BOLETIM n 27 - Universidade do Minho · 4 neps boletim informativo 27 | Setembro de 2002 ra,...

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neps boletim informativo 27 | Setembro de 2002 1 EDITORIAL Demografia Histórica e estudos genealógicos wAntero Ferreira _________ FALANDO DE DEMOGRAFIA HISTÓRICA... wMaria Norberta Amorim _________ FALANDO DE PATRIMÓNIO... wAlberto Correia _________ ARGUMENTOS: Notícias sobre fontes eclesiÆsticas do Brasil: o arquivo da Cœria Metropolitana de CuiabÆ, Mato Grosso wMaria Adenir Peraro _________ INICIATIVAS: II Jornadas do Neps Festas e Romarias Tradicionais no Portugal Contemporâneo: PersistŒncia de prÆticas e significados sócio-culturais 13, 14 e 15 de Janeiro de 2003 _________ NAVEGA˙ÕES: Fontes para o estudo da populaçªo na Internet Antero Ferreira editorial neps Boletim Informativo Nœcleo de Estudos de Populaçªo e Sociedade|Instituto de CiŒncias Sociais|U.M.|Guimarªes|27|Setembro de 2002 s u m Æ r i o Demografia Histórica e estudos genealógicos A recente participaçªo na XI Reuniªo Americana de Genea- logia, realizada em Setembro em Santiago de Compostela, proporcionou-me a oportunida- de de conviver com investiga- dores que partilham com os his- toriadores-demógrafos o traba- lho com fontes comuns e o inte- resse pela História da Família. É certo que, como Norberta Amo- rim jÆ tinha salientado em reu- niªo semelhante, apesar desta aparente proximidade, se os genealogistas, perseguindo os percursos familiares, alargam geograficamente o seu trabalho sem se interessarem pelo con- texto demogrÆfico, os historia- dores demógrafos limitam-no, em regra, a pequenas comuni- dades, sem grande interesse pelo encadeamento genealógi- co. Na medida em que a orienta- çªo metodológica seguida pelo NEPS, baseada na Metodologia de Reconstituiçªo de Paróquias, nos permite reconstituir, em encadeamento genealógico, a história de vida dos indivíduos residentes da comunidade, des- de sempre o nosso grupo se in- teressou pela elaboraçªo de ge- nealogias. Os actuais desenvol- vimentos informÆticos facilitam- nos essa tarefa bem como as anÆlises de parentesco, o que nos abre novas e fecundas pers- pectivas de investigaçªo. Ao mesmo tempo, valorizam as nossas bases de dados paroqui- ais, tªo morosa e pacientemen- te organizadas, na medida em

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neps boletim informativo 27 | Setembro de 2002 1

EDITORIAL

Demografia Históricae estudos genealógicos

wAntero Ferreira_________

FALANDO DE

DEMOGRAFIA HISTÓRICA...wMaria Norberta Amorim

_________

FALANDO DE

PATRIMÓNIO...wAlberto Correia

_________

ARGUMENTOS:Notícias sobre fontes

eclesiásticas do Brasil:o arquivo da

Cúria Metropolitana

de Cuiabá, Mato GrossowMaria Adenir Peraro

_________

INICIATIVAS:• II Jornadas do Neps

Festas e RomariasTradicionais no Portugal

Contemporâneo: Persistênciade práticas e significados

sócio-culturais13, 14 e 15 de Janeiro

de 2003_________

NAVEGAÇÕES:• Fontes para o estudo

da população na Internet

Antero Ferreiraeditorial

nepsBoletim Informativo

Núcleo de Estudos de População e Sociedade|Instituto de Ciências Sociais|U.M.|Guimarães|27|Setembro de 2002

s u

m

á

r i o

Demografia Históricae estudos genealógicos

A recente participação na XIReunião Americana de Genea-logia, realizada em Setembroem Santiago de Compostela,proporcionou-me a oportunida-de de conviver com investiga-dores que partilham com os his-toriadores-demógrafos o traba-

lho com fontes comuns e o inte-resse pela História da Família. Écerto que, como Norberta Amo-rim já tinha salientado em reu-nião semelhante, apesar destaaparente proximidade, se osgenealogistas, perseguindo ospercursos familiares, alargamgeograficamente o seu trabalhosem se interessarem pelo con-texto demográfico, os historia-dores demógrafos limitam-no,em regra, a pequenas comuni-dades, sem grande interesse

pelo encadeamento genealógi-co.

Na medida em que a orienta-ção metodológica seguida peloNEPS, baseada na Metodologiade Reconstituição de Paróquias,nos permite reconstituir, emencadeamento genealógico, a

história de vida dos indivíduosresidentes da comunidade, des-de sempre o nosso grupo se in-teressou pela elaboração de ge-nealogias. Os actuais desenvol-vimentos informáticos facilitam-nos essa tarefa bem como asanálises de parentesco, o quenos abre novas e fecundas pers-pectivas de investigação. Aomesmo tempo, valorizam asnossas bases de dados paroqui-ais, tão morosa e pacientemen-te organizadas, na medida em

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2 neps boletim informativo 27 | Setembro de 2002

editorial Antero Ferreira

Demografia Histórica e estudos genealógicos

que podem ser reutilizadas querpor outros investigadores � no-meadamente os genealogistas� quer pelo público em geral,ansioso por conhecer as suasorigens familiares. A massifica-ção da utilização da Internetproporciona-nos o meio paradarmos acesso a todos os inte-ressados a este valioso patrimó-nio, que pode já ser consultadono nosso site:www.eng.uminho.pt/~neps .

Aproveito esta oportunidadepara fazer uma mais que justareferência ao programa de ge-nealogia que utilizamos. É umaaplicação muito simples, maspoderosa, voltada para a apre-sentação de bases de dadosgenealógicas na Internet, desen-volvida por Daniel de Rauglau-

dure, do INRIA, que nos permi-te vários tipos de consultas, in-troduzir e alterar informação,apresentar genealogias sobre aforma gráfica ou de listas, reali-zar cálculos de consanguinida-de, etc. Acresce, ainda, que ainterface pode ser apresentadanuma enorme variedade de lín-guas, desde o português ao es-peranto. Para valorizar aindamais estas características des-taco o facto de se tratar de umsoftware que é distribuído gra-tuitamente pelo seu autor e queestá em permanente actualiza-ção. Mais do que fazer a apolo-gia deste software queria aquideixar o testemunho da respos-ta efectiva que ele significoupara a nossa necessidade nestedomínio � divulgar na Internet,

com um interface eficaz, emvárias línguas, as bases de da-dos que constituem o patrimó-nio do NEPS.

O interesse demonstrado pe-los participantes no XIª ReuniãoAmericana de Genealogia, par-ticularmente pelos nossos vizi-nhos galegos, na apresentaçãodo trabalho desenvolvido noNEPS, é um estímulo para apro-fundarmos estas pontes de con-tacto que nos beneficiam mu-tuamente: se as nossas basesde dados são certamente umafonte importante para as suasinvestigações, muito temos nósque aprender com as técnicasdos genealogistas e com o seurigor na análise das fontes.

