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BOLETIM MENSAL DA AUTORIDADE NACIONAL DE PROTEÇÃO CIVIL / N.º82 / JANEIRO 2015 / ISSN 1646–9542 82 JANEIRO 2015 Distribuição gratuita. Para receber o boletim PROCIV em formato digital inscreva-se em: www.prociv.pt Cabo Verde - ilha do Fogo Missão Internacional © EFE/EPA

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BOLETIM MENSAL DA AUTORIDADE NACIONAL DE PROTEÇÃO C IV IL / N .º 82 / JANE IRO 2015 / I S SN 16 46 –9542

82JANEIRO 2015

Distribuição gratuita.Para receber o boletim

PROCIV em formato digital inscreva-se em:www.prociv.pt

Cabo Verde - ilha do FogoMissão Internacional

© EFE/EPA

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Número 82, janeiro de 2015

No arranque de 2015 - Tempo de afirmar compromissos

Depois de mais um ano recheado de acontecimentos positivos e de uma quadra festiva que espero tenha sido vivida em paz e harmonia no seio da família e dos amigos, é tempo de reto-marmos com ânimo e determinação as atividades e compromissos profissionais. O ano de 2014 foi de singular importância para a ANPC. Entre muitos aspetos relevantes, aprovou-se a nova lei orgânica da Autoridade que, não só foi ao encontro do imperativo de racionalizar a sua estru-tura, mas igualmente acomodou na nova geometria orgânico-institucional a propriedade das aeronaves detidas e operadas pelo MAI para o cumprimento de missões de interesse público. Depois da publicação da estrutura nuclear e da subsequente microestrutura, ficou completa a orgânica para a ANPC poder funcionar num quadro de estabilidade institucional. Conto, neste início de 2015, poder já dispor de toda a equipa dirigente nos respectivos cargos e em pleno exercício de funções, de modo a avançarmos com as tarefas e projectos estruturantes relacio-nados com a importância e relevo social da nossa missão. De todos os funcionários da ANPC espero continuada dedicação e empenho para em conjunto alcançarmos os objectivos que nos propusemos. Somos uma grande família unida por fortes laços profissionais e um vincado sentido de serviço público, nenhum sendo mais [ou menos] valioso [ou preciso] que o seu colega do lado. Realço a importância de todos para o cumprimento da nossa missão. Só se partilharmos os mesmos valores organizacionais e formos unidos e alinhados no cumprimento da missão, seremos capazes de fazer a diferença e afirmarmos a nossa relevância e utilidade. Lembrem-se que o produto do trabalho em comum é, sem dúvida nenhuma, maior que o somatório da prestação individual de cada um de nós.

Terminámos o ano de 2014 em pleno, conforme damos conta no número deste PROCIV, com a participação da nossa Comandante Operacional Distrital de Setúbal (CODIS), Dra. Patrícia Gaspar, em mais uma missão internacional de assistência humanitária, no caso em Cabo Verde, desencadeada na sequência da erupção do vulcão do Pico na ilha do Fogo. A circunstância de ter-mos entre nós elementos com a capacidade, competência e temperamento da CODIS Patrícia Gas-par é a prova das qualidades humanas e valias técnicas que os nossos talentos na ANPC detêm. Mas o papel da ANPC não se esgotou aqui. Além de ter cedido material para fazer face às necessi-dades urgentes e imediatas das populações desalojadas, o nosso envolvimento estendeu-se, ain-da, à cedência de imagens de satélite ao Instituto Nacional de Gestão do Território de Cabo Verde, no âmbito do “Copernicus Emergency Management Service”, programa da Comissão Europeia que conta com o suporte da ESA (European Space Agency) e da EEA (European Environment Agency), ao estabelecimento de ligação entre as autoridades cabo-verdianas e o Instituto Portu-guês do Mar e da Atmosfera, e à articulação com as Forças Armadas portuguesas, que empenha-ram meios humanos e logísticos nas operações de socorro e no transporte de bens para a região. gualmente muito relevante foi a doação pelas Associações Humanitárias dos Bombeiros Voluntá-rios de Constância e de Cernache do Bonjardim de duas ambulâncias de socorro. Todo este esforço e empenhamento são prova da solidariedade dos portugueses para com o povo cabo-verdiano que atravessa um momento difícil da sua história coletiva. Mas a nossa missão é mesmo essa: salvar vidas, aliviar o sofrimento humano e ajudar no retorno à normalidade com rapidez e em condições dignas. As pessoas estão sempre no centro das nossas preocupações…

Pois ... TODOS SOMOS PROTEçãO CIVIL!

