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BOLETIM INFORMATIVO DA AFAGO - ASSOCI- AÇÃO DOS FILHOS E AMIGOS DE GOUVEIA - ANO IX N° 03- MAIO_JUNHO_ 2016 FALA DO PRESIDENTE Adilson do Nascimento Em 15 de novembro de 1889, fruto de um golpe militar que depôs Dom Pedro II, de autoria do Marechal Deodoro da Fonse- ca, o Brasil colocava fim à sua era monárquica, dando início à fase republicana. Surgia, então, a república da espada (uma dita- dura militar), que correspondeu ao período de 1889 a 1894, com o país sendo governado pelo Marechal Deodoro, até 1891 e pelo Marechal Floriano Peixoto, até 1894. Esse período que também compreende a república velha estendeu-se até 1930, quando, por meio de outro golpe, o exército depôs Júlio Prestes, candidato eleito, dando posse a Getúlio Vargas, que permaneceu até 1945, quando também foi destituído pelo General Eurico Gaspar Dutra, em outubro, sendo este eleito em dezembro. Era o fim da Era Vargas e do Estado Novo, mas não de Getúlio que voltou em 1951, cometendo suicídio em 1954. Depois de um governo de transição, em janeiro de 1956 assumia Juscelino Kubitscheck de Oliveira, que cumpriu integralmente o seu mandato, até janeiro de 1961, quando foi a vez de Jânio Quadros assumir e renunciar com sete meses de mandato. Depois de muitas idas e vindas instalou-se, por exigência dos militares, o parlamentarismo sen- do presidente João Goulart, vice de Jânio e Tancredo Neves, como primeiro ministro. Com a volta do presidencialismo e o inconformismo dos militares o exército assumiu o governo em 31 de março de 1964. Assim, se de 1945 a 1964 vivemos a repú- blica populista, de 1964 a 1985 vivemos nova ditadura militar. A partir de 1985 iniciou-se a Nova República, tendo Tancredo Ne- ves sido eleito indiretamente pelo Congresso Nacional, mas em consequência do seu falecimento, em 21 de abril de 1985, antes da posse, assumido o seu vice José Sarney. Nesse período, em 1988, foi promulgada a atual Constituição Federal. Em 1989, porém, na primeira eleição direta, desde a de Jânio Quadros, foi eleito Fernando Collor de Mello que sofreu um processo de impeachment iniciado em maio de 1992 com uma denúncia do seu irmão Pedro Collor, implicando-o com PC Farias, acusando este de “testa de ferro” do presidente em negociações espúrias. Fernando Collor foi afastado, pelo senado, em 2 de outubro de 1992 e renunciou ao mandato, em 29 de dezembro de 1992, assumindo o seu vice Itamar Franco, quando a inflação ultrapas- sava 1.000% ao ano. Itamar, junto com o ministro da fazenda Fernando Henrique Cardoso implantou um novo plano econômi- co que ficou conhecido como Plano Real e que vigora até os dias atuais. Fernando Henrique Cardoso se elegeu presidente em 1994 e foi reeleito em 1998. Em 2002, depois de três tentativas frus- tradas, elegeu-se presidente o primeiro operário brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, que se reelegeu em 2006. Em 2010 foi a vez de se eleger a primeira mulher presidente da nossa história, Dilma Vana Rousseff, nascida em Belo Horizonte, em 14 de dezembro de 1947, que se reelegeu em 2014. Em 2 de dezembro de 2015, porém, a câmara dos deputados aceitou a denuncia apresentada pelo ex-procurador de justiça Hélio Bicudo e pelos advogados Miguel Reale Júnior e Janaína Paschoal, acusando a presidente de desrespeito à lei orçamentária e de improbidade administra- tiva. Em 17 de abril, com a aprovação pelo plenário da câmara por um placar de 367 votos favoráveis e 136 contra, o pro- cesso foi acatado e encaminhado ao senado, onde foi votado em 12 de maio e aprovado por 55 votos favoráveis e 22 con- tra, afastando a presidente pelo prazo máximo de 180 dias. Em seu lugar assumiu o seu vice Michel Temer, enquanto o senado federal decide, no prazo constitucional, se a presiden- te retorna ao cargo ou será definitivamente afastada. Poderá ter sido surpresa para alguns. Foi o inevitável para outros, mas de qualquer forma não foi o ideal. Como se viu, aqui, foram poucos os governos republicanos em circunstâncias pacíficas. Na era moderna, desde a redemocratização do país, já convivemos com um impeachment em 1992. Portanto, em vinte e quatro anos foram dois processos. A AFAGO é total- mente isenta de quaisquer preconceitos ou discriminações re- lativas à cor, raça, credo, classe social e, principalmente, con- cepção político-partidária ou filosófica, mas não pode ficar alheia, até porque não está imune, ao que acontece em consequência do processo de impeachment, na política eco- nômica do país. O novo governo que assumiu interinamente em 13 de maio não se sabe governará até novembro próximo ou até dezembro de 2018. A população vive uma incerteza por não saber se os atos do governo Temer são provisórios ou definitivos e isso traz uma angústia, uma incerteza e um desequilíbrio emocional prejudicial a todos os segmentos da vida nacional. Os números não deixam dúvida quanto à gravi- dade da nossa situação econômica. A falta de investimentos em infraestrutura tem nos levado à perda de competividade nos mercados internacionais, agravada pela falta de planeja- mento estratégico de longo prazo. Outro fator preponderante para agravamento da situação foi a submissão indiscriminada da política econômica à política partidária. Ainda temos que conviver com a falta de credibilidade fruto do acúmulo de escândalos contrários à moral e à ética, sem as corresponden- tes punições. O ajuste fiscal será inevitável para que possa- mos provocar um esboço de reversão da atual situação. Caso contrário, poderemos viver em anos vindouros algumas pre- cariedades como, por exemplo: a nossa renda per capta, em 2020, será a mesma de 2010; a previdência social não terá condições de se sustentar e um benefício imprescindível como a aposentadoria, talvez deixe de existir; a dívida pública sairá do controle, com risco iminente de calote e a nossa carga tributária continuará subindo desordenadamente, causando ins- tabilidade na cadeia produtiva, seja na indústria, no comércio ou nos segmentos de serviços. O governo Temer, interino, irá conviver com forte oposição provocada pelos governistas apeados do poder pelo impeachment e uma volta do governo Dilma estará cercada pela desconfiança capaz de inviabilizá- lo. Como se diz por aí: é esperar para crer e crer para ter esperança!

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BOLETIM INFORMATIVO DA AFAGO - ASSOCI-AÇÃO DOS FILHOS E AMIGOS DE GOUVEIA -

ANO IX N° 03- MAIO_JUNHO_ 2016

FALA DO PRESIDENTE

Adilson do Nascimento

Em 15 de novembro de 1889, fruto de um golpe militar quedepôs Dom Pedro II, de autoria do Marechal Deodoro da Fonse-ca, o Brasil colocava fim à sua era monárquica, dando início àfase republicana. Surgia, então, a república da espada (uma dita-dura militar), que correspondeu ao período de 1889 a 1894, como país sendo governado pelo Marechal Deodoro, até 1891 e peloMarechal Floriano Peixoto, até 1894. Esse período que tambémcompreende a república velha estendeu-se até 1930, quando, pormeio de outro golpe, o exército depôs Júlio Prestes, candidatoeleito, dando posse a Getúlio Vargas, que permaneceu até 1945,quando também foi destituído pelo General Eurico Gaspar Dutra,em outubro, sendo este eleito em dezembro. Era o fim da EraVargas e do Estado Novo, mas não de Getúlio que voltou em1951, cometendo suicídio em 1954. Depois de um governo detransição, em janeiro de 1956 assumia Juscelino Kubitscheck deOliveira, que cumpriu integralmente o seu mandato, até janeirode 1961, quando foi a vez de Jânio Quadros assumir e renunciarcom sete meses de mandato. Depois de muitas idas e vindasinstalou-se, por exigência dos militares, o parlamentarismo sen-do presidente João Goulart, vice de Jânio e Tancredo Neves,como primeiro ministro. Com a volta do presidencialismo e oinconformismo dos militares o exército assumiu o governo em31 de março de 1964. Assim, se de 1945 a 1964 vivemos a repú-blica populista, de 1964 a 1985 vivemos nova ditadura militar. Apartir de 1985 iniciou-se a Nova República, tendo Tancredo Ne-ves sido eleito indiretamente pelo Congresso Nacional, mas emconsequência do seu falecimento, em 21 de abril de 1985, antesda posse, assumido o seu vice José Sarney. Nesse período, em1988, foi promulgada a atual Constituição Federal. Em 1989,porém, na primeira eleição direta, desde a de Jânio Quadros, foieleito Fernando Collor de Mello que sofreu um processo deimpeachment iniciado em maio de 1992 com uma denúncia doseu irmão Pedro Collor, implicando-o com PC Farias, acusandoeste de “testa de ferro” do presidente em negociações espúrias.Fernando Collor foi afastado, pelo senado, em 2 de outubro de1992 e renunciou ao mandato, em 29 de dezembro de 1992,assumindo o seu vice Itamar Franco, quando a inflação ultrapas-sava 1.000% ao ano. Itamar, junto com o ministro da fazendaFernando Henrique Cardoso implantou um novo plano econômi-co que ficou conhecido como Plano Real e que vigora até os diasatuais. Fernando Henrique Cardoso se elegeu presidente em 1994e foi reeleito em 1998. Em 2002, depois de três tentativas frus-tradas, elegeu-se presidente o primeiro operário brasileiro, LuizInácio Lula da Silva, que se reelegeu em 2006. Em 2010 foi a vezde se eleger a primeira mulher presidente da nossa história, DilmaVana Rousseff, nascida em Belo Horizonte, em 14 de dezembrode 1947, que se reelegeu em 2014. Em 2 de dezembro de 2015,porém, a câmara dos deputados aceitou a denuncia apresentadapelo ex-procurador de justiça Hélio Bicudo e pelos advogadosMiguel Reale Júnior e Janaína Paschoal, acusando a presidente

