Boletim Regional do Banco Central do Brasil – julho 2018 · paralisação no setor de transporte...

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Julho 2018 \ Banco Central do Brasil \ Boletim Regional \ 37 Região Sudeste A atividade econômica no Sudeste recuou no trimestre encerrado em maio, afetada significativamente pela paralisação no setor de transporte de cargas. O IBCR-SE decresceu 0,6% no período em relação ao trimestre encerrado em fevereiro, quando registrou relativa estabilidade, no mesmo tipo de comparação, considerados dados dessazonalizados. O consumo das famílias tem mantido trajetória de recuperação gradual, em linha com o ritmo do aumento da massa salarial real e em consonância com a expansão do crédito às famílias. As vendas do comércio ampliado cresceram 1,5% no trimestre encerrado em maio, em relação ao terminado em fevereiro, quando aumentaram 1,3%, de acordo com dados dessazonalizados da PMC/IBGE. Houve elevação das vendas em sete dos dez segmentos pesquisados, destacando-se o comércio de veículos, peças e motocicletas (5,8%), que apresenta tendência de expansão acima dos demais segmentos desde meados de 2017. O desempenho do setor de serviços, diferente da atividade no comércio, tem mostrado oscilações nos últimos trimestres. No período de março a maio, o indicador da PMS do IBGE recuou 0,6%, em relação ao trimestre anterior, quando crescera 0,7%, no mesmo tipo de comparação, de acordo com dados dessazonalizados. O resultado na margem refletiu, exclusivamente, a queda no volume de transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio, reflexo direto da paralisação no setor. Os indicadores de confiança relacionados ao consumo, que vinham mantendo estabilidade nos dois primeiros meses do trimestre, apresentaram recuo em junho, também repercutindo a paralisação do setor de transporte. O ICF recuou de 86,2 em março para 82,1 em junho e o Icec, de 111,6 para 107,5. O mercado de trabalho continuou em recuperação nos primeiros meses deste ano. A taxa de desocupação medida pela PNAD Contínua, do IBGE, recuou de 4 91 93 95 97 99 Mai 2015 Ago Nov Fev 2016 Mai Ago Nov Fev 2017 Mai Ago Nov Fev 2018 Mai IBC-Br IBCR-SE Gráfico 4.1 – Índice de Atividade Econômica do Banco Central – Brasil e Região Sudeste Dados dessazonalizados – Média móvel trimestral 2014 = 100 80 85 90 95 100 105 110 115 Mai 2015 Ago Nov Fev 2016 Mai Ago Nov Fev 2017 Mai Ago Nov Fev 2018 Mai Comércio ampliado Serviços Indústria Fonte: IBGE Gráfico 4.2 – Comércio, serviços e indústria - Sudeste Dados dessazonalizados – Média móvel trimestral 2012 = 100 60 80 100 120 140 25,0 37,5 50,0 62,5 75,0 Jun 2016 Set Dez Mar 2017 Jun Set Dez Mar 2018 Jun Índice de Confiança do Empresário Industrial Índice de Confiança do Empresário do Comércio (eixo da dir.) Intenção de Consumo das Famílias (eixo da dir.) Fontes: CNC e CNI Linha de confiança Gráfico 4.3 – Confiança dos agentes – Sudeste Em pontos – Média móvel trimestral

Transcript of Boletim Regional do Banco Central do Brasil – julho 2018 · paralisação no setor de transporte...

Julho 2018 \ Banco Central do Brasil \ Boletim Regional \ 37

Região Sudeste

A atividade econômica no Sudeste recuou no trimestre encerrado em maio, afetada significativamente pela paralisação no setor de transporte de cargas. O IBCR-SE decresceu 0,6% no período em relação ao trimestre encerrado em fevereiro, quando registrou relativa estabilidade, no mesmo tipo de comparação, considerados dados dessazonalizados.

O consumo das famílias tem mantido trajetória de recuperação gradual, em linha com o ritmo do aumento da massa salarial real e em consonância com a expansão do crédito às famílias. As vendas do comércio ampliado cresceram 1,5% no trimestre encerrado em maio, em relação ao terminado em fevereiro, quando aumentaram 1,3%, de acordo com dados dessazonalizados da PMC/IBGE. Houve elevação das vendas em sete dos dez segmentos pesquisados, destacando-se o comércio de veículos, peças e motocicletas (5,8%), que apresenta tendência de expansão acima dos demais segmentos desde meados de 2017.

O desempenho do setor de serviços, diferente da atividade no comércio, tem mostrado oscilações nos últimos trimestres. No período de março a maio, o indicador da PMS do IBGE recuou 0,6%, em relação ao trimestre anterior, quando crescera 0,7%, no mesmo tipo de comparação, de acordo com dados dessazonalizados. O resultado na margem refletiu, exclusivamente, a queda no volume de transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio, reflexo direto da paralisação no setor.

Os indicadores de confiança relacionados ao consumo, que vinham mantendo estabilidade nos dois primeiros meses do trimestre, apresentaram recuo em junho, também repercutindo a paralisação do setor de transporte. O ICF recuou de 86,2 em março para 82,1 em junho e o Icec, de 111,6 para 107,5.

O mercado de trabalho continuou em recuperação nos primeiros meses deste ano. A taxa de desocupação medida pela PNAD Contínua, do IBGE, recuou de

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Mai2015

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IBC-Br IBCR-SE

Gráfico 4.1 – Índice de Atividade Econômica do Banco Central – Brasil e Região SudesteDados dessazonalizados – Média móvel trimestral 2014 = 100

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Mai Ago Nov Fev2018

Mai

Comércio ampliado Serviços Indústria

Fonte: IBGE

Gráfico 4.2 – Comércio, serviços e indústria - SudesteDados dessazonalizados – Média móvel trimestral 2012 = 100

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25,0

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Jun2016

Set Dez Mar2017

Jun Set Dez Mar2018

Jun

Índice de Confiança do Empresário Industrial

Índice de Confiança do Empresário do Comércio (eixo da dir.)

Intenção de Consumo das Famílias (eixo da dir.)

Fontes: CNC e CNI

Linha de confiança

Gráfico 4.3 – Confiança dos agentes – SudesteEm pontos – Média móvel trimestral

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14,2%, no primeiro trimestre de 2017, para 13,8%, no primeiro trimestre de 2018 (12,6%, no quarto trimestre de 2017), com expansão de 2,2% da população ocupada e de 1,7% da força de trabalho. O rendimento médio real recuou 1,4% (estável, em relação a dezembro). Na margem, segundo dados dessazonalizados pelo Banco Central, a taxa de desocupação diminuiu 0,3 p.p. entre o último trimestre de 2017 e o primeiro trimestre de 2018, com crescimento de 0,3% da população ocupada e manutenção da força de trabalho. O emprego formal da região, apurado pelo Caged/MTb, registrou criação de 155,5 mil postos de trabalho no trimestre encerrado em maio, em especial nos setores de serviços, agropecuário e indústria, resultado melhor que o observado no mesmo trimestre de 2017, quando foram abertos 56,4 mil novos postos.