Navegações neps

A Internet é, nos tempos que correm, uma ferra-menta imprescindível nas pesquisas em CiênciasSociais. A seguir indicam-se alguns sites com inte-resse para os investigadores das problemáticas dapopulação.

http://demography.anu.edu.au/VirtualLibrary/ �Demography & Population Studies, da Australian NationalUniversity. Inclui inúmeros links, constituindo um bom guia denavegação na Internet sobre temáticas de Demografia e estu-dos de população.

http://www2.h-net.msu.edu/~demog/ � Site H-DEMOG,que alberga um grupo de discussão dirigido aos historiadoresdemógrafos, com distribuição diária através de correio electró-nico. http://www.populationinstitute.org/teampublish/71_360_1026.cfm � Página de acesso ao Popline, publicaçãooficial do The Populations Institute. Edição bimestral acessívelem formato .pdf .

http://www.demographic-research.org/ � Jornal on-line de-dicado à pesquisa demográfica, de subscrição gratuita.

http://desip.igc.org/populationmaps.html � Site com a his-tória da população Mundial, com mapas animados desde o ano 1até 2020.

http://members.tripod.com/~Historia_Demografica/INDEX.HTM Site do NEHD - Núcleo de Estudos em HistóriaDemográfica, do Brasil. Edita o BHD - Boletim de HistóriaDemográfica, publicação de distribuição gratuita, em formatodigital, através da Internet.

http://www.hist.umn.edu/~rmccaa/laphb/laphb.htm � , pu-blicação do Departamento de História da Universidade deMinesota.

http://opr.princeton.edu/resources/ � Centro de pesquisadda População, da Univercisade de Princeton.

http://www.sosig.ac.uk/ � Site do SOSIG - Social ScienceInformation Gateway, que integra o Resource DiscoveryNetwork do Reino Unido. Constitui uma boa fonte de informa-ção para investigadores de Ciências Sociais.

http://www.nidi.nl/ � Site do NIDI - NetherlandsInterdisciplinary Demographic Institute (Holanda)

http://www.ufop.br/departamentos/nucleos/nhed/nhed.htm� Página do NHED/UFOP - Núcleo de História Económica eDemográfica  (Minas Gerais, Brasil) http://www.seppv.uji.es/� Página da associação Seminari d�Estudis sobre la Poblaciódel País Valencià. Disponibiliza informação sobre a associaçãoe sobre a população valenciana

http://www.demographic-research.org/ � Página onde sepublica a Demographic Research, revista electrónica mantidapelo Instituto Max Planck de Pesquisa Demográfica.

http://www.abep.org.br/ � Site da ABEP (Associação Bra-sileira de Estudos Populacionais).

Fontes de Estudos da População na Internet

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falando de demografia histórica... Maria Norberta Amorim

Relacionar Família e Proprieda-de numa comunidade rural emperíodo histórico exige umametodologia adequada. Cadafamília pode passar por diferen-tes fases no que respeita à pos-se de bens fundiários, de acor-do com os eventos demográficosque a vão afectando,e a comparação defamílias em diferentesestádios evolutivospode conduzir a errosgrosseiros. Jovenscasais filhos de pro-prietários residentescorrem o risco de serposicionados nomesmo nível deoutros casais já semperspectivas deherança. Nesse sen-tido, para efeitoscomparativos, serámais adequado dividir as famíliaspor diferentes grupos de acordocom as diferentes fases derelação com essa mesmaherança.

Usando uma base de dadoscom todos os residentes na fre-guesia de S. João da ilha açori-ana do Pico no dia 1 de Janeirode 1883, contabilizámos paracada família o rendimentocolectável apontado num mapaimpresso da Matriz Predial dafreguesia datado de 30 de Ou-tubro de 1884, mas efectiva-mente organizado nos dois anosanteriores. Para uma compara-ção mais adequada, considerá-mos apenas as famílias conju-gais que tinham atingido o ní-vel mais alto de propriedadedecorrente de herança, as famí-lias com ambos os cônjuges vi-vos e com os respectivos pro-genitores já falecidos e as famí-lias encabeçadas por um viúvo/a com todos os filhos dependen-tes.

Procedemos à distribuiçãodessas famílias por cinco níveisde propriedade. No nível mais

baixo, com menos de 1$000 réisde rendimento colectável, en-contrámos 8% de famílias; en-tre 1$000 réis e 4$999, situa-vam-se 27%; entre 5$000 e9$999 eram 33%; entre 10$000e 24$999 colocavam-se 27%, ecom 25$000 réis ou mais apenas

se situavam 5% das famílias dogrupo considerado.

É a situação dessas seis fa-mílias conjugais mais abastadasque tinham atingido o estádiode maior concentração de pro-priedade, correspondentes a 5%do total de famílias desse gru-po, que nos interessa no mo-mento descrever.

Na casa nº9 da Canada doZambra, no lugar da Companhiade Cima, residiam m 1883,António Pereira da Silveira, Tos-tão, de alcunha, lavrador e pas-tor, de 55 anos, sua segundamulher, Maria da Conceição, de57 anos, e dois filhos do primeirocasamento, Manuel, solteiro, de32 anos, e António, de 30. Umaafilhada, Maria, de 29 anos, quesupomos ser uma criada tratadafamiliarmente, como era norma dafreguesia, completava o númerode residentes.

A casa em que viviam tinhaloja, um andar, casa de

abegoaria e quintal, estruturascomuns entre os lavradores. Orendimento colectável atribuídoera de 45$252 réis, o maior dafreguesia entre o grupo de famí-lias analisado.

António Pereira da Silveira,nascido em 11 de Fevereiro de

1828, era filho de outrocom o mesmo nome,natural da freguesia daCalheta de Nesquim damesma ilha, e de AntóniaTomásia, natural de S.João. O pai faleceraquando ele tinha 7 anos.A mãe, após cinco anosde viuvez, voltara a casarcom um homem 16 anosmais novo, do lugar daCompanhia de Baixo,falecendo de parto dezdias após o casamento.Dos seus seis irmãos,

apenas um, o mais velho, ManuelPereira da Silveira, sobrevivera àinfância. A viúva desse irmão,Isabel de S. José, tambémresidente na Companhia de Cimaem 1883, tinha de rendimentocolectável a quantia de 5$769réis.

O primeiro casamento deAntónio Pereira da Silveira rea-lizara-se em 10 de Junho de1850, quando ele tinha 22 anos,com Inês da Conceição, de 21anos, sua vizinha, que lhe dariaquatro filhos. Em 1859 AntónioPereira da Silveira emigrou parao Brasil, deixando a família, elogo no ano seguinte Inês daConceição faleceu. Tinha então30 anos de idade.

Regressando do Brasil,António Pereira da Silveira vol-tou a casar em 1859 com Mariada Conceição, de 41 anos, a irmãmais velha da mulher falecida,que não chegaria a dar-lhe fi-lhos. Admitimos que as cunha-das tivessem criado os sobri-nhos, na sua ausência. Umaoutra irmã de Inês da Concei-ção, Luzia da Conceição, soltei-

1.º CASO

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ra, residia isolada na casa vizi-nha, a casa nº10 da Canada doZambra, tendo um rendimentocolectável de 6$015 réis.

O sogro, João Leal Ferreira,tivera oito filhos, quatro faleci-dos na infância. A quarta filhasobrevivente, Antónia da Con-ceição, havia casado para aCompanhia de Baixo, tendo omarido um rendimentocolectável de 22$240 réis.

Mesmo considerando que,tanto o pai como o sogro, seri-am proprietários e que as difi-culdades de sobrevivência à in-fância dos filhos provocariamuma maior concentração da pro-priedade, parece claro que foi aemigração com sucesso queavantajou o rendimento deAntónio Pereira da Silveira.