de desrespeito à lei orçamentária e de improbidade administra-tiva. Em 17 de abril, com a aprovação pelo plenário da câmarapor um placar de 367 votos favoráveis e 136 contra, o pro-cesso foi acatado e encaminhado ao senado, onde foi votadoem 12 de maio e aprovado por 55 votos favoráveis e 22 con-tra, afastando a presidente pelo prazo máximo de 180 dias.Em seu lugar assumiu o seu vice Michel Temer, enquanto osenado federal decide, no prazo constitucional, se a presiden-te retorna ao cargo ou será definitivamente afastada. Poderáter sido surpresa para alguns. Foi o inevitável para outros,mas de qualquer forma não foi o ideal. Como se viu, aqui,foram poucos os governos republicanos em circunstânciaspacíficas. Na era moderna, desde a redemocratização do país,já convivemos com um impeachment em 1992. Portanto, emvinte e quatro anos foram dois processos. A AFAGO é total-mente isenta de quaisquer preconceitos ou discriminações re-lativas à cor, raça, credo, classe social e, principalmente, con-cepção político-partidária ou filosófica, mas não pode ficaralheia, até porque não está imune, ao que acontece emconsequência do processo de impeachment, na política eco-nômica do país. O novo governo que assumiu interinamenteem 13 de maio não se sabe governará até novembro próximoou até dezembro de 2018. A população vive uma incerteza pornão saber se os atos do governo Temer são provisórios oudefinitivos e isso traz uma angústia, uma incerteza e umdesequilíbrio emocional prejudicial a todos os segmentos davida nacional. Os números não deixam dúvida quanto à gravi-dade da nossa situação econômica. A falta de investimentosem infraestrutura tem nos levado à perda de competividadenos mercados internacionais, agravada pela falta de planeja-mento estratégico de longo prazo. Outro fator preponderantepara agravamento da situação foi a submissão indiscriminadada política econômica à política partidária. Ainda temos queconviver com a falta de credibilidade fruto do acúmulo deescândalos contrários à moral e à ética, sem as corresponden-tes punições. O ajuste fiscal será inevitável para que possa-mos provocar um esboço de reversão da atual situação. Casocontrário, poderemos viver em anos vindouros algumas pre-cariedades como, por exemplo: a nossa renda per capta, em2020, será a mesma de 2010; a previdência social não terácondições de se sustentar e um benefício imprescindível comoa aposentadoria, talvez deixe de existir; a dívida pública sairádo controle, com risco iminente de calote e a nossa cargatributária continuará subindo desordenadamente, causando ins-tabilidade na cadeia produtiva, seja na indústria, no comércioou nos segmentos de serviços. O governo Temer, interino, iráconviver com forte oposição provocada pelos governistasapeados do poder pelo impeachment e uma volta do governoDilma estará cercada pela desconfiança capaz de inviabilizá-lo. Como se diz por aí: é esperar para crer e crer para teresperança!

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NOTÍCIAS &COMENTÁRIOSO Prêmio AFAGO de Literatura alcançou, neste ano de2016, a sexta edição. Com apoio da Prefeitura Municipalde Gouveia por iniciativa da Secretaria Municipal deEducação, a partir da segunda edição, o Prêmio se tornoucomponente da Semana Literária de Gouveia.A cada ano, o processo de premiação se torna cada vezmais depurado. Na primeira edição, foram contempladasapenas as escolas estaduais do centro urbano: Aurélio Pires,Augusto Aires da Mata Machado e Joviano de Aguiar. Nasegunda edição participaram todas as escolas, incluídas asmunicipais. Finalmente, acrescentou-se a Escola EstadualCiro Ribas da Vila Alexandre Mascarenhas.A forma de premiação foi também alterada. Na primeiraedição foram conferidos prêmios aos três primeiros lugares,independentemente das escolas. Posteriormente, nas duasúltimas edições, atribuiu-se um prêmio por escola e umprêmio para a melhor redação e apresentação pública.Na edição deste ano,recomendou-se a inscrição de textosem forma discursiva e reservou-se para as premiaçõesseguintes destaque especial para textos em linguagempoética. Desse modo, espera-se que, na sétima edição, sejampremiados os concorrentes em duas categorias: Prosa ePoesia.A maior novidade deste ano foi a de contar com aparticipação da comunidade gouveiana na contribuição paragarantir recursos monetários. Até a quinta edição, apenasos associados da Diretoria da AFAGO contribuíam paragarantir o valor em moeda da premiação. No presente ano,a AFAGO participou com a importância de R$3.000,00, osenhor prefeito municipal de Gouveia, com R$2.000,00, asempresas Tracomal e SERTA – Serviços Técnicos eAdministrativos Ltda – contribuíram com R$1.00,00 cadauma.

Adilson do Nascimento – Presidente da AFAGO –publicou no dia 21 de maio os comentários aseguir:

Ontem, sexta-feira, dia 20, a AFAGO fez realizar emGouveia a 6ª edição do Prêmio AFAGO de Literaturaconcedido aos alunos do ensino básico das escolas estaduaise municipais do município. O evento, mais uma vez, serevestiu de verdadeiro sucesso, contando com as presençasilustres do prefeito municipal Geraldo de Fátima de Oliveira,do vice-prefeito Alfeu Augusto de Oliveira, do vereadorRudson Fagundes de Oliveira, da secretária municipal deeducação, cultura e esportes Maísa de Fátima NascimentoDória, dos (as) representantes da seis escolas concorrentes,incluindo diretores (as), vices e professores (as), dopresidente da AASER – Associação dos Amigos do SerroLuiz Soares Dumont e dos dirigentes da AFAGO JoséMoreira de Souza, Geraldo Augusto Silva e Gil Martins de

Oliveira. Este ano foram apresentados 97 trabalhos literários,no estilo prosa e selecionados pela comissão de avaliaçãoem Belo Horizonte, formada pelas professoras Diva MariaMiranda, Adélia Anis Raies de Souza e pela economistaAna Maria Gama Chaves, os 18 que entenderam mais bemqualificados para que fossem apresentados pessoalmentepelo aluno autor. A comissão de julgamento, em Gouveia,foi composta pelas professoras Maria Auxiliadora de PaulaRibeiro, Maria Ivonete de Lima Ávila e Maria das Graçasde Almeida Carvalho, que definiram as seguintes campeãs:da Escola Estadual Ciro Ribas, Jéssica Estéfane de SouzaAlves, do 3º ano médio; da Escola Estadual Joviano deAguiar, Ana Laura Miranda, do 1º ano médio; da EscolaEstadual Aurélio Pires, Vanessa Aparecida Pereira, da 9ªsérie, do fundamental; da Escola Estadual Augusto Aires daMata Machado, Letícia Regina da Silva, da 9ª série dofundamental; da Escola Municipal Zezé Ribas, Ana Júlia daSilva, da 9ª série do fundamental e da Escola MunicipalJoão Baiano, Danieli Wanessa Rodrigues. A campeoníssima,aquela que a comissão julgadora entendeu ser a melhortrabalho entre os dezoito concorrentes foi a aluna campeãda Escola Estadual Ciro Ribas JÉSSICA ESTÉFANE DESOUZA ALVES. Duas inovações se fizeram na premiaçãodeste ano; primeira, as tabulações das notas oriundas deBelo Horizonte, foram computadas com uma soma de pesotrês e somadas às notas obtidas em Gouveia, computadascom uma soma de peso dois, para daí se fazer uma médiaponderada e se definir a nota final de cada concorrente.Essa metodologia somente foi possível graças a criação deuma planilha pelo técnico graduado em Marketing, comexpertise em tecnologia da informação Irani do Nascimento,meu irmão, que reside em Sete Lagoas; segunda, os prêmiosque correspondem ao total de R$ 7.000,00 tiverampatrocínio de R$ 2.000,00 da prefeitura municipal, R$1.000,00 da mineradora TRACOMAL e R$ 1.000,00 daSERTA – Serviços Técnicos e Administrativos Ltda., sendoos restantes R$ 3.000,00 bancados pelos dirigentes daAFAGO, uma vez que a Associação não dispõe de recursossuficientes, em razão do seu reduzido número de associadoscontribuintes. Gostaríamos, de aqui agradecer a todos quecolaboram de forma decisiva com o nosso evento que fazparte da Semana Literária e está inserido no contexto culturaldo município, seja na forma de patrocínio financeiro, sejacom apoio logístico, a cargo da senhora secretária deeducação, da diretoria da APAE e do Irani, seja com apoioredacional, a cargo das professoras, seja no trabalho deavaliação e de julgamento, a cargo das comissões, seja comas presenças à sessão de entrega, principalmente dasautoridades e familiares do alunos, seja com a apresentaçãoartística, a cargo do Conservatório de Música Lobo deMesquita, seja pela presença da AASER, seja pelascongratulações recebidas da ACL – Academia Curvelana

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de Letras –, seja dos dirigentes da AFAGO, presentes ounão. A todos vocês, indistintamente, a AFAGO, contandocom o apoio para a 7ª edição em 2017, rende suashomenagens na forma de um reconhecido e comovidoMUITO OBRIGADO!

Maria Auxiliadora de Paula Ribeiro escreveu nodia 21 de maio:

Sexta Edição do Prêmio Afago de Literatura X Aniversário!Contemplativa ante a majestade do cenário de festas,sorvendo em tragos de literatura os dezoito trabalhos quedisputavam o Prêmio Afago em sua VI edição, ao cantarvibrantemente o “Parabéns pra você”, membro que fui deuma seleta plateia, compreendi que aniversários tambémse celebram sem bolo e velinhas! Sim! Naquele natalício,esses elementos tão imprescindíveis à genuína festacederam vez ao alarido das vozes e às nuances de cor,imagem e som de um momento que, apesar de pretenderser único e ímpar, se fez agregar da alegria inédita econtagiante de um grande número de pessoas, nacelebração dos 83 anos de um jovem ancião- Dr.Raimundo Nonato de Miranda Chaves! Neste momento,já em Curvelo, agradecendo e aplaudindo a todas aspessoas que, nos segmentos sócio-administrativo-culturais,com determinação e garra possibilitaram o êxito do PrêmioAfago de Literatura em sua sexta edição, me volto para oaniversariante para lhe dizer:- Dr. Raimundo Nonato, é cominenarrável alegria que lhe ofereço como presentesimateriais, quase voláteis, mas plenos de gratificação, todosas sentimentos pessoais que vivenciei em contato com umaplêiade de professores. Entre as emoções do momento,saliento a admiração pelo brilhantismo da Semana Literária,tão bem conduzida pela secretária municipal de ensino Sra.Maísa do Nascimento Dória; pela competência doprofessor- sociólogo, José Moreira de Souza, criador doPrêmio; pela dedicação do presidente da Afago, Sr.Adilson do Nascimento, pela adesão dos diretores; pelaComissão de Seleção de Belo Horizonte; pelo apoio epresença do poder executivo e legislativo domunicípio; pelo companheirismo das minhas colegasde júri; pela colaboração do irmão de nosso presidente,Irany Nascimento, ao contabilizar os resultados; pelaeducação dos educandos e capacidade deouvir sem um apupo sequer e, por fim, pelobrilhantismo e a intelectualidade emconstrução dos alunos vencedores docertame cultural e suas obras, aqui citadas:1º lugar com dois prêmios de R$ 1.000.00,a grande campeã da noite, Jéssica Estéfanede Souza Alves, EE. Ciro Ribas, com otrabalho “O poeta da Terra”- 2º lugar, Ana

Laura Miranda, E.E. Joviano Aguiar, com “A Recordaçãodas Margaridas”- 3º lugar: Vanessa Aparecida Pereira, E.EAurélio Pires, com “Recordações”- 4º lugar: Ana Júlia daSilva, E.M. Professora, Zezé Ribas, com “ Carta aMarciana”, 5º lugar: Danieli Wanessa Rodrigues da E.M.João Baiano, com “Sonho ou Realidade?”- 6º lugar: LetíciaRegina de Ávila, E.E. Augusto Aires da Mata Machado,com “Sacrifício e Beleza”! Que o senhor encontre nasdiversas imaterialidades desses presentes, toda essência quefaz jus à clarividência do seu espírito, sempre altivo,determinado e batalhador. Parabéns sempre!