Edição e propriedade – Autoridade Nacional de Proteção Civil Redação e paginação – Núcleo de Sensibilização, Comunicação e ProtocoloFotos: Arquivo da Autoridade Nacional de Protecção Civil, exceto quando assinalado.Impressão – SILTIPO – Artes Gráficas Tiragem – 2000 exemplares ISSN – 1646–9542

Os artigos assinados traduzem a opinião dos seus autores. Os artigos publicados poderão ser transcritos com identificação da fonte.

Autoridade Nacional de Proteção Civil Pessoa Coletiva n.º 600 082 490 Av. do Forte em Carnaxide / 2794–112 Carnaxide Telefone: 214 247 100 Fax: 214 247 180 [email protected] www.prociv.pt

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Francisco Grave PereiraPresidente da ANPC

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S. Tomé e Príncipe agradece à ANPC

O Comandante do Serviço Nacional de Proteção e Civil e Bombeiros de S. Tomé e Príncipe, Intenden-te João Zuza Tavares, endereçou um agradecimento formal à ANPC, dirigido ao 2.º Comandante Opera-cional Nacional, Tenente-Coronel Joaquim Almeida Moura, pelos esforços desenvolvidos na organização do curso de formação “Comando Tático de Opera-ções de Proteção Civil”, realizado naquele Serviço de 20 a 30 de novembro, no quadro da Cooperação Técnico-Policial estabelecido entre o Ministério da Administração Interna de Portugal e o Ministério da Defesa e Ordem Interna da República Democráti-ca de S. Tomé e Príncipe.

ANPC partilha experiências de planea-mento para sismos

A Autoridade Nacional de Proteção Civil, através da Direção Nacional de Planeamento de Emergência, esteve presente, entre 10 e 13 de dezembro, no I Fórum Inter-nacional Sobre Evidências Sísmicas no Estado do Ceará (FIESCE), que decorreu em Fortaleza, Brasil, e se preten-deu constituir como um espaço de debate sobre a sismi-cidade existente no território daquele Estado brasileiro, no qual se registam frequentes sismos, ainda que de baixa magnitude. A participação da ANPC, a convite da Coordenadoria Estadual de Defesa Civil do Ceará, teve por objetivo partilhar a experiência portuguesa quan-to a mecanismos de prevenção, planeamento e resposta face a eventos sísmicos, destacando-se, como casos de estudo, os Planos Especiais de Emergência para o Risco Sísmico da Área Metropolitana de Lisboa e da Região do Algarve. Perante uma plateia de cerca de 200 profissionais da co-munidade académica e científica e das áreas da defesa e proteção civil, a intervenção da ANPC abordou ainda aspetos relacionados com a avaliação de risco sísmico, a gestão do risco através do ordenamento do territó-rio, as campanhas de sensibilização (ilustradas com a iniciativa “A Terra Treme”) e a realização de exercícios multidisciplinares. A abrangência do trabalho realizado em Portugal foi destacada positivamente pela generali-dade dos participantes, os quais reconheceram que as características especificas da área de Fortaleza (metró-pole com mais de 3 milhões de residentes, para além de uma população turística significativa, potencialmente afetada por um evento sísmico) são semelhantes às das áreas de maior risco em Portugal Continental, levando à necessidade de as autoridades de proteção civil locais iniciarem a elaboração de planos de prevenção e respos-ta para este tipo de eventos.A ANPC deixou expressa a disponibilidade para conti-nuar a partilhar ensinamentos e experiências e, como estímulo ao desenvolvimento de trabalhos futuros, ofertou à Defesa Civil do Ceará um exemplar do Estudo do Risco Sísmico e de Tsunamis do Algarve.