Reparemos que os quatro fi-lhos de António Pereira daSilveira foram também elesemigrantes.

Manuel Pereira da Silveira, ofilho mais velho, nascido em 20de Janeiro de 1821, emigrarapara o Brasil aos 13 anos. Resi-dindo com o pai em 1883, che-garia a casar na freguesia aos34 anos, voltando depois para oBrasil, sem regresso.

O segundo filho, homónimodo pai, nascido em 5 de Novem-bro de 1852, havia emigradopara os Estados Unidos aos 21anos. Casou em S. João logonesse ano de 1883, voltandodepois ao país de adopção. Fa-leceu em S. João aos 76 anos.

José Pereira da Silveira, oterceiro filho por ordem de nas-cimento, emigrara sem regres-so para o Brasil quando tinha12 anos.

Francisco Pereira da Silveira,o filho mais novo, nascido em 3de Setembro de 1857, haviaemigrado para os Estados Uni-dos aos 23 anos.

António Pereira da Silveirafaleceu viúvo aos 85 anos. Ma-ria da Conceição falecera aos 76.

Na casa nº1 da Canada deLázaro Pereira, no lugar da Com-panhia de Cima residia em 1883um outro proprietário, Francis-co Pereira Cardoso, Fevereiro, dealcunha, com um rendimentocolectável de 26$078 réis.

Nascido em 11 de Abril de1835, era o único filho que so-brevivia em S. João de ManuelPereira Cardoso e de Ana daConceição, já falecidos. Dois ir-mãos haviam falecido em crian-ça e outros dois haviam-se au-sentado.

Com 47 anos em 1883 e suamulher, Ana Clara, natural de S.Mateus, com 45, haviam regis-tado já nove filhos, vindo a terposteriormente mais um.

Não detectamos ausências deFrancisco Pereira Cardoso. Aconcentração dos seus bens te-ria sido facilitada pela morte eausência dos irmãos.

No entanto, quase todos osseus filhos viriam a falecer forada sua terra.

A filha mais velha, Maria deJesus, nascida em 20 de Feve-reiro de 1862, emigrou aos 19anos para o Brasil.

Manuel, o filho que se se-guiu, nascido em 3 de Agostode 1864, ausentou-se aos 19anos, sem passaporte conheci-do.

Ana Clara Cardoso, nascidaem 18 de Abril de 1866, emi-grou para o Brasil aos 18 anos.

Luzia Clara, nascida em 19 deJaneiro de 1868, casou em S.João aos 35 anos, falecendo aos41.

Francisco, nascido em 27 deAbril de 1870, ausentou-se aos20 anos.

António, nascido em 12 deJaneiro de 1872, saiu aos 19.

Maria do Rosário, nascida em8 de Maio de 1876, casou paraS. Mateus aos 29 anos e ausen-

tou-se de S. João.Clara Caetana, nascida em 19

de Fevereiro de 1876, tinha 9anos quando emigrou para oBrasil.

João Pereira Cardoso, nasci-do em 10 de Abril de 1878, ca-sou em S. João aos 40 anos e foio único que deixou descendên-cia na freguesia.

José, nascido em 28 de Ja-neiro de 1881, saiu aos 18 anos.

Maria, a filha mais nova, nas-cida em 1 de Janeiro de 1884,faleceu com 5 anos de idade.

Francisco Pereira Cardoso fa-leceu aos 82 anos, tendo AnaClara falecido com 57 anos.

Na casa nº3 da Canada doAlmança, do lugar da Compa-nhia de Baixo, encontramos ou-tro proprietário com rendimen-to colectável superior a 25$000réis. Tratava-se de João de BrumGarcia, Lendiaço de alcunha, de62 anos, casado com MariaBernarda, de 43. Não tinhamfilhos, nem chegariam a ter.Haviam casado dois anos antes,sendo Maria Bernarda natural davizinha freguesia de S. Mateus.O rendimento colectável atribu-ído era de 28$830 réis.

João de Brum Garcia era filhode um proprietário, Manuel deBrum da Silveira, e de sua mu-lher, Ana Maria, casal que tiveracinco filhos, todos sobreviven-tes à infância. Dois irmãos ha-viam falecido já depois de casa-dos, uma irmã, também chama-da Ana Maria, solteira, residiacom um sobrinho na casa vizi-nha, casa nº4 da mesmaCanada, e um outro irmão, Fran-cisco de Brum Garcia, residiarelativamente próximo, na Ruada Igreja, casado, tendo de ren-dimento colectável a quantia de12$353 réis.

Enquanto os outros irmãossaíram de casa, Ana Maria e João

falando de demografia histórica... Maria Norberta Amorim

2.º CASO

3.º CASO

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de Brum Garcia ficaram semprecom os pais, apoiando-os na suavelhice, e admitimos que te-nham sido herdeiros beneficia-dos. Estranhamente, em relaçãoà irmã solteira, não é referidono mapa da Matriz Predial qual-quer tipo de propriedade, o quefaz supor que os bens dela esti-vessem ainda na posse de Joãode Brum Garcia. Recordemosque só o casamento tardio des-te último condicionou a separa-ção dos irmãos.

Não encontramos neste casoinfluência da emigração de su-cesso, admitindo tratar-se deum herdeiro beneficiado.

Na casa nº81 do Caminho, nachamada Rua da Igreja encon-tramos uma viúva, Maria de Je-sus, com os seus cinco filhossolteiros, e um neto, com umrendimento colectável de44$673 réis.

Maria de Jesus era naturaldas Lajes, lugar da Silveira, fi-lha de proprietários, e casarapara S. João, com Manuel Pei-xoto, Estreito, de alcunha, o fi-lho mais novo de Francisco Pei-xoto da Silveira e de CatarinaJosefa, também proprietários. Aviúva de um irmão de ManuelPeixoto, Ana Tomásia, tambémresidente na Rua da Igreja em1883, era a maior proprietáriada freguesia, com um rendimen-to colectável de 70$470 réis,apesar de não ter todos os fi-lhos na sua dependência.

Manuel Peixoto e Maria deJesus tiveram seis filhos.

A filha mais velha, Maria deJesus Peixoto, nascida em 24 deNovembro de 1854, viria a ca-sar aos 38 anos. Teve dois fi-lhos, mas só um sobreviveu àinfância. Ela própria faleceu aos64 anos.

Manuel Vieira Peixoto, o se-gundo filho, nascido em 15 de

Maio de 1856, estava em 1883emigrado nos Estados Unidos.Viria falecer à freguesia, soltei-ro, aos 71 anos.

José Vieira Cardoso Peixoto,o filho que se seguiria, nascidoem 8 de Março de 1858, emi-grara aos 13 anos para o Brasil,sendo referido no passaportecomo estudante. Depois de re-novar o passaporte por maisduas vezes, casou em S. Joãoaos 54 anos, onde faleceu aos76. Foi benemérito da fregue-sia, tanto na reconstrução daIgreja, como na formação daFilarmónica, angariando para oefeito fundos no Brasil.

Maria dos Santos Peixoto,nascida em 11 de Novembrode1860, havia tido um filho na-tural, o neto de Maria de Jesusreferido no rol, Jerónimo, em 23de Fevereiro de 1882. A famílianão consentiu no casamento,porque o namorado era pobre,e Maria dos Santos acompanhouo irmão José para o Brasil, logonesse ano de 1883. Voltaria paraS. João, onde faleceu solteira,aos 97 anos. O filho emigrou aos14 anos para os Estados Unidos,onde faleceu.

