeo realizado foi diagnosticado pelas docentes que

ldquoOs p lanos e laborados pela UNESP embora natildeo t enham s ido s eguidos agrave r isca auxiliaram bastante as professores fornecendo ideacuteias muito interessante e di ferentes no trabalho com a educaccedilatildeo motora11

Os alunos demonstraram muito interesse em participar das atividades e muitas vezes pediam que as brincadeiras mais interessantes fossem repetidas como por exemplo o alongamento dos bichos As a tividades p ropostas necessitaram de adapt accedilatildeo no dec orrer do ano l etivo principalmente em r elaccedilatildeo ao tempo de dur accedilatildeo da s mesmas (muitas a tividades inclusive necessitaram ser trabalhadas por mais de uma aula) pois a classe atendida no primeiro ano de e scolaridade possuiacutea bas tante di ficuldade de ent endimento de regras e i nstruccedilotildees (comandos e t arefas f orma a s a tividades m ais d ifiacuteceis principalmente nos grupos com maiores dificuldades)rdquo Podemos observar que algumas crianccedilas melhoraram no desenvolvimento motor e na atenccedilatildeo e percepccedilatildeordquo (LIMEIRA 2003a p1-2 ndash o grifo eacute nosso)

Em outro relatoacuterio a s p rofessoras das t erceiras e q uartas seacute ries apresentaram

uma apreciaccedilatildeo dos pontos positivos e negativos deste trabalho apontando tambeacutem subjacente

a este processo as reflexotildees que faziam no exerciacutecio da docecircncia

ldquominus Aspectos que influenciaram o desenvolvimento das aulas

1 Pontos positivos

bull Elaboraccedilatildeo dos planos de aula pela equipe da UNESP conteuacutedo objetivo material e des envolvimento de c ada at ividade f iacutesica s uprimindo um a nec essidade do s professores (por falta de formaccedilatildeo especiacutefica nessa aacuterea)

bull Os planos de aula nos fizeram perceber que mesmo sem o conhecimento especiacutefico dessa aacuterea jaacute desenvolviacuteamos algumas atividades contemplando esses conteuacutedos

bull Esses p lanos de aul a no s l evaram a r efletir s obre no ssa pr aacutetica r eavaliando-as e tornando-as mais especiacuteficas e natildeo mais tatildeo recreativas somente

bull Durante o desenvolvimento da s aulas noacutes p rofessores nos deparamos co m a s nossas proacuteprias dificuldades em relaccedilatildeo agraves habilidades necessaacuterias para desenvolvecirc-las obrigando-nos a superaacute-las

11 - O grifo eacute nosso

54

bull Maior envolvimento e participaccedilatildeo dos alunos

bull Foi descoberto atraveacutes dessas aulas que a nossa instituiccedilatildeo jaacute possuiacutea um grande acesso a m ateriais que poder iam s er u tilizados e m nossa pr aacutetica e que noacute s desconheciacuteamos

bull Trabalhando c om v aacuterios grupos pudemos perceber e r espeitar d iferentes habilidades e limites de cada aluno

2 Pontos negativos

bull Apesar de a escola ser grande os espaccedilos onde as aulas foram desenvolvidas natildeo satildeo adequados Exemplo a quadra natildeo eacute coberta portanto exposta agraves maacutes condiccedilotildees climaacuteticas o paacutet io que eacute coberto estaacute disponiacutevel em poucas horas do dia por ter um tracircnsito fluente de alunos ou natildeo diariamente

bull O envolvimento da equipe natildeo foi total

bull Os m ateriais u tilizados nas aulas natildeo es tavam organizados p rejudicando assim o desenvolvimento das aulas

bull Por a tendermos m uitos g rupos alguns horaacuterios f oram p rejudicados em v irtude de serem proacuteximos aos horaacuterios de entrada recreio e outras atividades da escola

()

minus Consideraccedilotildees finais

Foi de extrema importacircncia termos esses planos de aula em matildeo pois a partir deles pudemos exercitar a nossa criatividade fazendo algumas modificaccedilotildees adaptando-os agraves reais necessidades de cada grupo

Pudemos perceber pela troca de experiecircncias entre os profissionais envolvidos que a discussatildeo e es tabelecimento de regras p reacutevias f acilitou o des envolvimento do trabalho bem como a aceitaccedilatildeo e envolvimento dos alunos

()

Houve ta mbeacutem r elatos de mudanccedilas de c omportamento por parte de m uitos professores em relaccedilatildeo ao pr oacuteprio corpo na aceitaccedilatildeo de s eus limites e valorizaccedilatildeo de suas proacuteprias habilidades

Sugestotildees ndash

()

bull Que a e scola reorganize os materiais que seratildeo utilizados no desenvolvimento das aulas s endo ac omodados e m l ocal adequado e de f aacutecil a cesso ao s p rofessoresrdquo (LIMEIRA 2003b p1-4 ndash o grifo eacute nosso)

Acreditamos q ue o t rabalho pr incipal c onsistiu e m l evar e stas p rofessoras a

acreditarem q ue poder iam f azer o q ue hav ia s ido pr oposto i r a leacutem dos limites c onhecidos

acreditar que poderiam fazer ldquoalgo a maisrdquo do que jaacute faziam superar a ineacutercia que ronda toda e

qualquer profissatildeo com o passar dos anos enfim que as mesmas tinham capacidade mas que

seria fundamental que primeiro saiacutessem de suas couraccedilas enfrentassem o desafio do ldquo novordquo

em relaccedilatildeo aos conteuacutedos de Educaccedilatildeo Fiacutesica e r efletissem sobre o exerciacutecio da doc ecircncia na

sala de aul a buscando s uperar o m ito da al egoria da c averna F oi o q ue ac onteceu na s

entrelinhas do relato apresentado quando se colocou que esses ldquoplanos de aula nos levaram a

refletir sobre no ssa pr aacutetica reavaliando-as e t ornando-as m ais e speciacuteficasrdquo q ue ldquo noacutes

professores nos deparamos co m a s nossas p roacuteprias d ificuldades e m re laccedilatildeo agrave s habilidades

55

necessaacuterias para des envolvecirc-las obrigando-nos a s uperaacute-lasrdquo q ue o s ldquo planos de aul a no s

fizeram perceber que mesmo sem o conhecimento especiacutefico dessa aacuterea jaacute desenvolviacuteamos

algumas a tividades c ontemplando e sses c onteuacutedosrdquo E m re sumo houve ldquomudanccedilas de

comportamento por parte de m uitos professores em relaccedilatildeo ao proacuteprio corpo na aceitaccedilatildeo de

seus limites e valorizaccedilatildeo de s uas proacuteprias habilidadesrdquo e ldquomaior envolvimento e participaccedilatildeo

dos a lunosrdquo ndash em v irtude de q ue as p rofessoras ldquo trabalhando com vaacuterios g rupos pudemos

perceber e respeitar diferentes habilidades e limites de cada alunordquo

3 Relatoacuterio do I Seminaacuterio de Desenvolvimento M otor ldquoO COMPORTAMENTO MOTOR NA EDUCACcedilAtildeO BAacuteSICArdquo

No s egundo s emestre e m outubro f oi desenvolvido o ldquo I S eminaacuterio de

Desenvolvimento M otor o C omportamento M otor na E ducaccedilatildeo B aacutesicardquo p romovido pel a

UNESPRio Claro N uacutecleo de E nsino ndash Campus Rio Claro D epartamento de E ducaccedilatildeo

LABORDAM ndash Departamento de E ducaccedilatildeo Fiacutesica e E MEIEF Profa Maria Apparecida de

Luca Moore de LimeiraSP

O objetivo do seminaacuterio foi reunir professores e estudantes da aacuterea da Educaccedilatildeo

Baacutesica e da E ducaccedilatildeo F iacutesica t endo c omo f oco de di scussatildeo o des envolvimento m otor o

processo de alfabetizaccedilatildeo e a profissionalidade docente

O seminaacuterio ocorreu no A nfiteatro da B iblioteca da UNESP com a par ticipaccedilatildeo

de 75 pe ssoas entre pr ofessores e es tudantes q ue ac ompanharam u ma pr ogramaccedilatildeo q ue

durou o di a i nteiro abrangendo entrega do m aterial do s eminaacuterio s essatildeo de aber tura

apresentaccedilatildeo dos participantes conferecircncia (Prof Dr Osvaldo L Ferraz - USP) mesa-redonda

ndash ldquoO desenvolvimento motor no processo de alfabetizaccedilatildeordquo (Profa Adriana Ijano Motta e Profa

Vera L A Pinheiro - EMEIEF MALM Profa Dra Ana Maria Pellegrini UNESPDEF-RC Profa

Dra Maria Ceciacutelia de O Micotti UNESPDE-RC Prof Dr Francisco Rosa Neto ndash UESC e Prof

Dr Osvaldo Luis Ferraz - USP) almoccedilo debate sobre ldquo O desenvolvimento motor no processo

de alfabetizaccedilatildeordquo intervalo para cafeacute relato de experiecircncias e sessatildeo de encerramento Cabe

ressaltar que na v eacutespera do s eminaacuterio houve tambeacutem uma of icina com o Prof Dr Francisco

Rosa N eto ndash UESC s obre av aliaccedilatildeo m otora par a pr ofessores e stagiaacuterios e c olaboradores

ligados ao Projeto de Limeira

Ao t eacutermino da pr ogramaccedilatildeo f oram entregues o s ce rtificados e r ecolhidos o s

questionaacuterios de avaliaccedilatildeo entregues com o material do seminaacuterio no periacuteodo da manhatilde tendo

entre os participantes as 25 professoras da escola envolvidas no projeto Este se constitui num

momento oportuno de integraccedilatildeo na relaccedilatildeo universidade-comunidade promoccedilatildeo humana e de

resgate da auto-estima de um grupo de professoras que se sentiram valorizadas e respeitadas

56

4 Participaccedilatildeo no C ongresso d e E ducaccedilatildeo ndash EDUCACcedilAtildeO Agrave F RATERNIDADE U M CAMINHO P OSSIacuteVELrdquo p romovido pe lo M ovimento H umanidade nos d ias 20 e 21 d e setembro de 2003 em Vargem Grande Paulista-SP

Na participaccedilatildeo a es te evento que teve como tema central a proposta da Profa

Dra Chiara Lubich (2001) as reflexotildees realizadas aparecem no relatoacuterio que seraacute apresentado

a seguir em que novamente se encontram os valores da profissionalidade docente e parte dos

valores de um curriacuteculo oculto eou do proacuteprio projeto pedagoacutegico presente na descriccedilatildeo

ldquo- O primeiro ponto importante a ser descrito retrata a recepccedilatildeo Havia uma recepccedilatildeo por parte dos organizadores que em muito diferia das recepccedilotildees de capacitaccedilotildees que jaacute par ticipamos O s encarregados da recepccedilatildeo a f izeram de t al f orma que no s sentimos muito bem vindas

- Outro as pecto i mportante f oi o formato o t empo do C ongresso O s encontros e relatos e ram i ntercalados por periacuteodos l ongos de i ntervalo Essa es trutura no s possibilitou uma r eflexatildeo m ais p rofunda c alma e detalhada s obre aqu ilo que estaacutevamos ouvindo vivendo O proacuteprio local incitava paz tranquumlilidade

Em relaccedilatildeo agraves ideacuteias d iscutidas acerca do pens amento da pedagoga i taliana Chiara Lubich a fraternidade o amor a importacircncia dos aspectos afetivos e mesmo espiritual na r elaccedilatildeo ens ino-aprendizagem P udemos observar algumas se melhanccedilas com o trabalho que jaacute realizamos em nossa Unidade Escolar

- O tratamento ecumecircnico das questotildees espirituais

- Jaacute t emos uma pr aacutetica de bu sca i ncessante e m c ativar e env olver o s a lunos para trazecirc-los mais proacuteximos da escola e tambeacutem de nosso Projeto Quem ama cuida

- A t entativa de par ticipar da construccedilatildeo do c onhecimento da s cr ianccedilas de m aneira afetuosa e prazerosa

- Desenvolvemos u m c onjunto de accedilotildees que v isam desenvolver a aut o-estima do s alunos

- Nossa insistecircncia de levar os alunos a refletirem sobre ser cidadatildeos solidaacuterios

- A reflexatildeo sobre a U nidade a busca constante de identificar quais aspectos da vida escolar nos aproxima como profissionais e como pessoas

- Como profissionais avaliamos que o C ongresso como um todo tinha uma forma e uma di scussatildeo s obre o am or m uito nov a par a noacutes Im portante per ceber que haacute intelectuais p reocupados e m sistematizar e xperiecircncias e c onhecimento num a aacuter ea onde t radicionalmente s e t em mu ito pr econceito o am or a af etividade T ambeacutem pudemos perceber quais aspectos precisariacuteamos repensar em nossa praacutetica e mesmo em nossa vida

Outros pontos que julgamos importantes e diferentes das capacitaccedilotildees que em geral participamos

- Palestrantes que di scutiam s eu c onhecimento e s uas i deacuteias partindo daqu ilo que realmente somos das nossas limitaccedilotildees como humanos e profissionais

- A possibilidade de perceber que muitas pessoas estatildeo preocupadas em buscar uma compreensatildeo maior do mundo e da s relaccedilotildees que estabelecemos com ele e c om as pessoasrdquo [LIMEIRA 2003c p1-2 ndash o grifo eacute nosso]

O q ue s e pode obs ervar na q uestatildeo da f ormaccedilatildeo pr ofissional docente

continuada o pr ofessor p recisa de t empo par a r efletir e natildeo daacute par a di ssociar o ex erciacutecio

profissional de s ua v ida pr ivada e mbora es te natildeo s eja o obj etivo m as eacute f undamental u m

57

trabalho que envolva esta totalidade Neste contexto registra-se por parte destas professoras e

da escola a preocupaccedilatildeo com as crianccedilas (obrigaccedilatildeo moral) o envolvimento das professoras

com a e scola e co m a c omunidade ( compromisso c om a c omunidade) e o f ato de s erem

educadoras

No g eral o q ue s e obs ervou e m re laccedilatildeo agraves p rofessoras dessa escola no q ue

tange a profissionalidade docente ndash quer seja pela convivecircncia das reuniotildees pedagoacutegicas quer

seja por ocasiatildeo da reuniatildeo cientiacutefica ou congresso quer seja durante o t rabalho desenvolvido

na escola ou mesmo pelos relatos apresentados ndash que estas professoras estatildeo preocupadas

com os escolares tambeacutem possuem uma determinada cumplicidade com a escola e com a sua

direccedilatildeo E sta r elaccedilatildeo f ica c lara na e scola p rincipalmente ent re a s docentes q ue natildeo s atildeo

passageiras na i nstituiccedilatildeo de u m ano par a o out ro H aacute t ambeacutem o c ompromisso ent re a s

docentes em particular por parte da direccedilatildeo com a proacutepria capacitaccedilatildeo do coletivo E ainda na

resoluccedilatildeo dos problemas que afligem a populaccedilatildeo frequumlentadora da escola no que diz respeito

a violecircncia domeacutestica excesso de agressividade entre os alunos orientaccedilatildeo e conscientizaccedilatildeo

dos pais entre out ros P ode-se di zer q ue haacute c ultivo v irtuoso de um a m oral dos ldquo bons

costumesrdquo do exerciacutecio da cidadania na dimensatildeo de ldquofaccedila aos outros aquilo que vocecirc gostaria

que fizesse a vocecircrsquo e ldquonatildeo faccedila aos outros aquilo que vocecirc gostaria que natildeo fizesse com vocecircrdquo

constituindo-se num grande preluacutedio de uma educaccedilatildeo para a paz

CONCLUSAtildeO E M B USCA D A PR OFISSIONALIDADE D OCENTE O U CO MO ldquo CULTIVARldquo JEQUITIBAacuteS NO LUGAR DE EUCALIPTOS

ldquoNatildeo s ei c omo pr eparar o educ ador T alvez i sto natildeo s eja ne m necessaacuterio nem possiacutevel Eacute necessaacuterio ac ordaacute-lo E a iacute aprenderemos que educ adores natildeo s e extinguiram c omo t ropeiros e c aixeiros P orque ta lvez nem t ropeiros e c aixeiros tenham desaparecidos m as permaneccedilam como m emoacuterias de um passado que es taacute mais proacuteximo do no sso futuro que ont em Basta que o c hamemos do seu sono por um ato de amor e coragem E talvez acordados repetiratildeo o milagre da instauraccedilatildeo de novos mundosrdquo (ALVES 1984 p 26)

A reflexatildeo ora apresentada buscou evidenciar os paradigmas que tecircm norteado

a at uaccedilatildeo doc ente c olocando e m q uestatildeo o s s aberes q ue datildeo l egitimidade agrave pr aacutetica

pedagoacutegica Vive-se u m mo mento de m udanccedilas e a f ormaccedilatildeo de pr ofessores natildeo pa ssa

desapercebida havendo um a g rande pr eocupaccedilatildeo e m delimitar me lhor o per fil desse

profissional

Natildeo se pode i gnorar a ldquo cavernardquo que acabou se tornando a no ssa sala de aul a

em virtude das sombras que foram projetadas sobre ela decorrentes da onda de v iolecircncia de

todos o s t ipos q ue s e abat eu s obre a s ociedade e do m odelo de e scola-fabril q ue natildeo s e

justifica mais

58

No v eacutertice de ssa di scussatildeo es taacute a e scola m as co mo c entro de f ormaccedilatildeo

humana e xigindo um a nov a c onfiguraccedilatildeo de r elaccedilotildees so ciais i nterpessoais m as t ambeacutem

curricular e pedagoacutegica Propotildee-se que no centro deste novo processo estejam o professor e o

aluno m as q ue t ambeacutem f accedilam parte da r ealidade e scolar a c omunidade l ocal e a s f orccedilas

produtivas da s ociedade O p rojeto pol iacutetico pedag oacutegico a s er e laborado bem c omo o s

diferentes projetos temaacuteticos prescinde deste conjunto orgacircnico

A escola e as demais instituiccedilotildees natildeo podem mais ser vistas apenas como uma

linha de m ontagem do hom em do s istema Embora possa haver a r eproduccedilatildeo haacute t ambeacutem a

contra-reproduccedilatildeo cada vez que superamos a nossa ineacutercia e mudamos o contexto de nossas

aulas dos relacionamentos enfim por causa daquilo que a escola eacute e natildeo do que tem sido

A f ormaccedilatildeo i nicial e c ontinuada s atildeo dua s r ealidades d istintas e ao m esmo

tempo inseparaacuteveis Pensar a formaccedilatildeo do professor significa ter bem claro que tipo de homem

queremos f ormar q ue t ipo de m undo q ueremos habitar q ue t ipo de s ociedade q ueremos

construir Esta exige uma reflexatildeo constante daquilo que fazemos de nossa histoacuteria de nossas

contradiccedilotildees de no ssas descobertas e p rincipalmente de no ssa s ocializaccedilatildeo enq uanto

professores (educadores)

Somos u ma ldquo profissatildeordquo e m c onstruccedilatildeo e o s nossos cu rriacuteculos e spelham e sta

realidade ao apr esentarem um conjunto de c onhecimentos disciplinares fragmentados Natildeo se

justifica m ais t rabalhar por c ompartimentos pois necessitamos t rabalhar e m r ede e m e ixos

temaacuteticos que visem a perspectiva da unidade na diversidade dos conhecimentos

Neste contexto se poder ia perguntar a inda quem eacute o pr ofessor na ordem das

coisas Para noacutes eacute um ldquoeducador profissionalrdquo que passa por um sistema de formaccedilatildeo formal e

que continua nesse processo ao longo de sua vida Poreacutem imbuiacutedo de uma perspectiva utoacutepica

natildeo deixa que ldquoo mito da cavernardquo o asfixie pois compartilha o seu sonho com outras pessoas

transformando-o e m r ealidade E sta eacute a pr oposta da ESCOLA D E L IMEIRA buscando na s

etapas da profissionalidade docente e num trabalho coletivo e de par ceria natildeo se tornar uma

faacutebrica de eucaliptos mas uma plantaccedilatildeo de jequitibaacutes

Agradecimentos ao corpo docente e discente da EMEIEF ldquoProfa Maria Apparecida de Luca Moorerdquo pela participaccedilatildeo

59

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ALVES R Conversas com quem gosta de ens inar 10 ed Satildeo Paulo Cortez EditoraAutores Associados 1984

CAMBI F Histoacuteria da pedagogia Satildeo Paulo Editora UNESP 1999 701p

CONTRERAS J A autonomia de professores Satildeo Paulo Cortez 2002

FERNANDES R Of iacutecio de pr ofessor o f im e o c omeccedilo do s paradigmas In C ONGRESSO LUSO-BRASILEIRO DE HISTOacuteRIA DA EDUCACcedilAtildeO Praacuteticas Educativas Culturas Escolares e Profissatildeo Docente 2 1998 Satildeo Paulo Anais p 1-20

GADOTTI M Histoacuteria das ideacuteias pedagoacutegicas 3ordf ed Satildeo Paulo Aacutetica 1995

LIMEIRA ( EMEIEF P rofa M aria A pparecida de Luc a M oore) R elatoacuterio da pr ofessoras das primeiras seacuteries (manuscrito) Limeira UNESPRC - Projeto Nuacutecleo de Ensino 2003a 1p

LIMEIRA ( EMEIEF P rofa M aria A pparecida de Luc a M oore) R elatoacuterio da pr ofessoras das terceiras e quartas seacuteries (manuscrito) Limeira UNESPRC - Projeto Nuacutecleo de Ensino 2003b 4p

LIMEIRA ( EMEIEF P rofa M aria A pparecida de Luc a M oore) R elatoacuterio de P articipaccedilatildeo no Congresso de Educaccedilatildeo ndash EDUCACcedilAtildeO A F RATERNIDADE U M C AMINHO P OSSIacuteVEL (manuscrito) Limeira UNESPRC - Projeto Nuacutecleo de Ensino 2003c 2p

LIMEIRA ( EMEIEF P rofa M aria A pparecida de Luc a M oore) P rojeto P oliacutetico P edagoacutegico (manuscrito) Limeira EMEIEF Profordf M aria Apparecida de Luca Moore 2002 132p

LUBICH C Aula magna para o doutorado honoris causa em Pedagogia Universidade Catoacutelica de Washington EUA 2001

MACHADO L M M ercado g lobal a es finge do pr esente In S ILVA J r C A ( Org) O profissional formado por seu curso estaacute preparado para as exigecircncias da nova ordem mundial Satildeo Paulo Pro-Reitoria de Graduaccedilatildeo da UNESP 1996 p 91-106 (VI Circuito PROGRAD)

PELLEGRINI A M S OUZA N ETO S BENITES L C VEIGA M e M OTTA A I O Comportamento Motor no processo de e scolarizaccedilatildeo buscando soluccedilotildees no contexto escolar para a al fabetizaccedilatildeo In Wilson Galego e Aacutelvaro Guedes Cadernos do Nuacutecleo de Ensino Satildeo Paulo SP UNESP ndash PROGRAD 2003 p271-284

PIMENTA S G F ormaccedilatildeo de pr ofessores ndash saberes da docecircncia e i dentidade do pr ofessor Nuances Presidente Prudente vol III setembro pp 5-13 1997

ROSSETO R Etimologias e saberes Espaccedilo Pedagoacutegico v 9 n 2 p86-89 dez2002

SAVIANE D Os saberes implicados na formaccedilatildeo do educador IV Congresso Estadual Paulista sobre formaccedilatildeo de Educadores Aacuteguas de Satildeo Pedro SP UNESP 1996

SCHOumlN D A Formar p rofessores co mo pr ofissionais r eflexivos In N OacuteVOA A ( Org) Os professores e a sua formaccedilatildeo Lisboa Don Quixote 1992 pp 77-92

SOUZA N ETO S A f ormaccedilatildeo i nicial e c ontinuada o s s aberes docentes In C ongresso de Educaccedilatildeo E ducaccedilatildeo a f raternidade u m c aminho po ssiacutevel C entro Mariaacutepolis Ginetta promovido pel o M ovimento H umanidade N ova de 20 a 21 de s etembro de 2003 V argem Grande Paulista Movimento Humanidade Nova 2003 12p

TARDIF M Saberes docentes e formaccedilatildeo profissional Petroacutepolis RJ Vozes 2002

60

Page 5: Boletim ef.org a-profissionalidade-docente-em-questao

a competecircncia profissional estaria na capacidade para dominar o que se ensina (FERNANDES

1998)

Do questionamento ao s limites desta pr oposta s urgiu o paradigma do ldquo pedagogordquo que se entendido em toda a s ua extensatildeo estaacute relacionado aos meacutetodos ativos

de ens ino em que o al uno se t orna o su jeito da educ accedilatildeo e o pr ofessor o or ientador deste

processo E mbora p ossa par ecer s imples natildeo eacute m uito pel o c ontraacuterio pois s e ex ige q ue o

mesmo domine o conteuacutedo especiacutefico conheccedila a faixa etaacuteria de desenvolvimento dos alunos e

tenha uma grande fluecircncia com a metodologia de ensino

Cabe ressaltar que essa abordagem eacute consecutiva do reconhecimento de que o

aluno eacute o sujeito do conhecimento de que o pr ocesso de t ransmissatildeo do s aber eacute ao mesmo

tempo o da s ua aq uisiccedilatildeo N esta per spectiva a aprendizagem c onfere ao al uno u m

protagonismo central O a lvo da educ accedilatildeo jaacute natildeo eacute o s aber mas o proacuteprio aluno Neste novo

paradigma a instruccedilatildeo estaacute subordinada agrave educaccedilatildeo e o domiacutenio do saber natildeo eacute uma exigecircncia

predominante pois o essencial eacute a capacidade do professor de levar em conta as necessidades

do aluno prescindindo de um a formaccedilatildeo psicoloacutegica psicossocioloacutegica ou pedag oacutegica Muda-

se portanto a definiccedilatildeo da competecircncia profissional (FERNANDES 1998)

Uma terceira abordagem deste processo buscou superar a questatildeo do conteuacutedo

e do m eacutetodo propondo uma combinaccedilatildeo das duas propostas naquilo que denominou-se de o

paradigma do ldquo teacutecnicordquo Em tese o que se buscou foi uma melhor performance da eficaacutecia e

da eficiecircncia no processo de ensino tendo por meta gerar uma tecnologia educacional

Neste r eferencial o pont o de par tida f oram o s i nsucessos de um a pedag ogia

pautada apenas na t ransmissatildeo dos conteuacutedos ( transmissatildeo cultural) ou no es tabelecimento

de m eacutetodos ( forma) apresentando como opccedilatildeo a or ganizaccedilatildeo i nstrucional do conteuacutedo e da

forma numa uacutenica proposta de ensino

No pa radigma do t eacutecnico o pr ofessor s e t orna o executor dos objetivos

instrucionais das e strateacutegias de ens ino e da avaliaccedilatildeo es tabelecidas por u ma c omissatildeo de

especialistas r elacionados a um a dada aacuter ea de c onhecimento A ecircnfase r ecai no f ormalismo

didaacutetico dos planos elaborados segundo normas preacute-fixadas e no distanciamento entre teoria e

praacutetica N este enf oque o s c onteuacutedos c entram-se na or ganizaccedilatildeo r acional do pr ocesso de

ensino considerando-se o planejamento didaacutetico formal a elaboraccedilatildeo de materiais instrucionais

e a ut ilizaccedilatildeo de livros d idaacuteticos Portanto eacute o pr ocesso q ue det ermina o q ue pr ofessores e

alunos deveratildeo fazer e quando ndash e como o faratildeo

Nesta referecircncia em que predomina a teacutecnica de ensino a sua base de instruccedilatildeo

tem c omo pr essupostos a p sicologia c omportamental a i nstruccedilatildeo pr ogramada a t eoria da

49

comunicaccedilatildeo o pl anejamento f ormal ( previamente el aborado) e o s livros d idaacuteticos

(descartaacuteveis) D e f orma q ue o ens ino f ica c ondicionado agrave s ua di mensatildeo t eacutecnico-praacutetica da

praacutetica escolar sofrendo como nas outras abordagens questionamentos em virtude de seus

limites (VEIGA 1988)

Das criacuteticas efetuadas a esta proposta emergiu uma nova concepccedilatildeo centrada no

paradigma ldquo soacutecio-poliacuteticordquo da educaccedilatildeo Este questiona as outras referecircncias propondo que

o foco da educaccedilatildeo natildeo estaacute centrado no professor no aluno ou na teacutecnica de ensino ldquomas na

questatildeo central da formaccedilatildeo do homemrdquo (VEIGA 1988)

Neste contexto vai se reivindicar uma escola puacuteb lica do t ipo uacutenica para todos

pois eacute um a educ accedilatildeo q ue s e pr eocupa e s e c ompromete c om os i nteresses do hom em das

camadas mais desfavorecidas economicamente Caberia ao professor trabalhar no sentido de ir

aleacutem dos meacutetodos e teacutecnicas procurando associar escola-sociedade teoria-praacutetica conteuacutedo-

forma teacutecnico-poliacutetico ensino-pesquisa

O pensamento pedag oacutegico s ocialista f ormou-se no s eio do m ovimento popul ar

pela democratizaccedilatildeo do ens ino opondo-se agrave c oncepccedilatildeo burguesa de educaccedilatildeo com vistas agrave

transformaccedilatildeo social Na realidade trata-se de um a Pedagogia Criacutetica de inspiraccedilatildeo marxista

na proposta de que a educaccedilatildeo eacute o que se pode fazer do homem amanhatilde (GADOTTI 1995)

Embora al gumas de s uas cr iacuteticas se jam re levantes e m re laccedilatildeo ao t ecnicismo

neutralidade de meios e teacutecnicas didaacuteticas separaccedilatildeo conteuacutedosmeacutetodos fixaccedilatildeo de objetivos

educacionais ( pelos oacute rgatildeos da bur ocracia of icial) e a didaacutetica enquanto ldquoreceituaacuteriordquo s ustenta

uma ldquo visatildeo par cializada da educ accedilatildeo ao r eduzi-la agrave sua dimensatildeo soacutecio-poliacutetica negando a

especificidade do pedagoacutegicordquo (LIBAcircNEO 1986)

Entretanto no bojo destas diferentes abordagens emergiu tambeacutem uma outra

perspectiva q ue per passa a s demais c oncepccedilotildees m as q ue t em u ma es pecificidade pr oacutepria

naquilo que denominou-se paradigma do ldquo educadorrdquo constituindo-se no enfoque atual

O te rmo ldquo educadorrdquo s urgiu c om a t entativa c onstrutivista de r etomada do s er

professor na sua essecircncia buscando fazer uma mediaccedilatildeo entre o passado e o presente Neste

novo de lineamento o ldquo educadorrdquo eacute aq uele q ue educ a ( desenvolve a s f aculdades f iacutesicas

intelectuais e morais ndash instrui) ou ajuda no pr ocesso g lobal de desenvolvimento da c rianccedila e

faz do ato pedagoacutegico um ato poliacutetico no sentido de formaccedilatildeo da cidadania

O professor natildeo eacute nec essariamente um educador e este por seu turno natildeo eacute

necessariamente u m p rofessor ou pe ssoa c ulta ou l etrada m as q ue i mbuiacutedo de sse i deal

50

primeiro ensina a si mesmo e soacute depois se propotildee a ensinar os outros na perspectiva de que o

exemplo e a coerecircncia falam mais altos que os grandes discursos

Neste itineraacuterio eacute fundamental observar que a palavra ldquoeducaccedilatildeordquo proveacutem de dois

verbos de origem latina educere e educare A primeira etimologia a mais tradicional vincula-se

a compreensatildeo de que educar seria tirar de dentro extrair desvelar aquilo que estaacute no interior

da crianccedila do jovem do adulto Na segunda a raiz etimoloacutegica relaciona-se ao significado de

nutrir a mamentar c uidar a mar D o v erbo educare derivaram o s s ubstantivos educator

(educador) e educatrix (educadora) pois e ram a queles q ue a limentavam nutriam c riavam

amavam significando posteriormente ou tomando este sentido preparar iniciar-se no m undo

do conhecimento desenvolvimento

Educere tambeacutem conteacutem o verbo latino ducere que significa conduzir levar guiar

e o substantivo dux ndash aquele que conduz o chefe ou o g eneral Portanto a educaccedilatildeo torna-se

um processo criador e condutor em virtude de hav er algueacutem que ama e nut re na j ornada De

forma que o proacuteprio sentido de educaccedilatildeo conteacutem o significado de educador

Subjacente a es te processo e complementar ao sentido das palavras educaccedilatildeo

e educ ador e staacute o t ermo pr ofessor designando aq uele q ue ens ina ou ministra aul as N o

entanto etimologicamente a palavra ldquoprofessorrdquo origina-se do verbo latino profiteri que significa

declarar-se fazer uma declaraccedilatildeo confessar ou dar a conhecer mas que tambeacutem conteacutem em

sua raiz a palavra professio ndash profissatildeo ato de professar os votos religiosos no ingresso a uma

ordem ou congregaccedilatildeo religiosa Entre outras palavras significava adotar um estilo um modo

de v ida pois a pr ofissatildeo do s v otos e stava r elacionada ao c ompromisso de pr ofessar u ma

religiatildeo dentro das normas e regras desta ordem ou congregaccedilatildeo

Destas referecircncias infere-se que ser professor em sua origem era uma profissatildeo

que ex igia na m aior parte da s v ezes p rofessar c onfessar declarar u ma e scolha ldquoreligiosardquo

cujo papel exigia uma dedicaccedilatildeo integral agrave ldquodeterminada tarefa ou forma de v idardquo (ROSSATO

2002 p 89)

ldquoNo comeccedilo portanto professor era aquele que s e identificava por um modo de v ida proacuteprio e que t inha u m e stilo pr oacuteprio de v iver H avia pois u ma i dentidade ent re profissatildeo e vida e professor era aquele que tinha uma doutrina proacutepria e oferecia algo de novo aos seus alunos formando disciacutepulos e seguidores () Somente mais tarde passou-se a ac eitar e des ignar c omo pr ofessor t odo aquel e que s e dedi cava ao ensinordquo (ROSSATO 2002 p 90)

Para o autor embora os pedagogos gregos ou Impeacuterio Romano de certa forma

jaacute exercessem e ste papel ldquopode-se di zer q ue s omente c om o s urgimento das universidades

medievais eacute q ue s e c onsolidou a i magem do pr ofessor c omo f igura c entral do pr ocesso

educativordquo pois a ldquo proacutepria or igem do t ermo eacute bas eada e m a lgo ex tremamente c orrente no

51

mundo medieval a profissatildeo religiosardquo (p 88) Daiacute a expressatildeo comum que foi utilizada durante

muito t empo po r pessoas puacuteblicas c omo o s poliacuteticos m as no s entido pej orativo de q ue o

ldquomagisteacuterio eacute um sacerdoacuteciordquo ou seja uma profissatildeo de feacute de abnegaccedilatildeo de altruiacutesmo Poreacutem

o pr oacuteprio aut or nos pergunta t ambeacutem s e natildeo s eria m ais a dequado des ignar c omo pr ofessor

aquele que constroacutei uma visatildeo proacutepria de mundo e diz sua palavra sobre o mundo

Neste contexto haacute muito tempo atraacutes Rubens Alves (1984) jaacute havia assinalado

que o ldquo educadorrdquo pelo m enos no i deal de s ua i maginaccedilatildeo habita um m undo e m q ue a

interioridade faz uma diferenccedila em virtude das pessoas se definirem por suas visotildees paixotildees

esperanccedilas e horizontes utoacutepicos

Assim embora este paradigma tenha ganhado a sua ecircnfase na segunda metade

do seacuteculo XX [Escola Nova Humanismo Cristatildeo Poliacuteticas Puacuteblicas (LDB 402461) Psicologia

Humanista Filosofia Claacutessica Moderna etc] cabe assinalar que o mesmo teve a sua tradiccedilatildeo no

mundo ant igo g anhando a s ua em ancipaccedilatildeo c om o m undo m edieval e na at ualidade f oi

retomado de f orma mais a mpla c omo c riacutetica ao pr ocesso de formaccedilatildeo pr ofissional e de

atuaccedilatildeo docente

Tendo como referecircncia este contexto procuramos trabalhar com os professores

envolvidos com o projeto ldquoO Comportamento Motor no Processo de Escolarizaccedilatildeo de Crianccedilas

no Ensino de E ducaccedilatildeo I nfantil e no E nsino Fundamentalrdquo considerando a realidade escolar

(projeto pedagoacutegico e reuniotildees pedagoacutegicas) mas tambeacutem o ser professor

A E MEIF ldquoPROFESSORA M ARIA A PPARECIDA D E L UCA M OORErdquo U M ESTUDO D E CASO ndash O TRABALHO DE CAMPO E SEUS RESULTADOS

Como f oi c olocado ant eriormente o objetivo des te es tudo es teve v inculado ao

trabalho com as professoras ldquoa profissionalidade docenterdquo [e auxiliaacute-las na (re)descoberta do

corpo priorizando o desenvolvimento motor] Poreacutem cabe registrar que para a coleta e anaacutelise

destes dados utilizamos uma abordagem qualitativa do t ipo estudo de caso com as teacutecnicas

documental r elatoacuterio da s p rofessoras s obre o t rabalho q ue f oi desenvolvido r elatoacuterio de u m

seminaacuterio c ientiacutefico e par ticipaccedilatildeo de um a parte das p rofessoras ( oito) num C ongresso de