ANPC apoiou com meios aéreos o res-tabelecimento de energia nas ilhas da Armona e Culatra

A ANPC procedeu no âmbito das suas missões de inte-resse público ao transporte aéreo de três geradores de energia da EDP destinados a suprir a falta de alimen-tação elétrica que, no início de dezembro, afetou o for-necimento de eletricidade aos habitantes das ilhas da Armona e da Culatra, Algarve.O pedido foi feito pela EDP e visou ultrapassar a situa-ção de falta de energia fornecida aos residentes, devido a um problema verificado ao nível do cabo submarino de alimentação, visto as condições desfavoráveis do estado do mar permitirem a imediata intervenção reparadora pelos técnicos da EDP.Um helicóptero KAMOV da frota de meios aéreos da ANPC a operar a partir da base de helicópteros de serviço permanente, sediada em Loulé, transpor-tou três geradores, de forma a assegurar a energia aos habitantes locais.

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CDOS FaroPlano de Reequipamento Estratégico da Proteção Civil do Algarve

Realizou-se a 1 de dezembro, a reunião ordinária da Co-missão Distrital de Proteção Civil e a cerimónia pública de apresentação do Balanço da Defesa da Floresta Contra Incêndios 2014, na Região do Algarve, que decorreram nas instalações da Comissão de Coordenação e Desenvol-vimento Regional (CCDR) do Algarve, em Faro.No final da sessão, os presentes tiveram oportunidade de visitar uma exposição estática de veículos e equipa-mentos, adquiridos pelos 16 municípios do Algarve, e entregues aos Corpos de Bombeiros da Região, no âmbito do Programa Operacional Algarve 21, cujo promotor foi a Comunidade Intermunicipal do Algarve – AMAL.Este Plano de Reequipamento Estratégico da Prote-ção Civil do Algarve, no âmbito do PO Algarve 21, cujo investimento total ultrapassou os 5 milhões de euros, cofinanciados a 85% pelo FEDER, permitiu dotar os 17 Corpos de Bombeiros e os Serviços Municipais de Prote-ção Civil (SMPC) da Região com novos meios e equipa-mentos, nomeadamente Veículos de Comando Tático, Veículos Florestais de Combate a Incêndios, Veículos Urbanos de Combate a Incêndios, Equipamentos de Pro-teção Individual, bem como a aquisição de equipamentos para a Base de Apoio Logístico do Algarve. O sucesso desta candidatura residiu numa operação con-certada das entidades com responsabilidade na proteção civil e no socorro na Região do Algarve, nomeadamente, a AMAL, os Municípios e as Associações Humanitárias de Bombeiros, que permitiu reequipar os Corpos de Bom-beiros da Região e a Base de Apoio Logístico, de acordo com as necessidades sentidas.

CDOS de ÉvoraExercício na modalidade CPX

O CDOS de Évora realizou, a 19 de dezembro, um exercí-cio na modalidade CPX (Command Post Exercise), reali-zado em sala, com a finalidade de treinar a resposta das entidades com responsabilidade em matéria de proteção civil, à luz dos princípios do Sistema Integrado de Ope-rações de Proteção e Socorro, no quadro da intervenção operacional perante uma situação de exceção decorrente de um evento sísmico.Tendo como objetivos específicos o treino das capacida-des de resposta nas áreas de apoio logístico às forças de intervenção e à população, comunicações de emergência, gestão da informação pública e manutenção da ordem pública, possibilitou testar e exercitar os procedimentos de ação e as missões definidas nos Planos de Emergência de Proteção Civil.Neste Exercício participaram o Centro de Coordenação Operacional Distrital de Évora e as Comissões Muni-cipais de Proteção Civil de Évora, Mourão e Reguengos de Monsaraz e destaca-se a participação empenhada e cooperante de todas as entidades, o que permitiu dar uma resposta atempada, competente e adequada às várias solicitações decorrentes do Exercício.

CDOS de Castelo Branco Exercício Túnel Seguro – Livex 2014

Decorreu a 16 de dezembro, no Túnel da Gardunha, in-serido na A23, um exercício de teste ao Plano de Emer-gência e Proteção Civil daquela infraestrutura rodo-viária, propriedade da SCUT Vias, promovido pelo Comando Distrital de Operações de Socorro de Castelo Branco. Tratou-se do simulacro de um acidente de via-ção, seguido de um incêndio, deflagrado na sequência do choque de uma viatura com outra imobilizada na via. O cenário previu 3 feridos. No exercício estiveram envol-vidos meios dos Corpos de Bombeiros do Fundão, Cas-telo-Branco, Covilhã e Idanha-a-Nova, da PSP, da GNR, do INEM, do Instituto Politécnico de Castelo Branco, das Estradas de Portugal, do IMT e do LNEC.