António, outro filho de Mariade Jesus, emigrou para o Brasilaos 21 anos, sem retorno.

Amélia de Jesus Peixoto, afilha mais nova, viria a casar aos26 anos, para fora da freguesia.Não chegaria a ter netos.

Mais uma vez notamos queneste final de século foi destinofrequente dos filhos dos propri-etários a emigração para o Bra-sil ou para os Estados Unidos. Ocasamento retardado e condici-onado para os que ficavam re-duzia as perspectivas de empo-brecimento para a nova gera-ção.

Na casa nº112 do Caminhoencontramos uma viúva, Maria

da Conceição, de 77 anos, comduas filhas dependentes. Tinhade rendimento colectável aquantia de 38$140 réis.

Maria da Conceição, nascidaem 2 de Abril de 1805, era filhanatural e única de Manuel Pe-reira Gaspar e de Rita da Con-ceição.

O seu defunto marido, ManuelFrancisco Ferreira, Balandrau dealcunha, era filho de outro domesmo nome e de Maria doNascimento. A única irmã quetivera falecera na infância.

O casamento entre ManuelFrancisco Ferreira e Maria daConceição realizara-se em 20 deMaio de 1822, quando tinham,respectivamente, 19 e 17 anos.Nasceram-lhes sete filhos.

Maria da Conceição, a filhamais velha, nascida em 22 deNovembro de 1824, residentecom a mãe em 1883, viria a fa-lecer solteira aos 89 anos deidade.

Ana, nascida em 30 de De-zembro de 1828, ausentara-seaos 20 anos.

Rita da Conceição Ferreira,nascida em 30 de Setembro de1831, emigrara aos 30 anospara o Brasil.

Isabel de S. Francisco, nas-cida em 29 de Maio de 1835,ausentou-se aos 14 anos, su-postamente para o Brasil, paraonde mais tarde tirou passapor-te.

Josefa Ermelinda da Concei-ção, residente com a mãe em1883, veio a casar aos 52 anos,falecendo aos 84.

Francisca de Jesus Maciel,nascida em 11 de Março de1842, emigrara aos 18 anospara o Brasil, mas veio casar aS. João, quando tinha 31 anos,ausentando-se de seguida.

António, o filho mais novo,nascido em 24 de Outubro de1848, falecera aos 4 anos.

A emigração, o celibato defi-nitivo e o casamento tardio das

falando de demografia histórica... Maria Norberta Amorim

4.º CASO

5.º CASO

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filhas, condicionaram tambémque Maria da Conceição, quan-do faleceu, aos 85 anos, nãoconhecesse nenhum neto.

Na casa nº123 do Caminhoencontramos António Silveira deÁvila Martins, Saca de alcunha,viúvo de Inácia dos Anjos, comum rendimento colectável de26$096 réis. Com ele vivia umafilha solteira, Francisca Catarina,duas filhas naturais desta, Ma-ria, de 9 anos e Inácia, de me-ses, e ainda uma cunhada, tam-bém chamada FranciscaCatarina, de 77 anos.

António Silveira de ÁvilaMartins, nascido em 14 de Agos-to de 1807, era filho de AntónioSilveira de Ávila e AnastáciaJacinta. Um irmão solteiro,Teotónio Flávio da Silveira, tam-bém residente na Companhia deBaixo, na casa nº82 do Cami-nho, tinha de rendimentocolectável a quantia de 13$893réis. Outro irmão casado, ManuelSilveira de Ávila Martins, resi-dente na casa nº21 da Travessaentre a Canada do Almança e aCanada de Francisca, tinha derendimento colectável a quan-tia de 16$287 réis.

A defunta mulher de AntónioSilveira de Ávila Martins, Ináciados Anjos, nascida em 29 deSetembro de 1808, era filha deJosé Francisco de Simas e deFrancisca Catarina, casal quetivera sete filhos, três deles ain-da vivos em 1883. Um cunhadode António Silveira, chamadoAntónio José de Simas, estavacasado no lugar da Companhiade Cima, e tinha de rendimentocolectável a quantia de 6$218réis. Outro cunhado, tambémcasado, residia na casa imedia-tamente anterior, tendo de ren-dimento colectável a quantia de6$229 réis, o que coloca a famí-lia da mulher num escalão de

rendimento inferior. A cunhadaco-residente, FranciscaCatarina, não tinha bens arrola-dos no seu nome e admitimosque os seus bens estivessem jána posse da família da irmã.

O casamento entre AntónioSilveira de Ávila Martins e Ináciados Anjos realizara-se em 16 deSetembro de 1839, aos 32 e 30anos, respectivamente. Baptiza-ram cinco filhos.

Maria Inácia, a filha mais ve-lha, nascida em 27 de Setem-bro de 1840, falecera aos 21anos de idade.

António, nascido em 27 deMarço de 1843, falecera com umano.

Inácia, nascida em 13 de Ja-neiro de 1845, falecera com 16anos.

Francisca Catarina, nascidaem 26 de Novembro de 1846,tivera três filhos naturais.

Maria Inácia de Sousa, nascida em 1de Setembro de 1873, era filha deManuel Silveira de Sousa, nascido em8 de Janeiro de 1844, que emigrarapara os Estados Unidos, sem assumira paternidade. Essa situação foi mui-to dura para Francisca Catarina queadoeceu de mágua, contando com ahostilidade do pai, que se sentiu de-sonrado. Só o apoio do irmão permi-tiu a sobrevivência da criança recém-nascida1 . Mais tarde Maria Inácia deSousa foi perfilhada e única herdeirado pai.Inácia, uma criança nascida em 13de Abril de 1881 e falecida aos trêsmeses, era filha de Manuel de Brumda Silveira, solteiro, filho de um vizi-nho.Inácia Silveira Lagido, também filhade Manuel de Brum da Silveira, nas-cida em 31 de Maio de 1882, foi aúltima a nascer antes do casamentodos pais que se realizou em 14 deJulho de 1884. Inácia Silveira Lagidofoi emigrante nos Estados Unidos aos29 anos, mas regressou e casou nafreguesia aos 38 anos, ausentando-se depois com o marido para o Brasil,onde faleceram.Dentro do casamento FranciscaCatarina chegaria a ter um outro fi-lho.

Manuel Silveira de Ávila

Martins, o filho mais novo deAntónio Silveira de Ávila Martinse de Inácia dos Anjos, nascidoem 16 de Outubro de 1849, vi-ria a falecer aos 27 anos, soltei-ro.

António Silveira de ÁvilaMartins, que viria a falecer aos82 anos, tivera, no estado deviúvo, um filho natural de MariaConstança, solteira, do lugar daCompanhia de Cima. Esse filho, oPadre Cândido Ávila Martins,nascido em 16 de Dezembro de1863, dez anos antes da netaMaria Inácia de Sousa, faleceujovem nos Estados Unidos, comfama de esmoler e grande ora-dor. Apesar de usar os apelidosdo pai, este não o reconheceucomo filho, nem mesmo na alturada sua missa nova, sendo entãoapregoado como filho de paiincógnito.