Educaccedilatildeo O nuacutemero total de professoras envolvidas foi 25

52

Com relaccedilatildeo aos resultados obtidos cabe destacar

1 Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico da EMEIEF ldquoMaria Apparecida de Luca Moorerdquo

Nesta e scola a proposta pedag oacutegica or ganiza-se po r e ixos t emaacuteticos ( por

bimestre) colocando no centro deste processo a questatildeo do amor (em virtude de problemas de

violecircncia f iacutesica m aterial e s imboacutelica) s em apresentar a s istematizaccedilatildeo de um a c oncepccedilatildeo

pedagoacutegica T rata-se m uito m ais de u m slogan prepositivo o rganizado na f orma de q uatro

eixos temaacuteticos (apresentando estreita relaccedilatildeo com os PCNs)

- Quem ama conheci a si mesmo e exerce a cidadania

- Quem ama respeito o seu espaccedilo

- Quem ama valoriza o meio ambiente e a cultura

- Quem ama sonha e realiza

No geral embora estes eixos sejam interessantiacutessimos visando a transformaccedilatildeo

os m esmos natildeo m ereceram u ma at enccedilatildeo m aior c om re laccedilatildeo ao s eu pape l ldquo ocultordquo de

articulador do c urriacuteculo no P rojeto P oliacutetico P edagoacutegico (2002) e m v irtude de t erem s ido

construiacutedos num momento posterior a esse processo de el aboraccedilatildeo da pr oposta pedagoacutegica

Portanto c abe r essaltar q ue o pl anejamento c urricular e o pl anejamento de ens ino g ravitam

nesta oacuterbita devendo todo e q ualquer t rabalho desenvolvido na r eferida instituiccedilatildeo considerar

esta premissa

Com relaccedilatildeo ao Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico este apresenta uma proposta soacutecio-

poliacutetica visando situar a pessoa num processo de transformaccedilatildeo pessoal e coletiva no exerciacutecio

da cidadania tendo em vista sempre um processo construtivo e participativo da realidade que o

cerca

No q ue s e r efere agrave E ducaccedilatildeo F iacutesica es ta f icou v inculada agrave s a tividades de

movimento na educaccedilatildeo i nfantil t endo c omo m eta ldquo atraveacutes do m ovimento p ropiciar q ue a

crianccedila expresse emoccedilotildees e pensamentos ampliando as possibilidades do uso significativo de

gestos e pos turas co rporaisrdquo (L IMEIRA 2002 p 38) Neste contexto a pr oposta apr esentou

como habilidades e conteuacutedos a serem explorados conhecimento e controle corporal imagem

corporal expressatildeo corporal gestos e r itmos corporais miacutemicas dramatizaccedilatildeo e musicas de

rotina pantomimas j ogos e br inquedos g incanas j ogos co m re gras b rincadeiras de r oda

capacidades fiacutesicas (ou qualidades fiacutesicas) enfim vivenciar o movimento corporal Em relaccedilatildeo

agraves primeiras seacuter ies do e nsino f undamental a E ducaccedilatildeo F iacutesica s ugere ldquo proporcionar aos

alunos condiccedilotildees para a c onstruccedilatildeo de u m repertoacuterio de at ividades em que ela possa usar e

ampliar o s m ovimentos co rporais t anto e m s ituaccedilatildeo de expressatildeo q uanto e m a tividades

53

esportivasrdquo (p 38) A ecircnfase desta compreensatildeo iraacute propor atividades e conteuacutedo quais sejam

o conhecimento sobre o corpo movimentos corporais livres e dirigidos lateralidade jogos com

regras l ateralidade e sportes l utas g inaacutestica a tividades r iacutetmicas e ex pressivas e quiliacutebrio

coordenaccedilatildeo viso-motora

Poreacutem cabe ressaltar que embora haja este planejamento o corpo docente tem

consciecircncia de que natildeo sabe como empreender a atividade fiacutesica na escola pois reconhece as

deficiecircncias em sua formaccedilatildeo profissional e natildeo tem ideacuteia de como solucionaacute-la (PELLEGRINI

et al 2003)

2 Relatoacuterios d as p rofessoras E MEIEF ldquoMaria A pparecida d e Luca M oorerdquo sobre o trabalho desenvolvido

No trabalho de intervenccedilatildeo realizado foi diagnosticado pelas docentes que

ldquoOs p lanos e laborados pela UNESP embora natildeo t enham s ido s eguidos agrave r isca auxiliaram bastante as professores fornecendo ideacuteias muito interessante e di ferentes no trabalho com a educaccedilatildeo motora11

Os alunos demonstraram muito interesse em participar das atividades e muitas vezes pediam que as brincadeiras mais interessantes fossem repetidas como por exemplo o alongamento dos bichos As a tividades p ropostas necessitaram de adapt accedilatildeo no dec orrer do ano l etivo principalmente em r elaccedilatildeo ao tempo de dur accedilatildeo da s mesmas (muitas a tividades inclusive necessitaram ser trabalhadas por mais de uma aula) pois a classe atendida no primeiro ano de e scolaridade possuiacutea bas tante di ficuldade de ent endimento de regras e i nstruccedilotildees (comandos e t arefas f orma a s a tividades m ais d ifiacuteceis principalmente nos grupos com maiores dificuldades)rdquo Podemos observar que algumas crianccedilas melhoraram no desenvolvimento motor e na atenccedilatildeo e percepccedilatildeordquo (LIMEIRA 2003a p1-2 ndash o grifo eacute nosso)

Em outro relatoacuterio a s p rofessoras das t erceiras e q uartas seacute ries apresentaram

uma apreciaccedilatildeo dos pontos positivos e negativos deste trabalho apontando tambeacutem subjacente

a este processo as reflexotildees que faziam no exerciacutecio da docecircncia

ldquominus Aspectos que influenciaram o desenvolvimento das aulas

1 Pontos positivos

bull Elaboraccedilatildeo dos planos de aula pela equipe da UNESP conteuacutedo objetivo material e des envolvimento de c ada at ividade f iacutesica s uprimindo um a nec essidade do s professores (por falta de formaccedilatildeo especiacutefica nessa aacuterea)

bull Os planos de aula nos fizeram perceber que mesmo sem o conhecimento especiacutefico dessa aacuterea jaacute desenvolviacuteamos algumas atividades contemplando esses conteuacutedos

bull Esses p lanos de aul a no s l evaram a r efletir s obre no ssa pr aacutetica r eavaliando-as e tornando-as mais especiacuteficas e natildeo mais tatildeo recreativas somente

bull Durante o desenvolvimento da s aulas noacutes p rofessores nos deparamos co m a s nossas proacuteprias dificuldades em relaccedilatildeo agraves habilidades necessaacuterias para desenvolvecirc-las obrigando-nos a superaacute-las

11 - O grifo eacute nosso

54

bull Maior envolvimento e participaccedilatildeo dos alunos

bull Foi descoberto atraveacutes dessas aulas que a nossa instituiccedilatildeo jaacute possuiacutea um grande acesso a m ateriais que poder iam s er u tilizados e m nossa pr aacutetica e que noacute s desconheciacuteamos

bull Trabalhando c om v aacuterios grupos pudemos perceber e r espeitar d iferentes habilidades e limites de cada aluno

2 Pontos negativos

bull Apesar de a escola ser grande os espaccedilos onde as aulas foram desenvolvidas natildeo satildeo adequados Exemplo a quadra natildeo eacute coberta portanto exposta agraves maacutes condiccedilotildees climaacuteticas o paacutet io que eacute coberto estaacute disponiacutevel em poucas horas do dia por ter um tracircnsito fluente de alunos ou natildeo diariamente

bull O envolvimento da equipe natildeo foi total

bull Os m ateriais u tilizados nas aulas natildeo es tavam organizados p rejudicando assim o desenvolvimento das aulas

bull Por a tendermos m uitos g rupos alguns horaacuterios f oram p rejudicados em v irtude de serem proacuteximos aos horaacuterios de entrada recreio e outras atividades da escola

()

minus Consideraccedilotildees finais

Foi de extrema importacircncia termos esses planos de aula em matildeo pois a partir deles pudemos exercitar a nossa criatividade fazendo algumas modificaccedilotildees adaptando-os agraves reais necessidades de cada grupo

Pudemos perceber pela troca de experiecircncias entre os profissionais envolvidos que a discussatildeo e es tabelecimento de regras p reacutevias f acilitou o des envolvimento do trabalho bem como a aceitaccedilatildeo e envolvimento dos alunos

()

Houve ta mbeacutem r elatos de mudanccedilas de c omportamento por parte de m uitos professores em relaccedilatildeo ao pr oacuteprio corpo na aceitaccedilatildeo de s eus limites e valorizaccedilatildeo de suas proacuteprias habilidades

Sugestotildees ndash

()

bull Que a e scola reorganize os materiais que seratildeo utilizados no desenvolvimento das aulas s endo ac omodados e m l ocal adequado e de f aacutecil a cesso ao s p rofessoresrdquo (LIMEIRA 2003b p1-4 ndash o grifo eacute nosso)

Acreditamos q ue o t rabalho pr incipal c onsistiu e m l evar e stas p rofessoras a

acreditarem q ue poder iam f azer o q ue hav ia s ido pr oposto i r a leacutem dos limites c onhecidos

acreditar que poderiam fazer ldquoalgo a maisrdquo do que jaacute faziam superar a ineacutercia que ronda toda e

qualquer profissatildeo com o passar dos anos enfim que as mesmas tinham capacidade mas que

seria fundamental que primeiro saiacutessem de suas couraccedilas enfrentassem o desafio do ldquo novordquo

em relaccedilatildeo aos conteuacutedos de Educaccedilatildeo Fiacutesica e r efletissem sobre o exerciacutecio da doc ecircncia na

sala de aul a buscando s uperar o m ito da al egoria da c averna F oi o q ue ac onteceu na s

entrelinhas do relato apresentado quando se colocou que esses ldquoplanos de aula nos levaram a

refletir sobre no ssa pr aacutetica reavaliando-as e t ornando-as m ais e speciacuteficasrdquo q ue ldquo noacutes

professores nos deparamos co m a s nossas p roacuteprias d ificuldades e m re laccedilatildeo agrave s habilidades

55

necessaacuterias para des envolvecirc-las obrigando-nos a s uperaacute-lasrdquo q ue o s ldquo planos de aul a no s

fizeram perceber que mesmo sem o conhecimento especiacutefico dessa aacuterea jaacute desenvolviacuteamos

algumas a tividades c ontemplando e sses c onteuacutedosrdquo E m re sumo houve ldquomudanccedilas de

comportamento por parte de m uitos professores em relaccedilatildeo ao proacuteprio corpo na aceitaccedilatildeo de

seus limites e valorizaccedilatildeo de s uas proacuteprias habilidadesrdquo e ldquomaior envolvimento e participaccedilatildeo

dos a lunosrdquo ndash em v irtude de q ue as p rofessoras ldquo trabalhando com vaacuterios g rupos pudemos

perceber e respeitar diferentes habilidades e limites de cada alunordquo

3 Relatoacuterio do I Seminaacuterio de Desenvolvimento M otor ldquoO COMPORTAMENTO MOTOR NA EDUCACcedilAtildeO BAacuteSICArdquo

No s egundo s emestre e m outubro f oi desenvolvido o ldquo I S eminaacuterio de

Desenvolvimento M otor o C omportamento M otor na E ducaccedilatildeo B aacutesicardquo p romovido pel a

UNESPRio Claro N uacutecleo de E nsino ndash Campus Rio Claro D epartamento de E ducaccedilatildeo

LABORDAM ndash Departamento de E ducaccedilatildeo Fiacutesica e E MEIEF Profa Maria Apparecida de

Luca Moore de LimeiraSP

O objetivo do seminaacuterio foi reunir professores e estudantes da aacuterea da Educaccedilatildeo

Baacutesica e da E ducaccedilatildeo F iacutesica t endo c omo f oco de di scussatildeo o des envolvimento m otor o

processo de alfabetizaccedilatildeo e a profissionalidade docente

O seminaacuterio ocorreu no A nfiteatro da B iblioteca da UNESP com a par ticipaccedilatildeo

de 75 pe ssoas entre pr ofessores e es tudantes q ue ac ompanharam u ma pr ogramaccedilatildeo q ue

durou o di a i nteiro abrangendo entrega do m aterial do s eminaacuterio s essatildeo de aber tura

apresentaccedilatildeo dos participantes conferecircncia (Prof Dr Osvaldo L Ferraz - USP) mesa-redonda

ndash ldquoO desenvolvimento motor no processo de alfabetizaccedilatildeordquo (Profa Adriana Ijano Motta e Profa

Vera L A Pinheiro - EMEIEF MALM Profa Dra Ana Maria Pellegrini UNESPDEF-RC Profa

Dra Maria Ceciacutelia de O Micotti UNESPDE-RC Prof Dr Francisco Rosa Neto ndash UESC e Prof

Dr Osvaldo Luis Ferraz - USP) almoccedilo debate sobre ldquo O desenvolvimento motor no processo

de alfabetizaccedilatildeordquo intervalo para cafeacute relato de experiecircncias e sessatildeo de encerramento Cabe

ressaltar que na v eacutespera do s eminaacuterio houve tambeacutem uma of icina com o Prof Dr Francisco

Rosa N eto ndash UESC s obre av aliaccedilatildeo m otora par a pr ofessores e stagiaacuterios e c olaboradores

ligados ao Projeto de Limeira

Ao t eacutermino da pr ogramaccedilatildeo f oram entregues o s ce rtificados e r ecolhidos o s

questionaacuterios de avaliaccedilatildeo entregues com o material do seminaacuterio no periacuteodo da manhatilde tendo

entre os participantes as 25 professoras da escola envolvidas no projeto Este se constitui num

momento oportuno de integraccedilatildeo na relaccedilatildeo universidade-comunidade promoccedilatildeo humana e de

resgate da auto-estima de um grupo de professoras que se sentiram valorizadas e respeitadas

56

4 Participaccedilatildeo no C ongresso d e E ducaccedilatildeo ndash EDUCACcedilAtildeO Agrave F RATERNIDADE U M CAMINHO P OSSIacuteVELrdquo p romovido pe lo M ovimento H umanidade nos d ias 20 e 21 d e setembro de 2003 em Vargem Grande Paulista-SP

Na participaccedilatildeo a es te evento que teve como tema central a proposta da Profa

Dra Chiara Lubich (2001) as reflexotildees realizadas aparecem no relatoacuterio que seraacute apresentado

a seguir em que novamente se encontram os valores da profissionalidade docente e parte dos

valores de um curriacuteculo oculto eou do proacuteprio projeto pedagoacutegico presente na descriccedilatildeo

ldquo- O primeiro ponto importante a ser descrito retrata a recepccedilatildeo Havia uma recepccedilatildeo por parte dos organizadores que em muito diferia das recepccedilotildees de capacitaccedilotildees que jaacute par ticipamos O s encarregados da recepccedilatildeo a f izeram de t al f orma que no s sentimos muito bem vindas

- Outro as pecto i mportante f oi o formato o t empo do C ongresso O s encontros e relatos e ram i ntercalados por periacuteodos l ongos de i ntervalo Essa es trutura no s possibilitou uma r eflexatildeo m ais p rofunda c alma e detalhada s obre aqu ilo que estaacutevamos ouvindo vivendo O proacuteprio local incitava paz tranquumlilidade

Em relaccedilatildeo agraves ideacuteias d iscutidas acerca do pens amento da pedagoga i taliana Chiara Lubich a fraternidade o amor a importacircncia dos aspectos afetivos e mesmo espiritual na r elaccedilatildeo ens ino-aprendizagem P udemos observar algumas se melhanccedilas com o trabalho que jaacute realizamos em nossa Unidade Escolar

- O tratamento ecumecircnico das questotildees espirituais

- Jaacute t emos uma pr aacutetica de bu sca i ncessante e m c ativar e env olver o s a lunos para trazecirc-los mais proacuteximos da escola e tambeacutem de nosso Projeto Quem ama cuida

- A t entativa de par ticipar da construccedilatildeo do c onhecimento da s cr ianccedilas de m aneira afetuosa e prazerosa

- Desenvolvemos u m c onjunto de accedilotildees que v isam desenvolver a aut o-estima do s alunos

- Nossa insistecircncia de levar os alunos a refletirem sobre ser cidadatildeos solidaacuterios

- A reflexatildeo sobre a U nidade a busca constante de identificar quais aspectos da vida escolar nos aproxima como profissionais e como pessoas

- Como profissionais avaliamos que o C ongresso como um todo tinha uma forma e uma di scussatildeo s obre o am or m uito nov a par a noacutes Im portante per ceber que haacute intelectuais p reocupados e m sistematizar e xperiecircncias e c onhecimento num a aacuter ea onde t radicionalmente s e t em mu ito pr econceito o am or a af etividade T ambeacutem pudemos perceber quais aspectos precisariacuteamos repensar em nossa praacutetica e mesmo em nossa vida

Outros pontos que julgamos importantes e diferentes das capacitaccedilotildees que em geral participamos

- Palestrantes que di scutiam s eu c onhecimento e s uas i deacuteias partindo daqu ilo que realmente somos das nossas limitaccedilotildees como humanos e profissionais

- A possibilidade de perceber que muitas pessoas estatildeo preocupadas em buscar uma compreensatildeo maior do mundo e da s relaccedilotildees que estabelecemos com ele e c om as pessoasrdquo [LIMEIRA 2003c p1-2 ndash o grifo eacute nosso]

O q ue s e pode obs ervar na q uestatildeo da f ormaccedilatildeo pr ofissional docente

continuada o pr ofessor p recisa de t empo par a r efletir e natildeo daacute par a di ssociar o ex erciacutecio

profissional de s ua v ida pr ivada e mbora es te natildeo s eja o obj etivo m as eacute f undamental u m

57

trabalho que envolva esta totalidade Neste contexto registra-se por parte destas professoras e

da escola a preocupaccedilatildeo com as crianccedilas (obrigaccedilatildeo moral) o envolvimento das professoras

com a e scola e co m a c omunidade ( compromisso c om a c omunidade) e o f ato de s erem

educadoras

No g eral o q ue s e obs ervou e m re laccedilatildeo agraves p rofessoras dessa escola no q ue

tange a profissionalidade docente ndash quer seja pela convivecircncia das reuniotildees pedagoacutegicas quer

seja por ocasiatildeo da reuniatildeo cientiacutefica ou congresso quer seja durante o t rabalho desenvolvido

na escola ou mesmo pelos relatos apresentados ndash que estas professoras estatildeo preocupadas

com os escolares tambeacutem possuem uma determinada cumplicidade com a escola e com a sua

direccedilatildeo E sta r elaccedilatildeo f ica c lara na e scola p rincipalmente ent re a s docentes q ue natildeo s atildeo

passageiras na i nstituiccedilatildeo de u m ano par a o out ro H aacute t ambeacutem o c ompromisso ent re a s

docentes em particular por parte da direccedilatildeo com a proacutepria capacitaccedilatildeo do coletivo E ainda na

resoluccedilatildeo dos problemas que afligem a populaccedilatildeo frequumlentadora da escola no que diz respeito

a violecircncia domeacutestica excesso de agressividade entre os alunos orientaccedilatildeo e conscientizaccedilatildeo

dos pais entre out ros P ode-se di zer q ue haacute c ultivo v irtuoso de um a m oral dos ldquo bons

costumesrdquo do exerciacutecio da cidadania na dimensatildeo de ldquofaccedila aos outros aquilo que vocecirc gostaria

que fizesse a vocecircrsquo e ldquonatildeo faccedila aos outros aquilo que vocecirc gostaria que natildeo fizesse com vocecircrdquo

constituindo-se num grande preluacutedio de uma educaccedilatildeo para a paz

CONCLUSAtildeO E M B USCA D A PR OFISSIONALIDADE D OCENTE O U CO MO ldquo CULTIVARldquo JEQUITIBAacuteS NO LUGAR DE EUCALIPTOS

ldquoNatildeo s ei c omo pr eparar o educ ador T alvez i sto natildeo s eja ne m necessaacuterio nem possiacutevel Eacute necessaacuterio ac ordaacute-lo E a iacute aprenderemos que educ adores natildeo s e extinguiram c omo t ropeiros e c aixeiros P orque ta lvez nem t ropeiros e c aixeiros tenham desaparecidos m as permaneccedilam como m emoacuterias de um passado que es taacute mais proacuteximo do no sso futuro que ont em Basta que o c hamemos do seu sono por um ato de amor e coragem E talvez acordados repetiratildeo o milagre da instauraccedilatildeo de novos mundosrdquo (ALVES 1984 p 26)

A reflexatildeo ora apresentada buscou evidenciar os paradigmas que tecircm norteado

a at uaccedilatildeo doc ente c olocando e m q uestatildeo o s s aberes q ue datildeo l egitimidade agrave pr aacutetica

pedagoacutegica Vive-se u m mo mento de m udanccedilas e a f ormaccedilatildeo de pr ofessores natildeo pa ssa

desapercebida havendo um a g rande pr eocupaccedilatildeo e m delimitar me lhor o per fil desse

profissional

Natildeo se pode i gnorar a ldquo cavernardquo que acabou se tornando a no ssa sala de aul a

em virtude das sombras que foram projetadas sobre ela decorrentes da onda de v iolecircncia de

todos o s t ipos q ue s e abat eu s obre a s ociedade e do m odelo de e scola-fabril q ue natildeo s e

justifica mais

58

No v eacutertice de ssa di scussatildeo es taacute a e scola m as co mo c entro de f ormaccedilatildeo

humana e xigindo um a nov a c onfiguraccedilatildeo de r elaccedilotildees so ciais i nterpessoais m as t ambeacutem

curricular e pedagoacutegica Propotildee-se que no centro deste novo processo estejam o professor e o

aluno m as q ue t ambeacutem f accedilam parte da r ealidade e scolar a c omunidade l ocal e a s f orccedilas

produtivas da s ociedade O p rojeto pol iacutetico pedag oacutegico a s er e laborado bem c omo o s

diferentes projetos temaacuteticos prescinde deste conjunto orgacircnico

A escola e as demais instituiccedilotildees natildeo podem mais ser vistas apenas como uma

linha de m ontagem do hom em do s istema Embora possa haver a r eproduccedilatildeo haacute t ambeacutem a

contra-reproduccedilatildeo cada vez que superamos a nossa ineacutercia e mudamos o contexto de nossas

aulas dos relacionamentos enfim por causa daquilo que a escola eacute e natildeo do que tem sido

A f ormaccedilatildeo i nicial e c ontinuada s atildeo dua s r ealidades d istintas e ao m esmo

tempo inseparaacuteveis Pensar a formaccedilatildeo do professor significa ter bem claro que tipo de homem

queremos f ormar q ue t ipo de m undo q ueremos habitar q ue t ipo de s ociedade q ueremos

construir Esta exige uma reflexatildeo constante daquilo que fazemos de nossa histoacuteria de nossas

contradiccedilotildees de no ssas descobertas e p rincipalmente de no ssa s ocializaccedilatildeo enq uanto

professores (educadores)

Somos u ma ldquo profissatildeordquo e m c onstruccedilatildeo e o s nossos cu rriacuteculos e spelham e sta

realidade ao apr esentarem um conjunto de c onhecimentos disciplinares fragmentados Natildeo se

justifica m ais t rabalhar por c ompartimentos pois necessitamos t rabalhar e m r ede e m e ixos

temaacuteticos que visem a perspectiva da unidade na diversidade dos conhecimentos

Neste contexto se poder ia perguntar a inda quem eacute o pr ofessor na ordem das

coisas Para noacutes eacute um ldquoeducador profissionalrdquo que passa por um sistema de formaccedilatildeo formal e

que continua nesse processo ao longo de sua vida Poreacutem imbuiacutedo de uma perspectiva utoacutepica

natildeo deixa que ldquoo mito da cavernardquo o asfixie pois compartilha o seu sonho com outras pessoas

transformando-o e m r ealidade E sta eacute a pr oposta da ESCOLA D E L IMEIRA buscando na s

etapas da profissionalidade docente e num trabalho coletivo e de par ceria natildeo se tornar uma

faacutebrica de eucaliptos mas uma plantaccedilatildeo de jequitibaacutes

Agradecimentos ao corpo docente e discente da EMEIEF ldquoProfa Maria Apparecida de Luca Moorerdquo pela participaccedilatildeo

59

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ALVES R Conversas com quem gosta de ens inar 10 ed Satildeo Paulo Cortez EditoraAutores Associados 1984

CAMBI F Histoacuteria da pedagogia Satildeo Paulo Editora UNESP 1999 701p

CONTRERAS J A autonomia de professores Satildeo Paulo Cortez 2002

FERNANDES R Of iacutecio de pr ofessor o f im e o c omeccedilo do s paradigmas In C ONGRESSO LUSO-BRASILEIRO DE HISTOacuteRIA DA EDUCACcedilAtildeO Praacuteticas Educativas Culturas Escolares e Profissatildeo Docente 2 1998 Satildeo Paulo Anais p 1-20

GADOTTI M Histoacuteria das ideacuteias pedagoacutegicas 3ordf ed Satildeo Paulo Aacutetica 1995

LIMEIRA ( EMEIEF P rofa M aria A pparecida de Luc a M oore) R elatoacuterio da pr ofessoras das primeiras seacuteries (manuscrito) Limeira UNESPRC - Projeto Nuacutecleo de Ensino 2003a 1p

LIMEIRA ( EMEIEF P rofa M aria A pparecida de Luc a M oore) R elatoacuterio da pr ofessoras das terceiras e quartas seacuteries (manuscrito) Limeira UNESPRC - Projeto Nuacutecleo de Ensino 2003b 4p

LIMEIRA ( EMEIEF P rofa M aria A pparecida de Luc a M oore) R elatoacuterio de P articipaccedilatildeo no Congresso de Educaccedilatildeo ndash EDUCACcedilAtildeO A F RATERNIDADE U M C AMINHO P OSSIacuteVEL (manuscrito) Limeira UNESPRC - Projeto Nuacutecleo de Ensino 2003c 2p

LIMEIRA ( EMEIEF P rofa M aria A pparecida de Luc a M oore) P rojeto P oliacutetico P edagoacutegico (manuscrito) Limeira EMEIEF Profordf M aria Apparecida de Luca Moore 2002 132p

LUBICH C Aula magna para o doutorado honoris causa em Pedagogia Universidade Catoacutelica de Washington EUA 2001

MACHADO L M M ercado g lobal a es finge do pr esente In S ILVA J r C A ( Org) O profissional formado por seu curso estaacute preparado para as exigecircncias da nova ordem mundial Satildeo Paulo Pro-Reitoria de Graduaccedilatildeo da UNESP 1996 p 91-106 (VI Circuito PROGRAD)

PELLEGRINI A M S OUZA N ETO S BENITES L C VEIGA M e M OTTA A I O Comportamento Motor no processo de e scolarizaccedilatildeo buscando soluccedilotildees no contexto escolar para a al fabetizaccedilatildeo In Wilson Galego e Aacutelvaro Guedes Cadernos do Nuacutecleo de Ensino Satildeo Paulo SP UNESP ndash PROGRAD 2003 p271-284

PIMENTA S G F ormaccedilatildeo de pr ofessores ndash saberes da docecircncia e i dentidade do pr ofessor Nuances Presidente Prudente vol III setembro pp 5-13 1997

ROSSETO R Etimologias e saberes Espaccedilo Pedagoacutegico v 9 n 2 p86-89 dez2002

SAVIANE D Os saberes implicados na formaccedilatildeo do educador IV Congresso Estadual Paulista sobre formaccedilatildeo de Educadores Aacuteguas de Satildeo Pedro SP UNESP 1996

SCHOumlN D A Formar p rofessores co mo pr ofissionais r eflexivos In N OacuteVOA A ( Org) Os professores e a sua formaccedilatildeo Lisboa Don Quixote 1992 pp 77-92

SOUZA N ETO S A f ormaccedilatildeo i nicial e c ontinuada o s s aberes docentes In C ongresso de Educaccedilatildeo E ducaccedilatildeo a f raternidade u m c aminho po ssiacutevel C entro Mariaacutepolis Ginetta promovido pel o M ovimento H umanidade N ova de 20 a 21 de s etembro de 2003 V argem Grande Paulista Movimento Humanidade Nova 2003 12p

TARDIF M Saberes docentes e formaccedilatildeo profissional Petroacutepolis RJ Vozes 2002

60

Page 6: Boletim ef.org a-profissionalidade-docente-em-questao

comunicaccedilatildeo o pl anejamento f ormal ( previamente el aborado) e o s livros d idaacuteticos

(descartaacuteveis) D e f orma q ue o ens ino f ica c ondicionado agrave s ua di mensatildeo t eacutecnico-praacutetica da

praacutetica escolar sofrendo como nas outras abordagens questionamentos em virtude de seus

limites (VEIGA 1988)

Das criacuteticas efetuadas a esta proposta emergiu uma nova concepccedilatildeo centrada no

paradigma ldquo soacutecio-poliacuteticordquo da educaccedilatildeo Este questiona as outras referecircncias propondo que

o foco da educaccedilatildeo natildeo estaacute centrado no professor no aluno ou na teacutecnica de ensino ldquomas na

questatildeo central da formaccedilatildeo do homemrdquo (VEIGA 1988)

Neste contexto vai se reivindicar uma escola puacuteb lica do t ipo uacutenica para todos

pois eacute um a educ accedilatildeo q ue s e pr eocupa e s e c ompromete c om os i nteresses do hom em das

camadas mais desfavorecidas economicamente Caberia ao professor trabalhar no sentido de ir

aleacutem dos meacutetodos e teacutecnicas procurando associar escola-sociedade teoria-praacutetica conteuacutedo-

forma teacutecnico-poliacutetico ensino-pesquisa

O pensamento pedag oacutegico s ocialista f ormou-se no s eio do m ovimento popul ar

pela democratizaccedilatildeo do ens ino opondo-se agrave c oncepccedilatildeo burguesa de educaccedilatildeo com vistas agrave

transformaccedilatildeo social Na realidade trata-se de um a Pedagogia Criacutetica de inspiraccedilatildeo marxista

na proposta de que a educaccedilatildeo eacute o que se pode fazer do homem amanhatilde (GADOTTI 1995)

Embora al gumas de s uas cr iacuteticas se jam re levantes e m re laccedilatildeo ao t ecnicismo

neutralidade de meios e teacutecnicas didaacuteticas separaccedilatildeo conteuacutedosmeacutetodos fixaccedilatildeo de objetivos

educacionais ( pelos oacute rgatildeos da bur ocracia of icial) e a didaacutetica enquanto ldquoreceituaacuteriordquo s ustenta

uma ldquo visatildeo par cializada da educ accedilatildeo ao r eduzi-la agrave sua dimensatildeo soacutecio-poliacutetica negando a

especificidade do pedagoacutegicordquo (LIBAcircNEO 1986)

Entretanto no bojo destas diferentes abordagens emergiu tambeacutem uma outra

perspectiva q ue per passa a s demais c oncepccedilotildees m as q ue t em u ma es pecificidade pr oacutepria

naquilo que denominou-se paradigma do ldquo educadorrdquo constituindo-se no enfoque atual

O te rmo ldquo educadorrdquo s urgiu c om a t entativa c onstrutivista de r etomada do s er

professor na sua essecircncia buscando fazer uma mediaccedilatildeo entre o passado e o presente Neste

novo de lineamento o ldquo educadorrdquo eacute aq uele q ue educ a ( desenvolve a s f aculdades f iacutesicas

intelectuais e morais ndash instrui) ou ajuda no pr ocesso g lobal de desenvolvimento da c rianccedila e

faz do ato pedagoacutegico um ato poliacutetico no sentido de formaccedilatildeo da cidadania

O professor natildeo eacute nec essariamente um educador e este por seu turno natildeo eacute

necessariamente u m p rofessor ou pe ssoa c ulta ou l etrada m as q ue i mbuiacutedo de sse i deal

50

primeiro ensina a si mesmo e soacute depois se propotildee a ensinar os outros na perspectiva de que o

exemplo e a coerecircncia falam mais altos que os grandes discursos

Neste itineraacuterio eacute fundamental observar que a palavra ldquoeducaccedilatildeordquo proveacutem de dois

verbos de origem latina educere e educare A primeira etimologia a mais tradicional vincula-se

a compreensatildeo de que educar seria tirar de dentro extrair desvelar aquilo que estaacute no interior

da crianccedila do jovem do adulto Na segunda a raiz etimoloacutegica relaciona-se ao significado de

nutrir a mamentar c uidar a mar D o v erbo educare derivaram o s s ubstantivos educator

(educador) e educatrix (educadora) pois e ram a queles q ue a limentavam nutriam c riavam

amavam significando posteriormente ou tomando este sentido preparar iniciar-se no m undo

do conhecimento desenvolvimento

Educere tambeacutem conteacutem o verbo latino ducere que significa conduzir levar guiar

e o substantivo dux ndash aquele que conduz o chefe ou o g eneral Portanto a educaccedilatildeo torna-se

um processo criador e condutor em virtude de hav er algueacutem que ama e nut re na j ornada De

forma que o proacuteprio sentido de educaccedilatildeo conteacutem o significado de educador

Subjacente a es te processo e complementar ao sentido das palavras educaccedilatildeo

e educ ador e staacute o t ermo pr ofessor designando aq uele q ue ens ina ou ministra aul as N o

entanto etimologicamente a palavra ldquoprofessorrdquo origina-se do verbo latino profiteri que significa

declarar-se fazer uma declaraccedilatildeo confessar ou dar a conhecer mas que tambeacutem conteacutem em

sua raiz a palavra professio ndash profissatildeo ato de professar os votos religiosos no ingresso a uma

ordem ou congregaccedilatildeo religiosa Entre outras palavras significava adotar um estilo um modo

de v ida pois a pr ofissatildeo do s v otos e stava r elacionada ao c ompromisso de pr ofessar u ma

religiatildeo dentro das normas e regras desta ordem ou congregaccedilatildeo

Destas referecircncias infere-se que ser professor em sua origem era uma profissatildeo

que ex igia na m aior parte da s v ezes p rofessar c onfessar declarar u ma e scolha ldquoreligiosardquo

cujo papel exigia uma dedicaccedilatildeo integral agrave ldquodeterminada tarefa ou forma de v idardquo (ROSSATO

2002 p 89)

ldquoNo comeccedilo portanto professor era aquele que s e identificava por um modo de v ida proacuteprio e que t inha u m e stilo pr oacuteprio de v iver H avia pois u ma i dentidade ent re profissatildeo e vida e professor era aquele que tinha uma doutrina proacutepria e oferecia algo de novo aos seus alunos formando disciacutepulos e seguidores () Somente mais tarde passou-se a ac eitar e des ignar c omo pr ofessor t odo aquel e que s e dedi cava ao ensinordquo (ROSSATO 2002 p 90)

Para o autor embora os pedagogos gregos ou Impeacuterio Romano de certa forma

jaacute exercessem e ste papel ldquopode-se di zer q ue s omente c om o s urgimento das universidades

medievais eacute q ue s e c onsolidou a i magem do pr ofessor c omo f igura c entral do pr ocesso

educativordquo pois a ldquo proacutepria or igem do t ermo eacute bas eada e m a lgo ex tremamente c orrente no

51

mundo medieval a profissatildeo religiosardquo (p 88) Daiacute a expressatildeo comum que foi utilizada durante

muito t empo po r pessoas puacuteblicas c omo o s poliacuteticos m as no s entido pej orativo de q ue o

ldquomagisteacuterio eacute um sacerdoacuteciordquo ou seja uma profissatildeo de feacute de abnegaccedilatildeo de altruiacutesmo Poreacutem

o pr oacuteprio aut or nos pergunta t ambeacutem s e natildeo s eria m ais a dequado des ignar c omo pr ofessor

aquele que constroacutei uma visatildeo proacutepria de mundo e diz sua palavra sobre o mundo

Neste contexto haacute muito tempo atraacutes Rubens Alves (1984) jaacute havia assinalado

que o ldquo educadorrdquo pelo m enos no i deal de s ua i maginaccedilatildeo habita um m undo e m q ue a

interioridade faz uma diferenccedila em virtude das pessoas se definirem por suas visotildees paixotildees

esperanccedilas e horizontes utoacutepicos

Assim embora este paradigma tenha ganhado a sua ecircnfase na segunda metade

do seacuteculo XX [Escola Nova Humanismo Cristatildeo Poliacuteticas Puacuteblicas (LDB 402461) Psicologia

Humanista Filosofia Claacutessica Moderna etc] cabe assinalar que o mesmo teve a sua tradiccedilatildeo no

mundo ant igo g anhando a s ua em ancipaccedilatildeo c om o m undo m edieval e na at ualidade f oi

retomado de f orma mais a mpla c omo c riacutetica ao pr ocesso de formaccedilatildeo pr ofissional e de

atuaccedilatildeo docente

Tendo como referecircncia este contexto procuramos trabalhar com os professores

envolvidos com o projeto ldquoO Comportamento Motor no Processo de Escolarizaccedilatildeo de Crianccedilas

no Ensino de E ducaccedilatildeo I nfantil e no E nsino Fundamentalrdquo considerando a realidade escolar

(projeto pedagoacutegico e reuniotildees pedagoacutegicas) mas tambeacutem o ser professor

A E MEIF ldquoPROFESSORA M ARIA A PPARECIDA D E L UCA M OORErdquo U M ESTUDO D E CASO ndash O TRABALHO DE CAMPO E SEUS RESULTADOS