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CDOS de Porto1º Encontro Ibérico de Incêndios Estruturais

Decorreu a 6 de dezembro o 1º Encontro Ibérico de Incêndios Estruturais, organizado pelo Corpo de Bombeiros de Vila do Conde, nas instalações da Escola Superior de Estudos Industriais e de Gestão do Instituto Politécnico do Porto. Este encontro formativo contou com a presença de diferentes especialistas portugueses e espanhóis, que tiveram a oportunidade de abordar a temática em diferentes painéis, focando temas como a importância da formação, os conceitos de segurança do gás, meios e métodos de extinção de incêndios estruturais, a problemática das intoxicações por monóxido de carbono, entre outros. O CDOS do Porto, através do seu 2º Comandante Operacional Distrital, moderou um desses painéis, cujas apresentações contribuíram para o sucesso da iniciativa. Do programa constaram a apresentação de comunicações por representantes da Escola Nacional de Bombeiros, da EDP Gás, da Seganosa, entre outras entidades.

CDOS de ViseuExercício no Aeródromo Municipal de Viseu

A Câmara Municipal de Viseu e a Direção do Aeródromo Municipal Gonçalves Lobato, em coordenação com o CDOS Viseu, realizaram a 12 de dezembro um exercício LIVEX que teve como objetivo elevar a classificação do Aeródromo do nível 2 para o nível 3 pela Entidade Aeronáutica, designadamente pelo Instituto Nacional de Aviação Civil (INAC).Este progresso representou a certificação do Plano de Emergência do Aeródromo Municipal, quanto às condições de segurança exigidas para que a reativação dos voos regulares, previstos para 2015, tenha início com todos os requisitos cumpridos.O cenário escolhido consistiu numa “aeronave com 20 passageiros nacionais e estrangeiros a bordo que fez uma aterragem de emergência por ter deflagrado fogo num motor. Do acidente resultaram 5 mortos, 3 feridos graves, 5 feridos ligeiros e 7 ilesos.”O CDOS de Viseu procedeu ao desencadeamento e monitorização dos meios de socorro necessários para fazer face a um acidente desta tipologia e dimensão, avaliou a articulação dos meios envolvidos e assegurou que o planeamento a coordenação e condução das operações estivessem de acordo com o Sistema Integrado de Operações de Proteção e Socorro (SIOPS). Participaram neste simulacro a ANPC, o SMPC de Viseu, várias Corpos de Bombeiros do distrito de Viseu, INEM, GNR, PSP, Polícia Municipal, SEF, o Centro Humanitário de Viseu da Cruz Vermelha e o Hospital São Teotónio – Viseu.

CDOS de SetúbalSetúbal parceira oficial da Campanha “construir cidades Resilientes: a minha cidade prepara-se!”

A campanha, publicada pelo Gabinete das Nações Unidas para a Redução do Risco de Desastres (UNISDR), dispo-nibiliza um quadro geral de referência para a redução de catástrofes, identificando boas práticas e ferramen-tas aplicadas em diferentes cidades com este objetivo. O programa inscreve-se no Quadro de Ação de Hyo-go 2005-2015 e propõe a definição de estratégias para a redução de catástrofes, bem como o desenvolvimento da resiliência das nações e comunidades. A adesão dos municípios tem como finalidade dar uma resposta glo-bal aos riscos de nível local. O documento de proposta da campanha refere que uma cidade deve saber “implemen-tar estratégias imediatas de reconstrução e reestabelecer os serviços básicos após um evento adverso”. A Câmara Municipal compromete-se, no futuro, a consti-tuir, nas juntas de freguesia, unidades locais de proteção civil e a celebrar protocolos com instituições académi-cas de referência para o desenvolvimento de soluções na gestão da emergência.No contexto desta parceria, o município responsabili-za-se, também, entre outras ações, a manter o processo de desenvolvimento e execução do projeto da sociedade civil CIGE (Centro Internacional de Gestão de Emergência), a rever periodicamente o Plano Municipal de Emergência de Proteção Civil de Setúbal e a manter os protocolos com o Exército para beneficiação de infraestruturas de com-bate a incêndios florestais e passagens hidráulicas.

