Boletim do Projeto memória oSmSP“Lutar com palavras / parece luta vã. / Entanto lutamos / mal rompe a manhã” Carlos Drummond de Andrade - “O Lutador”

Publicação Mensal - São Paulo - março de 2010 - Nº 7 - Ano II

O BOLETIM NA UTI !

O editor-chefe está em profunda depressão. Lutando com palavras que não aparecem, procurando idéias que se esfumam no ar antes de chegar ao papel.Entubado, respirando por aparelhos, sondas para receber sangue, soro e tudo que o

organismo precisa para sobreviver. Nos frascos estão as drogas: NaOH, FeCa, CaCO, CaCl...Mas nenhum contém INSPIRAÇÃO ! Se ele pudesse falar, gritaria: “Socorro! Venham ajudar o Boletim a sobreviver!”Onde estão aqueles que se dispuseram a colaborar? Não vou citar nomes, apenas dar dicas que vão identificar alguns (algumas) deles (delas):

- V. Button, irmã do Benjamin, que ao invés de envelhecer rejuvenesce, porque não mandou sua matéria ainda?- Leitora R., crítica perspicaz deste Boletim, aguardamos sua contribuição. - O companheiro S.P., quando vai escrever ?

Gente, se vocês não ajudarem talvez o Boletim não chegue ao nº 8 ou 9. Os médicos não deram muitas esperanças aos familiares do editor.

NOTÍCIAS DO PROJETO MEMÓRIA

O Projeto Memória, assim como o editor chefe deste boletim está um pouco fraquinho. Se sente sufocado com tantas histórias, versões, polêmicas e

documentos, muitos documentos do passado. Porém, como bom trabalhador que é, sabe que precisa aguentar o batente! O que é fundamental, agora? Talvez, entender que um projeto que envolve organização de Arquivo, Me-mória Oral, coisa e tal, requer um investimento alto. Não estamos falando de dinheiro, no momento. Estamos falando de investimento emocional, vis-ceral, conhecimento e alguma sanidade pra dar alguma ordem às coisas. As barreiras são muitas e como estamos ainda resistindo, pedimos reforços, pois essa velha máxima nos parece bastante válida: Unidos somos fortes!!! A luta continua!!! E tentando instaurar a nova, velha máxima: Pela memória e história dos trabalhadores!!!

O que estamos fazendo? No momento, força total nos projetos e possibilida-des de financiamento:

• Reelaboração do Projeto de “Organização e difusão do acervo privado da Oposição Sindical Metalúrgica de São Paulo/IIEP parceiro do Centro de Re-ferência das Lutas Políticas no Brasil - Memórias Reveladas” - entregue em fevereiro/2010 - aguaRdandO

• Elaboração do Projeto “ Resistência e lutas operárias em São Paulo - acer-vos audiovisuais da OSMSP” para ser apresentado ao MJ/Comissão de anis-tia - EM PROCESSaMEnTO

Mais trabalho:

• Levantamento de temas centrais da história da OSMSP, para dar continuida-de ao Projeto de Memória Oral com caráter temático - EM PROCESSaMEnTO

• Revisão da digitalização do arquivo do CPV referente a OSMSP/MOSMSP/Trabalhadores Metalúrgicos - ETAPA FINAL

• Higienização e identificação dos documentos doados por nádia gebara em janeiro/2010 - EM PROCESSaMEnTO

• Memória oral - colocando em ordem o arquivo digital e físico dos depoi-mentos gravados - EM PROCESSaMEnTO

Carol, nossa mais nova colaboradora, fazendo trabalho de revisão da digitalização. 26/03/2010

Edméia, voluntária do projeto e companheira da OSMSP, fazendo trabalho de higienização no material doado por Nádia Gebara. 26/03/2010

Murilo Leal, pesquisador da Editora Expressão Popular, pequisando no arquivo da OSMSP/IIEP. 26/03/2010

Para concluir que estamos trabalhando muito e reu-nindo forças para realizar esta árdua tarefa. de

foma séria, qualificada e sempre comprometidos com a memória e história dos trabalhadores, diferente do editor (no que diz respeito a seriedade) deste boletim que de tanto rir, agora resolveu chorar. E essa linda poesia do Carlos drummond vai para ele. Se passar na revisão, claro!!!