Adilson do Nascimento, no dia 24 de maio:

Acredito que já tenha agradecido a todos que colaborarampara que a sexta edição do Prêmio Afago de Literatura serevestisse do sucesso absoluto que vivenciamos no dia 20passado, em Gouveia. Falta-me, no entanto, parabenizar,de forma muito especial, à Escola Estadual Ciro Ribas, daVila Alexandre Mascarenhas, na pessoa da sua diretoraEliane Maria Trindade Santos, da vice Patrícia Lúcia deSouza e da aluna Jéssica Estéfane de Souza Alves, que nãosó ganhou o prêmio de campeã da escola, demonstrandotoda a sua habilidade, mas, também, de campeã geral, tendoseu trabalho escolhido como o melhor entre os dezoitoconcorrentes da noite, quando já havia superado outros 96trabalhos concorrentes. JÉSSICA, é bom que se diga,superou a campeã geral do ano passado, Ana LauraMiranda, que este ano foi a campeã da Escola EstadualJoviano de Aguiar; da mesma forma que ficou à frente deÉrica Gomes Pereira de Oliveira, concorrendo pela Jovianode Aguiar, em razão de estar cursando o primeiro ano médio,quando, nas últimas três edições havia sido escolhida campeãda Escola Municipal João Baiano e ainda, suplantou a poetisaMaria Luíza de O. Nunes Pequi, aluna do 3º ano médio,também, da Joviano Aguiar e membro qualificado do Grupode Poetas Gouveano. Jéssica, o seu texto, em homenagemao seu professor falecido em abril passado é de umamagnitude poética tão expressiva que poderia estarconcorrendo em nível regional, estadual e nacional, queobteria o mesmo sucesso, concedendo-lhe, apenas, umprêmio mais valioso. Além do mais, você concorreu contra

verdadeiras joias literárias naquelaque, talvez, possa ser considerada amais forte edição do Prêmio Afagode Literatura, em termos dequalidade dos trabalhos que foramapresentados. Parabéns, menina!Gostaria, mas gostaria mesmo, deainda ser criança, para que pudessesonhar com a possibilidade de,amanhã, ser seu aluno de literatura.

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VI PRÊMIO AFAGO DE LITERATURA

Textos Premiados

Escola Estadual “Joviano de Aguiar”Aluna: Jéssica Estéfane de Souza AlvesSérie: 3º ano - Ensino MédioProfessora: Ediléia Aparecida de Deus Melo

O poeta da terra

Eis que o poeta dessa terra cumpriu a sua sina. Contou diversos casos de seus amores que de

trágicos, na voz dele se tornaram perfeitos e mágicos. Contou suas alegrias, que na imaginação que tinha,

brotava como flor no peitode quem ouvia. Contou suas dores, que até quem o conhecia

desconhecia, pois de noite ou de dia sempre sorria.Contou suas histórias, que até as viveu, mesmo

acordado sonhava, pois sabiaque um dia história tambémse tornaria.

Contou todos os seus amores, alegrias, dores,histórias, que deixou de ser Antônio, se tornou Tonico,depois Bonito e agora Anjo.

Contou, mas contou tanto, que já não tinha maisassunto para nesse nosso lugar. Então foi chamado para nocéu morar, afinal Deus também gosta de poesia.

De herança nos deixou saudades, por todos oscaminhos que quando menino moço caminhou. Em solo deterra vermelha, plantando e colhendo, nesse imensoValeJequitinhonha. Banhando em águas doces do rio, semeandoamor, nascendo amizades. E de forma serena, porém inesperada pode fechar osolhos sem medo deestar perdendo para a morte, masganhando para a vida eterna com digno merecimento, nãopor mera sorte. Certo de que deixou em cada um de seus inúmeroscontos e causos um lindo legado que não serão apenaslembrados, mas sim eternizados.

OBS: Homenagem da aluna Jéssica para o seu professorAntônio de Oliveira falecido em 09/04/16.

ESCOLA ESTADUAL AUGUSTO AIRES DAMATA MACHADOALUNA: LETÍCIA REGINA DE ÁVILASÉRIE: 9ºANO DO ENSINO FUNDAMENTALPROFESSORA: MARCÉLIA ALVES RANULFO

SACRIFÍCIO X BELEZA

Vivemos em um meio em que a mídia impõe um padrão debeleza além do que podemos suportar. Muitas modelos jánão são magras, mas esqueléticas, e nós fazemos de tudopara seguir este padrão imposto por um deus invisível.Assim, como para muitos, a magreza é sinônimo de beleza,ter um corpão também se tornou um desafio para muitasjovens, pois a mídia mostra mulheres que, se analisarmosbem, não possuem rostos, mas partes do corpo, que sãocomercializadas.Deveríamos nos amar como somos, mas às vezes somosjovens demais para lutar contra esse poder, poder depersuasão e domínio.Posso dizer isso com convicção, pois eu, na minha inocênciade criança, fui envolvida por esta teia invisível.Por ser magra demais, sofria bullying e isso me deixavamuito mal. Não vestia shorts, pois considerava minhas pernasfinas demais e sempre odiava minhas roupas, pois me olhavano espelho e não me sentia bem, chegou o momento emque eu não me olhava mais no espelho. Odiando meu corpoe todos os comentários que se tornaram uma tortura.Comecei a me automutilar.Vivia sem brilho no olhar e o sorriso era uma máscara, queeu usava durante o dia, mas por dentro era a tristeza queme preenchia.Eu pensava que iria melhorar, mas os comentários sópioravam e deixavam-me cada dia mais triste. Usava sempreblusas de frio no calor para esconder os cortes, pois sabiaque se as pessoas soubessem iam me criticar e não meentenderiam e as críticas não iam me ajudar, pois do que euprecisava era de uma pessoa que estivesse ao meu ladopara me ajudar, mas naquele momento eu não tinha ninguém,estava sozinha para enfrentar tudo, já não tinha forças, poiso bullying que sofria estava acabando comigo.Aprendi a sorrir na sala e a chorar no quarto, ninguémprecisava saber que eu estava sofrendo, também, ninguémentenderia os motivos pelos quais me cortava, ninguém seriacapaz de solucionar os meus problemas, então nãoaparentava ser fraca, por mais frágil que eu fosse.Entrei em uma estrada onde não sabia o caminho da vida,estava presa em um mundo de solidão onde minha únicaamiga era a lâmina, gritava por socorro, mas só ouvia meu

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VI PRÊMIO AFAGO DE LITERATURAeco. Já não saía de casa, aquele quarto escuro e o cobertor,que mesmo nos tempos quentes eu usava, tinham se tornadomeus companheiros. Estava cada dia mais fraca, só a lâminapodia ver meu sofrimento, noite após noite, não posso meesquecer do meu travesseiro, que amanhecia sempreencharcado. A dor dos cortes, mesmo muito profundos,não se comparava à dor que estava sentindo em meu interior,que só aumentava. A dor dos cortes eu já nem sentia mais,pelo contrário, parecia que era sempre nos pulsos que euprocurava forças para suportar tudo que eu estava vivendo.Minha alma foi quebrada como um vidro em que a cadamovimento que eu fazia eu me cortava em meus cacos, averdade é, quem nunca pensou em desistir? Quem nuncaquis jogar tudo para o alto quando alguma coisa deu errado?Já pensei assim também, e a solução que eu encontravasempre era fazer mais um corte, abrir mais um pouco deoutros já existentes, e as lágrimas não se continham ao vero sangue escorrer pelo meu braço.Perguntaram-me uma vez se eu teria medo de ficar sozinhacom um assassino e eu disse não, pois o único medo que eutinha era de ficar sozinha comigo e meus pensamentos.Uma luz se acendeu no meio da minha escuridão quando,por um descuido, as marcas da mutilação ficaram expostase uma das minhas colegas viu. Para minha surpresa ela nãome criticou nem sentiu pena de mim. Por ter vividomomentos semelhantes, apenas me recomendou a leiturado livro de autoajuda de Deni Lovato , que se chama: “365dias do ano Staying Strong” que me ajudou bastante asuperar tudo, além disso, eu tinha pessoas ao meu lado meajudando, pois se não fossem essas pessoas talvez não iriaparar, uma vez que todas as vezes que me sentia triste,sozinha, feia, inútil eu recorria às lâminasGraças a isso consegui colocar uma luz na própria escuridãome tornando uma fênix ressurgindo das cinzas mais forte,talvez seja por isso que não temo a ninguém, pois hoje eusei que sou a única pessoa que pode me destruir.Foi assim que percebi que cada pessoa tem sua beleza, queninguém é igual a ninguém, e aceitei meu corpo como ele é,comecei a adquirir amor próprio e hoje tenho orgulho emdizer que sou uma guerreira, pois em meio àquele mundoescuro em que eu vivia consegui descobrir motivos parasorrir e um desses motivos se chama Deus, que apesar detudo, nunca me abandonou e sempre enxugou minhaslágrimas. Hoje, eu sei, existem somente marcas de uma lutaque venci e não tenho vergonha disso.Agora coloquei um sorriso no rosto e joguei a lâmina foraporque Deus quer me ver sorrindo, e eu também.Aurélio Pires