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Missão Internacional das Nações Unidas Cabo Verde - Erupção vulcânica na ilha do Fogo

Perita nacional portuguesa enviada pelo Mecanismo de Proteção Civil da União Europeia (MPC-UE) integra uma equipa de coordenação e avaliação (UNDAC – United Nations Disaster Assessment Coordination Team), com a missão de apoiar as autoridades cabo-verdianas na avaliação do impacto da eurpção vulcânica da ilha do Fogo.

Foto: Fragata portuguesa

NRP “Álvares Cabral”

Eram cerca das 14h de dia 04 de dezembro quando a Equipa de Avaliação e Coordenação nas Nações Unidas (UNDAC) avistou pela primeira vez o vulcão Pico do Fogo.A bordo da Fragata portuguesa - Navio da República Portuguesa (NRP) “Álvares Cabral”, fundeada ao largo da ilha do Fogo, Cabo Verde, era possível vislumbrar o fumo que ainda saía da cratera do vulcão e perceber que tinha início naquele momento uma tarefa complexa e urgente: apoiar as autoridades cabo-verdianas na avaliação do impacto daquela situação, identificar as necessidades prioritárias e transmitir ao mundo em geral o que se passava naquela pequena ilha atlântica, tentando granjear o máximo apoio possível. Estes eram os principais objetivos da Equipa UNDAC projetada para o Fogo no dia 03DEZ14 e à qual se associaram dois peritos do Mecanismo de Proteção Civil da União Europeia (MPC-UE) – Patrícia Gaspar (Portuguesa) e Vittorio Bosi (Italiano). Numa missão que durou 13 dias, a equipa desenvolveu a sua missão em estreita articulação com as autoridades de proteção civil de Cabo Verde, Cruz Vermelha, municípios, demais organizações envolvidas na operação em curso e ainda com as representações oficiais das Nações Unidas e da União Europeia. Ao fim das primeiras horas no terreno era notória a complexidade da situação: o vulcão continuava ativo e a lava corria em Chã das Caldeiras, cerca de

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800 pessoas encontravam-se deslocadas em três Centros de Acolhimento Temporário (CAT) e outras 100 em casas de amigos e familiares e, sobretudo, pairava no ar a iminência de uma segunda vaga de evacuações em Cutelo Alto e Fonsaco, abrangendo cerca de 2.000 pessoas, absolutamente necessária caso a lava viesse a atingir a encosta leste da ilha. Numa reação rápida e sobretudo coordenada, as autoridades cabo-verdianas, quer de âmbito nacional, quer local, conseguiram centrar os seus esforços nas prioridades identificadas, operacionalizaram toda a ajuda necessária e mobilizaram os recursos indispensáveis, não havendo uma única vida perdida. Os habitantes de Chã das Caldeiras, mais do que casas ou móveis, perderam a sua terra, o seu sustento, as suas culturas e os seus animais. Cerca de 200 habitações destruídas, incluindo uma escola, um hotel e a sede do Parque Natural de Chã das Caldeiras e mais de 400ha de terreno perdido, configuram o principal resultado da presente erupção, a última de dezenas ocorridas nos últimos anos.Num esforço integrado e permanente, todas as entidades envolvidas na operação, quer de natureza técnica, quer científica, dia-a-dia, hora-a-hora, monitorizavam os mínimos sinais do vulcão e preparavam a eventual segunda evacuação que, até à saída da Equipa UNDAC do país, não chegou a ser necessária. Durante as cerca de duas semanas na ilha do Fogo, a equipa UNDAC realizou inúmeras entrevistas, participou em mais de uma dezena de reuniões com autoridades locais, visitou os três CAT, apoiou a Câmara Municipal de Mosteiros na operacionalização de um centro de operações integrado para acompanhamento da situação operacional, apoiou as autoridades locais nas ações de coordenação operacional e científica e elaborou 12 relatórios informativos e que se encontram disponíveis no sítio web das Nações Unidas (http://reliefweb.int/disaster/vo-2014-000158-cpv).