Como f oi c olocado ant eriormente o objetivo des te es tudo es teve v inculado ao

trabalho com as professoras ldquoa profissionalidade docenterdquo [e auxiliaacute-las na (re)descoberta do

corpo priorizando o desenvolvimento motor] Poreacutem cabe registrar que para a coleta e anaacutelise

destes dados utilizamos uma abordagem qualitativa do t ipo estudo de caso com as teacutecnicas

documental r elatoacuterio da s p rofessoras s obre o t rabalho q ue f oi desenvolvido r elatoacuterio de u m

seminaacuterio c ientiacutefico e par ticipaccedilatildeo de um a parte das p rofessoras ( oito) num C ongresso de

Educaccedilatildeo O nuacutemero total de professoras envolvidas foi 25

52

Com relaccedilatildeo aos resultados obtidos cabe destacar

1 Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico da EMEIEF ldquoMaria Apparecida de Luca Moorerdquo

Nesta e scola a proposta pedag oacutegica or ganiza-se po r e ixos t emaacuteticos ( por

bimestre) colocando no centro deste processo a questatildeo do amor (em virtude de problemas de

violecircncia f iacutesica m aterial e s imboacutelica) s em apresentar a s istematizaccedilatildeo de um a c oncepccedilatildeo

pedagoacutegica T rata-se m uito m ais de u m slogan prepositivo o rganizado na f orma de q uatro

eixos temaacuteticos (apresentando estreita relaccedilatildeo com os PCNs)

- Quem ama conheci a si mesmo e exerce a cidadania

- Quem ama respeito o seu espaccedilo

- Quem ama valoriza o meio ambiente e a cultura

- Quem ama sonha e realiza

No geral embora estes eixos sejam interessantiacutessimos visando a transformaccedilatildeo

os m esmos natildeo m ereceram u ma at enccedilatildeo m aior c om re laccedilatildeo ao s eu pape l ldquo ocultordquo de

articulador do c urriacuteculo no P rojeto P oliacutetico P edagoacutegico (2002) e m v irtude de t erem s ido

construiacutedos num momento posterior a esse processo de el aboraccedilatildeo da pr oposta pedagoacutegica

Portanto c abe r essaltar q ue o pl anejamento c urricular e o pl anejamento de ens ino g ravitam

nesta oacuterbita devendo todo e q ualquer t rabalho desenvolvido na r eferida instituiccedilatildeo considerar

esta premissa

Com relaccedilatildeo ao Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico este apresenta uma proposta soacutecio-

poliacutetica visando situar a pessoa num processo de transformaccedilatildeo pessoal e coletiva no exerciacutecio

da cidadania tendo em vista sempre um processo construtivo e participativo da realidade que o

cerca

No q ue s e r efere agrave E ducaccedilatildeo F iacutesica es ta f icou v inculada agrave s a tividades de

movimento na educaccedilatildeo i nfantil t endo c omo m eta ldquo atraveacutes do m ovimento p ropiciar q ue a

crianccedila expresse emoccedilotildees e pensamentos ampliando as possibilidades do uso significativo de

gestos e pos turas co rporaisrdquo (L IMEIRA 2002 p 38) Neste contexto a pr oposta apr esentou

como habilidades e conteuacutedos a serem explorados conhecimento e controle corporal imagem

corporal expressatildeo corporal gestos e r itmos corporais miacutemicas dramatizaccedilatildeo e musicas de

rotina pantomimas j ogos e br inquedos g incanas j ogos co m re gras b rincadeiras de r oda

capacidades fiacutesicas (ou qualidades fiacutesicas) enfim vivenciar o movimento corporal Em relaccedilatildeo

agraves primeiras seacuter ies do e nsino f undamental a E ducaccedilatildeo F iacutesica s ugere ldquo proporcionar aos

alunos condiccedilotildees para a c onstruccedilatildeo de u m repertoacuterio de at ividades em que ela possa usar e

ampliar o s m ovimentos co rporais t anto e m s ituaccedilatildeo de expressatildeo q uanto e m a tividades

53

esportivasrdquo (p 38) A ecircnfase desta compreensatildeo iraacute propor atividades e conteuacutedo quais sejam

o conhecimento sobre o corpo movimentos corporais livres e dirigidos lateralidade jogos com

regras l ateralidade e sportes l utas g inaacutestica a tividades r iacutetmicas e ex pressivas e quiliacutebrio

coordenaccedilatildeo viso-motora

Poreacutem cabe ressaltar que embora haja este planejamento o corpo docente tem

consciecircncia de que natildeo sabe como empreender a atividade fiacutesica na escola pois reconhece as

deficiecircncias em sua formaccedilatildeo profissional e natildeo tem ideacuteia de como solucionaacute-la (PELLEGRINI

et al 2003)

2 Relatoacuterios d as p rofessoras E MEIEF ldquoMaria A pparecida d e Luca M oorerdquo sobre o trabalho desenvolvido

No trabalho de intervenccedilatildeo realizado foi diagnosticado pelas docentes que

ldquoOs p lanos e laborados pela UNESP embora natildeo t enham s ido s eguidos agrave r isca auxiliaram bastante as professores fornecendo ideacuteias muito interessante e di ferentes no trabalho com a educaccedilatildeo motora11

Os alunos demonstraram muito interesse em participar das atividades e muitas vezes pediam que as brincadeiras mais interessantes fossem repetidas como por exemplo o alongamento dos bichos As a tividades p ropostas necessitaram de adapt accedilatildeo no dec orrer do ano l etivo principalmente em r elaccedilatildeo ao tempo de dur accedilatildeo da s mesmas (muitas a tividades inclusive necessitaram ser trabalhadas por mais de uma aula) pois a classe atendida no primeiro ano de e scolaridade possuiacutea bas tante di ficuldade de ent endimento de regras e i nstruccedilotildees (comandos e t arefas f orma a s a tividades m ais d ifiacuteceis principalmente nos grupos com maiores dificuldades)rdquo Podemos observar que algumas crianccedilas melhoraram no desenvolvimento motor e na atenccedilatildeo e percepccedilatildeordquo (LIMEIRA 2003a p1-2 ndash o grifo eacute nosso)

Em outro relatoacuterio a s p rofessoras das t erceiras e q uartas seacute ries apresentaram

uma apreciaccedilatildeo dos pontos positivos e negativos deste trabalho apontando tambeacutem subjacente

a este processo as reflexotildees que faziam no exerciacutecio da docecircncia

ldquominus Aspectos que influenciaram o desenvolvimento das aulas

1 Pontos positivos

bull Elaboraccedilatildeo dos planos de aula pela equipe da UNESP conteuacutedo objetivo material e des envolvimento de c ada at ividade f iacutesica s uprimindo um a nec essidade do s professores (por falta de formaccedilatildeo especiacutefica nessa aacuterea)

bull Os planos de aula nos fizeram perceber que mesmo sem o conhecimento especiacutefico dessa aacuterea jaacute desenvolviacuteamos algumas atividades contemplando esses conteuacutedos

bull Esses p lanos de aul a no s l evaram a r efletir s obre no ssa pr aacutetica r eavaliando-as e tornando-as mais especiacuteficas e natildeo mais tatildeo recreativas somente

bull Durante o desenvolvimento da s aulas noacutes p rofessores nos deparamos co m a s nossas proacuteprias dificuldades em relaccedilatildeo agraves habilidades necessaacuterias para desenvolvecirc-las obrigando-nos a superaacute-las

11 - O grifo eacute nosso

54

bull Maior envolvimento e participaccedilatildeo dos alunos

bull Foi descoberto atraveacutes dessas aulas que a nossa instituiccedilatildeo jaacute possuiacutea um grande acesso a m ateriais que poder iam s er u tilizados e m nossa pr aacutetica e que noacute s desconheciacuteamos

bull Trabalhando c om v aacuterios grupos pudemos perceber e r espeitar d iferentes habilidades e limites de cada aluno

2 Pontos negativos

bull Apesar de a escola ser grande os espaccedilos onde as aulas foram desenvolvidas natildeo satildeo adequados Exemplo a quadra natildeo eacute coberta portanto exposta agraves maacutes condiccedilotildees climaacuteticas o paacutet io que eacute coberto estaacute disponiacutevel em poucas horas do dia por ter um tracircnsito fluente de alunos ou natildeo diariamente

bull O envolvimento da equipe natildeo foi total

bull Os m ateriais u tilizados nas aulas natildeo es tavam organizados p rejudicando assim o desenvolvimento das aulas

bull Por a tendermos m uitos g rupos alguns horaacuterios f oram p rejudicados em v irtude de serem proacuteximos aos horaacuterios de entrada recreio e outras atividades da escola

()

minus Consideraccedilotildees finais

Foi de extrema importacircncia termos esses planos de aula em matildeo pois a partir deles pudemos exercitar a nossa criatividade fazendo algumas modificaccedilotildees adaptando-os agraves reais necessidades de cada grupo

Pudemos perceber pela troca de experiecircncias entre os profissionais envolvidos que a discussatildeo e es tabelecimento de regras p reacutevias f acilitou o des envolvimento do trabalho bem como a aceitaccedilatildeo e envolvimento dos alunos

()

Houve ta mbeacutem r elatos de mudanccedilas de c omportamento por parte de m uitos professores em relaccedilatildeo ao pr oacuteprio corpo na aceitaccedilatildeo de s eus limites e valorizaccedilatildeo de suas proacuteprias habilidades

Sugestotildees ndash

()

bull Que a e scola reorganize os materiais que seratildeo utilizados no desenvolvimento das aulas s endo ac omodados e m l ocal adequado e de f aacutecil a cesso ao s p rofessoresrdquo (LIMEIRA 2003b p1-4 ndash o grifo eacute nosso)

Acreditamos q ue o t rabalho pr incipal c onsistiu e m l evar e stas p rofessoras a

acreditarem q ue poder iam f azer o q ue hav ia s ido pr oposto i r a leacutem dos limites c onhecidos

acreditar que poderiam fazer ldquoalgo a maisrdquo do que jaacute faziam superar a ineacutercia que ronda toda e

qualquer profissatildeo com o passar dos anos enfim que as mesmas tinham capacidade mas que

seria fundamental que primeiro saiacutessem de suas couraccedilas enfrentassem o desafio do ldquo novordquo

em relaccedilatildeo aos conteuacutedos de Educaccedilatildeo Fiacutesica e r efletissem sobre o exerciacutecio da doc ecircncia na

sala de aul a buscando s uperar o m ito da al egoria da c averna F oi o q ue ac onteceu na s

entrelinhas do relato apresentado quando se colocou que esses ldquoplanos de aula nos levaram a

refletir sobre no ssa pr aacutetica reavaliando-as e t ornando-as m ais e speciacuteficasrdquo q ue ldquo noacutes

professores nos deparamos co m a s nossas p roacuteprias d ificuldades e m re laccedilatildeo agrave s habilidades

55

necessaacuterias para des envolvecirc-las obrigando-nos a s uperaacute-lasrdquo q ue o s ldquo planos de aul a no s

fizeram perceber que mesmo sem o conhecimento especiacutefico dessa aacuterea jaacute desenvolviacuteamos

algumas a tividades c ontemplando e sses c onteuacutedosrdquo E m re sumo houve ldquomudanccedilas de

comportamento por parte de m uitos professores em relaccedilatildeo ao proacuteprio corpo na aceitaccedilatildeo de

seus limites e valorizaccedilatildeo de s uas proacuteprias habilidadesrdquo e ldquomaior envolvimento e participaccedilatildeo

dos a lunosrdquo ndash em v irtude de q ue as p rofessoras ldquo trabalhando com vaacuterios g rupos pudemos

perceber e respeitar diferentes habilidades e limites de cada alunordquo

3 Relatoacuterio do I Seminaacuterio de Desenvolvimento M otor ldquoO COMPORTAMENTO MOTOR NA EDUCACcedilAtildeO BAacuteSICArdquo

No s egundo s emestre e m outubro f oi desenvolvido o ldquo I S eminaacuterio de

Desenvolvimento M otor o C omportamento M otor na E ducaccedilatildeo B aacutesicardquo p romovido pel a

UNESPRio Claro N uacutecleo de E nsino ndash Campus Rio Claro D epartamento de E ducaccedilatildeo

LABORDAM ndash Departamento de E ducaccedilatildeo Fiacutesica e E MEIEF Profa Maria Apparecida de

Luca Moore de LimeiraSP

O objetivo do seminaacuterio foi reunir professores e estudantes da aacuterea da Educaccedilatildeo

Baacutesica e da E ducaccedilatildeo F iacutesica t endo c omo f oco de di scussatildeo o des envolvimento m otor o

processo de alfabetizaccedilatildeo e a profissionalidade docente

O seminaacuterio ocorreu no A nfiteatro da B iblioteca da UNESP com a par ticipaccedilatildeo

de 75 pe ssoas entre pr ofessores e es tudantes q ue ac ompanharam u ma pr ogramaccedilatildeo q ue

durou o di a i nteiro abrangendo entrega do m aterial do s eminaacuterio s essatildeo de aber tura

apresentaccedilatildeo dos participantes conferecircncia (Prof Dr Osvaldo L Ferraz - USP) mesa-redonda

ndash ldquoO desenvolvimento motor no processo de alfabetizaccedilatildeordquo (Profa Adriana Ijano Motta e Profa

Vera L A Pinheiro - EMEIEF MALM Profa Dra Ana Maria Pellegrini UNESPDEF-RC Profa

Dra Maria Ceciacutelia de O Micotti UNESPDE-RC Prof Dr Francisco Rosa Neto ndash UESC e Prof

Dr Osvaldo Luis Ferraz - USP) almoccedilo debate sobre ldquo O desenvolvimento motor no processo

de alfabetizaccedilatildeordquo intervalo para cafeacute relato de experiecircncias e sessatildeo de encerramento Cabe

ressaltar que na v eacutespera do s eminaacuterio houve tambeacutem uma of icina com o Prof Dr Francisco

Rosa N eto ndash UESC s obre av aliaccedilatildeo m otora par a pr ofessores e stagiaacuterios e c olaboradores

ligados ao Projeto de Limeira

Ao t eacutermino da pr ogramaccedilatildeo f oram entregues o s ce rtificados e r ecolhidos o s

questionaacuterios de avaliaccedilatildeo entregues com o material do seminaacuterio no periacuteodo da manhatilde tendo

entre os participantes as 25 professoras da escola envolvidas no projeto Este se constitui num

momento oportuno de integraccedilatildeo na relaccedilatildeo universidade-comunidade promoccedilatildeo humana e de

resgate da auto-estima de um grupo de professoras que se sentiram valorizadas e respeitadas

56

4 Participaccedilatildeo no C ongresso d e E ducaccedilatildeo ndash EDUCACcedilAtildeO Agrave F RATERNIDADE U M CAMINHO P OSSIacuteVELrdquo p romovido pe lo M ovimento H umanidade nos d ias 20 e 21 d e setembro de 2003 em Vargem Grande Paulista-SP

Na participaccedilatildeo a es te evento que teve como tema central a proposta da Profa

Dra Chiara Lubich (2001) as reflexotildees realizadas aparecem no relatoacuterio que seraacute apresentado

a seguir em que novamente se encontram os valores da profissionalidade docente e parte dos

valores de um curriacuteculo oculto eou do proacuteprio projeto pedagoacutegico presente na descriccedilatildeo

ldquo- O primeiro ponto importante a ser descrito retrata a recepccedilatildeo Havia uma recepccedilatildeo por parte dos organizadores que em muito diferia das recepccedilotildees de capacitaccedilotildees que jaacute par ticipamos O s encarregados da recepccedilatildeo a f izeram de t al f orma que no s sentimos muito bem vindas

- Outro as pecto i mportante f oi o formato o t empo do C ongresso O s encontros e relatos e ram i ntercalados por periacuteodos l ongos de i ntervalo Essa es trutura no s possibilitou uma r eflexatildeo m ais p rofunda c alma e detalhada s obre aqu ilo que estaacutevamos ouvindo vivendo O proacuteprio local incitava paz tranquumlilidade

Em relaccedilatildeo agraves ideacuteias d iscutidas acerca do pens amento da pedagoga i taliana Chiara Lubich a fraternidade o amor a importacircncia dos aspectos afetivos e mesmo espiritual na r elaccedilatildeo ens ino-aprendizagem P udemos observar algumas se melhanccedilas com o trabalho que jaacute realizamos em nossa Unidade Escolar

- O tratamento ecumecircnico das questotildees espirituais

- Jaacute t emos uma pr aacutetica de bu sca i ncessante e m c ativar e env olver o s a lunos para trazecirc-los mais proacuteximos da escola e tambeacutem de nosso Projeto Quem ama cuida

- A t entativa de par ticipar da construccedilatildeo do c onhecimento da s cr ianccedilas de m aneira afetuosa e prazerosa

- Desenvolvemos u m c onjunto de accedilotildees que v isam desenvolver a aut o-estima do s alunos

- Nossa insistecircncia de levar os alunos a refletirem sobre ser cidadatildeos solidaacuterios

- A reflexatildeo sobre a U nidade a busca constante de identificar quais aspectos da vida escolar nos aproxima como profissionais e como pessoas

- Como profissionais avaliamos que o C ongresso como um todo tinha uma forma e uma di scussatildeo s obre o am or m uito nov a par a noacutes Im portante per ceber que haacute intelectuais p reocupados e m sistematizar e xperiecircncias e c onhecimento num a aacuter ea onde t radicionalmente s e t em mu ito pr econceito o am or a af etividade T ambeacutem pudemos perceber quais aspectos precisariacuteamos repensar em nossa praacutetica e mesmo em nossa vida

Outros pontos que julgamos importantes e diferentes das capacitaccedilotildees que em geral participamos

- Palestrantes que di scutiam s eu c onhecimento e s uas i deacuteias partindo daqu ilo que realmente somos das nossas limitaccedilotildees como humanos e profissionais

- A possibilidade de perceber que muitas pessoas estatildeo preocupadas em buscar uma compreensatildeo maior do mundo e da s relaccedilotildees que estabelecemos com ele e c om as pessoasrdquo [LIMEIRA 2003c p1-2 ndash o grifo eacute nosso]

O q ue s e pode obs ervar na q uestatildeo da f ormaccedilatildeo pr ofissional docente

continuada o pr ofessor p recisa de t empo par a r efletir e natildeo daacute par a di ssociar o ex erciacutecio

profissional de s ua v ida pr ivada e mbora es te natildeo s eja o obj etivo m as eacute f undamental u m

57

trabalho que envolva esta totalidade Neste contexto registra-se por parte destas professoras e

da escola a preocupaccedilatildeo com as crianccedilas (obrigaccedilatildeo moral) o envolvimento das professoras

com a e scola e co m a c omunidade ( compromisso c om a c omunidade) e o f ato de s erem

educadoras

No g eral o q ue s e obs ervou e m re laccedilatildeo agraves p rofessoras dessa escola no q ue

tange a profissionalidade docente ndash quer seja pela convivecircncia das reuniotildees pedagoacutegicas quer

seja por ocasiatildeo da reuniatildeo cientiacutefica ou congresso quer seja durante o t rabalho desenvolvido

na escola ou mesmo pelos relatos apresentados ndash que estas professoras estatildeo preocupadas

com os escolares tambeacutem possuem uma determinada cumplicidade com a escola e com a sua

direccedilatildeo E sta r elaccedilatildeo f ica c lara na e scola p rincipalmente ent re a s docentes q ue natildeo s atildeo

passageiras na i nstituiccedilatildeo de u m ano par a o out ro H aacute t ambeacutem o c ompromisso ent re a s

docentes em particular por parte da direccedilatildeo com a proacutepria capacitaccedilatildeo do coletivo E ainda na

resoluccedilatildeo dos problemas que afligem a populaccedilatildeo frequumlentadora da escola no que diz respeito

a violecircncia domeacutestica excesso de agressividade entre os alunos orientaccedilatildeo e conscientizaccedilatildeo

dos pais entre out ros P ode-se di zer q ue haacute c ultivo v irtuoso de um a m oral dos ldquo bons

costumesrdquo do exerciacutecio da cidadania na dimensatildeo de ldquofaccedila aos outros aquilo que vocecirc gostaria

que fizesse a vocecircrsquo e ldquonatildeo faccedila aos outros aquilo que vocecirc gostaria que natildeo fizesse com vocecircrdquo

constituindo-se num grande preluacutedio de uma educaccedilatildeo para a paz

CONCLUSAtildeO E M B USCA D A PR OFISSIONALIDADE D OCENTE O U CO MO ldquo CULTIVARldquo JEQUITIBAacuteS NO LUGAR DE EUCALIPTOS

ldquoNatildeo s ei c omo pr eparar o educ ador T alvez i sto natildeo s eja ne m necessaacuterio nem possiacutevel Eacute necessaacuterio ac ordaacute-lo E a iacute aprenderemos que educ adores natildeo s e extinguiram c omo t ropeiros e c aixeiros P orque ta lvez nem t ropeiros e c aixeiros tenham desaparecidos m as permaneccedilam como m emoacuterias de um passado que es taacute mais proacuteximo do no sso futuro que ont em Basta que o c hamemos do seu sono por um ato de amor e coragem E talvez acordados repetiratildeo o milagre da instauraccedilatildeo de novos mundosrdquo (ALVES 1984 p 26)

A reflexatildeo ora apresentada buscou evidenciar os paradigmas que tecircm norteado

a at uaccedilatildeo doc ente c olocando e m q uestatildeo o s s aberes q ue datildeo l egitimidade agrave pr aacutetica

pedagoacutegica Vive-se u m mo mento de m udanccedilas e a f ormaccedilatildeo de pr ofessores natildeo pa ssa

desapercebida havendo um a g rande pr eocupaccedilatildeo e m delimitar me lhor o per fil desse

profissional

Natildeo se pode i gnorar a ldquo cavernardquo que acabou se tornando a no ssa sala de aul a

em virtude das sombras que foram projetadas sobre ela decorrentes da onda de v iolecircncia de

todos o s t ipos q ue s e abat eu s obre a s ociedade e do m odelo de e scola-fabril q ue natildeo s e

justifica mais

58

No v eacutertice de ssa di scussatildeo es taacute a e scola m as co mo c entro de f ormaccedilatildeo

humana e xigindo um a nov a c onfiguraccedilatildeo de r elaccedilotildees so ciais i nterpessoais m as t ambeacutem

curricular e pedagoacutegica Propotildee-se que no centro deste novo processo estejam o professor e o

aluno m as q ue t ambeacutem f accedilam parte da r ealidade e scolar a c omunidade l ocal e a s f orccedilas

produtivas da s ociedade O p rojeto pol iacutetico pedag oacutegico a s er e laborado bem c omo o s

diferentes projetos temaacuteticos prescinde deste conjunto orgacircnico

A escola e as demais instituiccedilotildees natildeo podem mais ser vistas apenas como uma

linha de m ontagem do hom em do s istema Embora possa haver a r eproduccedilatildeo haacute t ambeacutem a

contra-reproduccedilatildeo cada vez que superamos a nossa ineacutercia e mudamos o contexto de nossas

aulas dos relacionamentos enfim por causa daquilo que a escola eacute e natildeo do que tem sido

A f ormaccedilatildeo i nicial e c ontinuada s atildeo dua s r ealidades d istintas e ao m esmo

tempo inseparaacuteveis Pensar a formaccedilatildeo do professor significa ter bem claro que tipo de homem

queremos f ormar q ue t ipo de m undo q ueremos habitar q ue t ipo de s ociedade q ueremos

construir Esta exige uma reflexatildeo constante daquilo que fazemos de nossa histoacuteria de nossas

contradiccedilotildees de no ssas descobertas e p rincipalmente de no ssa s ocializaccedilatildeo enq uanto

professores (educadores)

Somos u ma ldquo profissatildeordquo e m c onstruccedilatildeo e o s nossos cu rriacuteculos e spelham e sta

realidade ao apr esentarem um conjunto de c onhecimentos disciplinares fragmentados Natildeo se

justifica m ais t rabalhar por c ompartimentos pois necessitamos t rabalhar e m r ede e m e ixos

temaacuteticos que visem a perspectiva da unidade na diversidade dos conhecimentos

Neste contexto se poder ia perguntar a inda quem eacute o pr ofessor na ordem das

coisas Para noacutes eacute um ldquoeducador profissionalrdquo que passa por um sistema de formaccedilatildeo formal e

que continua nesse processo ao longo de sua vida Poreacutem imbuiacutedo de uma perspectiva utoacutepica

natildeo deixa que ldquoo mito da cavernardquo o asfixie pois compartilha o seu sonho com outras pessoas

transformando-o e m r ealidade E sta eacute a pr oposta da ESCOLA D E L IMEIRA buscando na s

etapas da profissionalidade docente e num trabalho coletivo e de par ceria natildeo se tornar uma

faacutebrica de eucaliptos mas uma plantaccedilatildeo de jequitibaacutes

Agradecimentos ao corpo docente e discente da EMEIEF ldquoProfa Maria Apparecida de Luca Moorerdquo pela participaccedilatildeo

59

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ALVES R Conversas com quem gosta de ens inar 10 ed Satildeo Paulo Cortez EditoraAutores Associados 1984

CAMBI F Histoacuteria da pedagogia Satildeo Paulo Editora UNESP 1999 701p

CONTRERAS J A autonomia de professores Satildeo Paulo Cortez 2002

FERNANDES R Of iacutecio de pr ofessor o f im e o c omeccedilo do s paradigmas In C ONGRESSO LUSO-BRASILEIRO DE HISTOacuteRIA DA EDUCACcedilAtildeO Praacuteticas Educativas Culturas Escolares e Profissatildeo Docente 2 1998 Satildeo Paulo Anais p 1-20

GADOTTI M Histoacuteria das ideacuteias pedagoacutegicas 3ordf ed Satildeo Paulo Aacutetica 1995

LIMEIRA ( EMEIEF P rofa M aria A pparecida de Luc a M oore) R elatoacuterio da pr ofessoras das primeiras seacuteries (manuscrito) Limeira UNESPRC - Projeto Nuacutecleo de Ensino 2003a 1p

LIMEIRA ( EMEIEF P rofa M aria A pparecida de Luc a M oore) R elatoacuterio da pr ofessoras das terceiras e quartas seacuteries (manuscrito) Limeira UNESPRC - Projeto Nuacutecleo de Ensino 2003b 4p

LIMEIRA ( EMEIEF P rofa M aria A pparecida de Luc a M oore) R elatoacuterio de P articipaccedilatildeo no Congresso de Educaccedilatildeo ndash EDUCACcedilAtildeO A F RATERNIDADE U M C AMINHO P OSSIacuteVEL (manuscrito) Limeira UNESPRC - Projeto Nuacutecleo de Ensino 2003c 2p

LIMEIRA ( EMEIEF P rofa M aria A pparecida de Luc a M oore) P rojeto P oliacutetico P edagoacutegico (manuscrito) Limeira EMEIEF Profordf M aria Apparecida de Luca Moore 2002 132p

LUBICH C Aula magna para o doutorado honoris causa em Pedagogia Universidade Catoacutelica de Washington EUA 2001

MACHADO L M M ercado g lobal a es finge do pr esente In S ILVA J r C A ( Org) O profissional formado por seu curso estaacute preparado para as exigecircncias da nova ordem mundial Satildeo Paulo Pro-Reitoria de Graduaccedilatildeo da UNESP 1996 p 91-106 (VI Circuito PROGRAD)

PELLEGRINI A M S OUZA N ETO S BENITES L C VEIGA M e M OTTA A I O Comportamento Motor no processo de e scolarizaccedilatildeo buscando soluccedilotildees no contexto escolar para a al fabetizaccedilatildeo In Wilson Galego e Aacutelvaro Guedes Cadernos do Nuacutecleo de Ensino Satildeo Paulo SP UNESP ndash PROGRAD 2003 p271-284

PIMENTA S G F ormaccedilatildeo de pr ofessores ndash saberes da docecircncia e i dentidade do pr ofessor Nuances Presidente Prudente vol III setembro pp 5-13 1997

ROSSETO R Etimologias e saberes Espaccedilo Pedagoacutegico v 9 n 2 p86-89 dez2002

SAVIANE D Os saberes implicados na formaccedilatildeo do educador IV Congresso Estadual Paulista sobre formaccedilatildeo de Educadores Aacuteguas de Satildeo Pedro SP UNESP 1996

SCHOumlN D A Formar p rofessores co mo pr ofissionais r eflexivos In N OacuteVOA A ( Org) Os professores e a sua formaccedilatildeo Lisboa Don Quixote 1992 pp 77-92

SOUZA N ETO S A f ormaccedilatildeo i nicial e c ontinuada o s s aberes docentes In C ongresso de Educaccedilatildeo E ducaccedilatildeo a f raternidade u m c aminho po ssiacutevel C entro Mariaacutepolis Ginetta promovido pel o M ovimento H umanidade N ova de 20 a 21 de s etembro de 2003 V argem Grande Paulista Movimento Humanidade Nova 2003 12p

TARDIF M Saberes docentes e formaccedilatildeo profissional Petroacutepolis RJ Vozes 2002

60

Page 7: Boletim ef.org a-profissionalidade-docente-em-questao

primeiro ensina a si mesmo e soacute depois se propotildee a ensinar os outros na perspectiva de que o

exemplo e a coerecircncia falam mais altos que os grandes discursos

Neste itineraacuterio eacute fundamental observar que a palavra ldquoeducaccedilatildeordquo proveacutem de dois

verbos de origem latina educere e educare A primeira etimologia a mais tradicional vincula-se

a compreensatildeo de que educar seria tirar de dentro extrair desvelar aquilo que estaacute no interior

da crianccedila do jovem do adulto Na segunda a raiz etimoloacutegica relaciona-se ao significado de

nutrir a mamentar c uidar a mar D o v erbo educare derivaram o s s ubstantivos educator

(educador) e educatrix (educadora) pois e ram a queles q ue a limentavam nutriam c riavam

amavam significando posteriormente ou tomando este sentido preparar iniciar-se no m undo

do conhecimento desenvolvimento

Educere tambeacutem conteacutem o verbo latino ducere que significa conduzir levar guiar

e o substantivo dux ndash aquele que conduz o chefe ou o g eneral Portanto a educaccedilatildeo torna-se

um processo criador e condutor em virtude de hav er algueacutem que ama e nut re na j ornada De

forma que o proacuteprio sentido de educaccedilatildeo conteacutem o significado de educador

Subjacente a es te processo e complementar ao sentido das palavras educaccedilatildeo

e educ ador e staacute o t ermo pr ofessor designando aq uele q ue ens ina ou ministra aul as N o

entanto etimologicamente a palavra ldquoprofessorrdquo origina-se do verbo latino profiteri que significa

declarar-se fazer uma declaraccedilatildeo confessar ou dar a conhecer mas que tambeacutem conteacutem em

sua raiz a palavra professio ndash profissatildeo ato de professar os votos religiosos no ingresso a uma

ordem ou congregaccedilatildeo religiosa Entre outras palavras significava adotar um estilo um modo

de v ida pois a pr ofissatildeo do s v otos e stava r elacionada ao c ompromisso de pr ofessar u ma

religiatildeo dentro das normas e regras desta ordem ou congregaccedilatildeo

Destas referecircncias infere-se que ser professor em sua origem era uma profissatildeo

que ex igia na m aior parte da s v ezes p rofessar c onfessar declarar u ma e scolha ldquoreligiosardquo

cujo papel exigia uma dedicaccedilatildeo integral agrave ldquodeterminada tarefa ou forma de v idardquo (ROSSATO

2002 p 89)

ldquoNo comeccedilo portanto professor era aquele que s e identificava por um modo de v ida proacuteprio e que t inha u m e stilo pr oacuteprio de v iver H avia pois u ma i dentidade ent re profissatildeo e vida e professor era aquele que tinha uma doutrina proacutepria e oferecia algo de novo aos seus alunos formando disciacutepulos e seguidores () Somente mais tarde passou-se a ac eitar e des ignar c omo pr ofessor t odo aquel e que s e dedi cava ao ensinordquo (ROSSATO 2002 p 90)

Para o autor embora os pedagogos gregos ou Impeacuterio Romano de certa forma

jaacute exercessem e ste papel ldquopode-se di zer q ue s omente c om o s urgimento das universidades

medievais eacute q ue s e c onsolidou a i magem do pr ofessor c omo f igura c entral do pr ocesso

educativordquo pois a ldquo proacutepria or igem do t ermo eacute bas eada e m a lgo ex tremamente c orrente no

51

mundo medieval a profissatildeo religiosardquo (p 88) Daiacute a expressatildeo comum que foi utilizada durante

muito t empo po r pessoas puacuteblicas c omo o s poliacuteticos m as no s entido pej orativo de q ue o

ldquomagisteacuterio eacute um sacerdoacuteciordquo ou seja uma profissatildeo de feacute de abnegaccedilatildeo de altruiacutesmo Poreacutem

o pr oacuteprio aut or nos pergunta t ambeacutem s e natildeo s eria m ais a dequado des ignar c omo pr ofessor

aquele que constroacutei uma visatildeo proacutepria de mundo e diz sua palavra sobre o mundo

Neste contexto haacute muito tempo atraacutes Rubens Alves (1984) jaacute havia assinalado

que o ldquo educadorrdquo pelo m enos no i deal de s ua i maginaccedilatildeo habita um m undo e m q ue a

interioridade faz uma diferenccedila em virtude das pessoas se definirem por suas visotildees paixotildees

esperanccedilas e horizontes utoacutepicos

Assim embora este paradigma tenha ganhado a sua ecircnfase na segunda metade

do seacuteculo XX [Escola Nova Humanismo Cristatildeo Poliacuteticas Puacuteblicas (LDB 402461) Psicologia

Humanista Filosofia Claacutessica Moderna etc] cabe assinalar que o mesmo teve a sua tradiccedilatildeo no

mundo ant igo g anhando a s ua em ancipaccedilatildeo c om o m undo m edieval e na at ualidade f oi

retomado de f orma mais a mpla c omo c riacutetica ao pr ocesso de formaccedilatildeo pr ofissional e de

atuaccedilatildeo docente

Tendo como referecircncia este contexto procuramos trabalhar com os professores

envolvidos com o projeto ldquoO Comportamento Motor no Processo de Escolarizaccedilatildeo de Crianccedilas

no Ensino de E ducaccedilatildeo I nfantil e no E nsino Fundamentalrdquo considerando a realidade escolar

(projeto pedagoacutegico e reuniotildees pedagoacutegicas) mas tambeacutem o ser professor

A E MEIF ldquoPROFESSORA M ARIA A PPARECIDA D E L UCA M OORErdquo U M ESTUDO D E CASO ndash O TRABALHO DE CAMPO E SEUS RESULTADOS

Como f oi c olocado ant eriormente o objetivo des te es tudo es teve v inculado ao

trabalho com as professoras ldquoa profissionalidade docenterdquo [e auxiliaacute-las na (re)descoberta do

corpo priorizando o desenvolvimento motor] Poreacutem cabe registrar que para a coleta e anaacutelise

destes dados utilizamos uma abordagem qualitativa do t ipo estudo de caso com as teacutecnicas

documental r elatoacuterio da s p rofessoras s obre o t rabalho q ue f oi desenvolvido r elatoacuterio de u m

seminaacuterio c ientiacutefico e par ticipaccedilatildeo de um a parte das p rofessoras ( oito) num C ongresso de

Educaccedilatildeo O nuacutemero total de professoras envolvidas foi 25

52

Com relaccedilatildeo aos resultados obtidos cabe destacar

1 Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico da EMEIEF ldquoMaria Apparecida de Luca Moorerdquo

Nesta e scola a proposta pedag oacutegica or ganiza-se po r e ixos t emaacuteticos ( por

bimestre) colocando no centro deste processo a questatildeo do amor (em virtude de problemas de

violecircncia f iacutesica m aterial e s imboacutelica) s em apresentar a s istematizaccedilatildeo de um a c oncepccedilatildeo

pedagoacutegica T rata-se m uito m ais de u m slogan prepositivo o rganizado na f orma de q uatro

eixos temaacuteticos (apresentando estreita relaccedilatildeo com os PCNs)

- Quem ama conheci a si mesmo e exerce a cidadania

- Quem ama respeito o seu espaccedilo

- Quem ama valoriza o meio ambiente e a cultura

- Quem ama sonha e realiza

No geral embora estes eixos sejam interessantiacutessimos visando a transformaccedilatildeo

os m esmos natildeo m ereceram u ma at enccedilatildeo m aior c om re laccedilatildeo ao s eu pape l ldquo ocultordquo de

articulador do c urriacuteculo no P rojeto P oliacutetico P edagoacutegico (2002) e m v irtude de t erem s ido

construiacutedos num momento posterior a esse processo de el aboraccedilatildeo da pr oposta pedagoacutegica