A ARTE E A LUTA DE CLASSES - II

ExpEdiEntE Projeto Memória OSM-SPwww.iiep.org.br/index1.htmlTel: (11) 3362-1513 / (11) 7110-2474

E-mail: memoria@iiep.org.brFotos: Acervo Projeto Memória/Arquivo OSM-SPProjeto Gráfico: Cesar Habert Paciornik

MemóriaAmar o perdido

deixa confundidoeste coração.

Nada pode o olvidocontra o sem sentido

apelo do Não.As coisas tangíveis

tornam-se insensíveisà palma da mão.

Mas as coisas findas,muito mais que lindas,

essas ficarão.

No número anterior publica-mos um artigo do leitor Paulo

Rossi. neste vocês vão ler a se-gunda parte. Só que agora não é mais simplesmente o Paulo Ros-si, é o Mestre em Sociologia pela Universidade de São Paulo (USP) Paulo Rossi, título conseguido há pouco mais de 15 dias. Gente, escrever para o Boletim dá status. Escrevam!

Como falamos em nosso pri-meiro artigo, as obras dos

Progressistas de Colônia seriam a contrapartida da ideologia ca-pitalista, eles buscavam mostrar não os fatos da realidade cotidia-na, mas os fundamentos culturais que estruturam a organização social dentro de uma realidade específicaNo vitral O mundo do trabalho, de 1932 (figura 01), Seiwert reuniu cenas de vários quadros seus representando várias formas de trabalho no campo e na cidade dentro do sistema capitalista, e cenas onde a cultura de exploração do trabalho é assi-milada pela classe trabalhadora em seu cotidiano. Três quadros desse painel ilustram bem o que está sendo dito aqui. Um deles mostra operários posicionados em seqüência na linha de produção de uma fábrica; as ca-beças dos trabalhadores aparecem ligadas ao sistema de roldanas, representando o homem como extensão da máquina. Outro, originalmente intitulado Massas, 1931, mostra uma série de pessoas enfileiradas no co-tidiano fora da fábrica, representando a alienação do trabalhador na vida diária. O terceiro quadro, inspirado na obra original Mãe proletária, 1931, apresenta uma família operária em que o marido, a esposa e a criança no colo da mãe são representados num ambiente que lembra o quintal de uma casa, tendo ao fundo a cha-miné de uma fábrica: o lugar da residência está condi-cionado pelo local de trabalho, e a vida cotidiana está condicionada ao cotidiano da fábrica.

Franz W. Seiwert, O mundo do trabalho, 1932, aquarela preparatória para o vitral do Kunstgewerbemuseum Köln (Museu de Artes Aplicadas de Colônia), de 40x60 cm. Obra destruída em 1935

DICA:

Leiam as poesias de Carlos Drummond de Andrade. Se a língua portuguesa tivesse alguma expressão no

mundo, esse mineiro de Itabira certamente teria ganho o prêmio Nobel de Literatura. Procurem em livrarias ou em sebos coletâneas das poesias dele, e vocês vão ver que o homem era porreta! Visitem o site , www.carlosdrummonddeandrade.com.br, muito bacana! a poesia E agora José em vídeo, na voz do próprio, emocionante!

NOTÍCIA DE ÚLTIMA HORA

Para quem estava preocupado com a viagem de Jacin-to Leite aquino Rego e sua acompanhante ao afega-

nistão, informamos que eles já retornaram ao Brasil.O ingrato processou o Boletim por propaganda enga-nosa. Se nós perdermos esse processo vamos precisar fazer outra rifa de um Fiat Uno.