O crescimento do crédito para pessoas físicas, um dos fatores de sustentação da retomada gradual do consumo, atingiu 2,1% no trimestre encerrado em maio e 6,1% em doze meses. Ganharam relevância os empréstimos nas modalidades crédito pessoal, financiamento imobiliário e financiamento de veículos, resultante da situação financeira crescentemente favorável das famílias – elevação do emprego e da renda real e menor grau de endividamento. Por sua vez, a carteira de pessoas jurídicas apresentou expansão de 0,3% no trimestre, condicionada principalmente pela apropriação da variação cambial aos financiamentos à exportação. Em doze meses, contudo, os empréstimos às empresas mostraram ainda contração de 5,9%. Como resultado das dinâmicas de crédito nos segmentos de pessoas físicas e jurídicas, o saldo total das operações registrou, em maio, variações de 1,1% no trimestre e -0,6% em doze meses.

No contexto fiscal, a evolução das receitas segue tendência favorável, repercutindo o melhor desempenho da atividade econômica em 2018 relativamente ao ano anterior. A arrecadação com o ICMS e as transferências da União cresceram, em termos reais, 6,9% e 7,7% (deflacionados pelo IGP-DI), respectivamente, no acumulado do ano até maio, em comparação com o mesmo período de 2017. Contudo, o superavit primário consolidado para região nos doze meses encerrados maio recuou para R$7,8 bilhões – de R$11,4 bilhões em dezembro de 2017 -, repercutindo especialmente o desempenho dos estados de Minas Gerais e de São Paulo, que reduziram os superavit de R$2,1 bilhões para R$887 milhões e de R$12,3 bilhões para R$10,1 bilhões, na ordem.

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I Tri II Tri III Tri IV Tri

2015 2016 2017 2018

Fonte: IBGE (PNAD Contínua)

Gráfico 4.4 – Taxa de desocupação – Sudeste%

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Mai2016

Ago Nov Fev2017

Mai Ago Nov Fev2018

Mai

PF PJ Total

1/ Operações com saldo superior a R$1 mil.

Gráfico 4.5 – Evolução do saldo das operações de crédito1/ – SudesteVariação em 12 meses – %

Tabela 4.1 – Dívida líquida e necessidades de

financiamento – Sudeste1/

R$ milhões

UF Dezembro de 2017 Maio de 2018

Dívida Fluxos 12 meses Dívida2/ Fluxos 12 meses

Primário Nominal3/ Primário Nominal3/

ES 1 451 -369 -176 1 252 -303 -94

MG 110 170 -2 142 6 099 116 777 -887 5 802

RJ 153 480 3 345 12 921 164 402 3 439 15 804

SP 316 138 -12 260 8 512 316 043 -10 099 6 935

Total (A) 581 240 -11 426 27 356 598 474 -7 849 28 448

Brasil4/ (B) 800 969 -11 707 38 679 826 687 -4 481 43 902

(A/B) (%) 72,6 97,6 70,7 72,4 175,2 64,8

1/ Por UF, totalizando gov. estadual, capital e principais municípios. Dados

preliminares.

2/ A dívida líquida no momento t+1 é a dívida no momento t, mais o resultado

nominal e o resultado de outros fluxos.

3/ O resultado nominal é a soma dos juros com o resultado primário.

4/ Refere-se à soma de todas as regiões.

Julho 2018 \ Banco Central do Brasil \ Boletim Regional \ 39

O deficit nominal acumulado em doze meses aumentou de R$27,4 bilhões, em dezembro de 2017, para R$28,4 bilhões, em maio deste ano, com destaque para o Rio de Janeiro, cujo deficit cresceu de R$12,9 bilhões para R$15,8 bilhões.

Do lado da oferta, a produção agrícola da região deverá recuar em 2018. O LSPA do IBGE de junho aponta redução de 4,7% na colheita de grãos em relação a 2017, quando o clima favorável proporcionou safra recorde. Por outro lado, a produção de café neste ano deverá aumentar 28,2%.

No setor industrial, a atividade recuou 1,7% no trimestre encerrado em maio, ante elevação de 0,2% no terminado em fevereiro, segundo estatísticas dessazonalizadas da PIM-PF do IBGE. Ressalte-se que após o crescimento mensal observado em abril (2,3%), a produção industrial registrou retração mensal de 7,4% em maio, refletindo os efeitos da paralisação do setor de transporte de carga. No trimestre, houve retração em dezesseis dos vinte e dois setores pesquisados, com destaque para a fabricação de fumo, minerais não-metálicos e produtos de metal.

O Icei atingiu 52,0 pontos, na média do trimestre finalizado em junho (57,0 pontos, em março), também influenciado pela paralisação do setor de transporte. Considerando os dados mensais, houve queda acentuada na comparação de março com junho, quando o índice passou de 56,8 para 48,1, devido à pior percepção em relação às condições atuais.

O superavit da balança comercial do Sudeste recuou de US$15,7 bilhões, no primeiro semestre de 2017, para US$7,8 bilhões, em igual período de 2018. O desempenho foi condicionado, sobretudo, pela elevação de 21,4% das importações – aumento do quantum em 15,0% – com ênfase nas compras de bens intermediários e de capital, que repercutiram o nível de atividade fabril relativamente mais alto. A estabilidade das exportações, resultante de variações de 4,2% nos preços e -4,0% no quantum, refletiu o crescimento nas vendas de produtos manufaturados, destacando-se máquinas e aparelhos para terraplanagem, compensado pela queda nos embarques de produtos semimanufaturados e básicos.

A evolução do IPCA no Sudeste acelerou de 0,87%, no primeiro trimestre de 2018, para 1,68%, no segundo. Esse comportamento refletiu, em grande

Tabela 4.2 – Produção industrial – Sudeste

Geral e setores selecionados

Variação % no período

Setores Pesos1/ 2017 2018

Fev2/ Mai2/ 12 meses

Indústria geral 100,0 0,2 -1,7 3,9

Indústrias extrativas 13,6 -1,6 3,8 -2,4

Indústrias de transformação 86,4 1,1 -2,5 5,0

Veículos, reb. e carrocerias 12,8 5,0 -4,4 19,0

Produtos alimentícios 12,7 -1,3 -1,6 6,0

Deriv. petróleo e biocombustíveis 12,0 -6,8 1,8 1,8

Metalurgia 7,1 3,6 -2,2 6,2

Outros produtos químicos 5,8 0,9 -4,9 1,4

Fonte: IBGE

1/ Ponderação de atividades no VTI, conforme a PIA 2010/IBGE.