A mentalidade do tempo ex-pressa-se claramente nestecaso. Como proprietário viúvo,António Silveira de Ávila Martinsnão casou com a mãe do filhonatural, sendo esta uma jovemrecatada, mas pobre. Não reco-nheceu o filho, mesmo quandoeste se afirmava socialmente.Quando a filha engravidou deum namorado que a rejeitava,sentiu-se desonrado, maltratoua filha e nunca mais participouem nenhuma festividade da fre-guesia, quer fosse um arraial emdia de Espírito Santo, ou umasimples boda de casamento. Noentanto, protegeu a neta MariaInácia quando FranciscaCatarina casou com outro ho-mem que não o pai dela e sópermitiu que ela saísse do seuagregado quando ManuelSilveira de Sousa a reconheceucomo filha e a requisitou parasua casa.1 Ver de Maria Norberta Amorim e

Alberto Correia, Francisca Catarina(1840-1863). Vida e Raízes em S.João do Pico (Biografia, Genealogiae Estudo de Comunidade, Guima-rães, NEPS, 1999.

falando de demografia histórica... Maria Norberta Amorim

6.º CASO

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falando de património Alberto Correia

As �Terras da Lapa� são as terras que Aquilino Ribeiro chamou�Terras do Demo�, querendo com tal expressão significar que erassão adustas e bravas não tanto devido a sanha dos homens comeao génio da Madre Natureza.

Quis esta mostrar-se ali com o jeito da sua rudeza extremacobrindo a terra com basta penedia, a mais branda desfeita aolongo dos séculos pelo dardejar do sol e o sopro dos ventos, torna-da assim mancha arenosa onde nasceram giestais e campos deurze que agradeceram o milagre de existir com a festa das maiase o manto roxo lançado sobre a montanha no alvorecer da prima-vera.

Os homens expulsos do paraíso vieram fixar-se aqui num tem-po longínquo de neolítico. Dois rios de águas frescas, o Vouga e oPaiva, matavam-lhes as saudades dos quatro rios do Paraíso.

Inventaram depois searas de trigo dourado, plantaram maciei-ras sem conto, exorcizando tentações antigas, por um tempo ce-lebraram o Sol e a Lua como deuses e ofereceram-lhes, como Abelfizera a Javé, nas festas de solstício, cordeiros gordos, pão cozidosob a cinza, cestos de fruta e cordões de flores ao pescoço deraparigas.

Os homens bem queriam transformar em paraíso as terras doseu desterro. Mas houve sempre Caim matando Abel, chuvas dedilúvios, a fome, a paste e a guerra atormentando os vivos.

Ate que um dia uma pastora, criança de idade, inocente denatureza, muda de condição, entra no escuro do uma gruta damontanha onde era habitual abrigar-se com o gado. E deu fé deuma imagem abandonada no chão antigo.

Devia parecer-se com as imagens das Virgens dos altares, aimagem do milagre que Joana, a pastora, guardou na cestinhabreza da sua merenda e entreténs. E chamou-lhe Senhora da Lapa,mal sabendo que estava sendo madrinha da amplidão da monta-nha.

A mãe de Joana deu conta do desvario da filha que endronizavaa imagem sobre altarzinhos na serra, contavam as outras pasto-ras, e lhe talhava, em casa, vestidinhos com restos de panos. E,irada, lançou a imagem sobre a fogueira.

� �Ai minha mãe, que é a Senhora da Lapa!�Falou a pastora muda, quedou-se, paralisado, o braço sacrílego

da mulher, a imagem resiste às chamas, cura-se com uma oraçãoo braço da mãe de Joana.

E ei-las proclamando pela aldeia de Quintela a aparição de umapersonagem celeste que sempre se ficou chamando de Senhorada Lapa.

Fizeram primeiro da gruta uma capela, a voz de Joana correu ospovos da roda da serra e os peregrinos desenharam os primeiroscaminhos de uma estrela de caminhos.

Houve cegos que ficaram a ver, coxos que andaram, gente tris-te com filhos na guerra, com pai embarcado, que voltava a serfeliz.

Longe ficavam os tempos do neolítico, o culto propiciatório dosol e da lua, mas os homens pareciam iguais e traziam alqueiresde trigo que eram moídos para pão, vinham crianças com frontesenfeitadas de �silvas�, que eram rosas de papel, lembrando destemodo o milagre do uma ressurreição, outros deixavam mercadori-

Terras da Lapa

Os homensexpulsos doparaíso vieramfixar-se aquinum tempolongínquo deneolítico. Doisrios de águasfrescas, o Vougae o Paiva,matavam-lhes assaudades dosquatro rios doParaíso.

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as de ouro e prata, e houve raparigas que bordaram mantosdourados de rainha como faziam antigamente, na Grécia, as ra-parigas devotas de Atena.

Os Padres da Companhia de Jesus vieram servir neste santu-ário de montanha junto do qual uma �cidade� nasceu, cidadesagrada com largo Terreiro aberto às procissões, o abrigo dasestalagens, fontes junto à �nascente� de um rio para matar asede dos romeiros e lavar �mortalhas� desnecessárias e os cor-pos curados das chagas que a vida produz.

Dentro da gruta os romeiros atravessavam um caminho es-treito e percorriam, quase todos sem o saber, esse simbólicocaminho do paraíso.

A Lapa foi sempre isso para os romeiros, mesmo em tempo dedesarvoradas doutrinas que pregavam a morte de Deus porquede paraíso os homens sempre ficaram privados.

No alto da serra da Lapa o santuário que abriga os rochedos doantigo milagre mantém portas abertas.

Renovaram-se os caminhos que atravessavam a serra. Rea-briram estalagens fechadas.

A Lapa continua sendo uma �cidade sagrada�.Mas continuam correndo apenas dois rios, dos quatro rios do

Paraíso.

iniciativas neps

falando de património Alberto Correia

II JORNADAS DO NEPSFestas e Romarias tradicionais no Portugal Contemporâneo:

Persistência de práticas e significados sócio-culturais

13, 14 e 15 de Janeiro de 2003 | Universidade do Minho | Campus de Azurém| Guimarães

Os participantes com comunicação deverãoremeter à Comissão Organizadora das Jorna-das os títulos e resumos (máximo 450 carac-teres) dos trabalhos a apresentar até ao dia10 de Dezembro.

Os textos das comunicações aceites não de-verão exceder 15 a 20 páginas (em word, ta-manho de letra 12, espaço entre linhas 1,5)devem ser entregues (em suporte de papel edigital) até ao limite máximo de 10 de Janeiro,sendo o prazo de entrega das versões definiti-vas, 28 de Fevereiro de 2003.

A inscrição é gratuita para estudantes e au-tores de comunicações aceites pela ComissãoCientífica das Jornadas; para os demais partici-pantes o valor da inscrição é de 45 euros.

w Núcleo de Estudosde População e Sociedade

Universidade do Minho,Pólo de Azurém

4800-058 Guimarães

w Telefone/Fax:253510187

w e-mail:[email protected]

INSCRIÇÕES

INFORMAÇÕES

A Lapacontinua sendo

uma �cidadesagrada�.

Mas continuamcorrendo apenas

dois rios, dosquatro rios do

Paraíso. •

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Em Outubro de 2002, a popu-lação da histórica cidade de Cui-abá, Mato Grosso, situada na re-gião Centro-Oeste do Brasil, serápresenteada com o lançamentode um livro muito especial, refe-rente às fontes eclesiásticas. Tra-ta-se do Catálogo, Memória daIgreja em Mato Grosso: o arqui-vo da Cúria Metropolitana de Cui-abá.1

A edição do Catálogo Memó-ria da Igreja em Mato Grosso:o arquivo da Cúria Metropolita-na de Cuiabá é resultado de umesforço conjunto de historiadoresda Universidade Federal de MatoGrosso, da Fundação de Amparoa Pesquisa do Estado de MatoGrosso, do Conselho Estadual deCultura e da Rede CEMAT � Cen-trais Elétricas Mato-GrossensesS.A., preocupados com a recupe-ração da acção cultural da IgrejaCatólica na região e, consequen-temente, com a preservação daprópria memória histórica da so-ciedade de Mato Grosso.