NOME: VANESSA APARECIDA PEREIRAANO: 9º ANOTURMA: 02PROFESSORA: SUMARA KÊNIA LEÃO DEOLIVEIRA

Recordações

De nome Milena, menina carinhosa, meiga, sorrisotransparente, uma pessoa simples, verdadeira ,educada,amorosa, um doce de menina.Sempre brincávamos derouba-bandeira, esconde-esconde, queimada, vôlei, mas oque gostávamos mesmo era de boneca e casinha.Brincávamos eu, Milena, Poliane, Mariana e de vezenquando Isabela, Graziele, Jamily e Simone. Era cadabrincadeira sem pé nem cabeça, que hoje em dia penso decomo brinquei, como aproveitei minha infância, como nosdivertíamos. Mas éramos crianças e tudo tinha muita graça.Recordo-me que sempre íamos para um culto que haviaem nosso bairro, próximo de nossa casa, na IgrejaAdventista do Sétimo Dia. Gostávamos de ir, poisaprendíamos muitas coisas a respeito da Bíblia, sobre omundo, sobre os sinais da volta de Jesus.O tempo foi se passando, eu e a Milena, já estávamos pré-adolescentes e toda adolescente tem ilusão comnamoradinho, roupa nova, calça bonita, de marca, colorida.Com ela não tinha isso, não tinha ilusão com namorado,qualquer roupa a servia, tudo já estava de bom tamanho.Não importava o preço, sendo dado de coração era o querealmente importava. Como toda adolescente, Milenagostava de brincar, passear, comer besteiras, ler livros , entreoutras coisas divertidas. Adorava ir a Boa Vista das Lages, um pequeno vilarejo,para visitar seu avô Moisés e os demais parentes.Como de costume, sempre havia um forró na casa do SenhorMoisés.Numa sexta-feira, lembro-me de como ela estava contentee ansiosa, pois iria visitar o seu avô e aproveitar o forró queaconteceria no dia seguinte.Chegado o grande dia do forró, todos estavam alegres,dançando ao som da sanfona. Milena não demorou muito,pois apesar de gostar da festa, não era uma menina de muitafarra, já estava muito cansada e logo foi se deitar.Todos estavam muito animados, beberam, dançaram,curtiram e a família da minha amiga resolveu na empolgaçãoda festa irem todos a casa de outro parente. Passariam pelaBR e entrariam numa outra estrada de terra.Foram no carro sua mãe, duas de suas irmãs, um cunhadoe Milena.Quase chegando na estrada de terra, já de madrugada ealguns ocupantes alcoolizados,acontece um acidente com

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sua família. Acidente esse, que veio a ocasionar ofalecimento da minha amiga Milena. O dia amanheceu. O dia estavatriste. Acordo com a ligação da minha tia dando anotícia. Nossa, eu não podia acreditar, eu nãoacreditei, seria um sonho ruim? Me levantei, troqueia roupa depressa e fui verificar o que realmente estavaacontecendo.Fui até a casa da minha amiga. Havia muitas pessoaschorando, daí me deparei com a verdade. Milenahavia partido. E agora? Como eu iria lidar com isso?No velório muita tristeza e dor. Uma meninaexemplar, com a vida toda pela frente, estudiosa.Lembro-me da sua alegria ao receber o prêmioChuá-Chuáda Copasa. O seu texto havia sido umdos premiados dentre as escolas públicas de MinasGerais.A saudade é grande, como tenho saudade! E elaaperta cada vez mais. No dia 31 de maio desse ano,fará um ano desde que Milena nos deixou. Saudadeé esse sentimento incontrolável, não tem dia, não temhora e nem lugar. Ela simplesmente aparece, assimcomo no piscar de nossos olhos.

As vezes me deparo pensando no porque que issoveio a acontecer. Mas, a vida é assim. Feita demomentos bons e ruins. A vida é feita de recordações.Tenho muito medo da morte e de perder as pessoasque amo, pois agora sei como é perder uma pessoaque a gente gosta muito. Quando quero falar comela, olho para a estrela mais brilhante. Queria quepor um descuido Deus a trouxesse de volta.Milena agora é um anjo, um anjo que brinca e vivesua magia no céu.

EM Zezé Ribas Prêmio Afago de Literatura 2016Categoria: CartaAluno (a): Ana Júlia da Silva 9º anoProfessora Orientadora: Patrícia de Fátima SouzaCostaEngenho da Bilia, 28 de abril de 2016.Querida amiga Marciana,Já se passou muito tempo desde que você saiu dointerior e foi para a capital. O nosso querido lugar,cheio de belezas naturais como a cachoeira,cavernas com pinturas rupestres, serras históricas eas muitas outras coisas boas que a natureza nosoferece estão ameaçadas. Quando você voltar, teráuma grande decepção.Algumas mineradoras querem explorar minerais denossa região e nem se preocupam com o quepensamos disso. O pior é que, se não agirmosrápido, essas empresas acabarão com o nosso lugar.Tudo aquilo que temos mudará, mas para pior.

Ouvimos falar de muitas tragédias de lugares em que a mineraçãoestá presente. Uma delas foi o rompimento da barragem derejeitos em Mariana. As nossas famílias estão apavoradas com ofuturo. Elas vêm em busca dos minérios e depois que os extraem,deixam danos ao meio ambiente e nem sequer se preocupam se osmateriais tóxicos impregnados na terra prejudicarão a saúde dapopulação.Ultimamente tenho lembrado de como meus avós descreviamnossa região. Sempre diziam que tudo aqui era tranquilo, vinhammuitas pessoas admirar nossas belezas naturais, culturais ereligiosas. Muitos jovens fotografavam e levavam ao povo dacapital a beleza exuberante de nossa morada.Mas se não agirmos, tudo isso acabará. Não haverá a cachoeiraem que, quando pequenas, íamos correndo para nadar, as serrasque adorávamos, onde ficávamos até de tardezinha admirando, oscórregos próximos às serras em que o gado bebia água. Se asmineradoras vierem para cá, tudo isso será destruído.Estou muito preocupada e envio esta carta para você voltar logopara cá. Precisamos impedir que isso aconteça. Se todos nosunirmos, talvez consigamos salvar a nossa bela natureza.Beijos,Ana Júlia.

EM João BaianoDanieli Wanessa Rodrigues

Sonho ou realidade

Em uma noite de lua cheia, numa sexta feira treze, eu haviadiscutido com meus pais. Então nervosa, saí correndo de casa.No caminho um carro blindado preto importando, parou ebuzinou eu ouvi alguém chamar pelo meu nome, a voz remetia-se de dentro do carro. Olhei dentro dele e não tinha ninguém odirigindo.Com medo corri desesperada olhando para traz, sem perceberacabei entrando em um cemitério sombrio e assustador. Lá euouvia vozes, e passos que se aproximavam cada vez mais demim. Mesmo na escuridão eu podia ver túmulos e cruzes, Aí sim,tive certeza de que realmente estava dentro de um cemitério.Lembrei-me que nos filmes, a meia noite, todas as caveiras saemde suas tumbas e então meu coração disparou, bateu-me umarrepio da cabeça aos pés. O relógio bateu zero horas e fiqueiainda mais desesperada.Fui em direção ao portão mas já o haviam trancado e o que maistemia aconteceu. Todos os mortos se levantaram e vieram emminha direção. Eu gritava, mas ninguém escutava, mesmo porquenaquela hora estariam dormindo tranquilamente enquanto euvivenciava todo aquele terror sem fim. Os zumbis puxavam meuspés e cabelos. Eu sentia como se entrassem dentro de mim.Encolhi-me, fechei os olhos, tapei os ouvidos comecei a rezarpara que me deixassem em paz.Nesse mesmo instante percebi que se afastavam de mim edesapareciam.Sem querer ficar mais ali, levantei-me silenciosamente e dirigi-meao muro com intenção de pulá-lo.

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Foi aí que acordei e estava deitada em minha cama.Então descobri que toda aquela aventura não passava deum sonho ou melhor dizendo, de um terrível pesadelo!

GÊNERO “RELATO PESSOAL”ESCOLA ESTADUAL JOVIANO DE AGUIAR –GOUVEIAALUNA: ANA LAURA MIRANDATURMA: 1º ANO 10

A RECORDAÇÃO DAS MARGARIDASEu sempre fui uma garota curiosa, cujos instintos

eram travessos e chamavam para novos conhecimentose experiências.

Um dia, conheci uma pessoa, uma senhora queusufruía já da melhor idade. Sempre, quando eu estavachegando da escola, ela estava a sair de sua casa.Cumprimentávamos uma a outra, com um belo sorriso,um bom dia e um olhar que transmitia carinho e atéadmiração.

À medida que os dias se passavam, eu criava ohábito de observá-la com maior atenção. E todos os diasàs quatro da tarde, a senhora se sentava na varanda desua casa e lia algumas páginas de um livro, com uma xícarade café na mesa ao seu lado. Eu podia sentir, de minhajanela, o cheiro do café. De alguma maneira, eu percebiaque ela desconfiava que eu a observava, pois sempreque eu me aproximava da janela do meu quarto, elasorria, quase sem desviar o olhar de seu livro.

Eu percebia também que ela estava a plantar umjardim, que até então não dava para saber qual era avariedade de plantas, que com tanto carinho, a senhoraplantava ali.

O tempo foi passando e o jardim floresceu. Eu podiaadmirar a quantidade de rosas, orquídeas, lírios e azaleias,mas do que eu mais gostava era um pequeno canteiro demargaridas. E eu observava a senhora todos os dias,cuidando daquele jardim, com o máximo de amor e decarinho.

Alguns meses se passaram e eu continuava aadmirar aquela rotina. O dia do meu aniversário chegoue eu estava empolgada; houve uma pequena festinha naminha casa, para a qual convidei alguns dos meus amigos.Depois que todos já haviam ido embora, eu fui observara senhora, como de costume. E ao chegar à janela, mesurpreendi ao vê-la gesticular para que eu fosse até ela.Corri para chegar mais rápido e no impulso de nossasmentes, nos abraçamos suavemente. E eu ouvia seucoração palpitar.