2/ Variação relativa aos trimestres encerrados nos períodos t e t-3. Dados

dessazonalizados.

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Jun Set Dez Mar2017

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Exportação Importação

Fonte: MDIC/Secex

Gráfico 4.6 – Balança comercial – SudesteAcumulado em 12 mesesUS$ bilhões

40 \ Boletim Regional \ Banco Central do Brasil \ Julho 2018

parte, o avanço na variação de preços monitorados, de 1,46% para 4,11%, favorecido pela elevação nos custos de energia elétrica (11,57%), devido à entrada em vigor da bandeira tarifária vermelha (patamar 2) desde junho, e da majoração dos preços da gasolina (8,38%). Em relação aos preços livres, observou-se aceleração de 0,66% para 0,80%, no período analisado, influenciada pelo maior ritmo de elevação dos preços de alimentação no domicílio, impactados pela paralisação do setor de transporte de cargas. Considerados intervalos de doze meses, o IPCA da região variou 4,60%, em junho de 2018, ante a alta de 2,93%, em igual período do ano anterior, resultado decorrente do aumento da variação dos preços monitorados, de 2,52% para 11,50%.

Em suma, a economia da região segue em tendência de recuperação gradual, a despeito de oscilações recentes nos desempenhos de setores que repercutiram a paralisação no segmento de transporte de cargas. A expansão do crédito, influenciada pelos efeitos da política monetária, e o crescimento gradual do consumo, em ambiente de inflação baixa, tende a seguir favorecendo a melhora dos indicadores econômicos nos próximos meses.

Tabela 4.3 – IPCA – Sudeste

Variação % no período

Discriminação Pesos1/ 2017 2018

Ano I Tri II Tri 12 meses

IPCA 100,0 3,16 0,87 1,68 4,60

Livres 73,5 1,86 0,66 0,80 2,27

Alimentação no domicílio 13,7 -4,34 0,39 4,23 0,83

Bens industrializados 22,0 1,46 0,13 0,05 1,79

Serviços 37,8 4,56 1,08 0,02 3,12

Monitorados 26,5 7,04 1,46 4,11 11,50

Principais itens

Alimentação 22,8 -1,30 0,62 2,36 1,39

Habitação 15,9 6,03 -0,19 2,87 7,20

Artigos de residência 3,7 -0,83 0,17 0,20 0,05

Vestuário 5,4 3,48 -1,19 1,36 1,85

Transportes 18,8 3,05 2,08 1,60 8,74

Saúde 12,7 7,09 1,37 1,91 6,22

Despesas pessoais 11,7 4,66 0,46 0,43 3,49

Educação 5,3 7,01 4,18 0,20 4,71

Comunicação 3,7 1,36 -0,19 0,08 0,42

Fonte: IBGE

1/ Referentes a junho de 2018.

Julho 2018 \ Banco Central do Brasil \ Boletim Regional \ 41

4.1 Minas Gerais

O desempenho da economia mineira no primeiro trimestre de 2018 permaneceu em terreno positivo, segundo dados dessazonalizados da Fundação João Pinheiro (FJP). O PIB, impulsionado pela agropecuária e, em menor intensidade, pela indústria de transformação, cresceu 0,3% no período frente ao trimestre encerrado em dezembro, quando havia expandido 0,8%.

Dados de indicadores econômicos com frequência m e n s a l m o s t r a m , co n t u d o , te n d ê n c i a d e arrefecimento da atividade ao longo dos cinco primeiros meses deste ano, que se acentuou com os efeitos da paralisação do setor de transporte terrestre de carga, em maio, afetando cadeias produtivas e acarretando problemas de desabastecimento. Nesse contexto, o IBCR-MG recuou 2,1% no trimestre encerrado em maio, em comparação ao trimestre anterior, quando havia crescido 0,8%.

Indicadores de demanda que vinham mostrando desempenho mais favorável do comércio desde meados de 2017 evidenciaram desaceleração nos primeiros meses deste ano, enquanto o setor de serviços ainda apresenta relativa fragilidade.

O volume de vendas do comércio ampliado diminuiu 1,2% no trimestre finalizado em maio relativamente ao trimestre anterior, conforme dados dessazonalizados da PMC, do IBGE. A paralisação dos transportadores impactou de forma negativa as vendas de veículos, combustíveis e materiais de construção no mês, e positivamente as de supermercados, refletindo possível antecipação de compras para formar estoques, com receio de desabastecimento. O volume de serviços retraiu 2,1% no trimestre, segundo dados dessazonalizados da PMS, do IBGE, com quedas mais acentuadas nos segmentos de serviços às famílias e serviços profissionais, administrativos e complementares.

O crescimento econômico em ritmo inferior ao das expectativas do início do ano e os problemas de desabastecimento provocados pela paralisação do setor de transportes impactaram a confiança do consumidor mineiro, interrompendo a trajetória de recuperação iniciada no segundo semestre de 2017. O Índice de Confiança do Consumidor de Belo Horizonte, divulgado pelo Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis

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IBC-Br IBCR-MG

Gráfico 4.1.1 – Índice de Atividade Econômica do Banco Central – Brasil e Minas GeraisDados desazonalizados – Média móvel trimestral2014 = 100

Área linkada

Datajul-13

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Comércio Serviços

Gráfico 4.1.2 – Comércio e serviços – Minas GeraisDados desazonalizados – Média móvel trimestral2014 = 100

Fonte: IBGE

42 \ Boletim Regional \ Banco Central do Brasil \ Julho 2018

de Minas Gerais (Ipead) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), diminuiu 1,5 p.p. no segundo trimestre, principalmente pela deterioração nas expectativas sobre pretensão de compra, inflação e situação econômica do país.

O mercado de trabalho no estado manteve a tendência de expansão da população ocupada e do rendimento real do trabalho no primeiro trimestre, segundo dados da PNAD Contínua, do IBGE. O número de trabalhadores ocupados cresceu 3% relativamente ao mesmo período do ano anterior, impulsionado pelo aumento dos trabalhadores nas áreas de serviços pessoais, transporte terrestre, alimentação e comércio. A taxa de desocupação diminuiu 1,1 p.p. na comparação com o primeiro trimestre de 2017, situando-se em 12,6%. Com o aumento na população ocupada e a expansão de 4,5% no rendimento médio real, observou-se elevação de 7,5% na massa de rendimento real do trabalho, mantida a base de comparação.