Portanto c abe r essaltar q ue o pl anejamento c urricular e o pl anejamento de ens ino g ravitam

nesta oacuterbita devendo todo e q ualquer t rabalho desenvolvido na r eferida instituiccedilatildeo considerar

esta premissa

Com relaccedilatildeo ao Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico este apresenta uma proposta soacutecio-

poliacutetica visando situar a pessoa num processo de transformaccedilatildeo pessoal e coletiva no exerciacutecio

da cidadania tendo em vista sempre um processo construtivo e participativo da realidade que o

cerca

No q ue s e r efere agrave E ducaccedilatildeo F iacutesica es ta f icou v inculada agrave s a tividades de

movimento na educaccedilatildeo i nfantil t endo c omo m eta ldquo atraveacutes do m ovimento p ropiciar q ue a

crianccedila expresse emoccedilotildees e pensamentos ampliando as possibilidades do uso significativo de

gestos e pos turas co rporaisrdquo (L IMEIRA 2002 p 38) Neste contexto a pr oposta apr esentou

como habilidades e conteuacutedos a serem explorados conhecimento e controle corporal imagem

corporal expressatildeo corporal gestos e r itmos corporais miacutemicas dramatizaccedilatildeo e musicas de

rotina pantomimas j ogos e br inquedos g incanas j ogos co m re gras b rincadeiras de r oda

capacidades fiacutesicas (ou qualidades fiacutesicas) enfim vivenciar o movimento corporal Em relaccedilatildeo

agraves primeiras seacuter ies do e nsino f undamental a E ducaccedilatildeo F iacutesica s ugere ldquo proporcionar aos

alunos condiccedilotildees para a c onstruccedilatildeo de u m repertoacuterio de at ividades em que ela possa usar e

ampliar o s m ovimentos co rporais t anto e m s ituaccedilatildeo de expressatildeo q uanto e m a tividades

53

esportivasrdquo (p 38) A ecircnfase desta compreensatildeo iraacute propor atividades e conteuacutedo quais sejam

o conhecimento sobre o corpo movimentos corporais livres e dirigidos lateralidade jogos com

regras l ateralidade e sportes l utas g inaacutestica a tividades r iacutetmicas e ex pressivas e quiliacutebrio

coordenaccedilatildeo viso-motora

Poreacutem cabe ressaltar que embora haja este planejamento o corpo docente tem

consciecircncia de que natildeo sabe como empreender a atividade fiacutesica na escola pois reconhece as

deficiecircncias em sua formaccedilatildeo profissional e natildeo tem ideacuteia de como solucionaacute-la (PELLEGRINI

et al 2003)

2 Relatoacuterios d as p rofessoras E MEIEF ldquoMaria A pparecida d e Luca M oorerdquo sobre o trabalho desenvolvido

No trabalho de intervenccedilatildeo realizado foi diagnosticado pelas docentes que

ldquoOs p lanos e laborados pela UNESP embora natildeo t enham s ido s eguidos agrave r isca auxiliaram bastante as professores fornecendo ideacuteias muito interessante e di ferentes no trabalho com a educaccedilatildeo motora11

Os alunos demonstraram muito interesse em participar das atividades e muitas vezes pediam que as brincadeiras mais interessantes fossem repetidas como por exemplo o alongamento dos bichos As a tividades p ropostas necessitaram de adapt accedilatildeo no dec orrer do ano l etivo principalmente em r elaccedilatildeo ao tempo de dur accedilatildeo da s mesmas (muitas a tividades inclusive necessitaram ser trabalhadas por mais de uma aula) pois a classe atendida no primeiro ano de e scolaridade possuiacutea bas tante di ficuldade de ent endimento de regras e i nstruccedilotildees (comandos e t arefas f orma a s a tividades m ais d ifiacuteceis principalmente nos grupos com maiores dificuldades)rdquo Podemos observar que algumas crianccedilas melhoraram no desenvolvimento motor e na atenccedilatildeo e percepccedilatildeordquo (LIMEIRA 2003a p1-2 ndash o grifo eacute nosso)

Em outro relatoacuterio a s p rofessoras das t erceiras e q uartas seacute ries apresentaram

uma apreciaccedilatildeo dos pontos positivos e negativos deste trabalho apontando tambeacutem subjacente

a este processo as reflexotildees que faziam no exerciacutecio da docecircncia

ldquominus Aspectos que influenciaram o desenvolvimento das aulas

1 Pontos positivos

bull Elaboraccedilatildeo dos planos de aula pela equipe da UNESP conteuacutedo objetivo material e des envolvimento de c ada at ividade f iacutesica s uprimindo um a nec essidade do s professores (por falta de formaccedilatildeo especiacutefica nessa aacuterea)

bull Os planos de aula nos fizeram perceber que mesmo sem o conhecimento especiacutefico dessa aacuterea jaacute desenvolviacuteamos algumas atividades contemplando esses conteuacutedos

bull Esses p lanos de aul a no s l evaram a r efletir s obre no ssa pr aacutetica r eavaliando-as e tornando-as mais especiacuteficas e natildeo mais tatildeo recreativas somente

bull Durante o desenvolvimento da s aulas noacutes p rofessores nos deparamos co m a s nossas proacuteprias dificuldades em relaccedilatildeo agraves habilidades necessaacuterias para desenvolvecirc-las obrigando-nos a superaacute-las

11 - O grifo eacute nosso

54

bull Maior envolvimento e participaccedilatildeo dos alunos

bull Foi descoberto atraveacutes dessas aulas que a nossa instituiccedilatildeo jaacute possuiacutea um grande acesso a m ateriais que poder iam s er u tilizados e m nossa pr aacutetica e que noacute s desconheciacuteamos

bull Trabalhando c om v aacuterios grupos pudemos perceber e r espeitar d iferentes habilidades e limites de cada aluno

2 Pontos negativos

bull Apesar de a escola ser grande os espaccedilos onde as aulas foram desenvolvidas natildeo satildeo adequados Exemplo a quadra natildeo eacute coberta portanto exposta agraves maacutes condiccedilotildees climaacuteticas o paacutet io que eacute coberto estaacute disponiacutevel em poucas horas do dia por ter um tracircnsito fluente de alunos ou natildeo diariamente

bull O envolvimento da equipe natildeo foi total

bull Os m ateriais u tilizados nas aulas natildeo es tavam organizados p rejudicando assim o desenvolvimento das aulas

bull Por a tendermos m uitos g rupos alguns horaacuterios f oram p rejudicados em v irtude de serem proacuteximos aos horaacuterios de entrada recreio e outras atividades da escola

()

minus Consideraccedilotildees finais

Foi de extrema importacircncia termos esses planos de aula em matildeo pois a partir deles pudemos exercitar a nossa criatividade fazendo algumas modificaccedilotildees adaptando-os agraves reais necessidades de cada grupo

Pudemos perceber pela troca de experiecircncias entre os profissionais envolvidos que a discussatildeo e es tabelecimento de regras p reacutevias f acilitou o des envolvimento do trabalho bem como a aceitaccedilatildeo e envolvimento dos alunos

()

Houve ta mbeacutem r elatos de mudanccedilas de c omportamento por parte de m uitos professores em relaccedilatildeo ao pr oacuteprio corpo na aceitaccedilatildeo de s eus limites e valorizaccedilatildeo de suas proacuteprias habilidades

Sugestotildees ndash

()

bull Que a e scola reorganize os materiais que seratildeo utilizados no desenvolvimento das aulas s endo ac omodados e m l ocal adequado e de f aacutecil a cesso ao s p rofessoresrdquo (LIMEIRA 2003b p1-4 ndash o grifo eacute nosso)

Acreditamos q ue o t rabalho pr incipal c onsistiu e m l evar e stas p rofessoras a

acreditarem q ue poder iam f azer o q ue hav ia s ido pr oposto i r a leacutem dos limites c onhecidos

acreditar que poderiam fazer ldquoalgo a maisrdquo do que jaacute faziam superar a ineacutercia que ronda toda e

qualquer profissatildeo com o passar dos anos enfim que as mesmas tinham capacidade mas que

seria fundamental que primeiro saiacutessem de suas couraccedilas enfrentassem o desafio do ldquo novordquo

em relaccedilatildeo aos conteuacutedos de Educaccedilatildeo Fiacutesica e r efletissem sobre o exerciacutecio da doc ecircncia na

sala de aul a buscando s uperar o m ito da al egoria da c averna F oi o q ue ac onteceu na s

entrelinhas do relato apresentado quando se colocou que esses ldquoplanos de aula nos levaram a

refletir sobre no ssa pr aacutetica reavaliando-as e t ornando-as m ais e speciacuteficasrdquo q ue ldquo noacutes

professores nos deparamos co m a s nossas p roacuteprias d ificuldades e m re laccedilatildeo agrave s habilidades

55

necessaacuterias para des envolvecirc-las obrigando-nos a s uperaacute-lasrdquo q ue o s ldquo planos de aul a no s

fizeram perceber que mesmo sem o conhecimento especiacutefico dessa aacuterea jaacute desenvolviacuteamos

algumas a tividades c ontemplando e sses c onteuacutedosrdquo E m re sumo houve ldquomudanccedilas de

comportamento por parte de m uitos professores em relaccedilatildeo ao proacuteprio corpo na aceitaccedilatildeo de

seus limites e valorizaccedilatildeo de s uas proacuteprias habilidadesrdquo e ldquomaior envolvimento e participaccedilatildeo

dos a lunosrdquo ndash em v irtude de q ue as p rofessoras ldquo trabalhando com vaacuterios g rupos pudemos

perceber e respeitar diferentes habilidades e limites de cada alunordquo

3 Relatoacuterio do I Seminaacuterio de Desenvolvimento M otor ldquoO COMPORTAMENTO MOTOR NA EDUCACcedilAtildeO BAacuteSICArdquo

No s egundo s emestre e m outubro f oi desenvolvido o ldquo I S eminaacuterio de

Desenvolvimento M otor o C omportamento M otor na E ducaccedilatildeo B aacutesicardquo p romovido pel a

UNESPRio Claro N uacutecleo de E nsino ndash Campus Rio Claro D epartamento de E ducaccedilatildeo

LABORDAM ndash Departamento de E ducaccedilatildeo Fiacutesica e E MEIEF Profa Maria Apparecida de

Luca Moore de LimeiraSP

O objetivo do seminaacuterio foi reunir professores e estudantes da aacuterea da Educaccedilatildeo

Baacutesica e da E ducaccedilatildeo F iacutesica t endo c omo f oco de di scussatildeo o des envolvimento m otor o

processo de alfabetizaccedilatildeo e a profissionalidade docente

O seminaacuterio ocorreu no A nfiteatro da B iblioteca da UNESP com a par ticipaccedilatildeo

de 75 pe ssoas entre pr ofessores e es tudantes q ue ac ompanharam u ma pr ogramaccedilatildeo q ue

durou o di a i nteiro abrangendo entrega do m aterial do s eminaacuterio s essatildeo de aber tura

apresentaccedilatildeo dos participantes conferecircncia (Prof Dr Osvaldo L Ferraz - USP) mesa-redonda

ndash ldquoO desenvolvimento motor no processo de alfabetizaccedilatildeordquo (Profa Adriana Ijano Motta e Profa

Vera L A Pinheiro - EMEIEF MALM Profa Dra Ana Maria Pellegrini UNESPDEF-RC Profa

Dra Maria Ceciacutelia de O Micotti UNESPDE-RC Prof Dr Francisco Rosa Neto ndash UESC e Prof

Dr Osvaldo Luis Ferraz - USP) almoccedilo debate sobre ldquo O desenvolvimento motor no processo

de alfabetizaccedilatildeordquo intervalo para cafeacute relato de experiecircncias e sessatildeo de encerramento Cabe

ressaltar que na v eacutespera do s eminaacuterio houve tambeacutem uma of icina com o Prof Dr Francisco

Rosa N eto ndash UESC s obre av aliaccedilatildeo m otora par a pr ofessores e stagiaacuterios e c olaboradores

ligados ao Projeto de Limeira

Ao t eacutermino da pr ogramaccedilatildeo f oram entregues o s ce rtificados e r ecolhidos o s

questionaacuterios de avaliaccedilatildeo entregues com o material do seminaacuterio no periacuteodo da manhatilde tendo

entre os participantes as 25 professoras da escola envolvidas no projeto Este se constitui num

momento oportuno de integraccedilatildeo na relaccedilatildeo universidade-comunidade promoccedilatildeo humana e de

resgate da auto-estima de um grupo de professoras que se sentiram valorizadas e respeitadas

56

4 Participaccedilatildeo no C ongresso d e E ducaccedilatildeo ndash EDUCACcedilAtildeO Agrave F RATERNIDADE U M CAMINHO P OSSIacuteVELrdquo p romovido pe lo M ovimento H umanidade nos d ias 20 e 21 d e setembro de 2003 em Vargem Grande Paulista-SP

Na participaccedilatildeo a es te evento que teve como tema central a proposta da Profa

Dra Chiara Lubich (2001) as reflexotildees realizadas aparecem no relatoacuterio que seraacute apresentado

a seguir em que novamente se encontram os valores da profissionalidade docente e parte dos

valores de um curriacuteculo oculto eou do proacuteprio projeto pedagoacutegico presente na descriccedilatildeo

ldquo- O primeiro ponto importante a ser descrito retrata a recepccedilatildeo Havia uma recepccedilatildeo por parte dos organizadores que em muito diferia das recepccedilotildees de capacitaccedilotildees que jaacute par ticipamos O s encarregados da recepccedilatildeo a f izeram de t al f orma que no s sentimos muito bem vindas

- Outro as pecto i mportante f oi o formato o t empo do C ongresso O s encontros e relatos e ram i ntercalados por periacuteodos l ongos de i ntervalo Essa es trutura no s possibilitou uma r eflexatildeo m ais p rofunda c alma e detalhada s obre aqu ilo que estaacutevamos ouvindo vivendo O proacuteprio local incitava paz tranquumlilidade

Em relaccedilatildeo agraves ideacuteias d iscutidas acerca do pens amento da pedagoga i taliana Chiara Lubich a fraternidade o amor a importacircncia dos aspectos afetivos e mesmo espiritual na r elaccedilatildeo ens ino-aprendizagem P udemos observar algumas se melhanccedilas com o trabalho que jaacute realizamos em nossa Unidade Escolar

- O tratamento ecumecircnico das questotildees espirituais

- Jaacute t emos uma pr aacutetica de bu sca i ncessante e m c ativar e env olver o s a lunos para trazecirc-los mais proacuteximos da escola e tambeacutem de nosso Projeto Quem ama cuida

- A t entativa de par ticipar da construccedilatildeo do c onhecimento da s cr ianccedilas de m aneira afetuosa e prazerosa

- Desenvolvemos u m c onjunto de accedilotildees que v isam desenvolver a aut o-estima do s alunos

- Nossa insistecircncia de levar os alunos a refletirem sobre ser cidadatildeos solidaacuterios

- A reflexatildeo sobre a U nidade a busca constante de identificar quais aspectos da vida escolar nos aproxima como profissionais e como pessoas

- Como profissionais avaliamos que o C ongresso como um todo tinha uma forma e uma di scussatildeo s obre o am or m uito nov a par a noacutes Im portante per ceber que haacute intelectuais p reocupados e m sistematizar e xperiecircncias e c onhecimento num a aacuter ea onde t radicionalmente s e t em mu ito pr econceito o am or a af etividade T ambeacutem pudemos perceber quais aspectos precisariacuteamos repensar em nossa praacutetica e mesmo em nossa vida

Outros pontos que julgamos importantes e diferentes das capacitaccedilotildees que em geral participamos

- Palestrantes que di scutiam s eu c onhecimento e s uas i deacuteias partindo daqu ilo que realmente somos das nossas limitaccedilotildees como humanos e profissionais

- A possibilidade de perceber que muitas pessoas estatildeo preocupadas em buscar uma compreensatildeo maior do mundo e da s relaccedilotildees que estabelecemos com ele e c om as pessoasrdquo [LIMEIRA 2003c p1-2 ndash o grifo eacute nosso]

O q ue s e pode obs ervar na q uestatildeo da f ormaccedilatildeo pr ofissional docente

continuada o pr ofessor p recisa de t empo par a r efletir e natildeo daacute par a di ssociar o ex erciacutecio

profissional de s ua v ida pr ivada e mbora es te natildeo s eja o obj etivo m as eacute f undamental u m

57

trabalho que envolva esta totalidade Neste contexto registra-se por parte destas professoras e

da escola a preocupaccedilatildeo com as crianccedilas (obrigaccedilatildeo moral) o envolvimento das professoras

com a e scola e co m a c omunidade ( compromisso c om a c omunidade) e o f ato de s erem

educadoras

No g eral o q ue s e obs ervou e m re laccedilatildeo agraves p rofessoras dessa escola no q ue

tange a profissionalidade docente ndash quer seja pela convivecircncia das reuniotildees pedagoacutegicas quer

seja por ocasiatildeo da reuniatildeo cientiacutefica ou congresso quer seja durante o t rabalho desenvolvido

na escola ou mesmo pelos relatos apresentados ndash que estas professoras estatildeo preocupadas

com os escolares tambeacutem possuem uma determinada cumplicidade com a escola e com a sua

direccedilatildeo E sta r elaccedilatildeo f ica c lara na e scola p rincipalmente ent re a s docentes q ue natildeo s atildeo

passageiras na i nstituiccedilatildeo de u m ano par a o out ro H aacute t ambeacutem o c ompromisso ent re a s

docentes em particular por parte da direccedilatildeo com a proacutepria capacitaccedilatildeo do coletivo E ainda na

resoluccedilatildeo dos problemas que afligem a populaccedilatildeo frequumlentadora da escola no que diz respeito

a violecircncia domeacutestica excesso de agressividade entre os alunos orientaccedilatildeo e conscientizaccedilatildeo

dos pais entre out ros P ode-se di zer q ue haacute c ultivo v irtuoso de um a m oral dos ldquo bons

costumesrdquo do exerciacutecio da cidadania na dimensatildeo de ldquofaccedila aos outros aquilo que vocecirc gostaria

que fizesse a vocecircrsquo e ldquonatildeo faccedila aos outros aquilo que vocecirc gostaria que natildeo fizesse com vocecircrdquo

constituindo-se num grande preluacutedio de uma educaccedilatildeo para a paz

CONCLUSAtildeO E M B USCA D A PR OFISSIONALIDADE D OCENTE O U CO MO ldquo CULTIVARldquo JEQUITIBAacuteS NO LUGAR DE EUCALIPTOS

ldquoNatildeo s ei c omo pr eparar o educ ador T alvez i sto natildeo s eja ne m necessaacuterio nem possiacutevel Eacute necessaacuterio ac ordaacute-lo E a iacute aprenderemos que educ adores natildeo s e extinguiram c omo t ropeiros e c aixeiros P orque ta lvez nem t ropeiros e c aixeiros tenham desaparecidos m as permaneccedilam como m emoacuterias de um passado que es taacute mais proacuteximo do no sso futuro que ont em Basta que o c hamemos do seu sono por um ato de amor e coragem E talvez acordados repetiratildeo o milagre da instauraccedilatildeo de novos mundosrdquo (ALVES 1984 p 26)

A reflexatildeo ora apresentada buscou evidenciar os paradigmas que tecircm norteado

a at uaccedilatildeo doc ente c olocando e m q uestatildeo o s s aberes q ue datildeo l egitimidade agrave pr aacutetica

pedagoacutegica Vive-se u m mo mento de m udanccedilas e a f ormaccedilatildeo de pr ofessores natildeo pa ssa

desapercebida havendo um a g rande pr eocupaccedilatildeo e m delimitar me lhor o per fil desse

profissional

Natildeo se pode i gnorar a ldquo cavernardquo que acabou se tornando a no ssa sala de aul a

em virtude das sombras que foram projetadas sobre ela decorrentes da onda de v iolecircncia de

todos o s t ipos q ue s e abat eu s obre a s ociedade e do m odelo de e scola-fabril q ue natildeo s e

justifica mais

58

No v eacutertice de ssa di scussatildeo es taacute a e scola m as co mo c entro de f ormaccedilatildeo

humana e xigindo um a nov a c onfiguraccedilatildeo de r elaccedilotildees so ciais i nterpessoais m as t ambeacutem

curricular e pedagoacutegica Propotildee-se que no centro deste novo processo estejam o professor e o

aluno m as q ue t ambeacutem f accedilam parte da r ealidade e scolar a c omunidade l ocal e a s f orccedilas

produtivas da s ociedade O p rojeto pol iacutetico pedag oacutegico a s er e laborado bem c omo o s

diferentes projetos temaacuteticos prescinde deste conjunto orgacircnico

A escola e as demais instituiccedilotildees natildeo podem mais ser vistas apenas como uma

linha de m ontagem do hom em do s istema Embora possa haver a r eproduccedilatildeo haacute t ambeacutem a

contra-reproduccedilatildeo cada vez que superamos a nossa ineacutercia e mudamos o contexto de nossas

aulas dos relacionamentos enfim por causa daquilo que a escola eacute e natildeo do que tem sido

A f ormaccedilatildeo i nicial e c ontinuada s atildeo dua s r ealidades d istintas e ao m esmo

tempo inseparaacuteveis Pensar a formaccedilatildeo do professor significa ter bem claro que tipo de homem

queremos f ormar q ue t ipo de m undo q ueremos habitar q ue t ipo de s ociedade q ueremos

construir Esta exige uma reflexatildeo constante daquilo que fazemos de nossa histoacuteria de nossas

contradiccedilotildees de no ssas descobertas e p rincipalmente de no ssa s ocializaccedilatildeo enq uanto

professores (educadores)

Somos u ma ldquo profissatildeordquo e m c onstruccedilatildeo e o s nossos cu rriacuteculos e spelham e sta

realidade ao apr esentarem um conjunto de c onhecimentos disciplinares fragmentados Natildeo se

justifica m ais t rabalhar por c ompartimentos pois necessitamos t rabalhar e m r ede e m e ixos

temaacuteticos que visem a perspectiva da unidade na diversidade dos conhecimentos

Neste contexto se poder ia perguntar a inda quem eacute o pr ofessor na ordem das

coisas Para noacutes eacute um ldquoeducador profissionalrdquo que passa por um sistema de formaccedilatildeo formal e

que continua nesse processo ao longo de sua vida Poreacutem imbuiacutedo de uma perspectiva utoacutepica

natildeo deixa que ldquoo mito da cavernardquo o asfixie pois compartilha o seu sonho com outras pessoas

transformando-o e m r ealidade E sta eacute a pr oposta da ESCOLA D E L IMEIRA buscando na s

etapas da profissionalidade docente e num trabalho coletivo e de par ceria natildeo se tornar uma

faacutebrica de eucaliptos mas uma plantaccedilatildeo de jequitibaacutes

Agradecimentos ao corpo docente e discente da EMEIEF ldquoProfa Maria Apparecida de Luca Moorerdquo pela participaccedilatildeo

59

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ALVES R Conversas com quem gosta de ens inar 10 ed Satildeo Paulo Cortez EditoraAutores Associados 1984

CAMBI F Histoacuteria da pedagogia Satildeo Paulo Editora UNESP 1999 701p

CONTRERAS J A autonomia de professores Satildeo Paulo Cortez 2002

FERNANDES R Of iacutecio de pr ofessor o f im e o c omeccedilo do s paradigmas In C ONGRESSO LUSO-BRASILEIRO DE HISTOacuteRIA DA EDUCACcedilAtildeO Praacuteticas Educativas Culturas Escolares e Profissatildeo Docente 2 1998 Satildeo Paulo Anais p 1-20

GADOTTI M Histoacuteria das ideacuteias pedagoacutegicas 3ordf ed Satildeo Paulo Aacutetica 1995

LIMEIRA ( EMEIEF P rofa M aria A pparecida de Luc a M oore) R elatoacuterio da pr ofessoras das primeiras seacuteries (manuscrito) Limeira UNESPRC - Projeto Nuacutecleo de Ensino 2003a 1p

LIMEIRA ( EMEIEF P rofa M aria A pparecida de Luc a M oore) R elatoacuterio da pr ofessoras das terceiras e quartas seacuteries (manuscrito) Limeira UNESPRC - Projeto Nuacutecleo de Ensino 2003b 4p

LIMEIRA ( EMEIEF P rofa M aria A pparecida de Luc a M oore) R elatoacuterio de P articipaccedilatildeo no Congresso de Educaccedilatildeo ndash EDUCACcedilAtildeO A F RATERNIDADE U M C AMINHO P OSSIacuteVEL (manuscrito) Limeira UNESPRC - Projeto Nuacutecleo de Ensino 2003c 2p

LIMEIRA ( EMEIEF P rofa M aria A pparecida de Luc a M oore) P rojeto P oliacutetico P edagoacutegico (manuscrito) Limeira EMEIEF Profordf M aria Apparecida de Luca Moore 2002 132p

LUBICH C Aula magna para o doutorado honoris causa em Pedagogia Universidade Catoacutelica de Washington EUA 2001

MACHADO L M M ercado g lobal a es finge do pr esente In S ILVA J r C A ( Org) O profissional formado por seu curso estaacute preparado para as exigecircncias da nova ordem mundial Satildeo Paulo Pro-Reitoria de Graduaccedilatildeo da UNESP 1996 p 91-106 (VI Circuito PROGRAD)

PELLEGRINI A M S OUZA N ETO S BENITES L C VEIGA M e M OTTA A I O Comportamento Motor no processo de e scolarizaccedilatildeo buscando soluccedilotildees no contexto escolar para a al fabetizaccedilatildeo In Wilson Galego e Aacutelvaro Guedes Cadernos do Nuacutecleo de Ensino Satildeo Paulo SP UNESP ndash PROGRAD 2003 p271-284

PIMENTA S G F ormaccedilatildeo de pr ofessores ndash saberes da docecircncia e i dentidade do pr ofessor Nuances Presidente Prudente vol III setembro pp 5-13 1997

ROSSETO R Etimologias e saberes Espaccedilo Pedagoacutegico v 9 n 2 p86-89 dez2002

SAVIANE D Os saberes implicados na formaccedilatildeo do educador IV Congresso Estadual Paulista sobre formaccedilatildeo de Educadores Aacuteguas de Satildeo Pedro SP UNESP 1996

SCHOumlN D A Formar p rofessores co mo pr ofissionais r eflexivos In N OacuteVOA A ( Org) Os professores e a sua formaccedilatildeo Lisboa Don Quixote 1992 pp 77-92

SOUZA N ETO S A f ormaccedilatildeo i nicial e c ontinuada o s s aberes docentes In C ongresso de Educaccedilatildeo E ducaccedilatildeo a f raternidade u m c aminho po ssiacutevel C entro Mariaacutepolis Ginetta promovido pel o M ovimento H umanidade N ova de 20 a 21 de s etembro de 2003 V argem Grande Paulista Movimento Humanidade Nova 2003 12p

TARDIF M Saberes docentes e formaccedilatildeo profissional Petroacutepolis RJ Vozes 2002

60

Page 8: Boletim ef.org a-profissionalidade-docente-em-questao

mundo medieval a profissatildeo religiosardquo (p 88) Daiacute a expressatildeo comum que foi utilizada durante

muito t empo po r pessoas puacuteblicas c omo o s poliacuteticos m as no s entido pej orativo de q ue o

ldquomagisteacuterio eacute um sacerdoacuteciordquo ou seja uma profissatildeo de feacute de abnegaccedilatildeo de altruiacutesmo Poreacutem

o pr oacuteprio aut or nos pergunta t ambeacutem s e natildeo s eria m ais a dequado des ignar c omo pr ofessor

aquele que constroacutei uma visatildeo proacutepria de mundo e diz sua palavra sobre o mundo

Neste contexto haacute muito tempo atraacutes Rubens Alves (1984) jaacute havia assinalado

que o ldquo educadorrdquo pelo m enos no i deal de s ua i maginaccedilatildeo habita um m undo e m q ue a

interioridade faz uma diferenccedila em virtude das pessoas se definirem por suas visotildees paixotildees

esperanccedilas e horizontes utoacutepicos

Assim embora este paradigma tenha ganhado a sua ecircnfase na segunda metade

do seacuteculo XX [Escola Nova Humanismo Cristatildeo Poliacuteticas Puacuteblicas (LDB 402461) Psicologia

Humanista Filosofia Claacutessica Moderna etc] cabe assinalar que o mesmo teve a sua tradiccedilatildeo no

mundo ant igo g anhando a s ua em ancipaccedilatildeo c om o m undo m edieval e na at ualidade f oi

retomado de f orma mais a mpla c omo c riacutetica ao pr ocesso de formaccedilatildeo pr ofissional e de

atuaccedilatildeo docente

Tendo como referecircncia este contexto procuramos trabalhar com os professores

envolvidos com o projeto ldquoO Comportamento Motor no Processo de Escolarizaccedilatildeo de Crianccedilas

no Ensino de E ducaccedilatildeo I nfantil e no E nsino Fundamentalrdquo considerando a realidade escolar

(projeto pedagoacutegico e reuniotildees pedagoacutegicas) mas tambeacutem o ser professor

A E MEIF ldquoPROFESSORA M ARIA A PPARECIDA D E L UCA M OORErdquo U M ESTUDO D E CASO ndash O TRABALHO DE CAMPO E SEUS RESULTADOS

Como f oi c olocado ant eriormente o objetivo des te es tudo es teve v inculado ao

trabalho com as professoras ldquoa profissionalidade docenterdquo [e auxiliaacute-las na (re)descoberta do

corpo priorizando o desenvolvimento motor] Poreacutem cabe registrar que para a coleta e anaacutelise

destes dados utilizamos uma abordagem qualitativa do t ipo estudo de caso com as teacutecnicas

documental r elatoacuterio da s p rofessoras s obre o t rabalho q ue f oi desenvolvido r elatoacuterio de u m

seminaacuterio c ientiacutefico e par ticipaccedilatildeo de um a parte das p rofessoras ( oito) num C ongresso de

Educaccedilatildeo O nuacutemero total de professoras envolvidas foi 25

52

Com relaccedilatildeo aos resultados obtidos cabe destacar

1 Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico da EMEIEF ldquoMaria Apparecida de Luca Moorerdquo

Nesta e scola a proposta pedag oacutegica or ganiza-se po r e ixos t emaacuteticos ( por

bimestre) colocando no centro deste processo a questatildeo do amor (em virtude de problemas de

violecircncia f iacutesica m aterial e s imboacutelica) s em apresentar a s istematizaccedilatildeo de um a c oncepccedilatildeo

pedagoacutegica T rata-se m uito m ais de u m slogan prepositivo o rganizado na f orma de q uatro

eixos temaacuteticos (apresentando estreita relaccedilatildeo com os PCNs)

- Quem ama conheci a si mesmo e exerce a cidadania

- Quem ama respeito o seu espaccedilo

- Quem ama valoriza o meio ambiente e a cultura

- Quem ama sonha e realiza

No geral embora estes eixos sejam interessantiacutessimos visando a transformaccedilatildeo

os m esmos natildeo m ereceram u ma at enccedilatildeo m aior c om re laccedilatildeo ao s eu pape l ldquo ocultordquo de

articulador do c urriacuteculo no P rojeto P oliacutetico P edagoacutegico (2002) e m v irtude de t erem s ido

construiacutedos num momento posterior a esse processo de el aboraccedilatildeo da pr oposta pedagoacutegica

Portanto c abe r essaltar q ue o pl anejamento c urricular e o pl anejamento de ens ino g ravitam

nesta oacuterbita devendo todo e q ualquer t rabalho desenvolvido na r eferida instituiccedilatildeo considerar

esta premissa

Com relaccedilatildeo ao Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico este apresenta uma proposta soacutecio-

poliacutetica visando situar a pessoa num processo de transformaccedilatildeo pessoal e coletiva no exerciacutecio

da cidadania tendo em vista sempre um processo construtivo e participativo da realidade que o

cerca

No q ue s e r efere agrave E ducaccedilatildeo F iacutesica es ta f icou v inculada agrave s a tividades de

movimento na educaccedilatildeo i nfantil t endo c omo m eta ldquo atraveacutes do m ovimento p ropiciar q ue a

crianccedila expresse emoccedilotildees e pensamentos ampliando as possibilidades do uso significativo de

gestos e pos turas co rporaisrdquo (L IMEIRA 2002 p 38) Neste contexto a pr oposta apr esentou

como habilidades e conteuacutedos a serem explorados conhecimento e controle corporal imagem

corporal expressatildeo corporal gestos e r itmos corporais miacutemicas dramatizaccedilatildeo e musicas de

rotina pantomimas j ogos e br inquedos g incanas j ogos co m re gras b rincadeiras de r oda

capacidades fiacutesicas (ou qualidades fiacutesicas) enfim vivenciar o movimento corporal Em relaccedilatildeo

agraves primeiras seacuter ies do e nsino f undamental a E ducaccedilatildeo F iacutesica s ugere ldquo proporcionar aos

alunos condiccedilotildees para a c onstruccedilatildeo de u m repertoacuterio de at ividades em que ela possa usar e

ampliar o s m ovimentos co rporais t anto e m s ituaccedilatildeo de expressatildeo q uanto e m a tividades

53

esportivasrdquo (p 38) A ecircnfase desta compreensatildeo iraacute propor atividades e conteuacutedo quais sejam

o conhecimento sobre o corpo movimentos corporais livres e dirigidos lateralidade jogos com

regras l ateralidade e sportes l utas g inaacutestica a tividades r iacutetmicas e ex pressivas e quiliacutebrio

coordenaccedilatildeo viso-motora

Poreacutem cabe ressaltar que embora haja este planejamento o corpo docente tem

consciecircncia de que natildeo sabe como empreender a atividade fiacutesica na escola pois reconhece as

deficiecircncias em sua formaccedilatildeo profissional e natildeo tem ideacuteia de como solucionaacute-la (PELLEGRINI

et al 2003)

2 Relatoacuterios d as p rofessoras E MEIEF ldquoMaria A pparecida d e Luca M oorerdquo sobre o trabalho desenvolvido

No trabalho de intervenccedilatildeo realizado foi diagnosticado pelas docentes que

ldquoOs p lanos e laborados pela UNESP embora natildeo t enham s ido s eguidos agrave r isca auxiliaram bastante as professores fornecendo ideacuteias muito interessante e di ferentes no trabalho com a educaccedilatildeo motora11

Os alunos demonstraram muito interesse em participar das atividades e muitas vezes pediam que as brincadeiras mais interessantes fossem repetidas como por exemplo o alongamento dos bichos As a tividades p ropostas necessitaram de adapt accedilatildeo no dec orrer do ano l etivo principalmente em r elaccedilatildeo ao tempo de dur accedilatildeo da s mesmas (muitas a tividades inclusive necessitaram ser trabalhadas por mais de uma aula) pois a classe atendida no primeiro ano de e scolaridade possuiacutea bas tante di ficuldade de ent endimento de regras e i nstruccedilotildees (comandos e t arefas f orma a s a tividades m ais d ifiacuteceis principalmente nos grupos com maiores dificuldades)rdquo Podemos observar que algumas crianccedilas melhoraram no desenvolvimento motor e na atenccedilatildeo e percepccedilatildeordquo (LIMEIRA 2003a p1-2 ndash o grifo eacute nosso)

Em outro relatoacuterio a s p rofessoras das t erceiras e q uartas seacute ries apresentaram

uma apreciaccedilatildeo dos pontos positivos e negativos deste trabalho apontando tambeacutem subjacente

a este processo as reflexotildees que faziam no exerciacutecio da docecircncia

ldquominus Aspectos que influenciaram o desenvolvimento das aulas

1 Pontos positivos

bull Elaboraccedilatildeo dos planos de aula pela equipe da UNESP conteuacutedo objetivo material e des envolvimento de c ada at ividade f iacutesica s uprimindo um a nec essidade do s professores (por falta de formaccedilatildeo especiacutefica nessa aacuterea)

bull Os planos de aula nos fizeram perceber que mesmo sem o conhecimento especiacutefico dessa aacuterea jaacute desenvolviacuteamos algumas atividades contemplando esses conteuacutedos

bull Esses p lanos de aul a no s l evaram a r efletir s obre no ssa pr aacutetica r eavaliando-as e tornando-as mais especiacuteficas e natildeo mais tatildeo recreativas somente

bull Durante o desenvolvimento da s aulas noacutes p rofessores nos deparamos co m a s nossas proacuteprias dificuldades em relaccedilatildeo agraves habilidades necessaacuterias para desenvolvecirc-las obrigando-nos a superaacute-las

11 - O grifo eacute nosso

54

bull Maior envolvimento e participaccedilatildeo dos alunos

bull Foi descoberto atraveacutes dessas aulas que a nossa instituiccedilatildeo jaacute possuiacutea um grande acesso a m ateriais que poder iam s er u tilizados e m nossa pr aacutetica e que noacute s desconheciacuteamos

bull Trabalhando c om v aacuterios grupos pudemos perceber e r espeitar d iferentes habilidades e limites de cada aluno

2 Pontos negativos

bull Apesar de a escola ser grande os espaccedilos onde as aulas foram desenvolvidas natildeo satildeo adequados Exemplo a quadra natildeo eacute coberta portanto exposta agraves maacutes condiccedilotildees climaacuteticas o paacutet io que eacute coberto estaacute disponiacutevel em poucas horas do dia por ter um tracircnsito fluente de alunos ou natildeo diariamente

bull O envolvimento da equipe natildeo foi total

bull Os m ateriais u tilizados nas aulas natildeo es tavam organizados p rejudicando assim o desenvolvimento das aulas

bull Por a tendermos m uitos g rupos alguns horaacuterios f oram p rejudicados em v irtude de serem proacuteximos aos horaacuterios de entrada recreio e outras atividades da escola

()

minus Consideraccedilotildees finais

Foi de extrema importacircncia termos esses planos de aula em matildeo pois a partir deles pudemos exercitar a nossa criatividade fazendo algumas modificaccedilotildees adaptando-os agraves reais necessidades de cada grupo

Pudemos perceber pela troca de experiecircncias entre os profissionais envolvidos que a discussatildeo e es tabelecimento de regras p reacutevias f acilitou o des envolvimento do trabalho bem como a aceitaccedilatildeo e envolvimento dos alunos

()

Houve ta mbeacutem r elatos de mudanccedilas de c omportamento por parte de m uitos professores em relaccedilatildeo ao pr oacuteprio corpo na aceitaccedilatildeo de s eus limites e valorizaccedilatildeo de suas proacuteprias habilidades