A Equipa UNDAC apoiou ainda as autoridades na receção e encaminhamento da ajuda recebida de Portugal, quer o equipamento de primeira necessidade transportado pela Fragata Álvares Cabral , quer, as duas ambulâncias cedidas pelos Corpos de Bombeiros de Constância e de Cernache do Bonjardim e que foram transportadas para o Fogo a bordo de um avião C130 da Força Aérea Portuguesa.Já na cidade da Praia, nos últimos 3 dias de missão, foi ainda possível estabelecer a necessária articulação com as estruturas de nível internacional e nacional, nomeadamente com o Gabinete das Nações Unidas, com a Delegação da União Europeia, com o Ministério das Relações Exteriores e ainda com o Gabinete de Crise de Cabo Verde. Fundamental para toda a operação de monitorização e de apoio à decisão foram as diversas imagens de satélite conseguidas através do Projeto Europeu Copernicus, ativado para o efeito pela Autoridade Nacional de Proteção Civil logo após o início da erupção e todas as demais fornecidas pelos próprios serviços da Comissão Europeia, através do Joint Research Center.

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Foto: © João Relvas/Lusa

Foto: © MarcoGarcia Reuters

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Estas imagens permitiram, com uma frequência quase diária, perceber a movimentação da lava e antecipar a resposta operacional em conformidade.Fica desta missão um conjunto de lições de vida, pelo que a mesma tocou a todos em termos pessoais e pela aprendizagem profissional única, tendo sido possível conjugar todos os esforços no sentido de dar o apoio necessário a Cabo Verde, mobilizando meios e recursos, quer através dos canais das Nações Unidas, quer do próprio Mecanismo Europeu, aproveitando sinergias e conhecimento. Fica ainda desta missão a imagem de uma população tranquila e serena que decidiu espontaneamente coabitar com um vulcão e que aceita de coração aberto os seus momentos de atividade, com todos os prejuízos que essa realidade lhes traz.O desafio que se impõe no médio-prazo para as autoridades de Cabo Verde é o de conseguir identificar uma solução que permita à população deslocada

regressar a um espaço que seja próximo de Chã das Caldeiras, onde possa recuperar a sua atividade agrícola e pecuária, retomando a sua principal forma de sustento, permitindo, ao mesmo tempo, que se recupere, na medida do possível, o espaço afetado e, por conseguinte, todas as atividades que no mesmo se desenvolviam e que tanta importância económica têm para o Fogo e para a globalidade do arquipélago, como seja o turismo e a produção vinícola. A fase de recuperação será assim aquela que se desenvolverá nos próximos tempos na ilha do Fogo e na qual a comunidade internacional terá seguramente um papel fundamental.

Patrícia GasparComandante Operacional Distrital de Setúbal

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APOIO DE PORTUGAL A CABO VERDE

Portugal enviou, na sequência do pedido de ajuda efetuado pelas autoridades cabo-verdianas, 2 ambulâncias destinadas a aumentar a capacidade de intervenção das forças de socorro empenhadas na resposta à situação de emergência decorrente da erupção do vulcão do Pico do Fogo. As ambulâncias foram doadas pelas Associações Humanitárias dos Bombeiros Voluntários de Constância e de Cernache do Bonjardim, respetivamente do distrito de Santarém e Castelo Branco. A operação de entrega destes equipamentos à Ministra da Administração Interna de Cabo Verde, Dra. Marisa Helena do Nascimento Morais, foi coordenada pela perita do MEC-EU, Patrícia Gaspar, pelo Adjunto de Operações Nacional, Carlos Guerra, e pelo Comandante Operacional do Agrupamento Distrital do Centro Sul, Joaquim Chambel.A ANPC, em articulação com a Marinha portuguesa, fez ainda chegar ao território um conjunto de materiais e equipamentos, nomeadamente máscaras de proteção respiratória, telefone satélites, wc portáteis, camas de campanha, cobertores e lençóis. A ANPC, através do seu Comando Nacional de Operações de Socorro, acompanhou desde o seu início a evolução da situação de emergência, nomeadamente em estreita ligação com o Instituto Português do Mar e da Atmosfera. Além disso, acionou a pedido do Instituto Nacional de Gestão do Território de Cabo Verde o Copernicus Emergency Management Service, da UE, com vista a obter imagens de satélite que permitem a monitorização do evento.