Dados do Caged/MTb até maio mostram que o emprego formal evoluiu positivamente nos principais setores, à exceção da agropecuária, que registrou crescimento inferior ao do mesmo período no ano passado, evidenciando a postergação na contratação de trabalhadores para a colheita do café. A perspectiva para a agropecuária é que as contratações da lavoura de café sejam mais intensas que as do ano anterior nos meses seguintes, tendo em vista o crescimento significativo da safra. No trimestre finalizado em maio foram gerados 57,5 mil novos empregos no estado, 19,8 mil mais do que no mesmo período em 2017, com destaque para a criação de empregos na construção civil e na indústria de transformação.

O mercado de crédito em Minas manteve-se relativamente estável no trimestre encerrado em maio, registrando melhora no segmento de pessoas físicas e leve deterioração no de pessoas jurídicas. A taxa de crescimento da carteira de empréstimos a pessoas físicas passou de 5,7% em fevereiro para 6,0% em maio, com destaque para expansão mais intensa nas linhas de financiamentos de veículos e crédito pessoal não consignado. No segmento de pessoas jurídicas, a contração da carteira de crédito passou de 6,5% para 7,5%, destacando-se o recuo nas operações com recursos do BNDES para o setor automobilístico. Na mesma base de comparação, a variação do saldo total de empréstimos passou de 0,3%, em fevereiro, para 0,2% em maio.

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Fev2016

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Mai

PF PJ Total

Gráfico 4.1.3 – Evolução do saldo das operações de crédito – Minas Gerais1/

Variação em 12 meses – %

1/ Operações com saldo superior a R$1 mil.

Tabela 4.1.1 – Evolução do emprego formal – Minas Gerais

Novos postos de trabalho (em mil)

Discriminação 2017 2018

Tri2/ Ano3/ Tri2/ Ano3/

Total 37,7 46,6 57,5 73,2

Ind. de transformação 1,9 9,8 7,2 16,8

Comércio -1,9 -11,1 0,0 -8,5

Serviços 6,4 11,6 16,9 26,0

Construção civil 2,1 1,9 10,3 13,8

Agropecuária 29,0 31,0 22,4 23,4

Outros1/ 0,2 3,4 0,8 1,6

Fonte: Ministério do Trabalho

1/ Inclui extrativa mineral, administração pública, SIUP, entre outras.

2/ Trimestre encerrado em maio.

3/ Acumulado no ano até maio.

Julho 2018 \ Banco Central do Brasil \ Boletim Regional \ 43

O comércio exterior do estado mostrou redução de 24,3% no saldo da balança comercial no primeiro semestre de 2018, em relação a igual período do ano anterior, influenciado pela queda de 12,4% nas exportações, decorrente principalmente da contração nos embarques de minério de ferro (34,1%) e de café (18,6%). As importações cresceram 19,1%, ressaltando-se o aumento na categoria de bens de consumo, especialmente automóveis de passageiros.

No âmbito fiscal, a receita com ICMS cresceu 12,7% em termos reais no período de doze meses encerrado em maio, em relação a igual intervalo de 2017, enquanto a receita com as transferências da União apresentou retração real de 2,1%. O aumento na arrecadação de ICMS refletiu a elevação nas alíquotas sobre combustíveis (a alíquota sobre a gasolina passou de 29% para 31%, e sobre o etanol, de 14% para 16%) e o programa de recuperação de créditos fiscais, que permitiu a regularização de parte dos débitos por meio da negociação de descontos e prazos de pagamento. A dívida líquida do setor público no estado cresceu 6,0% entre dezembro de 2017 e maio, alcançando R$117 bilhões. No período de doze meses encerrado em maio, o resultado primário do setor público mineiro foi superavitário em R$887 milhões.

Em relação aos indicadores de oferta, observou-se desaceleração na produção industrial do estado após a recuperação registrada em 2017, influenciada, no primeiro momento, pela contração na indústria extrativa, e posteriormente, pela redução na indústria de transformação que repercutiu, em parte, os efeitos da paralisação nos transportes em maio. No trimestre encerrado em maio, a indústria mineira recuou 1,0% na comparação com o trimestre anterior, segundo dados com ajuste sazonal da PIM-PF, do IBGE. A indústria extrativa voltou a registrar crescimento, após reduzir a produção no trimestre anterior em decorrência das chuvas no início do ano, enquanto a indústria de transformação, que vinha com resultados positivos ao longo do ano até abril, mostrou queda acentuada em maio, refletindo a desarticulação da cadeia de suprimentos, principalmente nos segmentos de fabricação de veículos, metalurgia e produtos alimentícios. A paralisação dos transportadores impactou, adicionalmente, a confiança dos empresários da indústria mineira. O Icei/MG, divulgado pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), recuou nove pontos em junho, em relação ao nível de março, retornando para a zona de pessimismo ao atingir 47,5 pontos.

Tabela 4.1.2 – Comércio exterior – Minas Gerais

Janeiro-junhoUS$ milhões

Discriminação Minas Gerais Brasil

2017 2018 Var. % Var. %

Exportações 13 157 11 522 -12,4 5,5

Básicos 8 015 6 244 -22,1 4,6

Industrializados 5 142 5 278 2,7 6,3

Importações 3 590 4 277 19,1 17,3

Bens de capital 631 558 -11,5 55,0

Bens Intermediários 2 138 2 566 20,0 11,4

Bens de consumo 423 753 78,0 15,2

Combustíveis e lubrificantes 398 399 0,2 12,6

Saldo comercial 9 567 7 245 -24,3 -0,3

Fonte: MDIC/Secex

Tabela 4.1.3 – Produção industrial – Minas Gerais

Geral e setores selecionados

Variação % trimestral

Setores Pesos1/ 2018

Fev2/ Mai2/ Ac. 12 meses

Indústria geral 100,0 0,0 -1,0 -0,4

Indústrias extrativas 24,6 -2,5 3,1 -6,6

Indústrias de transformação 75,4 1,5 -3,5 1,8

Metalurgia 14,1 5,8 -4,4 2,6

Veículos, reb. e carrocerias 11,8 5,1 -13,7 4,6

Deriv. petróleo e biocomb. 5,8 0,8 8,6 -4,3

Metais, ex maq. e eq. 3,9 0,9 0,7 -7,9

Prod. miner. não-metálicos 3,7 2,0 -2,0 1,3

Fonte: IBGE

1/ Ponderação de atividades no VTI, conforme a PIA 2010/IBGE.

2/ Variação relativa aos trimestres encerrados em t e t-3. Dados dessazonalizados.

