Boletim Informativo MPI n.º 27

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    Nesta edio:

    LTIMAS ACTIVIDADES 2

    MILHO OGM CAUSA TUMORESE MORTE 3

    BREVES 8

    Compatibilizar as actividades humanas com a defesa daNatureza no apenas uma questo tica tambm uma questode sobrevivncia. Aps dcadas de um modelo de sociedadeindustrial em que a tecnologia olhada como a salvaoda humanidade so cada vez mais os que compreendem que a coo-perao com a Natureza tem de voltar a ser valorizada, e esto asurgir vrios projectos onde se exploram, por exemplo, novas prti-cas agrcolas ou de construo de habitaes inspiradas em prticas

    tradicionais com melhorias luz de conhecimentos recentes.A partilha de saberes, a divulgao de actividades, notcias e factos sobre

    a actualidade com um olhar para o futuro continuar a ser a principal modelo inspira-dor do nosso boletim.

    A Presidente da Direco

    Alexandra Azevedo

    Editorial

    Dezembro de 2012

    Ano 8, N . 27

    www.mpica.info

    BBOLETIMOLETIM IINFORMATIVONFORMATIVO

    Agrofloresta

    Reteno de gua

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    OFICINA DEPRESERVAO DESEMENTESDEVARIEDADESTRADICIONAIS

    O uso e livre troca de sementes de variedades tradicionais esto a ser restringidos por patentes e outras impo-sies legais, situao de profunda injustia, pois a semente o primeiro elo da cadeia alimentar, ou seja, repre-senta novas culturas, alimentos, a Vida. Quem controlar as sementes controla a produo de alimentos! Assim,um pouco por todo o mundo multiplicam-se as iniciativas de recuperao da herana milenar da humanidade, opatrimnio gentico, atravs da livre troca de sementes, tendo surgido em 2012 a Quinzena de Aco Mundialpelas Sementes L ivres que decorreu na primeira quinzena de Outubro, com centenas de eventos por todo omundo, em Portugal foram organizados 17 eventos de Norte a Sul. Campanha pelas Sementes Livres(nacional, subsidiria da campanha europeia) junta-se agora o Movimento Global pelas Sementes L ivres.

    Integrado tambm na actividade do CREIAS Oeste, com a LOURAMBI, realizou-se na Lourinh uma ofici-na de preparao e preservao de sementes de variedades hortcolas tradicionais. Teve incio s 16.00 para aprojeco do excelente documentrio "As Nossas Sementes" na Junta de Freguesia da Lourinh a que se seguiuum debate e parte prtica no ptio do Museu da Lourinh, onde foram demonstradas a tcnica hmida e pormacerao para a separao e limpeza das sementes de alface e couve nabia e tomate, respectivamente.

    Fotos: Lvia VieiraCampanha pelas Sementes L ivres: www.sosementes.gaia.org.pt

    Campanha Europeia: www.seed-sovereignty.orgMovimento global para a L iberdade da Semente: www.seedfreedom.in

    SESSO SOBREECO-GASTRONOMIANA ESCOLA SECUNDRIA HENRIQUES NOGUEIRA (T ORRESVEDRAS)

    Integrada na actividade do CREIAS Oeste realizou-se uma sesso sobre eco-gastronomia dia 20 de Novem-bro. A plateia estava repleta, previa-se que estivessem presentes cerca de 60 alunos e o nmero acabou por serde 103!, pertencentes aos cursos de Educao e Formao de Adultos de nvel secundrio e de nvel bsico,Educao e Formao de Adultos dupla certificao de Auxiliares de Educao, Auxiliares de Sade e Contabili-dade. Aps uma apresentao de diapositivos alertando para uma srie de factos relacionados com o actual modode consumo e de produo de alimentos, e, claro, abordando as alternativas e o que podemos fazer, seguiu -se

    uma demonstrao de algumas iguarias eco-gastronmicas: maionese de linhaa e revolto de urtigas, e a plateiapode ainda degustar po de lveda natural, bolachas de bolota e bebida de roseira brava.Foram os participantes que felicitaram pelo contedo e pelas provas de deliciosas receitas. Foi ainda notrio

    que para alguns mais spticos a prova permitiu dissipar algumas desconfianas.