O Catálogo refere-se à docu-mentação existente no arquivo daCúria Metropolitana de Cuiabá,onde são encontrados documen-tos inéditos, produzidos pelaIgreja Católica em Mato Grosso eque remontam à segunda meta-de do século XVIII. De antemão,gostaria de apontar ao leitor, queo Catálogo, conforme poderá serconstatado, obedece a uma bali-za cronológica, de 1756 a 1956,abarcando duzentos anos da vidaeclesiástica de Mato Grosso, por-tanto, dos tempos da Prelazia àArquidiocese e, especificamente,ao final do arcebispado de D.Francisco de Aquino Corrêa (1922-1956). O presente Catálogo cons-titui-se em apenas um dos pro-dutos do projecto Memória daIgreja em Mato Grosso, cujoobjectivo maior é o de preservar,pela microfilmagem, um dos maisimportantes acervos documentais

referentes à trajectória da IgrejaCatólica em Mato Grosso.

Importa ressaltar, que o pre-sente Catálogo, encontra-se pro-fundamente relacionado ao Arce-bispado de Dom Bonifácio Picci-nini, Arcebispo de Cuiabá, de 1979aos dias actuais, ao permitir queum primeiro arranjo de forma sis-tematizada no Arquivo da Cúria,fosse realizado no ano de 1986.Até então, como tem afirmado opróprio Arcebispo, a documenta-ção � livros e documentos avul-sos � encontrava-se desordena-da e acondicionada de maneiramuito precária e sem condiçõesde consulta ao público. Ao permi-tir que o arranjo fosse realizadopelo professor Otávio Canavarrosdurante o citado ano, foi possívelcolocar em execução um sistemá-tico projecto de arranjo que,pode-se dizer, consistiu em umaespécie de �freio� ao processo dedeterioração que o tempo vinhatecendo sobre a preciosa docu-mentação. Acondicionados emcaixas de papelão, devidamentereferenciadas e depositadas emestantes de aço, os documentosavulsos encontraram condições,senão inteiramente adequadas,mas estáveis, que permitiram ga-rantir a sua estabilização até oano de 2000, momento em queum passo decisivo foi dado nosentido de salvaguardar toda adocumentação e, agora, atravésda microfilmagem.

A discussão, elaboração e exe-cução do projecto contou comduas exímias historiadoras, talen-tosas e competentes nas áreasem que actuam: Professora Dou-tora Elizabeth Madureira Siquei-ra, presidente do Instituto Histó-rico e Geográfico Brasileiro, co-nhecedora profunda de arquivís-tica e da história de Mato Grossoe Sibele de Moraes, que aceitouo desafio de, enquanto aluna doPrograma de Pós-graduação,mestrado em História pela Uni-

versidade Federal de Mato Gros-so, continuar desenvolvendo asactividades de microfilmagem noNúcleo de Documentação e Infor-mação Histórica Regional(NDIHR), onde há anos actua eresponde pelo Sector.

Neste sentido, no final do anode 1999, protocolamos junto àFundação de Amparo a Pesquisado Estado de Mato Grosso,(FAPEMAT), o projeto Memória daIgreja em Mato Grosso..., como firme propósito de obter recur-sos financeiros visando efectuara microfilmagem da documenta-ção, sendo a solicitação atendi-da e resultando na assinatura doTermo de Outorga e de Aceitaçãode Auxílio conforme processo nú-mero 3.22.10/06 de 1999.2 Aolongo dos anos de 2000 e 2001,foram incorporadas à equipe detrabalho, quatro alunas do cursode graduação em História da Uni-versidade Federal de Mato Gros-so, Giseula Maccarini, QuelceQueiróz dos Santos, Itamara dosAnjos de Oliveira e Silviane Ra-mos Lopes da Silva, contempla-das pelo CNPq com bolsa do Pro-grama de Iniciação Científica(PIBIC) e responsáveis pela exe-cução de todo o acervo referenteaos documentos manuscritos,impressos e fotográficos. Ao fi-nal do ano de 2000, o primeiroano de trabalho, o projecto jáapresentava um significativoavanço em relação ao arranjo emicrofilmagem dos registos vitais� baptizados, casamentos e cris-mas, bem como dos livros de Ín-dices e Protocolos, num total de196 livros devidamente arranja-dos e microfilmados. No entanto,restava ainda efectuar todo o tra-balho de arranjo da documenta-ção avulsa depositada em caixas.Somado a isso, cabia dar contaigualmente do riquíssimo acervofotográfico detectado pelas alu-nas no interior do arquivo no fi-nal deste mesmo ano, o que vi-

Notícias sobre fontes eclesiásticas do Brasil:o arquivo da Cúria Metropolitana de Cuiabá, Mato Grosso

argumentos Maria Adenir Peraro

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nha implicar na dilatação do pra-zo do tempo de trabalho da equi-pe e das despesas com materialde consumo. Assim sendo, e di-ante deste novo quadro, o proje-to Memória da Igreja foi proto-colado na Secretaria Estadual deCultura, sob nº 258/2001, sendoaprovado pelo Conselho Estadu-al de Cultura de Mato Grosso nostermos da Lei de Incentivo à Cul-tura3 . Com a Carta de Aprovaçãoliberada pelo Conselho Estadualde Cultura, fomos em busca dacaptação de recursos. E, nestesentido, necessário se faz aquiressaltar o papel da Rede CEMAT� Centrais Elétricas Mato-Grossenses S.A., incentivandodentre tantos outros projectos,através de Doação, o ProjectoCultural, Memória da Igreja emMato Grosso. Tal doação, possi-bilitou a continuidade e a execu-ção do projecto que pôde atingirplenamente os objectivos iniciaispropostos: organizar, arranjar,microfilmar a documentação epreparação da edição de um Ca-tálogo referente a toda documen-tação depositada num dos maisricos arquivos eclesiásticos deMato Grosso. Cumpriu o projec-to, igualmente, um outro objec-tivo, que é o de favorecer o aces-so dos pesquisadores às fontesdocumentais eclesiásticas, aodepositar os rolos de microfilmesno Núcleo de Documentação eInformação Histórica Regional(NDIHR), da Universidade Fede-ral de Mato Grosso. Somam aotodo, 174 rolos de microfilmes,sendo 03 rolos referentes ao pe-ríodo administrativo da Igrejacomo Prelazia, 46 do período deDiocese e 47 de Arquidiocese. Arespeito dos períodos administra-tivos Prelazia / Diocese são 06rolos, da Diocese / Arquidiocese,51 rolos e 17 da Prelazia / Dioce-se e Arquidiocese. Dentre os ro-los referentes ao período da Ar-quidiocese, 01 rolo é referenteaos mapas eclesiásticos e 01 àsBulas papais. Some-se ainda 04

rolos referentes ao acervo foto-gráfico datado da segunda meta-de do século XIV aos dias actu-ais.