44 \ Boletim Regional \ Banco Central do Brasil \ Julho 2018

A produção agrícola mineira destaca-se, no segundo trimestre, pelo início das colheitas de café, cana-de-açúcar e milho segunda safra. Neste ano, a projeção da produção de café indica aumento de 22,3%, de acordo com o LSPA de junho, do IBGE, refletindo o período de produtividade elevada no ciclo bienal dessa lavoura. Por outro lado, espera-se queda de 1,7% na safra de cana-de-açúcar. No que se refere à produção de grãos, a safra deve totalizar 13,3 milhões de toneladas, com recuo de 6,2% em relação ao ano anterior, refletindo, em parte, as condições climáticas não tão favoráveis quanto as observadas no ano passado. O levantamento indica queda de 3,0% na safra de soja e de 8,5% na de milho.

A inflação na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), no segundo trimestre deste ano, ressentiu-se também dos impactos ocorridos em âmbito nacional com a greve no setor de transporte, bem como do aumento na energia elétrica, decorrente da revisão tarifária periódica e da mudança na bandeira, que passou de verde para vermelha (patamar 2). Assim, a variação do IPCA atingiu 2,27%, sendo 1,86% no mês de junho. Os preços de alimentação no domicílio elevaram-se 4,15% (leite e derivados, 23,49%; tubérculos, raízes e legumes, 13,20%) e os de itens monitorados, 5,72% (gasolina, 10,36%; energia elétrica residencial, 20,00%). Por outro lado, bens industriais e serviços se mostraram menos sensíveis aos problemas de logística e apresentaram variações de 0,39% e 0,41%, respectivamente. O índice de difusão atingiu 55,7% no período, ante 52,5% no trimestre anterior.

Em doze meses, a inflação da RMBH alcançou 4,71% em junho, ante 2,03% em março. A retração nos preços de alimentação em domicílio diminuiu de -5,76% para -0,51% enquanto o aumento nos preços monitorados passou de 5,85% para 14,45%. Os preços de bens industriais e de serviços passaram, respectivamente de 1,44% para 1,54% e de 3,15% para 2,65% nas mesmas bases de comparação.

-1,0

-0,5

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

Jul Ago Set Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun

Faixa sazonal (3,00%-6,00%)

2016/2017

2017/2018

Gráfico 4.1.4 – IPCA RMBH – Padrão sazonalVariação % mensal

Fontes: IBGE e BCB

-10

-5

0

5

10

15

20

Jun2015

Set Dez Mar2016

Jun Set Dez Mar2017

Jun Set Dez Mar2018

Jun

IPCA Alimentação no domicílio

Serviços Monitorados

Gráfico 4.1.5 – IPCA RMBH Variação % acumulada em 12 meses

Fontes: IBGE e BCB

Tabela 4.1.4 – Produção agrícola – Minas Gerais

Itens selecionadosEm mil toneladas

Discriminação Pesos1/ Produção2/ Variação %

2017 2018 2018/2017

Grãos 32,1 14 152 13 275 -6,2

Feijão 5,7 554 572 3,2

Milho 11,0 7 524 6 884 -8,5

Soja 14,0 5 048 4 897 -3,0

Outras lavouras

Cana-de-açúcar 12,4 70 965 69 771 -1,7

Café 36,8 1 506 1 842 22,3

Fonte: IBGE1/ Por valor da produção – PAM 2016.2/ Estimativa segundo o LSPA de junho de 2018.

Julho 2018 \ Banco Central do Brasil \ Boletim Regional \ 45

4.2 Rio de Janeiro

A atividade econômica fluminense permaneceu praticamente estável no trimestre finalizado em maio, apesar da paralisação do setor de transportes ocorrida nesse período. Ao contrário da indústria, segmento mais impactado negativamente pelos efeitos da paralisação, o comércio apresentou desempenho positivo no período, favorecido, em parte, pela melhora do crédito a pessoas físicas. A manutenção da fragilidade do mercado de trabalho e o recente recuo da confiança dos empresários têm dificultado a retomada da trajetória de recuperação da atividade fluminense. Nesse contexto, o IBCR-RJ variou -0,1% no trimestre finalizado em maio ante o trimestre findo em fevereiro, quando recuara 0,8%.

No âmbito da demanda, as vendas do comércio varejista ampliado avançaram 1,4% no trimestre encerrado em maio (0,5% no trimestre finalizado em fevereiro), segundo dados dessazonalizados da PMC/IBGE, evolução favorecida pela expansão do crédito a pessoas físicas. Houve aumento de vendas em sete dos dez segmentos pesquisados, com destaque para a expansão de hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, 3,5%, que repercutiu, em parte, o movimento de precaução das famílias nos primeiros dias da greve dos caminhoneiros ocorrida em maio.

Quanto ao setor de serviços, os indicadores disponíveis evidenciam reação modesta do segmento nos últimos trimestres. De acordo com dados dessazonalizados da PMS/IBGE, o volume de serviços no estado registrou estabilidade no trimestre finalizado em maio, após aumento de 0,6% no trimestre anterior, destacando-se a expansão dos serviços de informação e comunicação, 2,3%, e o recuo em transportes, armazenagem e correios, -2,4%.

Os indicadores do mercado de trabalho seguem evidenciando elevado nível de ociosidade. No primeiro trimestre de 2018, a taxa de desemprego no estado (15,0%), segundo a PNAD Contínua do IBGE, se manteve estável em relação ao último trimestre do ano anterior (15,1%), mas com elevação em relação à taxa registrada no mesmo trimestre de 2017 (14,5%), desempenho oposto ao movimento observado no indicador nacional. Considerando-se dados dessazonalizados, a taxa de desemprego diminuiu 0,2 p.p. no primeiro trimestre relativamente ao último trimestre de 2017, reflexo de reduções de 0,5% na força de trabalho e de 0,3% na população

90

92

94

96

98

100

Fev2015

Mai Ago Nov Fev2016

Mai Ago Nov Fev2017

Mai Ago Nov Fev2018

Mai

IBC-Br IBCR-RJ

Gráfico 4.2.1 – Índice de Atividade Econômica do Banco Central – Brasil e Rio de JaneiroDados dessazonalizados2014 = 100

80

85

90

95

100

105

110

115

Fev2015

Mai Ago Nov Fev2016

Mai Ago Nov Fev2017

Mai Ago Nov Fev2018

Mai

Indústria Comércio Serviços

Gráfico 4.2.2 – Comércio, serviços e indústria – Rio de JaneiroDados dessazonalizados – Média móvel trimestral2012 = 100

Fonte: IBGE

5

6

7

8

9

10

11

12

13

14

15

16

I Tri II Tri III Tri IV Tri

2015 2016 2017 2018

Gráfico 4.2.3 – Taxa de desocupação – Rio de Janeiro%

Fonte: IBGE (PNAD Contínua)

46 \ Boletim Regional \ Banco Central do Brasil \ Julho 2018

ocupada. Dados do Caged/MTE, contudo, mostram melhora no segmento formal para meses posteriores ao dado do IBGE. No trimestre encerrado em maio foram gerados 4,4 mil postos formais (-26,0 mil em igual período de 2017), concentrados no segmento de serviços. Ressalte-se que desde o último trimestre de 2014 não havia geração líquida de postos de trabalho formais no estado. Considerando-se os últimos doze meses, foram eliminados 73,8 mil empregos formais. Em relação aos níveis de remuneração, o rendimento médio habitual real e a massa salarial real variaram, na ordem, -2,0% e 0,5% no primeiro trimestre de 2018, em relação ao mesmo período de 2017, segundo a PNAD Contínua.