    LTIMASACTIVIDADES

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    ESTUDO CIENTFICO DEMONSTRA QU E MILHOTRANSGNICO CAUSA TUMORES E MORTE

    Em comunicado de 19/9/2012 a Plataforma Transgnicos Fora comenta que face ao estudo (1) publicado naprestigiada revista internacional Food and Chemical T oxicology sobre milho geneticamente modificado que

    aponta para efeitos txicos "alarmantes"(3) at agora desconhecidos,(previstas alis na directiva quadro dos

    transgnicos 2001/18):

    - Suspenso imediata de todos os transgnicos em uso na alimentao e nas raes animais; e

    - Proibio imediata do cultivo de milho transgnico em Portugal.

    Este estudo particularmente importante, porque a primeira vez a nvel mundial que so investigados osefeitos de longo prazo dos transgnicos na sade.

    O milho estudado foi o NK603 da multinacional Monsanto, tolerante ao herbicida Roundup, foi consideradoseguro e autorizado para a alimentao humana pela Comisso Europeia j em 3 de Maro de 2005 e tem circula-do na Europa desde ento. Os investigadores, liderados pelo Prof Sralini da universidade francesa de

    Caen,verificaram que os animais alimentados por este milho transgnico (num regime alimentar oficialmenteconsiderado seguro) sofreram de morte prematura, para alm de tumores e danos em mltiplos rgos vitais.

    Este estudo despoletou inmeras reaces, destacaremos aqui apenas algumas.

    Como se poderia prever o estudo sofreu ataques no s da empresa Monsanto, produtora do milho transgni-co e do Roundup, mas tambm de cientistas defensores dos transgnicos, tal como todos os estudos que queapontaram evidncias de efeitos negativos dos transgnicos para a sade ou o meio ambiente: as crticas, quecomeam imediatamente a correr mundo, buscam desqualificar a pesquisa por completo, com alegaes do tipo"o estudo carece de qualquer base cientfica", "o estudo no atende as normas mnimas aceitveis para esse tipode pesquisa cientfica", ou ainda "os dados apresentados no suportam as interpretaes do autor".

    preciso dizer que a pesquisa em questo foi peer reviewed, ou seja, revista por pares - outros cientistas quecompem o comit editorial das revistas cientficas para avaliar a qualidade dos dados e das anlises. Mais que

    isso, dada a importncia que tem para os pesquisadores (acadmicos em geral) a publicao em revistas bem con-ceituadas em suas reas de estudo, existe actualmente uma enorme competio por publicaes e s chegam aser publicados os estudos que atendem, rigorosamente, a todos os padres de qualidade exigidos.

    Ao contrrio desta pesquisa, os estudos que suportaram as autorizaes comerciais de transgnicos pelo mun-do a fora NO foram publicados em revistas cientficas. Esses estudos, em sua maioria esmagadora conduzidosao longo de no mximo 3 meses, so realizados pelas prprias empresas que desenvolveram os produtos, no so"revistos por pares" e, mais ainda, comumente no tm seus dados tornados pblicos, contendo partes importan-tes declaradas como sigilosas! Ou seja, os cientistas que dizem duvidar da qualidade da cincia que aponta pro-blemas no milho transgnico e no agrotxico usam sua autoridade cientfica para tentar desmerecer o mecanismode validao que aceite no meio cientfico - a publicao - e conferir legitimidade a resultados de pesquisascujo rigor no avaliado por comits independentes.