Se de um lado, é possível afir-mar que existe uma situação deequilíbrio e de relativa tranquili-dade em relação ao estado desegurança da documentação doArquivo da Cúria, de outro, é pre-ciso dizer da necessidade de irpara além do trabalho de micro-filmagem. Esforços devem serfeitos no sentido de preservar adocumentação mediante a técni-ca de restauração. A restauração,como garantia da longevidade dosdocumentos, constitui-se em umameta a ser ainda atingida por DomBonifácio Piccinini, bem como pornós, historiadoras envolvidas como presente trabalho, sabedores dovalioso património que o arquivoda Cúria encerra.

A equipe de trabalho vislum-bra ainda a perspectiva de inves-tigar sobre a existência de ou-tros arquivos eclesiásticos emMato Grosso de maneira que to-das, ou pelo menos a maior partedas paróquias sejam visitadas,podendo resultar daí um inventá-rio a exemplo daquele já realiza-do em Portugal4 , o que deman-daria uma intervenção enérgica econjunta de historiadores, auto-ridades eclesiásticas e adminis-trativas para viabilizar o levanta-mento dos fundos arquivísticosexistentes neste Estado.

O que torna valoroso, ao nos-so ver, o presente trabalho é que,através dele, foi possível tornarvisível ao público a preciosa do-cumentação eclesiástica, indo aoencontro do que já apregoavaCaio Prado Júnior no início dadécada de 1940 em uma quaseque desapercebida nota de roda-pé: É pena que os arquivos ecle-siásticos ainda não estejam, nasua maior parte, ao alcance dogrande público. Eles deitariamgrande luz sobre a vida íntima dasociedade colonial5 . Não somen-te da sociedade colonial, diríamos

nós, mas, principalmente dassociedades imperial e republica-na, pois, a maior parte da docu-mentação eclesiástica do arqui-vo da Cúria Metropolitana de Cui-abá, refere-se ao período de Dio-cese (1826 a 1910) e Arquidioce-se (1910 aos dias actuais). Den-tre a volumosa documentação,em torno de 20.000 peças docu-mentais, ressaltamos aqui os re-gistos paroquiais de baptizados,casamentos e óbitos, revelado-res da preocupação da Igreja Ca-tólica a partir do Concílio de Tren-to (1545-1563) em estabelecerum sistema de registos de seusfiéis, ou seja, �desde os alvoresda colonização espanhola e por-tuguesa na América começarama existir registos especiais decada paroquiano e de cada um doseventos vitais ocorridos ao longode suas existências: do baptis-mo à morte, passando pelo casa-mento�.6 No Brasil, a normaliza-ção de tal prática ocorreu commaior eficácia a partir do primei-ro Sínodo dos Bispos, resultandodaí as Constituições Primeiras doArcebispado da Bahia, de 1707,em vigor até o final do Império.

Tais documentos constituem-se em peças de inestimável valorpara o estudo das populaçõespretéritas, pois fornecem informa-ções sobre o nascer, o viver, omorrer das populações brancas,negras, indígenas e mestiças.Homens e mulheres de estratossociais diferenciados � livres eescravos, que nasceram ou imi-graram para Mato Grosso e queem algum momento de suas vi-das, por contingências, ou mes-mo em atendimento às exigênci-as de Igreja dirigiram-se ao JuízoEclesiástico onde deixaram pis-tas concretas sobre suas vidas,casando-se, baptizando ou apa-drinhando e mesmo registandomortes de seus familiares. Me-lhor seria ainda dizer, atentandopara os registos de baptizados,que podemos obter informaçõessobre as relações de compadrio e

argumentos Maria Adenir Peraro

O Arquivo da Cúria Metropolitana de Cuiabá

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através dos testemunhos de ac-tos de baptizados ou de casamen-to, avaliar as relações sociaisestabelecidos pelas famílias,como também detectar o nível dealfabetização dos nubentes epadrinhos.

Não somente estudos na linhada metodologia da DemografiaHistórica podem ser efectuadosa partir das fontes paroquiais mastambém no âmbito da HistóriaSocial, a exemplo das epidemiase doenças que assolaram as po-pulações em diferentes períodos.Some-se a isso, as possibilida-des de estudos sobre a estrutu-ração da Igreja enquanto insti-tuição, dos bispos e arcebispose, particularmente sobre o clerolocal e a trajectória dos mesmosna constituição da vida das paró-quias, vilas e municípios o queremete-nos à uma melhor com-preensão do Padroado e do Ul-tramontanismo no âmbito da his-tória nacional. Há que se fazermenção à existência de uma far-ta documentação referente aosmilitares - homens que nasceramou que migraram para Mato Gros-so em cumprimento às ordens doEstado imperial e republicano, aexemplo dos autos de Justifica-ção de estado de solteiro, casa-do, de viuvez e das habilitaçõesmatrimoniais. Tais autos permi-tem, não apenas perceber a tra-jectória dos militares em direc-ção a Mato Grosso, mas tambémas determinações da Igreja rela-tivas aos casamentos pois dizemrespeito à necessidade de com-provação por parte dos nubentes,do estado de solteiro, ou de viu-vez, com depoimento de teste-munhas, juntamente com a apre-sentação do registo de baptismoao vigário geral da paróquia. Per-mitem, de outro lado, que seconstatem origem e profissão dosJustificantes, e mesmo atitudesface aos emolumentos cobradospela Igreja na montagem dos pro-cessos. Uma história quantitati-va pode ser efectuada sobre o

contingente militar a partir dafarta documentação relativa aosautos citados. Permite, igualmen-te, eleger/seleccionar dentre osinúmeros processos, estudos decaso que possam iluminar histó-rias de vidas com vistas a recons-truir a experiência das classessociais inferiores, na perspectivade uma �história vista de baixo�,conforme concepção de JimSharpe no sentido de servir comocorrectivo à história da elite abrin-do a possibilidade de uma sínte-se mais rica da compreensão his-tórica, de uma fusão da históriada experiência do quotidiano daspessoas com a temática dos ti-pos mais tradicionais de histó-ria.7

Não menos importantes sãoas possibilidades que se abrempara os estudos sobre as popula-ções indígenas em Mato Grosso apartir dos registos paroquiais. Selevarmos em conta, como já re-ferido, que a Igreja Católica, atra-vés das Constituições Primeirasdo Arcebispo da Bahia, de 1707,8 passou a exigir que os registosvitais � baptizados, casamentose óbitos fossem lavrados em li-vros próprios; se considerarmosque os párocos, mesmo em nú-mero diminuto, foram incumbidosdesta função e passaram a efec-tuam tais registos de maneirasistemática; se considerarmosque a própria política de �pacifi-cação� levada a termo por partedas autoridades provinciais exi-gia que os baptizados ocorresseme que os indígenas fossem, apartir daí registados, torna-sepossível perceber a importânciadesta fonte para pensarmos so-bre a história do contacto dosbrancos com os grupos indígenasque viviam e ainda vivem em MatoGrosso e próximos à Cuiabá, comoos Bororo Coroado e os Guaná.Neste sentido é que tais fontesganham evidência, pois, podemrevelar aspectos da sociedade deMato Grosso e, de forma ampla,da própria sociedade do Brasil,

ainda não devidamente aborda-dos.

1 O arraial do Senhor Bom Jesus de Cui-abá, foi fundado em 1719, como de-corrência das descobertas de Jazi-das auríferas e passou a constituir-se em um dos principais núcleos depovoamento da Capitania de MatoGrosso, esta por sua vez criada em1748, no âmbito do debate luso-es-panhol acerca dos limites das respec-tivas áreas ultramarinas na América.