O mercado de crédito apresentou evolução positiva na margem, influenciado pelo aumento dos empréstimos destinados a pessoas físicas. O estoque das operações de crédito superiores a R$1 mil cresceu 0,8% no trimestre finalizado em maio, mas ainda mostra recuo de 4,9% considerado os últimos doze meses. A carteira de pessoas físicas expandiu 2,0% no trimestre, após retração de 0,3% no trimestre anterior, com destaque para os aumentos dos empréstimos relativos às modalidades crédito consignado e cartão de crédito à vista. A carteira de pessoas jurídicas registrou estabilidade no período, após recuo de 5,1% no trimestre encerrado em fevereiro, refletindo, em especial, as expansões nos financiamentos concedidos às empresas de transporte aquaviário e do comércio atacadista.

Sob a ótica da oferta, a atividade industrial no estado apresentou novo recuo no trimestre finalizado em maio, -1,2% (-2,1% no trimestre findo em fevereiro). O resultado do período refletiu a retração da transformação, principalmente da produção de coque, derivados de petróleo e biocombustíveis, penalizada pelo incremento das importações de combustíveis, e da fabricação de veículos automotores, segmento impactado significativamente pela paralisação no setor de transportes. Em sentido oposto, o segmento extrativo, beneficiado com a entrada em operação de novas plataformas, cresceu 4,5% no trimestre, amenizando a queda da produção industrial fluminense.

De acordo com dados da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), o desempenho negativo da indústria no último trimestre ocorreu em cenário de queda do Nuci, que decresceu 0,9 p.p. no período, atingindo 74,0% (contra média histórica de 79,9%), e de recuo da confiança dos empresários

Tabela 4.2.1 – Produção industrial – Rio de Janeiro

Geral e setores selecionados

Variação % no período

Setores Pesos1/ 2018

Fev2/ Mai2/ Ac. 12 meses

Indústria geral 100,0 -2,1 -1,2 3,8

Indústrias extrativas 28,1 -2,7 4,5 0,3

Indústrias de transformação 71,9 -3,0 -3,0 5,6

Deriv. petróleo e biocomb. 25,9 -5,2 -8,1 3,9

Metalurgia 10,4 3,8 1,2 7,4

Veículos, reb. e carrocerias 5,8 -0,5 -9,6 43,3

Bebidas 3,9 -10,1 -4,4 3,4,

Fonte: IBGE

1/ Ponderação de atividades no VTI, conforme a PIA 2010/IBGE.

2/ Variação relativa aos trimestres encerrados em t e t-3. Dados dessazonalizados.

Tabela 4.2.2 – Evolução do emprego formal –

Rio de Janeiro

Novos postos

Acumulado no trimestre (em mil)1/

Discriminação 2017 2018

Mai Ago Nov Fev Mai

Total -26,0 -18,4 -5,6 -28,2 4,4

Indústria de transformação -3,3 -0,6 -2,0 -3,7 -0,6

Comércio -4,6 -1,3 12,8 -11,1 0,5

Serviços -16,9 -8,6 -8,7 -8,4 6,0

Construção civil -2,7 -7,1 -3,1 -6,1 -1,4

Agropecuária 2,0 0,3 -3,1 -0,1 0,1

Serviços ind. utilidade pública -0,2 -0,3 -0,7 0,2 0,1

Outros2/ -0,5 -0,9 -0,8 1,0 -0,2

Fonte: Ministério do Trabalho

1/ Refere-se ao trimestre encerrado no mês assinalado.

2/ Inclui extrativa mineral, administração pública e outros.

Julho 2018 \ Banco Central do Brasil \ Boletim Regional \ 47

fluminenses. O Icei alcançou 52,3 pontos na média do trimestre finalizado em maio (52,8 pontos no terminado em fevereiro). Convém ressaltar que o resultado desse último indicador está apoiado nos componentes (condição atual e expectativas) relativos à economia nacional, visto que a média dos componentes associados à economia do estado avançou no período, apesar de ainda se encontrar em patamar de pessimismo (abaixo de 50 pontos).

O superavit da balança comercial fluminense no primeiro semestre de 2018 recuou para US$3,3 bilhões (US$5,5 bilhões em igual período de 2017), de acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). A retração refletiu o incremento mais acentuado das importações, +51,5% (exportações, +6,8%), com destaque para as compras de bens de capital, em especial de uma plataforma de extração de petróleo.

O IPCA da Região Metropolitana do Rio de Janeiro (RMRJ), divulgado pelo IBGE, acelerou de 1,26% para 1,79% na passagem do primeiro para o segundo trimestre de 2018, situando-se acima da mediana histórica relativa ao período de 2012 a 2017 (1,45%) e da variação observada no segundo trimestre do ano anterior (0,51%). Esse comportamento refletiu, sobretudo, a aceleração dos preços monitorados, de 2,51% para 4,33%, ressaltando-se os aumentos em energia elétrica residencial, gasolina e plano de saúde, e os maiores aumentos dos preços de alimentação no domicílio, de 0,27% para 3,84%, com destaque para as altas nos itens carnes, leites e derivados, e tubérculos, raízes e legumes, impactados, em grande parte, pelos efeitos da paralização no segmento de transportes com efeitos no abastecimento. Em contrapartida, os preços de serviços desaceleraram de 1,33% para -0,12% nos trimestres mencionados. O índice de difusão médio atingiu 52,2% no período, ante 47,1% no trimestre anterior.

Considerados intervalos de doze meses, o IPCA da RMRJ variou 4,13% em junho, ante 3,80% em junho de 2017, repercutindo o impacto da aceleração dos preços monitorados, 9,54%, ante 4,36% em junho do ano anterior, e a alta dos preços de alimentação no domicílio, de -0,13% para 0,68%.