Sugestotildees ndash

()

bull Que a e scola reorganize os materiais que seratildeo utilizados no desenvolvimento das aulas s endo ac omodados e m l ocal adequado e de f aacutecil a cesso ao s p rofessoresrdquo (LIMEIRA 2003b p1-4 ndash o grifo eacute nosso)

Acreditamos q ue o t rabalho pr incipal c onsistiu e m l evar e stas p rofessoras a

acreditarem q ue poder iam f azer o q ue hav ia s ido pr oposto i r a leacutem dos limites c onhecidos

acreditar que poderiam fazer ldquoalgo a maisrdquo do que jaacute faziam superar a ineacutercia que ronda toda e

qualquer profissatildeo com o passar dos anos enfim que as mesmas tinham capacidade mas que

seria fundamental que primeiro saiacutessem de suas couraccedilas enfrentassem o desafio do ldquo novordquo

em relaccedilatildeo aos conteuacutedos de Educaccedilatildeo Fiacutesica e r efletissem sobre o exerciacutecio da doc ecircncia na

sala de aul a buscando s uperar o m ito da al egoria da c averna F oi o q ue ac onteceu na s

entrelinhas do relato apresentado quando se colocou que esses ldquoplanos de aula nos levaram a

refletir sobre no ssa pr aacutetica reavaliando-as e t ornando-as m ais e speciacuteficasrdquo q ue ldquo noacutes

professores nos deparamos co m a s nossas p roacuteprias d ificuldades e m re laccedilatildeo agrave s habilidades

55

necessaacuterias para des envolvecirc-las obrigando-nos a s uperaacute-lasrdquo q ue o s ldquo planos de aul a no s

fizeram perceber que mesmo sem o conhecimento especiacutefico dessa aacuterea jaacute desenvolviacuteamos

algumas a tividades c ontemplando e sses c onteuacutedosrdquo E m re sumo houve ldquomudanccedilas de

comportamento por parte de m uitos professores em relaccedilatildeo ao proacuteprio corpo na aceitaccedilatildeo de

seus limites e valorizaccedilatildeo de s uas proacuteprias habilidadesrdquo e ldquomaior envolvimento e participaccedilatildeo

dos a lunosrdquo ndash em v irtude de q ue as p rofessoras ldquo trabalhando com vaacuterios g rupos pudemos

perceber e respeitar diferentes habilidades e limites de cada alunordquo

3 Relatoacuterio do I Seminaacuterio de Desenvolvimento M otor ldquoO COMPORTAMENTO MOTOR NA EDUCACcedilAtildeO BAacuteSICArdquo

No s egundo s emestre e m outubro f oi desenvolvido o ldquo I S eminaacuterio de

Desenvolvimento M otor o C omportamento M otor na E ducaccedilatildeo B aacutesicardquo p romovido pel a

UNESPRio Claro N uacutecleo de E nsino ndash Campus Rio Claro D epartamento de E ducaccedilatildeo

LABORDAM ndash Departamento de E ducaccedilatildeo Fiacutesica e E MEIEF Profa Maria Apparecida de

Luca Moore de LimeiraSP

O objetivo do seminaacuterio foi reunir professores e estudantes da aacuterea da Educaccedilatildeo

Baacutesica e da E ducaccedilatildeo F iacutesica t endo c omo f oco de di scussatildeo o des envolvimento m otor o

processo de alfabetizaccedilatildeo e a profissionalidade docente

O seminaacuterio ocorreu no A nfiteatro da B iblioteca da UNESP com a par ticipaccedilatildeo

de 75 pe ssoas entre pr ofessores e es tudantes q ue ac ompanharam u ma pr ogramaccedilatildeo q ue

durou o di a i nteiro abrangendo entrega do m aterial do s eminaacuterio s essatildeo de aber tura

apresentaccedilatildeo dos participantes conferecircncia (Prof Dr Osvaldo L Ferraz - USP) mesa-redonda

ndash ldquoO desenvolvimento motor no processo de alfabetizaccedilatildeordquo (Profa Adriana Ijano Motta e Profa

Vera L A Pinheiro - EMEIEF MALM Profa Dra Ana Maria Pellegrini UNESPDEF-RC Profa

Dra Maria Ceciacutelia de O Micotti UNESPDE-RC Prof Dr Francisco Rosa Neto ndash UESC e Prof

Dr Osvaldo Luis Ferraz - USP) almoccedilo debate sobre ldquo O desenvolvimento motor no processo

de alfabetizaccedilatildeordquo intervalo para cafeacute relato de experiecircncias e sessatildeo de encerramento Cabe

ressaltar que na v eacutespera do s eminaacuterio houve tambeacutem uma of icina com o Prof Dr Francisco

Rosa N eto ndash UESC s obre av aliaccedilatildeo m otora par a pr ofessores e stagiaacuterios e c olaboradores

ligados ao Projeto de Limeira

Ao t eacutermino da pr ogramaccedilatildeo f oram entregues o s ce rtificados e r ecolhidos o s

questionaacuterios de avaliaccedilatildeo entregues com o material do seminaacuterio no periacuteodo da manhatilde tendo

entre os participantes as 25 professoras da escola envolvidas no projeto Este se constitui num

momento oportuno de integraccedilatildeo na relaccedilatildeo universidade-comunidade promoccedilatildeo humana e de

resgate da auto-estima de um grupo de professoras que se sentiram valorizadas e respeitadas

56

4 Participaccedilatildeo no C ongresso d e E ducaccedilatildeo ndash EDUCACcedilAtildeO Agrave F RATERNIDADE U M CAMINHO P OSSIacuteVELrdquo p romovido pe lo M ovimento H umanidade nos d ias 20 e 21 d e setembro de 2003 em Vargem Grande Paulista-SP

Na participaccedilatildeo a es te evento que teve como tema central a proposta da Profa

Dra Chiara Lubich (2001) as reflexotildees realizadas aparecem no relatoacuterio que seraacute apresentado

a seguir em que novamente se encontram os valores da profissionalidade docente e parte dos

valores de um curriacuteculo oculto eou do proacuteprio projeto pedagoacutegico presente na descriccedilatildeo

ldquo- O primeiro ponto importante a ser descrito retrata a recepccedilatildeo Havia uma recepccedilatildeo por parte dos organizadores que em muito diferia das recepccedilotildees de capacitaccedilotildees que jaacute par ticipamos O s encarregados da recepccedilatildeo a f izeram de t al f orma que no s sentimos muito bem vindas

- Outro as pecto i mportante f oi o formato o t empo do C ongresso O s encontros e relatos e ram i ntercalados por periacuteodos l ongos de i ntervalo Essa es trutura no s possibilitou uma r eflexatildeo m ais p rofunda c alma e detalhada s obre aqu ilo que estaacutevamos ouvindo vivendo O proacuteprio local incitava paz tranquumlilidade

Em relaccedilatildeo agraves ideacuteias d iscutidas acerca do pens amento da pedagoga i taliana Chiara Lubich a fraternidade o amor a importacircncia dos aspectos afetivos e mesmo espiritual na r elaccedilatildeo ens ino-aprendizagem P udemos observar algumas se melhanccedilas com o trabalho que jaacute realizamos em nossa Unidade Escolar

- O tratamento ecumecircnico das questotildees espirituais

- Jaacute t emos uma pr aacutetica de bu sca i ncessante e m c ativar e env olver o s a lunos para trazecirc-los mais proacuteximos da escola e tambeacutem de nosso Projeto Quem ama cuida

- A t entativa de par ticipar da construccedilatildeo do c onhecimento da s cr ianccedilas de m aneira afetuosa e prazerosa

- Desenvolvemos u m c onjunto de accedilotildees que v isam desenvolver a aut o-estima do s alunos

- Nossa insistecircncia de levar os alunos a refletirem sobre ser cidadatildeos solidaacuterios

- A reflexatildeo sobre a U nidade a busca constante de identificar quais aspectos da vida escolar nos aproxima como profissionais e como pessoas

- Como profissionais avaliamos que o C ongresso como um todo tinha uma forma e uma di scussatildeo s obre o am or m uito nov a par a noacutes Im portante per ceber que haacute intelectuais p reocupados e m sistematizar e xperiecircncias e c onhecimento num a aacuter ea onde t radicionalmente s e t em mu ito pr econceito o am or a af etividade T ambeacutem pudemos perceber quais aspectos precisariacuteamos repensar em nossa praacutetica e mesmo em nossa vida

Outros pontos que julgamos importantes e diferentes das capacitaccedilotildees que em geral participamos

- Palestrantes que di scutiam s eu c onhecimento e s uas i deacuteias partindo daqu ilo que realmente somos das nossas limitaccedilotildees como humanos e profissionais

- A possibilidade de perceber que muitas pessoas estatildeo preocupadas em buscar uma compreensatildeo maior do mundo e da s relaccedilotildees que estabelecemos com ele e c om as pessoasrdquo [LIMEIRA 2003c p1-2 ndash o grifo eacute nosso]

O q ue s e pode obs ervar na q uestatildeo da f ormaccedilatildeo pr ofissional docente

continuada o pr ofessor p recisa de t empo par a r efletir e natildeo daacute par a di ssociar o ex erciacutecio

profissional de s ua v ida pr ivada e mbora es te natildeo s eja o obj etivo m as eacute f undamental u m

57

trabalho que envolva esta totalidade Neste contexto registra-se por parte destas professoras e

da escola a preocupaccedilatildeo com as crianccedilas (obrigaccedilatildeo moral) o envolvimento das professoras

com a e scola e co m a c omunidade ( compromisso c om a c omunidade) e o f ato de s erem

educadoras

No g eral o q ue s e obs ervou e m re laccedilatildeo agraves p rofessoras dessa escola no q ue

tange a profissionalidade docente ndash quer seja pela convivecircncia das reuniotildees pedagoacutegicas quer

seja por ocasiatildeo da reuniatildeo cientiacutefica ou congresso quer seja durante o t rabalho desenvolvido

na escola ou mesmo pelos relatos apresentados ndash que estas professoras estatildeo preocupadas

com os escolares tambeacutem possuem uma determinada cumplicidade com a escola e com a sua

direccedilatildeo E sta r elaccedilatildeo f ica c lara na e scola p rincipalmente ent re a s docentes q ue natildeo s atildeo

passageiras na i nstituiccedilatildeo de u m ano par a o out ro H aacute t ambeacutem o c ompromisso ent re a s

docentes em particular por parte da direccedilatildeo com a proacutepria capacitaccedilatildeo do coletivo E ainda na

resoluccedilatildeo dos problemas que afligem a populaccedilatildeo frequumlentadora da escola no que diz respeito

a violecircncia domeacutestica excesso de agressividade entre os alunos orientaccedilatildeo e conscientizaccedilatildeo

dos pais entre out ros P ode-se di zer q ue haacute c ultivo v irtuoso de um a m oral dos ldquo bons

costumesrdquo do exerciacutecio da cidadania na dimensatildeo de ldquofaccedila aos outros aquilo que vocecirc gostaria

que fizesse a vocecircrsquo e ldquonatildeo faccedila aos outros aquilo que vocecirc gostaria que natildeo fizesse com vocecircrdquo

constituindo-se num grande preluacutedio de uma educaccedilatildeo para a paz

CONCLUSAtildeO E M B USCA D A PR OFISSIONALIDADE D OCENTE O U CO MO ldquo CULTIVARldquo JEQUITIBAacuteS NO LUGAR DE EUCALIPTOS

ldquoNatildeo s ei c omo pr eparar o educ ador T alvez i sto natildeo s eja ne m necessaacuterio nem possiacutevel Eacute necessaacuterio ac ordaacute-lo E a iacute aprenderemos que educ adores natildeo s e extinguiram c omo t ropeiros e c aixeiros P orque ta lvez nem t ropeiros e c aixeiros tenham desaparecidos m as permaneccedilam como m emoacuterias de um passado que es taacute mais proacuteximo do no sso futuro que ont em Basta que o c hamemos do seu sono por um ato de amor e coragem E talvez acordados repetiratildeo o milagre da instauraccedilatildeo de novos mundosrdquo (ALVES 1984 p 26)

A reflexatildeo ora apresentada buscou evidenciar os paradigmas que tecircm norteado

a at uaccedilatildeo doc ente c olocando e m q uestatildeo o s s aberes q ue datildeo l egitimidade agrave pr aacutetica

pedagoacutegica Vive-se u m mo mento de m udanccedilas e a f ormaccedilatildeo de pr ofessores natildeo pa ssa

desapercebida havendo um a g rande pr eocupaccedilatildeo e m delimitar me lhor o per fil desse

profissional

Natildeo se pode i gnorar a ldquo cavernardquo que acabou se tornando a no ssa sala de aul a

em virtude das sombras que foram projetadas sobre ela decorrentes da onda de v iolecircncia de

todos o s t ipos q ue s e abat eu s obre a s ociedade e do m odelo de e scola-fabril q ue natildeo s e

justifica mais

58

No v eacutertice de ssa di scussatildeo es taacute a e scola m as co mo c entro de f ormaccedilatildeo

humana e xigindo um a nov a c onfiguraccedilatildeo de r elaccedilotildees so ciais i nterpessoais m as t ambeacutem

curricular e pedagoacutegica Propotildee-se que no centro deste novo processo estejam o professor e o

aluno m as q ue t ambeacutem f accedilam parte da r ealidade e scolar a c omunidade l ocal e a s f orccedilas

produtivas da s ociedade O p rojeto pol iacutetico pedag oacutegico a s er e laborado bem c omo o s

diferentes projetos temaacuteticos prescinde deste conjunto orgacircnico

A escola e as demais instituiccedilotildees natildeo podem mais ser vistas apenas como uma

linha de m ontagem do hom em do s istema Embora possa haver a r eproduccedilatildeo haacute t ambeacutem a

contra-reproduccedilatildeo cada vez que superamos a nossa ineacutercia e mudamos o contexto de nossas

aulas dos relacionamentos enfim por causa daquilo que a escola eacute e natildeo do que tem sido

A f ormaccedilatildeo i nicial e c ontinuada s atildeo dua s r ealidades d istintas e ao m esmo

tempo inseparaacuteveis Pensar a formaccedilatildeo do professor significa ter bem claro que tipo de homem

queremos f ormar q ue t ipo de m undo q ueremos habitar q ue t ipo de s ociedade q ueremos

construir Esta exige uma reflexatildeo constante daquilo que fazemos de nossa histoacuteria de nossas

contradiccedilotildees de no ssas descobertas e p rincipalmente de no ssa s ocializaccedilatildeo enq uanto

professores (educadores)

Somos u ma ldquo profissatildeordquo e m c onstruccedilatildeo e o s nossos cu rriacuteculos e spelham e sta

realidade ao apr esentarem um conjunto de c onhecimentos disciplinares fragmentados Natildeo se

justifica m ais t rabalhar por c ompartimentos pois necessitamos t rabalhar e m r ede e m e ixos

temaacuteticos que visem a perspectiva da unidade na diversidade dos conhecimentos

Neste contexto se poder ia perguntar a inda quem eacute o pr ofessor na ordem das

coisas Para noacutes eacute um ldquoeducador profissionalrdquo que passa por um sistema de formaccedilatildeo formal e

que continua nesse processo ao longo de sua vida Poreacutem imbuiacutedo de uma perspectiva utoacutepica

natildeo deixa que ldquoo mito da cavernardquo o asfixie pois compartilha o seu sonho com outras pessoas

transformando-o e m r ealidade E sta eacute a pr oposta da ESCOLA D E L IMEIRA buscando na s

etapas da profissionalidade docente e num trabalho coletivo e de par ceria natildeo se tornar uma

faacutebrica de eucaliptos mas uma plantaccedilatildeo de jequitibaacutes

Agradecimentos ao corpo docente e discente da EMEIEF ldquoProfa Maria Apparecida de Luca Moorerdquo pela participaccedilatildeo

59

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ALVES R Conversas com quem gosta de ens inar 10 ed Satildeo Paulo Cortez EditoraAutores Associados 1984

CAMBI F Histoacuteria da pedagogia Satildeo Paulo Editora UNESP 1999 701p

CONTRERAS J A autonomia de professores Satildeo Paulo Cortez 2002

FERNANDES R Of iacutecio de pr ofessor o f im e o c omeccedilo do s paradigmas In C ONGRESSO LUSO-BRASILEIRO DE HISTOacuteRIA DA EDUCACcedilAtildeO Praacuteticas Educativas Culturas Escolares e Profissatildeo Docente 2 1998 Satildeo Paulo Anais p 1-20

GADOTTI M Histoacuteria das ideacuteias pedagoacutegicas 3ordf ed Satildeo Paulo Aacutetica 1995

LIMEIRA ( EMEIEF P rofa M aria A pparecida de Luc a M oore) R elatoacuterio da pr ofessoras das primeiras seacuteries (manuscrito) Limeira UNESPRC - Projeto Nuacutecleo de Ensino 2003a 1p

LIMEIRA ( EMEIEF P rofa M aria A pparecida de Luc a M oore) R elatoacuterio da pr ofessoras das terceiras e quartas seacuteries (manuscrito) Limeira UNESPRC - Projeto Nuacutecleo de Ensino 2003b 4p

LIMEIRA ( EMEIEF P rofa M aria A pparecida de Luc a M oore) R elatoacuterio de P articipaccedilatildeo no Congresso de Educaccedilatildeo ndash EDUCACcedilAtildeO A F RATERNIDADE U M C AMINHO P OSSIacuteVEL (manuscrito) Limeira UNESPRC - Projeto Nuacutecleo de Ensino 2003c 2p

LIMEIRA ( EMEIEF P rofa M aria A pparecida de Luc a M oore) P rojeto P oliacutetico P edagoacutegico (manuscrito) Limeira EMEIEF Profordf M aria Apparecida de Luca Moore 2002 132p

LUBICH C Aula magna para o doutorado honoris causa em Pedagogia Universidade Catoacutelica de Washington EUA 2001

MACHADO L M M ercado g lobal a es finge do pr esente In S ILVA J r C A ( Org) O profissional formado por seu curso estaacute preparado para as exigecircncias da nova ordem mundial Satildeo Paulo Pro-Reitoria de Graduaccedilatildeo da UNESP 1996 p 91-106 (VI Circuito PROGRAD)

PELLEGRINI A M S OUZA N ETO S BENITES L C VEIGA M e M OTTA A I O Comportamento Motor no processo de e scolarizaccedilatildeo buscando soluccedilotildees no contexto escolar para a al fabetizaccedilatildeo In Wilson Galego e Aacutelvaro Guedes Cadernos do Nuacutecleo de Ensino Satildeo Paulo SP UNESP ndash PROGRAD 2003 p271-284

PIMENTA S G F ormaccedilatildeo de pr ofessores ndash saberes da docecircncia e i dentidade do pr ofessor Nuances Presidente Prudente vol III setembro pp 5-13 1997

ROSSETO R Etimologias e saberes Espaccedilo Pedagoacutegico v 9 n 2 p86-89 dez2002

SAVIANE D Os saberes implicados na formaccedilatildeo do educador IV Congresso Estadual Paulista sobre formaccedilatildeo de Educadores Aacuteguas de Satildeo Pedro SP UNESP 1996

SCHOumlN D A Formar p rofessores co mo pr ofissionais r eflexivos In N OacuteVOA A ( Org) Os professores e a sua formaccedilatildeo Lisboa Don Quixote 1992 pp 77-92

SOUZA N ETO S A f ormaccedilatildeo i nicial e c ontinuada o s s aberes docentes In C ongresso de Educaccedilatildeo E ducaccedilatildeo a f raternidade u m c aminho po ssiacutevel C entro Mariaacutepolis Ginetta promovido pel o M ovimento H umanidade N ova de 20 a 21 de s etembro de 2003 V argem Grande Paulista Movimento Humanidade Nova 2003 12p

TARDIF M Saberes docentes e formaccedilatildeo profissional Petroacutepolis RJ Vozes 2002

60

Page 9: Boletim ef.org a-profissionalidade-docente-em-questao

Com relaccedilatildeo aos resultados obtidos cabe destacar

1 Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico da EMEIEF ldquoMaria Apparecida de Luca Moorerdquo

Nesta e scola a proposta pedag oacutegica or ganiza-se po r e ixos t emaacuteticos ( por

bimestre) colocando no centro deste processo a questatildeo do amor (em virtude de problemas de

violecircncia f iacutesica m aterial e s imboacutelica) s em apresentar a s istematizaccedilatildeo de um a c oncepccedilatildeo

pedagoacutegica T rata-se m uito m ais de u m slogan prepositivo o rganizado na f orma de q uatro

eixos temaacuteticos (apresentando estreita relaccedilatildeo com os PCNs)

- Quem ama conheci a si mesmo e exerce a cidadania

- Quem ama respeito o seu espaccedilo

- Quem ama valoriza o meio ambiente e a cultura

- Quem ama sonha e realiza

No geral embora estes eixos sejam interessantiacutessimos visando a transformaccedilatildeo

os m esmos natildeo m ereceram u ma at enccedilatildeo m aior c om re laccedilatildeo ao s eu pape l ldquo ocultordquo de

articulador do c urriacuteculo no P rojeto P oliacutetico P edagoacutegico (2002) e m v irtude de t erem s ido

construiacutedos num momento posterior a esse processo de el aboraccedilatildeo da pr oposta pedagoacutegica

Portanto c abe r essaltar q ue o pl anejamento c urricular e o pl anejamento de ens ino g ravitam

nesta oacuterbita devendo todo e q ualquer t rabalho desenvolvido na r eferida instituiccedilatildeo considerar

esta premissa

Com relaccedilatildeo ao Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico este apresenta uma proposta soacutecio-

poliacutetica visando situar a pessoa num processo de transformaccedilatildeo pessoal e coletiva no exerciacutecio

da cidadania tendo em vista sempre um processo construtivo e participativo da realidade que o

cerca

No q ue s e r efere agrave E ducaccedilatildeo F iacutesica es ta f icou v inculada agrave s a tividades de

movimento na educaccedilatildeo i nfantil t endo c omo m eta ldquo atraveacutes do m ovimento p ropiciar q ue a

crianccedila expresse emoccedilotildees e pensamentos ampliando as possibilidades do uso significativo de

gestos e pos turas co rporaisrdquo (L IMEIRA 2002 p 38) Neste contexto a pr oposta apr esentou

como habilidades e conteuacutedos a serem explorados conhecimento e controle corporal imagem

corporal expressatildeo corporal gestos e r itmos corporais miacutemicas dramatizaccedilatildeo e musicas de

rotina pantomimas j ogos e br inquedos g incanas j ogos co m re gras b rincadeiras de r oda

capacidades fiacutesicas (ou qualidades fiacutesicas) enfim vivenciar o movimento corporal Em relaccedilatildeo

agraves primeiras seacuter ies do e nsino f undamental a E ducaccedilatildeo F iacutesica s ugere ldquo proporcionar aos

alunos condiccedilotildees para a c onstruccedilatildeo de u m repertoacuterio de at ividades em que ela possa usar e

ampliar o s m ovimentos co rporais t anto e m s ituaccedilatildeo de expressatildeo q uanto e m a tividades

53

esportivasrdquo (p 38) A ecircnfase desta compreensatildeo iraacute propor atividades e conteuacutedo quais sejam

o conhecimento sobre o corpo movimentos corporais livres e dirigidos lateralidade jogos com

regras l ateralidade e sportes l utas g inaacutestica a tividades r iacutetmicas e ex pressivas e quiliacutebrio

coordenaccedilatildeo viso-motora

Poreacutem cabe ressaltar que embora haja este planejamento o corpo docente tem

consciecircncia de que natildeo sabe como empreender a atividade fiacutesica na escola pois reconhece as

deficiecircncias em sua formaccedilatildeo profissional e natildeo tem ideacuteia de como solucionaacute-la (PELLEGRINI

et al 2003)

2 Relatoacuterios d as p rofessoras E MEIEF ldquoMaria A pparecida d e Luca M oorerdquo sobre o trabalho desenvolvido

No trabalho de intervenccedilatildeo realizado foi diagnosticado pelas docentes que

ldquoOs p lanos e laborados pela UNESP embora natildeo t enham s ido s eguidos agrave r isca auxiliaram bastante as professores fornecendo ideacuteias muito interessante e di ferentes no trabalho com a educaccedilatildeo motora11

Os alunos demonstraram muito interesse em participar das atividades e muitas vezes pediam que as brincadeiras mais interessantes fossem repetidas como por exemplo o alongamento dos bichos As a tividades p ropostas necessitaram de adapt accedilatildeo no dec orrer do ano l etivo principalmente em r elaccedilatildeo ao tempo de dur accedilatildeo da s mesmas (muitas a tividades inclusive necessitaram ser trabalhadas por mais de uma aula) pois a classe atendida no primeiro ano de e scolaridade possuiacutea bas tante di ficuldade de ent endimento de regras e i nstruccedilotildees (comandos e t arefas f orma a s a tividades m ais d ifiacuteceis principalmente nos grupos com maiores dificuldades)rdquo Podemos observar que algumas crianccedilas melhoraram no desenvolvimento motor e na atenccedilatildeo e percepccedilatildeordquo (LIMEIRA 2003a p1-2 ndash o grifo eacute nosso)

Em outro relatoacuterio a s p rofessoras das t erceiras e q uartas seacute ries apresentaram

uma apreciaccedilatildeo dos pontos positivos e negativos deste trabalho apontando tambeacutem subjacente

a este processo as reflexotildees que faziam no exerciacutecio da docecircncia

ldquominus Aspectos que influenciaram o desenvolvimento das aulas

1 Pontos positivos

bull Elaboraccedilatildeo dos planos de aula pela equipe da UNESP conteuacutedo objetivo material e des envolvimento de c ada at ividade f iacutesica s uprimindo um a nec essidade do s professores (por falta de formaccedilatildeo especiacutefica nessa aacuterea)

bull Os planos de aula nos fizeram perceber que mesmo sem o conhecimento especiacutefico dessa aacuterea jaacute desenvolviacuteamos algumas atividades contemplando esses conteuacutedos

bull Esses p lanos de aul a no s l evaram a r efletir s obre no ssa pr aacutetica r eavaliando-as e tornando-as mais especiacuteficas e natildeo mais tatildeo recreativas somente

bull Durante o desenvolvimento da s aulas noacutes p rofessores nos deparamos co m a s nossas proacuteprias dificuldades em relaccedilatildeo agraves habilidades necessaacuterias para desenvolvecirc-las obrigando-nos a superaacute-las

11 - O grifo eacute nosso

54

bull Maior envolvimento e participaccedilatildeo dos alunos

bull Foi descoberto atraveacutes dessas aulas que a nossa instituiccedilatildeo jaacute possuiacutea um grande acesso a m ateriais que poder iam s er u tilizados e m nossa pr aacutetica e que noacute s desconheciacuteamos

bull Trabalhando c om v aacuterios grupos pudemos perceber e r espeitar d iferentes habilidades e limites de cada aluno

2 Pontos negativos

bull Apesar de a escola ser grande os espaccedilos onde as aulas foram desenvolvidas natildeo satildeo adequados Exemplo a quadra natildeo eacute coberta portanto exposta agraves maacutes condiccedilotildees climaacuteticas o paacutet io que eacute coberto estaacute disponiacutevel em poucas horas do dia por ter um tracircnsito fluente de alunos ou natildeo diariamente

bull O envolvimento da equipe natildeo foi total

bull Os m ateriais u tilizados nas aulas natildeo es tavam organizados p rejudicando assim o desenvolvimento das aulas

bull Por a tendermos m uitos g rupos alguns horaacuterios f oram p rejudicados em v irtude de serem proacuteximos aos horaacuterios de entrada recreio e outras atividades da escola

()

minus Consideraccedilotildees finais

Foi de extrema importacircncia termos esses planos de aula em matildeo pois a partir deles pudemos exercitar a nossa criatividade fazendo algumas modificaccedilotildees adaptando-os agraves reais necessidades de cada grupo

Pudemos perceber pela troca de experiecircncias entre os profissionais envolvidos que a discussatildeo e es tabelecimento de regras p reacutevias f acilitou o des envolvimento do trabalho bem como a aceitaccedilatildeo e envolvimento dos alunos

()

Houve ta mbeacutem r elatos de mudanccedilas de c omportamento por parte de m uitos professores em relaccedilatildeo ao pr oacuteprio corpo na aceitaccedilatildeo de s eus limites e valorizaccedilatildeo de suas proacuteprias habilidades

Sugestotildees ndash

()

bull Que a e scola reorganize os materiais que seratildeo utilizados no desenvolvimento das aulas s endo ac omodados e m l ocal adequado e de f aacutecil a cesso ao s p rofessoresrdquo (LIMEIRA 2003b p1-4 ndash o grifo eacute nosso)

Acreditamos q ue o t rabalho pr incipal c onsistiu e m l evar e stas p rofessoras a

acreditarem q ue poder iam f azer o q ue hav ia s ido pr oposto i r a leacutem dos limites c onhecidos

acreditar que poderiam fazer ldquoalgo a maisrdquo do que jaacute faziam superar a ineacutercia que ronda toda e

qualquer profissatildeo com o passar dos anos enfim que as mesmas tinham capacidade mas que

seria fundamental que primeiro saiacutessem de suas couraccedilas enfrentassem o desafio do ldquo novordquo

em relaccedilatildeo aos conteuacutedos de Educaccedilatildeo Fiacutesica e r efletissem sobre o exerciacutecio da doc ecircncia na

sala de aul a buscando s uperar o m ito da al egoria da c averna F oi o q ue ac onteceu na s

entrelinhas do relato apresentado quando se colocou que esses ldquoplanos de aula nos levaram a

refletir sobre no ssa pr aacutetica reavaliando-as e t ornando-as m ais e speciacuteficasrdquo q ue ldquo noacutes

professores nos deparamos co m a s nossas p roacuteprias d ificuldades e m re laccedilatildeo agrave s habilidades

55

necessaacuterias para des envolvecirc-las obrigando-nos a s uperaacute-lasrdquo q ue o s ldquo planos de aul a no s

fizeram perceber que mesmo sem o conhecimento especiacutefico dessa aacuterea jaacute desenvolviacuteamos

algumas a tividades c ontemplando e sses c onteuacutedosrdquo E m re sumo houve ldquomudanccedilas de

comportamento por parte de m uitos professores em relaccedilatildeo ao proacuteprio corpo na aceitaccedilatildeo de

seus limites e valorizaccedilatildeo de s uas proacuteprias habilidadesrdquo e ldquomaior envolvimento e participaccedilatildeo

dos a lunosrdquo ndash em v irtude de q ue as p rofessoras ldquo trabalhando com vaacuterios g rupos pudemos

perceber e respeitar diferentes habilidades e limites de cada alunordquo

3 Relatoacuterio do I Seminaacuterio de Desenvolvimento M otor ldquoO COMPORTAMENTO MOTOR NA EDUCACcedilAtildeO BAacuteSICArdquo

No s egundo s emestre e m outubro f oi desenvolvido o ldquo I S eminaacuterio de

Desenvolvimento M otor o C omportamento M otor na E ducaccedilatildeo B aacutesicardquo p romovido pel a

UNESPRio Claro N uacutecleo de E nsino ndash Campus Rio Claro D epartamento de E ducaccedilatildeo

LABORDAM ndash Departamento de E ducaccedilatildeo Fiacutesica e E MEIEF Profa Maria Apparecida de

Luca Moore de LimeiraSP

O objetivo do seminaacuterio foi reunir professores e estudantes da aacuterea da Educaccedilatildeo

Baacutesica e da E ducaccedilatildeo F iacutesica t endo c omo f oco de di scussatildeo o des envolvimento m otor o

processo de alfabetizaccedilatildeo e a profissionalidade docente

O seminaacuterio ocorreu no A nfiteatro da B iblioteca da UNESP com a par ticipaccedilatildeo

de 75 pe ssoas entre pr ofessores e es tudantes q ue ac ompanharam u ma pr ogramaccedilatildeo q ue

durou o di a i nteiro abrangendo entrega do m aterial do s eminaacuterio s essatildeo de aber tura

apresentaccedilatildeo dos participantes conferecircncia (Prof Dr Osvaldo L Ferraz - USP) mesa-redonda

ndash ldquoO desenvolvimento motor no processo de alfabetizaccedilatildeordquo (Profa Adriana Ijano Motta e Profa

Vera L A Pinheiro - EMEIEF MALM Profa Dra Ana Maria Pellegrini UNESPDEF-RC Profa

Dra Maria Ceciacutelia de O Micotti UNESPDE-RC Prof Dr Francisco Rosa Neto ndash UESC e Prof

Dr Osvaldo Luis Ferraz - USP) almoccedilo debate sobre ldquo O desenvolvimento motor no processo

de alfabetizaccedilatildeordquo intervalo para cafeacute relato de experiecircncias e sessatildeo de encerramento Cabe

ressaltar que na v eacutespera do s eminaacuterio houve tambeacutem uma of icina com o Prof Dr Francisco

Rosa N eto ndash UESC s obre av aliaccedilatildeo m otora par a pr ofessores e stagiaacuterios e c olaboradores

ligados ao Projeto de Limeira

Ao t eacutermino da pr ogramaccedilatildeo f oram entregues o s ce rtificados e r ecolhidos o s

questionaacuterios de avaliaccedilatildeo entregues com o material do seminaacuterio no periacuteodo da manhatilde tendo

entre os participantes as 25 professoras da escola envolvidas no projeto Este se constitui num

momento oportuno de integraccedilatildeo na relaccedilatildeo universidade-comunidade promoccedilatildeo humana e de

resgate da auto-estima de um grupo de professoras que se sentiram valorizadas e respeitadas

56

4 Participaccedilatildeo no C ongresso d e E ducaccedilatildeo ndash EDUCACcedilAtildeO Agrave F RATERNIDADE U M CAMINHO P OSSIacuteVELrdquo p romovido pe lo M ovimento H umanidade nos d ias 20 e 21 d e setembro de 2003 em Vargem Grande Paulista-SP

Na participaccedilatildeo a es te evento que teve como tema central a proposta da Profa

Dra Chiara Lubich (2001) as reflexotildees realizadas aparecem no relatoacuterio que seraacute apresentado

a seguir em que novamente se encontram os valores da profissionalidade docente e parte dos

valores de um curriacuteculo oculto eou do proacuteprio projeto pedagoacutegico presente na descriccedilatildeo

ldquo- O primeiro ponto importante a ser descrito retrata a recepccedilatildeo Havia uma recepccedilatildeo por parte dos organizadores que em muito diferia das recepccedilotildees de capacitaccedilotildees que jaacute par ticipamos O s encarregados da recepccedilatildeo a f izeram de t al f orma que no s sentimos muito bem vindas

- Outro as pecto i mportante f oi o formato o t empo do C ongresso O s encontros e relatos e ram i ntercalados por periacuteodos l ongos de i ntervalo Essa es trutura no s possibilitou uma r eflexatildeo m ais p rofunda c alma e detalhada s obre aqu ilo que estaacutevamos ouvindo vivendo O proacuteprio local incitava paz tranquumlilidade

Em relaccedilatildeo agraves ideacuteias d iscutidas acerca do pens amento da pedagoga i taliana Chiara Lubich a fraternidade o amor a importacircncia dos aspectos afetivos e mesmo espiritual na r elaccedilatildeo ens ino-aprendizagem P udemos observar algumas se melhanccedilas com o trabalho que jaacute realizamos em nossa Unidade Escolar

- O tratamento ecumecircnico das questotildees espirituais

- Jaacute t emos uma pr aacutetica de bu sca i ncessante e m c ativar e env olver o s a lunos para trazecirc-los mais proacuteximos da escola e tambeacutem de nosso Projeto Quem ama cuida

- A t entativa de par ticipar da construccedilatildeo do c onhecimento da s cr ianccedilas de m aneira afetuosa e prazerosa

- Desenvolvemos u m c onjunto de accedilotildees que v isam desenvolver a aut o-estima do s alunos

- Nossa insistecircncia de levar os alunos a refletirem sobre ser cidadatildeos solidaacuterios

- A reflexatildeo sobre a U nidade a busca constante de identificar quais aspectos da vida escolar nos aproxima como profissionais e como pessoas

- Como profissionais avaliamos que o C ongresso como um todo tinha uma forma e uma di scussatildeo s obre o am or m uito nov a par a noacutes Im portante per ceber que haacute intelectuais p reocupados e m sistematizar e xperiecircncias e c onhecimento num a aacuter ea onde t radicionalmente s e t em mu ito pr econceito o am or a af etividade T ambeacutem pudemos perceber quais aspectos precisariacuteamos repensar em nossa praacutetica e mesmo em nossa vida

Outros pontos que julgamos importantes e diferentes das capacitaccedilotildees que em geral participamos

- Palestrantes que di scutiam s eu c onhecimento e s uas i deacuteias partindo daqu ilo que realmente somos das nossas limitaccedilotildees como humanos e profissionais

- A possibilidade de perceber que muitas pessoas estatildeo preocupadas em buscar uma compreensatildeo maior do mundo e da s relaccedilotildees que estabelecemos com ele e c om as pessoasrdquo [LIMEIRA 2003c p1-2 ndash o grifo eacute nosso]

O q ue s e pode obs ervar na q uestatildeo da f ormaccedilatildeo pr ofissional docente

continuada o pr ofessor p recisa de t empo par a r efletir e natildeo daacute par a di ssociar o ex erciacutecio

profissional de s ua v ida pr ivada e mbora es te natildeo s eja o obj etivo m as eacute f undamental u m