2 Com o auxílio em mãos, propiciado pelaFAPEMAT, foi possível celebrar o Ter-mo de Cooperação Cultural nº 006/2000 entre a Universidade Federal deMato Grosso e a Mitra Arquidiocesa-na de Cuiabá, para a execução deprojeto no período de 24.11.1999 a24.11.2001.

3 Lei nº 5.863-A, de 12 de dezembro de1991, regulamentada pela Lei nº7.042, de 15 de outubro de 1998.

4 Referimo-nos ao Inventário Coletivo dosRegistos Paroquiais publicado no anode 1993 em Lisboa em forma de doisvolumes os quais integraram o proje-to maior de trabalho: Inventário dosBens Culturais Móveis, empreendidopelo Estado português em seu Pro-grama de Governo, cobrindo no volu-me 1 os registos do Centro e Sul �arquivos distritais de Aveiro, Beja,Castelo Branco, Coimbra, Évora, Faro,Guarda, Leiria, Lisboa, Porto Alegre,Santarém, Setúbal e Viseu e no volu-me 2, os arquivos distritais de Braga,Bragança, Porto, Viana do Castelo eVila Real. (MENDONÇA, Manuela(coord.). Inventário Colectivo dosRegistos Paroquiais. Inventário doPatrimónio Cultural Móvel. Vol. 1. Cen-tro e Sul. Lisboa: Secretaria de Esta-do e Cultura / Arquivo Nacional / Tor-re do Tombo. 1993).

5 PRADO JÚNIOR, Caio. Formação do Bra-sil Contemporâneo, Colônia. 8.ed.,São Paulo: Brasiliense, 1965, p. 329.

6 MARCÍLIO, Maria Luíza. Os registrosparoquiais e a Demografia Históricada América Latina. Separata Memóri-as da I Semana de História. Franca,1979, p. 259.

7 SHARPE, Jim. A história vista de baixo.In: BURKE, Peter (org.). A escrita daHistória: novas perspectivas. SãoPaulo: UNESP, 1992, p. 54.

8 Constituições Primeiras do Arcebispadoda Bahia feitas e ordenadas por Se-bastião Monteiro da Vide, 5º Arce-bispo do dito Arcebispado, propostase aceitas em o Sínodo Diocesano, em12 de junho de 1707. São Paulo: Typ.de Antonio Louzada Antunes, 1853.

argumentos Maria Adenir Peraro

O Arquivo da Cúria Metropolitana de Cuiabá

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Boletim Informativonº 27 n Setembro de 2002

PUBLICAÇÃO DO:NÚCLEO DE ESTUDOS

DE POPULAÇÃO E SOCIEDADEInstituto de Ciências Sociais

Universidade do MinhoPólo de Azurém

Guimarães

DIRECTORA:Maria Norberta Amorim

EDITOR:António Amaro das Neves

COORDENAÇÃO DA REDACÇÃO:Elisabete Pinto

COLABORADORES DESTE NÚMERO:Maria Norberta Amorim, Alberto

Correia, Maria Adenir Peraro,Antero Ferreira,

António Amaro das NevesSECRETARIADO:

Isabel Salgado, Daniel Freitas, Fáti-ma Dias, Natália Silva, Sónia Fer-

nandes, Vítor Oliveira

DEPÓSITO LEGAL

n.º 125306/98

w Núcleo de Estudosde População e Sociedade

Universidade do Minho,Pólo de Azurém

4800-058 Guimarães

w Telefone/Fax:253510187

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w Mailling list:•endereço:

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O Boletim Informativo do NEPS éuma publicação bimestral dedicada àdivulgação das actividades do Núcleode Estudos de População e Sociedadee dos trabalhos relacionados com De-mografia Histórica e História das Po-pulações. Agradece-se toda a colabo-ração que nos seja enviada, a qual serásubmetida à apreciação dos editores.Solicita-se o envio de notícias acercade eventos, publicações e investiga-ções nas áreas de Demografia Históri-ca e afins.

Os textos assinados são da exclu-siva responsabilidade dos respectivosautores.

publicações do neps neps

Aos membros do Neps é concedido um desconto de 20% sobre o preço de capa.Os pedidos (acompanhados de cheque correspondente ao valor dos livros soli-citados) devem ser encaminhados para a Secretaria do Núcleo de Estudos dePopulação e Sociedade (Campus de Azurém da Universidade do Minho).

AMORIM, Maria Norberta e CORREIA, Alberto, Francis-ca Catarina (1846-1940). Vida e Raízes em S. João do Pico(Biografia, Genealogia e Estudo de Comunidade), Neps/ICS� Universidade do Minho, Guimarães, 1999.

[3 800$00 / 18,95 �]

AMORIM, Maria Norberta, Ribeiras doo Pico. (Finais doséc. XVII a finais do séc. XX). Microanálise de evoluçãodemográfica, Neps/ICS � Universidade do Minho, Guima-rães, 2001.

[1 800$00/ 8,98 �]

BARBOSA, Maria Hermínia Vieira (com a colaboração deAnabela de Deus Godinho), Crises de mortalidade em Por-tugal, desde meados do século XVI até ao início do séculoXX, Neps/ICS � Universidade do Minho, Guimarães, 2001.

[1 250$00/ 6,23 �]

CARVALHO, Elza Maria Gonçalves Rodrigues de, Basto(St.ª Tecla) - Uma Leitura Geográfica (do século XVI à con-temporaneidade), Neps/ICS � Universidade do Minho,Guimarães, 1999.

[3 800$00/ 18,95 �]

FARIA, Inês Martins de, Santo André de Barcelinhos. Odifícil equilíbrio de uma população � 1606-1910, Neps/ICS �Universidade do Minho, Guimarães, 1998.

[3 000$00/ 14,96 �]

GOMES, Maria Palmira Silva, Estudo Demográfico de Cor-tegaça � Ovar (1583-1975), Neps/ICS � Universidade do Mi-nho, Guimarães, 1998.

[3 000$00/ 14,96 �]

NEVES, António Amaro das, Filhos das Ervas - A ilegitimi-dade no Norte de Guimarães, séculos XVI-XVIII, Neps/ICS� Universidade do Minho, Guimarães, 2001.

[3 000$00/ 14,96 �]

MACIEL, Maria de Jesus, Imagens de Mulheres, CâmaraMunicipal de Lajes do Pico/ICS � Universidade do Minho, Gui-marães, 1999.

[1 800$00/ 8,98 �]

SANTOS, Carlota Maria Fernandes dos, Santiago de Ro-marigães, comunidade rural do Alto Minho: Sociedade e De-mografia (1640-1872), Câmara Municipal de Paredes de Coura- Neps/ICS � Universidade do Minho, Guimarães, 1999.

[3 000$00/ 14,96 �]

SCOTT, Ana Sílvia Volpi, Famílias, Formas de União e Re-produção Social no Noroeste Português (Séculos XVII e XIX),Neps/ICS � Universidade do Minho, Guimarães, 1999.

[3 800$00/ 18,95 �]

SOLÉ, Maria Glória Parra Santos, Meadela, ComunidadeRural do Alto Minho: Sociedade e Demografia (1593-1850),Neps/ICS � Universidade do Minho, Guimarães, 2001.

[3 800$00/ 18,95 �]