Tabela 4.2.3 – IPCA – Rio de Janeiro

Variação % trimestral

Discriminação Pesos1/ 2017 2018

III Tri IV Tri I Tri II Tri

IPCA 100,0 0,12 0,90 1,26 1,79

Livres 70,3 -0,31 0,78 0,76 0,73

Alimentação no domicílio 13,3 -3,60 0,32 0,27 3,84

Bens industrializados 17,1 -0,25 0,37 -0,19 0,30

Serviços 39,8 0,83 1,11 1,33 -0,12

Monitorados 29,7 1,20 1,21 2,51 4,33

Fonte: IBGE

1/ Referente a junho de 2018.

-10

-5

0

5

10

15

20

Set2015

Dez Mar2016

Jun Set Dez Mar2017

Jun Set Dez Mar2018

Jun

Alimentação no domicílio Bens industrializados

Serviços

Gráfico 4.2.4 – Evolução dos preços livres – Rio de JaneiroVariação % em 12 meses

-0,4

0,0

0,4

0,8

1,2

1,6

2,0

Jul Ago Set Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun

Faixa sazonal (3,00%-6,00%)

2016/2017

2017/2018

Gráfico 4.2.5 – IPCA RMRJ – Padrão sazonalVariação % mensal

Fontes: IBGE e BCB

48 \ Boletim Regional \ Banco Central do Brasil \ Julho 2018

4.3 São Paulo

A economia do estado de São Paulo recuou 0,5% no primeiro trimestre de 2018, relativamente ao último trimestre de 2017, com base em dados dessazonalizados da Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade). O resultado negativo na margem foi determinado, principalmente, pelo recuo da indústria, em especial dos segmentos de construção civil e transformação. No acumulado em doze meses, o PIB paulista continua evidenciando processo de recuperação, com crescimento de 2,3% no período encerrado em março de 2018, ante 1,7% no ano de 2017.

Indicadores mais recentes confirmam relativa acomodação da atividade econômica, principalmente devido ao efeito da paralisação do setor de transporte de cargas em maio. Assim, o IBCR-SP decresceu 0,2% no trimestre finalizado em maio (recuo de 0,1% em fevereiro), segundo dados ajustados sazonalmente. O recuo repercutiu, principalmente, os desempenhos negativos da indústria e do setor de serviços.

Do lado da demanda, o comércio segue processo de recuperação consistente, enquanto o segmento de serviços ainda persiste no processo de acomodação. Nesse sentido, as vendas do comércio ampliado, influenciadas pelo segmento automotivo, cresceram 2,3% no trimestre encerrado em maio deste ano, em relação ao trimestre findo em fevereiro, quando avançaram 1,2%, no mesmo tipo de comparação, segundo dados dessazonalizados da PMC/IBGE.

O setor de serviços registrou queda de 0,7% no trimestre em análise, segundo a PMS do IBGE. Ressalte-se que o recuo do volume de serviços prestados no trimestre encerrado em maio foi explicado principalmente pelo segmento de transporte, reflexo direto da paralisação no setor.

Os impactos associados à paralisação do setor de transporte de cargas influenciaram os indicadores de confiança relacionados ao consumo, com recuo nos componentes que refletem a situação atual, mas com manutenção dos componentes de expectativas em níveis mais elevados, sugerindo perspectivas ainda favoráveis para as vendas do comércio e de serviços em contexto de recuperação gradual do emprego e do crédito. O Índice de Confiança do Consumidor (ICC) recuou de 115,6 em março de 2018 para 104 pontos em junho, com o componente de condições atuais diminuindo de 92,1 para 77,9 e o de expectativas, de

90

92

94

96

98

Mai2015

Ago Nov Fev2016

Mai Ago Nov Fev2017

Mai Ago Nov Fev2018

Mai

IBC-Br IBCR-SP

Gráfico 4.3.1 – Índice de Atividade Econômica do Banco Central – Brasil e São PauloDados dessazonalizados – Média móvel trimestral2014 = 100

60

80

100

120

140

25

38

50

63

75

Jun2016

Set Dez Mar2017

Jun Set Dez Mar2018

Jun

Índice de Confiança do Empresário Industrial

Icec (eixo da dir.)

ICC (eixo da dir.)

Fontes: Fecomercio-SP e CNI

Linha de confiança

Gráfico 4.3.2 – Confiança dos agentes – São PauloEm pontos – Média móvel trimestral

75

80

85

90

95

100

105

110

Mai2015

Ago Nov Fev2016

Mai Ago Nov Fev2017

Mai Ago Nov Fev2018

Mai

Comércio ampliado Serviços IndústriaFonte: IBGE

Gráfico 4.3.3 – Comércio, serviços e indústria – São PauloDados dessazonalizados – Média móvel trimestral 2012 = 100

Julho 2018 \ Banco Central do Brasil \ Boletim Regional \ 49

131,3 para 121,4. Na mesma direção, o Icec e o ICF também recuaram para, respectivamente, 109,3 e 89,7 pontos em junho (115,5 e 95,1 pontos em março).

O mercado de trabalho mantém recuperação moderada, em linha com o ritmo de retomada da atividade econômica. A taxa de desocupação, medida pela PNAD Contínua, do IBGE, recuou de 14,2% no primeiro trimestre 2017 para 14,0% no primeiro trimestre de 2018, resultado do crescimento de 1,7% da população ocupada e de 1,3% da força de trabalho. O rendimento real caiu 2,8%, depois de recuar 0,4% no último trimestre de 2017. Na série com ajuste sazonal, a taxa de desocupação manteve-se praticamente estável na comparação entre o primeiro trimestre de 2018 e o anterior, resultado da estabilidade da força de trabalho e do pequeno crescimento da população ocupada. O emprego formal em 2018 continua evoluindo favoravelmente quando comparado a iguais períodos do ano anterior. Segundo dados do Caged/MTb, foram criados 84,0 mil postos formais no trimestre encerrado em maio, em comparação à criação de 37,8 mil postos no mesmo período do ano anterior. Destacaram-se a maior geração de empregos no setor de serviços e na indústria.

O mercado de crédito em São Paulo mostra recuperação tanto no segmento de pessoas físicas como no de pessoas jurídicas, contribuindo para a manutenção da retomada da atividade econômica. A carteira de empréstimos superiores a R$1 mil contratados por pessoas físicas aumentou 2,2% no trimestre encerrado em maio e 6,9% no acumulado de doze meses, enfatizando o crédito pessoal, o financiamento imobiliário e o financiamento de veículos. Por sua vez, o segmento de operações com pessoas jurídicas apresentou avanço de 1,3% no trimestre, predominantemente em função dos financiamentos à exportação, mas ainda apresentando recuo (-4,2%) na análise em doze meses. Em consequência, o saldo total de crédito se expandiu nas avaliações trimestral (1,7%) e em doze meses (0,9%).