    Perante este ataque ao estudo de Gilles-Eric Seralini, surgiu uma onda de resistncia em defesa da cincia eda equipa do pesquisador francs. Uma carta aberta foi assinada por um grande membro de acadmicos de todoo mundo e uma declarao Cincia e Conscincia foi assinada por 140 cientistas franceses (e vrios no assina-ram com receio de represlias) e foram enviadas cartas individuais por 160 cientistas.

    Na carta aberta os cientistas recordam o histrico de ataques e perseguies e alertam para as crticas engano-sas e falsas normalmente amplamente difundidos no sentido de desqualificar, sistematicamente, as pesquisasque evidenciam os riscos dos transgnicos. Criticam ainda os protocolos dos experimentos exigidos para a apro-vao de transgnicos nos EUA e na Europa, que apresentam pouco ou nenhum potencial para detectar as suasconsequncias negativas.

    A Agncia Europeia para Segurana Alimentar (EFSA, sigla da denominao em ingls), que ainda no rejei-tou nenhum transgnico e como tal havia aprovado esta variedade de milho considerando-a segura para consu-mo, concluiu que o estudo de qualidade cientfica insuficiente para ser considerado vlido como avaliao derisco. Em vez de, no mnimo, assumir uma posio de precauo e considerar a necessidade de se realizarem

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    Rajendra Singh, 52 anos, presidente da Tarun BharatSangh (TBS), uma organizao no-governamentalindiana, teve um papel central na suspenso da constru-o de uma megabarragem, no rio Bhagirathi, um dosprincipais afluentes do Ganges. Em 2010, o Governoindiano aceitou desmantelar a obra at a erigida. Depoisde uma luta aguerrida, nos anos 1990, o Supremo Tribu-nal Indiano obrigou 470 minas de mrmore a encerrarem,

    no ParqueNacional de Sariska.Graas este homem, hoje, em todo o Rajasto, um dosmais pobres e ridos Estados indianos, existem mais de10 mil johads construes que retm as chuvas dasmones, erguidas pelas comunidades rurais, em cente-nas de aldeias. Atravs da sua poltica de conservao egesto da gua e das florestas, onde antes havia zonas desrticas, agora h campos agrcolas; onde havia leitossecos, de p e pedra, h hoje correntes fortes e peixes; onde havia aldeias sem gente, voltou a haver escolas eservios de sade.

    Pode um homem mudar o mundo? Parece que sim.Quando o lder da comunidade de Golpalpura, Maangu Meena, chamou Rajendra Singh, estava com cara de

    poucos amigos.Disse-lhe: "Voc e os seus companheiros so boas pessoas, mas esto a fazer tudo mal! Ns no precisamos

    dos vossos medicamentos, nem da vossa educao. Podemos ter tudo isso na cidade. Se querem fazer algo til,resolvam o problema da falta de gua!"

    Foi um choque. Como podiam voluntrios com cursos superiores ser tratados assim? Singh, ento com 26anos, era licenciado em medicina e tinha uma ps -graduao em literatura hindu e os seus amigos tambm eram"doutores". Haviam largado tudo, abandonado os empregos e as famlias, e h sete meses que se dedicavam spopulaes daquele distrito.

    "Vnhamos para fazer a revoluo, combater as injustias, no para tratar da gua", recorda. Os outros foram -seembora, desiludidos. Ele ficou. Aprendeu com os velhos camponeses a construir uma johad, um reservatrio tra-dicional de recolha de chuva, usado durante sculos nas aldeias rurais da ndia. Construdas nos declives natu-

    rais, em forma de pequenos lagos ou barragens, as johads serviam para armazenar, durante o ano, a gua que caanas mones. Alm de ser usada para usos domsticos e agrcolas, a gua capturada ia -se infiltrando e recarregavaos lenis freticos. Mas j nada disto acontecia, em que nos anos 1980, as mulheres passaram a ser obrigadas acaminhar durante sete ou oito horas para recolherem cerca de 30 litros. Os homens tinham abandonado as aldei-as para procurar trabalho na cidade, porque as terras eram to ridas que no havia agricultura.