Fotos: transporte de ambulâncias das AHBV de Constância e de Cernache do Bonjardim, que foram transportadas para o Fogo a bordo de um avião C130 da Força Aérea Portuguesa.

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© R. Santos

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D I V U L G A Ç Ã O

O Parque Natural da Serra da Estrela assume-se como destino de inverno de milhares de turistas, que na procura de cenários propícios à prática de ski, montanhismo e outras atividades ligadas à natureza e à neve, contribuem para a necessidade da constituição de um dispositivo de proteção e socorro, que responda em tempo e com os recursos adequados às necessidades de emergência.

A Força Especial de Bombeiros, através do seu Grupo de Resgate em Montanha, integra o Dispositivo Conjunto de Proteção e Socorro na Serra da Estrela, operando a partir do Sabugal e Cortes do Meio, nos dias de fluxo normal de acesso de turistas à Serra da Estrela, e pré posicionados na zona da Torre, nos dias de maior afluência, fins-de-semana, feriados e sempre que necessário. Esta Unidade Operacional da Força Especial de Bombeiros iniciou o seu plano de treinos de adaptação à serra em 15 de novembro de 2014, com especial incidência nas vertentes da orientação, cartografia, Global Positioning System (GPS), reconhecimento de caminhos e percursos pedestres, e desenvolvimento de exercícios de salvamento em grande ângulo, em diversas zonas consideradas críticas do maciço central da Serra da Estrela. O objetivo desta adaptação visa estabelecer a ligação necessária entre a componente técnica, física e psíquica ao contexto de “montanha”, de forma a garantir a capacidade de resposta operacional a todas as missões que lhe sejam atribuídas, no âmbito do referido plano.

Resgate em montanhaForça Especial de Bombeiros

D E S TA Q U E

O Comando Distrital de Operações de Socorro de Santarém, planeou e conduziu o exercício “CANOA 2014”, que decorreu a 13 de dezembro, na modalidade LIVEX, com vista a treinar a capacidade de resposta dos Agentes de Proteção Civil do distrito de Santarém e distritos limítrofes, baseando-se nos princípios do Sistema Integrado de Operações de Proteção e Socorro, em situação de Cheias na Bacia Hidrográfica do Rio Tejo.

Realizado no Rio Tejo, entre a Ponte Rainha Dona Amélia e a Palhota/Escaroupim, nos concelhos de Cartaxo e Salvaterra de Magos respetivamente, envolveu os concelhos de Salvaterra de Magos e Cartaxo. O cenário previa a simulação de uma grande cheia na bacia do Tejo, envolvendo diferentes ocorrências, nomeadamente: apoio psicológico e social a pessoas isoladas; salvamento, evacuação e apoio social; incêndio em habitação em zona inundada; acidente de viação com evacuação de politraumatizados de zona inundada; distúrbios à ordem pública em zona inundada. Como principais objetivos definidos para o exercício “CANOA 2014” destaca-se o treino operacional das forças envolvidas, um teste ao envolvimento conjunto das forças dos diversos agentes de proteção civil e outras entidades que, numa situação de cheias e nas ocorrências simuladas, teriam que intervir, testar ainda a estrutura de comando e controlo, ao nível tático e de manobra, assim como a arquitetura dos sistemas de comando, comunicações e apoio à decisão.Sob a direção do CADIS Centro Sul, este exercício funcionou ainda como um treino operacional para as equipas de Posto de Comando deste Agrupamento, testando valências operacionais, sempre na perspetiva de intervenção em zonas inundadas por extravasão das margens do Rio Tejo, como sejam a evacuação de população, o salvamentos em meio aquático, o desencarceramento e estabilização, incêndios urbanos, ordem pública, apoio social e realojamento.Foram diretamente envolvidas no exercício os

Corpos de Bombeiros, voluntários e municipais, dos distritos de Santarém, Portalegre, Leiria e Castelo Branco, a GNR, INEM, a Cruz Vermelha Portuguesa, o Instituto da Segurança Social (ISS) e a Força Especial Bombeiros da ANPC. Participaram ainda em ações de acompanhamento, observação e apoio, a Agência Portuguesa do Ambiente e Câmaras Municipais, através dos respetivos Serviços Municipais de Proteção Civil.

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Exercício CANOA testa cenário de cheia na Bacia Hidrográfica do Rio Tejo