Nesse momento, fiquei sem reação. Nos soltamose ela me levou até o seu jardim. Pediu-me para escolheruma flor. Sem dizer nada, passei os dedos por entre aspétalas de uma das margaridas. Ela colheu a flor eentregou-me, com a mão tremendo pela idade. Ficou aomeu lado, acariciando minhas madeixas, e disse “Felizaniversário!”

A partir daquele dia, eu aprendi valores que sempreserão muito importantes para o resto de minha vida.

Não há bem material que possa ser tão importantequanto uma boa recordação. Nunca se esqueça das pessoasimportantes e especiais da sua vida. E não se esqueçatambém de demonstrar a sua admiração por elas.

Plante e regue o seu canteiro de amor, pois damesma forma que o jardim não floresce sem amor, umavida não vale a pena sem boas recordações.

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ArtigosHistórias dentro de mime Casos de Medicina:Duas obras preciosas

José Moreira deSouza

Gouveia teve oprivilégio de receberneste ano duasobras do maiorvalor. Refiro-medois pequenos livrosde autoria de nossoquerido DoutorPércio RibeiroPrado e de nossotambém querido,Doutor JoãoBaptista dos Santos.

Tive o prazer de ser premiado por ambas. A primeira, porgentileza de Ponteiro – o maior zagueiro da história deGouveia - e, a segunda, pela atenção de Lucíola GomesRocha – Lucíola de Efigênio de Dona Zezé Ribas.Fixo o valor. Trata-se de obras de dois ilustres médicosque viveram momentos importantes de nossa história. Odoutor João Baptista, que, no dia 13 de maio do ano de1958, chegou triunfalmente à Gouveia, e inaugurou oHospital Doutor Aureliano Brandão.Meu leitor já imaginou se cada um dos médicos que serviramà nossa Gouveia tivessem registrado a memória de suasações? Eu imagino, a presença do doutor Zózimo RamosCouto, fugindo do povoado, numa madrugada escura, erevoltado com a política de Gouveia, no final dos anos de1910, beirando 1920. Ele não deixou a Gouveia porincompetência no exercício da profissão, mas simplesmenteporque entendeu que já era hora de Gouveia retomar a lutapela emancipação. Tornar-se cidade. Não deu certo, saiuhumilhado e quase clandestino para prestar serviços emoutras plagas.E o doutor Policarpo Teixeira; quais foram os motivos paraele deixar Gouveia na primeira metade dos anos de 1940?Seu lugar foi preenchido pelo doutor Adalto. Por que odoutor Adalto permaneceu tão pouco tempo em nossa terra?Seguiram-se os anos do doutor Jurandy Esteves. Jurandyatuou como engenheiro sanitário – canalizou a água de queainda nos servimos - , engenheiro civil construiu o hospital eajudou na construção da casa paroquial nos tempo de nossoPadre Serafim. Médico competentíssimo, realizou cirurgias

melindrosas na salada casa em queresidia, onde selocaliza or e s t a u r a n t ePicolino do ElcioRibas. Nãoconheço osmotivos pelosquais deixouGouveia com ohospital já prontopara inauguração.Ah! O hospital.

Nosso hospital tem longa história. Havia uma casa, em pontoonde se localiza a Padaria Papaulo que se chamava“Hospital”. Era patrimônio da irmandade de Nossa Senhorado Rosário juntamente com outras seis casas pertencentesao mesmo patrimônio. Essa casa chegou a abrigar o Postode Saúde, e servia também para os Reis de Nossa Senhorado Rosário saírem em préstito solene à histórica e pomposacapela nos dias de festa. Pois bem, a igreja foi demolida eseu patrimônio dilapidado.Doutor Jurandy levou à frente o sonho de um hospital emGouveia e obteve recursos para construir as modernasinstalações do que temos hoje.O depoimento do doutor João é fundamental para nossamemória:

“Fui contratado para chefiar o posto desaúde, bem como um hospital novinho, emcondições de ser inaugurado. Todos ospacientes ou habitantes atendidos eramparticulares, ou se constituíam dos nossosvelhos conhecidos “indigentes”, que eramem maior número.”

Mais à frente, o doutor João desce aos pormenores:“Assim que chegamos na cidade deGouveia, nosso primeiro compromisso foio de fazer com que o hospital funcionasse.Dois ou três dias após nossa chegadadirigimo-nos ao hospital e fizemos umlevantamento do que lá existia.Era um hospital pequeno, mas, suficientepara atender à população da cidade emunicípios vizinhos. Possuía duasenfermarias, uma para homens e outra paramulheres, com cinco leitos cada uma. Quatroapartamentos, um raio-x de 500 amp, umasala de parto, uma sala para curativos, umasecretaria, cozinha completa, um quartoonde ficou morando a enfermeira, lavanderiacompleta, necrotério e dois quartosindependentes que foram posteriormente

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Artigostransformados em aposentos para doentesportadores de doenças infectocontagiosasou repugnante.Quanto ao material cirúrgico, estava quasetodo completo, faltando apenas alguns itens.Não havia roupa de cama e cirúrgica deespécie alguma, porá, a Fábrica de TecidosSão Roberto doou todos os tecidosnecessários para a confecção de lençóis,forros, etc. Minha esposa improvisou umasala de costura e pôs mãos à obra,confeccionando toda a roupa necessáriapara o funcionamento do hospital.Depois de tudo pronto, foi só esperar oprimeiro paciente para internamento etratamento.

Esta obra do doutor João é uma preciosidade para recordaros tempos heroicos da prática da medicina. Nós quevivemos na sede mal imaginamos como um médico erarequisitado em toda a região: Datas, Tijucal, ConselheiroMata, Costa Sena, Fazenda do Capitão Felizardo,Tombadouro e até Serro e Rio Vermelho.A prática médica não se restringia ao puro saber técnico.O doutor relata casos espinhosos, dos quais dois merecemmenção. O primeiro do aconselhamento para evitar filhos.Hoje, até o papa põe de lado aqueles rigores castos,entendendo que a humanidade não se pode reproduzircomo ratos, mas naqueles tempos, do início da pílula acoisa era diferente. O segundo do confronto com o vigáriolocal que pregava a moralidade inevitável no que se refereàs técnicas anticoncepcionais até com risco para a futuraparturiente.Mas, tudo isto é pouco diante da riqueza dos registros dodoutor João. Chego ao livro do Doutor Pércio.Diferentemente do doutor João, Pércio nos apresenta umaobra literária. Conta casos sem maior preocupação com osaber médico. Narra cenas da vida cotidiana, muito maisdo que o ser médico em Gouveia, o doutor Pérsio nosconta o que é ser cidadão em Gouveia a partir do lugarprivilegiado de ser também médico.Nosso leitor já conhece alguns dos casos publicados nesteboletim. Todos eles receberam nova redação de gostoapurado para constar no livro.Reproduzo um inédito de apurado gosto:

Pausa para a vida:“Seu” Sebastião tinha mais de 85 anosquando o conheci em meu consultório. Erahipertenso, tinha problemas cardíacos, masnão dispensava o cigarrinho de palha. .Dona Dolores, a esposa, tinha 84 anos. Osdois haviam construído uma famílianumerosa: 10 filhos, vários netos.

Tinham passado a vida inteira na zona rural,mas agora, com a idade avançada e jásozinhos – pois tinham-se casado os filhose cada um tomara seu rumo na vida – os seviram obrigados a se mudarem para acidade.Bastante falante, olhos vivos, Seu Sebastiãosempre se demorava em meu consultório.Gostava de ouvir seus casos, a históriabonita do pai que tinha tirado da terra osustento dos dez filhos.Numa de suas consultas e durante nossascostumeiras conversas, Seu Sebastião meconta que D. Dolores, depois que semudaram para a cidade, dera de ficarciumenta. Ele me diz, meio irritado, que aesposa agora quer saber onde ele esteve,por que demorou, com quem conversou eisso e mais aquilo. Diz que agora a Doloresinventou de ter ciúme de uma amiga antigado casal, a Dilcinéia. E arremata:- Isso só pode ser caduquiça, num é, douto?- É não, Seu Sebastião, é porque o senhorainda está forte, inteiro, e ela tem medo dosenhor arrumar uma namorada.A resposta lhe arranca uma gargalhada semdentes e seus olhos vivos não me respondemse ele concorda ou não com o que eudissera.Certo dia, Seu Sebastião passa mal na rua:dor no peito, dispneia. Levado ao hospital ,fica internado no oxigênio, enquantoprovidencio que alguns exames sejam feitos.Logo chega uma das filhas e me ouve falarcom a enfermeira sobre os cuidados com adispneia de Seu Sebastião. Ao dar a notíciapara a mãe pelo celular, diz que o pai estavano hospital com dispneia. Foi o estopim paraa confusão.- Dilcinéia? Eu sabia que havia mulher nestemeio. Essa sirigaita me paga!Muita saliva teve que gastar a filha paraexplicar a D. Dolores o que realmente estavaacontecendo com o pai. Mas a mãe não seconvenceu muito não. Vai que seu “Bastião”estava lá doente e Dilcinéia no hospital,cuidando dele, do seu velho, no lugar queera dela?E eis senão quando chega D. Dolores,procurando a pobre Dilcinéia, mas o queencontrou foi um quadro de apneia graveque acometia Seu Sebastião. Tão grave queele precisou ser transferido para Diamantina,

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onde ficou internado na UTI por vários dias.E D. Dolores ia fazendo as visitas diáriasem companhia da filha e sempre perguntadose uma tal Dilcinéia havia aparecido por lá.Ao visitá-lo ali e vê-lo todo entubado,pensava com meus botões: Quem dera deD. Dolores estivesse certa e o problemafosse mesmo a Dilcinéia...Mas o velho era osso duro de roer e se safoudaquela crise com dispneia, princípio deinfarto, Dilcinéia e tudo o mais! Não seriadaquela vez que eu ficaria sem suas histórias!Certo dia, ele apareceu para uma novaconsulta. As queixas de sempre. As quaiseu conhecia de cor. Depois, as histórias. Asque eu também já conhecia de cor, mas nuncame cansava de ouvir.Já estava eu fazendo a receita quando SeuSebastião me disse que precisava me falaruma coisa. Levantou-se, certificou-se de quea porta do consultório estava bem fechadae lascou essa:- Sabe o que é douto, é que eu e a Dolorestemo umas alegriazinha na cama, umas trêsvez na semana. O senhor acha que faz mar?- Não Seu Sebastião, é até salutar...Ele me interrompeu:- Sá, o quê?- Salutar, Seu Sebastião, quer dizer, não fazmal nenhum, é até bom pra saúde!Ele deu uma gargalhada daquelas que eu jáestava acostumado e saiu dizendo algumacoisa que não entendi. Mas pareceu-me queseus passos naquele momento estavam atésaltitantes.E fiquei ali pensando: “Tanto homem de 40anos me pedindo receita de Viagra e SeuSebastião me vem com uma dessas!!!”Agora estava explicado, pelo menos paramim, o ciúme de D. Dolores!