57

trabalho que envolva esta totalidade Neste contexto registra-se por parte destas professoras e

da escola a preocupaccedilatildeo com as crianccedilas (obrigaccedilatildeo moral) o envolvimento das professoras

com a e scola e co m a c omunidade ( compromisso c om a c omunidade) e o f ato de s erem

educadoras

No g eral o q ue s e obs ervou e m re laccedilatildeo agraves p rofessoras dessa escola no q ue

tange a profissionalidade docente ndash quer seja pela convivecircncia das reuniotildees pedagoacutegicas quer

seja por ocasiatildeo da reuniatildeo cientiacutefica ou congresso quer seja durante o t rabalho desenvolvido

na escola ou mesmo pelos relatos apresentados ndash que estas professoras estatildeo preocupadas

com os escolares tambeacutem possuem uma determinada cumplicidade com a escola e com a sua

direccedilatildeo E sta r elaccedilatildeo f ica c lara na e scola p rincipalmente ent re a s docentes q ue natildeo s atildeo

passageiras na i nstituiccedilatildeo de u m ano par a o out ro H aacute t ambeacutem o c ompromisso ent re a s

docentes em particular por parte da direccedilatildeo com a proacutepria capacitaccedilatildeo do coletivo E ainda na

resoluccedilatildeo dos problemas que afligem a populaccedilatildeo frequumlentadora da escola no que diz respeito

a violecircncia domeacutestica excesso de agressividade entre os alunos orientaccedilatildeo e conscientizaccedilatildeo

dos pais entre out ros P ode-se di zer q ue haacute c ultivo v irtuoso de um a m oral dos ldquo bons

costumesrdquo do exerciacutecio da cidadania na dimensatildeo de ldquofaccedila aos outros aquilo que vocecirc gostaria

que fizesse a vocecircrsquo e ldquonatildeo faccedila aos outros aquilo que vocecirc gostaria que natildeo fizesse com vocecircrdquo

constituindo-se num grande preluacutedio de uma educaccedilatildeo para a paz

CONCLUSAtildeO E M B USCA D A PR OFISSIONALIDADE D OCENTE O U CO MO ldquo CULTIVARldquo JEQUITIBAacuteS NO LUGAR DE EUCALIPTOS

ldquoNatildeo s ei c omo pr eparar o educ ador T alvez i sto natildeo s eja ne m necessaacuterio nem possiacutevel Eacute necessaacuterio ac ordaacute-lo E a iacute aprenderemos que educ adores natildeo s e extinguiram c omo t ropeiros e c aixeiros P orque ta lvez nem t ropeiros e c aixeiros tenham desaparecidos m as permaneccedilam como m emoacuterias de um passado que es taacute mais proacuteximo do no sso futuro que ont em Basta que o c hamemos do seu sono por um ato de amor e coragem E talvez acordados repetiratildeo o milagre da instauraccedilatildeo de novos mundosrdquo (ALVES 1984 p 26)

A reflexatildeo ora apresentada buscou evidenciar os paradigmas que tecircm norteado

a at uaccedilatildeo doc ente c olocando e m q uestatildeo o s s aberes q ue datildeo l egitimidade agrave pr aacutetica

pedagoacutegica Vive-se u m mo mento de m udanccedilas e a f ormaccedilatildeo de pr ofessores natildeo pa ssa

desapercebida havendo um a g rande pr eocupaccedilatildeo e m delimitar me lhor o per fil desse

profissional

Natildeo se pode i gnorar a ldquo cavernardquo que acabou se tornando a no ssa sala de aul a

em virtude das sombras que foram projetadas sobre ela decorrentes da onda de v iolecircncia de

todos o s t ipos q ue s e abat eu s obre a s ociedade e do m odelo de e scola-fabril q ue natildeo s e

justifica mais

58

No v eacutertice de ssa di scussatildeo es taacute a e scola m as co mo c entro de f ormaccedilatildeo

humana e xigindo um a nov a c onfiguraccedilatildeo de r elaccedilotildees so ciais i nterpessoais m as t ambeacutem

curricular e pedagoacutegica Propotildee-se que no centro deste novo processo estejam o professor e o

aluno m as q ue t ambeacutem f accedilam parte da r ealidade e scolar a c omunidade l ocal e a s f orccedilas

produtivas da s ociedade O p rojeto pol iacutetico pedag oacutegico a s er e laborado bem c omo o s

diferentes projetos temaacuteticos prescinde deste conjunto orgacircnico

A escola e as demais instituiccedilotildees natildeo podem mais ser vistas apenas como uma

linha de m ontagem do hom em do s istema Embora possa haver a r eproduccedilatildeo haacute t ambeacutem a

contra-reproduccedilatildeo cada vez que superamos a nossa ineacutercia e mudamos o contexto de nossas

aulas dos relacionamentos enfim por causa daquilo que a escola eacute e natildeo do que tem sido

A f ormaccedilatildeo i nicial e c ontinuada s atildeo dua s r ealidades d istintas e ao m esmo

tempo inseparaacuteveis Pensar a formaccedilatildeo do professor significa ter bem claro que tipo de homem

queremos f ormar q ue t ipo de m undo q ueremos habitar q ue t ipo de s ociedade q ueremos

construir Esta exige uma reflexatildeo constante daquilo que fazemos de nossa histoacuteria de nossas

contradiccedilotildees de no ssas descobertas e p rincipalmente de no ssa s ocializaccedilatildeo enq uanto

professores (educadores)

Somos u ma ldquo profissatildeordquo e m c onstruccedilatildeo e o s nossos cu rriacuteculos e spelham e sta

realidade ao apr esentarem um conjunto de c onhecimentos disciplinares fragmentados Natildeo se

justifica m ais t rabalhar por c ompartimentos pois necessitamos t rabalhar e m r ede e m e ixos

temaacuteticos que visem a perspectiva da unidade na diversidade dos conhecimentos

Neste contexto se poder ia perguntar a inda quem eacute o pr ofessor na ordem das

coisas Para noacutes eacute um ldquoeducador profissionalrdquo que passa por um sistema de formaccedilatildeo formal e

que continua nesse processo ao longo de sua vida Poreacutem imbuiacutedo de uma perspectiva utoacutepica

natildeo deixa que ldquoo mito da cavernardquo o asfixie pois compartilha o seu sonho com outras pessoas

transformando-o e m r ealidade E sta eacute a pr oposta da ESCOLA D E L IMEIRA buscando na s

etapas da profissionalidade docente e num trabalho coletivo e de par ceria natildeo se tornar uma

faacutebrica de eucaliptos mas uma plantaccedilatildeo de jequitibaacutes

Agradecimentos ao corpo docente e discente da EMEIEF ldquoProfa Maria Apparecida de Luca Moorerdquo pela participaccedilatildeo

59

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ALVES R Conversas com quem gosta de ens inar 10 ed Satildeo Paulo Cortez EditoraAutores Associados 1984

CAMBI F Histoacuteria da pedagogia Satildeo Paulo Editora UNESP 1999 701p

CONTRERAS J A autonomia de professores Satildeo Paulo Cortez 2002

FERNANDES R Of iacutecio de pr ofessor o f im e o c omeccedilo do s paradigmas In C ONGRESSO LUSO-BRASILEIRO DE HISTOacuteRIA DA EDUCACcedilAtildeO Praacuteticas Educativas Culturas Escolares e Profissatildeo Docente 2 1998 Satildeo Paulo Anais p 1-20

GADOTTI M Histoacuteria das ideacuteias pedagoacutegicas 3ordf ed Satildeo Paulo Aacutetica 1995

LIMEIRA ( EMEIEF P rofa M aria A pparecida de Luc a M oore) R elatoacuterio da pr ofessoras das primeiras seacuteries (manuscrito) Limeira UNESPRC - Projeto Nuacutecleo de Ensino 2003a 1p

LIMEIRA ( EMEIEF P rofa M aria A pparecida de Luc a M oore) R elatoacuterio da pr ofessoras das terceiras e quartas seacuteries (manuscrito) Limeira UNESPRC - Projeto Nuacutecleo de Ensino 2003b 4p

LIMEIRA ( EMEIEF P rofa M aria A pparecida de Luc a M oore) R elatoacuterio de P articipaccedilatildeo no Congresso de Educaccedilatildeo ndash EDUCACcedilAtildeO A F RATERNIDADE U M C AMINHO P OSSIacuteVEL (manuscrito) Limeira UNESPRC - Projeto Nuacutecleo de Ensino 2003c 2p

LIMEIRA ( EMEIEF P rofa M aria A pparecida de Luc a M oore) P rojeto P oliacutetico P edagoacutegico (manuscrito) Limeira EMEIEF Profordf M aria Apparecida de Luca Moore 2002 132p

LUBICH C Aula magna para o doutorado honoris causa em Pedagogia Universidade Catoacutelica de Washington EUA 2001

MACHADO L M M ercado g lobal a es finge do pr esente In S ILVA J r C A ( Org) O profissional formado por seu curso estaacute preparado para as exigecircncias da nova ordem mundial Satildeo Paulo Pro-Reitoria de Graduaccedilatildeo da UNESP 1996 p 91-106 (VI Circuito PROGRAD)

PELLEGRINI A M S OUZA N ETO S BENITES L C VEIGA M e M OTTA A I O Comportamento Motor no processo de e scolarizaccedilatildeo buscando soluccedilotildees no contexto escolar para a al fabetizaccedilatildeo In Wilson Galego e Aacutelvaro Guedes Cadernos do Nuacutecleo de Ensino Satildeo Paulo SP UNESP ndash PROGRAD 2003 p271-284

PIMENTA S G F ormaccedilatildeo de pr ofessores ndash saberes da docecircncia e i dentidade do pr ofessor Nuances Presidente Prudente vol III setembro pp 5-13 1997

ROSSETO R Etimologias e saberes Espaccedilo Pedagoacutegico v 9 n 2 p86-89 dez2002

SAVIANE D Os saberes implicados na formaccedilatildeo do educador IV Congresso Estadual Paulista sobre formaccedilatildeo de Educadores Aacuteguas de Satildeo Pedro SP UNESP 1996

SCHOumlN D A Formar p rofessores co mo pr ofissionais r eflexivos In N OacuteVOA A ( Org) Os professores e a sua formaccedilatildeo Lisboa Don Quixote 1992 pp 77-92

SOUZA N ETO S A f ormaccedilatildeo i nicial e c ontinuada o s s aberes docentes In C ongresso de Educaccedilatildeo E ducaccedilatildeo a f raternidade u m c aminho po ssiacutevel C entro Mariaacutepolis Ginetta promovido pel o M ovimento H umanidade N ova de 20 a 21 de s etembro de 2003 V argem Grande Paulista Movimento Humanidade Nova 2003 12p

TARDIF M Saberes docentes e formaccedilatildeo profissional Petroacutepolis RJ Vozes 2002

60

Page 10: Boletim ef.org a-profissionalidade-docente-em-questao

esportivasrdquo (p 38) A ecircnfase desta compreensatildeo iraacute propor atividades e conteuacutedo quais sejam

o conhecimento sobre o corpo movimentos corporais livres e dirigidos lateralidade jogos com

regras l ateralidade e sportes l utas g inaacutestica a tividades r iacutetmicas e ex pressivas e quiliacutebrio

coordenaccedilatildeo viso-motora

Poreacutem cabe ressaltar que embora haja este planejamento o corpo docente tem

consciecircncia de que natildeo sabe como empreender a atividade fiacutesica na escola pois reconhece as

deficiecircncias em sua formaccedilatildeo profissional e natildeo tem ideacuteia de como solucionaacute-la (PELLEGRINI

et al 2003)

2 Relatoacuterios d as p rofessoras E MEIEF ldquoMaria A pparecida d e Luca M oorerdquo sobre o trabalho desenvolvido

No trabalho de intervenccedilatildeo realizado foi diagnosticado pelas docentes que

ldquoOs p lanos e laborados pela UNESP embora natildeo t enham s ido s eguidos agrave r isca auxiliaram bastante as professores fornecendo ideacuteias muito interessante e di ferentes no trabalho com a educaccedilatildeo motora11

Os alunos demonstraram muito interesse em participar das atividades e muitas vezes pediam que as brincadeiras mais interessantes fossem repetidas como por exemplo o alongamento dos bichos As a tividades p ropostas necessitaram de adapt accedilatildeo no dec orrer do ano l etivo principalmente em r elaccedilatildeo ao tempo de dur accedilatildeo da s mesmas (muitas a tividades inclusive necessitaram ser trabalhadas por mais de uma aula) pois a classe atendida no primeiro ano de e scolaridade possuiacutea bas tante di ficuldade de ent endimento de regras e i nstruccedilotildees (comandos e t arefas f orma a s a tividades m ais d ifiacuteceis principalmente nos grupos com maiores dificuldades)rdquo Podemos observar que algumas crianccedilas melhoraram no desenvolvimento motor e na atenccedilatildeo e percepccedilatildeordquo (LIMEIRA 2003a p1-2 ndash o grifo eacute nosso)

Em outro relatoacuterio a s p rofessoras das t erceiras e q uartas seacute ries apresentaram

uma apreciaccedilatildeo dos pontos positivos e negativos deste trabalho apontando tambeacutem subjacente

a este processo as reflexotildees que faziam no exerciacutecio da docecircncia

ldquominus Aspectos que influenciaram o desenvolvimento das aulas

1 Pontos positivos

bull Elaboraccedilatildeo dos planos de aula pela equipe da UNESP conteuacutedo objetivo material e des envolvimento de c ada at ividade f iacutesica s uprimindo um a nec essidade do s professores (por falta de formaccedilatildeo especiacutefica nessa aacuterea)

bull Os planos de aula nos fizeram perceber que mesmo sem o conhecimento especiacutefico dessa aacuterea jaacute desenvolviacuteamos algumas atividades contemplando esses conteuacutedos

bull Esses p lanos de aul a no s l evaram a r efletir s obre no ssa pr aacutetica r eavaliando-as e tornando-as mais especiacuteficas e natildeo mais tatildeo recreativas somente

bull Durante o desenvolvimento da s aulas noacutes p rofessores nos deparamos co m a s nossas proacuteprias dificuldades em relaccedilatildeo agraves habilidades necessaacuterias para desenvolvecirc-las obrigando-nos a superaacute-las

11 - O grifo eacute nosso

54

bull Maior envolvimento e participaccedilatildeo dos alunos

bull Foi descoberto atraveacutes dessas aulas que a nossa instituiccedilatildeo jaacute possuiacutea um grande acesso a m ateriais que poder iam s er u tilizados e m nossa pr aacutetica e que noacute s desconheciacuteamos

bull Trabalhando c om v aacuterios grupos pudemos perceber e r espeitar d iferentes habilidades e limites de cada aluno

2 Pontos negativos

bull Apesar de a escola ser grande os espaccedilos onde as aulas foram desenvolvidas natildeo satildeo adequados Exemplo a quadra natildeo eacute coberta portanto exposta agraves maacutes condiccedilotildees climaacuteticas o paacutet io que eacute coberto estaacute disponiacutevel em poucas horas do dia por ter um tracircnsito fluente de alunos ou natildeo diariamente

bull O envolvimento da equipe natildeo foi total

bull Os m ateriais u tilizados nas aulas natildeo es tavam organizados p rejudicando assim o desenvolvimento das aulas

bull Por a tendermos m uitos g rupos alguns horaacuterios f oram p rejudicados em v irtude de serem proacuteximos aos horaacuterios de entrada recreio e outras atividades da escola

()

minus Consideraccedilotildees finais

Foi de extrema importacircncia termos esses planos de aula em matildeo pois a partir deles pudemos exercitar a nossa criatividade fazendo algumas modificaccedilotildees adaptando-os agraves reais necessidades de cada grupo

Pudemos perceber pela troca de experiecircncias entre os profissionais envolvidos que a discussatildeo e es tabelecimento de regras p reacutevias f acilitou o des envolvimento do trabalho bem como a aceitaccedilatildeo e envolvimento dos alunos

()

Houve ta mbeacutem r elatos de mudanccedilas de c omportamento por parte de m uitos professores em relaccedilatildeo ao pr oacuteprio corpo na aceitaccedilatildeo de s eus limites e valorizaccedilatildeo de suas proacuteprias habilidades

Sugestotildees ndash

()

bull Que a e scola reorganize os materiais que seratildeo utilizados no desenvolvimento das aulas s endo ac omodados e m l ocal adequado e de f aacutecil a cesso ao s p rofessoresrdquo (LIMEIRA 2003b p1-4 ndash o grifo eacute nosso)

Acreditamos q ue o t rabalho pr incipal c onsistiu e m l evar e stas p rofessoras a

acreditarem q ue poder iam f azer o q ue hav ia s ido pr oposto i r a leacutem dos limites c onhecidos

acreditar que poderiam fazer ldquoalgo a maisrdquo do que jaacute faziam superar a ineacutercia que ronda toda e

qualquer profissatildeo com o passar dos anos enfim que as mesmas tinham capacidade mas que

seria fundamental que primeiro saiacutessem de suas couraccedilas enfrentassem o desafio do ldquo novordquo

em relaccedilatildeo aos conteuacutedos de Educaccedilatildeo Fiacutesica e r efletissem sobre o exerciacutecio da doc ecircncia na

sala de aul a buscando s uperar o m ito da al egoria da c averna F oi o q ue ac onteceu na s

entrelinhas do relato apresentado quando se colocou que esses ldquoplanos de aula nos levaram a

refletir sobre no ssa pr aacutetica reavaliando-as e t ornando-as m ais e speciacuteficasrdquo q ue ldquo noacutes

professores nos deparamos co m a s nossas p roacuteprias d ificuldades e m re laccedilatildeo agrave s habilidades

55

necessaacuterias para des envolvecirc-las obrigando-nos a s uperaacute-lasrdquo q ue o s ldquo planos de aul a no s

fizeram perceber que mesmo sem o conhecimento especiacutefico dessa aacuterea jaacute desenvolviacuteamos

algumas a tividades c ontemplando e sses c onteuacutedosrdquo E m re sumo houve ldquomudanccedilas de

comportamento por parte de m uitos professores em relaccedilatildeo ao proacuteprio corpo na aceitaccedilatildeo de

seus limites e valorizaccedilatildeo de s uas proacuteprias habilidadesrdquo e ldquomaior envolvimento e participaccedilatildeo

dos a lunosrdquo ndash em v irtude de q ue as p rofessoras ldquo trabalhando com vaacuterios g rupos pudemos

perceber e respeitar diferentes habilidades e limites de cada alunordquo

3 Relatoacuterio do I Seminaacuterio de Desenvolvimento M otor ldquoO COMPORTAMENTO MOTOR NA EDUCACcedilAtildeO BAacuteSICArdquo

No s egundo s emestre e m outubro f oi desenvolvido o ldquo I S eminaacuterio de

Desenvolvimento M otor o C omportamento M otor na E ducaccedilatildeo B aacutesicardquo p romovido pel a

UNESPRio Claro N uacutecleo de E nsino ndash Campus Rio Claro D epartamento de E ducaccedilatildeo

LABORDAM ndash Departamento de E ducaccedilatildeo Fiacutesica e E MEIEF Profa Maria Apparecida de

Luca Moore de LimeiraSP

O objetivo do seminaacuterio foi reunir professores e estudantes da aacuterea da Educaccedilatildeo

Baacutesica e da E ducaccedilatildeo F iacutesica t endo c omo f oco de di scussatildeo o des envolvimento m otor o

processo de alfabetizaccedilatildeo e a profissionalidade docente

O seminaacuterio ocorreu no A nfiteatro da B iblioteca da UNESP com a par ticipaccedilatildeo

de 75 pe ssoas entre pr ofessores e es tudantes q ue ac ompanharam u ma pr ogramaccedilatildeo q ue

durou o di a i nteiro abrangendo entrega do m aterial do s eminaacuterio s essatildeo de aber tura

apresentaccedilatildeo dos participantes conferecircncia (Prof Dr Osvaldo L Ferraz - USP) mesa-redonda

ndash ldquoO desenvolvimento motor no processo de alfabetizaccedilatildeordquo (Profa Adriana Ijano Motta e Profa

Vera L A Pinheiro - EMEIEF MALM Profa Dra Ana Maria Pellegrini UNESPDEF-RC Profa

Dra Maria Ceciacutelia de O Micotti UNESPDE-RC Prof Dr Francisco Rosa Neto ndash UESC e Prof

Dr Osvaldo Luis Ferraz - USP) almoccedilo debate sobre ldquo O desenvolvimento motor no processo

de alfabetizaccedilatildeordquo intervalo para cafeacute relato de experiecircncias e sessatildeo de encerramento Cabe

ressaltar que na v eacutespera do s eminaacuterio houve tambeacutem uma of icina com o Prof Dr Francisco

Rosa N eto ndash UESC s obre av aliaccedilatildeo m otora par a pr ofessores e stagiaacuterios e c olaboradores

ligados ao Projeto de Limeira

Ao t eacutermino da pr ogramaccedilatildeo f oram entregues o s ce rtificados e r ecolhidos o s

questionaacuterios de avaliaccedilatildeo entregues com o material do seminaacuterio no periacuteodo da manhatilde tendo

entre os participantes as 25 professoras da escola envolvidas no projeto Este se constitui num

momento oportuno de integraccedilatildeo na relaccedilatildeo universidade-comunidade promoccedilatildeo humana e de

resgate da auto-estima de um grupo de professoras que se sentiram valorizadas e respeitadas

56

4 Participaccedilatildeo no C ongresso d e E ducaccedilatildeo ndash EDUCACcedilAtildeO Agrave F RATERNIDADE U M CAMINHO P OSSIacuteVELrdquo p romovido pe lo M ovimento H umanidade nos d ias 20 e 21 d e setembro de 2003 em Vargem Grande Paulista-SP

Na participaccedilatildeo a es te evento que teve como tema central a proposta da Profa

Dra Chiara Lubich (2001) as reflexotildees realizadas aparecem no relatoacuterio que seraacute apresentado

a seguir em que novamente se encontram os valores da profissionalidade docente e parte dos

valores de um curriacuteculo oculto eou do proacuteprio projeto pedagoacutegico presente na descriccedilatildeo

ldquo- O primeiro ponto importante a ser descrito retrata a recepccedilatildeo Havia uma recepccedilatildeo por parte dos organizadores que em muito diferia das recepccedilotildees de capacitaccedilotildees que jaacute par ticipamos O s encarregados da recepccedilatildeo a f izeram de t al f orma que no s sentimos muito bem vindas

- Outro as pecto i mportante f oi o formato o t empo do C ongresso O s encontros e relatos e ram i ntercalados por periacuteodos l ongos de i ntervalo Essa es trutura no s possibilitou uma r eflexatildeo m ais p rofunda c alma e detalhada s obre aqu ilo que estaacutevamos ouvindo vivendo O proacuteprio local incitava paz tranquumlilidade

Em relaccedilatildeo agraves ideacuteias d iscutidas acerca do pens amento da pedagoga i taliana Chiara Lubich a fraternidade o amor a importacircncia dos aspectos afetivos e mesmo espiritual na r elaccedilatildeo ens ino-aprendizagem P udemos observar algumas se melhanccedilas com o trabalho que jaacute realizamos em nossa Unidade Escolar

- O tratamento ecumecircnico das questotildees espirituais

- Jaacute t emos uma pr aacutetica de bu sca i ncessante e m c ativar e env olver o s a lunos para trazecirc-los mais proacuteximos da escola e tambeacutem de nosso Projeto Quem ama cuida

- A t entativa de par ticipar da construccedilatildeo do c onhecimento da s cr ianccedilas de m aneira afetuosa e prazerosa

- Desenvolvemos u m c onjunto de accedilotildees que v isam desenvolver a aut o-estima do s alunos

- Nossa insistecircncia de levar os alunos a refletirem sobre ser cidadatildeos solidaacuterios

- A reflexatildeo sobre a U nidade a busca constante de identificar quais aspectos da vida escolar nos aproxima como profissionais e como pessoas

- Como profissionais avaliamos que o C ongresso como um todo tinha uma forma e uma di scussatildeo s obre o am or m uito nov a par a noacutes Im portante per ceber que haacute intelectuais p reocupados e m sistematizar e xperiecircncias e c onhecimento num a aacuter ea onde t radicionalmente s e t em mu ito pr econceito o am or a af etividade T ambeacutem pudemos perceber quais aspectos precisariacuteamos repensar em nossa praacutetica e mesmo em nossa vida

Outros pontos que julgamos importantes e diferentes das capacitaccedilotildees que em geral participamos

- Palestrantes que di scutiam s eu c onhecimento e s uas i deacuteias partindo daqu ilo que realmente somos das nossas limitaccedilotildees como humanos e profissionais

- A possibilidade de perceber que muitas pessoas estatildeo preocupadas em buscar uma compreensatildeo maior do mundo e da s relaccedilotildees que estabelecemos com ele e c om as pessoasrdquo [LIMEIRA 2003c p1-2 ndash o grifo eacute nosso]

O q ue s e pode obs ervar na q uestatildeo da f ormaccedilatildeo pr ofissional docente

continuada o pr ofessor p recisa de t empo par a r efletir e natildeo daacute par a di ssociar o ex erciacutecio

profissional de s ua v ida pr ivada e mbora es te natildeo s eja o obj etivo m as eacute f undamental u m

57

trabalho que envolva esta totalidade Neste contexto registra-se por parte destas professoras e

da escola a preocupaccedilatildeo com as crianccedilas (obrigaccedilatildeo moral) o envolvimento das professoras

com a e scola e co m a c omunidade ( compromisso c om a c omunidade) e o f ato de s erem

educadoras

No g eral o q ue s e obs ervou e m re laccedilatildeo agraves p rofessoras dessa escola no q ue

tange a profissionalidade docente ndash quer seja pela convivecircncia das reuniotildees pedagoacutegicas quer

seja por ocasiatildeo da reuniatildeo cientiacutefica ou congresso quer seja durante o t rabalho desenvolvido

na escola ou mesmo pelos relatos apresentados ndash que estas professoras estatildeo preocupadas

com os escolares tambeacutem possuem uma determinada cumplicidade com a escola e com a sua

direccedilatildeo E sta r elaccedilatildeo f ica c lara na e scola p rincipalmente ent re a s docentes q ue natildeo s atildeo

passageiras na i nstituiccedilatildeo de u m ano par a o out ro H aacute t ambeacutem o c ompromisso ent re a s

docentes em particular por parte da direccedilatildeo com a proacutepria capacitaccedilatildeo do coletivo E ainda na

resoluccedilatildeo dos problemas que afligem a populaccedilatildeo frequumlentadora da escola no que diz respeito

a violecircncia domeacutestica excesso de agressividade entre os alunos orientaccedilatildeo e conscientizaccedilatildeo

dos pais entre out ros P ode-se di zer q ue haacute c ultivo v irtuoso de um a m oral dos ldquo bons

costumesrdquo do exerciacutecio da cidadania na dimensatildeo de ldquofaccedila aos outros aquilo que vocecirc gostaria

que fizesse a vocecircrsquo e ldquonatildeo faccedila aos outros aquilo que vocecirc gostaria que natildeo fizesse com vocecircrdquo

constituindo-se num grande preluacutedio de uma educaccedilatildeo para a paz

CONCLUSAtildeO E M B USCA D A PR OFISSIONALIDADE D OCENTE O U CO MO ldquo CULTIVARldquo JEQUITIBAacuteS NO LUGAR DE EUCALIPTOS

ldquoNatildeo s ei c omo pr eparar o educ ador T alvez i sto natildeo s eja ne m necessaacuterio nem possiacutevel Eacute necessaacuterio ac ordaacute-lo E a iacute aprenderemos que educ adores natildeo s e extinguiram c omo t ropeiros e c aixeiros P orque ta lvez nem t ropeiros e c aixeiros tenham desaparecidos m as permaneccedilam como m emoacuterias de um passado que es taacute mais proacuteximo do no sso futuro que ont em Basta que o c hamemos do seu sono por um ato de amor e coragem E talvez acordados repetiratildeo o milagre da instauraccedilatildeo de novos mundosrdquo (ALVES 1984 p 26)

A reflexatildeo ora apresentada buscou evidenciar os paradigmas que tecircm norteado

a at uaccedilatildeo doc ente c olocando e m q uestatildeo o s s aberes q ue datildeo l egitimidade agrave pr aacutetica

pedagoacutegica Vive-se u m mo mento de m udanccedilas e a f ormaccedilatildeo de pr ofessores natildeo pa ssa

desapercebida havendo um a g rande pr eocupaccedilatildeo e m delimitar me lhor o per fil desse

profissional

Natildeo se pode i gnorar a ldquo cavernardquo que acabou se tornando a no ssa sala de aul a

em virtude das sombras que foram projetadas sobre ela decorrentes da onda de v iolecircncia de

todos o s t ipos q ue s e abat eu s obre a s ociedade e do m odelo de e scola-fabril q ue natildeo s e

justifica mais

58

No v eacutertice de ssa di scussatildeo es taacute a e scola m as co mo c entro de f ormaccedilatildeo

humana e xigindo um a nov a c onfiguraccedilatildeo de r elaccedilotildees so ciais i nterpessoais m as t ambeacutem

curricular e pedagoacutegica Propotildee-se que no centro deste novo processo estejam o professor e o

aluno m as q ue t ambeacutem f accedilam parte da r ealidade e scolar a c omunidade l ocal e a s f orccedilas

produtivas da s ociedade O p rojeto pol iacutetico pedag oacutegico a s er e laborado bem c omo o s

diferentes projetos temaacuteticos prescinde deste conjunto orgacircnico

A escola e as demais instituiccedilotildees natildeo podem mais ser vistas apenas como uma

linha de m ontagem do hom em do s istema Embora possa haver a r eproduccedilatildeo haacute t ambeacutem a

contra-reproduccedilatildeo cada vez que superamos a nossa ineacutercia e mudamos o contexto de nossas

aulas dos relacionamentos enfim por causa daquilo que a escola eacute e natildeo do que tem sido

A f ormaccedilatildeo i nicial e c ontinuada s atildeo dua s r ealidades d istintas e ao m esmo

tempo inseparaacuteveis Pensar a formaccedilatildeo do professor significa ter bem claro que tipo de homem

queremos f ormar q ue t ipo de m undo q ueremos habitar q ue t ipo de s ociedade q ueremos

construir Esta exige uma reflexatildeo constante daquilo que fazemos de nossa histoacuteria de nossas

contradiccedilotildees de no ssas descobertas e p rincipalmente de no ssa s ocializaccedilatildeo enq uanto

professores (educadores)

Somos u ma ldquo profissatildeordquo e m c onstruccedilatildeo e o s nossos cu rriacuteculos e spelham e sta

realidade ao apr esentarem um conjunto de c onhecimentos disciplinares fragmentados Natildeo se

justifica m ais t rabalhar por c ompartimentos pois necessitamos t rabalhar e m r ede e m e ixos

temaacuteticos que visem a perspectiva da unidade na diversidade dos conhecimentos

Neste contexto se poder ia perguntar a inda quem eacute o pr ofessor na ordem das

coisas Para noacutes eacute um ldquoeducador profissionalrdquo que passa por um sistema de formaccedilatildeo formal e

que continua nesse processo ao longo de sua vida Poreacutem imbuiacutedo de uma perspectiva utoacutepica

natildeo deixa que ldquoo mito da cavernardquo o asfixie pois compartilha o seu sonho com outras pessoas

transformando-o e m r ealidade E sta eacute a pr oposta da ESCOLA D E L IMEIRA buscando na s

etapas da profissionalidade docente e num trabalho coletivo e de par ceria natildeo se tornar uma

faacutebrica de eucaliptos mas uma plantaccedilatildeo de jequitibaacutes

Agradecimentos ao corpo docente e discente da EMEIEF ldquoProfa Maria Apparecida de Luca Moorerdquo pela participaccedilatildeo

59

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ALVES R Conversas com quem gosta de ens inar 10 ed Satildeo Paulo Cortez EditoraAutores Associados 1984

CAMBI F Histoacuteria da pedagogia Satildeo Paulo Editora UNESP 1999 701p

CONTRERAS J A autonomia de professores Satildeo Paulo Cortez 2002

FERNANDES R Of iacutecio de pr ofessor o f im e o c omeccedilo do s paradigmas In C ONGRESSO LUSO-BRASILEIRO DE HISTOacuteRIA DA EDUCACcedilAtildeO Praacuteticas Educativas Culturas Escolares e Profissatildeo Docente 2 1998 Satildeo Paulo Anais p 1-20

GADOTTI M Histoacuteria das ideacuteias pedagoacutegicas 3ordf ed Satildeo Paulo Aacutetica 1995

LIMEIRA ( EMEIEF P rofa M aria A pparecida de Luc a M oore) R elatoacuterio da pr ofessoras das primeiras seacuteries (manuscrito) Limeira UNESPRC - Projeto Nuacutecleo de Ensino 2003a 1p

LIMEIRA ( EMEIEF P rofa M aria A pparecida de Luc a M oore) R elatoacuterio da pr ofessoras das terceiras e quartas seacuteries (manuscrito) Limeira UNESPRC - Projeto Nuacutecleo de Ensino 2003b 4p

LIMEIRA ( EMEIEF P rofa M aria A pparecida de Luc a M oore) R elatoacuterio de P articipaccedilatildeo no Congresso de Educaccedilatildeo ndash EDUCACcedilAtildeO A F RATERNIDADE U M C AMINHO P OSSIacuteVEL (manuscrito) Limeira UNESPRC - Projeto Nuacutecleo de Ensino 2003c 2p

LIMEIRA ( EMEIEF P rofa M aria A pparecida de Luc a M oore) P rojeto P oliacutetico P edagoacutegico (manuscrito) Limeira EMEIEF Profordf M aria Apparecida de Luca Moore 2002 132p

LUBICH C Aula magna para o doutorado honoris causa em Pedagogia Universidade Catoacutelica de Washington EUA 2001

MACHADO L M M ercado g lobal a es finge do pr esente In S ILVA J r C A ( Org) O profissional formado por seu curso estaacute preparado para as exigecircncias da nova ordem mundial Satildeo Paulo Pro-Reitoria de Graduaccedilatildeo da UNESP 1996 p 91-106 (VI Circuito PROGRAD)

PELLEGRINI A M S OUZA N ETO S BENITES L C VEIGA M e M OTTA A I O Comportamento Motor no processo de e scolarizaccedilatildeo buscando soluccedilotildees no contexto escolar para a al fabetizaccedilatildeo In Wilson Galego e Aacutelvaro Guedes Cadernos do Nuacutecleo de Ensino Satildeo Paulo SP UNESP ndash PROGRAD 2003 p271-284

PIMENTA S G F ormaccedilatildeo de pr ofessores ndash saberes da docecircncia e i dentidade do pr ofessor Nuances Presidente Prudente vol III setembro pp 5-13 1997

ROSSETO R Etimologias e saberes Espaccedilo Pedagoacutegico v 9 n 2 p86-89 dez2002

SAVIANE D Os saberes implicados na formaccedilatildeo do educador IV Congresso Estadual Paulista sobre formaccedilatildeo de Educadores Aacuteguas de Satildeo Pedro SP UNESP 1996

SCHOumlN D A Formar p rofessores co mo pr ofissionais r eflexivos In N OacuteVOA A ( Org) Os professores e a sua formaccedilatildeo Lisboa Don Quixote 1992 pp 77-92

SOUZA N ETO S A f ormaccedilatildeo i nicial e c ontinuada o s s aberes docentes In C ongresso de Educaccedilatildeo E ducaccedilatildeo a f raternidade u m c aminho po ssiacutevel C entro Mariaacutepolis Ginetta promovido pel o M ovimento H umanidade N ova de 20 a 21 de s etembro de 2003 V argem Grande Paulista Movimento Humanidade Nova 2003 12p

TARDIF M Saberes docentes e formaccedilatildeo profissional Petroacutepolis RJ Vozes 2002

60

Page 11: Boletim ef.org a-profissionalidade-docente-em-questao

bull Maior envolvimento e participaccedilatildeo dos alunos

bull Foi descoberto atraveacutes dessas aulas que a nossa instituiccedilatildeo jaacute possuiacutea um grande acesso a m ateriais que poder iam s er u tilizados e m nossa pr aacutetica e que noacute s desconheciacuteamos

bull Trabalhando c om v aacuterios grupos pudemos perceber e r espeitar d iferentes habilidades e limites de cada aluno

2 Pontos negativos

bull Apesar de a escola ser grande os espaccedilos onde as aulas foram desenvolvidas natildeo satildeo adequados Exemplo a quadra natildeo eacute coberta portanto exposta agraves maacutes condiccedilotildees climaacuteticas o paacutet io que eacute coberto estaacute disponiacutevel em poucas horas do dia por ter um tracircnsito fluente de alunos ou natildeo diariamente

bull O envolvimento da equipe natildeo foi total

bull Os m ateriais u tilizados nas aulas natildeo es tavam organizados p rejudicando assim o desenvolvimento das aulas

bull Por a tendermos m uitos g rupos alguns horaacuterios f oram p rejudicados em v irtude de serem proacuteximos aos horaacuterios de entrada recreio e outras atividades da escola

()

minus Consideraccedilotildees finais

Foi de extrema importacircncia termos esses planos de aula em matildeo pois a partir deles pudemos exercitar a nossa criatividade fazendo algumas modificaccedilotildees adaptando-os agraves reais necessidades de cada grupo

Pudemos perceber pela troca de experiecircncias entre os profissionais envolvidos que a discussatildeo e es tabelecimento de regras p reacutevias f acilitou o des envolvimento do trabalho bem como a aceitaccedilatildeo e envolvimento dos alunos

