Boletim Mensal de Monitoramento de Focos de Calor e ... · pode-se relacionar que quanto mais dias...
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Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade
Diretoria de Meteorologia e Hidrologia – DIMEH – SEMAS/PA
http://www.semas.pa.gov.br
Boletim Mensal de Monitoramento de Focos de Calor e Incêndios Florestais
no Estado do Pará – Nº 01/2016
Elaborado em: 04/02/2016
1. INTRODUÇÃO
No mês de janeiro de 2016, o Pará ficou entre os principais estados com grande registro de focos de
queimadas, especialmente as regiões do Baixo Amazonas e Calha Norte. Apesar de o mês de janeiro estar
climatologicamente inserido no período chuvoso da região, as chuvas registradas foram abaixo do esperado
devido à atuação do fenômeno climático El Niño, classificado como um dos mais fortes já registrado. Com isso,
pode-se relacionar que quanto mais dias seguidos sem chuva, maior o risco de queima da vegetação. De acordo
com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – INPE foram registrados no Pará um total de 1322 focos de
queimadas, a segunda maior taxa já registrada em um mês de janeiro. A seguir tem-se a descrição mais
detalhada das condições climáticas observadas e da distribuição dos focos de queimadas.
2. RESUMO DAS CONDIÇÕES
CLIMÁTICAS
A análise global das condições de
Temperatura da Superfície do Mar (TSM) mostrou
que no oceano Pacífico o fenômeno El Niño
manteve-se na categoria muito forte, segundo
dados exibidos no site ggweather
(http://ggweather.com/enso/oni.htm), e atingiu as
temperaturas mais elevadas, em sua porção
central-equatorial, no trimestre (NDJ/2015-2016).
Na Figura 01 pode-se verificar que em janeiro de
2016, as anomalias positivas de TSM excederam
3°C em algumas áreas na região equatorial do
Oceano Pacífico, cenário bastante prejudicial para
a distribuição das chuvas na região norte, durante
o período chuvoso. No Oceano Atlântico, em sua
porção norte, ocorreu o predomínio das
anomalias positivas de TSM mais intensas, com
temperaturas superiores a 2ºC em relação ao
normal. Na bacia sul vale ressaltar a evolução das
anomalias positivas entre a linha equatorial e
20ºN, fato que certamente favoreceu a ocorrência
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de chuvas no Sul do Pará.
Devido a atuação do fenômeno El Niño, os principais sistemas produtores de chuva que atuam na região
norte do país tiveram pouca ou nenhuma atuação. A Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), principal
sistema responsável pelas chuvas na faixa norte do estado do Pará, passou a atuar e apenas timidamente, em
torno de sua posição climatológica apenas entre 21 e 31 de janeiro. Como reflexo disso observamos nas figuras
2A e 2B grande parte do estado com chuvas abaixo do normal no mês de janeiro de 2016. A exceção ocorreu no
extremo sul do Pará em que as chuvas superaram o normal para o período, com anomalias positivas de
precipitação superior a 100 mm em algumas áreas, como na cidade de Santana do Araguaia, localizada no
extremo sudeste paraense, que apresentou total mensal de precipitação de 668,8 mm, registrado na estação
automática do Instituto Nacional de Meteorologia - INMET.
Figura 2A e 2B. Precipitação acumulada e anomalia de precipitação para janeiro de 2016. (Fonte: CPTEC/INPE)
3. SITUAÇÃO DA DISTRIBUIÇÃO DE FOCOS DE QUEIMADAS EM JANEIRO 2016
No mês de janeiro de 2016, o Pará apresentou 1322 focos de calor, distribuídos em 92 municípios do
estado (Figura 03), segundo informações do sistema de queimadas/incêndios do INPE. Ficou evidente que a
maior concentração de focos de queimadas ocorreu nas regiões do Baixo Amazonas e Calha Norte e Nordeste
paraense. Os municípios que apresentaram os maiores registros de focos de queimadas em janeiro de 2016, por
quantidade de ocorrência foram: Santarém com 135 focos, Monte Alegre (109 focos), Porto de Moz (103 focos),
Alenquer (93 focos), Almeirim (51 focos) e Juruti com 50 focos. Apenas esses seis municípios foram
responsáveis por um total de 541 focos de queimadas, o que corresponde a 41% do total de focos detectados
em janeiro de 2016. Em destaque na tabela abaixo estão os 33 municípios com o maior número de focos
detectados pela satélite de referência AQUA, de um total de 92 municípios.
Vale observar a relação direta entre os focos de queimadas e os volumes de chuva muito abaixo do
normal em janeiro de 2016 no Pará. Na figura 2 notamos que toda a faixa norte e a porção central do estado do
Pará tiveram chuvas muito abaixo do esperado para o período e com base na figura 3 é possível observar que
justamente essa faixa é a que apresentou o maior número de registros de focos de queimadas. O fenômeno El
Niño parece contribuir decisivamente para o aumento nas ocorrências de queimadas na região Amazônica.
(A) (B)
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Figura 3: Distribuição de focos de calor no Pará em Janeiro de 2016 (Fonte: INPE – SEMAS/PA)
3.1. SITUAÇÃO DAS DISTRIBUIÇÃO DE FOCOS DE QUEIMADAS
As Figuras 04, 05 e 06 mostram os mapas de focos de calor detectado em áreas protegidas no estado
do Pará (Unidades de Conservação – UCs federal, UCs estadual e Terras Indígenas – TIs). Foram detectados
362 focos, em janeiro/2016, distribuídos da seguinte forma: 301 focos detectados em UCs federal, 49 focos em
UCs estadual e 12 focos em terras indígenas.
Figura 4: Focos de calor em unidades de conservação federal em janeiro de 2016 (Fonte: INPE – SEMAS/PA).
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Figura 5: focos de calor em unidades de conservação estadual em janeiro de 2016 (Fonte: INPE – SEMAS/PA).
Figura 6: focos de calor unidades de conservação de terras indígenas em janeiro de 2016 (INPE – SEMAS/PA).
Nota 1: Queimadas provocadas em florestas é considerado um crime ambiental. Conforme consta no artigo 50 do Decreto
Federal 6.514/2008 incorre em infração destruir ou danificar florestas ou qualquer tipo de vegetação nativa ou de espécies plantadas sem autorização ou licença da autoridade ambiental competente, resultando em multas a partir de R$ 5.000,00 por hectare. Também enquadra-se nos incisos I e IV da Lei Estadual nº 5.887/1995 e está em consonância com artigo 70, parágrafo 1º da Lei de Crimes Ambientais (nº 9605/1998).
Nota 2: A equipe de Monitoramento da Diretoria de Meteorologia e Hidrologia - SEMAS/PA utiliza os focos de calor detectados pelo satélite de referência como dados oficiais. Para outras informações, inclusive estatísticas, consultem a página do INPE no seguinte endereço: http://sigma.cptec.inpe.br/queimadas/