Esta é uma das diferenças entre as duas obras aquicomentadas. O doutor João apresenta um registroimportantíssimo das atividades médicas em Gouveiaenquanto o doutor Pércio se concentra nos casos vividos àmargem dessa atividade.Para finalizar, quero comentar dois momentos de minhaconvivência com ambos autores. No ano de 1962, emmeados de fevereiro – salvo engano, no dia 14 – apósretornar das peladas que eu promovia com a criançada deGouveia, resolvi dar uma volta de bicicleta no campo devôlei. Cheio de confiança, danei a dar voltas “radicais” emcírculo. Eis que a bicicleta derrapa na poeira e eu caí. Desci

a rua com os pés doendo. Passei uma noite horrível. Namanhã seguinte, dirigi-me ao hospital e fui imediatamenteatendido pelo doutor João. Ao raio-x ele imediatamenteconstatou fratura do segundo terceiro e quarto metatarso epromoveu o engessamento que deveria durar 40 dias. Findoo prazo, procurei-o novamente, não mais no hospital, masem sua residência, na qual, sua esposa, dona Míriam, cuidoude retirar o gesso. Fixo duas coisas, não me lembro docusto do serviço e creio que o valor foi irrisório; oatendimento foi tão perfeito que não deixou qualquersequela, nem mesmo para ter de submeter a longas sessõesde fisioterapia. Este feito, seguramente conferiu ao doutorJoão o mérito de se tornar uma das maiores referências emMinas Gerais em traumatologia. Não é surpresa que nossomédico de tantas competências tenha se tornado o DiretorGeral do Pronto Socorro João XXIII em Belo Horizonte.Digo agora de minha convivência com o doutor Pércio. Noano de 1975, recebi um telefonema de Geraldo Bittencourt.O conteúdo da mensagem era: O doutor Pércio solicitavaminha presença em Gouveia. Ele havia examinado Tia Flora,providenciado biópsia de um “caroço” no seio dela ediagnosticado malignidade. Dirigi-me no mesmo dia,encontrei-me com o doutor na porta da casa de DonaVitalina, onde a menina Eloisa era velada e recebi osaconselhamentos para cuidar de Tia Flora em BeloHorizonte. Nessa cidade, ela se submeteu aos processosde radio terapia. O doutor Pérsio continuou oacompanhamento e, dez anos passados, detectou novoscaroços. Fui novamente informado. Tia Flora submeteu-sea processo cirúrgico e retornou à Gouveia.Decorridos mais cinco anos, Tia Flora deu sinais de que achama da candeia estava se apagando. E apagou-se no dia5 de julho de 1991. Procurei o doutor Pércio para obter oatestado de óbito. Ele preencheu a papelada burocrática e,em dado momento, ergueu os olhos, quando iria declarar acausa, certo do dever cumprido. “Não foi de câncer queela morreu. Vou declarar que foi a idade.”Resumo o cuidado médico do doutor Pércio nessa fraseque gostaria de ver estampada em todas as casas:

Eis o meu servo, eu o ampararei; o meuescolhido, no qual a minha alma pôs asua complacência. (...)Não elevará sua voz em gritos, nem farádistinção entre as pessoas. Nãoquebrará a cana rachada, nem sopraráa mecha ainda chamejante.(Bíblia Sagrada. Profecia de Isaías.Capítulo XLII. Versículos 1 a 3)

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Quem foi Dona FloraMoreira?

Anita Pinto de Oliveira

Dona Flora Moreira nasceu em 23 denovembro de 1901. Ela era de estatura média,morena e olhos ligeiramente esverdeados. Usavasaia até os tornozelos, palitozinho de mangascompridas, o cabelo com várias trancinhas presascom grampo. Filha de Sebastião Moreira de Souza eEuflorzina Gomes da Silva. Com a morte de seuspais e alguns irmãos, Dona Flora passou a cuidardos sobrinhos com carinho como se fossem filhos. Uma irmã conhecida como Chica, já adulta,passou a morar junto com Dona Flora, pessoa deboa vontade que ajudava nos cuidados e passeioscom sobrinhos. Trabalhou na Fábrica São Roberto por muitosanos e se sustentava com o salario recebido. Maistarde foi para o Grupo Escolar “Aurélio Pires”, hojeEscola Estadual, onde exercia a função de serviçal.A escola promovia todo ano festinhas pelo seuaniversário. Na referida escola, às vezes, ficavanervosa com os alunos quando faziam suastraquinagens, mas era respeitada e elogiada pelobom trabalho feito com dignidade. Mulher de uma fé inabalável e com forte amora Eucaristia e a Nossa Senhora fazia parte dairmandade “Filhas de Maria”. Foi catequista pormuitos anos. Muitos gouveianos aprenderamcatecismo com a grande mestra Flora. Tinha umaconsideração e um respeito muito grande pelosvigários que passavam por Gouveia naquela época,mas era especialmente encantada pelo PadreSerafim, hoje Cardeal Dom Serafim Fernandes deAraújo, sobre quem ela sempre dizia: - “ele é alegre,sábio e santo”. Participava sempre de formaassídua das festas religiosas, mas empolgava-semais com a Festa de Santo Antônio e a procissãodo Santíssimo Sacramento, enfeitando a porta dasua casa, com gosto, alegria e animação.

Ela foi a matriarca da família. E quematriarca!!! Aos sobrinhos, considerados filhos, criadospor ela e Chica deu-lhes formação religiosa,conhecimentos de vida, dignidade no trabalho,honestidade, respeito às pessoas e amor a Deus.Esse foi o seu grande legado aos sobrinhos, homensque hoje fazem parte da sociedade gouveiana. Todos já ouvimos falar do intelectual JoséMoreira de Souza (conhecido como Zé de Flora),prudente, humilde, muito sábio, culto, esposo, paiquerido e exemplar, dentre outras qualidades. Quero realçar a figura do grande músicoSerafim, que faz parte da Banda Santa Cecília, deGouveia, com grande habilidade com a clarineta,com seu toque que faz o povo chorar. Homemhonesto contribui com seu talento para a cidade. Não poderia deixar de citar uma vocaçãovoltada para Cristo e a evangelização. Refiro-me aoPadre Silvio, sacerdote que representa Gouveia naarquidiocese de Diamantina, como pároco. “Dona Flora, quantos benefícios a senhoradeixou para todos”. Não só na sua família comotambém para a comunidade da cidade de Gouveia.Sempre que passamos na Rua Laurindo Ferreira,nº 472, nos lembramos de Dona Flora, pois lá estáaté hoje a casa onde conviveu conosco tantos anos. Agradecemos a Deus pelos 91 anos de idadeque passou no nosso meio. Por tudo que fez embenefício de muitos de nós, só nos resta lembrarmosDona Flora em nossas orações, saudades e umalágrima, não de tristeza, mas de agradecimento emnome dos gouveianos que com a senhoraconviveram. Dona Flora Moreira estará sempre em nossoscorações.

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CENTO E TRINTA ANOS DA FÁBRICA SÃO ROBERTO

Adilson do Nascimento

Gostaria de fazer um convite aos gouveanos:

retroagirmos a uma data histórica que simboliza um

marco do crescimento e desenvolvimento do município

de Gouveia: 23 DE JULHO DE 1887.

Naquela data o jornal “Liberal do Norte”

anunciava em suas páginas que havia sido constituída

no Arraial de Santo Antônio da Gouveia, por um grupo

de dezesseis (16) gouveanos abnegados e idealistas,

a Sociedade Mercantil de Alves, Ribas, Ribeiro e

Companhia, formada pelos seguintes sócios:

Quintiliano Alves Ferreira – o Barão de São Roberto –;

Rogério José da Rocha; Elias Gomes Ribeiro; Antônio

José Ribas; Ragosino Alves Ferreira; Antônio Alves

Ferreira; Leonel Alves Ferreira; Antônio Francisco Pinto

Mundeo; João Alves Ferreira Pequi; Pacífico Alves

Ferreira; Antônio Alves Ferreira Dornas; José Bonifácio

Ribas; Carlos José Ribas;

Felisbino Ferreira de

Amorim; José Alexandre

Souza e Manoel

Francisco de Campos.

O objetivo da

sociedade: estabelecer

no Arraial uma fábrica

de fiação e tecidos de

algodão ou outra

matéria apropriada, com

o título de Fábrica de São

Roberto.

A sociedade pouco tempo depois passou a

denominar-se Companhia de Fiação e Tecidos São

Roberto.

As suas primeiras máquinas, vindas em navios,

da Inglaterra, chegaram ao Porto do Rio de Janeiro e

dali por via férrea até Santa Luzia do Rio das Velhas,

alcançando Gouveia em veículos de tração animal –

carroças – e lombo de burros.

Com toda essa dificuldade de transporte e de

instalação, esse maquinário somente iniciou a sua fase

ativa em 29 de novembro de 1.889 – alguns dias após

a proclamação da república –.

Com a morte do Barão, em 1.895, a direção da

fábrica ficou a cargo do sócio João Alves Ferreira Pequi,

que ali permaneceu até 1.926.

Das mãos de João Pequi o destino da Companhia

passou para o domínio de Juscelino Pio Fernandes, mais

conhecido como Coronel Sica, um comerciante, muito

inteligente e perspicaz, que se estabelecera em Gouveia

e que havia sido Presidente do Município de

Diamantina, cargo correspondente ao de Prefeito nos

dias atuais e era, então, chefe político da região.

Em outubro de 1.929 com a diminuição das

exportações para a Europa as indústrias norte

americanas começaram a aumentar os seus estoques

de produtos. Como grande parte dessas empresas

possuíam ações na Bolsa de Valores de Nova York e os

valores dessas ações foram reduzidos drasticamente o

número de falências foi

enorme e a crise que ficou

conhecida como a

“Grande Depressão”

atingiu também o Brasil,

uma vez que os Estados

Unidos eram o maior

comprador de café

brasileiro. No Brasil,

também, houve uma

quebradeira generalizada

e assim como uma das

consequências da quebra da Bolsa de Valores de Nova

York, a Cia. de Fiação e Tecidos São Roberto foi à

falência.