()

Houve ta mbeacutem r elatos de mudanccedilas de c omportamento por parte de m uitos professores em relaccedilatildeo ao pr oacuteprio corpo na aceitaccedilatildeo de s eus limites e valorizaccedilatildeo de suas proacuteprias habilidades

Sugestotildees ndash

()

bull Que a e scola reorganize os materiais que seratildeo utilizados no desenvolvimento das aulas s endo ac omodados e m l ocal adequado e de f aacutecil a cesso ao s p rofessoresrdquo (LIMEIRA 2003b p1-4 ndash o grifo eacute nosso)

Acreditamos q ue o t rabalho pr incipal c onsistiu e m l evar e stas p rofessoras a

acreditarem q ue poder iam f azer o q ue hav ia s ido pr oposto i r a leacutem dos limites c onhecidos

acreditar que poderiam fazer ldquoalgo a maisrdquo do que jaacute faziam superar a ineacutercia que ronda toda e

qualquer profissatildeo com o passar dos anos enfim que as mesmas tinham capacidade mas que

seria fundamental que primeiro saiacutessem de suas couraccedilas enfrentassem o desafio do ldquo novordquo

em relaccedilatildeo aos conteuacutedos de Educaccedilatildeo Fiacutesica e r efletissem sobre o exerciacutecio da doc ecircncia na

sala de aul a buscando s uperar o m ito da al egoria da c averna F oi o q ue ac onteceu na s

entrelinhas do relato apresentado quando se colocou que esses ldquoplanos de aula nos levaram a

refletir sobre no ssa pr aacutetica reavaliando-as e t ornando-as m ais e speciacuteficasrdquo q ue ldquo noacutes

professores nos deparamos co m a s nossas p roacuteprias d ificuldades e m re laccedilatildeo agrave s habilidades

55

necessaacuterias para des envolvecirc-las obrigando-nos a s uperaacute-lasrdquo q ue o s ldquo planos de aul a no s

fizeram perceber que mesmo sem o conhecimento especiacutefico dessa aacuterea jaacute desenvolviacuteamos

algumas a tividades c ontemplando e sses c onteuacutedosrdquo E m re sumo houve ldquomudanccedilas de

comportamento por parte de m uitos professores em relaccedilatildeo ao proacuteprio corpo na aceitaccedilatildeo de

seus limites e valorizaccedilatildeo de s uas proacuteprias habilidadesrdquo e ldquomaior envolvimento e participaccedilatildeo

dos a lunosrdquo ndash em v irtude de q ue as p rofessoras ldquo trabalhando com vaacuterios g rupos pudemos

perceber e respeitar diferentes habilidades e limites de cada alunordquo

3 Relatoacuterio do I Seminaacuterio de Desenvolvimento M otor ldquoO COMPORTAMENTO MOTOR NA EDUCACcedilAtildeO BAacuteSICArdquo

No s egundo s emestre e m outubro f oi desenvolvido o ldquo I S eminaacuterio de

Desenvolvimento M otor o C omportamento M otor na E ducaccedilatildeo B aacutesicardquo p romovido pel a

UNESPRio Claro N uacutecleo de E nsino ndash Campus Rio Claro D epartamento de E ducaccedilatildeo

LABORDAM ndash Departamento de E ducaccedilatildeo Fiacutesica e E MEIEF Profa Maria Apparecida de

Luca Moore de LimeiraSP

O objetivo do seminaacuterio foi reunir professores e estudantes da aacuterea da Educaccedilatildeo

Baacutesica e da E ducaccedilatildeo F iacutesica t endo c omo f oco de di scussatildeo o des envolvimento m otor o

processo de alfabetizaccedilatildeo e a profissionalidade docente

O seminaacuterio ocorreu no A nfiteatro da B iblioteca da UNESP com a par ticipaccedilatildeo

de 75 pe ssoas entre pr ofessores e es tudantes q ue ac ompanharam u ma pr ogramaccedilatildeo q ue

durou o di a i nteiro abrangendo entrega do m aterial do s eminaacuterio s essatildeo de aber tura

apresentaccedilatildeo dos participantes conferecircncia (Prof Dr Osvaldo L Ferraz - USP) mesa-redonda

ndash ldquoO desenvolvimento motor no processo de alfabetizaccedilatildeordquo (Profa Adriana Ijano Motta e Profa

Vera L A Pinheiro - EMEIEF MALM Profa Dra Ana Maria Pellegrini UNESPDEF-RC Profa

Dra Maria Ceciacutelia de O Micotti UNESPDE-RC Prof Dr Francisco Rosa Neto ndash UESC e Prof

Dr Osvaldo Luis Ferraz - USP) almoccedilo debate sobre ldquo O desenvolvimento motor no processo

de alfabetizaccedilatildeordquo intervalo para cafeacute relato de experiecircncias e sessatildeo de encerramento Cabe

ressaltar que na v eacutespera do s eminaacuterio houve tambeacutem uma of icina com o Prof Dr Francisco

Rosa N eto ndash UESC s obre av aliaccedilatildeo m otora par a pr ofessores e stagiaacuterios e c olaboradores

ligados ao Projeto de Limeira

Ao t eacutermino da pr ogramaccedilatildeo f oram entregues o s ce rtificados e r ecolhidos o s

questionaacuterios de avaliaccedilatildeo entregues com o material do seminaacuterio no periacuteodo da manhatilde tendo

entre os participantes as 25 professoras da escola envolvidas no projeto Este se constitui num

momento oportuno de integraccedilatildeo na relaccedilatildeo universidade-comunidade promoccedilatildeo humana e de

resgate da auto-estima de um grupo de professoras que se sentiram valorizadas e respeitadas

56

4 Participaccedilatildeo no C ongresso d e E ducaccedilatildeo ndash EDUCACcedilAtildeO Agrave F RATERNIDADE U M CAMINHO P OSSIacuteVELrdquo p romovido pe lo M ovimento H umanidade nos d ias 20 e 21 d e setembro de 2003 em Vargem Grande Paulista-SP

Na participaccedilatildeo a es te evento que teve como tema central a proposta da Profa

Dra Chiara Lubich (2001) as reflexotildees realizadas aparecem no relatoacuterio que seraacute apresentado

a seguir em que novamente se encontram os valores da profissionalidade docente e parte dos

valores de um curriacuteculo oculto eou do proacuteprio projeto pedagoacutegico presente na descriccedilatildeo

ldquo- O primeiro ponto importante a ser descrito retrata a recepccedilatildeo Havia uma recepccedilatildeo por parte dos organizadores que em muito diferia das recepccedilotildees de capacitaccedilotildees que jaacute par ticipamos O s encarregados da recepccedilatildeo a f izeram de t al f orma que no s sentimos muito bem vindas

- Outro as pecto i mportante f oi o formato o t empo do C ongresso O s encontros e relatos e ram i ntercalados por periacuteodos l ongos de i ntervalo Essa es trutura no s possibilitou uma r eflexatildeo m ais p rofunda c alma e detalhada s obre aqu ilo que estaacutevamos ouvindo vivendo O proacuteprio local incitava paz tranquumlilidade

Em relaccedilatildeo agraves ideacuteias d iscutidas acerca do pens amento da pedagoga i taliana Chiara Lubich a fraternidade o amor a importacircncia dos aspectos afetivos e mesmo espiritual na r elaccedilatildeo ens ino-aprendizagem P udemos observar algumas se melhanccedilas com o trabalho que jaacute realizamos em nossa Unidade Escolar

- O tratamento ecumecircnico das questotildees espirituais

- Jaacute t emos uma pr aacutetica de bu sca i ncessante e m c ativar e env olver o s a lunos para trazecirc-los mais proacuteximos da escola e tambeacutem de nosso Projeto Quem ama cuida

- A t entativa de par ticipar da construccedilatildeo do c onhecimento da s cr ianccedilas de m aneira afetuosa e prazerosa

- Desenvolvemos u m c onjunto de accedilotildees que v isam desenvolver a aut o-estima do s alunos

- Nossa insistecircncia de levar os alunos a refletirem sobre ser cidadatildeos solidaacuterios

- A reflexatildeo sobre a U nidade a busca constante de identificar quais aspectos da vida escolar nos aproxima como profissionais e como pessoas

- Como profissionais avaliamos que o C ongresso como um todo tinha uma forma e uma di scussatildeo s obre o am or m uito nov a par a noacutes Im portante per ceber que haacute intelectuais p reocupados e m sistematizar e xperiecircncias e c onhecimento num a aacuter ea onde t radicionalmente s e t em mu ito pr econceito o am or a af etividade T ambeacutem pudemos perceber quais aspectos precisariacuteamos repensar em nossa praacutetica e mesmo em nossa vida

Outros pontos que julgamos importantes e diferentes das capacitaccedilotildees que em geral participamos

- Palestrantes que di scutiam s eu c onhecimento e s uas i deacuteias partindo daqu ilo que realmente somos das nossas limitaccedilotildees como humanos e profissionais

- A possibilidade de perceber que muitas pessoas estatildeo preocupadas em buscar uma compreensatildeo maior do mundo e da s relaccedilotildees que estabelecemos com ele e c om as pessoasrdquo [LIMEIRA 2003c p1-2 ndash o grifo eacute nosso]

O q ue s e pode obs ervar na q uestatildeo da f ormaccedilatildeo pr ofissional docente

continuada o pr ofessor p recisa de t empo par a r efletir e natildeo daacute par a di ssociar o ex erciacutecio

profissional de s ua v ida pr ivada e mbora es te natildeo s eja o obj etivo m as eacute f undamental u m

57

trabalho que envolva esta totalidade Neste contexto registra-se por parte destas professoras e

da escola a preocupaccedilatildeo com as crianccedilas (obrigaccedilatildeo moral) o envolvimento das professoras

com a e scola e co m a c omunidade ( compromisso c om a c omunidade) e o f ato de s erem

educadoras

No g eral o q ue s e obs ervou e m re laccedilatildeo agraves p rofessoras dessa escola no q ue

tange a profissionalidade docente ndash quer seja pela convivecircncia das reuniotildees pedagoacutegicas quer

seja por ocasiatildeo da reuniatildeo cientiacutefica ou congresso quer seja durante o t rabalho desenvolvido

na escola ou mesmo pelos relatos apresentados ndash que estas professoras estatildeo preocupadas

com os escolares tambeacutem possuem uma determinada cumplicidade com a escola e com a sua

direccedilatildeo E sta r elaccedilatildeo f ica c lara na e scola p rincipalmente ent re a s docentes q ue natildeo s atildeo

passageiras na i nstituiccedilatildeo de u m ano par a o out ro H aacute t ambeacutem o c ompromisso ent re a s

docentes em particular por parte da direccedilatildeo com a proacutepria capacitaccedilatildeo do coletivo E ainda na

resoluccedilatildeo dos problemas que afligem a populaccedilatildeo frequumlentadora da escola no que diz respeito

a violecircncia domeacutestica excesso de agressividade entre os alunos orientaccedilatildeo e conscientizaccedilatildeo

dos pais entre out ros P ode-se di zer q ue haacute c ultivo v irtuoso de um a m oral dos ldquo bons

costumesrdquo do exerciacutecio da cidadania na dimensatildeo de ldquofaccedila aos outros aquilo que vocecirc gostaria

que fizesse a vocecircrsquo e ldquonatildeo faccedila aos outros aquilo que vocecirc gostaria que natildeo fizesse com vocecircrdquo

constituindo-se num grande preluacutedio de uma educaccedilatildeo para a paz

CONCLUSAtildeO E M B USCA D A PR OFISSIONALIDADE D OCENTE O U CO MO ldquo CULTIVARldquo JEQUITIBAacuteS NO LUGAR DE EUCALIPTOS

ldquoNatildeo s ei c omo pr eparar o educ ador T alvez i sto natildeo s eja ne m necessaacuterio nem possiacutevel Eacute necessaacuterio ac ordaacute-lo E a iacute aprenderemos que educ adores natildeo s e extinguiram c omo t ropeiros e c aixeiros P orque ta lvez nem t ropeiros e c aixeiros tenham desaparecidos m as permaneccedilam como m emoacuterias de um passado que es taacute mais proacuteximo do no sso futuro que ont em Basta que o c hamemos do seu sono por um ato de amor e coragem E talvez acordados repetiratildeo o milagre da instauraccedilatildeo de novos mundosrdquo (ALVES 1984 p 26)

A reflexatildeo ora apresentada buscou evidenciar os paradigmas que tecircm norteado

a at uaccedilatildeo doc ente c olocando e m q uestatildeo o s s aberes q ue datildeo l egitimidade agrave pr aacutetica

pedagoacutegica Vive-se u m mo mento de m udanccedilas e a f ormaccedilatildeo de pr ofessores natildeo pa ssa

desapercebida havendo um a g rande pr eocupaccedilatildeo e m delimitar me lhor o per fil desse

profissional

Natildeo se pode i gnorar a ldquo cavernardquo que acabou se tornando a no ssa sala de aul a

em virtude das sombras que foram projetadas sobre ela decorrentes da onda de v iolecircncia de

todos o s t ipos q ue s e abat eu s obre a s ociedade e do m odelo de e scola-fabril q ue natildeo s e

justifica mais

58

No v eacutertice de ssa di scussatildeo es taacute a e scola m as co mo c entro de f ormaccedilatildeo

humana e xigindo um a nov a c onfiguraccedilatildeo de r elaccedilotildees so ciais i nterpessoais m as t ambeacutem

curricular e pedagoacutegica Propotildee-se que no centro deste novo processo estejam o professor e o

aluno m as q ue t ambeacutem f accedilam parte da r ealidade e scolar a c omunidade l ocal e a s f orccedilas

produtivas da s ociedade O p rojeto pol iacutetico pedag oacutegico a s er e laborado bem c omo o s

diferentes projetos temaacuteticos prescinde deste conjunto orgacircnico

A escola e as demais instituiccedilotildees natildeo podem mais ser vistas apenas como uma

linha de m ontagem do hom em do s istema Embora possa haver a r eproduccedilatildeo haacute t ambeacutem a

contra-reproduccedilatildeo cada vez que superamos a nossa ineacutercia e mudamos o contexto de nossas

aulas dos relacionamentos enfim por causa daquilo que a escola eacute e natildeo do que tem sido

A f ormaccedilatildeo i nicial e c ontinuada s atildeo dua s r ealidades d istintas e ao m esmo

tempo inseparaacuteveis Pensar a formaccedilatildeo do professor significa ter bem claro que tipo de homem

queremos f ormar q ue t ipo de m undo q ueremos habitar q ue t ipo de s ociedade q ueremos

construir Esta exige uma reflexatildeo constante daquilo que fazemos de nossa histoacuteria de nossas

contradiccedilotildees de no ssas descobertas e p rincipalmente de no ssa s ocializaccedilatildeo enq uanto

professores (educadores)

Somos u ma ldquo profissatildeordquo e m c onstruccedilatildeo e o s nossos cu rriacuteculos e spelham e sta

realidade ao apr esentarem um conjunto de c onhecimentos disciplinares fragmentados Natildeo se

justifica m ais t rabalhar por c ompartimentos pois necessitamos t rabalhar e m r ede e m e ixos

temaacuteticos que visem a perspectiva da unidade na diversidade dos conhecimentos

Neste contexto se poder ia perguntar a inda quem eacute o pr ofessor na ordem das

coisas Para noacutes eacute um ldquoeducador profissionalrdquo que passa por um sistema de formaccedilatildeo formal e

que continua nesse processo ao longo de sua vida Poreacutem imbuiacutedo de uma perspectiva utoacutepica

natildeo deixa que ldquoo mito da cavernardquo o asfixie pois compartilha o seu sonho com outras pessoas

transformando-o e m r ealidade E sta eacute a pr oposta da ESCOLA D E L IMEIRA buscando na s

etapas da profissionalidade docente e num trabalho coletivo e de par ceria natildeo se tornar uma

faacutebrica de eucaliptos mas uma plantaccedilatildeo de jequitibaacutes

Agradecimentos ao corpo docente e discente da EMEIEF ldquoProfa Maria Apparecida de Luca Moorerdquo pela participaccedilatildeo

59

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ALVES R Conversas com quem gosta de ens inar 10 ed Satildeo Paulo Cortez EditoraAutores Associados 1984

CAMBI F Histoacuteria da pedagogia Satildeo Paulo Editora UNESP 1999 701p

CONTRERAS J A autonomia de professores Satildeo Paulo Cortez 2002

FERNANDES R Of iacutecio de pr ofessor o f im e o c omeccedilo do s paradigmas In C ONGRESSO LUSO-BRASILEIRO DE HISTOacuteRIA DA EDUCACcedilAtildeO Praacuteticas Educativas Culturas Escolares e Profissatildeo Docente 2 1998 Satildeo Paulo Anais p 1-20

GADOTTI M Histoacuteria das ideacuteias pedagoacutegicas 3ordf ed Satildeo Paulo Aacutetica 1995

LIMEIRA ( EMEIEF P rofa M aria A pparecida de Luc a M oore) R elatoacuterio da pr ofessoras das primeiras seacuteries (manuscrito) Limeira UNESPRC - Projeto Nuacutecleo de Ensino 2003a 1p

LIMEIRA ( EMEIEF P rofa M aria A pparecida de Luc a M oore) R elatoacuterio da pr ofessoras das terceiras e quartas seacuteries (manuscrito) Limeira UNESPRC - Projeto Nuacutecleo de Ensino 2003b 4p

LIMEIRA ( EMEIEF P rofa M aria A pparecida de Luc a M oore) R elatoacuterio de P articipaccedilatildeo no Congresso de Educaccedilatildeo ndash EDUCACcedilAtildeO A F RATERNIDADE U M C AMINHO P OSSIacuteVEL (manuscrito) Limeira UNESPRC - Projeto Nuacutecleo de Ensino 2003c 2p

LIMEIRA ( EMEIEF P rofa M aria A pparecida de Luc a M oore) P rojeto P oliacutetico P edagoacutegico (manuscrito) Limeira EMEIEF Profordf M aria Apparecida de Luca Moore 2002 132p

LUBICH C Aula magna para o doutorado honoris causa em Pedagogia Universidade Catoacutelica de Washington EUA 2001

MACHADO L M M ercado g lobal a es finge do pr esente In S ILVA J r C A ( Org) O profissional formado por seu curso estaacute preparado para as exigecircncias da nova ordem mundial Satildeo Paulo Pro-Reitoria de Graduaccedilatildeo da UNESP 1996 p 91-106 (VI Circuito PROGRAD)

PELLEGRINI A M S OUZA N ETO S BENITES L C VEIGA M e M OTTA A I O Comportamento Motor no processo de e scolarizaccedilatildeo buscando soluccedilotildees no contexto escolar para a al fabetizaccedilatildeo In Wilson Galego e Aacutelvaro Guedes Cadernos do Nuacutecleo de Ensino Satildeo Paulo SP UNESP ndash PROGRAD 2003 p271-284

PIMENTA S G F ormaccedilatildeo de pr ofessores ndash saberes da docecircncia e i dentidade do pr ofessor Nuances Presidente Prudente vol III setembro pp 5-13 1997

ROSSETO R Etimologias e saberes Espaccedilo Pedagoacutegico v 9 n 2 p86-89 dez2002

SAVIANE D Os saberes implicados na formaccedilatildeo do educador IV Congresso Estadual Paulista sobre formaccedilatildeo de Educadores Aacuteguas de Satildeo Pedro SP UNESP 1996

SCHOumlN D A Formar p rofessores co mo pr ofissionais r eflexivos In N OacuteVOA A ( Org) Os professores e a sua formaccedilatildeo Lisboa Don Quixote 1992 pp 77-92

SOUZA N ETO S A f ormaccedilatildeo i nicial e c ontinuada o s s aberes docentes In C ongresso de Educaccedilatildeo E ducaccedilatildeo a f raternidade u m c aminho po ssiacutevel C entro Mariaacutepolis Ginetta promovido pel o M ovimento H umanidade N ova de 20 a 21 de s etembro de 2003 V argem Grande Paulista Movimento Humanidade Nova 2003 12p

TARDIF M Saberes docentes e formaccedilatildeo profissional Petroacutepolis RJ Vozes 2002

60

Page 12: Boletim ef.org a-profissionalidade-docente-em-questao

necessaacuterias para des envolvecirc-las obrigando-nos a s uperaacute-lasrdquo q ue o s ldquo planos de aul a no s

fizeram perceber que mesmo sem o conhecimento especiacutefico dessa aacuterea jaacute desenvolviacuteamos

algumas a tividades c ontemplando e sses c onteuacutedosrdquo E m re sumo houve ldquomudanccedilas de

comportamento por parte de m uitos professores em relaccedilatildeo ao proacuteprio corpo na aceitaccedilatildeo de

seus limites e valorizaccedilatildeo de s uas proacuteprias habilidadesrdquo e ldquomaior envolvimento e participaccedilatildeo

dos a lunosrdquo ndash em v irtude de q ue as p rofessoras ldquo trabalhando com vaacuterios g rupos pudemos

perceber e respeitar diferentes habilidades e limites de cada alunordquo

3 Relatoacuterio do I Seminaacuterio de Desenvolvimento M otor ldquoO COMPORTAMENTO MOTOR NA EDUCACcedilAtildeO BAacuteSICArdquo

No s egundo s emestre e m outubro f oi desenvolvido o ldquo I S eminaacuterio de

Desenvolvimento M otor o C omportamento M otor na E ducaccedilatildeo B aacutesicardquo p romovido pel a

UNESPRio Claro N uacutecleo de E nsino ndash Campus Rio Claro D epartamento de E ducaccedilatildeo

LABORDAM ndash Departamento de E ducaccedilatildeo Fiacutesica e E MEIEF Profa Maria Apparecida de

Luca Moore de LimeiraSP

O objetivo do seminaacuterio foi reunir professores e estudantes da aacuterea da Educaccedilatildeo

Baacutesica e da E ducaccedilatildeo F iacutesica t endo c omo f oco de di scussatildeo o des envolvimento m otor o

processo de alfabetizaccedilatildeo e a profissionalidade docente

O seminaacuterio ocorreu no A nfiteatro da B iblioteca da UNESP com a par ticipaccedilatildeo

de 75 pe ssoas entre pr ofessores e es tudantes q ue ac ompanharam u ma pr ogramaccedilatildeo q ue

durou o di a i nteiro abrangendo entrega do m aterial do s eminaacuterio s essatildeo de aber tura

apresentaccedilatildeo dos participantes conferecircncia (Prof Dr Osvaldo L Ferraz - USP) mesa-redonda

ndash ldquoO desenvolvimento motor no processo de alfabetizaccedilatildeordquo (Profa Adriana Ijano Motta e Profa

Vera L A Pinheiro - EMEIEF MALM Profa Dra Ana Maria Pellegrini UNESPDEF-RC Profa

Dra Maria Ceciacutelia de O Micotti UNESPDE-RC Prof Dr Francisco Rosa Neto ndash UESC e Prof

Dr Osvaldo Luis Ferraz - USP) almoccedilo debate sobre ldquo O desenvolvimento motor no processo

de alfabetizaccedilatildeordquo intervalo para cafeacute relato de experiecircncias e sessatildeo de encerramento Cabe

ressaltar que na v eacutespera do s eminaacuterio houve tambeacutem uma of icina com o Prof Dr Francisco

Rosa N eto ndash UESC s obre av aliaccedilatildeo m otora par a pr ofessores e stagiaacuterios e c olaboradores

ligados ao Projeto de Limeira

Ao t eacutermino da pr ogramaccedilatildeo f oram entregues o s ce rtificados e r ecolhidos o s

questionaacuterios de avaliaccedilatildeo entregues com o material do seminaacuterio no periacuteodo da manhatilde tendo

entre os participantes as 25 professoras da escola envolvidas no projeto Este se constitui num

momento oportuno de integraccedilatildeo na relaccedilatildeo universidade-comunidade promoccedilatildeo humana e de

resgate da auto-estima de um grupo de professoras que se sentiram valorizadas e respeitadas

56

4 Participaccedilatildeo no C ongresso d e E ducaccedilatildeo ndash EDUCACcedilAtildeO Agrave F RATERNIDADE U M CAMINHO P OSSIacuteVELrdquo p romovido pe lo M ovimento H umanidade nos d ias 20 e 21 d e setembro de 2003 em Vargem Grande Paulista-SP

Na participaccedilatildeo a es te evento que teve como tema central a proposta da Profa

Dra Chiara Lubich (2001) as reflexotildees realizadas aparecem no relatoacuterio que seraacute apresentado

a seguir em que novamente se encontram os valores da profissionalidade docente e parte dos

valores de um curriacuteculo oculto eou do proacuteprio projeto pedagoacutegico presente na descriccedilatildeo

ldquo- O primeiro ponto importante a ser descrito retrata a recepccedilatildeo Havia uma recepccedilatildeo por parte dos organizadores que em muito diferia das recepccedilotildees de capacitaccedilotildees que jaacute par ticipamos O s encarregados da recepccedilatildeo a f izeram de t al f orma que no s sentimos muito bem vindas

- Outro as pecto i mportante f oi o formato o t empo do C ongresso O s encontros e relatos e ram i ntercalados por periacuteodos l ongos de i ntervalo Essa es trutura no s possibilitou uma r eflexatildeo m ais p rofunda c alma e detalhada s obre aqu ilo que estaacutevamos ouvindo vivendo O proacuteprio local incitava paz tranquumlilidade

Em relaccedilatildeo agraves ideacuteias d iscutidas acerca do pens amento da pedagoga i taliana Chiara Lubich a fraternidade o amor a importacircncia dos aspectos afetivos e mesmo espiritual na r elaccedilatildeo ens ino-aprendizagem P udemos observar algumas se melhanccedilas com o trabalho que jaacute realizamos em nossa Unidade Escolar

- O tratamento ecumecircnico das questotildees espirituais

- Jaacute t emos uma pr aacutetica de bu sca i ncessante e m c ativar e env olver o s a lunos para trazecirc-los mais proacuteximos da escola e tambeacutem de nosso Projeto Quem ama cuida

- A t entativa de par ticipar da construccedilatildeo do c onhecimento da s cr ianccedilas de m aneira afetuosa e prazerosa

- Desenvolvemos u m c onjunto de accedilotildees que v isam desenvolver a aut o-estima do s alunos

- Nossa insistecircncia de levar os alunos a refletirem sobre ser cidadatildeos solidaacuterios

- A reflexatildeo sobre a U nidade a busca constante de identificar quais aspectos da vida escolar nos aproxima como profissionais e como pessoas

- Como profissionais avaliamos que o C ongresso como um todo tinha uma forma e uma di scussatildeo s obre o am or m uito nov a par a noacutes Im portante per ceber que haacute intelectuais p reocupados e m sistematizar e xperiecircncias e c onhecimento num a aacuter ea onde t radicionalmente s e t em mu ito pr econceito o am or a af etividade T ambeacutem pudemos perceber quais aspectos precisariacuteamos repensar em nossa praacutetica e mesmo em nossa vida

Outros pontos que julgamos importantes e diferentes das capacitaccedilotildees que em geral participamos

- Palestrantes que di scutiam s eu c onhecimento e s uas i deacuteias partindo daqu ilo que realmente somos das nossas limitaccedilotildees como humanos e profissionais

- A possibilidade de perceber que muitas pessoas estatildeo preocupadas em buscar uma compreensatildeo maior do mundo e da s relaccedilotildees que estabelecemos com ele e c om as pessoasrdquo [LIMEIRA 2003c p1-2 ndash o grifo eacute nosso]

O q ue s e pode obs ervar na q uestatildeo da f ormaccedilatildeo pr ofissional docente

continuada o pr ofessor p recisa de t empo par a r efletir e natildeo daacute par a di ssociar o ex erciacutecio

profissional de s ua v ida pr ivada e mbora es te natildeo s eja o obj etivo m as eacute f undamental u m

57

trabalho que envolva esta totalidade Neste contexto registra-se por parte destas professoras e

da escola a preocupaccedilatildeo com as crianccedilas (obrigaccedilatildeo moral) o envolvimento das professoras

com a e scola e co m a c omunidade ( compromisso c om a c omunidade) e o f ato de s erem

educadoras

No g eral o q ue s e obs ervou e m re laccedilatildeo agraves p rofessoras dessa escola no q ue

tange a profissionalidade docente ndash quer seja pela convivecircncia das reuniotildees pedagoacutegicas quer

seja por ocasiatildeo da reuniatildeo cientiacutefica ou congresso quer seja durante o t rabalho desenvolvido

na escola ou mesmo pelos relatos apresentados ndash que estas professoras estatildeo preocupadas

com os escolares tambeacutem possuem uma determinada cumplicidade com a escola e com a sua

direccedilatildeo E sta r elaccedilatildeo f ica c lara na e scola p rincipalmente ent re a s docentes q ue natildeo s atildeo

passageiras na i nstituiccedilatildeo de u m ano par a o out ro H aacute t ambeacutem o c ompromisso ent re a s

docentes em particular por parte da direccedilatildeo com a proacutepria capacitaccedilatildeo do coletivo E ainda na

resoluccedilatildeo dos problemas que afligem a populaccedilatildeo frequumlentadora da escola no que diz respeito

a violecircncia domeacutestica excesso de agressividade entre os alunos orientaccedilatildeo e conscientizaccedilatildeo

dos pais entre out ros P ode-se di zer q ue haacute c ultivo v irtuoso de um a m oral dos ldquo bons

costumesrdquo do exerciacutecio da cidadania na dimensatildeo de ldquofaccedila aos outros aquilo que vocecirc gostaria

que fizesse a vocecircrsquo e ldquonatildeo faccedila aos outros aquilo que vocecirc gostaria que natildeo fizesse com vocecircrdquo

constituindo-se num grande preluacutedio de uma educaccedilatildeo para a paz

CONCLUSAtildeO E M B USCA D A PR OFISSIONALIDADE D OCENTE O U CO MO ldquo CULTIVARldquo JEQUITIBAacuteS NO LUGAR DE EUCALIPTOS

ldquoNatildeo s ei c omo pr eparar o educ ador T alvez i sto natildeo s eja ne m necessaacuterio nem possiacutevel Eacute necessaacuterio ac ordaacute-lo E a iacute aprenderemos que educ adores natildeo s e extinguiram c omo t ropeiros e c aixeiros P orque ta lvez nem t ropeiros e c aixeiros tenham desaparecidos m as permaneccedilam como m emoacuterias de um passado que es taacute mais proacuteximo do no sso futuro que ont em Basta que o c hamemos do seu sono por um ato de amor e coragem E talvez acordados repetiratildeo o milagre da instauraccedilatildeo de novos mundosrdquo (ALVES 1984 p 26)

A reflexatildeo ora apresentada buscou evidenciar os paradigmas que tecircm norteado

a at uaccedilatildeo doc ente c olocando e m q uestatildeo o s s aberes q ue datildeo l egitimidade agrave pr aacutetica

pedagoacutegica Vive-se u m mo mento de m udanccedilas e a f ormaccedilatildeo de pr ofessores natildeo pa ssa

desapercebida havendo um a g rande pr eocupaccedilatildeo e m delimitar me lhor o per fil desse

profissional

Natildeo se pode i gnorar a ldquo cavernardquo que acabou se tornando a no ssa sala de aul a

em virtude das sombras que foram projetadas sobre ela decorrentes da onda de v iolecircncia de

todos o s t ipos q ue s e abat eu s obre a s ociedade e do m odelo de e scola-fabril q ue natildeo s e

justifica mais

58

No v eacutertice de ssa di scussatildeo es taacute a e scola m as co mo c entro de f ormaccedilatildeo

humana e xigindo um a nov a c onfiguraccedilatildeo de r elaccedilotildees so ciais i nterpessoais m as t ambeacutem

curricular e pedagoacutegica Propotildee-se que no centro deste novo processo estejam o professor e o

aluno m as q ue t ambeacutem f accedilam parte da r ealidade e scolar a c omunidade l ocal e a s f orccedilas

produtivas da s ociedade O p rojeto pol iacutetico pedag oacutegico a s er e laborado bem c omo o s

diferentes projetos temaacuteticos prescinde deste conjunto orgacircnico

A escola e as demais instituiccedilotildees natildeo podem mais ser vistas apenas como uma

linha de m ontagem do hom em do s istema Embora possa haver a r eproduccedilatildeo haacute t ambeacutem a

contra-reproduccedilatildeo cada vez que superamos a nossa ineacutercia e mudamos o contexto de nossas

aulas dos relacionamentos enfim por causa daquilo que a escola eacute e natildeo do que tem sido

A f ormaccedilatildeo i nicial e c ontinuada s atildeo dua s r ealidades d istintas e ao m esmo

tempo inseparaacuteveis Pensar a formaccedilatildeo do professor significa ter bem claro que tipo de homem

queremos f ormar q ue t ipo de m undo q ueremos habitar q ue t ipo de s ociedade q ueremos

construir Esta exige uma reflexatildeo constante daquilo que fazemos de nossa histoacuteria de nossas

contradiccedilotildees de no ssas descobertas e p rincipalmente de no ssa s ocializaccedilatildeo enq uanto

professores (educadores)

Somos u ma ldquo profissatildeordquo e m c onstruccedilatildeo e o s nossos cu rriacuteculos e spelham e sta

realidade ao apr esentarem um conjunto de c onhecimentos disciplinares fragmentados Natildeo se

justifica m ais t rabalhar por c ompartimentos pois necessitamos t rabalhar e m r ede e m e ixos

temaacuteticos que visem a perspectiva da unidade na diversidade dos conhecimentos

Neste contexto se poder ia perguntar a inda quem eacute o pr ofessor na ordem das

coisas Para noacutes eacute um ldquoeducador profissionalrdquo que passa por um sistema de formaccedilatildeo formal e

que continua nesse processo ao longo de sua vida Poreacutem imbuiacutedo de uma perspectiva utoacutepica

natildeo deixa que ldquoo mito da cavernardquo o asfixie pois compartilha o seu sonho com outras pessoas

transformando-o e m r ealidade E sta eacute a pr oposta da ESCOLA D E L IMEIRA buscando na s

etapas da profissionalidade docente e num trabalho coletivo e de par ceria natildeo se tornar uma

faacutebrica de eucaliptos mas uma plantaccedilatildeo de jequitibaacutes

Agradecimentos ao corpo docente e discente da EMEIEF ldquoProfa Maria Apparecida de Luca Moorerdquo pela participaccedilatildeo

59

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ALVES R Conversas com quem gosta de ens inar 10 ed Satildeo Paulo Cortez EditoraAutores Associados 1984

CAMBI F Histoacuteria da pedagogia Satildeo Paulo Editora UNESP 1999 701p

CONTRERAS J A autonomia de professores Satildeo Paulo Cortez 2002

FERNANDES R Of iacutecio de pr ofessor o f im e o c omeccedilo do s paradigmas In C ONGRESSO LUSO-BRASILEIRO DE HISTOacuteRIA DA EDUCACcedilAtildeO Praacuteticas Educativas Culturas Escolares e Profissatildeo Docente 2 1998 Satildeo Paulo Anais p 1-20

GADOTTI M Histoacuteria das ideacuteias pedagoacutegicas 3ordf ed Satildeo Paulo Aacutetica 1995

LIMEIRA ( EMEIEF P rofa M aria A pparecida de Luc a M oore) R elatoacuterio da pr ofessoras das primeiras seacuteries (manuscrito) Limeira UNESPRC - Projeto Nuacutecleo de Ensino 2003a 1p

LIMEIRA ( EMEIEF P rofa M aria A pparecida de Luc a M oore) R elatoacuterio da pr ofessoras das terceiras e quartas seacuteries (manuscrito) Limeira UNESPRC - Projeto Nuacutecleo de Ensino 2003b 4p

LIMEIRA ( EMEIEF P rofa M aria A pparecida de Luc a M oore) R elatoacuterio de P articipaccedilatildeo no Congresso de Educaccedilatildeo ndash EDUCACcedilAtildeO A F RATERNIDADE U M C AMINHO P OSSIacuteVEL (manuscrito) Limeira UNESPRC - Projeto Nuacutecleo de Ensino 2003c 2p

LIMEIRA ( EMEIEF P rofa M aria A pparecida de Luc a M oore) P rojeto P oliacutetico P edagoacutegico (manuscrito) Limeira EMEIEF Profordf M aria Apparecida de Luca Moore 2002 132p

LUBICH C Aula magna para o doutorado honoris causa em Pedagogia Universidade Catoacutelica de Washington EUA 2001

MACHADO L M M ercado g lobal a es finge do pr esente In S ILVA J r C A ( Org) O profissional formado por seu curso estaacute preparado para as exigecircncias da nova ordem mundial Satildeo Paulo Pro-Reitoria de Graduaccedilatildeo da UNESP 1996 p 91-106 (VI Circuito PROGRAD)

PELLEGRINI A M S OUZA N ETO S BENITES L C VEIGA M e M OTTA A I O Comportamento Motor no processo de e scolarizaccedilatildeo buscando soluccedilotildees no contexto escolar para a al fabetizaccedilatildeo In Wilson Galego e Aacutelvaro Guedes Cadernos do Nuacutecleo de Ensino Satildeo Paulo SP UNESP ndash PROGRAD 2003 p271-284

PIMENTA S G F ormaccedilatildeo de pr ofessores ndash saberes da docecircncia e i dentidade do pr ofessor Nuances Presidente Prudente vol III setembro pp 5-13 1997

ROSSETO R Etimologias e saberes Espaccedilo Pedagoacutegico v 9 n 2 p86-89 dez2002