    Com o seu voluntariado, a johad que construiu recolheu tanta gua que algumas nascentes de poos secoscomearam a correr. O fenmeno no era visto h dcadas e isso revelou a Singh a sua verdadeira misso.

    Decidido a espalhar a boa nova, organizou uma peregrinao para divulgar a sua forma de combater a seca:palmilhou as povoaes que viviam nas margens do rio Arvari, morto h mais de 60 anos. A condio que impspara ensinar os aldees a construir johads foi a de que uma assembleia local, onde cada famlia tivesse o seu re-presentante. Alm disso, todas as decises relativas ao uso da gua e gesto das florestas e das pastagens ti-nham de ser tomadas em conjunto.

    Conseguiu assim que fosse toda a comunidade a colaborar na resoluo dos problemas que mais a afectavam:a seca extrema, a eroso dos solos, a desertificao.Nos anos seguintes, as populaes ribeirinhas, com a ajuda da organizao criada por Rajendra, construram

    375 estruturas, ao longo do rio e recuperado os caudais dos rios!

    O HOMEMQUEFAZNASCERRIOS

    mais estudos, l imita-se a denegrir a imagem de prestigiados investigadores e revista cientfica.

    A concluso bvia a de que a sade pblica no minimamente defendida por quem supostamente a au-toridade reguladora competente!

    (1) Sralini, G.-E., et al. L ong term toxicity of a Roundup herbicide and a Roundup-tolerant geneticall y modif ied maize.Food Chem. T oxicol. (2012)

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    Quando chegou a gua, chegou tambm o Governo, pronto a concessionar a explorao pesqueira no rio, ago-ra com peixe em abundncia. Mas as populaes opuseram -se fortemente. Criaram o Parlamento do rio Arvari,uma assembleia constituda por representantes das 72 aldeias sediadas nas margens do curso de gua e reivin-dicaram para si a gesto do rio. "Quanta gua podemos tirar? Que culturas se devem plantar? Quanta madeira sepode cortar das rvores? Foi este tipo de responsabilidade que os habitantes assumiram", explica Singh.

    Mais: a TBS fomentou uma poltica de igualdade de gnero, criando concelhos especficos em que ospareceres das mulheres so vinculativos.

    Estas batalhas culturais so difceis mas comparando-as com as tentativas de assassnio por parte de industri-ais das pedreiras ou com os processos judiciais movidos pelo Estado contra si ou a sua organizao (377 acusa-

    es, das quais foi sempre absolvido), parecem muito simples.

    "Se vives para a natureza, ela d-te sempre a proteco de que precisas." a mxima deste activista agoraconvidado pelo primeiro-ministro para integrar a Autoridade Nacional para a Bacia do Ganges, uma agncia esta-tal autnoma, com plenos poderes e meios financeiros, cuja misso despoluir o rio sagrado.

    Adaptado do artigo Pedro Miguel Santos, 9/7/2012, emhttp://visao.sapo.pt/o-homem-que-faz-nascer-rios=f673705#ixzz209QH8NUv

    Nota da redaco: notvel o que o activista indicado, Rajendra Singh, conseguiu e est a fazer! Igualmentenotvel a sua humildade que descendo do seu pedestal de licenciado ousou ouvir as populaes rurais eatender aos seus problemas! Prova que afinal um homem (ou mulher) pode mesmo mudar o mundo!

    Agora que se fala tanto em economia verde, deveria sim ser considerado o conceito de "Democracia verde".

    JOHAD: construo que retm as chuvas dasmones, erguidas pelas comunidades rur ais, em centenas de aldeias.