Em 16 de agosto de 1.932 o então

superintendente da Companhia Fiação e Tecidos Cedro

e Cachoeira, engenheiro Alexandre Diniz Mascarenhas,

filho de família tradicional do ramo têxtil, nascido em

Curvelo, em 12 de setembro de 1895 – ano que morreu

o Barão de São Roberto –, arrematou no Fórum de

Diamantina, junto com alguns amigos, a massa falida,

Artigos

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Boletim Informativo da AFAGO página 13

Artigos

Centenário de DonaIsaltina Tameirão deOliveiraO dia 26 de junho foi para a Gouveia um dia especial.Digo Toda a Gouveia e acrescento. Foi também para omunicípio de Contagem.Em Gouveia foram celebradas inúmeras missas em louvorao centenário de uma senhora que emigrou de nossacidade no ano de 1958. Em Contagem, um município queno início dos anos de 1950 tinha quase a mesmapopulação de Gouveia e que hoje registra mais desetecentos mil moradores, essa mesma senhora teve suatrajetória louvada em missa celebrada na igreja que elaajudou a construir no bairro J. K.

Eis um nome para não ser esquecido:Isaltina Tameirão de Oliveira.Nessa data, a Afago lançou a edição especial do Boletimna qual registra depoimentos dos filhos, netos, sobrinhose noras.Nesta edição são apresentados depoimentos de amigos edemais pessoas que não foram publicados na ediçãoespecial devido a tempo para impressão.

Do fundo do meu coração…

João Guedes VieiraA ligação entre uma mãe e seus filhos é tão grandiosaque se torna inexplicável. Nada chega perto destarelação tão linda, pura e verdadeira.Ela é forte, ela é guerreira, ela é mãe!

por 250 contos de réis, dando-lhe o nome de Companhia

Industrial São Roberto, que em 1.965 passou a chamar-

se Companhia Industrial de Estamparia e desde 1988

ostenta o nome de Estamparia S.A., embora se

mantenha uma empresa familiar, de capital fechado,

ou seja, não comercializa suas ações nas Bolsas de

Valores.

Portanto, em 23 de julho de 2017 a Fábrica São

Roberto, de tantas glórias para a cidade e o seu povo

estará completando cento e trinta anos de existência.

Qual a razão para que esteja lembrando esses

fatos históricos na data de hoje? Por duas razões que

independem da minha vontade: primeira, por não saber

se estarei vivo quando das comemorações, no próximo

ano, que certamente a cidade se encarregará de

patrocinar; segunda, por não ter certeza se até

lá, embora a data esteja às nossas portas, a

fábrica estará com suas atividades fabris em

funcionamento, justificando as comemorações.

De toda forma, quaisquer que sejam os

desfechos, a data é histórica. A fábrica está

marcada na vida da cidade e do seu povo,

justificando, portanto, que seja lembrada.

Data inauguração da Fábrica

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Boletim Informativo da AFAGO página 14

Ela foi minha mãe de coração, foi minha mãe de oração,foi dona Isaltina Tameirão.Hoje a saudade nos faz mais uma visita, mas não vemacompanhada da tristeza como protagonista.Com corações mais confortados, dedicamos esse diapara relembrar os bons momentos que foramcompartilhados com a presença de uma pessoa tãoquerida.Um amor que nunca morre, que é inexplicável, e mesmoque não esteja mais ao meu lado, esteja fora do alcancedos meus olhos, continuo sentindo sua presença, a nosguiar, proteger e abençoar… Desta forma, ouso citarque a saudade é o amor que fica.Dizem, que nem todos os anjos tem um par de asas, ásvezes eles têm apenas o dom de te fazer feliz.Assim, “a vida me ensinou a dizer adeus às pessoasque amo, sem tirá-las do meu coração”.(Charles Chaplin)

Da Nilva – nora, esposa de AprígioFalar de Dona Isaltina; Date: Sun, 19 Jun 2016 02:51:35+0300 Dona Isaltina, A senhora sempre foi muitoquerida por mim. Acolheu-me, desde o nossoprimeiro encontro, como se eu fosse sua filha. A suapresença em minha vida foi um presente de Deus.Aprendi muito e agradeço; são coisas simples, masque se tornaram especiais, porque vieram dasenhora. Sinto tanta saudade! A senhora continuailuminando os meus dias, com a sua lembrança. NilvaMaria Martins ( sua nora)(...)Tem uma música, AMOR E DESPREZO, ( RossiniPinto), que D. Isaltina gostava muito,fazia todas aspessoas chegadas a ela se lembrarem dela.

Vejam a Igreja que foi construída no Bairro J.K

Apreciem a leveza de uma carta de Dona Isaltinapara os filhos.

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Boletim Informativo da AFAGO página 15

Uma visita a JoséRaimundo MonteiroPopo

Fazia um ano que não ia à Gouveia. Encontrei muitasnovidades. Em certo momento, falei de José RaimundoMonteiro. Logo fui informado que, no ano passado, ele foivítima de dois golpes que lhe fizeram lembrar o JoséRaimundo Paixão, seu nome original.

Nos anos de 1950, José Raimundo Paixão – Popô –constituiu uma sociedade com José Raimundo Paixão – ZéMulambo. A sociedade se chamava Paixão & Paixão noramo de fabricação da calçados. Esta sociedade reuniu osgrandes sapateiros de Gouveia e a fábrica se localizava noLargo do Rosário, hoje, Praça “Estado de Minas”. Os doisdiretores eram homônimos e isto trazia grandes incômodospara a burocracia, especialmente ao Fisco.

Já imaginaram, chega uma carta de protesto para JoséRaimundo Paixão e um paga pelo outro? Popô decidiutornar-se Monteiro, em homenagem ao seu querido Paiteiro– João Monteiro – daqueles Monteiro do Camilinho quereceberão Richard Burton no ano de 1867. A Sociedadeque deveria chamar-se Mulambo & Popô prosperou semos atropelos dos homônimos.

A quais golpes que chamam à Paixão me refiro?

- No ano passado, primeiro a Leila, e, pouco meses depois,a Mita! – Informou-me Antônio de Nelo.

Em minhas andanças pela Avenida Alexandre Mascarenhas,encontro-me com Cleuber. Todos sabem que Cleuber é ofilho mais velho de Popô. Juntamente com o abraço desaudade, eu decidi puxar as orelhas desse menino com quemeu privo grande amizade desde o ano de 1959.

Senti-me livre para demonstrar meus sentimentos com umarepreensão em regra:

- Cleuber, acabei de saber que Leila faleceu no ano passadoe que sua mãe a seguiu alguns meses depois. Como é quevocê não nos comunicou? Você é membro diretor daAFAGO, é da Diretoria. Nossa Afago é para isto, para agente estar sempre juntos.

Puxei as orelhas do menino. As duas. Não tolerei desculpas.

Cleuber é um amigo muito querido. Ele era criança e euseminarista. Em dado momento, Cleuber passou afrequentar minha casa – a casa de Tia Flora e Chica.Juntamente com ele chegaram seus irmãos: Clemilson,Cléverson e até o pequenino “Nenem”. Trouxe também,seus vizinhos, os meninos de João Antônio de Astério,Nilberto e Nilceu. A roda aumentou com os primos: Paulinho,Álvaro e Ernane filhos de Joãozinho de Nelo. Em dadomomento, a criançada enchia minha casa e íamos ao campode futebol. A pelada iniciava-se às 13:00 horas e, às vezes,às 18:00 ainda corríamos atrás da bola. O grupo cresceu.Meninos de Antônio de Juca – o Cabo Gouveia – Tonico eVicente. Meninos de Antônio do Padre: Louça e Pausa,irmão de Dingo de Vavá, Antônio; meninos de Arcena:Nanico e César; o craque Pelé, meninos da Rua do SabãoFigininho de Maria de Sá Justina, Élcio de Aurélio Ribas,Alberone de Dona Ritinha e até Afrânio Gomes ensaiavamcorrida atrás da Bola. Ganhei um preparo físico invejável,mas continuei “punga” como se diz em São Paulo até hoje.

Não havia lugar para meninas, mas Leila, enciumada, umavez acompanhou seus irmãos.Pediu para ser fotografada.

Todas essas recordações mechegaram quando repreendiCleuber. Afinal, Popô reclamava:“Quando chega Zé de Flora,minha casa fica vazia. Todo mundocorre pra casa de Zé de Flora.”

Para minha tristeza, Leila ficou emlembranças longínquas. Sempre

aquela criança à procura da sociabilidade dos irmãos.

À noite do dia a que me referi, Adélia e eu fomos à casa deJosé Raimundo. Ele esta repousando. Rita, esposa doCléuber nos atendeu e fomos ao quarto do casal. Popô selevantou, trouxe ao presente a memória da querida Mita.Falamos do dia de seu casamento e da coincidência de elee Joãozinho de Nelo se casarem ao mesmo tempo comduas irmãs – todas lindas e prendadas.

Retornei à entrevista que gravamos em 2007, na qual elerecorda as peripécias de treinar Flamengos e Flamenguinhosdesde o ano de 1944, fundar o Clube dos Escoteiros emGouveia, eleger-se vereador. Em dado momento, dirigimosnossa atenção a Mita.

Ela narrou os tempos em que se tornou costureira de altacostura para vestir elegantemente as mulheres de Gouveia.

SAUDADES E ESPERANÇAS

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Foi conversa proveitosa, alegre em uma casa alegre.

Fixo a acolhida. Em dias de festa, a casa de Popô tornava-se dormitório, refeitório e espalo de lazer para vinte a trintapessoas, amigos de Gouveia.

Saudades!