SAVIANE D Os saberes implicados na formaccedilatildeo do educador IV Congresso Estadual Paulista sobre formaccedilatildeo de Educadores Aacuteguas de Satildeo Pedro SP UNESP 1996

SCHOumlN D A Formar p rofessores co mo pr ofissionais r eflexivos In N OacuteVOA A ( Org) Os professores e a sua formaccedilatildeo Lisboa Don Quixote 1992 pp 77-92

SOUZA N ETO S A f ormaccedilatildeo i nicial e c ontinuada o s s aberes docentes In C ongresso de Educaccedilatildeo E ducaccedilatildeo a f raternidade u m c aminho po ssiacutevel C entro Mariaacutepolis Ginetta promovido pel o M ovimento H umanidade N ova de 20 a 21 de s etembro de 2003 V argem Grande Paulista Movimento Humanidade Nova 2003 12p

TARDIF M Saberes docentes e formaccedilatildeo profissional Petroacutepolis RJ Vozes 2002

60

Page 13: Boletim ef.org a-profissionalidade-docente-em-questao

4 Participaccedilatildeo no C ongresso d e E ducaccedilatildeo ndash EDUCACcedilAtildeO Agrave F RATERNIDADE U M CAMINHO P OSSIacuteVELrdquo p romovido pe lo M ovimento H umanidade nos d ias 20 e 21 d e setembro de 2003 em Vargem Grande Paulista-SP

Na participaccedilatildeo a es te evento que teve como tema central a proposta da Profa

Dra Chiara Lubich (2001) as reflexotildees realizadas aparecem no relatoacuterio que seraacute apresentado

a seguir em que novamente se encontram os valores da profissionalidade docente e parte dos

valores de um curriacuteculo oculto eou do proacuteprio projeto pedagoacutegico presente na descriccedilatildeo

ldquo- O primeiro ponto importante a ser descrito retrata a recepccedilatildeo Havia uma recepccedilatildeo por parte dos organizadores que em muito diferia das recepccedilotildees de capacitaccedilotildees que jaacute par ticipamos O s encarregados da recepccedilatildeo a f izeram de t al f orma que no s sentimos muito bem vindas

- Outro as pecto i mportante f oi o formato o t empo do C ongresso O s encontros e relatos e ram i ntercalados por periacuteodos l ongos de i ntervalo Essa es trutura no s possibilitou uma r eflexatildeo m ais p rofunda c alma e detalhada s obre aqu ilo que estaacutevamos ouvindo vivendo O proacuteprio local incitava paz tranquumlilidade

Em relaccedilatildeo agraves ideacuteias d iscutidas acerca do pens amento da pedagoga i taliana Chiara Lubich a fraternidade o amor a importacircncia dos aspectos afetivos e mesmo espiritual na r elaccedilatildeo ens ino-aprendizagem P udemos observar algumas se melhanccedilas com o trabalho que jaacute realizamos em nossa Unidade Escolar

- O tratamento ecumecircnico das questotildees espirituais

- Jaacute t emos uma pr aacutetica de bu sca i ncessante e m c ativar e env olver o s a lunos para trazecirc-los mais proacuteximos da escola e tambeacutem de nosso Projeto Quem ama cuida

- A t entativa de par ticipar da construccedilatildeo do c onhecimento da s cr ianccedilas de m aneira afetuosa e prazerosa

- Desenvolvemos u m c onjunto de accedilotildees que v isam desenvolver a aut o-estima do s alunos

- Nossa insistecircncia de levar os alunos a refletirem sobre ser cidadatildeos solidaacuterios

- A reflexatildeo sobre a U nidade a busca constante de identificar quais aspectos da vida escolar nos aproxima como profissionais e como pessoas

- Como profissionais avaliamos que o C ongresso como um todo tinha uma forma e uma di scussatildeo s obre o am or m uito nov a par a noacutes Im portante per ceber que haacute intelectuais p reocupados e m sistematizar e xperiecircncias e c onhecimento num a aacuter ea onde t radicionalmente s e t em mu ito pr econceito o am or a af etividade T ambeacutem pudemos perceber quais aspectos precisariacuteamos repensar em nossa praacutetica e mesmo em nossa vida

Outros pontos que julgamos importantes e diferentes das capacitaccedilotildees que em geral participamos

- Palestrantes que di scutiam s eu c onhecimento e s uas i deacuteias partindo daqu ilo que realmente somos das nossas limitaccedilotildees como humanos e profissionais

- A possibilidade de perceber que muitas pessoas estatildeo preocupadas em buscar uma compreensatildeo maior do mundo e da s relaccedilotildees que estabelecemos com ele e c om as pessoasrdquo [LIMEIRA 2003c p1-2 ndash o grifo eacute nosso]

O q ue s e pode obs ervar na q uestatildeo da f ormaccedilatildeo pr ofissional docente

continuada o pr ofessor p recisa de t empo par a r efletir e natildeo daacute par a di ssociar o ex erciacutecio

profissional de s ua v ida pr ivada e mbora es te natildeo s eja o obj etivo m as eacute f undamental u m

57

trabalho que envolva esta totalidade Neste contexto registra-se por parte destas professoras e

da escola a preocupaccedilatildeo com as crianccedilas (obrigaccedilatildeo moral) o envolvimento das professoras

com a e scola e co m a c omunidade ( compromisso c om a c omunidade) e o f ato de s erem

educadoras

No g eral o q ue s e obs ervou e m re laccedilatildeo agraves p rofessoras dessa escola no q ue

tange a profissionalidade docente ndash quer seja pela convivecircncia das reuniotildees pedagoacutegicas quer

seja por ocasiatildeo da reuniatildeo cientiacutefica ou congresso quer seja durante o t rabalho desenvolvido

na escola ou mesmo pelos relatos apresentados ndash que estas professoras estatildeo preocupadas

com os escolares tambeacutem possuem uma determinada cumplicidade com a escola e com a sua

direccedilatildeo E sta r elaccedilatildeo f ica c lara na e scola p rincipalmente ent re a s docentes q ue natildeo s atildeo

passageiras na i nstituiccedilatildeo de u m ano par a o out ro H aacute t ambeacutem o c ompromisso ent re a s

docentes em particular por parte da direccedilatildeo com a proacutepria capacitaccedilatildeo do coletivo E ainda na

resoluccedilatildeo dos problemas que afligem a populaccedilatildeo frequumlentadora da escola no que diz respeito

a violecircncia domeacutestica excesso de agressividade entre os alunos orientaccedilatildeo e conscientizaccedilatildeo

dos pais entre out ros P ode-se di zer q ue haacute c ultivo v irtuoso de um a m oral dos ldquo bons

costumesrdquo do exerciacutecio da cidadania na dimensatildeo de ldquofaccedila aos outros aquilo que vocecirc gostaria

que fizesse a vocecircrsquo e ldquonatildeo faccedila aos outros aquilo que vocecirc gostaria que natildeo fizesse com vocecircrdquo

constituindo-se num grande preluacutedio de uma educaccedilatildeo para a paz

CONCLUSAtildeO E M B USCA D A PR OFISSIONALIDADE D OCENTE O U CO MO ldquo CULTIVARldquo JEQUITIBAacuteS NO LUGAR DE EUCALIPTOS

ldquoNatildeo s ei c omo pr eparar o educ ador T alvez i sto natildeo s eja ne m necessaacuterio nem possiacutevel Eacute necessaacuterio ac ordaacute-lo E a iacute aprenderemos que educ adores natildeo s e extinguiram c omo t ropeiros e c aixeiros P orque ta lvez nem t ropeiros e c aixeiros tenham desaparecidos m as permaneccedilam como m emoacuterias de um passado que es taacute mais proacuteximo do no sso futuro que ont em Basta que o c hamemos do seu sono por um ato de amor e coragem E talvez acordados repetiratildeo o milagre da instauraccedilatildeo de novos mundosrdquo (ALVES 1984 p 26)

A reflexatildeo ora apresentada buscou evidenciar os paradigmas que tecircm norteado

a at uaccedilatildeo doc ente c olocando e m q uestatildeo o s s aberes q ue datildeo l egitimidade agrave pr aacutetica

pedagoacutegica Vive-se u m mo mento de m udanccedilas e a f ormaccedilatildeo de pr ofessores natildeo pa ssa

desapercebida havendo um a g rande pr eocupaccedilatildeo e m delimitar me lhor o per fil desse

profissional

Natildeo se pode i gnorar a ldquo cavernardquo que acabou se tornando a no ssa sala de aul a

em virtude das sombras que foram projetadas sobre ela decorrentes da onda de v iolecircncia de

todos o s t ipos q ue s e abat eu s obre a s ociedade e do m odelo de e scola-fabril q ue natildeo s e

justifica mais

58

No v eacutertice de ssa di scussatildeo es taacute a e scola m as co mo c entro de f ormaccedilatildeo

humana e xigindo um a nov a c onfiguraccedilatildeo de r elaccedilotildees so ciais i nterpessoais m as t ambeacutem

curricular e pedagoacutegica Propotildee-se que no centro deste novo processo estejam o professor e o

aluno m as q ue t ambeacutem f accedilam parte da r ealidade e scolar a c omunidade l ocal e a s f orccedilas

produtivas da s ociedade O p rojeto pol iacutetico pedag oacutegico a s er e laborado bem c omo o s

diferentes projetos temaacuteticos prescinde deste conjunto orgacircnico

A escola e as demais instituiccedilotildees natildeo podem mais ser vistas apenas como uma

linha de m ontagem do hom em do s istema Embora possa haver a r eproduccedilatildeo haacute t ambeacutem a

contra-reproduccedilatildeo cada vez que superamos a nossa ineacutercia e mudamos o contexto de nossas

aulas dos relacionamentos enfim por causa daquilo que a escola eacute e natildeo do que tem sido

A f ormaccedilatildeo i nicial e c ontinuada s atildeo dua s r ealidades d istintas e ao m esmo

tempo inseparaacuteveis Pensar a formaccedilatildeo do professor significa ter bem claro que tipo de homem

queremos f ormar q ue t ipo de m undo q ueremos habitar q ue t ipo de s ociedade q ueremos

construir Esta exige uma reflexatildeo constante daquilo que fazemos de nossa histoacuteria de nossas

contradiccedilotildees de no ssas descobertas e p rincipalmente de no ssa s ocializaccedilatildeo enq uanto

professores (educadores)

Somos u ma ldquo profissatildeordquo e m c onstruccedilatildeo e o s nossos cu rriacuteculos e spelham e sta

realidade ao apr esentarem um conjunto de c onhecimentos disciplinares fragmentados Natildeo se

justifica m ais t rabalhar por c ompartimentos pois necessitamos t rabalhar e m r ede e m e ixos

temaacuteticos que visem a perspectiva da unidade na diversidade dos conhecimentos

Neste contexto se poder ia perguntar a inda quem eacute o pr ofessor na ordem das

coisas Para noacutes eacute um ldquoeducador profissionalrdquo que passa por um sistema de formaccedilatildeo formal e

que continua nesse processo ao longo de sua vida Poreacutem imbuiacutedo de uma perspectiva utoacutepica

natildeo deixa que ldquoo mito da cavernardquo o asfixie pois compartilha o seu sonho com outras pessoas

transformando-o e m r ealidade E sta eacute a pr oposta da ESCOLA D E L IMEIRA buscando na s

etapas da profissionalidade docente e num trabalho coletivo e de par ceria natildeo se tornar uma

faacutebrica de eucaliptos mas uma plantaccedilatildeo de jequitibaacutes

Agradecimentos ao corpo docente e discente da EMEIEF ldquoProfa Maria Apparecida de Luca Moorerdquo pela participaccedilatildeo

59

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ALVES R Conversas com quem gosta de ens inar 10 ed Satildeo Paulo Cortez EditoraAutores Associados 1984

CAMBI F Histoacuteria da pedagogia Satildeo Paulo Editora UNESP 1999 701p

CONTRERAS J A autonomia de professores Satildeo Paulo Cortez 2002

FERNANDES R Of iacutecio de pr ofessor o f im e o c omeccedilo do s paradigmas In C ONGRESSO LUSO-BRASILEIRO DE HISTOacuteRIA DA EDUCACcedilAtildeO Praacuteticas Educativas Culturas Escolares e Profissatildeo Docente 2 1998 Satildeo Paulo Anais p 1-20

GADOTTI M Histoacuteria das ideacuteias pedagoacutegicas 3ordf ed Satildeo Paulo Aacutetica 1995

LIMEIRA ( EMEIEF P rofa M aria A pparecida de Luc a M oore) R elatoacuterio da pr ofessoras das primeiras seacuteries (manuscrito) Limeira UNESPRC - Projeto Nuacutecleo de Ensino 2003a 1p

LIMEIRA ( EMEIEF P rofa M aria A pparecida de Luc a M oore) R elatoacuterio da pr ofessoras das terceiras e quartas seacuteries (manuscrito) Limeira UNESPRC - Projeto Nuacutecleo de Ensino 2003b 4p

LIMEIRA ( EMEIEF P rofa M aria A pparecida de Luc a M oore) R elatoacuterio de P articipaccedilatildeo no Congresso de Educaccedilatildeo ndash EDUCACcedilAtildeO A F RATERNIDADE U M C AMINHO P OSSIacuteVEL (manuscrito) Limeira UNESPRC - Projeto Nuacutecleo de Ensino 2003c 2p

LIMEIRA ( EMEIEF P rofa M aria A pparecida de Luc a M oore) P rojeto P oliacutetico P edagoacutegico (manuscrito) Limeira EMEIEF Profordf M aria Apparecida de Luca Moore 2002 132p

LUBICH C Aula magna para o doutorado honoris causa em Pedagogia Universidade Catoacutelica de Washington EUA 2001

MACHADO L M M ercado g lobal a es finge do pr esente In S ILVA J r C A ( Org) O profissional formado por seu curso estaacute preparado para as exigecircncias da nova ordem mundial Satildeo Paulo Pro-Reitoria de Graduaccedilatildeo da UNESP 1996 p 91-106 (VI Circuito PROGRAD)

PELLEGRINI A M S OUZA N ETO S BENITES L C VEIGA M e M OTTA A I O Comportamento Motor no processo de e scolarizaccedilatildeo buscando soluccedilotildees no contexto escolar para a al fabetizaccedilatildeo In Wilson Galego e Aacutelvaro Guedes Cadernos do Nuacutecleo de Ensino Satildeo Paulo SP UNESP ndash PROGRAD 2003 p271-284

PIMENTA S G F ormaccedilatildeo de pr ofessores ndash saberes da docecircncia e i dentidade do pr ofessor Nuances Presidente Prudente vol III setembro pp 5-13 1997

ROSSETO R Etimologias e saberes Espaccedilo Pedagoacutegico v 9 n 2 p86-89 dez2002

SAVIANE D Os saberes implicados na formaccedilatildeo do educador IV Congresso Estadual Paulista sobre formaccedilatildeo de Educadores Aacuteguas de Satildeo Pedro SP UNESP 1996

SCHOumlN D A Formar p rofessores co mo pr ofissionais r eflexivos In N OacuteVOA A ( Org) Os professores e a sua formaccedilatildeo Lisboa Don Quixote 1992 pp 77-92

SOUZA N ETO S A f ormaccedilatildeo i nicial e c ontinuada o s s aberes docentes In C ongresso de Educaccedilatildeo E ducaccedilatildeo a f raternidade u m c aminho po ssiacutevel C entro Mariaacutepolis Ginetta promovido pel o M ovimento H umanidade N ova de 20 a 21 de s etembro de 2003 V argem Grande Paulista Movimento Humanidade Nova 2003 12p

TARDIF M Saberes docentes e formaccedilatildeo profissional Petroacutepolis RJ Vozes 2002

60

Page 14: Boletim ef.org a-profissionalidade-docente-em-questao

trabalho que envolva esta totalidade Neste contexto registra-se por parte destas professoras e

da escola a preocupaccedilatildeo com as crianccedilas (obrigaccedilatildeo moral) o envolvimento das professoras

com a e scola e co m a c omunidade ( compromisso c om a c omunidade) e o f ato de s erem

educadoras

No g eral o q ue s e obs ervou e m re laccedilatildeo agraves p rofessoras dessa escola no q ue

tange a profissionalidade docente ndash quer seja pela convivecircncia das reuniotildees pedagoacutegicas quer

seja por ocasiatildeo da reuniatildeo cientiacutefica ou congresso quer seja durante o t rabalho desenvolvido

na escola ou mesmo pelos relatos apresentados ndash que estas professoras estatildeo preocupadas

com os escolares tambeacutem possuem uma determinada cumplicidade com a escola e com a sua

direccedilatildeo E sta r elaccedilatildeo f ica c lara na e scola p rincipalmente ent re a s docentes q ue natildeo s atildeo

passageiras na i nstituiccedilatildeo de u m ano par a o out ro H aacute t ambeacutem o c ompromisso ent re a s

docentes em particular por parte da direccedilatildeo com a proacutepria capacitaccedilatildeo do coletivo E ainda na

resoluccedilatildeo dos problemas que afligem a populaccedilatildeo frequumlentadora da escola no que diz respeito

a violecircncia domeacutestica excesso de agressividade entre os alunos orientaccedilatildeo e conscientizaccedilatildeo

dos pais entre out ros P ode-se di zer q ue haacute c ultivo v irtuoso de um a m oral dos ldquo bons

costumesrdquo do exerciacutecio da cidadania na dimensatildeo de ldquofaccedila aos outros aquilo que vocecirc gostaria

que fizesse a vocecircrsquo e ldquonatildeo faccedila aos outros aquilo que vocecirc gostaria que natildeo fizesse com vocecircrdquo

constituindo-se num grande preluacutedio de uma educaccedilatildeo para a paz

CONCLUSAtildeO E M B USCA D A PR OFISSIONALIDADE D OCENTE O U CO MO ldquo CULTIVARldquo JEQUITIBAacuteS NO LUGAR DE EUCALIPTOS

ldquoNatildeo s ei c omo pr eparar o educ ador T alvez i sto natildeo s eja ne m necessaacuterio nem possiacutevel Eacute necessaacuterio ac ordaacute-lo E a iacute aprenderemos que educ adores natildeo s e extinguiram c omo t ropeiros e c aixeiros P orque ta lvez nem t ropeiros e c aixeiros tenham desaparecidos m as permaneccedilam como m emoacuterias de um passado que es taacute mais proacuteximo do no sso futuro que ont em Basta que o c hamemos do seu sono por um ato de amor e coragem E talvez acordados repetiratildeo o milagre da instauraccedilatildeo de novos mundosrdquo (ALVES 1984 p 26)

A reflexatildeo ora apresentada buscou evidenciar os paradigmas que tecircm norteado

a at uaccedilatildeo doc ente c olocando e m q uestatildeo o s s aberes q ue datildeo l egitimidade agrave pr aacutetica

pedagoacutegica Vive-se u m mo mento de m udanccedilas e a f ormaccedilatildeo de pr ofessores natildeo pa ssa

desapercebida havendo um a g rande pr eocupaccedilatildeo e m delimitar me lhor o per fil desse

profissional

Natildeo se pode i gnorar a ldquo cavernardquo que acabou se tornando a no ssa sala de aul a

em virtude das sombras que foram projetadas sobre ela decorrentes da onda de v iolecircncia de

todos o s t ipos q ue s e abat eu s obre a s ociedade e do m odelo de e scola-fabril q ue natildeo s e

justifica mais

58

No v eacutertice de ssa di scussatildeo es taacute a e scola m as co mo c entro de f ormaccedilatildeo

humana e xigindo um a nov a c onfiguraccedilatildeo de r elaccedilotildees so ciais i nterpessoais m as t ambeacutem

curricular e pedagoacutegica Propotildee-se que no centro deste novo processo estejam o professor e o

aluno m as q ue t ambeacutem f accedilam parte da r ealidade e scolar a c omunidade l ocal e a s f orccedilas

produtivas da s ociedade O p rojeto pol iacutetico pedag oacutegico a s er e laborado bem c omo o s

diferentes projetos temaacuteticos prescinde deste conjunto orgacircnico

A escola e as demais instituiccedilotildees natildeo podem mais ser vistas apenas como uma

linha de m ontagem do hom em do s istema Embora possa haver a r eproduccedilatildeo haacute t ambeacutem a

contra-reproduccedilatildeo cada vez que superamos a nossa ineacutercia e mudamos o contexto de nossas

aulas dos relacionamentos enfim por causa daquilo que a escola eacute e natildeo do que tem sido

A f ormaccedilatildeo i nicial e c ontinuada s atildeo dua s r ealidades d istintas e ao m esmo

tempo inseparaacuteveis Pensar a formaccedilatildeo do professor significa ter bem claro que tipo de homem

queremos f ormar q ue t ipo de m undo q ueremos habitar q ue t ipo de s ociedade q ueremos

construir Esta exige uma reflexatildeo constante daquilo que fazemos de nossa histoacuteria de nossas

contradiccedilotildees de no ssas descobertas e p rincipalmente de no ssa s ocializaccedilatildeo enq uanto

professores (educadores)

Somos u ma ldquo profissatildeordquo e m c onstruccedilatildeo e o s nossos cu rriacuteculos e spelham e sta

realidade ao apr esentarem um conjunto de c onhecimentos disciplinares fragmentados Natildeo se

justifica m ais t rabalhar por c ompartimentos pois necessitamos t rabalhar e m r ede e m e ixos

temaacuteticos que visem a perspectiva da unidade na diversidade dos conhecimentos

Neste contexto se poder ia perguntar a inda quem eacute o pr ofessor na ordem das

coisas Para noacutes eacute um ldquoeducador profissionalrdquo que passa por um sistema de formaccedilatildeo formal e

que continua nesse processo ao longo de sua vida Poreacutem imbuiacutedo de uma perspectiva utoacutepica

natildeo deixa que ldquoo mito da cavernardquo o asfixie pois compartilha o seu sonho com outras pessoas

transformando-o e m r ealidade E sta eacute a pr oposta da ESCOLA D E L IMEIRA buscando na s

etapas da profissionalidade docente e num trabalho coletivo e de par ceria natildeo se tornar uma

faacutebrica de eucaliptos mas uma plantaccedilatildeo de jequitibaacutes

Agradecimentos ao corpo docente e discente da EMEIEF ldquoProfa Maria Apparecida de Luca Moorerdquo pela participaccedilatildeo

59

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ALVES R Conversas com quem gosta de ens inar 10 ed Satildeo Paulo Cortez EditoraAutores Associados 1984

CAMBI F Histoacuteria da pedagogia Satildeo Paulo Editora UNESP 1999 701p

CONTRERAS J A autonomia de professores Satildeo Paulo Cortez 2002

FERNANDES R Of iacutecio de pr ofessor o f im e o c omeccedilo do s paradigmas In C ONGRESSO LUSO-BRASILEIRO DE HISTOacuteRIA DA EDUCACcedilAtildeO Praacuteticas Educativas Culturas Escolares e Profissatildeo Docente 2 1998 Satildeo Paulo Anais p 1-20

GADOTTI M Histoacuteria das ideacuteias pedagoacutegicas 3ordf ed Satildeo Paulo Aacutetica 1995

LIMEIRA ( EMEIEF P rofa M aria A pparecida de Luc a M oore) R elatoacuterio da pr ofessoras das primeiras seacuteries (manuscrito) Limeira UNESPRC - Projeto Nuacutecleo de Ensino 2003a 1p

LIMEIRA ( EMEIEF P rofa M aria A pparecida de Luc a M oore) R elatoacuterio da pr ofessoras das terceiras e quartas seacuteries (manuscrito) Limeira UNESPRC - Projeto Nuacutecleo de Ensino 2003b 4p

LIMEIRA ( EMEIEF P rofa M aria A pparecida de Luc a M oore) R elatoacuterio de P articipaccedilatildeo no Congresso de Educaccedilatildeo ndash EDUCACcedilAtildeO A F RATERNIDADE U M C AMINHO P OSSIacuteVEL (manuscrito) Limeira UNESPRC - Projeto Nuacutecleo de Ensino 2003c 2p

LIMEIRA ( EMEIEF P rofa M aria A pparecida de Luc a M oore) P rojeto P oliacutetico P edagoacutegico (manuscrito) Limeira EMEIEF Profordf M aria Apparecida de Luca Moore 2002 132p

LUBICH C Aula magna para o doutorado honoris causa em Pedagogia Universidade Catoacutelica de Washington EUA 2001

MACHADO L M M ercado g lobal a es finge do pr esente In S ILVA J r C A ( Org) O profissional formado por seu curso estaacute preparado para as exigecircncias da nova ordem mundial Satildeo Paulo Pro-Reitoria de Graduaccedilatildeo da UNESP 1996 p 91-106 (VI Circuito PROGRAD)

PELLEGRINI A M S OUZA N ETO S BENITES L C VEIGA M e M OTTA A I O Comportamento Motor no processo de e scolarizaccedilatildeo buscando soluccedilotildees no contexto escolar para a al fabetizaccedilatildeo In Wilson Galego e Aacutelvaro Guedes Cadernos do Nuacutecleo de Ensino Satildeo Paulo SP UNESP ndash PROGRAD 2003 p271-284

PIMENTA S G F ormaccedilatildeo de pr ofessores ndash saberes da docecircncia e i dentidade do pr ofessor Nuances Presidente Prudente vol III setembro pp 5-13 1997

ROSSETO R Etimologias e saberes Espaccedilo Pedagoacutegico v 9 n 2 p86-89 dez2002

SAVIANE D Os saberes implicados na formaccedilatildeo do educador IV Congresso Estadual Paulista sobre formaccedilatildeo de Educadores Aacuteguas de Satildeo Pedro SP UNESP 1996

SCHOumlN D A Formar p rofessores co mo pr ofissionais r eflexivos In N OacuteVOA A ( Org) Os professores e a sua formaccedilatildeo Lisboa Don Quixote 1992 pp 77-92

SOUZA N ETO S A f ormaccedilatildeo i nicial e c ontinuada o s s aberes docentes In C ongresso de Educaccedilatildeo E ducaccedilatildeo a f raternidade u m c aminho po ssiacutevel C entro Mariaacutepolis Ginetta promovido pel o M ovimento H umanidade N ova de 20 a 21 de s etembro de 2003 V argem Grande Paulista Movimento Humanidade Nova 2003 12p

TARDIF M Saberes docentes e formaccedilatildeo profissional Petroacutepolis RJ Vozes 2002

60

Page 15: Boletim ef.org a-profissionalidade-docente-em-questao

No v eacutertice de ssa di scussatildeo es taacute a e scola m as co mo c entro de f ormaccedilatildeo

humana e xigindo um a nov a c onfiguraccedilatildeo de r elaccedilotildees so ciais i nterpessoais m as t ambeacutem

curricular e pedagoacutegica Propotildee-se que no centro deste novo processo estejam o professor e o

aluno m as q ue t ambeacutem f accedilam parte da r ealidade e scolar a c omunidade l ocal e a s f orccedilas

produtivas da s ociedade O p rojeto pol iacutetico pedag oacutegico a s er e laborado bem c omo o s

diferentes projetos temaacuteticos prescinde deste conjunto orgacircnico

A escola e as demais instituiccedilotildees natildeo podem mais ser vistas apenas como uma

linha de m ontagem do hom em do s istema Embora possa haver a r eproduccedilatildeo haacute t ambeacutem a

contra-reproduccedilatildeo cada vez que superamos a nossa ineacutercia e mudamos o contexto de nossas

aulas dos relacionamentos enfim por causa daquilo que a escola eacute e natildeo do que tem sido

A f ormaccedilatildeo i nicial e c ontinuada s atildeo dua s r ealidades d istintas e ao m esmo

tempo inseparaacuteveis Pensar a formaccedilatildeo do professor significa ter bem claro que tipo de homem

queremos f ormar q ue t ipo de m undo q ueremos habitar q ue t ipo de s ociedade q ueremos

construir Esta exige uma reflexatildeo constante daquilo que fazemos de nossa histoacuteria de nossas

contradiccedilotildees de no ssas descobertas e p rincipalmente de no ssa s ocializaccedilatildeo enq uanto

professores (educadores)

Somos u ma ldquo profissatildeordquo e m c onstruccedilatildeo e o s nossos cu rriacuteculos e spelham e sta

realidade ao apr esentarem um conjunto de c onhecimentos disciplinares fragmentados Natildeo se

justifica m ais t rabalhar por c ompartimentos pois necessitamos t rabalhar e m r ede e m e ixos

temaacuteticos que visem a perspectiva da unidade na diversidade dos conhecimentos

Neste contexto se poder ia perguntar a inda quem eacute o pr ofessor na ordem das

coisas Para noacutes eacute um ldquoeducador profissionalrdquo que passa por um sistema de formaccedilatildeo formal e

que continua nesse processo ao longo de sua vida Poreacutem imbuiacutedo de uma perspectiva utoacutepica

natildeo deixa que ldquoo mito da cavernardquo o asfixie pois compartilha o seu sonho com outras pessoas

transformando-o e m r ealidade E sta eacute a pr oposta da ESCOLA D E L IMEIRA buscando na s

etapas da profissionalidade docente e num trabalho coletivo e de par ceria natildeo se tornar uma

faacutebrica de eucaliptos mas uma plantaccedilatildeo de jequitibaacutes

Agradecimentos ao corpo docente e discente da EMEIEF ldquoProfa Maria Apparecida de Luca Moorerdquo pela participaccedilatildeo

59

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ALVES R Conversas com quem gosta de ens inar 10 ed Satildeo Paulo Cortez EditoraAutores Associados 1984

CAMBI F Histoacuteria da pedagogia Satildeo Paulo Editora UNESP 1999 701p

CONTRERAS J A autonomia de professores Satildeo Paulo Cortez 2002

FERNANDES R Of iacutecio de pr ofessor o f im e o c omeccedilo do s paradigmas In C ONGRESSO LUSO-BRASILEIRO DE HISTOacuteRIA DA EDUCACcedilAtildeO Praacuteticas Educativas Culturas Escolares e Profissatildeo Docente 2 1998 Satildeo Paulo Anais p 1-20

GADOTTI M Histoacuteria das ideacuteias pedagoacutegicas 3ordf ed Satildeo Paulo Aacutetica 1995

LIMEIRA ( EMEIEF P rofa M aria A pparecida de Luc a M oore) R elatoacuterio da pr ofessoras das primeiras seacuteries (manuscrito) Limeira UNESPRC - Projeto Nuacutecleo de Ensino 2003a 1p

LIMEIRA ( EMEIEF P rofa M aria A pparecida de Luc a M oore) R elatoacuterio da pr ofessoras das terceiras e quartas seacuteries (manuscrito) Limeira UNESPRC - Projeto Nuacutecleo de Ensino 2003b 4p

LIMEIRA ( EMEIEF P rofa M aria A pparecida de Luc a M oore) R elatoacuterio de P articipaccedilatildeo no Congresso de Educaccedilatildeo ndash EDUCACcedilAtildeO A F RATERNIDADE U M C AMINHO P OSSIacuteVEL (manuscrito) Limeira UNESPRC - Projeto Nuacutecleo de Ensino 2003c 2p

LIMEIRA ( EMEIEF P rofa M aria A pparecida de Luc a M oore) P rojeto P oliacutetico P edagoacutegico (manuscrito) Limeira EMEIEF Profordf M aria Apparecida de Luca Moore 2002 132p

LUBICH C Aula magna para o doutorado honoris causa em Pedagogia Universidade Catoacutelica de Washington EUA 2001

MACHADO L M M ercado g lobal a es finge do pr esente In S ILVA J r C A ( Org) O profissional formado por seu curso estaacute preparado para as exigecircncias da nova ordem mundial Satildeo Paulo Pro-Reitoria de Graduaccedilatildeo da UNESP 1996 p 91-106 (VI Circuito PROGRAD)

PELLEGRINI A M S OUZA N ETO S BENITES L C VEIGA M e M OTTA A I O Comportamento Motor no processo de e scolarizaccedilatildeo buscando soluccedilotildees no contexto escolar para a al fabetizaccedilatildeo In Wilson Galego e Aacutelvaro Guedes Cadernos do Nuacutecleo de Ensino Satildeo Paulo SP UNESP ndash PROGRAD 2003 p271-284

PIMENTA S G F ormaccedilatildeo de pr ofessores ndash saberes da docecircncia e i dentidade do pr ofessor Nuances Presidente Prudente vol III setembro pp 5-13 1997

ROSSETO R Etimologias e saberes Espaccedilo Pedagoacutegico v 9 n 2 p86-89 dez2002

SAVIANE D Os saberes implicados na formaccedilatildeo do educador IV Congresso Estadual Paulista sobre formaccedilatildeo de Educadores Aacuteguas de Satildeo Pedro SP UNESP 1996

SCHOumlN D A Formar p rofessores co mo pr ofissionais r eflexivos In N OacuteVOA A ( Org) Os professores e a sua formaccedilatildeo Lisboa Don Quixote 1992 pp 77-92

SOUZA N ETO S A f ormaccedilatildeo i nicial e c ontinuada o s s aberes docentes In C ongresso de Educaccedilatildeo E ducaccedilatildeo a f raternidade u m c aminho po ssiacutevel C entro Mariaacutepolis Ginetta promovido pel o M ovimento H umanidade N ova de 20 a 21 de s etembro de 2003 V argem Grande Paulista Movimento Humanidade Nova 2003 12p

TARDIF M Saberes docentes e formaccedilatildeo profissional Petroacutepolis RJ Vozes 2002

60

Page 16: Boletim ef.org a-profissionalidade-docente-em-questao

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ALVES R Conversas com quem gosta de ens inar 10 ed Satildeo Paulo Cortez EditoraAutores Associados 1984

CAMBI F Histoacuteria da pedagogia Satildeo Paulo Editora UNESP 1999 701p

CONTRERAS J A autonomia de professores Satildeo Paulo Cortez 2002

FERNANDES R Of iacutecio de pr ofessor o f im e o c omeccedilo do s paradigmas In C ONGRESSO LUSO-BRASILEIRO DE HISTOacuteRIA DA EDUCACcedilAtildeO Praacuteticas Educativas Culturas Escolares e Profissatildeo Docente 2 1998 Satildeo Paulo Anais p 1-20

GADOTTI M Histoacuteria das ideacuteias pedagoacutegicas 3ordf ed Satildeo Paulo Aacutetica 1995

LIMEIRA ( EMEIEF P rofa M aria A pparecida de Luc a M oore) R elatoacuterio da pr ofessoras das primeiras seacuteries (manuscrito) Limeira UNESPRC - Projeto Nuacutecleo de Ensino 2003a 1p

LIMEIRA ( EMEIEF P rofa M aria A pparecida de Luc a M oore) R elatoacuterio da pr ofessoras das terceiras e quartas seacuteries (manuscrito) Limeira UNESPRC - Projeto Nuacutecleo de Ensino 2003b 4p

LIMEIRA ( EMEIEF P rofa M aria A pparecida de Luc a M oore) R elatoacuterio de P articipaccedilatildeo no Congresso de Educaccedilatildeo ndash EDUCACcedilAtildeO A F RATERNIDADE U M C AMINHO P OSSIacuteVEL (manuscrito) Limeira UNESPRC - Projeto Nuacutecleo de Ensino 2003c 2p

LIMEIRA ( EMEIEF P rofa M aria A pparecida de Luc a M oore) P rojeto P oliacutetico P edagoacutegico (manuscrito) Limeira EMEIEF Profordf M aria Apparecida de Luca Moore 2002 132p

LUBICH C Aula magna para o doutorado honoris causa em Pedagogia Universidade Catoacutelica de Washington EUA 2001

MACHADO L M M ercado g lobal a es finge do pr esente In S ILVA J r C A ( Org) O profissional formado por seu curso estaacute preparado para as exigecircncias da nova ordem mundial Satildeo Paulo Pro-Reitoria de Graduaccedilatildeo da UNESP 1996 p 91-106 (VI Circuito PROGRAD)

PELLEGRINI A M S OUZA N ETO S BENITES L C VEIGA M e M OTTA A I O Comportamento Motor no processo de e scolarizaccedilatildeo buscando soluccedilotildees no contexto escolar para a al fabetizaccedilatildeo In Wilson Galego e Aacutelvaro Guedes Cadernos do Nuacutecleo de Ensino Satildeo Paulo SP UNESP ndash PROGRAD 2003 p271-284

PIMENTA S G F ormaccedilatildeo de pr ofessores ndash saberes da docecircncia e i dentidade do pr ofessor Nuances Presidente Prudente vol III setembro pp 5-13 1997

ROSSETO R Etimologias e saberes Espaccedilo Pedagoacutegico v 9 n 2 p86-89 dez2002

SAVIANE D Os saberes implicados na formaccedilatildeo do educador IV Congresso Estadual Paulista sobre formaccedilatildeo de Educadores Aacuteguas de Satildeo Pedro SP UNESP 1996

SCHOumlN D A Formar p rofessores co mo pr ofissionais r eflexivos In N OacuteVOA A ( Org) Os professores e a sua formaccedilatildeo Lisboa Don Quixote 1992 pp 77-92

SOUZA N ETO S A f ormaccedilatildeo i nicial e c ontinuada o s s aberes docentes In C ongresso de Educaccedilatildeo E ducaccedilatildeo a f raternidade u m c aminho po ssiacutevel C entro Mariaacutepolis Ginetta promovido pel o M ovimento H umanidade N ova de 20 a 21 de s etembro de 2003 V argem Grande Paulista Movimento Humanidade Nova 2003 12p

TARDIF M Saberes docentes e formaccedilatildeo profissional Petroacutepolis RJ Vozes 2002

60