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    AGROFLORESTA

    Uma floresta um organismo vivo. uma rede interdependente de seres que cooperam para gerar cada vezmais recursos, mais vida, mais complexidade e mais biodiversidade. T rata-se de uma entidade em constante

    transformao em que o todo maior do que a soma das suas partes. Cada ser tem uma funo especfica e o seupapel indispensvel para a sade de todo o sistema.A agrofloresta (ou floresta de alimentos) um mtodo de produo que prope, no a criao de um novo am-

    biente produtivo, mas que o homem, e a produo agrcola da qual tira proveito, integrem um ambiente florestal.A agricul tura deixa assim de ser uma agro-minerao que, ao sugar recursos, promove a degradao dos solos e setorna dependente da aplicao de qumicos poluentes. Torna-se num processo regenerativo com uma grandecapacidade produtiva de uma vasta gama de produtos alimentares e florestais, que promovendo ecossistemascada vez mais frteis e abundantes capaz de recuperar solos totalmente degradados em curtos espaos de tem-po.

    uma prtica agrcola de carcter micro regional, e por isso capaz de dinamizar economias locais e de vizi-nhana. Uma vez que se evitam todo o tipo de fertilizantes, pesticidas, herbicidas, maquinaria pesada e tarefasde mo-de-obra intensiva, esta prtica orientada para pequenos produtores e ideal para uma lgica de auto-sustentabilidade.

    O mtodo , na sua essncia, uma tentativa de imitar a natureza. Na natureza a maioria das plantas vive emassociao com outras espcies, das quais necessita para um crescimento pleno. Estas associaes, ou consrcios,sucedem-se de forma dinmica e contnua, processo a que se chama Sucesso Natural. Estas so as foras motri-zes que asseguram a sade das plantas e dos solos.

    Ernst GotschErnst Gotsch nasceu na Sua em 1948. Trabalhou, na dcada de 70, no melhoramento gentico de espcies

    vegetais. Esta pesquisa permitiu-lhe concluir que, em vez de adaptar as plantas cultivadas, podia obter melhoresresultados se criasse agro-ecossistemas em que as plantas, num sistema de cooperao, se desenvolviam vigoro-samente sem inputs qumicos. Depois de obter os primeiros resultados na Sua, mudou -se em 1979 para a Costa

    Rica, onde realizou trabalhos de recuperao de terrenos degradados. Implantou inmeros sistemas complexos ealtamente produtivos que dispensavam todo o tipo de adubos e pesticidas. Em 1982 fixou-se no Brasil. Comeoupor fazer consultoria a vrias fazendas e, em 1984, iniciou um projecto de recuperao de uma rea de 500ha ex-tremamente degradada no sul da Bahia. Ao fim de 15 anos, a mata atlntica (ecossistema da regio hoje muitoameaado), estava recriada e toda a fauna caracterstica reinstalada ao mesmo tempo que se tornou extremamen-te produtiva com um grande nmero de espcies incluindo o cacau e a banana. Grande parte deste espao de500ha agora Reserva Particular do Patrimnio Natural. Desde 1993, depois de alcanar resultados extraordin-rios, tem-se dedicado ao ensino e transmisso dos seus mtodos em todo o mundo.

    Hoje, Ernst presta assessoria a organizaes no-governamentais, universidades e rgos de assistncia tcni-ca rural em quase todas as regies do Brasil assim como a organizaes da Europa e da Amrica Latina.

    A semente da abundnciaUma agricultura realmente sustentvel pressupe uma nova relao ser humano-natureza, onde se deve bus-

    car optimizar e no maximizar os recursos. Parte-se do princpio de que mais gratificante enriquecer o lugar doque explor-lo, pois quando o lugar fica rico em vida, h excedentes, que gerar recursos para o(a) prprio(a)agricultor(a).

    Observar e estar aberto para aprender a grande dica, pois nesses sistemas, acabamos por ser aprendizes daprpria natureza.