SAUDADES E ESPERANÇAS

JURANDI RIBASFoi com tristeza que acompanhei, juntamente com oscompanheiros do Plambel – Planejamento da RegiãoMetropolitana de Belo Horizonte -, os últimos dias depercurso de Jurandy por este mundo de meu Deus.Notícia: JURANDI RIBAS - Faleceu, ontem, 23 demaio em Belo Horizonte, nosso conterrâneo Jurandyde Geralda Brasil e Antônio de Nonô. Em diasrecentes, embora no CTI, acusou uma pequenamelhora, retornando, porém ao coma e não resistiuaos problemas que lhe afetavam o fígado. Descanseem paz.Jurandi foi desenhista do setor de Cartografia do Plambelaté o ano em que essa autarquia foi extinta – 1995 pelogoverno de Eduardo Azeredo [um ato de burrice como eudeclarei e ficou registrado oficialmente no site da FundaçãoJoão Pinheiro] – e a Cartografia foi incorporada ao IGA –Instituto de Geociências Aplicadas -.Jurandi era tão querido no Plambel que, muitos colegas sedeslocaram de Belo Horizonte para abraçá-lo no dia deseu casamento – até que enfim ele se desencalhou – naigreja do Divino Espírito Santo de Datas.Tenho belas recordações de Jurandi. Minha irmã, Maria deJesus, foi sua primeira babá. Eles se amaram ternamente.Para ele, Maria era Leleca e, para ela, Dizinho. Guardo

uma fotografia registrada pelo seu avô, Afonsinho, na qualDizinho, trajado de Menino Jesus, após uma procissão,desprende-se de sua mãe e exibe-se em frente à velhamatriz.

Jurandi contempla o mar, o amplo mar pronto para partirpara a outra vida.

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Jurandira Ribas Nascimento

ZÉ,

Li emocionada a mensagem sobre oaniversário de Teteca. Queria desejar-lhemuitas felicidades paz amor e saúde paraaproveitar esta família maravilhosa que elaconstruiu. Transmita a ela minhafelicitações. Apenas um pormenor: Quandoeu era pequena eu morria de ciúmes deTeteca que sempre foi apaixonada pelo meuirmão e quando o via ficava cheia de mimospra ele. Em contra partida a minha babáGody, você se lembra dela nem me ligava,pois além de mim tinha várias outrascrianças pra bajular...

Estou ainda tentando me familiarizar com aideia de que não possuo mais aquele irmãoamigo e único que se foi e nos deixou muitosaudosos. Ele também construiu uma família lindaque tenho a honra de conviver para sempre e nuncadeixar que a memória dele se apague de nós.

Obrigado pela mensagem. Abraços

Jurandira

Adilson: Consternado e muito triste com o falecimentoda minha amiga e colega da Ilda, ZEZÉ LOYOLA.Apresento os meus sinceros votos de pesares aLadinho, meu amigo particular, e todos os demaismembros da família Loyola e Abaeté, que tem passadopor sucessivos percalços da espécie. Que Deus lhessirva de conforto e resignação. – dia 15 de junho

José Moreira: 18 de junho; Afrânio Gomes informou,há pouco: “Faleceu hoje em Gouveia, a nossa amigacarinhosamente conhecida por “CONCEIÇÃOFOGUETEIRA”. Muito amiga de todos da cidade.”Conceição deve permanecer em nossa memória comoBenemérita do necessitados.

Maria Auxiliadora de Paula Ribeiro. Faleceu hoje 1de julho em Curvelo onde morava, Augusto SaraivaPinto, após trinta e quatro dias na UTI, muito lúcido,lutando bravamente pela vida. Cidadão gouveianoíntegro, deixa a viúva e três filhos, a quem dedicavatodo amor. Seu corpo está sendo velado na Funerária“Mada Pax”, com sepultamento marcado para logomais, às 17 horas. A Augusto, conterrâneo amigo,exemplo de cidadão, a minha homenagem.

SAUDADES E ESPERANÇAS

Geraldo Augusto Silva.

Agostinho Saraiva, como eu o chamava, foi meu grandeamigo em Curvelo e Gouveia.Estive com ele nosepultamento de Dona Margarida.Deixo externadomeus sentidos pêsames a todos os familiares.

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50ª Semana Mineira de Folclore em DiamantinaEstá previsto o encerramento da 50ª Semana Mineira deFolclore na cidade de Diamantina. Da programaçãoconsta encontro de pessoas das cidades de Gouveia,Couto de Magalhães de Minas, Tijucal – PresidenteKubitschek, Serro – Milho Verde e São Gonçalo –Conceição do Mato Dentro – Costa Sena, CapitãoFelizardo e Cemitério do Peixe -, Datas e Rio Preto.Tema para conversas: Herança do Distrito deDiamantina e o saber viver.Serão lançadas as obras nesses dias:Tempos de Diamantina de Luis Santiago – quinto livroda série O vale dos boqueirões.Felisberto Caldeira de Antônio de Paiva MouraCamilinho, a origem e a escola de Raimundo Nonatode Miranda ChavesRevista Comissão Mineira de Folclore nº 29 – TiposPopulares.

Dom Serafim em Gouveia Nosso companheiro diretor Geraldo Augusto Silvacomunica a presença de nosso cardeal Dom Serafim nosfestejos de Nossa Senhora das Dores que acontecerãonos dias 14 e 15 de setembro.Geraldo Augusto SilvaEsteve presente em BH nosso vigário paroquial PadreFranciane.Foi dia 29 de junho.Estivemos numa visita aoCardeal Dom Serafim Fernandes de Araújo.Na ocasião foifeito ao mesmo o convite para nossa festa de N.Sra.dasDores, que será realizada de 11 a 18 de setembropróximo.Então D.Serafim muito alegre agradeceu o convitee estará conosco nos dias 17 e 18 setembro.Foi umencontro muito bonito.Agradeço ao Padre Franciane pelogentil convite para acompanhá-lo e por sua gentileza eagradável presença.Tive a oportunidade de parabenizá-lo porter sido destaque no cerimonial quando da sagração deDom Darci Niccioli em Diamantina.Falei com ele que oarcebispo o deixe na nossa terra por um tempo bastantelogo, e que seu sacerdócio seja coberto de bênçãos para obem de GouveiaSerá mais um momento para festejar 92 anos de vidaplena de nosso admirável pároco.

Gouveia na praça da Assembleia Legislativa de

Minas Gerais

Deolinda Alice dos Santos – primeira à esquerda – nafeira de artesanato acontecida nos dias 9 a 11 na praçada Assembleia Legislativa em Belo Horizonte. Barracade gouveianas que divulgam nossa arte.

Maria de Jesus: Oitenta anos

MARIA DE JESUS [Moreira de] Souza Lima completou,hoje, dia 14 de junho, 80 anos. É com muita alegriaque comunico que minha irmã completou nesta data 4/5 de um século. Maria foi mais do que irmã para mim.Quando minha mãe adoeceu já preparada para migrarpara outra vida, eu tinha oito meses de idade. Meu paime levou para a casa de minha avó, Euflosina, e levoua menina Maria, com cinco anos para ajudar a cuidarde mim (?). Ela fez mais do que isto, enquanto euestudava, ela velou para me prover de recursosnecessários. E fez muitas coisas mais. Até hoje, guardocomo relíquia a mala que adquiriu para minhasviagens, um lençol e uma toalha de banho. Tem muitomais. Guardo também a coleção das obras de KarlMay que ela adquiriu para meu entretenimento,compradas na feira do livro que acontecia à sombrados ficus na Avenida Afonso Pena. É bom demaispoder louvar uma irmã deste porte. Viúva aos 46 anos,

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Aconteceu e vai acontecer

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criou os filhos com dificuldade mas tem o prazer de vê-los todos muito bem encaminhados, com as profissõesque escolheram: engenheiros, técnicos em química,metalurgia, empresários orgulhosos da mãe que têm.De Gouveia ela se lembra ao preparar broas, cobus,pães de queijo, cuidar dos netos, fazer sabões, cantarmodinhas e outras aventuras. Ficou triste ao receber anotícia do falecimento de Jurandy Ribas - irmãode Jurandira Ribas Nascimento -. Maria foi babá doJurandI e ele a chamava carinhosamente de “Teteca”.

Boletim Informativo da AFAGO página 19

Aconteceu e vai acontecer

Adélia é homenageada pela Câmara Municipal de

Belo Horizonte

No dia 8 de junho, nossa colaboradora da AFAGO, AdéliaAnis Raies de Souza, recebeu certificado da Câmara Municipalde Belo Horizonte pelos serviços prestados à comunidade doBairro Madre Gertrudes na qualidade de Diretora da EscolaEstadual “Aarão Reis”.Adélia atuou nessa escola como professora ao longo de trintae dois anos e se empenhou pela educação das crianças, jovense adultos contando com o reconhecimento de pais e alunos.Nesses 32 anos contribuiu para o desenvolvimento social demuitos alunos e sofreu com aqueles que fracassaram ao longoda vida, partindo desta para não se sabe se para melhor ou

pior. Muitas vezes, se sentiu impotente ao ouvir queixasde pais e alunos a respeito de suas condições. Certa vez,um deles abordou-a desesperado:- Arranja outro lugar para mim. Não posso mais ficaraqui.Era uma criança de 14 anos. Aprendia serviço decarpintaria.Não houve tempo. Passados poucos dias, o adolescentecom um futuro promissor, despediu-se do mundo ingrato.Muitos, porém, podem relatar com orgulho, o trabalhode atenção da professora Adélia em valorizar seuconhecimento e suas famílias.Na condição diretora, Adélia se desdobrou para tornara escola um espaço de aprendizagem. Isto é uma lutacontra a corrente. Há muita coisa a mudar na escola comoinstituição de educação. Um dos trunfos exibidos, é que,em todo o período que dirigiu a Escola Estadual “AarãoReis”, a polícia deixou de ser convocada para “resolver”conflitos com alunos indisciplinados.Adélia insistiu, nem sempre compreendida pelosprofessores:- É à escola que os pais recomendam o cuidado de seusfilhos. É a escola que tem a obrigação de zelar por eles.Não a polícia.

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Boletim da AFAGOÓrgão Informativo da Associação do Filhos e Amigosde GouveiaAno IX– 03 -maio_junho- 2016.www.afagouveia.org.br

Diretor Responsável – Adilson do NascimentoEditoração Gráfica: José Moreira de SouzaCrédito das Fotos: Arquivo Família Martins de Oliveira,José Moreira de Souza, Lourdinha Dumont.

Diretoria da AFAGOPresidente de Honra: Waldir de Almeida Ribas inMemoriamPresidente: Adilson NascimentoSecretário: Guido de Oliveira AraújoTesoureiro: Raimundo Nonato de Miranda ChavesPatrocinadores:Diretores da AFAGOComissão EditorialGuido de Oliveira Araújo.José Moreira de SouzaRaimundo Nonato de Miranda Chaves

IMPRESSOREMETENTEAFAGO - Associação dos Filhos eAmigos de GouveiaAvenida Amazonas 115 - sala 1709

CEP: 30180 - 000 - BELO HORI-ZONTE - MG