No âmbito fiscal, a arrecadação tributária segue tendência favorável, repercutindo a evolução recente da atividade econômica. A arrecadação do ICMS e as transferências da União cresceram, respectivamente, 6,6% e 7,0% (deflacionadas pelo IGP-DI) no acumulado do ano até maio em comparação com o mesmo período de 2017, de acordo com a Secretaria da Fazenda de São Paulo.

7

8

9

10

11

12

13

14

15

I Tri II Tri III Tri IV Tri

2015 2016 2017 2018

Gráfico 4.3.4 – Taxa de desocupação – São Paulo%

Fonte: IBGE (PNAD Contínua)

Tabela 4.3.1 – Evolução do emprego formal – São Paulo

Novos postos de trabalho

Acumulado no trimestre (em mil)1/

Discriminação 2017 2018

Mai Ago Nov Fev Mai

Total 37,8 40,1 -6,5 -66,1 84,0

Indústria de transformação 10,1 -3,9 -8,6 -6,2 20,1

Comércio -8,7 17,5 25,9 -23,2 -2,2

Serviços 13,5 15,5 3,4 -3,4 58,3

Construção civil -9,9 -6,8 -10,8 -4,8 2,9

Agropecuária 29,4 18,3 -14,3 -22,9 1,9

Serv. industr. de utilidade pública -0,5 -0,8 -0,6 0,1 1,0

Outros2/ 3,8 0,3 -1,4 -5,6 2,1

Fonte: Ministério do Trabalho

1/ Refere-se ao trimestre encerrado no mês assinalado.

2/ Inclui extrativa mineral, administração pública e outros.

-8

-6

-4

-2

0

2

4

6

8

Mai2016

Ago Nov Fev2017

Mai Ago Nov Fev2018

Mai

PF PJ Total1/ Operações com saldo superior a R$1 mil.

Gráfico 4.3.5 – Evolução do saldo das operações de crédito1/ – São PauloVariação em 12 meses – %

50 \ Boletim Regional \ Banco Central do Brasil \ Julho 2018

Considerando a ótica da oferta, a indústria do estado, segundo a PIM-PF Regional do IBGE, recuou 2,4% no trimestre encerrado em maio, em comparação à elevação de 1,0% no trimestre encerrado em fevereiro, com doze dos dezoito setores apresentando queda, em especial os segmentos de minerais não-metálicos e produtos de metal. A queda no trimestre reflete o efeito da paralisação do setor de transporte de carga na produção industrial de maio, quando houve retração de 11,4% no índice da indústria geral e recuo em todos os segmentos, à exceção da fabricação de coque, de produtos derivados do petróleo e de biocombustíveis.

O total de horas trabalhadas na produção recuou 0,8% no trimestre encerrado em maio, em comparação à alta de 3,1% no trimestre finalizado em fevereiro, segundo dados da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). Esse desempenho mostrou-se consistente com a deterioração da confiança do empresário industrial no trimestre, cujo índice (Icei) decresceu de 58,50, em março, para 47,80 em junho (menor valor desde dezembro de 2016 e abaixo da linha de 50 pontos que indica neutralidade), segundo dados da CNI. O recuo na confiança empresarial foi influenciado, principalmente, pela paralisação dos serviços de transportes.

O deficit da balança comercial do estado aumentou de US$1,2 bilhão, no primeiro semestre de 2017, para US$4,2 bilhões, em igual intervalo de 2018. O comportamento refletiu o crescimento de 15,2% das importações, resultante de variações de 6,0% nos preços e 8,6% no quantum, com destaque para as aquisições de bens intermediários. As exportações, sensibilizadas pelo aumento de 3,2% no quantum, cresceram 3,9%, estimuladas principalmente pela expansão das vendas de óleos brutos de petróleo, além de máquinas e aparelhos para terraplanagem e perfuração.

O IPCA da Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) variou 1,40% no segundo trimestre de 2018 frente a alta de 0,72% no primeiro trimestre. O resultado decorreu, principalmente, da aceleração dos preços monitorados, de 0,97% no trimestre encerrado em março para 3,43% no finalizado em junho, refletindo em especial as altas da energia elétrica (7,92%), em razão da entrada em vigor da bandeira tarifária vermelha (patamar 2) em junho, e da gasolina (7,51%). No segmento de preços livres, destacou-se a aceleração dos preços de alimentação no domicílio, de 0,40% para 4,36% no período analisado,

35

55

75

95

Jun2015

Set Dez Mar2016

Jun Set Dez Mar2017

Jun Set Dez Mar2018

Jun

Exportação ImportaçãoFonte: MDIC/Secex

Gráfico 4.3.6 – Balança comercial – São PauloAcumulado em 12 mesesUS$ bilhões

Tabela 4.3.2 – IPCA – São Paulo

Discriminação Pesos1/ 2017 2018

Ano I Tri II Tri 12 meses

IPCA 100,0 3,64 0,72 1,40 4,78

Livres 74,2 2,33 0,63 0,71 2,63

Alimentação no domicílio 13,6 -3,53 0,40 4,36 1,35

Bens industrializados 22,8 1,92 0,24 -0,17 2,43

Serviços 37,9 4,84 0,96 -0,05 3,24

Monitorados 25,8 7,70 0,97 3,43 11,42

Principais itens

Alimentação 23,1 -0,49 0,45 2,23 1,54

Habitação 15,1 6,46 -0,53 1,97 6,89

Artigos de residência 3,4 -0,61 0,11 -0,45 -0,49

Vestuário 5,4 4,31 -1,18 1,31 2,33

Transportes 19,6 3,20 1,58 1,28 9,52

Saúde 13,0 7,67 1,53 1,84 6,37

Despesas pessoais 11,5 5,69 0,42 0,43 3,83

Educação 5,3 6,66 4,08 0,12 4,48

Comunicação 3,5 0,71 -0,13 -0,06 -0,31

Fonte: IBGE

1/ Referente a junho de 2018.

Julho 2018 \ Banco Central do Brasil \ Boletim Regional \ 51

impactados pela paralisação do setor de transporte de cargas em maio. No acumulado em doze meses, o IPCA da RMSP acelerou de 2,83% em junho de 2017 para 4,78% em igual período de 2018. O movimento repercutiu, principalmente, a dinâmica dos preços dos grupos transportes e habitação, com variações respectivas de 9,52% e 6,89% em junho deste ano, ante 0,29% e 0,87% em junho de 2017.