    Entendendo que a agricultura, para ser sustentvel, dever estar fundamentada em fortes bases ecolgicas,partiremos do princpio que mais sustentvel ser um agro -ecossistema quanto mais semelhante for, em estrutu-ra e funo, ao ecossistema original do lugar, pois replicar os mesmos mecanismos ecolgicos existentes, adapta-dos evolutivamente para que a vida seja perpetuada sob aquelas condies. Portanto, o primeiro passo para aconstruo de agro-ecossistemas mais sustentveis procurar no ecossistema do lugar, os fundamentos para a

    construo dos agro-ecossistemas.Uma floresta no esttica. Ela segue a dinmica da sucesso natural, onde os consrcios das plantas sosubstitudos pelos subsequentes. Assim, a construo de uma agrofloresta dever seguir esses mesmos preceitos,onde os consrcios das plantas agrcolas, combinadas com outras plantas de interesse econmico ou no, nativas

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    ou no, vo se seguindo, de acordo com o tempo de vida das plantas, ocupando da melhor maneira possvel oespao vertical, ou seja, de forma que haja diferentes estratos. Numa floresta encontram -se plantas bem prxi-mas umas das outras, desenvolvendo-se muito bem, donde conclumos que as plantas no competem entre sidesde que a combinao delas seja adequada.

    Utilizando o importante ensinamento da prpria natureza, conclui-se que importante, na implantao das

    agroflorestas, que as espcies sejam introduzidas em alta densidade e alta biodiversidade. A introduo de rvo-res em alta densidade, em conjunto com as espcies de ciclo de vida curto e mdio, reduz inclusive a mo -de-obra e viabiliza o bom desenvolvimento das plantas, caso contrrio, poder haver um combate insano contra aservas daninhas, que indubitavelmente surgiro para ocupar o espao desocupado.

    Manter o solo sempre protegido, coberto, fundamental. A proteco da terra com plantas vivas e com a co-bertura morta de matria orgnica imprescindvel para manter a fertilidade da terra de forma sustentvel. Paraque a terra se mantenha sempre coberta, devemos aproveitar as plantas que surgem espontaneamente, em vezde serem consideradas plantas indesejadas, devem ser consideradas importantes, pois elas podero, atravs dapoda, contribuir para o desenvolvimento das plantas de interesse econmico, protegendo a terra e ajudando tam-bm a manter a fertilidade do solo, ao aumentar a reciclagem de nutrientes.

    Nas agroflorestas, as espcies de interesse econmico so componentes que interagem com muitas outras es-pcies da prpria regenerao natural, que embora muitas vezes no apresentem interesse econmico directo,como fonte de algum produto, so fundamentais para a manuteno do sistema e garantia do bom desenvolvi-mento das espcies economicamente importantes.

    A disponibilidade de gua tambm segue a lgica de minimizao de introduo de elementos externos aosistema. A gua no um factor a ser introduzido no sistema de produo por meio de irrigao. Sabe -se que,quando se reduz a vida de um lugar, a gua torna -se escassa. Precisamos agir no sentido de construirmos agro-ecossistemas hidroflicos (que atraem gua). De destacar que o uso de plantas especialistas em reter gua uma abordagem inicial importante em locais debilitados de recursos hdricos.

    Podemos olhar para a Agrofloresta como um modelo com futuro e grande candidato a ser uma das maioresferramentas para tornar o territrio numa grande floresta, diversa e abundante, tornando o nosso habitat numlocal cada vez mais agradvel, para ns e para todas as espcies que nos acompanham.

    Para comear - cercas vivasAs cercas vivas, alm de sua finalidadeimediata (materializar limites; embelezarlimites), podem actuar eventualmente comoabrigo para aves e local de nidificao, comefeitos benficos sobre o controle de insetosindesejados. Cercas vivas densas podemdiminuir os efeitos nocivos do vento, actuandocomo corta-vento. Para este efeitos podemosusar Ciprestes (Cupressus lusitanica) e outrasespcies dos gneros Cupressus, (Thuya, Cha

    maecyparis, e Thuy opsis) (Cupressceas).Usando plantas jovens que podem seradquiridas a preo econmico em viveiros daespecialidade, podem ser criadas cercas vivascom maior eficcia e rapidez. recomendada aprtica de podas peridicas de forma apotenciar a formao tipo muro.

    Para comear - tutores vivosPodemos guiar a videira (ou outras espcies trepadeiras) atravs de um tutor vivo, normalmente uma rvore

    resistente aos cortes profundos da poda, como um choupo, carvalho ou castanheiro (conhecido como uveira ouvinha do enforcado o sistema de conduo mais antigo usado na produo de vinhos verdes, mas em desusohoje em dia).

    Parte do texto adaptado de:

    http://www.sitiocoop.com/workshops/agrofloresta/

    http://media0.agrofloresta.net/static/artigos/agrofloresta_sucessional_sergipe_peneireiro.pdf

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    Ficha tcnicaDirectora: Alexandra AzevedoPaginao: Nuno CarvalhoColaboraram nesta edio: Alexandra Azevedo, Lvia Vieira e Nuno CarvalhoImpresso com o apoio da Junta de Freguesia de VilarPropriedade: MPI - MovimentoPr-Informao para a Cidadania e Ambiente

    Largo 16 de Dezembro, 2 / Vilar / 2550-069 VILAR CDV

    tel:/fax: +351 262 771 060 email: [email protected] site: http://mpica.info

    BREVES

    Peru aprova lei que probeo cult ivo e a import ao de t ransgnicos

    O Peru aprovou a regulamentao da lei que pro-be o uso de alimentos transgnicos no pas. A regulamen-tao prev a destruio das plantas geneticamente modi-ficadas e multas de at US$ 14 milhes a quem no res-peitar a lei. Esta lei tinha sido aprovada o ano passado edecidiu que o Peru no cultivaria nem importaria produ-tos geneticamente modificados por um perodo de 10anos.

    Fonte: http://goo.gl/XT NQu consultada em 30/11/2012

    Cult ivo da batata t ransgnica pra na Europa

    Devido h falta de aceitao em numerosas re-gies europeias pela maioria dos consumidores,agricultores e responsveis polticos a empresa quedesenvolveu e comercializa a batata transgnicaAmflora, a alem BASF, nmero um mundial daindstria qumica, anunciou que renuncia comer-cializao e desenvolvimento de novos produtostransgnicos destinados EU e vai cessar o cultivoda batata Amflora. A empresa decidiu tambmtransferir o departamento de investigao para osEstados Unidos. A batata foi cultivada apenas emmenos de 300hectares e um dos principais motivos

    de preocupao o facto de possuir um gene deresistncia a antibiticos.Para alm do milho Bt (MON 810) a batata Am-

    flora era a outra cultura transgnica autorizada naEuropa. O milho foi autorizado em 2005 e a batataem 2010.

    Fonte: http://goo.gl/N 6NZt

    Vrios pases t omam precauesdepois do r ecente estudo do Seralini

    A Rssia suspendeu a importao e o uso de milhodos EUA. A Astria pretende rever o processo de aprova-o de transgnicos. A empresa de sementes francesaVilmorin, reduz os campos de ensaio com transgnicospara 2013

    Fonte: http://www.gmwatch.org

    Qunia probe a importao de transgnicos

    A ministra da sade pblica Beth Mugo determinou a todos os agentes de sade nos portos e gestoresgovernamentais a implementao de proibio da importao de produtos transgnicos no pas. Esta medidaprossegue da deciso do governo de banir a importao desses produtos com base na inadequao das pesquisase das evidncias cientficas provando a segurana desses produtos. Perante a incerteza sobre a segurana doalimento, o princpio da precauo deve ser adoptado para proteger a sade das pessoas", destacou a ministra

    Kenya Broadcasting Corporation, ht tp://www.kbc.co.ke/news.asp?nid=79126, 21/11/2012.

    mailto:[email protected]:[email protected]://mpica.info/http://mpica.info/http://mpica.info/mailto:[email protected]